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Programa Minha Empresa Rural

Influência das Políticas Governamentais no


Agronegócio

Este curso tem

20 horas
Programa Minha Empresa Rural

Influência das Políticas


Governamentais no Agronegócio

SENAR-GO 2016
Ficha Técnica

2015. Serviço Nacional de Aprendizagem Rural - SENAR

Informações e Contato

Serviço Nacional de Aprendizagem Rural de Goiás - SENAR/AR-GO


Rua 87, nº 662, Ed. Faeg,1º Andar – Setor Sul, Goiânia/GO, CEP:74.093-
300 (62) 3412-2700 / 3412-2701 – E-mail: senar@senargo.org.br
http://www.senargo.org.br/
http://ead.senargo.org.br/

Programa Minha Empresa Rural


Presidente do conselho administrativo
José Mário Schreiner

Titulares do conselho administrativo


Daniel Klüppel Carrara, Alair Luiz dos Santos, Osvaldo Moreira
Guimarães e Tiago Freitas de Mendonça.

Suplentes do conselho administrativo


Bartolomeu Braz Pereira, Silvano José da Silva, Eleandro Borges da
Silva, Bruno Heuser Higino da Costa e Tiago de Castro Raynaud de
Faria.

Superintendente
Eurípedes Bassamurfo da Costa

Gestora
Rosilene Jaber Alves

COORDENAÇÃO
Fernando Couto de Araújo e Stella Miranda Menezes Corrêa
IEA - instituto de estudos avançados s/s
Conteudista: Prof.ª Adriana Vieira Ferreira

Tratamento de linguagem e revisão


IEA – INSTITUTO DE ESTUDOS AVANÇADOS S/S

Diagramação e projeto gráfico


IEA – INSTITUTO DE ESTUDOS AVANÇADOS S/S
Influência das Políticas Governamentais no Agronegócio

Módulo 4

Políticas públicas e agricultura familiar

Ao contrário do que a maioria pensa, a maior parte da produção de


alimentos do Brasil fica a cargo da chamada agricultura familiar.
Muitas vezes, a agricultura familiar é taxada de agricultura voltada
apenas para a subsistência e sem nível tecnológico. Mas esse é um
conceito equivocado!

Módulo 4 - Políticas públicas e agricultura familiar / 5


Influência das Políticas Governamentais no Agronegócio

Fonte: Shutterstock.

A agricultura familiar é um setor importante, tanto economicamente


quanto socialmente. Neste módulo entenderemos como funciona a
política pública destinada à agricultura familiar.

Para isso, o módulo conta com duas aulas:


• Aula 1 – Agricultura familiar
• Aula 2 – Novas estratégias governamentais

Siga em frente e bom aprendizado!

Módulo 4 - Políticas públicas e agricultura familiar / 6


Influência das Políticas Governamentais no Agronegócio

Aula 1

Agricultura familiar

A agricultura familiar tem características peculiares e exige uma


atenção diferenciada do governo, por meio de suas políticas públicas.
Mas você sabe qual o conceito de agricultura familiar?

A agricultura familiar é uma forma de organização social, cultural,


econômica e ambiental. Nela, são trabalhadas atividades,
agropecuárias e não agropecuárias, de base familiar, desenvolvidas em
estabelecimento rural ou em áreas comunitárias próximas. Apresenta
predominância de mão de obra familiar e tem um papel relevante para
o desenvolvimento do país.

Fonte: Shutterstock.

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Influência das Políticas Governamentais no Agronegócio

Atualmente, há uma pauta de discussão sobre o tema, que classifica a


agricultura familiar como responsável por grande parte da produção de
alimentos comercializados internamente, assim como pela qualidade
desses alimentos, pela utilização sustentável dos recursos e pela
ocupação dos espaços rurais (MIRANDA; MARTINS, 2015).

Normalmente, a definição de agricultura familiar está


atrelada ao número de empregados e ao tamanho da
propriedade.

