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MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO
UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DA AMAZÔNIA – UFRA
CAMPUS DE PARAUAPEBAS
CURSO DE GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA FLORESTAL

ROSÂNGELA PINHEIRO DE SOUZA

ACOMPANHAMENTO OPERACIONAL DE SUPRESSÃO VEGETAL COMPLEXO


MINERADOR DE CARAJÁS NO ANO DE 2017

PARAUAPEBAS
2018
2

ROSÂNGELA PINHEIRO DE SOUZA

ACOMPANHAMENTO OPERACIONAL DE SUPRESSÃO VEGETAL COMPLEXO


MINERADOR DE CARAJÁS NO ANO DE 2017

.
Trabalho de conclusão de curso apresentado à Coordenação do
Curso de Graduação em Engenharia Florestal do Campus de
Parauapebas da Universidade Federal Rural da Amazônia-UFRA
como requisito para obtenção do título de Bacharel em Engenharia
Florestal.

Área de concentração: Complexo Minerador de Carajás-


Parauapebas/PA.
Orientador Institucional: Vicente Filho Alves Silva.

PARAUAPEBAS
2018
3

ROSÂNGELA PINHEIRO DE SOUZA

ACOMPANHAMENTO OPERACIONAL DE SUPRESSÃO VEGETAL COMPLEXO


MINERADOR DE CARAJÁS NO ANO DE 2017

Trabalho de conclusão de curso apresentado à Coordenação do Curso de Graduação em


Engenharia Florestal do Campus de Parauapebas da Universidade Federal Rural da Amazônia-
UFRA, como requisito para obtenção do título de Bacharel em Bacharel em Engenharia
Florestal.

Aprovado em _________ de 2018

BANCA EXAMINADORA

________________________________________________________
Prof. Dr. Vicente Filho Alves Silva
Área: Engenharia Florestal-Mecanização
Orientador
Campus de Parauapebas – UFRA

_________________________________________________
Prof. MSc. Carlos Alberto de S. Nogueira
Área: Engenharia Florestal
Campus de Parauapebas - UFRA
(Membro)

________________________________________________________
Prof. Dr. José Nilton da Silva
Área: Engenharia Agronômica
Campus de Parauapebas – UFRA
(Membro)
4

À Deus, pela capacitação de: “até aqui o Senhor tem me sustentado”.


Aos meus amados pais Verto Meireles e Edneide Pinheiro.
À minha irmã Elisânjela Pinheiro.
Às minhas Sobrinhas Agatha Pinheiro e Sibelly Pinheiro.
À minha filha Isadora Pinheiro que me inspira á cada dia para concluir mais um
dos meus sonhos.
Que renunciaram os momentos de lazer para a conquista deste sonho.
5

AGRADECIMENTOS

A Deus, pela capacitação, amor e sustentação, reconheço que sua mão poderosa, estar
presente em todos os detalhes da minha vida.
Aos meus pais Verto Meireles e Edneide Pinheiro, pelo carinho, apoio e cuidado durante
toda as etapas da minha vida.
A minha irmã Elisanjela Pinheiro pelo ombro amigo e esforço sem medidas para me
ajudar nessa jornada.
As minhas sobrinhas por serem minhas inspirações para vencer
A minha filha Isadora Pinheiro por se tornar o motivo e razão para ter forças para
conclusão do curso.
A minha vó Nair Barbosa pelo carinho mesmo que distante.
Ou seja, esse diploma dedico á vocês.
A Universidade Federal Rural da Amazônia, por tornar possível a realização deste curso.
O prof. Vicente Filho Alves Silva pela dedicação, orientação, incentivo, confiança e
participação.
Ao grupo “só sucesso” Vivia Menezes, Emanuelle Josefine, Eucivane Morais, Luciana
Gomes, Eliane Sousa, Danielle Fernandes e Mateus Portela vocês foram peças fundamentais
nessa formação e serão lembrados sempre.
Ao meu segundo gerente geral Leonardo Marques que assegurou a finalização de um
sonho e ao meu amigo supervisor Adilson Lopes.
A toda equipe da gerencia GATAN, por ter me proporcionado um aprendizado continuo
que levarei por toda minha profissional.
A minha prima irmã Tathyelle Pinheiro pelo cuidado de sempre me deixar linda.
A minha amiga profissional e da vida Sheila Faria.
À todas as pessoas que direta ou indiretamente colaboraram na realização deste curso,
e que consideram parentes e amigos, meu sincero agradecimento.
À banca examinadora.
Muito Obrigada!
6

‘Não somos movidos á elogios, mas um elogio pode nos mover’’.

Carlos Duarte.
7

RESUMO

Este trabalho trata de um plano operacional de supressão vegetal do Complexo Minerador de


Carajás – Parauapebas/PA. Assim, um Programa de Supressão Vegetal das Minas de Ferro
realizado no interior da Floresta Nacional de Carajás é executado com a finalidade de minimizar
os impactos relacionados à atividade. Este programa tem como base as técnicas empregadas no
manejo florestal de impacto reduzido e é focado na segurança dos trabalhadores,
aproveitamento de material lenhoso (madeira, lenha e resíduos florestais) e mínimo impacto
sobre a fauna. Embora seja mais complexo para as áreas florestais, é aplicado também nas áreas
de savana, com as devidas diferenças em relação ao tamanho das plantas suprimidas. O objetivo
desse trabalho é estabelecer as ferramentas e orientações de segurança e meio ambiente
necessárias para a entrada no território, a supressão vegetal, a reabilitação de áreas e
encerramento (temporário ou definitivo) das atividades de pesquisa mineral desenvolvidas pela
Exploração e Projetos Minerais. Em função do programa de supressão vegetal ser executado
dentro de uma Unidade de Conservação, a Floresta Nacional de Carajás, todas as atividades
desenvolvidas neste programa, têm como base as premissas dispostas na INSTRUÇÃO
NORMATIVA nº 09 de 28 de abril de 2010 do Instituto Chico Mendes de Conservação da
Biodiversidade (ICMBio), bem como os procedimentos dispostos na INSTRUÇÃO
NORMATIVA nº 152 de 17 de janeiro de 2007 do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos
Recursos Naturais Renováveis (IBAMA), os quais estabelecem os procedimentos legais
necessários às obtenções de autorizações para fins de pesquisa e lavra mineral no interior de
Florestas Nacionais, assim como estabelece regras para administração dos recursos florestais
oriundos das áreas de desmatamento, além da obrigatoriedade de resgate de epífitas e plantas
de interesse para a conservação. Para a realização deste estudo foi realizada a pesquisa
bibliográfica para aprofundar sobre a temática e ampliar o conhecimento, bem como a pesquisa
de campo no Complexo Minerador de Carajás em Parauapebas/PA. Portanto, como principais
resultados percebeu-se que a prática de uma série de medidas adotadas no planejamento e na
execução da atividade de supressão vegetal conduz a redução de danos em todas as fases de
exploração, garantindo assim, menor impacto ao meio ambiente e gerando positivamente
aumento da produção operacional.

Palavras-chave: Segurança do trabalho, riscos ambientais, medidas de controles.


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ABSTRACT

This work deals with an operational plan for plant suppression of the Carajás Mining Complex
- Parauapebas / PA. Thus, an Iron Mine Plant Suppression Program carried out in the interior
of the Carajás National Forest is carried out with the purpose of minimizing the impacts related
to the activity. This program is based on the techniques used in low impact forest management
and is focused on worker safety, use of woody material (wood, firewood and forest residues)
and minimal impact on fauna. Although it is more complex for forest areas, it is also applied in
the savanna areas, with due differences regarding the size of the suppressed plants. The
objective of this work is to establish the necessary safety and environmental tools and guidelines
for entering the territory, plant suppression, rehabilitation of areas and closure (temporary or
definitive) of mineral exploration activities developed by Exploration and Mineral Projects. As
a result of the plant suppression program being carried out within a Conservation Unit, the
Carajás National Forest, all the activities developed in this program, are based on the premises
set forth in the NORMATIVE INSTRUCTION no. 09 of April 28, 2010 of the Chico Mendes
Institute (ICMBio), as well as the procedures established in NORMATIVE INSTRUCTION
No. 152 of January 17, 2007 of the Brazilian Institute of Environment and Renewable Natural
Resources (IBAMA), which establish the legal procedures necessary to obtain permits for the
purposes of research and mineral mining within National Forests, as well as establishing rules
for the management of forest resources from deforestation areas, as well as the obligation to
rescue epiphytes and plants of conservation interest. For the accomplishment of this study the
bibliographical research was carried out to deepen on the subject and to extend the knowledge,
as well as the field research in the Mining Complex of Carajás in Parauapebas / PA. Therefore,
as main results it was observed that the practice of a series of measures adopted in the planning
and execution of the suppression plant activity leads to reduction of damages in all the phases
of exploration, thus guaranteeing, less impact to the environment and generating positively
increase in operating production.

Key words: Occupational safety, environmental risks, control measures.


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LISTA DE FIGURAS

Figura 01: Desenho esquemático da delimitação da área do ASV com o trator .................... 21
Figura 02: Entrada principal................................................................................................ 22
Figura 03: Equipamentos de proteção coletiva .................................................................... 24
Figura 04: Poda de limpeza e manutenção em três cortes, em ramos com dimen superior a
(cinco) 5 cm ......................................................................................................................... 25
Figura 05: Foice, motopoda e motosserra (esquerda para a direita) ...................................... 26
Figura 06: Distribuição das equipes de motosserristas em campo ........................................ 27
Figura 07: Equipamentos utilizados na supressão vegetal mecanizada................................. 28
Figura 08: Motos serristas em raio de ação da concha da escavadeira .................................. 28
Figura 09: Escavadeira aguardando inicio do primeiro corte com motosserra ...................... 29
Figura 10: Operador fora do raio de ação da escavadeira ..................................................... 29
Figura 11: Operador fora do raio de ação da escavadeira ..................................................... 29
Figura 12: Operador de motosserra fora do raio da ação da escavadeira .............................. 30
Figura 13: Traçamento e desgalhamento ............................................................................. 31
Figura 14: Locais de medição do romaneio e cubagem........................................................ 33
Figura 15: Esquema de empilhamento de toras e identificação ............................................ 34
Figura 16: Formação das pilhas de madeira ......................................................................... 35
Figura 17: Forma de um cubo, onde o cálculo do volume é realizado por meio da multiplicação
da área da base (a*b) pelo comprimento das toras (c)-(v=a*b*c) .......................................... 36
Figura 18: Forma de um paralelepípedo retangular, onde o cálculo do volume é realizado por
meio da multiplicação da área da base (a*b) pelo comprimento das toras (c)-(v=a*b*c) ....... 36
Figura 19: Exemplo de enleiramento de material lenhoso ................................................... 37
Figura 20: Armazenamento do top soil................................................................................ 39
Figura 21: Maquinário espalhando o top soil....................................................................... 40
Figura 22: Mapa floresta de Carajás .................................................................................... 43
Figura 23: Gráfico de acidentes atividade: supressão vegetal .............................................. 53
Figura 24: Gráfico de primeiros socorros ............................................................................ 53
Figura 25: Partes atingidas .................................................................................................. 53
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LISTA DE TABELAS

