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REVISTA

no

no
Rio G ra n d e do N orte
F IlN O a o e EM 29 O E M A K Ç 0 D E 19 0 2

Volume VIII— Numero 1 e 2


1910

NATAL
TypograpUia do Instituto Historico
1913
directoria do instituto
A nxo Social i»k l í l l o a 1í*l 1

f‘KRUDKNTK

I mr | , ; n ( l > > r Vicente S Pereira «lo l.cuio»

Vick P nmidh.ntk*

1° Penembnrjjudor Lui* M. Fernande» Sobrinho


- QCoronel Pedro Sonre» de Arnnjo,

SltCRKTAHIO*

1® l>r. Lui* T Mvare* dc l.yrn


lí9" Ne*(or do» Santo* Lima

Sl'PI*t.BKTR» l»o 29 SlCRETARlO

l*r» Thomas Lnndim e Ilonorio Carrilho da Fon*een e


Silva.
Orador
l>r. Francisco Finto de Abreu.

A djtrto no Orador
Or. Scbn*ti/lo Fernande* de Oliveira
TllR»Ot’REIRo
l»e*endmrnnilor JoAo Diony*io Filgueirn.

Commi**Ao nr: F sta tit o » e redacçXo pa KBVISTA

J)r*. Manoel Onntn*. I.nw Fernande* e Antonio Son­


re» de Araújo.
CouMimao nr F aeknda e Orvamexto
|»r*. Manuel llemeterio Knpo*o dc Mello e Francis­
co Gome* Vitllc Miranda e Coronel Lui* Fni.vjj.Iio Pinhei­
ro da Cainurn.
REVOLUÇÃO DE 1817
M e m ó r ia r e s u m id a dos a ­
C O N T E C IM E N T O S PO LITIC O S QUE
soe FR e u a C a p it a n ia do R io

C r an d e do N o r te no pr ese n te

A N N O DE 1817, O FFE R E C ID A PE LO
a c t u a l G o vernado r Josí; I g n a ­

c io B o r ges . (*)

Nn noite do dia nove de M f rço constou


acedição militar praticada cm Pernambuco
na tarde do dia scisjnoticia que me obrigou a
medidas de aprehençAo sobre as pessoas
que chegaram do Sul da Capitania para
bem me illustrnr sobre o que se havia se­
guido.Na noite dedoze tive cabal certeza da

(*) Cnmmissionndo pelo Governo deste Estado, cm 1001,


para colher nos nrchivos pnhlicos <le Pernambuco documeri’-
tos rpu* interessassem tio nosso bom direito sobre n mareem
esquerda do rio Mossoró, em li tijjio com 'o Ceará, deparei na
Secretaria do Governo daipielle Kstadoeoin n presente Menu—
ri.i, do mais incontestável valor para a historia da revolução
de 1817, na Capitania do Rio Grande do Norte.
Communiquei ao Instituto a existência de tAo importante
documento, o qual iminediataiiiente ofticiou a o Governador

rebelião ílbiquella Capitania, o que me mo­


veu ris medidas Políticas, c Militares que a
occorrcncin. dos aconteci mentos me foi su­
gerindo,expressas nas copias numero um a
descnove.A extrema penúria de armamento,e
munições de guerra para obstar a qualquer
agressão e aeseacêzde viveres que então ha-

*li> teferido Estado. conselheiro Antonio Gonçalves Ferreira,


solicitando uma copia authenticn da referida Memorin.
Entendi-me com S. Bx., a quem conltecia de longa data, e
S. Bx. ordenou a extraeçAo da copia, recebida com prazer pelo
Instituto, que lhe conferiu o titulo de soeio correspondente.
For esse documento do suHido valor histórico, soh etndo
A carência de outros neste listado, pois que foram mandados
destrii- p io mesmo Governador Jotí Ign tei > B >rges,
para nAo ficar memória da revoluçAo, o Instituto, depois de
estudal-o por uma eommissAo tirada de seu seio, representou
ao Congresso Bstadiial, cm 190t, contra a .lata feriada de 1(1
de março de 1817, segundo o decreto de 27 de agosto de
1890,em vez de 2Õ dhiquelle mez, justamente tpiaivlo foi pro-
clamado o governo denioerntico.
A lei nQ 210 de Gde setembro dc 1904corrigiu o erro e feri­
ou o dia 25.
Kegistramos agora nas paginas da nossa Rcvistn n pre­
ciosa Memorin assim como o parecer do Instituto, que inse­
rimos abaixo, o sequestro dos Irens do chefe da ivhelliAo, co­
ronel André de Albuquerque MaranhAo, saeritieado A sanha
ilos realistas,e vario; outr .íiieios c documentos attinentes
A revoluçAo.
Vicente S. P. nii L emos.

P arecer no I nstituto
O historiador perspicaz e honesto, na sua delicada missão
de reconstruir o passado, sem outro alvo que nAo seja a ver­
dade, consulta necessariamente as seguintes fontes de infor­
mação : tradicçAo, monumentos e narrações nnthenticas.
I

via para sustentar ainda um diminuto Cor­


po de Tropa,me induziu a levar a Presença
de Sua Magestade a conta do aperto em
que me via, o que effeetuci expedindo á Cor­
te o meu ajudantede ordens na tarde do dia
dezenove No dia vinte ti ve certeza d a fuga do
Ouvidor I o Membro do Governo da Parahy-

Mns nAo í sd registrar c classificar chmnologicnmcntfr


os factos o que constitde essa tarefa espinhosa,
O novo methodo seicntifico penetra, por assim dizer, a
alma dos acontecimentos sociaes, nnalysando, comparando,
reduzindo, como si recotnpozesse um velho organismo em sua
unidade lógica, insuflando-lhe, destbirtc, vida e movimento
Iv' m rnz/lo desses plienonienos, cm seu amontoado coinple.
xo c quiçfi obscuro, o verdadeiro fim da conscienciosa pesqniza
histórica.
Ivm verdade nAo foi outro o critério <pie presidiu no mo
ilest > trabalho ora submettido <1nprcciaçAo deste Instituto.
Nenhum monumento, gravura, inscripçAo ou vestígio nr- .
cheologic >se conhece relativnmente no facto em cpicstAo.
A trndiçAo popular, ainda viva, corrobdrn a opiniAo
dos historiadores, referindo que a revoluçAo republicana no
Mio Grande <lo Norte, filiada ao movimento pernambucano
em 1817, sahiu em campo a 23 de março desse mesmo anno.
(Os Martyres Pernambucanos victimas da liberdade nus duas
revoluçAcs ensaindasem 1710 c 1817, Pernambuco, 1852-pa-
giaas 45, 52, 107, 200, 210 e outras—A Ideia Republicana
no Hrnzil, pelo im.jor J< sí Domingivs Codeceirn,Recife, 1894.
pagina, 03 )
Todos os papeis, documentos, autosjudiciacs. tennôse
registros referentes A revoluçAo tornm npprehendidos e cx-
tinctos por ordem do governo.
O Pr. Maximinno Lopes Mnehndo, na introducçAo 6
Historia da RevoluçAo de 1817 por Muuiz Tavares, confirma
cs‘ c extravio de papeis, comprovado pelos documentos juntos:
8

iin praticada no dia doze, c installaçAo de


Governo rebelde no dia treze, o que íuiü -
mentou os meus receios de agressão na
tinha de limites, até porque já corria, que se
preparavam (orças para me vir atacar. Já
então se espalhava a perniciosa, e lisonjei­
ra doutrina, de que os novos aeontecimen-

nrdem «lo goverdòr José Ignaeio Rorges, a todas as enmnras


da Capitania em 10de julho de lftl7e officio aoCapitfto Ge­
neral de Pernambuco em 20 de novembro do mesmo anuo.
Apenas encontrou-se a respeito um documento nnthentico,
<pie ( a Mcmnrin Resumidn (tos acontecimentos políticos que
sofírcu h Capitnnin >1o Rio Grnnde tio Norte no mino de IS ] 7,
offereeidn pelo governador Josí Ignaeio Borges, e instruída
com 22 peças officines.
Nesta memória, cuja copia annexa devemos d gentileza do
ex-governndnr de Pernambuco, dr. Ailtouio Gonçalves Fer­
reira diz José Ignaeio Borges <pie “em 2H de março chegou d
cidade a quadrilha dos rclreldes, d testa das forças com que
sahirnm de Reldrn. O chefe da rebcllido, Andrd de Albuquer­
que, depois de alardear em grandes faltas os servços que ti-
idi i feito á causa da liberdade, chamou os offieiaes militares
e pessoas mais prineipaes e entre estas nomeou ajunta e prin
cipiou n governar »
Sendo certo que ncontrnrevotuçAo teve logar a 25 de abril,
quando foi preso e mor t d mente f-tido »Chefe da Junta Go­
vernativa, conforme dizem os esoripiotes a própria Memória,
teremos,a contar de 28 e excluindo 25,— 28 dias, e nfio 26,
como affirma o governador.
Ainda mesmo despresando o dia em <pie André de Albu
qnerqne chegou a Natal para fundar o seu governo e aquelle
que assignala o restabelecimento do poder real, contaremos
27 e nunca 20 dia°.
Verifica se, portanto, em qnalquer d.-,s duns hypotheses,
um erro de calculo, que t.ra em parte d citada Memória a*
tos praticados nas duas Capitanias, trazi­
am a vantagem de isenção total de impos­
tos, igualdades de cores e condições, exclu­
são de soffrimentos as Autoridades, au-
gmentos de Soldos,e Ordenados,etc. e soava
isto aos ouvidos de Povos, que, posto
muito idolatras da Real Soberania, eram
pela sua rudeza,incapazes <le distinguir o mal
que se envolvia n’cstc lisongeiro aspecto.
condiçfles dc credibilidade, nflo se podendo saber por cila, ,1c
modo inequívoco, qual soja a verdadeira data da instnlInçAo
da Junta revolucionaria.
O decreto no. -17, de 27 de agosto de 1890, consagrando
o dia 19 de março d eommctnoraçAo do (Viverno de André
de Albuquerque, firma-se exelnsivamente na Historia da Re-
voluçflo de Pernambuco em 1S17 pelo dr. Muniz Tavares,pa­
gina 70, cdiçAo de 1881-, Recife, d qual se oppocm toilos
os esoriptores e documentos citados.
Assim que o Governador José Ignacio Borges, em data
ile 20 de março, ofliciava desta capital ao coronel André de
Albuquerque, que ent/lo exercia o cominando das forças do mi­
lícias ao sul da Capitania, no intuito de evitar i entrada dos
rebeldes triumphnntes na Pnrnhyba desde o dia 15.
Fm face do exposto, permanecendo n duvida sobre a ver­
dadeira data da innugurnçAo do Governo Revolucionário,
pensamos que se deve otfieiar no Congresso do Estado, para
que se digno de corrigir o erro histórico e feriar o dia 25 de
março, que marca prceisnmentc o trinmplio da revolta demo­
crática no Rio Gran le do Norte no anuo de 1817.
Tal é o nosso parecer, que vai acompanhado de dois
documentos,sob as lettrns .1 c fí.
Natal, 21 de agosto de 1004.
F. P into nn A iirku .
V icuntr m? I.ItMOS
Luiz F i!hn.\ni)i:s .
10