O Ministério da Agricultura brasileiro, para efeito do Programa Nacional


da Agricultura Familiar (Pronaf), considera como familiar todos os
agricultores que contratam até dois empregados permanentes, detêm
área inferior a quatro módulos fiscais e, além disso, sua renda familiar
é predominantemente originada de atividades econômicas vinculadas
ao próprio estabelecimento.

Saiba Mais

Você sabia que módulo fiscal é um conceito introduzido pela Lei nº 6.746/79
para os fins de execução da reforma agrária e promoção da política agrícola
nacional?

O módulo fiscal é uma unidade de medida de área (expressa em hectares).


Essa medida é fixada diferentemente para cada município, pois considera as
particularidades locais. Algumas dessas particularidades são:

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Influência das Políticas Governamentais no Agronegócio

• o tipo de exploração predominante no município (hortifrutigranjeira,


cultura permanente, cultura temporária, pecuária ou florestal);
• a renda obtida com esta exploração predominante;
• outras explorações existentes no município que, embora não
predominantes, sejam expressivas em função da renda ou da área
utilizada; e
• o conceito de propriedade familiar (art 4º, II, Lei 4.504/64).

O módulo fiscal corresponde à área mínima necessária a uma propriedade


rural para que sua exploração seja economicamente viável. O tamanho do
módulo fiscal para cada município está fixado através de Instruções Especiais
(IE) expedidas pelo INCRA.
Fonte: Associação O Eco.

Portanto, a agricultura familiar é constituída de pequenos e médios


produtores rurais, de assentamentos da reforma agrária, de comunidades
que produzem o prato da mesa do brasileiro: milho, mandioca, leite,
gado de corte, ovinos, caprinos, olerícolas, feijão, cana, arroz, suínos,
aves, café, trigo, mamona, fruticulturas e hortaliças.

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Influência das Políticas Governamentais no Agronegócio

Fonte: Shutterstock.

Existem muitos produtores familiares integrados às cadeias produtivas


de aves e suínos que são responsáveis pelo sucesso destes setores
relevantes do agronegócio. Na produção de hortifrutigranjeiros, a
agricultura familiar também tem enorme importância.

Vale ressaltar o segmento dos produtos orgânicos, que é um nicho


de mercado que se desponta como alternativa para os agricultores
familiares, por suas características: mão de obra especializada e
rigoroso controle. Ao agregar valor à produção, gera maior renda
ao produtor e essa pode ser uma alternativa muito valiosa para a
agricultura familiar.

Analise o quadro a seguir, que compara a participação dos modelos


de agricultura familiar e não familiar na produção de alimentos básicos.

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Influência das Políticas Governamentais no Agronegócio

Comparação da participação dos modelos de agricultura familiar


e não familiar na produção de alimentos básicos
Cultura Familiar % Não familiar %

Mandioca 87% 13%

Feijão 70% 30%

Milho 46% 54%

Café 38% 62%

Arroz 34% 66%

Trigo 21% 79%

Soja 16% 84%

Leite 58% 42%

Aves 50% 50%

Suínos 59% 41%

Bovinos 30% 70%

Fonte: Grossi e Marques a partir das informações do Censo Agropecuário 2006

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De acordo com Abramovay (1998), “o desenvolvimento rural não


acontecerá espontaneamente como resultado da dinâmica das forças
de mercado, mas sim da elaboração de políticas capazes de promovê-
lo”. A valorização da agricultura familiar, dentro dessa perspectiva,
dinamiza o desenvolvimento local e deve ser estimulada.

Essa valorização esperada da agricultura familiar implica na


disponibilidade e acesso a um ensino de qualidade, assistência técnica,
Crédito Rural e adequados sistemas de garantias e Seguro Rural,
conforme Alvarenga (2014). Nesse sentido, a participação do governo
na definição de políticas específicas para o setor se torna essencial
para garantir o desenvolvimento do setor.

Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura


Familiar (Pronaf)

Diante da necessidade dessa intervenção do governo para garantir a


sustentação da agricultura familiar, foi criado, em 1995, o Programa
Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar, conhecido como
Pronaf.

O objetivo do Pronaf é estimular a geração de renda e melhorar o uso


da mão de obra familiar, por meio do financiamento de atividades e
serviços rurais, agropecuários e não agropecuários, desenvolvidos em
estabelecimento rural ou em áreas comunitárias próximas.