Tabela 01: Exemplo de planilha de campo destinado ao registro dos indivíduos vegetais
suprimidos ........................................................................................................................... 34
Tabela 02: Severidade x Critérios........................................................................................ 45
Tabela 03: Frequência ......................................................................................................... 46
Tabela 04: Abrangência dos impactos ................................................................................. 46
Tabela 05: Aspectos ambientais significativos x Medidas de controle ................................. 47
Tabela 06: Riscos de saúde e segurança x Medidas de controle ........................................... 49
Tabela 07: Matriz de importância para classificação do aspecto ambiental .......................... 51
Tabela 08: Levantamento de aspectos e impactos ambientais – laia: supressão vegetal ........ 52
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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO .............................................................................................................. 13
2 OBJETIVO GERAL ....................................................................................................... 15
2.1 Objetivos específicos .................................................................................................... 15
3 REVISÃO DE LITERATURA ...................................................................................... 16
3.1 Etapas operacionais do plano de supressão vegetal .................................................... 17
3.1.1 Fase pré-exploratória ................................................................................................... 17
3.1.2 Diretrizes básicas para a supressão da vegetação ......................................................... 18
3.1.3 Orientações para entrada no território ......................................................................... 18
3.1.4 Programa de salvamento antecipado de fauna e flora ................................................... 19
3.1.5 Delimitação do polígono ............................................................................................. 21
3.1.6 Delimitação dos blocos................................................................................................ 21
3.1.7 Estrada principal ......................................................................................................... 22
3.1.8 Pátios de armazenagem temporário.............................................................................. 22
3.1.9 Planejamento e construção de infraestrutura ................................................................ 23
3.1.10 Recursos necessários ................................................................................................. 24
3.2 Fase exploratória .......................................................................................................... 25
3.2.1 Técnicas e métodos de realização de podas.................................................................. 25
3.2.1.1 Poda de limpeza e manutenção ................................................................................. 25
3.3 Limpeza e sub-bosque (broque) ................................................................................... 26
3.4 Distribuição das equipes de corte ................................................................................ 26
3.5 Aplicação das técnicas de corte mecanizada ............................................................... 27
3.5.1 Informações importantes para utilização dos equipamentos ......................................... 28
3.6 Traçamento e desgalhamento ...................................................................................... 30
3.6 Enleiramento ................................................................................................................ 30
3.8 Destoca .......................................................................................................................... 31
3.9 Arraste .......................................................................................................................... 31
3.10 Romaneio .................................................................................................................... 31
3.10.1 Levantamento expedito da madeira ............................................................................ 34
3.11 Empilhamento ............................................................................................................ 35
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3.12 Manejo do material lenhoso ....................................................................................... 37


3.13 Transporte .................................................................................................................. 37
3.14 Remoção e deposição de solo orgânico (top soil) ....................................................... 39
3.15 Deposição do solo orgânico ........................................................................................ 40
3.16 Destinação da madeira a ser suprimida .................................................................... 40
3.17 Desmobilização ........................................................................................................... 41
3.18 Check de saída ............................................................................................................ 42
4 MATERIAL E MÉTODOS ............................................................................................ 43
4.1 Local do projeto ........................................................................................................... 43
4.2 Período de avaliação e coleta de dados ........................................................................ 43
4.3 Variáveis avaliadas ....................................................................................................... 44
4.3.1 Identificação dos impactos ambientais e seus controles................................................ 44
4.3.1.1 Avaliação dos impactos ambientais ......................................................................... 44
4.3.1.2 Severidade ............................................................................................................... 44
4.3.1.3 Frequência ................................................................................................................ 46
4.3.1.4 Abrangência (magnitude) ......................................................................................... 46
4.3.1.5 Cálculo para classificação do aspecto ambiental (análise de importância) ................. 47
4.3.1.6 Critérios para tomada de decisão ............................................................................. 47
4.3.1.7 Definição e controle operacional .............................................................................. 48
4.3.1.8 Riscos de saúde e segurança .................................................................................... 49
5 RESULTADOS E DISCUSSÃO ..................................................................................... 50
5.1 Avaliação de aspectos e impactos ambientais da supressão vegetal ........................... 51
5.2 Análise de saúde e segurança ....................................................................................... 53
5.3 Programa de recuperação de áreas degradadas ......................................................... 54
6 CONSIDERAÇÕES FINAIS .......................................................................................... 57
7 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ........................................................................... 58
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1 INTRODUÇÃO

Segundo Silva (2007), as atividades e interferências da extração mineral sobre os


ecossistemas causam a degradação da paisagem, alteram e destroem os habitats diretamente da
fauna, todos tendo origem a supressão da vegetação. As medidas adotadas servem para
minimizar o impacto causado pela supressão da vegetação.
As recomendações segundo Araújo (2008) são: fazer um inventário de todos os recursos
naturais existentes e elaborar um plano de preservação, e se necessário, transplante, com
orientação de um profissional capacitado; prever soluções para a proteção de árvores
remanescentes no canteiro, para que venham ser plantadas, também para as existentes em
terrenos vizinhos e na calçada, incluindo suas raízes; assegurar a correta molhagem das árvores
e vegetações preservadas durante a obra, orientar os funcionários para auxiliarem na
preservação da vegetação. Caso seja necessária a retirada da vegetação por causa das atividades
executadas durante a obra, há a alternativa de transportar os exemplares mais notáveis para
lugares próximos ao de origem.
Conforme Macedo (1995), para avaliar este objeto ambientalmente, significa
compreendê-lo e mensurá-lo, segundo as relações mantidas entre seus elementos e aspectos
físicos, bióticos, econômicos, sociais e culturais.
Segundo a Norma ISO-14001, Impacto Ambiental é qualquer modificação do meio
ambiente, adversa ou benéfica, que resulte, no todo ou em parte, das atividades, produtos ou
serviços de uma organização. Juridicamente, o conceito de impacto ambiental refere-se
exclusivamente aos efeitos da ação humana sobre o meio ambiente. Portanto, fenômenos
naturais como tempestades, enchentes, incêndios florestais por causa natural, terremotos e
outros, apesar de provocarem as alterações ressaltadas não caracterizam um impacto ambiental.
Segundo Bitar (1997), as principais alterações ambientais causadas pela mineração
podem ser resumidas em: supressão de áreas de vegetação, reconfiguração de superfícies
topográficas, impacto visual, aceleração de processos erosivos, aumento da turbidez e
assoreamento de corpos d’água, emissão de gases e partículas no ar, ruídos, além da propagação
de vibrações no solo. Devem-se analisar todos os impactos decorrentes separadamente, tanto
da área diretamente afetada assim como a comunidade que reside no seu entorno.
Em cada uma das etapas de exploração ocorre um impacto ambiental na região. A
intensidade desses impactos depende muito do compromisso da empresa responsável em adotar
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medidas que otimizam a extração e minimizam os efeitos no meio ambiente e na população.


Além disso, segundo Bacci (2006), outros setores relacionados à mineração, como o
administrativo e a oficina, também são responsáveis por impactos ambientais. Mechi (1999) e
Yoshida (2006) classificam os impactos que as mineradoras podem causar em duas classes: os
impactos positivos e os impactos negativos.
Os impactos positivos relacionados a uma mineradora, como observado por Mechi
(1999), são de teor socioeconômico, uma vez que focam o desenvolvimento econômico e
regional e arrecadação de tributos.
15

2 OBJETIVO GERAL

O objetivo desse trabalho é estabelecer as ferramentas e orientações para


acompanhamento de segurança e meio ambiente necessárias para a entrada no território, a
supressão vegetal, a reabilitação de áreas e encerramento (temporário ou definitivo) das
atividades de pesquisa mineral desenvolvidas pela Exploração e Projetos Minerais.

2.1 Objetivos específicos

Fixar as condições necessárias para execução das atividades de supressão e limpeza


vegetal nas áreas de abrangência com segurança, qualidade e respeitando o meio ambiente.
a) facilitar o monitoramento e acompanhamento das operações de supressão vegetal;
b) ordenar e conduzir a supressão de forma a obter um melhor aproveitamento dos
produtos madeireiros e não madeireiros;
c) prevenir e reduzir riscos de acidentes de trabalho nas operações;
d) facilitar o resgate de plantas;
e) minimizar os impactos diretos e indiretos sobre a fauna durante atividades de
supressão vegetal.
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3 REVISÃO DE LITERATURA

O avanço da atividade humana sobre a floresta determina a supressão da vegetação, que


Primack e Rodrigues (2001), denominam de fragmentação do habitat, processo em que uma
grande e contínua área sofre redução ou divisão.
Estudos realizados em áreas minerais por Peixoto e Lima (2004), demonstram que o
desmatamento e a abertura de frente de lavra mineral alteram e destroem a diversidade da mata
ciliar e interferem na fauna local. Além deste, ainda alteram e elevam os impactos negativos
sobre as drenagens pluviais.
De acordo com Mechi & Sanches (2010), praticamente, toda atividade de mineração
implica supressão de vegetação ou impedimento de sua regeneração. Em muitas situações, o
solo superficial de maior fertilidade é também removido, e os solos remanescentes ficam
expostos aos processos erosivos que podem acarretar em assoreamento dos corpos d’água do
entorno.
A qualidade das águas dos rios e reservatórios da mesma bacia, a jusante do
empreendimento, pode ser prejudicada em razão da turbidez provocada pelos sedimentos finos
em suspensão, assim como pela poluição causada por substâncias lixiviadas e carreadas ou
contidas nos efluentes das áreas de mineração, tais como óleos, graxa, metais pesados. Estes
últimos podem também atingir as águas subterrâneas.
Com frequência, a mineração provoca a poluição do ar por particulados suspensos pela
atividade de lavra, beneficiamento e transporte, ou por gases emitidos da queima de
combustível. Outros impactos ao meio ambiente estão associados a ruídos, sobrepressão
acústica e vibrações no solo associados à operação de equipamentos e explosões.
Por ocasião do desmate da área de decapeamento, ocorre à eliminação de espécies
florestais nativas, consequentemente a eliminação de ninhos e abrigos da avifauna e de
pequenos outros animais, com o desmatamento, os animais foram espantados da área.
No que diz respeito aos impactos sobre a fauna, Silva (2007) esclarece que os mesmos
podem ocorrer em dois níveis: com a própria destruição de indivíduos ou sua evasão do local,
afetando principalmente espécies de baixa mobilidade. O decapeamento consiste na retirada da
vegetação, solo e rocha para expor o minério à lavra.
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3.1 Etapas operacionais do plano de supressão vegetal

