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EPISODIOS DRAMÃTICOS
DA
INQUISIÇÃO PoRTUGUESA
VoLUME II
1672 a 1682
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A D 1 NCI A NQUISIÇÃO
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II
O ENGENHEIRO E INVENTOR
BENTO DE MOURA PORTUGAL
1743 a 1748
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: .. Bento de Moura Portugal, informa Ino-
. çencio ( Dir. Bib., vol. I) foi fidalgo cavalei-
.ro da Casa Real, por alvará de 24 de· março
de 175.0 e cavaleiro professo na. ordem · de
.Cristo. Nasceu em Moimenta da Beira a 21
de março de 1702 e, tendo viajado oito anos,
foi preso por suspeito de incoufidencia em 1760
e lançado no forte da Junqueira -com outros pre-
sos que ahi permaneceram até o falecimento de
O. José. No fim de 16 anos de prisão morreu
. a 27 de janeiro de. 1776.
Figura no Dicionario de lnocencio por ter
escrito: :)
lnvent.()s e varios planos de melhora'I'Jentos
para este reilz.o, escriptos nas prisões da Jun-
. queira, pequena amostra de ~8 cadernos de pa-
pel onde estavam escritos os seus projectos e
descobertas. :.
36 EPISÓDIOS DRAMÁTICOS
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III
O CAVALEIRO D'OLIVEIRA
CARTAS
FAMILIARES, HISTORICAS
POLITICAS, e CRITICAS.
DISCURSOS
SER IOS E JOCOSOS.
Dedicados ao Exccllcntiffimo Senhor.
ANTONIO GUEDES PEREYRA
Comn12ndador da Ordem de N. S. j~(m
Cbrifto, lnviado Extraordinario quefoi de Sua
Mageflade na Corte de Madrid, Secretaria
de Ejtado do Reyno lk Portugal. &c. &c. &c.
Por
FRANCISCO XAVIER DE OLIVEYRA ,
Cavalleyro Prophe1To da Ordem de N. S.
Jefus Cbrifio.
TOM O JI.
Hd'rd
MDCCXLIJ
Rosto da primeira edição de um livro do
Cavaleiro de Oliveira.
DA INQUISIÇÃO PORTUGUESA 53
( 1778)
ODE
1819 -OUTUBRO 16
9 de novembro de 1 776
II
4 - novembro de 1775.
III
CARTA DA AMANTE DE JOS~ ANASTACIO
AO QUE PARECE
... ..
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CARTA A JOSÉ ANASTACIO DA CUNHA DA SUA
AMANTE. INTERESSANTE PELA SUA REDAC-
ÇÃO, PELA SUA ORTOGRAFIA, E PELOS
INDECIFRAVEIS SINAES COM ELE COMBI-
NADOS. (reproduzida photographicamente)
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DA INQUISIÇÃO PORTUGUESA 95
«Barca, 12 de dezembro.
T E R M O D E S E G R E D O.
.~uJ-,or
O DICIONARISTA E GRAMATICO •·
MORAES E SILVA
PRIMEIRA VEZ
(1779)
SEGUNDA VEZ
(1806 A 1810)
Senhora.
A Meza d'esta Inquisição chegou hoje
Francisco Candido Chaves, estudante de Geo-
metria nesta Universidade, a denunciar nella os
104 EPISÓDIOS DRAMÁTICOS
Deixem esiar.
Disse mais que ouvindo o Sermão que, em
dezagravo da Pureza da Nossa. Senhora pregou
em Santa Anna o Padre Mestre Durão na festa
que ali se fez não ha muitos tempos, depois de
sahir da Igreja, perguntando-se não lhe lem-
bra por quem a Francisco José d' Almeida, de
quem tem dito o conceito, que fizera do Ser-
mão respondera este que fora bom, e só lhe
não agradara querer o orador provar o miste-
rio da virgindade com provas ·tiradas de Feno-
menos naturaes, de que uzou como ·foy a de ·
passar a Luz por hum vidro, e por bum Dia-
mante sem os arruinar, ou quebrar, fecundarem
as plantas tais como a Palma estando o maxo
e a femea distantes. Que pois a Virgindade da
Senhora era hum mlsterio e hum Dogma da
f'é, ficava incomprehensivel á nossa razão, e
acrescentou mais o meSIIllO Francisco José de
Almeida que não erão necessarias aquellas pro-
vas naturais, pois que pela revelação ficava cer-
to, e indubitavel aquelle misterio e que fazia
estas reflexões por haver cabido em tal des-
cuido, hum tão grande Teologo e Filozofo como
era o orador, o que ouvirão Francisco Candido
Chaves e Francisco de Mello Franco) e se não
lembra de mais pessoas, que estiverão a isto
presentes.
Disse mais que haverá dois annos pouco
mais ou menos estando na Loje do Livreiro João
Pedro Alho, morador na Rua das Fangas, che-
gara ali um estudante que não conhecia, e per-
guntara a elle aprezentado, que conceito for-
mava da obra do Professor de· Felice, que trata
do direito natural, e respondendo-lhe que era'
boa, e por tal a julgavão os homens doutos
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112 EPISÓDIOS DRAMÁTICOS
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FI. 77 do cad.o 130 do Promotor da lnqui"
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sição de Lisboa.
