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Fora a primeira vez que eu fazia algo desse tipo, ou com tanta

necessidade. Eu perdi muitas horas do meu sono pensando nas minhas


escolhas, e não só em algumas, mas em todas que eu já tive de fazer
no meu pouco tempo de vida. Por mais que eu tentasse dormir, os
problemas e as figuras que marcaram meu passado se faziam ausentes
no meu presente, não deixavam. A decadência da minha vida que ha
muito tempo estava me consumindo nas escuras, começou a surgir, e
sempre foi isso que eu tentei esconder de mim mesmo.
Talvez eu nunca tenha sido o cara que todo mundo achou, e tudo
isso que vivi foi o fruto de uma farta sorte. Pode também não ter sido
somente sorte, por que eu acredito que o único fato em que acredito é
de não acreditar na sorte, mas tudo pode ter sido fruto do
maquiavelismo que eu sempre cultivei comigo mesmo, desde que eu
comecei a realmente entender o mundo com os olhos do
amadurecimento. Pode ter sido também fonte do meu desejo
insaciável pelo conhecimento, minha ganância pelo poder que a
inteligência põe na mão dos poucos que ainda a buscam.
São tantas aspirações, teorias que eu crio e recrio em minha
razão, em noites simétricas a essa. Talvez eu seja apenas mais um
idiota complexado, que sente culpado por tudo e que tem o impulso de
tentar ser sempre diferente dos outros. Talvez eu seja somente mais
um daqueles que passaram os últimos dias de sua vida, jogados ao
relento e ao frio da noite. Pode ser que eu morra do jeito mais patético
possível: em qualquer uma dessas esquinas da cidade, agarrado com
meu violão sob os jornais, em uma noite de chuva; ou então, leve um
tiro da policia, por não esta roubando sem o clássico uniforme dos
ladrões brasileiros: terno e gravata.
Talvez eu consiga alcançar tudo que eu sempre desejei e tudo
que ainda vou desejar, e depois disso tudo, quando os sonhos
acabarem, a vida vai voltar a ser como nesta noite escura, em que eu
reviro de um lado para o outro da cama, impaciente, triste, lamentando
os pesares de uma vida como a de qualquer outro, mas que me parece
um fardo pesado demais para que eu possa carregar. A verdade é que
eu sou ainda aquele garoto frágil de sete anos atrás, que chorava por
não poder conseguir realizar os mais singelos sonhos, e que entregava
suas forças por suas lagrimas ate adormecer; sou ainda a criança que
guarda o brilho da verdade e da carência nas palavras que lhe saem
cortando a alma, por que cada uma delas traz lembranças totalmente
divergentes, nos fatos e na intensidade. Simplesmente eu sou o
mesmo, apenas meu rosto mudou e os empecilhos se tornaram maiores
e mais freqüentes do que antes, de modo que, outros detalhes de
minha vida, continuam e perpetuam suas emoções em mim até hoje .

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