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Aspectos teóricos, criação e experimentação da comunicação em rede

Telefone celular (foto)


- Há mais cartões SIM circulando no Brasil do que brasileiros (MIZUKAMI, 2014)
- 261 milhões de cartões SIM versus 190 milhões de habitantes
- Quase 53% de todos os celulares no Brasil dispunham de conexão móvel à rede 3G
- exercício de imaginação – a vida sem celular

Conexão em rede
- o smartphone é uma das plataformas de conexão (a de maior ubiquidade)
- há várias outras, todas conectadas em rede
- o que é essa tal de rede?
- a Internet, em expansão desde a década de 1990 (CASTELLS, 2013)
- mas aqui, estamos falando de um modelo de comunicação

1. O lugar da rede na Teoria da Comunicação

História das Teorias da Comunicação


- Armad e Michéle Mattelart (2011) (passando como se já conhecessem)
1. Organismo Social: analogia entre a sociedade e o corpo humano
2. Empirismos do Novo Mundo: Mass Communication Research
3. Teoria da Informação: Cibernética
4. Indústria Cultural, Ideologia e Poder: Teoria Crítica, Estruturalismo e Estudos Culturais
5. Economia Política: os fluxos transnacionais de informação
6. O retorno ao cotidiano: etnografia das audiências

História das Teorias da Comunicação


- Armad e Michéle Mattelart (2011)
7. O domínio da comunicação: a comunicação em rede, por Manuel Castells
- em 1999, mobilização contra a OMC em Seattle
- em 2001, Fórum Social Mundial em Porto Alegre
- Internet: plataforma de comunicação que traduz a liberdade e a autonomia
- deliberadamente programada para não ter um centro definido de gestão

A sociedade em rede – Manuel Castells (2013)


- a verdadeira transformação começou quando as redes sociais ganharam força
- passagem da interação individual para a construção coletiva e autônoma
- é neste tipo de interação que estão as atividades mais importantes da internet
- sociedade em rede autoconstruída de conexão perpétua

A Convergência Midiática – Henry Jenkins (2015)


- digitalização cos conteúdos: tudo é algoritmo
- a convergência já existia antes da digitalização
- três condições para a convergência:
1) a convergência dos aparelhos, das máquinas
2) a cultura participativa
3) a inteligência coletiva (LÉVY, 2004)
- a convergência é gambiarra

A Convergência Midiática
- O Prosumidor – Alvin Toffler (1980)
- Três tipos de convergência, para André Lemos (2013):
1) Massiva: matéria da Veja vira VT do JN
2) Pós-massiva: conteúdo do Youtube compartilhado no Facebook
3) Mista: vídeo do WhatsApp vira VT, que vira matéria de internet

Exemplo: Mídia Ninja no JN

Criação e experimentação em ambiente digital


- a experiência do livestreaming
- fan fictions
- Conteúdo Gerado por Usuário (MIZUKAMI, 2014)
- Ativismo digital (MIZUKAMI, 2014)
- youtubers e podcasts
- gifs e memes

Criação e experimentação em ambiente digital


A voz das comunidades

Criação e experimentação nas redes


Bjork – Virus (Biophillia)

2. A Teoria Ator-Rede

História das Teorias da Comunicação


- Armad e Michéle Mattelart (2011)
7. O domínio da comunicação: a Teoria Ator-Rede
- ao invés de um fluxo contínuo rumo ao progresso, uma rede de vínculos contextualizados
- proposta de convergência entre pesquisa empírica e pesquisa crítica
- Bruno Latour e Michel Callon – proposta de antropologia das ciências e das técnicas
- alternativa à divisão metafísica

Jamais fomos modernos – Bruno Latour (1984)


* os objetos na construção da ciência
* Boyle versus Hobbes
* rompendo com a ciência moderna
* modelo de “tradução”, ou da construção sociotécnica
* mas a sociologia continua valendo (metáfora com a física quântica)
A comunicação das coisas – André Lemos (2013)
* rastros e trajetórias
* a retomada do fetichismo e do animismo
* sociedade versus rede sociotécnica
* a TAR como Teoria da Comunicação
* o lugar da comunicação seria o lugar da tradução

“Humanos comunicam. E as coisas também. E nos comunicamos com as coisas e ela nos fazem
fazer coisas, queiramos ou não. E fazemos as coisas fazerem coisas para nós e para asoutras
coisas. (...) O que eles, os não-humanos, nos fazem fazer, ganham, a cada dia, não só maior
abrangência, invadindo todas as áreas da vida quotidiana, como também maior poder prescritivo,
indicando e nos fazendo fazer coisas em um futuro próximo.” (LEMOS, 2013, p.20)

Conceitos fundamentais da TAR


- Bruno Latour (1994, 2005) e André Lemos (2013)
* ator e rede
* mediadores e intermediários
* tradução e purificação
* controvérsia e caixa-preta

Contribuições para a Comunicação – André Lemos (2013)


1) Evitar a purificação dos fatos
2) Oferecer um método capaz de ultrapassar as delimitações entre natureza, sociedade, discurso
3) Reposicionar o entendimento sobre a mediação
4) Apresentar o discurso midiático como rede de proposições
5) Destacar a necessidade de não se abandonar o empírico em favor das estruturas
6) Mostrar que o papel do analista é mapear redes de actantes mobilizados em determinada ação
7) Flagrar a constituição interna de caixas-pretas.
3. Passos para o mapeamento da rede