Jvseorava-me porcin ni ml a a fidelidade do


Ch.t'e a quem de direito havia confiado as
forças, e de feza da fronteira fundando-me
sobre os seguintes princípios : 1° porque da
sua correspondência nada se colhia de sus­
peito. '£■' porque ambicioso como éra de ho­
norificas,elle e seus parentes,se lhe o (Tercei a
oceasião de augmentarem os (pie já tinham,
com novas mercês de sua Mngcstade tendo-
se fieis. ])on|ue a sua nobresa, c riqueza
o eonstitiiia victima de utna revolução de­
mocrata. 4-° porque dada sua fidelidade,
com a preponderância que tinha sobre a
vontade dos I'ovos d ’aquclle districto, e
com os meios <le os sustentar, se podia con­
servar por alguns mezes n’aquclla atitude,
e com ell a impor aos visinhos o desengano
de passar adiante o seu contagio, emqunn-
1 o Sua Mngcstade acudia com os promp-
tos, e eficazesextorço«1que eram de esperar.
Na m mhà d > dia vinte e t rez recebi d’cllc o
olficio numero vinte e a vista do seu con­
tendo, julguei dar um passo acertado em
vigorar coin a minha presença'os ânimos
tibios, e enfraquecidos dos Povos que me­
diavam entre a Cidade e a fronteira do Sul,
concebendo também a esperança de que a •
vistando me com aquelle Cheíe podia des­
11

pertar-lhc imagens convenientes afirmado


na continuação de fidelidade ; para isto
montei a cavallo na tarde d’este dia acom­
panhado do meu Secretario, e de seis Olfi-
ciaes de Milicias, pernoitei a dez léguas de
distancia no Engenho de Belém em casa de
um primo também Coronel de Cavallaria
Miliciana do distrieto da Cidade, de nome
Luiz d ’ Albuquerque Maranhão, e d’ahi o
avisei (pie na manhã seguinte me viesse en­
contrar em Goyanninha, cinco léguas além
do logar em que me achava, e outras tan­
tas aquém do seu acampamento. Appa-
receu-mc com effeito as trez horas da tarde
desenlpaudo-se com a demorado portador
do avizo, e depois de conferenciarmos so­
bre lotações de presídios, serviço economico
do acampamento,arranjosde viveres,etc, de­
monstrei-lhe plenamente qunescrnm os seus
reaes interesses n’arpiella conjuntura, e
tenlo-se-me mostrado assaz convencido
das minhas razões, apartei-me d ’elle as ein-
co horas, marchei cm direitura a Cidade, e
vim pernoitar outra vez ao Engenho de
Belém por causado cansaço doscavallos,
com tenção de sahir na manhã próxima.
As quatro da madrugada lui cercado, e
preso por mais de quatrocentos homens
12

incluindo o Regimento de Cavaltaria Mili­


ciana que estava na fronteira, trazendo to­
dos a testa, aquelle infame e traidor Chete
André de Albuquerque Maranhão, com sen
primo e cunhado do mesmo nomc.e mais al­
guns Oíticiaes que vinham nas fileiras. Logo
depois app.ireecu outro primo Capitào-
Mór das Ordenanças da Cidade da Parahy-
b'a com um lilho, e alguma tropa, que ajun­
tando-se com os dons parentes nomeados,
eom o dono dacaza.eom outro primo q i r já
ahi se achava de nome Luiz Manoel d’ Al­
buquerque Maranhão, e eom o Padre João
Damnseeno Xavier Carneiro que tambem
appareeeu, alardiaram todos, a floria de
libertadores de sua Patria. Por não ser
fastidioso deixo de acusar os netos de
eolera, e amargura porque passei n’es­
ta seena, e na conferencia que tive eom
aquclla quadrilha de rebeldes, eonten-
tando-me em dizer, que fui rogado, e atlié
urdido com ameaças, para aceitar o Go.
verno em adjunto com elles, e depois para
entrar em artigos de Capitulação ;arcstnn-
do-se-me no primeiro caso o exemplo do in­
tame Tenente Coronel Sil ’eira da Parahv-
ba, e no segundo o de Caetano Pinto em
Pernambuco. Quanto ao primeiro rcprehen-
(li os com dignidade, e despreso, c ao segun­
do respondi lhes que com rebeldes, e traido­
res não se negociava, nem ainda sobre a se­
gurança da minha pessoa, a qual entregava
a disposição de sua vontade. D’alli man­
daram chamar na Cidade o Commandau-
te da Companhia de Linha a quem eu a
tinha confiado durante a minha av.—
sencia, o Provedor da Fazenda Real, o
Coronel de Infantaria Miliciana, e o s i u
Major, os quaes me appareceiam na manhã
seguinte ; e posto que me não delatassem o
que com ellcs haviam passado, talvez pelas
eautellas, e espias com que eu estava guar­
dado, derflo-ine mostras do pesar e fraque­
za com que tinham obedecido. Passadas ho­
ras sahio a quadrilha para a Cidade a testa
das forças que alli Estavam deixando-me ro­
deado de sentinellas sob o olho do dono da
casa, Luiz dWlbuqucrque Maranhão, e de
um sobrinho, filho do Capitão Mor da Ci­
dade da Parahyba, ambos de inteligência
para me assacinarcm em particular no
easo de sentirem na Cidade reboliço para o
meu resgate; fiserão me porém saber que no
caso contrario, me seria concedido ir buscar
minha Mulher para com cila ser conduzido.
Passados os tris dias recebi a carta mune-
u

ro vinte e um, c quarenta e oito horas


depois a.ppareeeu me minha mulher con­
duzida pelo referido Capitão M ór da Pa-
raliyba, debaixo de cuja guarda marchei
a Pernambuco escoltado, deixando na mi­
nha despedida o protesto da copia numero
vinte e dois. Chegado pois a essa praça as
sete horas da noite do dia doze de Abril, e
levado a porta de um e outro Chefe de re­
belião, rodeado de immenso povo excitan­
do a admiração de uns, e a compaxão de
outros, tui finalmentc recolhido a um segre­
do da Fortaleza das cinco pontas, a onde
tentado com solicitações misturadas com
ameaças dehorrorozassentenças, e padecen­
do individualmente de saude, estive demo­
rado ate o dia vinte de Maio, cm que se le­
vantaram as Reaes Bandeiras. Ate aqui a
narração do que me c particular, passarei
a da Capitania extrahida da Somma de
indagações em que entrei. Bm vinte e
oito de Março chegou a Cidade a qua­
drilha de.rebeldes a testa da força com
que sahiram do Engenho de Belém, aonde
foram recebidos com geral descontentamen­
to, e pasmo. 0 Chefe de rebelião André d ’
Albuquerque, depois de alardear em gran ­
des lallas os serviços que cinha feito a cau-

su da liberdade chamou os Officines Milita­


res, c* pessôas mais prineipaes, e dentro eûtes
nomeou o Commandante da Companhia de
Linha, Antonio Germano Cavalcante,o Co­
ronel de Milícias Joaquim José do Rego Bar­
ros, o Capitão de Milicias Antonio da Ro­
cha Bezerra e o Parocho da Cidade Feliciano
José Dornellas, para adjuntos a elle, 03
quaes apezar do tremor em que estavam,
offercceram algumas escusas que não pre­
valeceram, e debaixo do infame e copiado
titulo de Governo Provisorio, principiou a
governar segundo as insinuações de seu pre-
eeptor, João Damasceno Xavier Carneiro,
fazendo assignai' aos mais as Actas, Edita-
es, e Ordens que lhe apresentavam empre­
gando sempre a linguagem do terrorismo
quando lhes faziam qualquer instancia.
Dentro em trez ou quatro dias conheceu
a desaprovação da oppiniào publica, o odio
geral que lhe conceberam, e a indisposição
da Companhia de Infantaria de Linha que
elle tolerava por temor. Chegou lhe n’este
tempo o socorro que havia pedido a Para
yba, e que o não tinha acompanhado por
elle haver adiantado as suas operações,
o qual empregou como missionários ameaça­
dores, e guardas de comtiança, e no entanto
1(5

recorreu a meios conciliadores de augmcntar


soldos, ordenados, prometer vantagens fu-
cturas ctc.,que não produziram ocffcitorpie
esperava, e em uma palavra, apenas sahio
da Cidade a tropa da Parayba chamada
pelos cjue a tinham mandado, arrebentou a
contra revolução a muito traçada por al­
guns moradores da Cidade e suas immedia­
ções, escudados com a Companhia de Infan­
taria de Linha, que para lhe dar maior lus­
tre, esperaram o dia vinte e cinco de Abril
anniversaro da Rainha Nossa Senhora, e os
mais resolutos d’entre elles, entraram-lhe
pela porta a dentro, prenderam no, e com
uma estocada forçam m- 11’0 a gritar
«Viva El-Rei Nosso Senhor»--d’alli o con­
duziram' a Cadeia da Fortaleza da Barra
onde expirou no seguinte dia, e embrulhado
em uma esteira, encommendado com pra­
gas c maldições, foi enterrado em sagrado
a instancias do Parocho. Assim acabou
este monstro de infidelidade, traições, e i­
niquidades depois de lisongear por vinte e
seis dias a sua vaidade, com a infame dieta-
dura que occupou. Elle e sua íamilia eram
ennobrecidos com o foro dc Fidalgo Cava­
lheiro de Solar e Linhagem, e possuído r i ­
quezas que em relação aos do Paiz, lhes fa-
17

