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Descaracterização do Modelo Informacional – O Jornal como Revista

Autor: Ezequiel Schukes Quister1


Faculdade Internacional de Curitiba – Facinter, Curitiba, PR.

RESUMO.

O jornal, como veículo de comunicação de massa e elemento presente na sociedade, é


objeto de transformação cultural em conseqüência da digitalização dos meios
informativos. Ele se torna obsoleto ante a miríade de possibilidades de difusão de
notícias de forma mais rápida, quase instantânea, pelos meios eletrônicos.
Consequentemente, o jornal impresso mantém o foco de ação sobre matérias factuais,
mas, com conteúdos mais abrangentes, detalhados, típicos de matéria suíte2. Isso
demonstra que o jornal passa a ser um meio pelo qual o leitor obtém informações mais
detalhadas, contextualizadas, típicas de revistas, cujo objetivo é oferecer-lhe um
trabalho mais abrangente do que aquele informativo.

PALAVRA-CHAVE: Transformação; conteúdo interpretativo; leitor dinâmico.

INTRODUÇÃO

A evolução das mídias.

As teorias sobre o fim do impresso e de outras mídias como o rádio, por


exemplo, levam em consideração não o fim existencial, literalmente, mas a adequação
desses veículos ao meio. Argumenta-se que o jornal, como veículo convencional de
informação, ainda encontra nos leitores contemplativos sua sobrevivência. Porém, é no
leitor dinâmico que reside a problemática de sua existência, pois este, ao contrário do
contemplativo, precisa de interação com o meio. Conforme nos diz Santaella:

1
Trabalho apresentado na Divisão Temática, da Intercom Júnior – Jornada de Iniciação Científica em Comunicação,
evento componente do XXXIV Congresso Brasileiro de Ciências da Comunicação
2
suíte - tipo de matéria que dá seqüência – contigüidade - a uma notícia. É um desdobramento do fato
motivado por novos detalhes.
É o leitor do mundo em movimento, dinâmico, mundo
híbrido, de misturas sígnicas, um leitor filho da revolução
industrial e do aparecimento dos grandes centros urbanos, o
homem na multidão. Esse leitor, que nasce com a explosão
do jornal e com o universo reprodutivo da fotografia e
cinema, atravessa não só a era industrial, mas mantém suas
características básicas quando se dá o advento da revolução
eletrônica, era do apogeu da televisão”. É para esse leitor
que o jornal se desfaz do caráter meramente informativo, e
se refaz para se tornar um meio de significação,
interpretação e entretenimento.3
Por isso os jornais buscam a adequação ao meio e principalmente, ao leitor que
ainda vê neste veículo, confiabilidade e satisfação de suas expectativas.
Nota-se uma crescente mudança nos conteúdos jornalísticos do impresso
assemelhando-se a revistas, onde se busca contextualizar uma problemática com
junções a outros textos de mesma característica. Como no exemplo da matéria constante
no jornal Gazeta do Povo, do dia 22/09/2010, na coluna Vida e Cidadania, onde se lê
“Carro Matam Mais que Armas”. A reportagem, que não tem nada de factual,
demonstra através de gráficos o crescente número de mortes no trânsito, comparada
com o número de assassinatos por armas de fogo. Tanto o conteúdo sobre a violência
como o alto índice de mortes no trânsito, tem sido amplamente discutido.

3
Disponível na internet URL http://www.pucsp.br/pos/cos/epe/mostra/santaell.htm

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