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VIII
O POETA BOCAGE
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(1802 - 1803)
( 1803 e 1 81 9)
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II
III
Que a lei que 'Moisés trouxe ·ao Monte
Sinay, que aquelle fog.o que elle trouxe era
arteficial.
IV
Nega a resurreição de Jesus Christo e diz
que umas mulheres foram cnin bebidas e em-
bebedaram as sentinellas e dormiram com ellas
para neste meio tempo o tirarem da sepultura,
pois se elle fosse Deos não devia deixar de
fazer uma resurreição magestosa á vista de to-
dos.
v
· Diz se a alma é incriada que tem Deos
lá no outro mundo um armazem d'almas e do
mesmo armazem d'onde tira aquellas que fa-
zem boas obras e se salvão tira a outra para
o infeliz que se não batisou por alguns motivos
e não fez boas obras e manda para o inferno
e se é criada que tudo quanto tem principio
ha-de ter fim.
VI
Que na cnaçao do mundo queria Deus ser
servido por homens ignorantes pois lhe prohi-
bia que comesse da arvore da sciencia e mais
que uma criança como se julga inocente não
134 EPISÓDIOS DRAMÁTICOS
VII
Diz mais que o diabo tem feito mais do
que Deos tem oom tantos castigos feito pois
que leva tanta gente para o inferno e Deos
por este modo leva muito menos quinhão.
VIII
Que admira que os santos escritôres uns
dêm a Ascenção de Deus na Galileia e outros
em outra parte pois que logo Jesus Christo
estava com as pernas abertas.
IX
Como podia ele ser levado a um alto mon-
te d'onde visse o mundo todo sendo o mundo
como uma bola' e quem está em cima não pode
ver o que está por baixo?
As que disse e muitas mais que me não
lembram as tem (Curvo S.emedo ), escritas que
hão-de ser mais de 40 e disse que aquellas
proposições as tinha apresentado um lente que
foi nomeado para lecionar em Coimbra na ca-
deira de Theologia pois que não aceitava o
dito lugar sem que lhas decedissem e diz mais
que a paga que lhe deram foi consumi-lo e que
DA INQUISIÇÃO PORTUGUESA 135
(180! e 1807)
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O poeta Agostinho de Macêdo, de solidéu na cabeça
c pena de pato na mão ao uso da epocha.
138 EPISÓDIOS DRAMÁTICOS
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Rôsto do original de outra obra de José Agostinho:
ao alto o sêlo da Imprensa Régia.
O ECONOMISTA
SILVESTRE PINHEIRO FERREIRA
DENUNCIADO Ã INQUISIÇÃO
1808
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Levantado pois o auto respectivo por
ordem do Reitor da Universidade e feitas as
DA INQUISIÇÃO PORTUGUESA 163
SENTENÇA FINAL
(1719)
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O JUDEU
UMA FAMILIA DE BRASILEIROS PERSEGUIDA
SEGUNDO JEJUM
TERCEIRO JEJUM
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Inquisição de Lisboa, proc. n.o 9.776.
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12 EPISODIOS DRAMÁTICOS
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Retrato do lnqusidôr Geral Nuno da Cunha de Athay-
de segundo tuna gravura da epocha. Teve larga in-
tervenção no processo d~ Heitor Dias da Paz.
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daram examinar. O alcaide dos cerceres secré~
tos, que com ele directamente privava, dizia-o
louco a fingir e que,. á vista de todos praticava
DA INQUISIÇÃO PORTUGUESA 213
De V. Mcê.
Frc.o Ouo.'!tes Enriques.
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ENTRANDO-SE EM TORMENTO
EM LISBOA
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EXECUÇÃO DO TORMENTO
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Prim eiro na polé:
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O BANQUEIRO DUARTE DA SILVA
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Tefia ao tempo cincoenta e um anos de
edade e a si mesmo se intitulava homem de
negocio. D'uma família de christãos novos de
Alter do Chão viera fixar-se em Lisboa, depois
de ter estado, quando solteiro, residindo em'
Viana da foz do Lima. durante dois anos.
Viajou por Castela e pelo Brasil e assim ga-
nhOu a pratica de comercio em que se tornou
exímio. É-lhe betn devida a designação d-e
comerciante de grosso trato, largamente rela-
cionado nas praças estrangeiras. A sua casa
era um entrq>oasto comercial entre as nossas
276 EPISÓDIOS DRAMÁTICOS
-1
NOVAS DENUNCIAS- NOVOS DESPACHOS CON-
TRA DUARTE DA SILVA- APRESEN-
TA-SE DEPOIS DE BALDADAMENTE
PROCURADO _:_ O QUE CONTAM DES-
TA PRISÃO O EMBAIXADOR SOUSA
COUTif'..'HO, O PE. ANTONIO VIEIRA
I E OUTROS
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c mãe, para haver de sanear e disfarçar se u
erro e ruim procedimentoy logo procurou cor-
romper os ministros do Santo Oficio, o· que
com facilidade fez ao sugeito do secretário
296 EPISÓDIOS DRAMÁTICOS
•
de S. Domingos de Bemfica devem-lhe 150$000
rs. que lhes emprestou; Fr. Antonio de Len-
castre, provedor do Hospital de N. Senhora
da Luz deve-l!he 200$000 rs.; Jorge Pereira
deve-lhe um fardo de seda.