3.1.1 Fase pré-exploratória

Todas as operações florestais descritas nesta fase deverão ser executadas no campo na
mesma sequência em que se encontram apresentadas neste plano. Estas atividades deverão ser
previamente planejadas de forma que venha facilitar a execução do desmate. Ás atividades que
antecedem a exploração, também são conhecidas como atividades pré-exploratórias.
A supressão de vegetação necessária, para abertura de acessos, praças de sondagem,
trincheiras, poços, implantação de alojamentos, acampamentos e outras instalações de apoio,
manutenções e intervenções em áreas arborizadas, deve ser feita segundo as recomendações a
seguir:
A supressão de vegetação deverá ser sempre planejada e restrita às áreas onde será
realizada a intervenção;
Deve se evitar a exposição do solo por período prolongando, assim a supressão da
vegetação deve seguir o cronograma das atividades;
Árvores de grande porte ou de interesse paisagístico devem ser preservadas sempre que
possível;
A supressão de árvores com uso de correntes ou lâminas de tratores é proibida;
A supressão de árvores deverá ser realizada com motosserras devidamente licenciadas
e registradas;
As licenças ambientais pertinentes devem ser providenciadas.
Anteriormente ao processo de supressão, deverão ser definidas as responsabilidades
perante eventuais erros nos limites das áreas, pontos de ataque, sentido de avanço e todas as
instruções de segurança pertinentes às operações. No local deve-se fazer presente sempre uma
cópia da autorização de supressão vegetal bem como a documentação regularizada dos
motosserras em uso.
Anteriormente à derrubada da vegetação arbórea, os cipós entrelaçados nas árvores
deverão ser cortados com o auxílio de foices e facões, sendo primordial a completa erradicação
dos mesmos, no intuito de se evitar acidentes de trabalho como por exemplo o rebote de toras.
O trabalho consiste resumidamente no corte de toda a vegetação de menor porte, até 1 metro
acima do solo e em todos os pontos de ligação dos indivíduos com o solo.
18

3.1.2 Diretrizes básicas para a supressão da vegetação

 Qualquer supressão e/ou limpeza de vegetação são passíveis de emissão de


Autorização de Supressão Vegetal pelo Órgão Ambiental Estadual local, ou Federal.
 Qualquer supressão e/ou limpeza de vegetação, independente da localização,
condição da vegetação, quantidade de área ou vegetação, deverão passar por análise da equipe
ou ponto focal de meio ambiente local.
 Nos casos onde não houver ponto focal, a solicitação deverá ser encaminhada ao
Analista responsável pelo tema de Flora para análise ou direcionamento a um responsável pela
análise.
 Para uso de motosserra a área deverá apresentar: nota fiscal de compra da
mesma, licença para porte e uso de motosserra (válida por dois anos), bem como evidenciar o
treinamento do seu operador. Caso a mesma não possua licença, requerer com antecedência à
Gerência de Saúde, Segurança e Meio Ambiente Logística Norte, apresentando: nota fiscal,
número de série, marca e modelo do equipamento, bem como disponibilizar dados para custear
o pagamento. Para as solicitações provenientes de suspeitas de risco de queda de árvores, um
Técnico de Segurança deverá emitir laudo atestando o risco potencial à integridade de pessoas
e/ou a estruturas e equipamentos;
 Após a conclusão das atividades de supressão de vegetação, encaminhar no
prazo máximo de 30 dias, relatório consolidado, ao ponto focal local de meio ambiente ou
àquele que realizou a análise da solicitação, bem como para o Analista responsável pelo tema
de Flora.

3.1.3 Orientações para entrada no território

Antes do início das atividades de campo da exploração mineral em um novo território,


ou da expansão de um projeto que implique na intervenção de novas áreas, ou retomada de
atividades paralisadas há mais de 18 meses é necessário:
 Conhecer/atualizar a legislação local;
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 Dentro das áreas de pesquisa mineral e no seu entorno imediato deve levantar a
existência de áreas sensíveis e/ou com restrições de uso, comunidades tradicionais/terras
indígenas, patrimônio cultural/arqueológico, restrições naturais (furacão, atividade sísmica),
conflitos sociais, grupos organizados;
 Preencher/revisar o check list socioambiental para entrada no território (Anexo
01) e mantê-lo arquivado junto aos documentos do projeto;
 Indicar as ações e recomendações para a entrada no território e execução dos
trabalhos de pesquisa e registrá-los no item ‘Plano de Ação’ do check list para a entrada.

3.1.4. Programa de salvamento antecipado de fauna e flora

O salvamento de fauna e flora será realizado conforme Programa de Salvamento de


Fauna e Flora Silvestre durante as Atividades de Supressão Vegetal apresentado a SEMAS.
Bem como para o salvamento e afugentamento de fauna deve ser realizado conforme o PRO-
Manejo de Fauna e Flora – Salvamento de Fauna
O resgate de fauna e flora deverá abranger a maior diversidade de espécies passíveis de
resgate e será realizado anteriormente e também concomitantemente ao trabalho de supressão
vegetal.
As formas de vida das espécies (herbácea, arbustiva ou arbórea) e as peculiaridades
fisiológicas determinam a melhor metodologia de resgate para cada espécie, permitindo o maior
sucesso na execução do resgate. Desta forma, as espécies arbustivas e arbóreas serão resgatadas
por meio da coleta de plântulas e sementes, pois o resgate de indivíduos adultos mostra-se
ineficiente. Baldes com água serão levados para a área de coleta e as plântulas, após serem
retiradas do solo, serão podadas e suas raízes imersas em água, evitando ao máximo a
desidratação.
A coleta de sementes poderá ser feita com podão de vara anteriormente ao desmate, ou
durante o desmate, com o tombamento das copas e deverá seguir as diretrizes estabelecidas no
Programa de Coleta de sementes.
As espécies herbáceas, como orquídeas, bromélias, aráceas e cactáceas, serão resgatadas
pela coleta de indivíduos adultos. O resgate de espécies herbáceas deverá ocorrer,
preferencialmente, antes da limpeza do sub-bosque.
20

As plantas serão retiradas com auxílio de ferramentas como sacho, enchada, foice, facão,
chibanca, picareta, pá, entre outras. Com o intuito de aumentar o índice de sobrevivência, as
plantas resgatadas serão retiradas com a maior quantidade possível de raízes e torrões. As
espécies mais sensíveis ao resgate devem ser coletadas preferencialmente nos dias de chuva.
O material resgatado deverá ser destinado imediatamente ao viveiro de mudas da Mina
Onça Puma, porém, é importante salientar que plantas herbáceas, como samambaias, cactáceas,
bromélias e orquídeas; poderão ser reintroduzidas diretamente em remanescentes florestais
próximos, levando em consideração que estes ambientes sejam semelhantes àqueles onde foi
realizado o resgate. Não foi registrado ocorrência de epífitas na caracterização da vegetação.
As espécies encontradas durante a supressão da vegetação serão registradas e
apresentadas no relatório anual de atendimento as condicionantes.
O "broque" é um trabalho feito em toda a área a ser suprimida, apenas com mão-de-obra
braçal, e as ferramentas necessárias são facões e foices. Atenção especial deve ser dada ao corte
dos cipós, pois os mesmos dificultam as operações de derrubada de grandes árvores e aumentam
os riscos de acidentes durante a supressão. A presença de cipós, interligando as copas, dificulta
o direcionamento de queda da árvore a ser extraída. Assim, a possibilidade dessa árvore cair
aleatoriamente, arrastando consigo outras aumentam o risco de acidentes para a equipe de
supressão.
Antes do início dos cortes, nas respectivas áreas, será feito uma vistoria na vegetação a
ser suprimida em busca de animais silvestres que eventualmente estejam na mesma. Durante os
cortes, serão protegidos os animais que estejam fugindo das referidas áreas. Estes animais serão
conduzidos (translocados) para áreas florestais adjacentes. Os filhotes capturados serão
enviados a um centro de triagem para o tratamento adequado e sua recuperação, e
posteriormente soltos em ambientes florestais apropriados.
A princípio não serão feitas capturas em caso de aparecimento de fauna adulta, mas sim,
acompanhamento e proteção dos espécimes para evitar perdas. A captura, para posterior soltura
só será efetivada em último caso quando for confirmada a impossibilidade de determinado
animal se locomover ou se dispersar por seus próprios meios, conforme preconizado no plano
de resgate da fauna.
Será rigorosamente proibida a caça de qualquer animal silvestre no Projeto. As frentes
de corte florestal terão apenas uma direção de avanço, permitindo a fuga natural de espécimes
da fauna. Será organizado um acompanhamento técnico para o eventual resgate de fauna
fugitiva durante as operações de corte, conforme descrito no plano de resgate da fauna.
21

3.1.5 Delimitação do polígono

Esta atividade consiste em definir, no campo, com precisão, o perímetro do polígono da


área a ser suprimida. Inicialmente os limites deverão ser demarcados pelo serviço de topografia,
em seguida com o auxílio de um trator serão definidos os limites no campo. Durante a abertura
dos limites, deve-se ter bastante cuidado para não ultrapassar os limites da área autorizada para
supressão vegetal, conforme figura 01 do desenho da delimitação da área.
A poligonal das áreas autorizadas para a supressão deverá ser claramente demarcada no
campo, de modo a evitar o avanço para áreas que não foram autorizadas.

Figura 01: Desenho esquemático da delimitação da área da ASV com o trator.


Fonte: SVA GABAN, 2015.