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Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar

São beneficiários do Programa Nacional de Fortalecimento da


Agricultura Familiar (Pronaf) os agricultores e produtores rurais que
compõem as unidades familiares de produção rural e que comprovam
seu enquadramento mediante apresentação da Declaração de Aptidão
ao Pronaf (DAP) ativa, em um dos seguintes grupos:

Agricultores familiares assentados pelo Programa


Nacional de Reforma Agrária (PNRA) ou beneficiários do
Programa Nacional de Crédito Fundiário (PNCF) que não
contrataram operação de investimento sob o amparo do
Grupo “A”
Programa de Crédito Especial para a Reforma Agrária
(Procera), ou que ainda não contrataram o limite de
operações ou de valor de crédito de investimento para
estruturação no âmbito do Pronaf.

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Beneficiários que possuam renda bruta familiar nos


últimos 12 meses de produção normal que antecedem a
Grupo “B”
solicitação da DAP, não superior a R$ 20.000,00 e que
não contratem trabalho assalariado permanente.
Agricultores familiares assentados pelo PNRA ou
beneficiários do PNCF que

Grupo “A/C” • tenham contratado a primeira operação no Grupo


“A”;
• não tenham contratado financiamento de custeio,
exceto no próprio Grupo “A/C”.

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• explorem parcela de terra na condição de


proprietário, posseiro, arrendatário, comodatário,
parceiro, concessionário do PNRA ou permissionário
de áreas públicas;
• residam no estabelecimento ou em local próximo,
considerando as características geográficas
regionais;
• não detenham, a qualquer título, área superior
a quatro módulos fiscais, contíguos ou não,
quantificados conforme a legislação em vigor;
• obtenham, no mínimo, 50% da renda bruta familiar
da exploração, agropecuária e não agropecuária, do
estabelecimento;
• tenham o trabalho familiar como predominante na
exploração do estabelecimento, utilizando mão
Agricultores
familiares que: de obra de terceiros de acordo com as exigências
sazonais da atividade agropecuária, podendo manter
empregados permanentes em número menor que
o número de pessoas da família ocupadas com o
empreendimento familiar;
• tenham obtido renda bruta familiar nos últimos
12 meses de produção normal, que antecedem a
solicitação da DAP, de até R$360.000,00 (trezentos
e sessenta mil reais), considerando neste limite a
soma de 100% do Valor Bruto de Produção (VBP),
100% do valor da receita recebida de entidade
integradora e das demais rendas provenientes de
atividades desenvolvidas no estabelecimento e fora
dele, recebida por qualquer componente familiar,
excluídos os benefícios sociais e os proventos
previdenciários decorrentes de atividades rurais.

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São também beneficiários do Pronaf, mediante


apresentação de DAP válida, agricultores familiares que
sejam:
• pescadores artesanais que se dediquem à pesca
artesanal, com fins comerciais, explorando a
atividade como autônomos, com meios de produção
próprios ou em regime de parceria com outros
pescadores igualmente artesanais;
• aquicultores que se dediquem ao cultivo de
organismos que tenham na água seu normal ou
mais frequente meio de vida e que explorem área
Demais
beneficiários não superior a dois hectares de lâmina d’água ou
ocupem até 500 m³ de água, quando a exploração
se efetivar em tanque-rede;
• silvicultores que cultivem florestas nativas ou
exóticas e que promovam o manejo sustentável
daqueles ambientes;
• extrativistas que exerçam o extrativismo
artesanalmente no meio rural, excluídos os
garimpeiros e faiscadores;
• integrantes de comunidades quilombolas rurais;
• povos indígenas;
• demais povos e comunidades tradicionais.

A seguir, confira para quais situações os créditos do Pronaf podem


ser utilizados.

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01
Custeio
Custeio para financiar atividades, agrope-
cuárias e não agropecuárias, de beneficia-
mento ou de industrialização da produção
própria ou de terceiros enquadrados no
Pronaf, de acordo com projetos específi-
cos ou propostas de financiamento.