7-iam gozar das primeiras attenções. Preso


que fosse o infiel, a Companhia de Linha
que já estava em armas a testa do Povo da
Cidade e de algum que vinha accodindo de
tora aos signaes que se deram, alevantaram
as Rcaes Bandeiras,proclamaram em gran-
desvivas a Real Soberania, e marcharam
para o Sul a desbaratar qualquer partido que
os parentes podessem ajuntar, e unir a tro­
pa da Parayba que ainda não tinha
passado além dos limites da Capitania.
Na sua marcha tôram engrossando o
numero dos combatentes, e achando desha-
bitadas as cazas doS Albuquerques M a ra ­
nhões, tendo como tudo noticia que tugiam
para se fazeram fortes comaquellatropa,no
Engenho Cunhaú, a esperar soceorros de
outros parentes da Parahyba. Chegados
pois alli o Exercito Realista c não encon­
trando nimguem, fortiticou-se do melhor
modo possível,, estabeleceu a sua linha de
postos, e esperou a agressão da parte da
Parahyba auxiliada com o destacamento da
Ilha de Fernando, que já então tinha des­
embarcado na costa dhiquella Capitania, e
no cmtanto lançou algumas partidas em se­
guimento dos fugitivos,que conseguiu pren­
der aexcepção dc José Ignacio de Albuquer-
18

que Maranhão, que veio depois apresentar-


se na intenção de justificar a sua condueta,
e do Vigário de Goyanniuha, Antonio de
Albuquerque Montenegro também percep-
tor da familia, que não pôde ser alcançado.
O Governo Interino installado na Cidade na
conformidade do Alvará de doze de Dezem­
bro de mil setecentos c setenta, confiou o
Cominando das forças ao honrado Sargen­
to-mor de Milícias Antonio Marques do
Valle, que as eommandou até 14 de Junho
dia cm que se recolheu, teu lo satisfeito a
risca os encargos da sua com missão. Nos
portos do Sul conservaram-se ate este dia
presídios de Ordenanças a acautelar desem­
barques que também se reeeiava.
Em todas as mais Villas da parte do
liste da Capitania, apenas appareceo a
noticia da piisão do traidor que as assom­
brava, o povoem massa a levantou as Reacs
Bandeiras ; aconteceu porem, que na Villa
de Porta Alegre um David Leopoldo Tar-
gini, Emissário dos rebeldes da Paray-
bn, prendesse em caminho os correios que
levavam os avisos do Governo Interino, e
junto ao Vigário João Barboza Cordeiro
á testa de quarenta, ou cincoenta^ cabras do
seu partido, obstassem ao alevantamento
10

das Reacs Bandeiras, e ate obrigassem a al­


guns moradores de maior representação a
instalarem com elles um Governo de cinco
Membros, para debaixo de suas ordens e
auxiliados por Miguel Cezar, Emissário de
Pernambuco, que havia sabido com algu­
mas forças das Villas de Souza,e Pombal da
Capitania da Parayba, marcharem a ata­
cai a Villa da Princcza d ’es ta Capitania, e
depois coadjuvarem as operações das Villas
do Cráto e Jardim, da Capitania do Ceará,
que se achavam revoltadas. Frustrou-se
porem o projecto com a noticia que tiveram
da marcha que fazia contra elles a força sa­
bida da Villa da Fortaleza expedida pelo
Governador do Ceará e que sc vinha unir á
da Villa da Prineeza, e no dia lí) de Maio,
fugiram o Cezar, o David e o Vigário, dei­
xando desassombrados os que os temiam
que immediatamente proclamaram a Real
Soberania com aplauso geral dos Povos fi-
eaudo com este ultimo facto, aniquilada c
extineta a rebelião, em toda parte d'esta
Capitania. O Governo Interino dirigiu de­
pois as suas partes ao Commandante do
Bloqueio a vista de Pernambuco, e pedio-
lhe socorros, o qual lhe acudiu enviando lhe
uma Sumaca com uma porção de carne
20

sceca e bacalhau, armas, c alguma polvora,


e com estes fracos meios, c os que pôde a­
genciar dentro da Capitania, sustentou a
sua fronteira guardada, e desafiou a Capi­
tania da Puravba a imitalos na proeza. Do
«pie fica exposto se mostra com evidencia,
<1ue a rebelião na Capitania do Rio Grande
do Norte foi peculiar da familia d’Albuquer-
que Maranhão e seus pereeptores, e que c
singular pela marcha dos acontecimentos.
A existência de um homem nobre e po­
tentado, Coronel de um Regimento de Ca-
vallaria Miliciana, Commandante dos dis-
trictos que fieão na fronteira da Capitania,
com sobeja consideração d ’aquellcs póvos,
ligado por parentesco e amizade com o Ca­
pitão mór das Ordenanças do termo da sua
Commandaneia e com o Coronel de Milieias
do district«) immédiat«), vaidozo por essên­
cia e educação, e pizado elle c sua familia
com procedimento do meu Antecessor ; .a'ex­
istência d’este homem, digo, foi quanto
bastou para eubrir momentaniamente de
injuria a fidelidade de tantos povos, c sub­
mergir-me ao fim de quatro mezes c meio de
Governo em um pélago de amarguras, e ris­
cos, que duraram cincoenta e quatro dias.
O espirito de Realismo, fidelidade, e a-
2L

a dhcz&o a Sagrada Pessoa de Sua Magesta­


de detundid > no coração de todos, foi bas­
tante para conceber e lazer arrebentar etn
vinte seis dias, uma contra revolução com
que recobraram .o seu perdido credito, co­
brindo-se de gloria, e arrostando-se sem for­
ças, nem meios, com duas Capitanias in­
comparavelmente mais potentes, e sem es­
peranças de soccorros estrauh >s, porque a ­
inda ignoravam aexistcncia real do Bloqueio
a vista de Pernambuco. Louvores sejam
dados na posteridade, ataes vassallos.

0 G o vernado r José Ig n a c io B orges .—


DOCUMENTOS
DOC. N. 1

Proclamação feita n'esta Cidade, c que


etn forma de Edital se remetLeo ás différen­
tes Villas d'esta Capitania, e Commandan­
tes de distrietos.

Povos da Capitania do Rio Grande do


Norte, no dia nove d’este niez appare-
een n’esta cidade uma noticia eonfuzadeque
na Villa de Santo Antonio do Recife de
Pernambuco havia apparecido na tarde do
dia seis um tumulto popular, do qual se ti­
nham seguido algutnas mortes, sem com-
tudo assignar-se o motivo, que o tinha ope­
rado, e na noite do dia doze por cartas que
d’alli tive de pessoa fidedigna, que não teve
parte n’aquelle lamentável acontecimento,
nem nas suas consequências, fui avizado de
(pie o resultado d’aquelle tumulto, c sedi­
ção produzio a sahida immediata do Gene­
ral d'aquclla Capitania para o Rio de Ja­
neiro c que alguns d ’aquclles faciozos por
cffeito da mais inaudita rebeldia, haviào
assumido, e uzurpado a jurisdição do Go-
vcnio, permutando d ’este modo a paz e
tranquillidadc de que gozavam os habitan­
tes d’aquella Capitania pelos horrores de
uma espantoza Anarchia. NAo me cm-
portando aviriguar a origem, e pro­
gresso d’aquelle detestável attentado, e
cumprindo-me só illustrar-vos sobre elle,
recordar-vos a vossa innacta fidelidad“,
para com o legitimo Soberano,que aie agora
nos tem regido com direito de Senhor, e dis-
vello de Pai no augusto nome do Senhor
D. JoAo 0° Rei do Reino Unido de Portugal,
Brazil, e Algarves, em Africa Senhor de Gui-
né,e da Conquista,Navegação, e Commercio
da Ethiopia, Arabia, Persia, e India, vos
declaro que estAo acabadas as nossas rela­
ções, c correspondências com todo, e qual­
quer Governo, ou autoridade levantada a ­
tualmente cm Pernambuco, e enquanto não
nos constar que um General, ou outro legi­
timo delegado de S. Magestade restabele­
ceu alli n sua Soberania, e reclamando de
vós o solemne juramento de lidelidade, que
lhos tendes prestado, e que tem sido sancio­
nado pela nossa Santa Religião, vos con•
vido para ciue vindos a mtrn.e debaixo das
Ruas Reaes Bandeiras, conservemos pura*
e sem macula a nossa nunca interrompida
DOCUMENTOS
DOC. N. 1

Proclamação feita n'esta Cidade, c que


em forma de Edital se remetteo ás différen­
tes Villas d'esta Capitania, e Commandan­
tes de district os.

Povos da Capitania cio Rio Grande cio


Norte, no dia nove d’este niez appare-
eeu n’esta cidade uma noticia confuzadeque
na Villa de Santo Antonio do Recife de
Pernambuco havia apparccido na tarde do
dia seis um tumulto popular, do qual se ti­
nham seguido algumas mortes, sem com-
tuclo assignar-se o motivo, que o tinha ope­
rado, e na noite do dia doze por cartas que
d'alli tive ele pessoa fidedigna, que não teve
parte n’aquelle lamentável acontecimento,
nem nas suas consequências, fui avizado de
(pie o resultado (l aquelle tumulto, c sedi­
ção produzio a sahida immecliata do Gene­
ral d’aquella Capitania para o Rio de Ja­
neiro e que alguns d’aqucllcs faciozos por
effeito da mais inaudita rebeldia, havião
assumido, e uzurpado a jurisdição do Go-
vcrno, permutando d’este modo a paz e
tranquillidade dc que gozavam os habitan­
tes d’aquella Capitania pelos horrores de
uma espantoza Anarchia. Não me em-
portando aviriguar a origem, e pro­
gresso d’aquelle detestável attcntado, e
cumprindo.me só illustrar-vos sobre elle,
recordar vos a vossa innacta fjdelidad",
para com o legitimo Soberano,que até agora
nos tem regido com direito dc Senhor, e dis-
vcllo de Pai no augusto nome do Senhor
D. João 6o Rei do Reino Unido de Portugal,
Brazil, e Algarves, em África Senhor dc Gui­
né,e da Conquista,Navegação, e Commercio
da Ethiopia, Arabia, Pérsia, e índia, vos
declaro que estão acabadas as nossas rela­
ções, c correspondências com todo, c qual­
quer Governo, ou autoridade levantada a ­
tualmente em Pernambuco, e enquanto não
nos constar que um General, ou outro legi­
timo delegado de S. Magestade restabele­
ceu alli a sua Soberania, e reclamando de
vós o solcmne juramento de iidelidade, que
lhes tendes prestado, c que tem sido sancio­
nado pela nossa Santa Religião, vos con-
\ido para que vindos a mim.c debaixo das
suas Reaes Bandeiras, conservemos pura'
e sem macula a nossa nunca interrompida
24

obdicncia, c vassalage.n, e poSsuidos do sa­


grado enthuziasmo gritemos em altas vo­
zes, Viva, Viva, Viva, Kl-Rei Nosso Senhor.
—Cidade de Natal, 13 de Março de 1817.
José I gnacio Borges.