3.1.6 Delimitação dos blocos

As áreas a serem suprimidas deverão ser subdivididas primeiramente em blocos de


desmate (talhonamento), de acordo com as características fisionômicas da área. O objetivo
principal da divisão dos blocos é determinar que a supressão seja realizada de forma simultânea
e sistemática (intercalada), permitindo assim o planejamento do salvamento de fauna e resgate
de epífitas. Com isso tem-se um maior controle das atividades exploratórias. Este procedimento
proporciona uma distância ideal e segura entre as equipes de campo.
Para o planejamento e alocação dos blocos é recomendada a utilização de base digital
com extensão DWG ou SHAPE FILE, e imagens de satélite. Portanto, esta localização poderá
sofrer pequenas alterações, de forma a facilitar o andamento das atividades no campo. O limite
22

entre os blocos deve ser marcado pela equipe de topografia e sinalizado com fitas plásticas, de
modo que possam ser facilmente visualizadas no campo.

3.1.7 Estrada principal

As estradas utilizadas na pesquisa mineral proporcionam acesso a todas as áreas a serem


suprimidas, que ao mesmo tempo se ligam até a extremidade. Na figura 02 podemos verificar
as estradas de acesso que oferecem condições apropriadas para o trânsito de veículos leves,
equipamentos e cargas, algumas destas estradas são consideradas como vias de acesso
permanente.

Figura 02: Estrada principal.


Fonte: Arquivo GABAN, 2015.

3.1.8 Pátios de armazenagem temporária

Os pátios de estocagem são estruturas temporárias, utilizadas para o armazenamento de


toras extraídas da supressão. Estes pátios são construídos ao longo das estradas de acesso e
possuem uma dimensão de 50 x 50 metros, equivalente a 0,25 hectares. Em algumas áreas que
possuem um polígono mais estreito poderão ser construindo pátios de 30 x 30 metros
23

Os pátios deverão ser construídos em locais planos, de forma que venha facilitar o
empilhamento e carregamento das toras. Antes da construção é necessário fazer a sinalização
de seus limites com fitas de plástico. A equipe ideal para a construção dos pátios é formada por
01 operador de trator, 01 ajudante e 01 operador de motosserra para cortar as árvores mais
grossas. Durante a sua construção, não deverá haver equipes de desmatamento em atividade nas
proximidades da área.

3.1.9 Planejamento e construção de infraestrutura

Todas as operações florestais descritas neste planejamento deverão ser executadas no


campo na mesma sequência em que se encontram apresentadas neste documento. Estas
atividades deverão ser previamente planejadas de forma que venha facilitar a execução da
supressão. As atividades que antecedem a exploração, também são conhecidas como atividades
pré-exploratórias, itens necessários:
 Veículo leve de apoio;
 Trator de esteira;
 Motosserra ou moto poda.
 Pá Carregadeira;
 Caminhão basculante;
 Caminhão madeireiro;
 Caminhão prancha;
 Caminhão comboio;
 Cones de sinalização;
 Fita zebrada;
 Cerquites (tela laranja);
 Placas de sinalização.
24

3.1.10 Recursos necessários

Para esta atividade podem ser necessários alguns recursos, que são disponibilizados pela
empresa para os empregados em local adequado, de acordo com as condições físicas e
climáticas do local de execução da atividade; a segurança dos profissionais é garantida por meio
da utilização de EPI (Equipamentos de Proteção Individual) de qualidade, em bom estado de
conservação e dentro das normas técnicas, quais sejam:
- Rádio de comunicação bidirecional (rádio fixo);
- Lanterna;
- Capa de chuva;
- Colete refletivo (uso obrigatório);
- Repelente de insetos;
- Cones;
- EPI’S Uso Obrigatório; capacete com jugular, óculos, Luva e bota com biqueira de
composite, sinto de segurança, perneira.
- EPI’S de uso de acordo com o local de execução da atividade e os riscos mapeados
nas mesmas; Mascara semi facial - PFF2, protetor solar, bota de segurança cano longo (bota
Mateiro) e protetor auriculares. Assim, na figura 03 podemos ver os equipamentos de proteção
coletiva utilizada na área.

Figura 03: Equipamentos de proteção coletiva.


Fonte: INEB, 2012.
25

3.2 Fase exploratória

3.2.1 Técnicas e métodos de realização de podas

3.2.1.1 Poda de limpeza e manutenção

A poda de limpeza e manutenção tem como objetivo principal, a eliminação de ramos


secos ou senis, de ramos ladrões e dos brotos de raiz. Portanto, esta poda é chamada,
popularmente como de eliminação de ramos doentes (decorrentes da incidência de pragas ou
ervas parasitas).
Para ramos secos e senis e/ou danificados com mais de 5 cm de dimensão, a poda deverá
ser executada em 3 cortes, conforme a figura a seguir. As ferramentas para a realização desse
tipo de poda podem ser desde tesouras de poda até motopodas e motosserras. Abaixo na figura
04 será mostrado a pode de limpeza e manutenção em três cortes.

Figura 04: Poda de limpeza e manutenção em três cortes, em ramos com dimen superiores a 5cm.
Fonte: Arquivo Vale, 2018.

Por meio do posicionamento do primeiro e segundo cortes e com o auxílio de cordas, é


possível direcionar a queda do ramo a ser cortado, desviando-o de obstáculos, tais como fios e
edificações, por exemplo. O terceiro e último corte, realizado mais proximamente ao tronco,
deve preservar o colar e a crista da casca intactos.
A utilização de outras ferramentas, tais como machados, foices e facões, as quais são
consideradas ferramentas de impacto só devem ser utilizadas para o corte dos ramos
previamente podados e que já estão no solo, objetivando-se a diminuição do volume de material
a ser transportado. Portanto, na figura 05 podemos verificar os equipamentos de foice,
motopoda e motosserra.
26

Figura 05: Foice, motopoda e motosserra (esquerda para direita).


Fonte: Revista Still, 2011.
3.3 Limpeza de sub-bosque (broque)

Esta atividade consiste na remoção de indivíduos de porte herbáceo, arbustivos e árvores


com diâmetro a altura do peito – DAP (1,30 m) menor que 30 centímetros, para o melhor
aproveitamento dos múltiplos produtos da supressão vegetal esta atividade deverá ser realizada
em 3 etapas como segue;
 1ª Etapa: quebra do material lenhoso com DAP menor que 30 cm - esta
atividade é realizada utilizando um trator de esteira tipo D6 (recomendado), que percorre a área
com a lâmina alta (em torno de 15 cm do solo) para realizar a quebra do material lenhoso.
 2ª Etapa: retirada de lenha - consiste no traçamento ( 1 metro) e retirada da
área do material lenhoso com diâmetro entre 10 e 29,9 centímetros que foram derrubados na
primeira etapa. Ao final desta etapa estaremos retirando da área a lenha, que pode ser negociada
com olarias ou carvoarias da região. Este material poderá ser aproveitado também no programa
de recuperação de áreas degradadas, como na contenção de erosões e ou incorporação de
material orgânico ao solo.
 3ª Etapa: Enleiramento do solo orgânico (top soil) – consiste na raspagem
superficial do solo da área, com o mesmo trator de esteira, formando leiras compostas por solo
superficial e restos vegetais que ficaram na área, esta atividade retira outro produto da supressão
vegetal que é o solo orgânico (top-soil) utilizado na recuperação de áreas degradas. Após estas
três etapas passam-se ao corte seletivo.

3.4 Distribuição das equipes de corte

As equipes de motosserristas deverão ser distribuídas na área em uma proporção de 01


motosserrista para cada dois hectares, e se posicionar em uma distância mínima de 100 metros
27

de cada equipe de forma sistemática, ou seja, uma equipe não poderá estar ao lado da outra.
Trata-se de mais uma medida de segurança para os trabalhadores. Assim, na figura 06 veremos
a distribuição das equipes de motosserristas em campo.

2 ha
5 ha

2 ha
5 ha

Figura 06: Distribuição das equipes de motosserristas em campo.


Fonte: SVA GABAN, 2015

3.5 Aplicação das técnicas de corte mecanizada

A supressão mecanizada é aquela realizada por meio do uso de máquinas de grande


porte (tratores de esteira ou pneus), através do tombamento das árvores. Esta técnica somente
poderá ser utilizada após a supressão manual e/ou semimecanizada e retirada da vegetação que
propicie rendimento lenhoso (indivíduos arbóreos com CAP ≥ 31 cm). Tal atividade é assim
definida para que seja garantida a retirada do material lenhoso da área, de modo a atender os
requisitos legais pertinentes. Os equipamentos de maior utilização no auxílio no corte de árvores
nas atividades de supressão vegetal são: Feller Buncher, escavadeira hidráulica, com
pneus/esteira ou similar, conforme podemos ver na figura 07.
28

Figura 07: Equipamentos utilizados na supressão vegetal mecanizado.


Fonte: Traterra, 2016.

3.5.1 Informações importantes para utilização dos equipamentos

 Fica proibido o operador de motosserra ficar sob o raio de ação da concha da


escavadeira;
 O operador deverá se posicionar paralelamente à escavadeira ou similar, ficando fora
do raio de ação da escavadeira;
 O local para execução do serviço deverá estar isolado e sinalizado;
 A escavadeira deverá ter grades de proteção nos vidros, afim de proteção ao operador
da mesma, caso haja projeção de galhos ou partes da árvore suprimida;
 No caso de corte de árvores em terrenos desnivelados, o equipamento não poderá ficar
posicionado em nível inferior ao da árvore, pois se corre o risco de projeção do “corpo”
da árvore sobre o equipamento.

Figura 08: Motos serrista em raio de ação da concha da escavadeira.


Fonte: Arquivo Traterra, 2012.
29

Figura 09: Escavadeira aguardando início do 1º corte com motosserra.


Fonte: Arquivo Traterra, 2012.

Figura 10: Operador fora do raio de ação da escavadeira.


Fonte: Arquivo Traterra, 2012.

Figura 11: Operador fora do raio de ação da escavadeira.


Fonte: Arquivo Traterra, 2012.
30

Figura 12: Operador de motosserra fora do raio de ação da escavadeira.


Fonte: Arquivo Traterra, 2012.