02
Investimento
Investimento para financiar atividades,
agropecuárias ou não agropecuárias, para
implantação, ampliação ou modernização
da estrutura de produção, beneficiamento,
industrialização e de serviços, no estabele-
cimento rural ou em áreas comunitárias
rurais próximas, de acordo com projetos
específicos.

03
Integralização
Integralização de cotas-partes pelos bene-
ficiários nas cooperativas de produção
para financiar a capitalização de cooperati-
vas de produção agropecuárias formadas
por beneficiários do Pronaf.

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Influência das Políticas Governamentais no Agronegócio

Ainda que exista a presença de política pública específica para o


setor, atualmente ainda se estimula mais o desenvolvimento de uma
agricultura empresarial, dentro do padrão agroexportador e que se
sustenta desde o período colonial, em detrimento da agricultura
familiar.

Além da sustentabilidade econômica, é necessário


considerar também as dimensões ambientais, culturais
e étnicas, entre outras, para que o desenvolvimento
sustentável realmente ocorra.

Para atingir seus objetivos, o Pronaf vem apresentando diversas


alterações em suas normas e regimento, desde a criação do programa
até os dias atuais, para a adequação da política à dinâmica da
agricultura familiar nacional.

Saiba Mais

O programa conta com subprogramas que buscam fomentar a geração de


renda pela agroindústria, turismo rural, biocombustíveis, plantas medicinais,
cadeia produtiva, seguro agrícola, seguro de preço e seguro contra
calamidade por seca na Região Nordeste.

Em termos de operacionalização, o Pronaf apresenta 16 linhas de crédito:


Pronaf Investimento, Pronaf Custeio, Pronaf Mais Alimentos, Pronaf
Agroindústria, Pronaf Agroecologia, Pronaf Eco, Pronaf Floresta, Pronaf
Semiárido, Pronaf Mulher, Pronaf Jovem, Pronaf Custeio e Comercialização
de Agroindústrias Familiares, Pronaf Cota-Parte, Pronaf Microcrédito Rural,
Crédito Rotativo, Integrado Coletivo e Pronaf Agregar.

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Influência das Políticas Governamentais no Agronegócio

Portanto, o Crédito Rural do Pronaf financia atividades, agropecuárias


e não agropecuárias, desenvolvidas pelos agricultores familiares e
beneficiários do programa, com várias modalidades de financiamento,
tanto para o custeio da produção quanto para projetos de investimento
e agregação de renda à produção rural (MIRANDA; MARTINS, 2015).

Durante esta aula você pôde perceber como a


política pública voltada para a agricultura familiar
representa um avanço para os produtores que se
encaixam nessa modalidade.

Mas será que a agricultura familiar terá seus


conflitos resolvidos apenas com o acesso ao
crédito? Quais fatores devem ser incorporados,
ou geridos de uma melhor forma, para que o setor
alcance avanços significativos?

Siga em frente e conheça as novas estratégias


governamentais para que a agricultura familiar
avance!

Até logo,

Jorge

Módulo 4 - Políticas públicas e agricultura familiar / 19


Influência das Políticas Governamentais no Agronegócio

Aula 2

Novas estratégias governamentais

Ao analisarmos os principais pontos acerca das políticas públicas


voltadas para a agricultura familiar, constatamos erros e acertos. Entre
os principais estudos, elencamos alguns que apontam esses erros e
que constroem algumas sugestões para novas estratégias de ação
governamental.

Comecemos, portanto, apontando os principais pontos negativos e, na


sequência, algumas soluções viáveis. Siga em frente e boa aula!

Erros e acertos da política pública voltada para a


agricultura familiar

Guanziroli (2007), quando analisou os principais resultados do Pronaf,


concluiu que o programa necessita ser permanentemente revisto,
avaliado e aperfeiçoado devido ao volume de recursos financeiros
envolvidos, o que encadeia impactos em outros setores da economia.
Essa revisão é importante para que a agricultura familiar, que é o
segmento a ser protegido de forma eficiente, não se perca nas próprias
subdivisões do programa.

