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Correção Teste de Avaliação n.

º 12
Novos Contextos –-
Ano letivo 20 / 20
Nome da Escola Filosofia | 10.º
Turma N.º Data / / 20

Professor

A dimensão estética – análise e compreensão da experiência estética


- A Arte – produção e consumo, comunicação e conhecimento

1.1. Segundo a perspetiva da arte pela arte, ou esteticismo, a arte possui valor em si
mesma, sendo autónoma em relação a outros domínios culturais. Como tal, o artista
deve preocupar-se apenas com as exigências estéticas, afastando-se de qualquer outro
fim, seja moral, político, ideológico, religioso, etc. As propriedades formais são
valorizadas, em detrimento do conteúdo ou da mensagem.

1.2. A perspetiva da arte pela arte parece ignorar que a mensagem ou conteúdo das
obras de arte constitui, muitas vezes, um critério decisivo para que os críticos
reconheçam valor a essas obras. Por outro lado, em sintonia com o que refere o autor
do texto, segundo o qual a arte «exerce sobre a sociedade múltiplas influências», é a
própria intenção dos artistas a servir de contraexemplo ao esteticismo: muitos artistas
empenham-se em intervir socialmente com a sua obra, e para muitos artistas e críticos
tal aspeto acaba por ser, frequentemente, decisivo quando se trata de atribuir valor
artístico às obras. Entramos, assim, na esfera da arte militante ou arte comprometida
com fins sociais.

2. Para o comentário a esta questão, espera-se que o aluno:


- associe a perspetiva da arte pela arte à afirmação citada: situando-se apenas
ao nível das exigências estéticas, a arte deve afastar-se de qualquer outro fim, incluindo
o fim moral, pelo que há aqui uma independência da arte em relação à moral;
- estabeleça uma correspondência entre a perspetiva da arte comprometida e a
ideia de que a arte não deve ser alheia à moral: uma das funções do artista é transmitir
valores, contribuir para o progresso moral e social e até, nalguns casos, promover a
virtude e a prática do bem;
- discuta de forma fundamentada a opinião de Oscar Wilde.

3.1. Após a Revolução Industrial tornou-se possível a reprodução em série dos objetos,
aliada à preocupação de, em simultâneo, servirem para fins práticos e utilitários e
apresentarem um valor estético. O design traduz esse espírito, ao associar os conceitos
de belo e de útil. Belo não é apenas o objeto que agrada em termos estéticos, mas
também o que se ajusta devidamente à sua função – a utilidade condiciona, de certo
modo, a beleza. Assim, o design liga-se igualmente à exigência de democratização da
arte ou do «prazer proporcionado pela arte», oferecendo a um vasto público «a
possibilidade de acesso à experiência estética».

3.2. Segundo Étienne Gilson, «a verdadeira obra de arte é, por essência, única». Ora, o
valor da arte, enquanto comunicação, reside tanto naquilo que se comunica a outrem,
como no modo como isso é comunicado. É na linguagem em geral que reside o
segredo da arte: por meio dela o artista revela a riqueza da sua experiência. Ao
corporizar uma experiência de vida do artista, a obra de arte torna-se única. No entanto,
a leitura que o espectador faz dela é também uma experiência, o que nos remete para a
noção de «obra aberta». Uma vez que se oferece a diferentes leituras de diferentes
espectadores, cada um deles marcado pelos seus gostos, pela sua cultura, pela sua
idiossincrasia, a obra de arte converte-se numa obra aberta, sendo fonte de uma
pluralidade de sentidos (polissemia) e estímulo que se oferece à livre interpretação dos
espectadores.
4.1. O conhecimento que a arte proporciona não se reduz ao conhecimento
proposicional, típico da ciência e avaliado em termos de verdadeiro ou falso. A ciência
assenta em definições, em procedimentos experimentais e em processos racionais,
objetivos, lógicos e demonstrativos. Assim, ela procura formular leis gerais,
universalmente válidas.
Por sua vez, a arte baseia-se em símbolos, metáforas, imagens e na expressão
subjetiva e individual. Como se diz no texto, através da arte, o ser humano «apropria-se
da realidade e nela se espelha, transformando-a de acordo com as suas necessidades
e os seus anseios». Assim, ao transfigurar a realidade, ele obtém dessa realidade «e de
si próprio imagens que equivalem a um conhecimento direto». Estamos assim perante
um conhecimento da vida, na multiplicidade dos sentimentos, emoções, paixões, ideias,
conhecimento esse que enriquece a nossa maneira de sentir e de entender a
complexidade do mundo e do ser humano e que se distingue do conhecimento
científico.

4.2. As principais objeções ao cognitivismo estético são as seguintes: enquanto a


investigação científica se apoia em regras, decorrentes da necessidade de
apresentação de provas e de submissão aos factos, a arte é do domínio da imaginação,
o que leva a que seja pouco correto afirmar que a arte nos conduz a algum tipo de
verdade. Por outro lado, na arte, ao contrário do que sucede nas ciências – em que os
argumentos, as hipóteses e as conclusões podem ser expressos sob formas muito
diversas –, a forma e o conteúdo constituem uma unidade. Assim, se a arte possui
algum tipo de verdade, torna-se difícil explicar tal verdade, a qual também não pode ser
testada fora do próprio âmbito artístico. Finalmente, as obras de arte são em si únicas,
não sendo substituíveis entre si, enquanto o conhecimento é do âmbito do geral e do
universal.

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