A Cartografia das Controvérsias


* “Reassembling the social”: Latour (2005) apresenta um caminho metodológico
* o approach da TAR é a etnografia: mapear as redes
* conjunto de técnicas para explorar e visualizar questões emergentes
* revela as diversas dimensões que compõem uma rede sociotécnica (LEMOS, 2013, p.110)
* este mapeamento deve ser feito antes que uma nova caixa-preta seja gerada
* mas também pode ser feita depois, mapeando os rastros

“Um rastro é o vestígio de uma ação efetuada por um actante em qualquer situação. Se não há
rastros, não há ação possível de ser descrita, produzida, inscrita em alguma materialidade ou
testemunho” (LEMOS, 2013, p.119).

A etnografia como método central


* se o método é etnográfico, precisamos falar sobre isso
* Charles Malinoviski (1978) versus a antropologia de gabinete
* Claude Lévi-Strauss (WAGNER, 2010) – culturas locais têm sentido em si mesmas
* O filme etnográfico: Jean Rouch (FREIRE, 2007)
* Colette Péttonet (2009): a observação flutuante
* Interpretação versus descrição – Roy Wagner (2010)

Ferramentas etnográficas (BERNARD, 1998)


- observação participante
- diário de campo (descrição)
- entrevistas gravadas
- fotos e vídeos
- comparação
- rastros digitais (mais recentemente) (BRUNO, 2012)

Por que fiz isso até aqui? Para mostrar exemplos de mapeamentos e exercitar percepção para
novas questões emergentes

Caso dos gandulas – André Lemos (2013)


- exemplo uma controvérsia envolvendo gandulas em um jogo de futebol
- ao invés de atuarem como intermediários, apenas recolhendo as bolas e as devolvendo aos
jogadores, eles começaram a atrasar ou adiantar a entrega
- de intermediários eles passaram a mediadores, actantes, alterando o andamento da partida
- a controvérsia se fez assim, fazendo aparecer todos os outros invisíveis até então
- as confederações de futebol, o tribunal desportivo, os patrocinadores.

Rastros digitais – Fernanda Bruno (2012)


- rastros gerados, monitorados e tratados cotidianamente na internet
- vigilância, publicidade, entretenimento, serviços, etc. se apropriam disso
- fonte para pesquisa nas ciências humanas e sociais
- nas perspectivas vigentes: rastros como evidência atrelada ao indivíduo
- a proposta: aplicar a Teoria-Ator-Rede para absorver o comportamento coletivo
(imagens)

Controvérsias da rede-jornalismo – Evandro Medeiros (2015)


- Copa do Mundo, Rio de Janeiro, junho de 2014
- organização e mapeamento inicial
- aproximação com as fontes e os fatos
- registro escrito e gravado
- como lidar com o material depois
- divisão em tópicos de relevância
(imagens)
Santiago Andrade é o caso do jornalista que virou notícia. O intermediário que virou mediador
(imagens da morte do Santiago Andrade)

As controvérsias do caso Santiago Andrade


- não era a única, mas era uma das maiores controvérsias
- começou a aparecer nas falas dos entrevistados: os rastros
- percebi que era um ponto de virada (ainda em campo)
- como recuperar os rastros? pesquisa e observação
- passei a incitar respostas sobre o assunto para precipitar coisas (WAGNER, 2010)
- entrevista com jornalistas, streamers, manifestantes, advogados, policias militares

Os rastros
- atenção aos contexto: um anos de manifestações, enfrentamento policial incitando violência,
jornalistas agredidos – “o cadáver que faltava”
- atenção aos objetos: a câmera (dificulta movimentos e atrapalhar a percepção), o rojão (q pode
ter dado problema)
- atenção aos desdobramentos: editorial do JN, linha dura da polícia nas favelas depois disso,
ruas esvaziadas, ataque aos manifestantes “naturalizado”

O que tinha lá dentro?


- as duas mortes de Santiago: a “natural” e a discursiva
- a culpabilização de dois manifestantes “resolve” uma questão
- esta controvérsia encobriu uma série de outras:
1) A questão da violência: a violência policial
2) A questão das linhas editoriais (de jornalistas e de midiativistas)
3) A questão das condições de trabalho
4) A questão da cobertura (quando há interesse próprio em jogo)

4. Outras conexões teóricas


Mais contribuições possíveis
- Roy Wagner (2010) e a antropologia não interpretativista
- o devir (DELEUZE, 1992) e o ciborgue (HARAWAY, 2000)
- Perspectivismo Ameríndio (VIVEIROS DE CASTRO, 2015)
- o equívoco como modelo de comunicação

5. Exercício prático

Exercício de mapeamento
- Apresentação do Pokemón Go (foto e vídeo se der)
- Praças cheias (fotos)

Mapa de pokemóns para capturar


(imagem do mapa de JF)

O pokemón não gosta de pobre?


- possíveis controvérsias
- mapa de exclusão do pokemón
- criar um esboço de uma possível etnografia

Epílogo

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