O documento descreve o processo de produção do curta-metragem "Alcova", desde a concepção baseada em um poema até a gravação. Detalha as etapas de pré-produção, produção e pós-produção, incluindo pesquisa, roteiro, locações, gravações e desafios enfrentados. Conclui que, apesar das dificuldades, as gravações foram concluídas com êxito.
O documento descreve o processo de produção do curta-metragem "Alcova", desde a concepção baseada em um poema até a gravação. Detalha as etapas de pré-produção, produção e pós-produção, incluindo pesquisa, roteiro, locações, gravações e desafios enfrentados. Conclui que, apesar das dificuldades, as gravações foram concluídas com êxito.
O documento descreve o processo de produção do curta-metragem "Alcova", desde a concepção baseada em um poema até a gravação. Detalha as etapas de pré-produção, produção e pós-produção, incluindo pesquisa, roteiro, locações, gravações e desafios enfrentados. Conclui que, apesar das dificuldades, as gravações foram concluídas com êxito.
O presente trabalho tem por objetivo detalhar os processos envolvidos na
produo do filme curta-metragem Alcova, desde sua concepo, a partir de um poema, at sua estruturao atravs de roteiro e efetiva gravao. Os passos aqui detalhados no seguiram uma ordem cronolgica, porm, objetivou-se orden-los em pr-produo, produo e ps-produo, em consonncia com o projeto previsto na decupagem e roteiro tcnico. PALAVRAS-CHAVES: relacionamento; traio; crime; luxuria. INTRODUO A partir de um poema escrito por Miguel Archangelo Garcia, Gerson Ricardo Garcia, seu filho, criou a histria sobre a qual se edificou a idia do filme. O poema simples de linguagem rebuscada conotativo e impele o leitor a buscar continuidade do enredo. O filme no. Ele mostra a viso do autor e do diretor, os quais elaboraram o roteiro tcnico e literrio que foi a base fundamental para a construo do curta: um misto de drama e comdia. A histria se passa em um perodo entre o final dos anos 60 e incio dos anos 70, finalizando o perodo histrico nos anos 90. Definidos os contextos, procuramos realizar uma pesquisa histrica com o intuito de saber que caractersticas permeavam o meio social daquela poca. Sejam pela indumentria ou mesmo trejeitos comportamentais, sem dvida nenhuma, a moda era um dos fatores que mais se destacavam naquela poca. Mesmo considerando que os personagens principais so duas prostitutas, verificou-se que havia certo sentido de elegncia e trato incomparvel aos dias atuais. Assim, buscar a fidelidade daqueles modelos foi trabalho tortuoso, pois os ambientes e estilos devem seguir necessariamente esse mesmo prisma e remeter o telespectador histria. Buscou-se satisfazer as necessidades principais de figurino, cenrios e linguagem coloquial para que a ambientao fosse alcanada. As principais dificuldades se apresentaram na elaborao dos cenrios, que exigiram objetos antigos, acuidade na percepo dos detalhes, posicionamento de cmeras e atores em cada um dos ambientes e principalmente: o cuidado com a quebra de continuidade. As condies, de certa 1
forma precrias no que dizem respeito disponibilidade de recursos, no
impediram que o planejamento previsto fosse seguido risca. Houve necessidade de ajuste no roteiro literrio por conta de improvisos nos dilogos e cortes de algumas cenas. Quanto ao roteiro tcnico, seguimos a linha prevista e fizemos pequenos ajustes no posicionamento de cmeras a fim de se adequar aos limites impostos pelos cenrios. Alguns destes posicionamentos foram usados em detrimento de outros, para que ganhssemos tempo e evitssemos certa prolixidade de imagens. Nas cenas internas a iluminao foi artificial, sem necessidade de refletores ou equipamentos extras para compensaes. Nas externas tambm no houve necessidade de equipamentos auxiliares de iluminao. A cmera utilizada nas gravaes foi uma Sony modelo CCDDRV138/HI8. As dificuldades relacionadas falta de certos recursos (cenrios e objetos) nos obrigaram a utilizar de artifcios de filmagem a fim de compens-las, como por exemplo: a impossibilidade de filmagens dentro de uma cela de delegacia. Neste caso, usamos um pequeno recurso de zoom 1 que ao retrair, submete o espectador viso de uma grade com certa verossimilhana a uma cela de cadeia, na cena em que Lolita aparece presa. Caracterizao de tempos antigo e moderno - no que concerne adequao dos atores aos tempos histricos - pelo qual utilizamos maquiagens - de certa forma limitada, mas suficiente para caracterizar a idia. Nas cenas externas houve certa dificuldade com relao ao cenrio atual, pois algumas tomadas necessitavam de ambientes caractersticos de poca. Vencidos
os
obstculos
quanto
pr-produo,
iniciamos as gravaes buscando aproveitar o espao onde seriam gravadas as
cenas mais complexas, e concluir a maioria delas no local em questo. O ambiente escolhido um antigo prdio que h tempos abrigou o Sindicato dos Estabelecimentos de Servios Funerrios do Estado do Paran Sesfepar, em Curitiba, o qual foi gentilmente cedido em emprstimo equipe. Com mais de 60 anos de existncia o prdio satisfazia boa parte das condies que o filme exigiu, por ser de poca. Com espao amplo e caractersticas singulares, optamos por iniciar a cena do velrio do soldado Souza, um dos personagens protagonistas juntamente com Lolita e Cleo, em uma das vrias salas do escritrio. O aparato fnebre disponibilizado pela empresa Central de Luto Curitiba, associada ao sindicato, foi decisivo para tornar mais realista a gravao desta cena, que 1
Efeito tico de aproximao ou afastamento da objetiva.