3.6 Traçamento e desgalhamento

Esta atividade tem por objetivo livrar o fuste da porção do sistema radicular
eventualmente remanescente, e da copa. Assim que os indivíduos vegetais forem sendo
derrubados, deve ser realizado o traçamento dos mesmos, ou seja, retirada dos galhos e copas
por meio da utilização de motosserras. Uma vez efetuada tal operação, realiza-se a atividade de
traçamento dos indivíduos vegetais suprimidos, que consiste no corte dos troncos em seções
menores para facilitar o arraste das toras para os locais de disposição adequada.
O traçamento é feito de acordo com o uso da tora. Para toras retilíneas que se observa a
possiblidade de aproveitamento da madeira como mourões, postes ou para fabricação de tábuas,
estes deverão ser seccionados de modo a aproveitar todo tronco. No entanto, de maneira geral,
recomenda-se que as toras sejam cortadas em seções nunca inferiores a 1 metro de
comprimento.
O traçamento deverá ser executado de acordo com o aproveitamento da tora na indústria.
Por exemplo, se a tora for usada na serraria deve ser traçada a cada quatro metros. Se for usada
para a laminação, dever ser traçada a partir de 5 m, conforme figura 13 que mostra o traçamento
e desgalhamento.
31

Traçamento

Desgalhamento

Figura 13: Traçamento e desgalhamento.


Fonte: SVA GABAN, 2011.

3.7 Enleiramento

Nesta fase deverão ser realizados a catação e o empilhamento manual do material


lenhoso, sendo este, dividido em pilha de galhadas (indivíduos com DAP menores que 15 cm)
e pilha de toras (indivíduos com DAP maiores ou iguais a 15 cm).
As madeiras para potencial uso em serraria, postes e mourões de cerca serão empilhadas
à parte e numeradas de acordo com a espécie, sendo que as pilhas devem ser separadas para que
não haja confusão em relação à utilização das mesmas. Estes dados deverão ser registrados em
planilha.

3.8 Destoca

Devido à grande demanda de trabalho por parte das equipes de profissionais


responsáveis pela supressão e pelas características de alguns trechos, nem sempre é possível
realizar atividades de destoca, ou seja, retirada das raízes dos espécimes vegetais suprimidos.
32

Portanto, somente quando for possível e necessário, os tocos remanescentes deverão ser
retirados das áreas com auxílio de tratores para, posteriormente, serem picados com motosserra
e transportados até o local adequado de acondicionamento do material lenhoso.

3.9 Arraste

É a condução da tora da floresta até o pátio de estocagem. Esta atividade pode ser
realizada com skidders (tratores florestais) ou com trator de esteira (D6), desde que tenham
acessórios apropriados para acoplar a tora ao trator. A distância máxima para o arraste das toras
é de 250 metros do pátio. Nesta atividade deverão ser arrastadas todas as toras com DAP igual
ou maior que 30 cm.

3.10 Romaneio

Consiste nos serviços de identificação, marcação e medição das toras, com a finalidade
de se obter uma relação qualitativa e quantitativa das toras que foram obtidas na supressão de
determinada área, assim como os respectivos volumes (por espécie e total). Para o contexto
deste empreendimento, este serviço também atenderá uma exigência da legislação correlata
(Instrução Normativa Nº 152/07 do IBAMA e Instrução Normativa Nº 09/09 do ICMBio). Por
medida de segurança, está atividade deve ser realizado antes da tora ser empilhada, ainda no
chão ou quando elevada, a baixa altura, pelo skidder ou trator.
A equipe recomendável deverá ser composta por 01 técnico de nível médio, um
identificador (prático) e 01 ajudante. A ficha usada no romaneio deve ser a mesma que está no
ANEXO II da INSTRUÇÃO NORMATIVA Nº 152 do IBAMA. Deverão ser romaneadas todas
as toras com DAP igual ou maior que 30 cm. Durante o romaneio deverá estar presente um
identificador botânico de toras que vai classificar e identificar as espécies comerciais e não
comerciais que deverão ser empilhadas separadamente.
Para a medição do comprimento das toras, deverá ser utilizada fita métrica, que será
esticada tendo como ponto zero uma das extremidades da tora (topo ou base), considerando
33

toda sua extensão, inclusive nos casos em que a tora apresente sapopemas, conforme figura 14,
no qual veremos os locais de medição do romaneio e cubagem.

L = comp rimen to

A1 A2

Figura 14: Locais de medição do romaneio e cubagem.


Fonte: SlideShare, 2010.

Optou-se por utilizar o método de Smalian (Geométrico) para se calcular o volume das
toras, tendo como base a seguinte fórmula:

V = (A1 + A2)/2 * L

A1 e A2= áreas das seções transversais das extremidades da tora


L = comprimento da tora
Quando da aplicação da fórmula, no caso em que a sapopema for menor ou igual a 1/3
da extensão da tora, poderá haver apenas uma medida do diâmetro da base e de duas medidas
do diâmetro do topo. Já quando a sapopema for maior que 1/3 da extensão da tora, o cálculo
deve ser feito normalmente, utilizando as médias dos diâmetros da base e do topo.
Etapa de grande importância, pois estes dados serão necessários para subsidiar a
destinação do material lenhoso de acordo com as diretrizes do IBAMA e deverá ser realizada
antes da tora ser empilhada.
Deverá ser anotada na planilha de romaneio, a espécie (nome popular ou nome
científico), o número da tora, os diâmetros de suas extremidades, o comprimento e o volume da
tora.
Deve-se ainda, manter estas toras identificadas por espécie e numeradas, para facilitar o
preenchimento da planilha de romaneio, conforme figura 15 que mostra o esquema de toras e
identificação.
34

Figura 15: Esquema de empilhamento de toras e identificação.


Fonte: SVA GABAN, 2011.

3.10.1 Levantamento expedito da madeira

O levantamento expedito da madeira, no presente caso, significa registrar todos os dados


necessários dos espécimes vegetais suprimidos em campo para que posteriormente seja
calculada a volumetria total e por indivíduo, conforme tabela 01.

TABELA 1 – Exemplo de planilha de campo destinada ao registro dos indivíduos vegetais suprimidos
Número da CAP Altura APP
Tronco Nome
árvore (cm) (m) Sim Não
1 1 Jacaré 25 5,5 x
2 1 Embaúba 26,4 6 x
3 1 Sombreiro 27,3 6 x
4 1 Pinus 30,2 4,5 x
4 2 Pinus 33 6 x
4 3 Pinus 54,1 7 x
5 1 Eucalipto 23 8,5 x
5 2 Eucalipto 28,9 8,5 x
6 1 Ipê-amarelo 60 10 x
7 1 Embaúba 45,4 8 x
8 1 Leucena 28,5 7 x
9 1 Leucena 26,7 6,5 x
9 2 Leucena 29,3 6,5 x
9 3 Leucena 39,1 7,5 x
9 4 Leucena 36,6 7 x
10 1 Acácia 58,2 11 x
10 2 Acácia 67,3 11,5 x
11 1 Faveira 39,9 7 x
12 1 Timbaúva 27,7 6 x
12 2 Timbaúva 26,8 6,5 x
13 1 Flamboyant 99,1 11 x
35

3.11 Empilhamento

As toras deverão ser empilhadas por categoria (comerciais e não comerciais) e por
espécie nas laterais do pátio, sendo que uma das laterais deverá ficar sempre livre, de modo a
facilitar a realização do carregamento. As pilhas não deverão ultrapassar os limites do pátio. Na
seqüência são apresentadas orientações gerais para os serviços de empilhamento das toras:
1. O empilhamento dever ser feito com uma carregadeira, equipada com garfo e
ou garfo e mandíbula.
2. A base da pilha deverá ser formada pelas toras de maior diâmetro, as quais
deverão ter um comprimento máximo de 7 metros. O operador nunca deve tentar empilhar (em
elevação) as toras muito grossas, e sim deixá-las sempre junto ao solo.
3. As pilhas não poderão ultrapassar a altura máxima de 3 metros. Assim, a
carregadeira trabalhará com estabilidade e segurança.
4. O espaço entre as pilhas deverá ter largura entre 1,5 e 2,0 metros, de forma a
permitir o tráfego de pessoas, em virtude de uma eventual conferência do romaneio, ou para
avaliação das condições físicas das toras.
5. O romaneio deverá ser efetuado antes da formação das pilhas.
Não deve ser permitido que os trabalhadores subam nas pilhas, ou se posicionem na
frente das mesmas, pois estas poderão ceder, ocorrendo um deslizamento e causando acidentes.
Na figura 16 podemos verificar a formação das pilhas de madeira.

Figura 16: Formação das pilhas de madeira.


Fonte: SVA GABAN, 2011
36

O espaço entre as pilhas deverá ter largura entre 1,5 e 2,0 metros, de forma a permitir o
tráfego de pessoas para uma eventual conferência do romaneio, atividade de fiscalização ou
para avaliação das condições físicas das toras. Como é exigido o cálculo das volumetrias dos
materiais lenhosos, as pilhas de toras deverão apresentar formas geométricas definidas, tais
como um cubo, conforme figura 16 ou um paralelepípedo retângulo, conforme figura 17 e 18
de modo que o volume de pilha seja facilmente calculado. O volume mensurado da madeira
empilhada é dado em estério.

Figura 17: Forma de um cubo, onde o cálculo do volume é realizado por meio da multiplicação da área da base
(a * b) pelo comprimento das toras(c) - (V = a * b * c).
Fonte: Scribd, 2010.

Figura 18: Forma de um paralelepípedo retângulo, onde o cálculo do volume é realizado por meio da multiplicação
da área da base (a * b) pelo comprimento das toras(c) - (V = a * b * c).
Fonte: Scribd, 2010.

Para a demarcação das pilhas, sugere-se a utilização de sprays, tintas ou demarcadores


de trilhos, sempre com cores diferentes e chamativas.
37

3.12 Manejo do material lenhoso

Todas as árvores com diâmetro (DAP) entre 10 a 29,9 cm poderão ser traçadas em
pedaços de 80 cm a 1m de comprimento. Este procedimento poderá ser também aplicado nas
galhadas, principalmente das árvores de grande porte. Após o traçamento, os toretes deverão
ser empilhados (enleirados), de modo a facilitar as futuras medições, assim como propiciar
melhor organização e segurança do pátio. As toras deverão ser empilhadas por espécie e classe
de diâmetro e de forma que uma lateral fique sempre livre para a realização do carregamento.
As dimensões indicadas estão relacionadas como potencial de utilização deste material
em fornos de produção de carvão ou fornos de olarias, comuns na região. Todavia, caso a opção
de destinação do material lenhoso seja para outra aplicação, as dimensões poderão ser
redefinidas. A lenha, estando nestas dimensões, também poderá ser facilmente consumida por
um picador industrial, gerando fragmentos aptos para a produção de composto orgânico
(condicionador de solo), queima como fonte de energia e outros. Na figura 19 podemos verificar
o exemplo de enleiramento de material lenhoso.

Figura 19: Exemplo de enleiramento de material lenhoso.


Fonte: Willkommen, 2012.

