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O nutricionista/técnico em

nutrição deve compreender o


processo de mudança do
comportamento alimentar, sua
complexidade e subjetividade,
para poder orientar os indivíduos
quanto à alimentação adequada e
saudável.
O Guia Alimentar
para a População
Brasileira
(BRASIL, 2014),
reforça que
“alimentação é mais
que ingestão de
nutrientes”.
Atualmente, há muita
informação sobre alimentação
saudável, mas os índices de
obesidade estão alarmantes.
Comportamento
• É a maneira de se comportar ou de se
conduzir; condutas; procedimentos;
conjunto de ações observáveis de um
indivíduo.
• Conjunto de reações do indivíduo
diante das interações do meio onde
está envolvido sob determinadas
circunstâncias.
Comportamento alimentar
Conceito:
Procedimentos relacionados às práticas alimentares de
grupos humanos (o que se come, quanto, como,
quando, onde e com quem se come; a seleção de
alimentos e os aspectos referentes ao preparo da
comida) associados a atributos socioculturais, ou seja,
aos aspectos subjetivos individuais e coletivos
relacionados ao comer e à comida (alimentos e
preparações apropriadas para situações diversas,
escolhas alimentares, combinação de alimentos,
comida desejada e apreciada, valores atribuídos a
alimentos e preparações e aquilo que pensamos que
comemos ou que gostaríamos de ter comido).
Processo de formação do
comportamento alimentar
Processo de formação do
comportamento alimentar
• Bases fixadas na infância, transmitidas pela família e
sustentadas pela tradição, crenças, valores e tabus,
que passam através das gerações;
• Para a família partilhar o alimento na refeição não é
somente o substrato comida, é se apropriar de
identidades ;
• As práticas alimentares adquiridas na primeira
infância, por imitação e condicionamento simples
(hábito familiar) ou condicionamento instrumental
(recompensa), ficam profundamente arraigadas no
indivíduo e trazem em si uma forte carga emocional,
difícil de modificar.
Hábitos alimentares
Hábitos alimentares
• CONCEITO: costumes e modo de comer de uma
pessoa ou comunidade (geralmente inconsciente,
sem pensar).
•Formam-se pela frequência do consumo de certos
alimentos, iniciado desde o primeiro ano de vida,
criando a exigência do paladar, envolvendo forte
contingente de sentimentos regionalistas e
recordações afetivas ligadas à família e ao meio
social.
•Daí a dificuldade em modificá-los, pois constituem
parte da cultura, implicando solidariedade ao grupo
social a que pertence.
Fatores que interferem nos HÁBITOS
ALIMENTARES
– Fatores Culturais (cultura transmitida pela família,
escola e igreja);
– Fatores Econômicos (custo e disponibilidade de
alimento);
– Fatores Sociais (aceitação ou rejeição dos padrões
alimentares de acordo com os valores da sociedade);
– Fatores Psicológicos (a motivação pode levar o
indivíduo a mudar o comportamento e o conhecimento é
importante na seleção dos alimentos);
– Fatores difusão da ciência e meios de comunicação
(mídias).
O comportamento alimentar
pode alterar-se por:
– Mudanças do ambiente: disponibilidade do alimento, aumento ou
diminuição do poder aquisitivo, modificação na importância social do
alimento, exposição do alimento aos meios de comunicação de massa,
mudanças no nível de escolaridade do indivíduo;
– Vinculados à propaganda (marketing) através dos interesses
comerciais;
– Significado do alimento (status, auto-estima, segurança) que
geralmente possui para o indivíduo um valor superior ao valor
nutricional e custo.

•As alterações do comportamento alimentar podem ser benéficas


(introdução de alimentos nutritivos) ou desfavoráveis (introdução de
alimentos de baixo valor nutritivo e valor social elevado)
Componentes do
comportamento alimentar
Componente cognitivo do
comportamento alimentar
• Corresponde àquilo que o indivíduo sabe sobre
alimentos e nutrição e, que influencia, em maior ou
menor grau, seu comportamento alimentar.

•Há 2 tipos básicos de conhecimentos sobre Nutrição:


– Conhecimento Científico (resultado de pesquisas e
estudos da Ciência da Nutrição, transmitido por
profissionais capacitados);
– Conhecimento Popular (fruto do senso comum,
transmitido culturalmente de geração a geração)

.
Componente cognitivo do
comportamento alimentar
•Conhecimento Popular sobre alimentação
Consiste na soma das técnicas, de receitas, na
combinação de alimentos, horários de refeições,
simbolismos alimentares, etc. Pertencem também ao
saber popular os mitos, crenças e tabus alimentares
• O comportamento alimentar de um
indivíduo faz parte do seu “EU”, é um
componente de sua personalidade, e visa a
satisfazer não apenas às necessidades
nutricionais desse indivíduo, como as
necessidades psicológicas, sociais e
culturais.
• Educação Nutricional não é transferência
de informações sobre alimentação, mas
deve criar o desejo de mudar o hábito de se
alimentar.
• É preciso que o profissional respeite a
cultura, os valores, os costumes sociais e
religiosos, preferências, tabus e métodos de
preparação dos alimentos, antes de aplicar
a Educação Nutricional.

