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BACHARELADO EM PSICOLOGIA

ANNY KERLEY CIPRIANO FARIAS


CAROLINE SAMPAIO DE ARAÚJO
MARIA HORTÊNCIA DE SOUSA FREITAS DA GRAÇA
MARIANA SOARES DE SOUZA

ESTRUTURA GERAL DE PROJETO DE INTERVENÇÃO (AUTOESTIMA)

Fortaleza – CE / 2023
BACHARELADO EM PSICOLOGIA
ANNY KERLEY CIPRIANO FARIAS
CAROLINE SAMPAIO DE ARAÚJO
MARIA HORTÊNCIA DE SOUSA FREITAS DA GRAÇA
MARIANA SOARES DE SOUZA

ESTRUTURA GERAL DE PROJETO DE INTERVENÇÃO (AUTOESTIMA)

Trabalho apresentado como requisito parcial para


aprovação na disciplina de Projeto Integrador V, do
curso de Psicologia da Faculdade Ari de Sá.

Fortaleza – CE / 2023

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RESUMO
O presente projeto caracteriza-se pelo viés analítico para investigar a compreensão do conceito
de autoestima para os participantes, bem como pelo viés psicoeducativo na construção de
práticas reflexivas referente à auto capacidade, e autoeficácia. A autoestima como a análise
subjetiva do indivíduo sobre si mesmo, abarca ideais e crenças nucleares e intermediárias que
condicionam os sujeitos a determinados pensamentos e comportamentos que refletem no seu
contexto psicossocial. Nesse sentido, buscou-se identificar possíveis aspectos influenciáveis no
bom ou mau desempenho acadêmico, mediante a conceituação de autoestima e os sentimentos,
emoções e pensamentos que envolvem o campo universitário.
Palavras-chave: autoestima, crenças e habilidades.

INTRODUÇÃO
Durante muito tempo, acreditou-se que o conceito de aprendizagem estava relacionado
apenas ao ambiente escolar, porém, segundo José e Coelho (1999), esse conceito tem sentido
mais amplo e aborda valores afetivos, hábitos e valores culturais. Completando este raciocínio,
Piaget (1988) explica que o desenvolvimento do intelecto é formado por dois componentes – o
afetivo e o cognitivo –, que se desenvolvem em paralelo. Dessa forma, é necessário que as
emoções sejam levadas em consideração no processo de aprendizagem pois, por exemplo, um
aluno com autoestima fragilizada pode sentir-se incapaz de realizar as atividades, de se
expressar em público e de aprender de forma efetiva, o que pode gerar bloqueios quanto às suas
múltiplas capacidades:

Rosemberg et al. (1989, citado por Castro, 1999), por exemplo, em estudo com
estudantes da 10a e 11a séries do sistema escolar americano observou que
as notas (avaliações) têm um impacto maior sobre a auto-estima do que sobre
o desempenho. Em uma nova análise dos dados referentes a essas mesmas
séries, Marsh, citado pela mesma autora, demonstrou a importância das notas
sobre o autoconceito geral e acadêmico dos estudantes, chegando mais tarde
à conclusão de que o autoconceito tem forte efeito sobre o desempenho
acadêmico. (SUEHIRO, 2006, p. 4).

O presente trabalho aborda um projeto de intervenção com o tema central voltado para
a autoestima, questão escolhida e proposta pelo grupo responsável, que se mostrou muitas vezes
citada em rodas de conversas e dinâmicas feitas em sala de aula, principalmente nas disciplinas
de Dinâmicas e Jogos nas Instituições e Dinâmica de Grupo e Prática Clínica.