Módulo 4 - Políticas públicas e agricultura familiar / 20


Influência das Políticas Governamentais no Agronegócio

Como resultado positivo, deve-se citar o fato de que o


Pronaf gerou aos agricultores familiares a possibilidade
de ampliar as áreas plantadas e de investir na sua
atividade.

Um ponto negativo relacionado ao Pronaf diz respeito


à capacidade de pagamento de crédito por parte dos
beneficiados.

De acordo com Guanziroli (2007), não parece ter sido assegurada


convenientemente pelas autoridades a capacidade de pagamento,
uma vez que precisaram conceder contínuas renegociações e
resseguros dos empréstimos que ficaram em atraso ou estavam ficando
inadimplentes. Um importante debate diz respeito aos fortes subsídios
existentes no programa e se eles devem, de fato, serem mantidos.

Exemplo
Exemplos desse fato são as modalidades de crédito Pronaf A e Pronaf
B, pelas quais até 40% do valor do principal pode ser perdoado. Essa
possibilidade pode confundir o beneficiário sobre o que é um crédito
ou uma doação.

Talvez seja o caso de renomear os programas e chamar alguns de


transferências diretas (e juntá-los ao Bolsa Família) e manter o conceito
de crédito para aqueles casos nos quais se trate efetivamente disso
(GUANZIROLI, 2007).

Módulo 4 - Políticas públicas e agricultura familiar / 21


Influência das Políticas Governamentais no Agronegócio

Algumas tendências das políticas agrícolas

Coelho (2001) afirma que:

[...] uma política agrícola para o futuro deve proteger o


setor agrícola sem ser intervencionista, deve estimular
a exploração do potencial agrícola do País em termos
de áreas agricultáveis sem depredar o meio ambiente
e deve atuar em parceria direta e indireta com outros
órgãos governamentais e privados para melhorar a
competitividade e o acesso a mercados dos produtos
do agribusiness brasileiro.

Fonte: Shutterstock.

Módulo 4 - Políticas públicas e agricultura familiar / 22


Influência das Políticas Governamentais no Agronegócio

O que se percebe com essa afirmativa é que o Estado deve “ensinar a


pescar”, e não “dar o peixe”. Isso significa ser menos intervencionista.
A tendência é de olhar para os recursos como a sua principal
característica o condiciona: como escassos. Assim, a sustentabilidade
deve ser mesmo a tônica das políticas públicas.

A seguir, analise as sete ações de política pública que trariam enormes


benefícios ao setor agropecuário.

Manter o câmbio real em


níveis adequados, com
baixa volatilidade, além de Investir em infraestrutura
reduzir a taxa de juros via e logística.
reforma fiscal.

1 Promover uma

2
política comercial
Políticas para
administrar
7 agressiva: acesso
a mercados,
riscos (Seguro redução de
Rural e cober- subsídios, conten-
tura de riscos). ciosos e harmoni-
zação sanitária.

6 3

Políticas para aumentar


a inserção competitiva 5 4 Assegurar direitos de
do pequeno produtor,
propriedade e segu-
que evitem o assisten-
rança jurídica.
cialismo voltado para
“dar o peixe” e fortale- Políticas para a sanidade
çam ações que “ensi- e a qualidade: pesquisa,
nam a pescar”. rastreabilidade, laborató-
rios, certificação, susten-
tabilidade ambiental etc.

Fonte: Jank (2006) citado por Pereira (2013).

Módulo 4 - Políticas públicas e agricultura familiar / 23


Influência das Políticas Governamentais no Agronegócio

Você notou como, mesmo com todas as ações governamentais, os


programas voltados para agricultura familiar ainda precisam evoluir?
Algumas ações, como as citadas acima, gerariam a independência,
a segurança e a competitividade pleiteadas pelo agronegócio. E isso
favoreceria tanto a agricultura familiar quanto a agricultura empresarial.

Chegamos ao final do Módulo 4. Esta foi a última


aula do curso! Espero que você tenha aproveitado
bastante as aulas e compreendido a influência que
as políticas governamentais têm no agronegócio.

Agora, convido você a prosseguir para a finalização


do curso!

