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As mágoas e deleites de ser artista: uma resenha de “Nunca vi uma gaivota” e

“Isadoras”

Aluna: Millena Barros de Castro


Turma: M3B

Creio que todo artista passou pela fase de um grande conflito quando se
viu na posição que havia chegado a hora de tomar a decisão do que iria fazer da
vida; eis que surgem as dúvidas e questionamentos. No meu caso, o meu maior
medo era a de ser frustrada com o futuro, medo este que compartilho com a
protagonista de “Nunca vi uma gaivota”, em uma cena ela desabafa que tem que
conseguir realizar os seus sonhos pois sabe que sem eles se tornará frustrada e
infeliz assim como as pessoas que julgam ela pela escolha dela de ser atriz.
Para mim a grande questão era se eu me tornaria frustrada por não seguir
os meus sonhos; ou, se eu seguisse os meus sonhos e acabasse me frustrado com
eles por não me acontecer como eu havia imaginado. De todo jeito, havia a
possibilidade de eu acabar perdendo, então resolvi ao menos tentar pois se não
tentasse haveria as frustrações dos “e se…”.
Outro ponto que me “atacou” pessoalmente foi trazido desta vez pelo
outro protagonista de “Nunca vi uma gaivota” quando ele disse que fica se
comparando com as pessoas de sua idade e as conquistas destas pessoas. A
idade dele é trinta anos e para mim essa é a idade com mais lendas urbanas pois
parece que todos já entraram em consenso que aqui começa o fim da vida, uma
vez que, aos vinte e poucos anos está tudo bem estamos meio perdidos mas ao
completar trinta anos automaticamente já devemos ter o emprego, casa e família
dos sonhos e isso é muito exaustivo.
Exaustivo porque cada um tem sua própria narrativa com oportunidades
diferentes então porque padronizar as metas e prazos para todos? Isso não faz
sentido.
A peça “Isadoras” também tem o objetivo de discutir sobre a alma do
artista, entretanto, ao contrário de “Nunca vi uma gaivota”, a peça irá focar nos
deleites de ser artista. Ao contar a história de seis personagens que se conectam
por todos serem inspirados pela dançarina Isadora Duncan, cada um dá um
incrível monólogo sobre como serem abertos à criatividade trazem cores às suas
vidas.
A escolha de trazer a como liga para os personagens a revolucionária
Isadora Duncan é de uma sensibilidade inexplicável. Conhecida por criar a
dança contemporânea, ela deixou para trás as regras formais ou técnicas rígidas
de balé. A peça consegue emanar a atmosfera pura de Isadora Duncan: beleza,
criatividade, espírito livre, compreensão, resistência e pura arte. Tudo na peça
faz sentido, tudo conversa entre si.
A moral que a peça traz é que não importa a hora e o lugar, quem tem
essa força pra criar, vê beleza e se dedicar aos sentimentos humanos vai acabar
achando um jeito de expressar a sua arte seja dançando depois do expediente,
vendendo frutas na feira ou solucionando conflitos de guerra: a alma de artista
estará lá.

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