DOC. N°. 2

Ofílcio aos Chefes dos differentes Cor­


pos com n remesso do Edital.

Com este acharão V. Mees. por copia


assignada pelo Secretario d’este Governo
o Edital, que publiquei n’esta Cidade
por motivo do detestável, e vergonhozo
acontecimento, (pie no dia seis d’este
mez teve lugar na Villa de 8. Anto­
nio do Recife de Pernambuco, para
que o faça saber aos indivíduos do seu Regi­
mento, fazendo lhes conhecer na mesma oc-
eazião, que o não produzi por effeito de te­
mor ou receio, que tinha da fidelidade, a-
dhezão, e amor d ’estes Póvos ao Nosso le­
gitimo Soberano, mas sim por effeito de
uma medida politica para os illustrai* da
rebeldia d’aquellcs poucos, e desgraçados
Vassallos, e da linha de conducta, c separa-

çào.quc devémos ter para i'.oin elles.emquan-


to a Mizericordia do Altíssimo, e as sabias
providencieis de S. Magestade lhes não res­
tituírem a paz, e tranquillidade, de que go-
savam. Vinco, me responderá immedhitn-
inente da exação d’cstc. Deus guarde a
Vmce. Cidade do Natal, 13 de Março de
1817.
José Io n .y c i o B orghs .

DOC. N. 3.

Ao Governador da Capitania do Ceará.

No dia nove d’este mez apparcccu n’es­


ta Cidade uma noticia eonfuza de que na
Villa de Santo Antonio do Recife, de Per­
nambuco se havia alevantado na tarde do
dia seis um t umulto popular, do qual se
tinham seguido algum,as mortes, sem com-
tudo assignar-sc o motivo, que o tinha ope­
rado ; e na noite do dia doze fui exactamen-
te informado de que o resultado d’aqiulle tu­
multo, e sedição, havia produzido a morte
do brigadeiro Manoel Joaquim Barboza, e
do Ajudante de Ordens do Governador, Ale­
xandre Thomaz, e de mais sete ou oito pes-
soas induzas alguns Officiaes *de Milícias, e
que os laeiozos, que as commetterani a tes­
tado mais alguns rebeldes,ha viam depois fe:-
tosahir para o Rio de Janeiro o General d’a-
quella Capitania, e assumindo e uzurpando
a jurisdição do Governo. Cumprindo -me
pois por identidade de lugar, e deveres de
Vassnllo de Sua Magestade participar a V.
S. este dcsaslrozo, e attendivel aconteci­
mento. o laço por este, rccommendando aos
agentes para onde o dirijo a necessária
promptidão de remessa. Deus guarde a V.
S.—Cidade do Matai 13 de Março de 1817.

Josrc Igxacio Horges.

DOC. N. 4.

Aos commandantes dos Portos de mar.

Constando-me que alguns faeiozos da


Villa de Santo Antonio do Recife de Per­
nambuco, perdendo o accord o,e a razão de
homens haviam levantado na tarde do dia
seis d’este mez um tumulto popular, e no
dia nove praticado ohorrorozo attentado.e
inaudita rebeldia de fazerem sahir para o

Rio de Janeiro o General rl’aquella Capita­


nia, e uzurpando a jurisdição do Governo ;
e s:ndo me por isso preeizo acautelar a cor­
respondência tios Povos d’csta Capitania
com os d,aquella.e zelar as Fazendas de Vas-
sallos fieis a Sua Majestade, para que não
vão caliir no poder d’aquclles rebeldes ; O r ­
deno a V. Mee. que todas as sumacas, que
ahi se acharem, ou aportarem, vindas dos
Portos do Norte, as embargue logo de O r­
dem minha, para não saltitem, fazendo lhe
tirar a vela grande que ,‘ erá posta em terra
em boa arrecadação ; e umittcndo logo os
Passaportes, que trouxer para executar de­
pois o que lhe determinar.—Deus guarde a
V. Mee. Cidade do Natal 10 de Março cie
1817,— P. S. 0 mesmo praticain com os
que de Pernambuco,ahi forem carregar,—

José Ig n . c i o B ok gfs .

DOC. N. 5.

Ptiru locl/is «as er mären* d'cstu Cnpitanin.

Havendo os lunestos e delestaveis aconte-


cimcntos, que tiverain logar na Villa de 8.
Antonio do Recife na tarde do dia reis detli-
2S

gado esta Capitania da condirão de -ultal-


terya, eau que estava ao Governo d’aquella,
comojâ fiz certo pelo meu Editai de Ireze,
tenho determinado estabelecer no porto
(l’esta Cidade, em conlormidadc da Carta
Regia de vinte oito de Janeiro de mil oito­
centos e oito, e decreto de dezoito de Junho
de mil oitocentos e quatorze uni a Alfânde­
ga para nella se receber, e serem despacha­
das, as fazendas, e generos da Europa, con­
duzidos cm navios Naeionaes ou Extrangei-
vos, rpie vierem aos portos d ’esta Capita-
nia,e ((uizerem commercial”,pagando os Reaes
direitos, que îstâo determinados pelas Or­
dens de Sua Magestade. Na mesma Alfân­
dega se despacharão os elïeifos da terra,
(pie emharearem por troca, ou compras
n’aquelles Navios, com quem si fizer o com-
mercio, satisfazendo-se no neto da sua sa—
hida os subsídios e dizimos, que estão de­
terminados. Com esta medida, c declaração
(pic liz no meu edital de treze ficarão os ha­
bitantes d'essa Villa naintelligcncia de não
dirigir os scuseifeitos a outra parte,que não
seja aos armazéns d’esta Cidade, a esperar
n’elles a sua venda. 0 que V. Mees. farão
seientes por editaes, transcrevendo esta
minha ordem, aftixada nos logares mais
29

públicos do districto d ’essa Villn.— Deus


guarde a V. Mees. Cidade do Natal 10 de
Março de 1817.
José Ig n a c io B orges .

DOC. N. 6

Oíltcio do Coronel André a'Albuquer­


que Maranhão.

Illustrissimo Senhor Governador.


Rccibi o respeitável Olfieio de Y !' S° de
treze do corrente com a copia do edital,
que foi servido mandar publicar n’essa C a ­
pitale Villas (l’esta Capitania.Passo a cum­
prir, quanto V. S. me ordena, Jazendo par­
ticipação aos indivíduos do meu Regimento
do quanto V. S. me incumbe, e fazendo-os
convencer das intenções de Vossa S° e dos
meus, e seus deveres, e a Misericórdia do
Altissuno ha de socorrer-nos, para que n’es­
ta oeeasiâo cm communhào com os habi­
tantes do meu Districto hajamos de procla­
mar com perseverança, c constância, e en-
thuziasmo, Viva, Viva, Viva, Hl Rei Nosso
Senhor Fico expedindo as ordens, que V.
S9 me ordena, e promptamente vou pesso-
30

aimente responder ante V. S. peia cxacção


do cumprimento das ordens de V 7 S7. Deus
guarde a V7 S7 por muitos annos. Quartel
de Cttnhaú 14 de Março de 1817.

A ndré d 'A lbuquerque M aranhão .

DOC. N. 7

Ulustrissimo Senhor Governador.

Já participei a V7 S7 a recepção do of­


ficio que me dirigiu em treze do corrente, e
tratei de cumprir as ordens de V7 S7 e meus
deveres,officiando a todos os Commandan­
tes de Companhias do Regimento do meu
Cominando pela maneira, que remetto a V7
S7 por copia, e remettendo-lhes copias do
otlicio e edital, que V 1S7 me dirigiu, e ha­
vendo cumprido as ordens de V7 S7, estava
a partir para essa Cidade, como me havia
determinado no mesmo ofticio de treze do
corrente. Allegam porem n’este momento
que são oito horas da noite no meu Quartel,
Antonio Guilherme de Oliveira por auto-
nomaziao Boi, casado n’essa Cidade,e Jose
Joaquim d.as Neves assistente n’essa Aldeia
31

Velha, nquelle vindo cie Pernambuco, e este


cie Goyanna os quacs declaram, vindo o seu
caminho de Pernambuco foram mandados
prender além da Villa de Mamanguape pelo
Commandante cPoquella povoação no dia
treze, e íoram conduzidos para a Cidade da
Parahyba no dia quatorze ; e que cm dis­
tancia de quatro léguas o mesmo que os
' conduziam lhe deram soltura por sc achar
a Capital da Cidade da Parahyba em tu­
multo. Esta noticia, o que V. vS" me deter­
mina no seu officio de treze do corrente que
ia pessoalmente responder pela cxacção
do mesmo officio, a responsabilidade em
que me acho constituído pelo officio de V.
S*. de sete de Janeiro do corrente armo, no
qual me conteriu o Commandante do dis-
trieto do meu Regimento,o edital da mesma
data, que me foi remettido, e que mandou
publicar, no qual marea a linha da minha
responsabilidade, e declara como essencial
obrigação minha participar á V. S,;> todos
os acontecimentos do meio sobre aseguran-
rança, c integridade do districto, e cmquan-
to não receber ordens positivas, accudir
com esforços, que poder afrontar, ao lugar
do perigo; fizerão que sendo do meu dever
ir responder a V. S1* pela cxacção do predi-
32