3.13 Transporte

As operações de transporte de toras dos pátios de estocagem para o pátio central deverão
ser executadas com caminhões adequados para tal fim, de modo a garantir as condições de
segurança, a conservação do veículo e também a qualidade da matéria prima (madeira)
transportada. As madeiras mais frágeis (“brancas”) deverão ser destinadas, ou consumidas
38

(desdobramento em serraria/laminadoras), prioritariamente, pois são mais sensíveis à


degradação por agentes biológicos (insetos; fungos), levando a uma perda de qualidade do
produto final.
Já as madeiras vermelhas (“duras”) podem ter um tempo de estocagem maior, porém é
recomendável que não permaneçam no pátio por um período superior a 01 ano, de modo a
garantir a qualidade da madeira e, por conseguinte, o seu valor comercial.

3.14 Remoção e deposição de solo orgânico (top soil)

É definida como solo orgânico à camada superficial do solo onde se concentram valores
mais altos de matéria orgânica, fauna do solo e nutrientes minerais, podendo chegar até 30
centímetros de espessura, mas nos primeiros 6 centímetros estão concentrados 90 % do banco
de sementes, sendo esta a camada mais importante para ser aproveitada na recuperação de áreas
degradadas.
O ideal é realizar primeiro a limpeza dos restos vegetais, para depois promover a
remoção do “top soil”, caso contrário teremos a união de 02 tipos de materiais, sendo que existe
considerável diferença entre os dois. Cabe salientar que são operações diferentes.
O armazenamento deste material é de fundamental importância no reaproveitamento
posterior, como adubo orgânico, por se tratar de um substrato revitalizante rico em micro e
macrofauna edafológicamente importante. Na figura 20 podemos verificar como é o
armazenamento de top soil.
39

Figura 20: Armazenamento de Top Soil.


Fonte: Mina N4, 2005.

Para garantir um bom arejamento, bem como o equilíbrio químico no interior das leiras
de armazenamento de top soil. Assim, quando da reutilização deste material em locais a serem
recuperados, o mesmo terá sofrido reações internas de enriquecimento e disponibilização de
nutrientes.

3.15 Deposição do solo orgânico

O material orgânico (top soil) estocado devera ser distribuído em uma camada de mais
ou menos 10 cm em toda a área a ser recuperada. Após a cobertura com o top soil, ainda é
necessária uma aplicação de uma camada de restos vegetais sobre esta cobertura. Para garantir
um bom arejamento, bem como o equilíbrio químico no interior das áreas há recuperar, estas
não podem ser compactadas e poderão receber a aplicação de calcário dolomítico sobre toda a
superfície (200g/m²). Na figura 21 podemos verificar o maquinário espalhando o top soil.
40

Figura 21: Maquinário espalhando o top soil.


Fonte: Carajás, Arquivo, 2007.

Durante os trabalhos de aplicação do solo orgânico, na mediada em que forem


executadas as disposições de material, será realizada a regularização manual das suas
respectivas superfícies, no intuito de obter uma boa cobertura do substrato, de forma que
permita a cobertura espontânea da vegetação.
O material lançado nas áreas degradadas deverá apresentar características homogêneas,
não se aceitando a ocorrência bolsões e veios de materiais substancialmente diferentes do
material circundante.

3.16 Destinação da madeira a ser suprimida

A retirada da madeira deverá ser feita, durante a etapa de supressão vegetal, seguindo-
se procedimentos que potencializem seus usos.
Após o corte seletivo da madeira nobre, esta será seccionada, separando-a da galhada,
de forma a facilitar a estocagem. As toras depositadas deverão estar totalmente limpas e
devidamente dispostas, permanecendo estocada a margem dos acessos até o destino final da
madeira. Todas as madeiras comercializáveis serão identificadas individualmente, podendo ser
estocadas em lotes com características comuns.
Ressalta-se que as espécies vegetais com aproveitamento comercial apresentam
diferentes usos, podendo ser, portanto, classificadas em duas categorias:
- Espécies comercializáveis;
41

- Espécies não comercializáveis;


As toras de maior porte, que estejam ocas ou impróprias para os usos já citados, deverão
ser destinadas à criação de atrativos para a fauna ou recuperação de áreas degradadas, conforme
planos específicos.
O destino de toda a madeira comercial gerada na supressão vegetal poderá ser a doação
às instituições aptas a receber madeiras (conforme lei estadual 6.95/2007) ou utilizada no
próprio empreendimento na forma de madeira bruta ou beneficiada como tábuas, caibros,
batentes, mourões para cerca, dentre outros usos.
Em nenhuma hipótese a biomassa lenhosa proveniente da supressão vegetal poderá ser
queimada ou enterrada. As madeiras não comerciais podem ser utilizadas também no próprio
empreendimento em processos de recuperação de áreas degradadas.
O material madeireiro de baixo valor comercial poderá ser utilizado como fonte de
matéria orgânica para áreas em recuperação ou como barreira mecânica, minimizando o
carreamento de solo e surgimento de focos erosivos em áreas degradadas. Outra utilização que
pode ser dada para a madeira não comercial em áreas degradadas é o seu uso na construção de
atrativos para fauna, como amontoados de galhos e poleiros artificiais.

3.17 Desmobilização

A desmobilização consiste na desmontagem das estruturas e equipamentos criados


durante os trabalhos de pesquisa, sua retirada do local e comunicação com as partes interessadas
e deve:
 Atender a legislação local relacionada ao tema;
 Caso não haja um uso definido para as estruturas: remover todos os prédios,
pisos, bases de concreto, cercas;
 Limpar as fossas e sumidouros, atendendo a legislação;
 Implantar/corrigir drenagem superficial, eliminando áreas propícias ao acúmulo
de águas pluviais;
 Desobstruir a rede de drenagem natural e restaurar os padrões naturais das
drenagens ou criação de novos padrões geotecnicamente estáveis;
42

 Reformar o terreno (taludes e cortes) para uma forma estável, retirando


quaisquer barramentos ou obstáculos;
 Comunicar a saída para o superficiário, a comunidade e o governo local;
 Certificar que as condicionantes das licenças e autorizações foram cumpridos ou
acordadas com o órgão responsável;
 Certificar que os compromissos assumidos com o superficiário/comunidades
locais foram cumpridos ou acordadas com o responsável;
 Certificar se os compromissos assumidos com as comunidades (contratação de
mão de obra local e de fornecedores locais, atendimento às demandas sociais como doações,
patrocínio, ações de relacionamento, programas de desenvolvimento local/comunitário, entre
outros) foram encerrados de forma adequada;
 Remover todos os resíduos sólidos gerados;
 Seguir as diretrizes da Vale para doação de qualquer tipo de material e/ou
equipamento.
 Não deve:
 Permitir que furos de sondagem com artesianismo seja utilizado pela
comunidade/superficiário;
 Abandonar estruturas, equipamentos e/ou resíduos no local.

3.18 Check de saída

Quando ocorrer a paralisação, temporária ou definitiva, das atividades de pesquisa


mineral, os projetos devem:
 Realizar a reabilitação das áreas afetadas pela atividade de pesquisa mineral;
 Preencher o checklist para paralisação de projetos, conforme Anexo 1 desse
procedimento, no prazo máximo de 30 dias após o término das atividades;
 Elaborar e monitorar o Plano de Ação Socioambiental de Paralisação dos
Projetos, caso seja identificado algum item não conforme no checklist de saída;
43

4 MATERIAL E MÉTODOS

4.1 Local do projeto

O local desenvolvido as atividades foi na Mina do Projeto Ferro-Carajás que está


localizada na região norte do Brasil, município de Parauapebas (PA), entre as cidades de
Marabá e São Félix do Xingu, na bacia do rio Itacaiúnas, afluente da margem esquerda do Rio
Tocantins. Em linha reta esta mina se localiza a aproximadamente 130 km de Marabá, 550 km
de Belém e 1112 km de Brasília (Figura 22).
Sua base logística é o Núcleo Urbano de Carajás, construído para dar apoio às operações
na mineração, com capacidade para 6.400 habitantes. O acesso a Carajás, pode ser feito por via
aérea com vôos diários de qualquer parte do país, por via rodoviária através de estradas
pavimentadas, ou ainda através da Estrada de Ferro Carajás. A Mina do Azul é alcançada
partindo-se do Núcleo por estrada de 42 km, sendo 38 km asfaltados. Na figura o mapa da
floresta de Carajás no estado do Pará.

Figura 22: Mapa floresta de Carajás/PA.


Fonte: https://earth.google.com, 2018.

4.2 Período de avaliação e coleta de dados

O trabalho foi realizado no ano de 2017 com acompanhamento na prática das atividades
de supressão, sendo a coleta de dados realizada por meio do sistema SAP (Sistemas, Aplicativos
44

e Produtos). Além dos dados do referido ano, foram utilizados os dados de anos anteriores (2015
e 2016) como comparativo para verificação de evolução das áreas de meio ambiente e segurança
no trabalho.

4.3 Variáveis avaliadas

4.3.1 Identificação dos impactos ambientais e seus controles

4.3.1.1 Avaliação dos aspectos ambientais

Essa avaliação é realizada quando se determina o(s) impacto(s) associado(s) a cada


aspecto ambiental sem se considerar a ação dos controles operacionais. Representa a pior
situação possível, sem nenhum controle implementado e, a partir dela, os Aspectos Ambientais
Significativos são determinados.
A avaliação do aspecto ambiental se baseia nos seguintes parâmetros:
 SEVERIDADE do IMPACTO ambiental associado;
 ABRANGÊNCIA do IMPACTO ambiental associado;
 FREQUÊNCIA de ASPECTOS ambientais que ocorram sob situação normal.