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A presença constante das queixas, e o eventual impacto no desempenho dos alunos,
relatados por eles, serviu como uma demanda a ser refletida e levada em consideração como
problema para a intervenção. De acordo com Moysés (2014), a autoestima é, na prática, uma
disposição que temos de nos ver como pessoas que merecem respeito e são capazes de enfrentar
os desafios básicos da vida, o que também inclui a faculdade:

O ingresso no ensino superior coloca o jovem de frente com uma nova


realidade, que lhe demanda diferentes formas de enfrentamento da
experiência de uma educação de adultos, com novos códigos e linguagens
específicas (Coulon, 2008). (VASCONCELOS, 2017, p. 197)

Tendo em vista que a autoestima se constitui, em parte, das várias atribuições que temos
de nós e dos outros desde cedo, assim como opiniões de terceiros e valores próprios, todos
somados e carregados ao longo da vida, acreditamos ser possível perceber e pautar na atividade
proposta algumas características que os próprios participantes irão apontar de si. De acordo com
a citação de Vasconcelos (2017, p. 198), “segundo Papalia et al (2013), a própria exposição ao
ambiente educacional universitário se constitui, em termos cognitivos e sociais, como uma
experiência de amadurecimento”.
Dessa maneira, nota-se que a autoestima se faz relevante na educação, pois influencia a
forma como o indivíduo estabelece suas metas e projeta suas expectativas para o futuro
(BEDNAR; PETERSON, 1995). Sendo assim, elencamos a importância do presente projeto em
trabalhar e se atentar aos conceitos que temos de nós mesmos, e trazermos reflexões sobre as
consequências negativas da baixa autoestima nos mais diversos aspectos da vida, incluindo nos
estudos. É necessário, portanto, desenvolver pensamentos positivos e reais relacionados à
autoimagem e à autoestima no ambiente escolar, uma vez que esse contexto ajuda
consistentemente o desenvolvimento do educando (MOSQUERA et al., 2006).

OBJETIVOS
Almejamos como objetivo central o entendimento dos participantes sobre o fato de que
a autoestima consiste em uma competência aprendida e baseada nas nossas crenças, advindas
de nossas experiências de vida e que, sendo assim, não só conceitos negativos que temos sobre
nós mesmo podem ser questionados, como a visão geral que cada um tem de si pode ser
modificada. Logo, trabalharemos com três objetivos específicos:
● Incentivar, primeiramente, o exercício do autoconhecimento dos participantes,
visto que é uma etapa primordial quando mudanças são almejadas.

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● Estimular os participantes a pensarem em estratégias para contornar seus
momentos de baixa autoestima, demonstrando que eles podem ser protagonistas
nesse processo.
● Compartilhar com os participantes outras alternativas, além das quais eles já
elencaram, que são mais particulares, comumente usadas para a melhora da
imagem que temos sobre nós mesmos.

METODOLOGIA
O projeto de intervenção constitui-se na formulação de uma atividade central, que visa
compreender os mecanismos de autocrítica dos indivíduos diante suas capacidades, e por
conseguinte, fomentar estratégias que permitam uma autoestima e uma autoeficácia positiva. A
aplicação do projeto pode ser realizada em instituições de ensino e grupos terapêuticos,
integrando estudantes de ensino fundamental, médio e universitários. Nesse sentido, no
ambiente escolar e acadêmico é possível aplicar a proposta mediante uma atividade
extracurricular com enfoque na saúde mental, bem como no desenvolvimento psicossocial dos
indivíduos. Ademais, no contexto terapêutico objetiva-se estabelecer técnicas de
autoconhecimento e resoluções de problemas baseando-se em aspectos da psicoeducação e
construção de mecanismos de autoajuda.
O método utilizado na estruturação da atividade proposta na disciplina baseia-se na
conjectura a respeito das motivações de crenças pessoais e as competências inerentes dos
participantes, dispondo-se de materiais como lápis, canetas, canetinhas e uma folha de papel
A4, de modo a suscitar a reflexão crítica dos sujeitos acerca de suas habilidades e crenças
negativas individuais diante a construção de um esquema de classificação dessa habilidades
positivas e negativas, bem como a descrição de situações reais em que acreditam nas suas
capacidades e incapacidades. Sob essa perspectiva, divide-se o cronograma da atividade
destacando-se: 10 minutos para o aquecimento, 5 minutos para sensibilização, 20 minutos para
aplicação da atividade central, subdividida em 5 minutos para os participantes escreverem as
habilidades que possuem, 5 minutos para elencar as habilidades que acreditam não possuir, 5
minutos para descreverem se sentem capazes e com autoestima positiva e 5 minutos para
relatarem situações em que não se sentem capazes de realizarem atividades. Por fim, 20 minutos
para o compartilhamento e 10 minutos para apresentação da síntese psicoeducativa.