* to officio, me parecesse rie igual necessidade


cumprir o determinado no ofticio e edital
de sete de Janeiro do anuo que corre, e que
fazendo a V. S'-* por cs<e meio participação
da exacção d’aquclle, em parte ficaria reme­
diado o meu dever, para no todo cumprir
como sou obrigado o determinado no ofti­
cio e edital de sete de Janeiro ; mas V. S*
mandará o que for servido. A vista do ex- ’
posto fico expedindo as ordens para reunir
o Regimento do meu Commando, assim
como também o officio ao Capitão M ordas
Ordenanças de Villa Flôr, André de Albu­
querque Maranhão, cujos termos abrangia
o todo do meu district«, para prestar me
auxilio, e tomando aquellas medidas, que
exigirem as cirenstaneias, estou de accor­
de) prevenir, e acautelar qualquer resultado
impedindo o passo dos faciozos e rebeldes
nos limites (l’esta Capitania, que distam
d'estc quartel quatro léguas. Faço preceder
a V. S:l esta commnnieação, e os ditos An­
tonio Guilherme de Oliveira e José Joaquim
das Neves, supposto que mc assegurem, vão
procurando suas eazas, e familia n’essa
Cidade, comtudo, vão acompanhados a
presença de V. S:\ 0 Altissimo fortificando
com seus auxílios a minha constância, e ii-
(Vlidadc ao nosso Soberano e Rei D. João
(>°, Rei do Reino Unido de Portugal, Brazil,
e Algarves, em África Senhor de Guiné, da
Conquista Navegação eConnnercio da Ethio-
])ia, Arnbia, Pérsia, e índia há de permittir,
que eu unido aos meus subordinados, e ha­
bitantes d’estes districto, possamos repel-
lir o attentado d'esses infelizes faeiozos,e re­
beldes. V. Sy mandará o que for servido.
Deus Guarde a V. Quartel de Cunhaíi
15 de Março de 1817.

A ndkí : dií Ai.nrcgriíKqrK M aranhão .

DOC. Nü. S

Officio dirigido no Coronel André de A Uni-


querque Maranhão em resposta.

A esta hora que são oito da noite


recebi o seu ofticio datado de hontçm, pelo
qual me participa a desagradavel noticia
de se achar em tumulto a Cidade da Paray*
ba. Apezar de ignorarmos ainda a qualida­
de fio tumulto, e o seu resultado, deve V.
$'•' continuar as medidas, que principiou
com vigôr, e aetividade, regulando-se con-
forme o simples piano de campanha, que
vou desenhar-lhe.
Logo (pie reunir o seu Regimen to,ao qual
incorporará a gente da Ordenança, que lhe
prestar o Capitào M ór de Villa Klõr, e A-
rez, estabelecerá na extenção da linha de li­
mites d ’esta Capitania, cornada Parahy-
ba eomprehen lida no seu Districto, Postos
de défonça, situados nas estrada«, e aveni­
das aecessiveis d ’aquelle para este territó­
rio, deixando só de guarnecer asuiatkas.c
montanhas entransitaveis, os quaes confia­
rá aos Officines escolhidos do seu corpo, on
do da Ordenança. O encargo geral d’estes
Postos c repellir ain la mean i com fore >
não só quaesquer faceiozos, que pertende-
rem passar, mais a té a gente (pie com titu­
lo de fuga se quizer abrig ir n’est i Capita­
nia. Esta regra-só será alterada a despeito
de algum habitante nosso, assaz conhecido,
(pie se recolha para sua casa. Estas guar­
nições .serão rendidas de trez cm trez dias,
ou em mais curto espaço, se assim parecer
mais conveniente a V. S°. Os indivíduos se­
rão todos armados dc clavinas ou de armas
brancas, c no caso dc não estar a totalida­
de dos combatentes, que se reunirem, os
que foram rendidos nos Postos, deixarão as
«35

armas nos quo estiverem sem cilas. V.S'-' •


com alguns dos seus Ofliciaes Superiores,
(pie lhe fique desoceupado dos Posto-,econi
o Capitao Mór de Ordenanças, que se lhe
eneorpora,vish arão a mirnlo aquellas gunr-
nições, alim de as conservar com perfeita
vigilância, e accudir com o resto das forças
a qualcpier d’ellas que fôr atacada. A es­
tancia commum para a reunião dos comba­
tentes, cuido que ticará bem cm Goyanni-
nha, si porem com o melhor conhecimento,
que tem da localidade, lhe parecer mndalla,
pode fnzcllo, c esta estancia terá um Com-
maudante, epie reja, quando V. »S1 -* estiver
fora d'clla. li’ tudo quanto por agora mc
oecorre, acrescentando que V. S!-’ me deve
continuar as partes dos acontecimentos,
que tino deve perder ocea-sião de intlnm-
niíir reiteradamente a esses combatentes a
sua fidelidade, lazendo lhe conhecer que os
diminutos encommodos, porque vão pas­
sar, além de ser um sacrifício devido, fica­
rão st.bcjamcnte pagos com a gloria de se
distinguirem dos iniames rebeldes, com os
applausos do mundo inteiro. Exercitado o
plano com a vigilância,actividade.e fidelida­
de de (pie V. S0 é dotado e que eu porei na
Real Prczonça, tenho fu me espei ança de que
a lava que agora nos assusta, sc ha de an
niqtullar na nossa linha dc limites, c que
esta floria estava rezervada a V. S*. Faça
retroceder todas as boiadas,ou outros quaes-
(juer clícitos.quc quizerem passar adiante.
Deus Guarde a V. 8“. Cidade do Natal lGdc
Março de 1817.

José I gnacio Borges .

DOC. N. 9

Ao Coronel Communiante (lo distrito do


1illo do Seridó.

Havendo escripto a V. S” em data de


treze d’este iriez, cujo correio dirigi pela Vil.
la de Princezn, e recetando que ainda não
tenha ahi chegado, repito com esta, na co­
pia numero um os officios que então lhe d i­
rigi para que V. 8!-1lhe dê prompta execu­
ção, no caso dc não ter recebido a primeira
via.Hontem rccibi parte do Coronel dc Ca
vallaria André de Albuquerque Maranhão,
avisando-me de que lhe constava que a Ci­
dade da Parahyba estava em tumulto, so­
bre este avizo, acordei em tomar as medidas
mais positivas e vigorosas para que aqttel-
37

le detestável contagio de rebelião, não che­


gue nem ao menos por noticia aos ouvidos
dos fidelíssimos habitantes d’esta Capita­
nia, e por isso lhe expedi a ordem, que verá
na copia numero dois. Como porém no dis-
tricto do corpo do Commando de V. S9 há
uma linha dc fronteira, que divide esta Ca­
pitania da da Parahyba, V. fazendo a-
pplicação das medidas, que determinei á-
quelle Coronel, fará igualmente estabelecer
nas estradas, c caminhos, postos de guar­
nições, regulados, c dirigidos conforme as
regras prescriptas n’aquella ordem, sendo-
lhe eomtudo permittido alterar algum dos
pontos, si a localidade assim o requerer,
contanto porém que se preencha o fim a
que nos propomos. Si lhe fôr prccizo socor­
ros da Ordenança de pé,peça-os ao Sargento
Mór Commandante na conformidade do
meu edital de sete de Janeiro, e com este
honrado Official poderá conferenciar sobre
. este importante objecto, apresentando-lhe
todas as minhas ordens, e empregar mesmo
alguns Offieiacs d ’este corpo. A sobeja con­
fiança, que tenho nos moradores do termo
d’essa Villa me dá seguras esperanças dc ve­
rificar n’essa fronteira o rezultado, que des­
crevi ao Coronel da fronteira immediata, e
que aos Povos da ambos lhe caberá igual
porção de gloria. Recommendo-lhe a possí­
vel vigilância,em fazer retocedcras boiadas,
e cffeitos, que quizerem passar para tóra d’
esta Capitania.Cidade do Natal 17 de M a r­
ço de 1817.
José I gnacio B orges .—

DOC. N. 10

Ao Sargento M ó r Commandunte das Orde­


nanças do Seridó.

Havendo alguns facciozos, e rebeldes da


Villa de Santo Antônio do Reeiíe de Per­
nambuco, praticado o horrorozo attentado
de fazerem sahir o General, e uzurpado
a jurisdição do Governo, expedi em data
de treze do corrente as preeizas noticias, e
ordens a todas as Villas d’esta Capitania
para nos separarmos da communieaçào d ’
aquelles rebeldes. Constando-me depois que
a Capitania da Parahyba, que fica entre nós,
e aquella, principiava a ser contagiada d’
aquelle horrorozo mal, expedi novas ordens
ao Coronel da Cavallaria da Divizâo do
Sul d esta Capitania, André de Albuquer­
que Maranhão para com a gente do seu Re­
gimento c Corpo de Ordenanças do seu Dis-
tricto se pôr na fronteira desta Capitania um
perfeito pé de defesa. Como porém essa Vil­
la do Seridó faz a continuação da fronteira,
que mandei guardar, expeço n’esta occazião
ao Coronel Commandante d’esse districto,
Antonio de Sá e Souza, a quem por effeito
do meu edital de sete de Janeiro compete o
Commando do Districto. e é responsável
pela segurança,'e integridade d’ella, a copia
de todas as ordens, que desde a primeira
noticia até hoje tenho expedido áquelle co­
ronel da divisão do Sul, c lhe ordeno as po­
nha em execução em tudo, que fôr applica-
vel no districto d’essa Villa,pedindo aVmcê.
os soccorros que lhe forem prccizos.e paten­
teando todas as minhas ordens, pois cm
conferencia com elle empregarei os meios
mais efiieazes ao bem do Real Serviço. Deus
Guarde a Vmcê. CidadedoNatal 17 de M a r­
eo de 1817.-
José I gnacio B orges

DOC. N. 11

Ao Provedor da Real Fazenda.