• “Um hábito não pode ser jogado pela


janela, ele deve ser conduzido,
cuidadosamente, escada abaixo, degrau
por degrau.”
Componente afetivo do
comportamento alimentar
•Integra o que o indivíduo sente em relação ao
alimento e é demonstrado por suas escolhas e
práticas alimentares, sem deixar de lado os valores
sociais, culturais e religiosos.
Componente afetivo do
comportamento alimentar
O afeto a certos tipos de alimentos pode ser positivo ou negativo,
dependendo da maneira como foi registrado na memória do
indivíduo.
Por meio desse componente podemos compreender porque
algumas pessoas possuem mais dificuldade em manter uma
alimentação balanceada e saudável, mesmo tendo as informações
corretas e científicas sobre alimentação e nutrição.

Exemplo: Uma pessoa buscar no alimento uma compensação


psicológica para desejos, afetos, atenção, ansiedade, depressão,
segurança, entre outros.

•Para o ser humano o alimento é muito mais que nutrição. O


alimento não é mero veículo de nutrição orgânica.
Necessidades psicológicas
– Segurança (necessidade de sentir que nossas
necessidades fisiológicas e emocionais podem ser
satisfeitas);
–Afeto (todo ser humano deseja viver numa relação
de afeição recíproca com uma ou mais pessoas);
–Auto-estima (desejo de sentir que o que somos e
fazemos está de acordo com nossos padrões e
autoconceito);
–Aprovação social (desejo de pertencer a um grupo,
de sentir que o que somos e fazemos é aceito pelos
outros);
–Auto-realização (desejo de ser bem-sucedido, de
atingir o êxito, de desenvolver nossa potencialidade).
Componente situacional do
comportamento alimentar
• Não só o conhecimento e a motivação determinam o
resultado positivo, isto é, a mudança da prática
alimentar. Os fatores econômicos limitam a adesão a
uma prática alimentar correta.
• Fatores sociais, culturais, econômicos e estruturais
• Nas classes de renda mais baixa (1 a 1,5 sm) a
educação alimentar por si só apresenta mínimas
perspectivas de sucesso.
• Quando a situação socioeconômica inviabiliza a
educação nutricional, o profissional deve recorrer a
outros serviços ou instituições que possam contribuir
para uma solução coerente com a natureza do problema
“Comer é mais do que jogar lenha
na fogueira ou abastecer um carro.
Comer é mais do que escolher um
alimento e dar para uma criança.
Comer e dar de comer reflete nossa
atitude e relacionamento com nós
mesmos, com os outros e com as
nossas histórias. Comer tem relação
com autorrespeito, nossa conexão
com nossos corpos e compromisso
com a vida”. (Ellyn Satter, 2007)
Modelo transteórico do comportamento alimentar
Modelo transteórico do comportamento alimentar
Estágios Características do indivíduo
Não há intenção de realizar mudanças nos próximos seis
Pré-contemplação meses. Muitas vezes, reconhece que suas práticas alimentares
são inadequadas, mas não está disposto a modificar sua
alimentação. O indivíduo encontra-se desmotivado e tende a
apresentar mais resistência para seguir orientações
nutricionais.
Existe uma intenção de realizar mudanças nos próximos seis
Contemplação meses. O indivíduo está decidido a mudar seu
comportamento, mas sem um comprometimento decisivo.
São reconhecidos os possíveis benefícios decorrentes de uma
mudança alimentar, mas diversas barreiras são percebidas,
como a falta de tempo, o sabor, o preço dos alimentos, a falta
de habilidades na cozinha etc.
Existe uma intenção de realizar mudanças no próximo mês.
Preparação (ou decisão) Muitas vezes, o indivíduo prevê um plano de ação, como
começar uma dieta de emagrecimento, mas as mudanças
ainda são pequenas e inconsistentes.
Há um envolvimento ativo na mudança de comportamento há
Ação menos de seis meses. O indivíduo colocou em prática o plano
de ação previsto para modificar sua alimentação e superou,
de alguma forma, as barreiras antes percebidas em um
período recente.
As mudanças de comportamento alimentar são mantidas há
Manutenção pelo menos seis meses. Há uma consolidação dos ganhos
obtidos até o momento, adotando uma alimentação saudável
como hábito.
SÓ UMA
QUESTÃOZINHA
Um adolescente com excesso de peso foi encaminhado para um
ambulatório de nutrição de um hospital público e, de acordo com a
avaliação dietética aplicada pelo nutricionista, verificou-se elevado
consumo de alimentos ultra processados, além de baixo consumo de
alimentos in natura ou minimamente processados. Durante a consulta,
o adolescente relatou que não tinha a intenção de mudar seu
comportamento alimentar, porém estava lá por orientação médica.
Considerando o modelo dos estágios de mudança de comportamento
alimentar e a situação hipotética descrita, responda as perguntas a
seguir.
Em qual estágio de mudança de comportamento alimentar o
adolescente se encontra?

a) Pré-contemplação
b) Contemplação
c) Preparação
d) Ação
e) Manutenção
Um adolescente com excesso de peso foi encaminhado para um
ambulatório de nutrição de um hospital público e, de acordo com a
avaliação dietética aplicada pelo nutricionista, verificou-se elevado
consumo de alimentos ultra processados, além de baixo consumo de
alimentos in natura ou minimamente processados. Durante a consulta,
o adolescente relatou que não tinha a intenção de mudar seu
comportamento alimentar, porém estava lá por orientação médica.
Considerando o modelo dos estágios de mudança de comportamento
alimentar e a situação hipotética descrita, responda as perguntas a
seguir.
Em qual estágio de mudança de comportamento alimentar o
adolescente se encontra?

a) Pré-contemplação
b) Contemplação
c) Preparação
d) Ação
e) Manutenção

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