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AQUECIMENTO
Esta proposta de aquecimento tem intuito reflexivo e relaxante, como uma breve
meditação. Será colocada uma música ambiente calma para participar em conjunto com a
dinâmica, em seguida pediremos que todos fechem os olhos. Com os olhos fechados, e uma
postura boa e confortável em seus assentos, pediremos que pensem em si mesmos. Nada de
objetos, se possível, apenas em si e palavras em volta de si. Quais palavras? Qualquer uma. De
início deixaremos em aberto, apenas solicitaremos que imaginem o máximo de palavras
possíveis ao seu redor, se embaralhando à medida que se movem em diversas direções.
Então, será solicitado que separem essas palavras: de um lado as que consideram
positiva, do outro, as que consideram negativa. Após dado o tempo para separarem as palavras,
falaremos a eles que imaginem as negativas se desfazendo como poeira e sumindo ao vento,
bem devagar, até que não sobre nenhuma delas e fique apenas as positivas. E, finalizando,
vamos pedir que eles pensem e percebam como se sentiram ao se desfazer das negativas e como
estão se sentindo rodeados com as palavras boas que os próprios elegeram.

SENSIBILIZAÇÃO
Questionar os participantes acerca do que compreendem como autoestima, e a partir
disso, conceituar a autoestima embasando-se na interação recíproca entre os pensamentos,
comportamentos e sentimentos dos indivíduos, e o modo como esses fatores influenciam nas
suas idiossincrasias. Ademais, será apresentada a importância da autoestima positiva para a
formação psicognitiva dos indivíduos, ampliando a compreensão sobre a maneira como os
sujeitos interpretam suas experiências e concepções pessoais.

ATIVIDADE CENTRAL
Cada participante receberá uma folha de papel A4 e poderá usar diversas formas de
escrever: canetas, canetinhas ou lápis de cor, o que ele possuir e preferir. Eles serão orientados
a dividir a folha em quatro quadrantes, deixando dois quadrantes maiores do que o restante
(uma imagem demonstrará como deve ser feito). No primeiro quadrante, os participantes
escreverão habilidades que eles possuem. Depois, no quadrante ao lado, escreverão habilidades
que eles ainda não possuem, mas que gostariam de possuir. No terceiro, pediremos que
escrevam momentos em que sentem sua autoestima positiva, que se sentem capazes de realizar
algo ou que realizam e se estimam por causa disso. Por último, farão o contrário: irão elencar

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situações em que não se sentem capazes e que sentem sua autoestima baixa. Os quadrantes das
habilidades almejadas e das situações de autoestima negativa serão os maiores da folha.
Em seguida, iremos estimulá-los a colocar as impressões sobre si mesmos à prova. Qual
a veracidade sobre essas habilidades que eles supostamente não possuem? Quais são as
evidências de realidade que apontam que eles, de fato, não são capazes de resolver as situações
elencadas? Pediremos que eles olhem cada uma separadamente e se questionem se elas não
podem ser interpretadas de outra forma ou se não é possível pensar em outras alternativas,
especialmente para as situações. Caso o grupo concorde que, sim, essas crenças são passíveis
de mudança, iremos para a próxima etapa.
Pediremos para que cada um reflita e escreva ao lado ou abaixo de cada situação de
baixa autoestima alternativas para contornar aquele obstáculo; ações que irão ajudá-lo a realizar
aquilo que ele pensa não ser capaz de fazer.
Perguntaremos se alguma situação ou habilidade, ficou sem alternativas e, em caso de
resposta afirmativa, pediremos para que eles, caso se sintam confortáveis, peçam ajuda a uma
ou mais pessoas próximas ali na turma, alguém com quem se sintam à vontade para
compartilhar as percepções sobre si. A ideia é que um ajude o outro.

COMPARTILHAMENTO
Momento em que buscaremos o retorno dos participantes quanto à atividade. É
importante tanto para nós, quanto para eles, compartilharem como foram suas experiências
individuais e grupais em cada etapa do processo: elencar suas habilidades, pontos de melhoria
e situações de alta e baixa autoestima. Se sentiram dificuldade em pensar em alternativas e
como se sentiram ao receber e oferecer ajuda aos colegas. É um momento de feedback e espaço
para poderem se expressar.