O Réu emprestou para a armada que foi á
Bahia 1O mil cruzados.
O aonde do Prado\deve ao Réu 130$000 rs.;
Jorge Fernandes, de Elvas, deve 40$000 rs.;
o herdeiro de Affonso de Barros Caminha
deve cento e tantos mil reis.
A 13 de março de 1648 continuou a
declarar o inventario. A Bernardo Ferreira,
sollicitador do Réu,. deve 4$000 rs. que pelo
Natal de cada anno lhe costumava dar; a
André Luiz, tambem é devedor; idem a João
Rodrigues Calvo.
A 24 de abril continuou o mesmo assum-
pto e declarou que: Manoel Fernandes Cama-
cho, morador na ilha da Madeira onde foi
commissario do R., não era muito correcto
em contas e a elle nada devia; depois d'elle
passou a ser seu .commissario na Madeira
Manoel de Ceia.
A 30 de abril declarou mais: que era
devedo·r de fretes a Jorge Rodrigues Calvo,. mo-
rador na Pederneira.
A 11 de maio declarou mais que, a ins-
tancias do seu correspondente na ilha da
Madeira, foi fiador de 100$000 rs., preço de
2 escravas.
A 18 de maio continuou: dever a An-
tonio Thomé,, frete de 7 caixas d'assucar;
a Diogo Fernandes Crespo, mercador do Al-
garve, 140$000 rs.; á igreja de S. Julião uma
lampada de prata. O Réu arrendou a Francisoo
DA INQUISIÇÃO PORTUGUESA 349
II
«Meu querido e amado conde dos
meus olhos
Miranda pede muito a V. M. que para
conservar a vida convem muito fazer por
dormir, porque o somno é o que assenta não
366 EPISÓDIOS DRAMÁTICOS
•
DA INQUISIÇÃO PORTUGUESA 373
Senhor
«Para Francisco da Silva, filho de Duarte
da Silva, receber o habito da ordem de Christo
que V. Mgde. lhe tem mandado lançar,
se lhe fizerão nesta corte donde disse ser
natural, seu pai e avós paternos, as provan-
ças de sua pessoa; e em Viana foz do Lima
pelo que tocava a sua mãy e avós maternos
e porque em hfia e outra parte por dito de
Despacho á margem:
Pela Mesa da Consciencia e Ordens se
passem os despachos necessarios para João
da Sylva filho do suplicante tomar o habito
da ordem de Christo de que lhe tenho feito
mercê na mesma forma em ·que o tomou seu
irmão Francisco da Silva porque por razões
que a isso me movem o hey assi por bem.
Lx.a 28 de fevereiro de 660.
Rubrica real.
Senhor
Pello decreto posto no rosto da. petição
inclusa de Duarte da Silva manda V. Mde.
que por este tribunal da Mesa da Consciencia
e Ordens se passem os despachos necessarios
DA INQUISIÇÃO PORTUGUESA 379
Despacho á margem:
Senhor
A João da Silva, filho de Duarte da Silva,
a ,que V. Mde. tem mandado lançar o habito
da ordem de Christo, segundo se vio de huma
portaria do secretario Gaspar de Faria Se-
verim de 23 de junho :do ano passado se
fizerão provanças em Vianna e nesta cidade .
e em huma e outra parte constou por todas
as testemunhas 'que elle era descendente da
nação hebrea; as ·quaes provanças sem em-
bargo de não averem vindo as que se tem
mandado fazer a Alter, como se disse em huma
consulta que sobre isso se fez a V. Mde. em
4 do presente por V. Mde. assim o mandar
por solução tomada na mesma consulta, e
tambem por não apresentar breve nem ordem
para se lhe guardar, se virão e pello que delas
constou foi João da Silva julgado por ine<;1paz
do habito e sentenceado para aver de entrar
na ordem; de que se dá conta a V. Mde. como
mestre que he da dita ordem, para que seja
presente a V. Mde. a ras.ão que ouve para
se não dar despacho a este justificante. Mesa
17 de março de 660.
Depois de feita esta consulta offereceo
João. :da Sylva neste tribunal o breve de
S. Sde,. e decreto de V. Mde. porque manda
que se lhe guarde e posto que se lhe mandou
dar despacho comtudo pareceo dar conta a
DA INQUISIÇÃO PORTUGUESA 381
Despacho á margem:
A mesa he presente as resões
que houve para mandar proceder
nesta materia e como se tem dado
os despachos na forma dos meus
decretos não ha que alterar do que
está feito.
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ACABOU DE SE IMPRIMIR
NA TYPOGRAPHIA DO ANNUARIO DO BRASIL,
(ALMANAK LAEMMERn
R. D. MANOEL, 62 RIO DE JANEIRO
AOS 16 DE JANEIRO DE 1924