Jorge

Módulo 4 - Políticas públicas e agricultura familiar / 24


Influência das Políticas Governamentais no Agronegócio

Finalizando o Curso

Você chegou ao final do curso Influência das Políticas


Governamentais no Agronegócio, do programa Minha Empresa
Rural! Durante os quatro módulos deste curso você estudou como
as políticas governamentais influenciam o agronegócio, mais
especificamente a agricultura familiar.

Finalizando / 25
Influência das Políticas Governamentais no Agronegócio

No Módulo 1, você estudou que mesmo com condições


macroeconômicas desfavoráveis, o agronegócio representa uma
importante contribuição na economia do país. Existem grandes
entraves com os quais os agricultores e demais agentes do
agronegócio se deparam, tais como a infraestrutura deficiente e a
alta carga tributária. Esses fatores levam a crer que o governo tem
um importante papel na alavancagem do setor agropecuário e do
agronegócio num sentido amplo, via políticas agrícolas.

Fonte: Shutterstock.

Finalizando / 26
Influência das Políticas Governamentais no Agronegócio

Viu também que muito se sabe sobre condução da política


macroeconômica, mas pouca análise se faz da ligação dela com o
setor agropecuário. Entendemos que o empresário rural deva estar
antenado com o que ocorre em termos de plano de safra, os “pacotes”
periódicos que conjugam diversos instrumentos de Política Agrícola,
com o conhecimento das condições macroeconômicas.

No Módulo 2, você estudou que o produtor pode contar com o Crédito


Rural, em três modalidades: custeio, investimento e comercialização.
Trata-se de uma forma de financiamento da produção agrícola,
normalmente cercada de incertezas. Estudou ainda outro tipo de
política agrícola: a Política de Garantia de Preços Mínimos.

Esse tipo de política funciona a partir da definição de um preço mínimo


pelo governo, antes do início do plantio, que ele pagará aos produtores
após a colheita do plantio.

Exemplo
Caso o preço de mercado (aquele definido pela interação entre a oferta
e a demanda) for maior que o preço prometido pelo governo, o produtor
preferirá disponibilizar a sua produção para o mercado. Se o preço
estipulado pelo governo estiver maior do que o preço que o mercado
estiver pagando, o produtor vai preferir disponibilizar a sua produção
para o governo, por meio dessa política.

No Módulo 3 você estudou que, historicamente, o governo apresenta


formas de intervenção na agricultura, em especial, no sentido de
reduzir o risco associado à produção. Estudou que a Lei Agrícola tem
o objetivo de estabelecer os princípios, as metas e os instrumentos de
Política Agrícola.

Finalizando / 27
Influência das Políticas Governamentais no Agronegócio

Já entendido o conceito de Política Agrícola, você estudou o Seguro


Rural e sua evolução no Brasil. Analisou o Proagro e a necessidade
de rever o programa, para que melhor atenda aos anseios do setor
agropecuário.

Fonte: Shutterstock.

No Módulo 4, você conheceu o conceito e a importância da agricultura


familiar. Ainda neste módulo, você analisou o Pronaf, que é o principal
programa de política pública voltada para esse setor. Conheceu
também algumas tendências em termos de política pública.

Embora cheio de desafios, a participação do poder público na


agropecuária tem atuação estratégica. Como a agropecuária possui
características (o clima, por exemplo) que ocasionam grande grau de
incerteza, sem a figura do Estado tais incertezas se tornariam ainda
maiores.

Finalizando / 28
Influência das Políticas Governamentais no Agronegócio

O setor, unido e organizado, capaz de elencar as prioridades e as


dificuldades encontradas, pode indicar ao governo o caminho das
medidas para ampliar a sua competitividade, de modo a tornar-se mais
atrativo e ter decisões mais assertivas.

Desejamos sucesso na sua caminhada!

Finalizando / 29
Influência das Políticas Governamentais no Agronegócio

Referências bibliográficas

ABRAMOVAY, R. Agricultura Familiar e Desenvolvimento Territorial.


Revista Ruralia, v. 2, n. 3, p. 91-111, março 1998.