0 Senhor Provedor da Real Fazenda


40

mande apprchender pelo Almoxarife da


mesma toda a polvora, espingardas e espa­
das que houverem a venda n’esta Cidade, e
recòlhcr a polvora no Paiol da Fortaleza,
e as espingardas, e espadas, no armazém
debaixo da Provedoria, notificando aos
donos que requeirão os seus pagamentos.
Outro sim, lhe ordeno mande buscar á casa
de José Alexandre Gomes de Mello doze bar­
ras de ferro, e uma de vergalhões, e as en­
tregue ao Commandantc da Companhia de
Linha para o mandar desmanchanem chu­
ços. N ’esta oeeazião encarrego a este Offici­
al arrecadação, e inspecção das armas
brancas, e de fogo, que se apprehenderem, e
recolherem ao armazém,e por isso lhe mande
V. Mcê. entregar a chave d’elle. Tenho expe­
dido ordens para recolher toda a polvora
que estiver a venda pelas Villas d’estas im-
mediações, e logo que chegue lhe mandarei
entregar. Cidade do Natal 18 de Março de
1817.
José I gnacio B orges.
41

DOC. N. 12

Ao Capitão M ó r de Ordenança de
índios da Villa listremoz, .

O Sdnhor Cíi]>itAo Mór de Ordenanças


de índios da Villa de Estremoz ein concur-
reneia com o apromta mento da enibira para
murrão, (pie já lhe determinei, faça também
reparar todos os arcos, e flexas, e chuços de
pá o, que se aehào no deposito d ’essa Villa,
continuando em mandar fazer de novo ar­
mas (Vesta espeeie, e recolher ao armazém,
e pondo de accordo a todos os Indiosd’essa
Villa que aceudiráo com cilas debaixo do
seu cominando, c mais Otficiaes á minha
lirimeira ordem, ('idade do Natal 18 de
Março de 1817.
José I (I NÁCIO OoRGIiS.

DOC. N. 13

Officio do Capitão M ó r das Ordenanças


de Villa FIôr,e Arez, André de Al­
buquerque M nranhão.

Illustrissimo Senhor Governador".—

Por Olíicio de quinze do corrente do


Coronel do Regimento dc Milieias Montado
da repartição do Sul, no qual me fazia ver
os receios do iminente perigo d’estaCapita­
nia féz com que. a beneficio do Real ser viço, fi »s-
secu com uma parte dos meus Soldados au­
xiliar os limites da dita Capitania, encor-
porado com o Regimento sobredito. No mo­
mento cm que* recebi o dito Officio destri-
bui ordens a todos os meus Officiaes, e com
os soldados, que a estreiteza do tempo per-
mittio partir para o quartel do dito Coro­
nel, e arrebatado do amor do meu Augusto
Soberano, c eom as noticias que eu ouvia,
q u e e r a .q u e a infeliz Cidade da Parahyba
estava já de partido com a praça do Recife,
e que unidas ellas marchavam contra esta
Capitania, tendo acabado de dar as ordens,
que julgiu i conveniente participo immcdia-
tamente a V. S" assim como também auxi­
liei ao mesmo Coronel com um caixote de
polvora encartuxada e emballada, que dan­
do ao manifesto achou-se trez mil e seiscen­
tos cartuxos ; ficando-me outro caxote com
mil novecentos e vinte. Parecendo-me
que toda demora seria prcjudieialissima,
e para com mais presteza dar o dito auxi­
lio, officici aos directores da Villa Flor e
Arez para concorrerem com os índios que
43

podessem. Deus Guarde a V. Sc. Engenho de


Cunha vi 17 de Março de 1817.

A ndkí : de A lijuqueroue M aranhão .


Capitão Mór.

DOC. N 14

Ao Capitão M ó r de Villa Flôr, e Are?.


André de Albuquerque Maranhão
cm resposta.

N’esta hora que são nove da noite rece­


bi seu oiíieio datado de hontem, em que
me participa a reclamação do auxilio, que
lhe fez o Coronel de Cavallaria da Reparti­
ção do Sul, nctualmente encarregado da de-
feza da fronteira d’esta Capitania. Louvo a
V. Mcê. a zeloza, e prompta fidelidade,
com que desempenhou as suas obrigações,
e egualmente lhe approvo o auxilio, que pe­
diu aos Directores de índios de Villa Flôr e
Arez. Ainda não tenho dados para crer o
rumor, que tem apparecido contra a Capi­
tania da Parahyba, porém independente da
sua certeza, tenho firmes esperanças, que
mediante os fieis sentimentos d’estes Povos,
as providencias politieas, e militares, que
44

lenho dado, e a honra, e vigilância dos Oi­


tiei aes c prezentemen te empregados na ‘guar­
nição d ’cssa fronteira do Sul, que o conta-
gionão ha deinieceionar o nosso Território.
Amanhã ha de embarcar para a Corte no
Porto de Gcnipalní o meu Ajudante de Or­
dens, que por eau/ca de não effcctuar o seu
embarque na Cidade da Parahyba, deu lo-
^ar, a que eu continuasse os meus OITieios,
relatando os acontecimentos posteriores, e
(pie inscrevesse n’elles as copias, dos que re-
ei 11i d’aquelle Coronel, e agora de V.Meê.
aiitn de que S. Magestade litpie logo inteira­
do do nureeimento de taes Vassallos. Deus
Ouarde a Y. Meê, Cidade do Natal 18 de
Mareo de 1s 17.

Josí; Ionacio Bokgks.

DOO. N. lõ.

Ao Director dou Iadiou de I illn FIôi

A ’ esta hora que são sete da noite recebi


o seu Officio datado de hontem, com o ou*
tro do Capitão M ór das Ordcnançasde
brancos. Preste V. Mee. o auxilio que lhe
pede o dito Capitão Mór, encaminhado
logo u gente ao Engenho do Cunhníi, dei­
xando eomtudo n’essa Villa guarnição sutfi-
eiente para aceudir com ella aonde occor-
rer algum perigo, e execute d'aqui em dian­
te as ordens, que lhe dirigir também o Co­
ronel da Cavallaria, André de Albuquerque
Maranhão.Deus Guarde a V.Mce. Cidade do
Natal 17 de Março de 1817.

José Ignacio B orges.

DOC. N. Ki.

Ofíicio do Coronel André dc Al-


buqiienjite M íirm ih ù o.
lllus*rissimo Senhor Governador
Recebi o otfieio assignado pelo Ajudante
de Ordens interino, Antonio Marques do
Valle, de dezeseis do corrente, e o que V. S9
firmou com a mesma data;tudo quanto V.S9
n’elles me há ordenado, fica exaetamente sa­
tisfeito. unicamente com a differença de fi­
car assentada a distancia commiim para a
reunião do Regimento do meu Commando
n’este Engenho do Cunhaú, e não em Goy-
anninha, não só pelo que V. S9 confiou de
mim esta arbitrariedade, como também por-
que ;i localidade ofTercce reservas que ein
outro sitio so fazem imj)ossiveis na presente
(|undra, e mais pela proximidade da linha
de divisão das Capitanias. 0 Capitão Moí­
das Ordenanças de Villa Flôr, c Arez fiea en-
eorporado commigo com a sua gente; ficam
sentados cinco postos de delcza com manda­
dos, o posto da estrada Real da Parahyba
e Pernambuco por um Capitão do meu Re­
gimento, t- quatro avenidas transitáveis,
uma por um Capitão de Ordenanças, outra
por um Tenente do meu Regimento, e duas
por dois Alferes de Ordenanças: esta cautela
já havia precedido a ordem de V. S'1na cr—
trada Real da Parahyba e Pernambuco,
igualmente havia mandado npprehcnder to­
da a polvota e chumbo que houvesse a ven­
der em meu Districto, e.apenas adqiieri vin­
te e dois arroteis c trez quartas de polvora
e quarenta e um c trez quartos de chumbo.
Requeri ao Capitão Mor das Ordenanças
uma caixa de polvora encartuchada e em-
bailadas que me conferio com trez mil e seis­
centos cartuchos, todos inúteis por se achar
a polvora podre do que lhe passei conheci­
mento, e por este motivo para expedir um
posto de defença recebi do mesmo mais
sessenta cartuchos de outra caixa que havia
47

rezervado para a suta tropa, que a conside­


rei em melhor estado. As noticias dadas pe­
los viandantes são que os rebeldes do Capi­
tão Mór da Parahyba tem fermentado a
sua sedicção ate a Vdl.a de Mamanguapc,
cujo Districto faz limites com o do meu Com­
mando, e por isso não laço a remessa da
polvora e chumbo appreheridida disposta
para o movimento do meu Regimento, por­
que a caixa que recebi do Capitão Mór das
Ordenanças c absolutamente inútil ; V.
porém mandará o que for servido. N ’csta
data faço sahir d’este Quartel dois índios
corretos da Capitania do Ceará, c João I)a*
masceno que vem de Pernambuco para
essa Cidade, e o correio Balthazar da Rocha
(pie vem da Cidade da Parahyba, e todos
coniirmam que a Povoação de Mamangua-
pe hontem ficára em tumulto, e os rebeldes
sem opposição, vão acompanhados ; e por­
que chegaram com mais demora faço prece­
der a V. S9 esta communieação. Deus Guar­
de a V S0. Quartel do Cunhaú, 18 de M a r­
Ço de 1817.

A ndré d ’A lbuquerque M aranhão .


48

DOC. N. 17.

Ao Coronel André de A/hiupicrifiie


M nrnnhão em resposta.