4.3.1.2 Severidade

Estimativa da capacidade que o meio ambiente terá para se recuperar do impacto


ambiental. A tabela 2 explicita os critérios para definição das faixas de Severidade.
45

TABELA 2 – Severidade X Critérios


CRITÉRIO
Alteração da
Escassez de Alteração ou
SEVERIDADE Qualidade do Incômodo a
Recursos Redução da
Solo, Água ou vizinhança
Naturais Biodiversidade
Ar
Não existe
Há alteração ou
probabilidade redução
Que causa baixo
BAIXA de redução da Não existe
impacto Supressão de
(1) disponibilidade incômodo
ambiental espécies não
dos recursos no
longo prazo. protegidas por lei e
abundantes

Existem pequenas
Há alterações ou
probabilidade Incômodo redução
Que causa
MÉDIA de redução da
médio impacto Perturbação Supressão de
(3) disponibilidade
ambiental Danos materiais espécies não
dos recursos no
médio prazo. protegidas por lei e
pouco abundantes

Há Existem alterações
probabilidade Notificação ou redução
Que causa alto significativas
ALTA de redução da Multa
impacto
(5) disponibilidade Exposição na Supressão de
ambiental
dos recursos no Mídia espécies protegidas
curto prazo. por lei ou raras

 Longo Prazo (mais de cinco anos);


 Médio Prazo (entre um ano e cinco anos);
 Curto Prazo (até um ano).
 Alto Impacto: são irreversíveis ou reversíveis em longo prazo e/ou são objeto de
questionamento ético ou legal;
 Médio Impacto: são reversíveis em médio prazo e/ou podem ser objeto de
questionamento ético ou legal;
 Baixo Impacto: são reversíveis em curto prazo e/ou não são objeto de
questionamento ético ou legal.
Nota: Para Aspectos cujo Impacto apresente mais de um critério de Severidade (ex.
Escassez de Recursos Naturais e Incômodo à vizinhança), o grau de Severidade será definido
pelo critério que apresentar índice mais restritivo.
46

4.3.1.3 Frequência

Estimativa de quantas vezes ocorre um aspecto ambiental sob situações normais. A


forma de avaliar a frequência está descrita na tabela 3.

TABELA 3 – Frequência
FREQUÊNCIA DESCRIÇÃO
BAIXA
O aspecto ocorre no máximo uma vez por mês.
(1)
MÉDIA
O aspecto não ocorre diariamente, porém ocorre mais de uma vez ao mês.
(3)
ALTA
O aspecto ocorre diariamente.
(5)

4.3.1.4 Abrangência (magnitude)

Estimativa da área alcançada pelo impacto ambiental. Está associada às quantidades


relacionadas aos aspectos ambientais. A forma de avaliar a abrangência está descrita na tabela
4.

TABELA 4 – Abrangência dos impactos


IMPACTO AMBIENTAL ESCASSEZ DE RECURSOS
ABRANGÊNCIA
CRITÉRIO CRITÉRIO

BAIXA Impacto ambiental restrito ao local Baixo consumo em relação ao total


(1) da ocorrência. da unidade.

Impacto ambiental alcança grande


MÉDIA Médio consumo em relação ao total
extensão, mas se restringe aos
(3) da unidade.
limites de bateria.

Impacto Ambiental que extrapola


ALTA Alto consumo em relação ao total
os limites de bateria ou não, porém
(5) da unidade.
gera impacto ambiental residual.
47

4.3.1.5 Cálculo para classificação do aspecto ambiental (análise da importância)

Para aspectos ambientais que ocorram sob situação normal:

Sn: I = F x S x A, onde:
Sn: Situação Normal
I: Importância
F: Frequência
S: Severidade
A: Abrangência

4.3.1.6 Critérios para tomada de decisão

Aspectos Ambientais Não Significativos: são todos aqueles cuja importância seja
menor ou igual a 5 (cinco). Para tais aspectos, não se requer a implantação e manutenção de
controles operacionais. Na tabela 5 podemos verificar os aspectos ambientais significativos e
as medidas de controle

TABELA 5 – Aspectos ambientais significativos X Medidas de controle


Aspectos Ambientais Medidas de Controle de Aspectos Ambientais
Significativos Significativos.
Emissão Fumaça Preta, Realizar manutenção preventiva dos equipamentos.
CH4, COX.

Consumo de Seguir Cronograma de manutenção preventiva dos


Combustível Fóssil equipamentos, preencher diariamente o livro de bordo.

Aspectos Ambientais Significativos: são todos aqueles cuja importância seja maior
que 5 (cinco). Para estes é requerida a implantação e manutenção de controles operacionais,
devendo priorizar a implantação e manutenção de controles operacionais para aspectos
significativos com importância maior que 15 (quinze).
48

4.3.1.7 Definição de controles operacionais

Controles operacionais são estabelecidos para mitigar impactos ambientais


significativos e incluem, mas não se limitam a:
 Infraestrutura;
 Pessoal capacitado;
 Insumos de processo;
 Padrões operacionais: procedimentos de trabalho e parâmetros de processo.
Sempre que possível os controles operacionais devem ser padronizados de forma a
disciplinar os elementos descritos anteriormente.
Ao registrar os controles operacionais nas planilhas de Levantamento de Aspectos e
Impactos Ambientais, relacione sempre padrões que disciplinem estes controles operacionais,
caso estes existam.
49

4.3.1.8 Riscos de saúde e segurança e medidas de controle

TABELA 6 – Riscos de Saúde e Segurança X Medidas de controle


Riscos de Saúde e Medidas de Controle de Saúde e Segurança.
Segurança
Atropelamento; Manter distância de no mínimo 50 metros dos
equipamentos em operação e utilizar colete refletivo;
Ruído; Quando estiver próximo a algum equipamento em
funcionamento e quando as borrachas de vedação da cabine não
estiverem mais eficientes é obrigatório o uso do abafador de
ruído;
Poeira; Quando houver emissão de poeira é obrigatório o uso de
máscara semi-facial, solicitar ao supervisor e/ou técnico a
umectação do local.
Problemas de O equipamento não poderá operar se o rádio de
comunicação via rádio; comunicação fixo não estiver funcionando, não é permitida a
operação do equipamento com o rádio portátil.
Queimadura (Radiação Utilizar protetor solar durante o dia;
Solar);
Contato com felinos, Ao identificar presença de felinos, manter a calma, retornar
animais peçonhentos e ou permanecer na cabine do equipamento com as portas
insetos; fechadas, informar supervisor e/ou técnico para devidas
providências, o operador não deve se afastar do equipamento,
principalmente em períodos noturnos e utilizar repelente de
insetos;
Condições adversas Em casos de chuva intensa, reduzir a velocidade conforme
(Chuva, poeira e neblina); as condições dos acessos;
Quando a neblina estiver muito intensa, pare o
equipamento em um lugar seguro, mantenha os faróis acesos,
informe via rádio ao supervisor e/ou técnico e aos operadores e
aguarde por melhores condições para retornar a operação.
Ergonômico; Manter postura adequada durante toda operação, regular o
assento de acordo com as características físicas do operador,
não operar o equipamento com sistema de amortecimento/
regulagem danificado;
Incêndios Não operar o equipamento se o extintor de incêndio portátil
não estiver em condições normais de funcionamento, com carga
padrão, com trava e lacre.
Vazamento de Óleo Acionar a Equipe de Manutenção imediatamente para
Lubrificante, Graxa e corrigir vazamento e contenção do contaminante. Acionar a
Combustível. Emergência para atuação no local do vazamento.
50

5 RESULTADOS E DISCUSSÃO

Contribuindo para a minimização de riscos da exploração mineral para a


sustentabilidade das atividades da Diretoria através do planejamento da entrada no território,
do encerramento dos projetos de pesquisa mineral e da reabilitação das áreas modificadas pela
exploração mineral.
Garantir que toda supressão vegetal de espécies nativas ou exóticas ocorra dentro dos
padrões pré-estabelecidos pela legislação ambiental em vigor.
Que tais atividades sejam executadas com excelência, respeito à legislação ambiental
pertinente (esferas municipal, estadual e federal).
A padronização nas atividades de corte e abate de árvores, eliminando os riscos,
aumentando a produtividade e integridade do operador, além de reduzir o impacto ao meio
ambiente. As recomendações para o corte das árvores, o treinamento e a utilização das técnicas
a serem apresentadas trazem grandes benefícios, tais como: redução dos danos ambientais;
redução da probabilidade de acidente de trabalho e consequentemente redução dos riscos à
segurança e ao meio ambiente:
 Sistematizar o processo supressão e limpeza de vegetação;
 Plena eficiência das ações aplicadas;
 Redução de perdas de material lenhoso (tora, lenha e galhada);
 Aproveitamento adequado do material vegetal;
 Desenvolvimento da atividade somente nos locais previamente autorizados;
 Minimização da perda de indivíduos da flora epifítica;
 Minimização do impacto da atividade sobre a flora e fauna
 Diminuição dos impactos da atividade de supressão sobre o ecossistema local;
 Preservação do material genético local;
 Segurança dos trabalhadores envolvidos nas operações de supressão de
vegetação;
 Cumprir os padrões de saúde e segurança.
Na tabela 7 podemos verificar a matriz de importância para classificação do Aspecto
Ambiental.
51

TABELA 7 – Matriz de importância para classificação do Aspecto Ambiental

FREQUENCIA
BAIXA (1) MÉDIA (3) ALTA (5)
SEVER ABRANGÊNCIA ABRANGÊNCIA ABRANGÊNCIA
IDADE BAIXA MÉDI ALT BAIXA MÉDI ALT BAIXA MÉDI ALTA
(1) A A (1) A A (1) A (5)
(3) (5) (3) (5) (3)
BAIXA
1 3 5 3 9 15 5 15 25
(1)
MÉDIA
3 9 15 9 27 45 15 45 75
(3)
ALTA
5 15 25 15 45 75 25 75 125
(5)

5.1 Avaliação de aspectos e impactos ambientais da supressão vegetal

A tabela abaixo apresenta o resultado da avaliação dos aspectos e impactos ambientais


da supressão vegetal na Unidade Operacional, após o preenchimento dos campos da tabela de
avaliação, é calculado automaticamente a frequência por meio da soma severidade e
abrangência. Os aspectos e impactos ambientais acima de 5 a significância gera o resultado
“NÃO” sendo obrigatório o plano de controle onde a Emissão Fumaça Negra, CH4, COX,
Consumo de recursos de origem florestal (madeira, carvão vegetal) e consumo de energia
elétrica tiveram pontuação superior à 5 com resultado total de 15 pontos, foram criados ações
para controle, não havendo resultado de alto risco na atividade. Portanto, na tabela 8 podemos
verificar esse Levantamento de Aspectos Ambientais da supressão vegetal do Complexo.
52

TABELA 8 - Levantamento de aspectos e impactos ambientais – laia: supressão vegetal

SIGNIFICÂNCIA
ASPECTO IMPACTO CONTROLE AMBIENTAL

F S A I Resultado
Alteração da
Emissão de material particulado ALTA 5 BAIXA 1 BAIXA 1 5 NÃO
Qualidade do Ar

Alteração da Cumprir o cronograma e/ou prazo de manutenção dos veículos e


Emissão Fumaça Negra, CH4, COX Qualidade do Ar ALTA 5 MÉDIA 3 BAIXA 1 15 SIM monitoramento de fumaça preta nos veículos a diesel conforme
Efeito Estufa PRO 009960.
Redução da
Consumo de combustíveis fósseis disponibilidade do ALTA 5 BAIXA 1 BAIXA 1 5 NÃO
recurso

Seguir os limites de supressão estabelecidos em cada ASV


Perda de Indivíduos (autorização de supressão Vegetal). A supressão é feita de modo
Arbóreos controlado, em etapas e conforme a necessidade de expansão do
Consumo de recursos de origem florestal
Redução de Habitat ALTA 5 MÉDIA 3 BAIXA 1 15 SIM projeto e seguindo o plano operacional de supressão. A camada de
(madeira, carvão vegetal)
Alteração ou Redução matéria orgânica retirada (top soil) é reaproveitada na revegetação
da Biodiversidade de pilhas e áreas degradadas. A flora é resgatada na forma no
programa de germoplasma, descrito no POS.