ALVARENGA, A. Agricultura familiar: sua importância para o


agronegócio. Revista Agroanalysis, Rio de Janeiro, out. 2014.
Disponível em: <http://www.agroanalysis.com.br/10/2014/mercado-
negocios/agricultura-familiar-sua-importancia-para-o-agronegocio>.
Acesso em: 4 jun. 2016.

Referências / 30
Influência das Políticas Governamentais no Agronegócio

ARAÚJO, F. C.; VALLE, R. S. T. (Org.). Política agrícola como vetor


para a conservação ambiental. São Paulo: Instituto Socioambiental,
2013. Disponível em: <https://www.socioambiental.org/sites/blog.
socioambiental.org/files/publicacoes/pol_agricola.pdf>. Acesso em:
31 maio 2016.

Associação O Eco. O que são módulos fiscais. 2013. Disponível


em: http://www.oeco.org.br/dicionario-ambiental/27421-o-que-sao-
modulos-fiscais/. Acesso em: 05 julho 2016.

BACHA, C. J. C.; CALDARELLI, C. E. Análise da PGPM no mercado


brasileiro de algodão em pluma, milho e trigo, utilizando como
instrumento de intervenção a AGF, contrato de opção, PEP e Pepro.
In: CONGRESSO DA SOCIOLOGIA BRASILEIRA DA ECONOMIA,
ADMINISTRAÇÃO E SOCIOLOGIA RURAL, 46. Rio Branco, 2008.
Anais... Rio Branco. CD-ROM.

BATALHA, M. O. (Coord.). Gestão agroindustrial: GEPAI: Grupo de


Estudos e Pesquisas Agroindustriais. 3. ed. São Paulo: Atlas, 2007.

BRASIL. Lei n.o 8.171, de 17 de janeiro de 1991. Dispõe sobre a


política agrícola. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/
leis/L8171.htm>. Acesso em: 11 jun. 2016.

Referências / 31
Influência das Políticas Governamentais no Agronegócio

______. Lei Complementar n.o 126, de 15 de janeiro de 2007. Dispõe


sobre a política de resseguro, retrocessão e sua intermediação, as
operações de cosseguro, as contratações de seguro no exterior e
as operações em moeda estrangeira do setor securitário; altera o
Decreto-Lei n.o 73, de 21 de novembro de 1966, e a Lei n.o 8.031, de
12 de abril de 1990; e dá outras providências. Disponível em: <http://
www2.camara.leg.br/legin/fed/leicom/2007/leicomplementar-126-15-
janeiro-2007-549386-normaatualizada-pl.html>. Acesso em: 11 jun.
2016.

______. Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. Governo


reajusta preços mínimos das culturas de verão. Seção de Política
Agrícola, Notícias, jul. 2015. Disponível em: <http://www.agricultura.
gov.br/politica-agricola/noticias/2015/07/governo-reajusta-precos-
minimos-das-culturas-de-verao>. Acesso em: 11 jun. 2016.

______. Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. Crédito


Rural. Seção de Política Agrícola. Disponível em: <http://www.
agricultura.gov.br/politica-agricola/credito-rural>. Acesso em: 11 jun.
2016a.

______. Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. Plano


agrícola e pecuário 2016/2017. Seção de Política Agrícola. Disponível
em: <http://www.agricultura.gov.br/pap>. Acesso em: 11 jun. 2016b.

______. Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento.


Programa de Subvenção ao Prêmio do Seguro Rural (PSR). Atlas
do Seguro. Disponível em: <http://indicadores.agricultura.gov.br/
atlasdoseguro/index.htm>. Acesso em: 07 jun. 2016c.

Referências / 32
Influência das Políticas Governamentais no Agronegócio

BUAINAIN, A. M.; VIEIRA, P. A. Seguro Agrícola no Brasil: desafios


e potencialidades. R. Bras. Risco e Seg., Rio de Janeiro, v. 7, n.
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CENTRO DE ESTUDOS AVANÇADOS EM ECONOMIA APLICADA


(CEPEA). Relatório PIBAgro-Brasil, fev. 2016. Disponível em: <http://
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COELHO, C. N. 70 anos de política agrícola no Brasil. Revista de


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