A ’ esta hora que e lima da tarde recela


o seu Officio datado em dezoito, e tieando
sciente do seu conteúdo, tenho a dizer-lhe,
(lue deixe em seu poder a polvora e chum­
bo que npprchendeu, para com ella, e com
nove an ateis e meio, e quatorze an ateis de
chumbo apprchendidos pelo Coronel Luiz
de Albuquerque Maranhão, que n’esta ocea
zião lhe serão remettidos para municiar os
cinco Postos, que estão estabelecidos, fa­
zendo também uso do cartuehame da se­
gunda caixa, que estava em poder do Capi ­
tão Mór de Villa Flor, e Arêz, e que V. S**
me diz que estão em melhor estado, que os
da primeira. Na madrugada próxima pre­
tendo expedir d ’aq ui em direi tu ra a V .Sa d uas
caixas de cartuchos dc clavinaria cmballa-
dos, e segundo os seus avisos irei continu­
ando a remessa das munições. No estado
actual das coisas, que V. S" me expõe re-
ctifico o meu plano dc campanha, que lhe
determinei pelo meu officio da noite de
dezeseis acrescentando, cpie considerando
49

desde já como inimigo da Pntria, e de nos­


so Augusto Soberano as partidas dos re­
beldes, que vierem marchando do Sul, os
repilla de viva forca, fortificando de manei
ra os seus Postos, que clles percam a espe­
rança de passar adiante, guardada comtu-
<lo a medida, que se sustentar sempre na de­
fensiva. As estradas, e avenidas da Villa do
Seridó, que fazem a continuação da frontei­
ra, que V. S!l guarnece, já estarão a esta
hora no mesmo pé de defesa, porque já lhe
dirigi ordens com o mesmo plano de campa­
nha, que prescrevi a V. Sf‘ e consequente­
mente tenho esperança, de que obrando-se
em toda linha com uniformidade de opera­
ções faremos inatacavel a nossa barrei­
ra. Apezar de V. S^1me não dizer o numero
dc combatentes, que tem debaixo das suas
ordens, corre por aqui a noticia que passão
de dois mil, que segundo o numero de Pos­
tos, que estabeleceu, cuido que será força
sufficiente para com cila lazer o terror aos
rebeldes. Remetta-me V. Síl logo, e logo o
numero da gente, eom que actualmcnte se
acha, o nome dos lugares, em que se estabe­
leceram os Postos, e dos Officiacs, que os
eommandam, c o numero dos combatentes,
que cada um tem debaixo das suas oi deus»
50

Já expedi para a Corte do Rio de Janeiro o


meu Ajudante de Ordens, inserindo nos
meus Offieios a copia dos de V. S‘\ e do Ca­
pitão Mór de Villa Plôr, e Arez, porque
S. Magestade ficasse quanto antes inteira­
do do honrozo desempenho de deveres, com
que V. S'1e aquelle Capitão Mór se tem por.
. tado. Deus Guarde a V. Sfl Cidade do Na­
tal 20 de Março de 1 8 1 7 .-
JOSÉ 1GNA.CIO B o RGKS.

P. S. Já expedi ordem aos Directores de Ín­


dios de Villa Flor, e Arez para prestarem a
V. S* os socorros, que lhes pedir, e execu­
tarem as suasVleterminações.—

DOC. N. 18.

Ao Coronel dc C avaliaria Comnmndnn-


tv do Districto da Villa de S. José,
Lui'/. dyAlbuquerque Maranhão. .

Rccibi o seu officio datado de hontem


com a noticia que llic deram os portadores
da Utinga. Como porém tenho a fronteira
segura com os combatentes, que actualmen*
te se achão debaixo das Ordens do Coronel
da divisão do Sul emquanto d ’elle não recc-
l)cr parte das operações militares, que tiver
feito em consequência dos movimentos.que
houverem acontecido na Pnrahyba, nao re­
solva a organissaçjlo de corpos de defença
n’essa Yilla de S. José, ate porque receio en
commodar essa gente em uma quadra tflo
arriscada, sem um motivo legitimo, o que
ndo obstante V. S9 conservando-se na mais
disvellada vigilância, me dirija com toda a-
eceleração as partes das novidades, que lhe
forem chegando, e os Otfícios que me vierem
remettidos por aquclle Coronel Comman-
dantc da divizdo do Sub—Deus Guarde a
V. S‘\ Cidade do Natal 18 de Março de
1817.
J o s íí I(INÁCIO IkiKGHS

DOC. N. 11).

Ofíicio do Coronel André d'Albu­


querque Maranhão. ■

Illustrissimo Senhor Governador.—


Recebi o otficio que V. S0 me dirigiocom
data de vinte do corrente, e fico na intelli-
genera do tpie me ordena, e das prevenções,
e cautelas, que me ensina, e de tudo mais
quanto me communiea. FicAo aquartella.
52

da* duzentas e sete prcças do Regimento do


meu Commando, c no dia dczescte do cor­
rente, em que assentei o aquartcllamento
compareceram seiscentos e tantos individu-
os das ordenanças, e pela impericia dos Of
ficiaes d’este Corpo não posso dar a V. S‘‘
conta exacta do numero aquartellado, mui­
to principalmente porque a esterilidade da
quadra não permittindo fornecer accelcra-
damenre mantimento para sustentação de
tanta tropa ; e para que não infastin-
sem o serviço e enfraquecessem os ânimos
impedidos pela tome.se acha licenciada mui­
ta gente das Ordenanças, porem todos com
ordem de não sahirem das suas casas, ecom
signaes certos do rebate para aecudirem a
qualquer prccizão. Os postos de detença são
na Barra de Sagi, que de maré vazia dá
transito pela praia, eommandado no pri
meiro dia por um Alteres, e presentemente
por um Furriel e treze soldados, e ordem
para o tortilicar com os moradores d ’aqucl-
le sitio, que são bastantes. O da estrada
Real de Pernambuco e Parahvba, que tem
uma avenida muito próxima commandada
por um Capitão, um Furriel, e vinte e trez
soldados, c com a mesma ordem,outra ave­
nida próxima a mesma estrada commanda.
«la por um Alteres coin oito soldados c com
a mesma ordem.O posto da estrada que vem
das Bananeiras, e do Brejo d’Areias com-
mandada por um Alteres e quinze soldados
reforçada pelos moradores que silo excessi­
vos. Té o presente não tem havido novida­
des, Deus Guarde a V. S” Quartel de Cu­
nha ú 22 de Março de 1817.—

A ndré de Ai.nuquiiRqi'K M aranhão .

DOC. N. 20.

Officio <lo Coronel André de Albu­


querque AI nr unha o .

Illustrissimo Senhor Governador.


Havendo de officiai* a V. S° n’esta mes­
ma data diviso nos soldados e alguns Offi­
cines do meu Regimento não em todos, por­
que o Major, e o Ajudante, e ainda outros
Officines com promptidão c zelo estão con-
tormados a cumprir seus deveres, alguma
moleza ou cançasso, sem que comtudo haja
n’elles desobediência, por isso contemplan­
do eu, riue aquclle cançasso talvez proceda
de «pie, estando este Paiz na maior penúria»
e extrema necessidade de farinha por causa
r>4

da sceca, c vendo que agora calicni chuvas,


e podem fazer suas plantações para remi­
rem suas famílias, e não podem fazer ; n'es­
tas circunstancias faço esta a V. S" commu-
nicando-lhe o exposto para que seja servido
dar alguma providencia, e a que me lembra
c ter aqarfellada uma companhia para com
a gente das Ordenanças accudir algum caso
repentino, e mudar os postos de defença,
sendo aquella Companhia mudada de oito,
em oito dias ; mas eu nada resolvo sem que
V. S° me determine. Deus Guarde a V. S°—
Quartel do Cunhaú 22 de Março de 1S17.

A ndré de A lbuquerque M aranhão .

DOC. N. 21.

IIlustríssimo Senhor Tenente Coronel


José Ignacio Borges.

Vamos participar a V. S“ que este Go­


verno Provizorio tem deliberado que V. S"
seja remettido para Pernambuco para que
o Governo Provisorio d’aquella Capitania,
a quem esta c sujeita, delibere o que for ser­
vido. O Capitão Mór da Parahvba, patrio­
ta João d’Albuquerque Maranhão enviado
do Governo da mesma, c encarregado de a­
companhar a V. S°. Não pode ser permitti-
do a V. SÍJ vir a esta Cidade, mas pode ele­
ger pessoa, epie venha arranjar a partida
da Illustrissima Senhora Dona Clara. Não
sendo do animo de alguns indivíduos deste
Governo, senão obsequiar a V. Stl e,estando
ancorado n’este Porto um Barco que ha de
velejar para Pernambuco, determinou o
mesmo Governo ao Mestre houvesse de pa­
rar aqui ate que V. S^1desse as eonvinientes
ordens para o embarque do seu facto. Deus
Guarde a. V. por muitos annos. Casa do
Governo Provisorio do Rio Grande do Nor­
te 29 de Março de 1817.—André de Albu­
querque Maranhão.—Antonio Germano Ca­
valcante d'Albuquerque. Antonio da Rocha
Bezerra. Joaquim José do Rego Barros. Fe­
liciano José Dornellas.—

DOC. N. 22

Protesto do Governador José Ignacio


Borges.

O abaixo assignndo Governador d’esta


Capitania por S. Magestade Fidellissima,
5b

netualmente preso no Engpnho de Belém,ao


chamado Governo Provisorio, protesta
pela aggressão feita, ou que se possa fazer
dos seguintes artigos :
Primeiro. Pelos imprescritíveis e inalie­
náveis direitos de Soberania de S. Magesta­
de ao território d’esta Capitania. Segundo.
Por todo o armamento, c munições de guer­
ra que se acharem nas Estancias militares.
Terceiro. Pelo numerário que existir nos
seus cofres, e o que houver de entrar por
conta dos pagamentos que se estão a ven
cer. Quarto. Pelas vidas e fazendas de seus
lieis vassallos existentes na Capitania.—
Engenho de Belém na Capitania do Rio
Grande do Norte, .'5 de Abril de 1S17.—

José I gnacio Bokgks.


Officio do Governador José Ifina­
do Borges ao de Pernambu­
co sobre os Membros do Governo
Provisorio.