Redução da Uso racional de energia, equipamentos em manutenção preventiva


Consumo de energia elétrica disponibilidade do ALTA 5 BAIXA 1 MÉDIA 3 15 SIM de acordo com o cronograma estabelecido, deve-se desligar todos
recurso os equipamentos após término das atividades.

Alteração da
Geração Resíduo Sólido – Madeira ALTA 5 BAIXA 1 BAIXA 1 5 NÃO
Qualidade do Solo

Alteração da
Qualidade do Solo
Redução de Habitat
Geração Resíduo Sólido - Estéril,
Assoreamento de ALTA 5 BAIXA 1 BAIXA 1 5 NÃO
Rejeitos e Sedimentos da Mineração
Corpos Hídricos
Alteração ou Redução
da biodiversidade
53

5.2 Análise de saúde e segurança

A figura 23 apresenta dados estatístico referente aos três últimos anos da categoria de
acidentes CAF (com afastamento), SAF (sem afastamento), onde se observa uma tendência de
se manter sob controle os CAF e SAF. A figura 24 representa os primeiros socorros e trajeto,
quando se observa uma redução de tais ocorrências ao decorrer dos 3 últimos anos e a figura
25 com detalhes das principais partes atingidas na atividade de supressão vegetal no complexo
de Carajás, onde o membro em destaque é o braço como parte mais atingida nas ocorrências.

Figura 23: Gráfico de acidentes -Atividade: Supressão Vegetal.


Fonte: Arquivo Vale, 2018.

Figura 24: Gráfico de primeiros socorros.


Fonte: Arquivo Vale, 2018.

Figura 25: Partes atingidas


Fonte: Arquivo Vale, 2018.
54

5.3 Programa de recuperação de áreas degradadas

Esta tarefa consiste em um conjunto de medidas destinadas à reabilitação ambiental das


áreas afetadas pela mineração, conforme o Plano de Recuperação de Áreas Degradadas
apresentado a esta Secretaria de Estado no PLANO DE CONTROLE AMBIENTAL do ano de
2005.
A reabilitação ambiental é definida como a busca de uma condição ambiental estável,
a ser obtida em conformidade com os valores estéticos e sociais da circunvizinhança.
Este processo ainda inclui o monitoramento ambiental das intervenções, a fim de
mostrar a evolução/eficácia da reabilitação da área. Assim o monitoramento deverá ser iniciado
concomitantemente a realização da pesquisa mineral e concluído após a recuperação da área.
Ao final da reabilitação as áreas deverão apresentar uma forma morfológica compatível
com a topografia dos terrenos adjacentes, mediante a reconformação e atenuação dos taludes, a
reordenação das linhas de drenagem e a recomposição da cobertura vegetal de modo a permitir
o tratamento harmônico da mesma com a paisagem circundante e retomada do seu uso.
Dentre as principais medidas recomendadas para a reabilitação ambiental das áreas e
sua proteção contra processos erosivos, destacam-se a reconformação topográfica, a
readequação dos sistemas de drenagem e a cobertura vegetal.
As medidas a serem implementadas devem ser particularizadas para cada caso de acordo
com a situação de cada área afetada, e se possível, durante ou imediatamente ao final da
exploração mineral;
As seguintes ações devem estar relacionadas no plano de reabilitação das áreas a serem
desenvolvidas em todos os locais afetados pela supressão vegetal na mina de Carajás:
a) Reconformação topográfica
- Os taludes e rampas deverão ter sua declividade suavizada, a fim de evitar a formação
de processos erosivos, facilitando a recuperação destas áreas;
- A criação de bancos permite a redução da inclinação do talude original,
proporcionando melhoria na estabilidade;
b) Estabilização da drenagem
- Instalação de redes de drenagem, por meio da abertura de canaletas revestidas e canais
coletores - em caráter provisório ou definitivo - quando necessário;
c) Preparação do terreno visando o recebimento de sementes e/ou mudas para
revegetação.
55

- As áreas destinadas ao recebimento das mudas deverão estar previamente preparadas,


vale dizer, onde ocorrer cobertura herbácea será efetuado roço para a demarcação e abertura
das covas;
- Nos locais com presença de elementos arbustivos, estes deverão ser mantidos; nesse
caso, haverá adensamento da população já existente.
d) Revegetação
- Seu principal objetivo é propiciar a cobertura eficiente do solo, protegendo-o da erosão
e favorecendo a recuperação de suas propriedades físico-químicas;
- Promover o repovoamento com espécies vegetais nativas, propiciando a aceleração do
processo de regeneração natural;
- Na recuperação de taludes de corte deve ser utilizada, preferencialmente, semeadura
de espécies com raízes superficiais, como as gramíneas – quando legalmente permitidas. A
utilização de tela / manta vegetal recobrindo o talude semeado é recomendada;
- No caso de taludes de aterro, recomenda-se controle da erosão e utilização de grama
em placa, sugerindo-se a escolha de espécies com raízes profundas, especialmente arbustos,
com prioridade a espécies nativas pioneiras e de rápido desenvolvimento. A utilização de tela /
manta vegetal recobrindo o talude semeado é recomendada;
e) Seleção de Espécies
- Deverão ser utilizadas espécies, preferencialmente nativas e/ou de ocorrência comum
na região;
- As espécies para a reabilitação devem ser selecionadas se considerando os objetivos a
curto e longo prazo, as condições químicas e físicas dos locais de plantio, o clima, a viabilidade
das sementes, a taxa e a forma de crescimento, a compatibilidade com outras espécies a serem
plantadas e outras condições específicas do local;
- Entende-se como benéfico o uso de consórcio de diferentes espécies para uma
determinada operação de recomposição;
- A seleção de espécies deverá ser orientada para sua auto sustentação;
- A fauna local deve ser levada em conta quando da seleção de espécies de plantas para
reabilitação de paisagem;
As principais características desejáveis da vegetação são:
 Agressividade;
 Rusticidade;
 Rápido desenvolvimento;
56

 Fácil propagação;
 Fácil implantação;
 Pouca exigência quanto a condições do solo;
 Fácil integração na paisagem;
 Inocuidade às condições biológicas da região;
 Fator de produção de alimento para a fauna.
57

6 CONSIDERAÇÕES FINAIS

A prática de uma série de medidas adotadas no planejamento e na execução da atividade


de supressão vegetal conduz a redução de danos em todas as fases de exploração. Garantindo
menor impacto ao meio ambiente e aumentando a produção operacional.
O Plano teve o cuidado de desenvolver etapas ordenadas para a supressão vegetal
pertencentes obedecendo a Decretos de lavra e que são suprimidas de acordo com as prioridades
descritas e demandadas pelas áreas operacionais.
Por meio da utilização de técnicas adequadas de supressão vegetal e de tratamentos
pertinentes “pós-supressão”, brotações precoces e reinfestação de indivíduos vegetais foram
drasticamente diminuídas, evitando-se, dessa forma, constantes retrabalhos das equipes ligadas
a tais atividades.
Os dados estáticos demostram a evolução do acompanhamento em área para a
diminuição de acidentes de trabalho, proporcionando a melhor satisfação e confiabilidade ao
empregado exposto a atividade direta.
58

7 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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Sempre: um Manual para Produção de Madeira na Amazônia. Belém: Imazon, 1998. pp 130.

ARAÚJO, V.M. Práticas Recomendadas para a Gestão Mais Sustentável de Canteiro de Obras.
2008. Pp 203. Escola Politécnica Universidade de São Paulo 2008.

HOLMES, T.P.; BLATE, G.M.; ZWEEDE, J.C.; PEREIRA, R; BARRETO, P.; BOLTZ, F.
Custos e Benefícios Financeiros da Exploração Florestal de Impacto Reduzido em Comparação
à Exploração Florestal Convencional na Amazônia Oriental. FFT. 2006. 68p.

IBAMA. Plano de Manejo para Uso Múltiplo da Floresta Nacional do Tapirapé-Aquirí –


Instituto Brasileiro do Meio Ambiente dos Recursos Naturais Renováveis (IBAMA), 2006.

INSTITUTO AMBIENTAL VALE DO RIO DOCE – IAVRD. Inventário Florestal em 3.873


hectares de vegetação existente na Floresta Nacional do Tapirapé-Aquirí, para implantação do
projeto de cobre da SALOBO Metais S.A. (SMSA). Marabá-Pa. 46 p.

MECHI, A.; SANCHES, D. L. Impactos ambientais da mineração no estado de São Paulo.


Revista de Estudos Avançados, v. 24, n. 68, São Paulo, mar. 2010.

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PEIXOTO, R. J; LIMA, H. M. de. Diagnóstico dos garimpos de topázio imperial no Alto


Maracujá, Sub-bacia do rio das Velhas. MG. Revista Esc. Minas, Dezembro, 2004, vol.57, no.4,
Pag.249-254.

PRIMACK, R. B; RODRIGUES, E. 2001. Biologia da conservação. Londrina

ROLIM, S.G.; COUTO, H.T.Z.; JSEUS, R.M.; FRANÇA, J.T. Modelos volumétricos para a
Floresta Nacional do Tapirapé-Aquirí, Serra dos Carajás (PA). Acta Amazônica, 36(1):107-
114, 2006.

SILVA, J.P. S. Impactos ambientais causados por mineração. Revista Espaço da Sophia, nº 08,
novembro/2007.

VIDAL, E.; GERWING, J.; BARRETO, P.; AMARAL, P.; JOHNS, J. Redução de
Desperdícios na Produção de Madeira na Amazônia. Série Amazônia N° 05 - Belém: Imazon,
1997.20 p.

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