Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
DIREITO EMPRESARIAL
GABRIEL MEDEIROS
19/01/2019 09:00
Imagem: Pixabay
A estrutura do Projeto de Lei do Senado nº 487 que altera o Código Comercial, o qual
terá a seguinte estrutura: Três partes: I) Parte Geral, composta dos seguintes títulos:
a) Do Direito Comercial; b) Da Pessoa do Empresário; c) Dos Bens e da Atividade do
Empresário; d) Dos Fatos Jurídicos Empresariais; II) Parte Especial, que disciplina os
seguintes temas: a) Das Sociedades; b) Das Obrigações dos Empresários; c) Do
Agronegócio; d) Do Direito Comercial Marítimo; e) Do Processo Empresarial; III) Parte
Complementar, que contém as disposições nais e transitórias.
Em uma breve digressão pelos artigos iniciais do projeto do novo Código Comercial,
vislumbram-se algumas semelhanças com o atual Código de Processo Civil –
CPC/2015, o qual foi pautado por ideais principiológicos. O artigo 4º do Código
Comercial, em seu inciso I, v.g. preceitua que os princípios e regras da Constituição
Federal são normas do direito comercial. De modo semelhante, o art. 1º do
CPC/2015, prescreve que o processo civil será ordenado, disciplinado e interpretado
conforme os valores e as normas fundamentais estabelecidos na Constituição da
República Federativa do Brasil.
Com linguagem acessível, o novo Código Comercial manteve algumas normas até
então já previstas no Código Civil, e.g.,o conceito de empresário (art.49); que a
sociedade cooperativa não é empresária (art. 49,§3º). Contudo, a nova legislação
https://www.jota.info/opiniao-e-analise/artigos/comentarios-ao-projeto-de-novo-codigo-comercial-19012019 2/6
10/11/2019 Comentários ao projeto de novo Código Comercial - JOTA Info
Quanto aos ditames que regem o nome empresarial, o legislador determinou o prazo
de 05 (cinco) anos para que se realizasse o cancelamento da inscrição do nome
empresarial quando decorrido este lapso temporal a partir da interrupção do
exercício da atividade empresarial em que foi adotado, ou quando ndar a liquidação
da sociedade que o inscrevera.
Ao novo código, foi acrescida disposição acerca do comércio eletrônico, fato que se
coaduna com a contemporaneidade, considerando-se que essa modalidade de
comércio é cada vez mais exponencial.
Os serviços bancários foram enquadrados nesta categoria (art. 113, §1º). O novo
Código não se furtou e deixou claro que as regras concernentes ao comércio
eletrônico se aplicam tão somente a esta forma de venda, frisando ainda que todas
as partes devem ser empresárias (art. 113, §2º).
https://www.jota.info/opiniao-e-analise/artigos/comentarios-ao-projeto-de-novo-codigo-comercial-19012019 3/6
10/11/2019 Comentários ao projeto de novo Código Comercial - JOTA Info
153). Andou bem o Código ao de nir o que é conduta parasitária, bem como
estipular um rol exempli cativo, ainda que com dois exemplos, de ações que
con gurem esse fenômeno, haja vista a sua singularidade.
Agora, na parte especial, especi camente no art. 181, temos algo original quanto à
constituição de sociedade de pessoas casadas entre si. O novo regramento legal é
totalmente permissivo, tendo a seguinte disposição: “independentemente do regime
de bens do casamento”. Hipótese que era facultada pelo art. 977 do Código Civil,
desde que os cônjuges não tenham aderido ao regime da comunhão universal de
bens, ou o da separação obrigatória.
Dentre as disposições, consta no art. 197 que a simples insu ciência de bens no
patrimônio da sociedade para a satisfação do crédito não oportuniza o credor a
pedir a desconsideração de sua personalidade jurídica. Dispositivo que diverge do
REsp 1.141.447-SP, no qual restou consignado que é necessária a concorrência do
requisito objetivo – insu ciência patrimonial da devedora – e o requisito subjetivo –
desvio de nalidade ou confusão patrimonial para que se torne viável o pedido de
desconsideração da personalidade jurídica nos termos do art. 50 do Código Civil.
https://www.jota.info/opiniao-e-analise/artigos/comentarios-ao-projeto-de-novo-codigo-comercial-19012019 4/6
10/11/2019 Comentários ao projeto de novo Código Comercial - JOTA Info
À sociedade em nome coletivo, no art. 310, é facultada a sua formação por pessoa
jurídica. No dispositivo em vigor que rege esse tipo societário, vale dizer, art. 1.039
do Código Civil, somente as pessoas naturais é que podem constituí-las.
Com o objetivo de clari car as normas utilizadas no atual Código Civil que aludem
ao direito empresarial e atenuar as interpretações divergentes, o novo Código
Comercial, de modo certo e convincente, asseverou que a sociedade pro ssional é a
constituída para proporcionar o exercício em comum de pro ssão intelectual ou
regulamentada (art. 324), tornando mais sucinto o conceito em relação aquele
previsto no parágrafo único do art. 966 do Código Civil.
Como dito, à primeira vista o novo Código Comercial é de leitura clara e, portanto, de
fácil entendimento, não obstante as diversas exegeses que podem surgir dos seus
dispositivos. O legislador, ressalte-se, não se esquivou de se aproximar das
modernidades tecnológicas e dos seus institutos, situação que o mostra atento às
novas demandas social e mercadológica, logo é uma postura apreciável.
https://www.jota.info/opiniao-e-analise/artigos/comentarios-ao-projeto-de-novo-codigo-comercial-19012019 5/6
10/11/2019 Comentários ao projeto de novo Código Comercial - JOTA Info
Os artigos publicados pelo JOTA não re etem necessariamente a opinião do site. Os textos
buscam estimular o debate sobre temas importantes para o País, sempre prestigiando a
pluralidade de ideias.
https://www.jota.info/opiniao-e-analise/artigos/comentarios-ao-projeto-de-novo-codigo-comercial-19012019 6/6