SÍNTESE PSICOEDUCATIVA
Iniciaremos explanando para o grupo algumas das características comumente presentes
em indivíduos com uma autoestima baixa e em seguida direcionaremos o assunto para os
estudantes e profissionais da psicologia, destacando os possíveis impactos de um autoconceito
negativo e da relevância de se ter uma identidade pessoal positiva no contexto do fazer
profissional, como destacado por Vasconcelos (2017) em seu estudo com graduandos em
psicologia sobre autoestima, autoimagem e constituição da identidade pessoal. Relacionando a
temática com a atividade realizada, iremos ressaltar que as pessoas lidam melhor com um

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problema quando ele é reconhecido e que, por isso, eles foram estimulados a refletirem sobre
suas competências, exercitando um autoconhecimento. Neste momento, tendo em vista a
utilização de conceitos da Terapia Cognitivo-Comportamental na elaboração do projeto e
visando uma interdisciplinaridade, relacionaremos a formação da autoestima com o
desenvolvimento das crenças pessoais, destacando que estas influenciam as percepções, os
pensamentos e os comportamentos do indivíduo (BECK, 2013).
Será abordado ainda o conceito de locus de controle que, de acordo com Coleta (1987,
p. 01), é uma variável, que busca explicar uma característica relativa à percepção das pessoas
sobre a fonte de controle dos acontecimentos, em que são envolvidas. É comum que as pessoas
atribuam o acaso como justificativa para bons acontecimentos em suas vidas, enquanto elas
próprias são tidas como fonte dos acontecimentos ruins. Os participantes da atividade então
serão estimulados a serem mais compassivos com eles mesmos, dado que muitos outros estão
na mesma situação e pensam de forma semelhante, como evidenciado pela intervenção. É
imprescindível lembrar, sobretudo, que seres humanos são passíveis de erro e que a perfeição
não pode ser alcançada.
Explanado o referencial teórico e provocadas as reflexões sobre autoestima, serão
apresentadas estratégias, além das quais eles mesmos já elencaram, e práticas voltadas para a
melhora da imagem pessoal, como estar em ambientes com pessoas que estimem o indivíduo e
que ofereçam apoio, tal qual aconteceu durante a atividade, e será questionado se aquelas
sugestões fazem sentido para eles.

REFERÊNCIAS
BEDNAR, R. ; WELLS, G. & PETERSON R. Self-Esteem: paradoxes and innovations in
clinical theory and practice. Washington, DC: American Psychological Association, 1989.

BECK, Judith S. Terapia cognitivo-comportamental: teoria e prática. Artmed; 2ª edição,


2013.

COLETA, Marília Ferreira Dela. Escala multidimensional de locus de controle de Levenson.


Arq. bras. psicol. (Rio J. 1979) ; 39(2): 79-97, abr.-jun. 1987. tab, ilus

JOSÉ, E. da A.& COELHO, M. T. Problemas de aprendizagem. São Paulo: Editora Ática,


1999.

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MENDES, Débora Cedro et al. A influência da autoestima no desempenho escolar. 2017.

MOYSÉS, Lucia. A autoestima se constrói passo a passo. Papirus Editora, 2014.

MOSQUERA, Juan José Mouriño; et al. Auto-imagem, autoestima e auto-realização.


Unirevista, São Leopoldo, v. 1, n. 2, p. 1-13, abr. 2006.

PIAGET, J. Psicologia da primeira infância. In: KATZ, D. Psicologia das idades. São Paulo:
Manole, 1988.

SUEHIRO, Adriana C. B. Autoconceito e desempenho acadêmico em alunos de Psicologia.


Psicologia Argumento, Curitiba, v. 24, n. 44 p. 55-64, jan./mar. 2006.

VASCONCELOS, Helena S. Autoestima, autoimagem e constituição da identidade:


um estudo com graduandos de psicologia. Revista Psicologia, Diversidade e Saúde, p. 197-
198, 2017.

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