necessitou de pouca movimentao de cmera: uma cena em plano geral 2 e plano
mdio3 apenas. A prxima cena a ser realizada e talvez a mais complicada delas foi a da banheira onde o soldado Souza morto. Alm de exigir coragem dos atores (a gua estava praticamente fria!) ela exigiu disciplina e organizao prvia. O intuito era mostrar o personagem sendo morto e no identificar objetivamente sua assassina. A interao dos atores foi fundamental para que a cena fosse realista e que as tomadas fossem rpidas. Utilizamos os seguintes movimentos de cmera: plano geral de Souza e Lolita na banheira; close 4 dos ps de Lolita saindo da banheira; plano mdio dos sapatos e da faca na mo de Clo; plano mdio de Souza sendo morto; plonge 5de Clo cometendo o crime; plano geral de Lolita observando Souza morto e por fim, um plano conjunto do delegado chegando ao local do crime. A continuao desta cena, que a priso de Lolita, foi realizada na mesma sala onde fora gravada a cena do velrio. Na seqncia, utilizamos uma das salas do local para recriar uma delegacia de poca, a qual exigiu apenas uma posio de cmera: plano geral. Utilizando do material de escritrio j existente no tivemos dificuldade em recriar um cenrio satisfatrio para esta cena, remetendo o espectador a um ambiente simples e frio, tpico de uma delegacia de poca. As cenas subseqentes que englobam a personagem Lolita na cela; confuso na delegacia e Clo se entregando, foram ambas realizadas no ambiente interno do sindicato, com tomada em plano geral. A cena de Clo na rua, comendo po, foi feita na entrada do prdio do sindicato, cuja posio de cmera iniciou-se em plonge finalizou em plano detalhe do olho de Cleo. A inteno foi mostrar sua decadncia, culminando em sua apresentao ao delegado. Alm destas, destacamos as cenas de plano detalhe feitas sobre a face de Lolita espelhada na gua de uma pia e a cena do vinho sendo colocado em uma taa aluso ao sangue que foi derramado na morte de Souza - e da faca ensangentada utilizada para mat-lo. As cenas gravadas no ambiente do cemitrio foram feitas no Cemitrio So Francisco de Paula (conhecido como Cemitrio Municipal). Neste local foram feitas tomadas em plano geral de Lolita ajoelhando-se rente ao Tumulo de Souza; cena panormica de Lolita na rua entrando no cemitrio rumo ao tmulo. 2
Que abarca todo o cenrio.
V-se uma pessoa do joelho para cima. 4 Plano que acentua um detalhe. 5 Movimento que estabelece uma viso de cima para baixo. 3
Nas cenas em que precisamos mostrar Lolita e Clo conversando,
utilizamos o ambiente do Pao Municipal, cuja locao para esse fim tambm se deve ao esprito proativo de Gerson Ricardo Garcia. Neste local fizemos as cenas em plano geral de Lolita e Clo conversando na casa de Clo; Plonge de Clo lendo a carta de Souza. Plano mdio dela dispensando o programa com um cliente; Plano geral de Lolita e Souza no ambiente de um bar. Finalizamos as tomadas de cena com uma geral do Pao e zoom em uma de suas janelas aluso a uma alcova. CONCLUSO Mesmo com as dificuldades relatadas as gravaes foram concludas com xito. A histria tomou forma cinematogrfica e hoje o filme uma realidade. A colaborao individual de cada um dos envolvidos foi crucial para que o conjunto fosse homogneo e principalmente eficiente. Apesar da baixa qualidade tcnica a produo focou o enredo, primando pela linearidade e ligao entre as vrias fases do filme e sua seqncia lgica, naquilo que Noel Baruch detalhou como: fatias de tempo e fatias de espao (Burch, 1969, p.12). Os erros esto presentes, no h dvidas, mas eles no cercearam a criatividade nem a fora de vontade que permearam todos aqueles que de maneira direta ou indireta estavam envolvidos com este trabalho. REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS BURCH, Noel. Prxis do Cinema, Lisboa, Estampa,1973. Machado, Arlindo. Pr-cinemas: as origens dos cinemas. In: Pr-cinema & Pscinemas. Campinas-SP, Papirus, 1997.