Illustrissimo c Kx vllentissimo Senhor.—


Na minha chegada a esta Capital achei
em plena liberdade o Capitão Commandan­
te da Companhia de Linha, Antonio Germa­
no Cavalcante, o Coronel de Milicias Joa­
quim José do Rego Barros, o Capitão de Mi­
licias Antonio da Rocha Bezerra, e o Paro-
eho da Cidade, Felicianojosé Dornellas, que
todos haviam sido membros adjunctos do
Chefeda rebelliAo, Andréde Albuquerque M a ­
ranhão debaixo do intamee copiado titulo de
Governo Provisorio, Cumprindo-me pois
prendê-los logo,como réos do horrorozo e ma.
nifesto crime de uzurpaçfio da Real Sobcraniai
o nâo tenho feito por querer levar primeiro
a presença de V. Hxcia. as seguintes refle­
xões. A consideração que cada um cPestes '
homens merecia, ou por seus empregos, por
seus créditos individuaes.équeinduzio aqucl-
*e Chefe de rebelliAo a nomenl-o como com-
])lemento do formulário praticado nas Capi­
tanias de Pernambuco e Parahyba, de quem
elle seguia os traços e isto mesmo advertido
pelo seu preccptôr João Dainasceno Xavier
Carneiro, como se prova por um bi­
lhete que está nppeuso aos documentos que
lhe dizem respeito ; e sendo certo que se ex-
cusavam, também o c que os ameaçou com
a pena de traidores a causa que promovia
que na sua legislação era a morte. N ’este a ­
perto só lhe ficava a alternativa da fuga,
porém não o podiam fazer por mar por falta
de embarcações de navegação alta, e nem
por terra por asseverar aquelle traidor que
a Capitania do Ceará estava de accordo
com elle, a que não obstante o Antonio da
Rocha mandou apromptar cavallos na sua
fazenda para sahir n elles, o que não fez por
se adiantar a contra revolução. Cuidaram
portanto, de convencer ao publico pela sua
eondueta, que representa vam forçados aquel-
le papel até que tivessem opportunidade de
se mostrarem fieis ao Soberano de quem
eram vassallos, o que praticaram na contra
revolução do dia vinte e cinco de Abril, onde
o Capitão Antonio Germano appareceu á
testa dos Realistas e veio prender o traidor
dentro de sua casa ; e entrando depois como
primeiro Membro do Governo Interino por
parte de S. Magestade na comformidade do
Alvará de doze de Dezembro de mil seteeen*
59

tos e setenta, desempenhando também os


que foi apptatididodo Excellen-
seus deveres, c
tissimo Senhor R o d r i g o José Fetreira Lobo
quando Commandante do Bloqueio, com
quem se correspondia. O Capitão Antonio
da Rocha, foi n’esta occaziâo encarregado
de dar signal de opportunidade, e o \ igario
Felieiano José Dornellas ligou-se desde o
principio com os Realistas, e servia-lhes para
lhes delatar o que se passara nas sessões do
Governo. Ao Coronel Joaquim José do Rego
Barros, não íizera parte da contra revolu­
ção talvez por não defundir o segredo por
tantos, porém apenas arrebentou, deu as a ­
mostras mais positivas dos desejos em que
ardia por aquelle acontecimento. A tudo
isto poderia acrescentar, que o conhecimen­
to individual que tenho d’elles, me induz a
atfirmar que foram e são fieis vassallos de S.
Magestade. Sacrificados ao terrorismo d’a-
quelle traidor, sendo talvez a culpa mais no
ta-vc! do Coronel Joaquim José do Rego, e
do Capitão Antonio Germano Cal vacante,
o obdecer lhe quando os chamou ao Enge­
nho de Belém, e a d ’este ultimo mais agra­
vante, por ser o Officiai, a quem confiei o
Commando da Cidade na minha auzencia.
Se porém V. Excia. não julgar attendivcis
(•)<)

estas reflexões, determine me a prisão e re­


messa d’elles, que executarei com pontuali­
dade. Servia de Secretario ao infame Gover­
nador, Guilherme dos Santos Lazes, Escri­
vão na Villa de Extremoz, miserável, cha­
mado pelo traidor para o emprego pel.a qua­
lidade de bôa lettra e alguma intelligencia,
o qual também achei em plena liberdade.
Determine me V. Excia. o que hei de praticar
c m este indivíduo. Deixei igualmente de
prender o Sargento Mór Ajudante, e um Ca­
pitão do Regimento de Ca valia ria Milicia­
na da Repartição do Sul, que vinham nas fi­
leiras quando o Regimento acompanhou o
traidor para me prender no Engenho de
Belém, porque a excepção do Tenente José
Manoel da Paixão, que também vinha e a­
gora remetto preso, todos os mais ignora­
vam o fim a que se dirigiam, e depois não
foram senão méros instrumentos passivos
das operações do seu Chefe,compellidos pelas
suas ameaças e subordinação Militar, o que
não obstante executarei o que V Excia me
determinar, pivvinindo desde já, a V. Excia
que accordando prisão de todos estes indi­
víduos, me mande logo trez Officines para
commandar a Companhia de Infantaria de
Linha, o Regimento de Infantaria Miliciana
G1

ria Cidade e o de Cavallarin da Repartição


do Sul, porque o estado actual d’estes Cor­
pos não fornecem Officiaes para supprir os
qnc estão Commandando.—Deus Guarde a
pessoa de V. ExciL Cidade do Natal 14 de
Julho de 1817. Illustrissimo e Excellentissi-
mo Senhor Luiz do Rego Barreto.—

José I gnacio B orgks

Officio ao Governador de Pernambuco


sobre o movimento republicano na
Villa de P o rt'Alegre.

Exeellentissimo Senhor :
Depois de proclamada n’esta Cidade, no
dia vinte e cinco de Abril a Real Soberania,
expedio o Governo Interino os precizos avi­
sos ás Villas da Capitania, para que as au-
ctoridades constituidas levantassem ali as
Reaes Bandeiras. Os Correios porém, que le­
vavam os da Villa de Portalegre, cujo
Districto se limita com os da Villa de Sou­
za da Capitania da Parahyba, tiveram a
má fortuna de serem encontrados por
um malvado David Leopoldo Sargini, Emi-
sario dos rebeldes d’aquella Capitania, á
testa de uma escolta de canalha armada
que os prendeu antes de chegarem ao sen
destino, e sabendo pelos officios c car­
tas dos acontecimentos da Cidade, for­
cou a mais alguns moradores a que en­
grossassem o seu bando, e coin elle
marchou a Villa, a onde associando-se ao
Vigário João Barbosa Cordeiro, que lhe
era semelhante em caracter, chamaram as
pessoas para quem iam os officios do Go­
verno, e outros de mais alguma considera­
ção, e depois de os atemorizarem com o par­
tido, que tinham armado, com as ordens
despóticas, que levava da Parahyba, c com
o numero das forças, que levavamcomman-
dad asporu m Miguel Cesar, emissário dos
rebeldes de Pernambuco, os obrigaram a
que installassent um Governo, para debai­
xo das suas ordens fazerem marchar forças
contra as Villas, onde se tivessem levanta­
do as Reaes Bandeiras, edepois encaminha­
rem- se a Capitania do Ceará. Foram mem­
bros d’este Governo o infame Vigário João
Barbosa Cordeiro, o Tenente Coronel Le­
andro Francisco de Bessa, o Sargento M ó r
José Francisco Vieira de Barros, o Capitão
Manoel Joaquim Palacio, e o Tenente Feli-
ppe Bandeira de Moura, todos da Ordenan-
ça montada d’aquella Villa. Este infâme
Governo, que te ve logar no dia dezue Maio.
foi aniquillado ao fini de nove (lias de dura­
ção pelos mesmos quatro Otficiaes, que eram
membros d’elle,levantando as Reaes Bandei­
ras no dia dezenove coin manifestas pro­
vas de jubilo, e socorro clos pôvos do Distri-
eto, cpie coin cautélla. ha viam junctado, e
tendo precedido na vespera a fugida dos
dois Revolucionaiios David, e o Vigario,
que foram presos tm Capitania da Parahy-
ba. 0 Govc.no Interino d’esta Cidade tez
marchar da Villa da Princeza um Corpo de
Tropa a prender os membros do aniquillado
Governo, c seus promotores, o qual cffectu-
ou a prisão do Tenente Coronel Leandro
Francisco de Bessa, do Capitão Manoel
Joaquim Palacio, do Tenente Felippe Ban­
deira de Moura, e achou já preso, a instan­
cias do Official Commandante das forças
do Ceará, estacionadas na sua Fronteira,
o Sargento Mór José Francisco Veira de
Barros, por noticias d’elle haver introduzi­
do na sua Capitania cartas incendiarias
a favor da rebeílião, deixando de prender o
Padre Gonçalo Borges de Andrade, soeio
dos principacs cabeças David, Vigário, por
ter fugido com elles. Estes presos actual-
04

mente recolhidos na Cadeia d’esta Cidade,


apresentarão-me os requerimentos que
com este levo a presença de V. Excia
para bem lhes deferir, ou pelo mereci­
mento dos seus documentos, ou em conse­
quência de outra medida de exame a que se
mande proceder, previnindo desde já, a V.
Excia., que não tonho procedido a exame
judicial da condueta d’estes, e dos outros,
que embarquei na Escuna “ Foguete,” por
meio de devassa c interrogatórios, por não
ter Ministro Lettrado, que o taça, visto
que o Corregedor d'esta Comarca, o é tam­
bém da da Parahyba, e nella se acha occu-
pado em diligencias da mesma especie. Pos­
so porem asseverar a V. Excia., que a opi­
nião publica os não condena, antes attes­
ta a narração, que acabei de taxer, e que se­
gura das suas consciências se apresentaram
voluntariamente ao Official Commandante
da Tropa que os foi prender. Quanto ao
Sargento Mór José Francisco Vieira de Bar­
ros, accusado pelo Governo do Ceará de ha­
ver espalhado cartas incendiarias ti’aquella
Capitania, pedi ao Governador, por officio
de primeiro de Julho, que me remettesse os
documentos d’esta accusação parncomellcs
convencer o preso que absolutamente nega
o facto ; porém até hoje ainda não os rece­
ia. Estou na intelligencia de os remetter a
presença de V. Excia na Sumaca “ Passos”
e“ Victoria”que ha de sahir d’aquiem prin-
picios de Setembro, se V.Excia.em antes me
não determinar o contrario.—Deus Guarde
a pessoa de V. E xcia—Cidade do Natal, 15
de Agosto de 1817. Illustrissimo e Excellen-
tissimo Senhor Luiz do Rego Barreto.—

José I gnacio Borges.

Officio no Governador de Pernambuco

Illustrissimo e Excellentissimo Senhor :


Pelo meu offieo numero treze em que tiz a
V. Excia.o Relatorio da renascida rebellião
na Villa de Porto-Alegre d’esta Capitania, e
lhe enviei os requerimentos, e paneis, que
me apresentaram os quatro cúmplices, que
aqui estavam presos, participei também
que estava na intelligencia de os remetter
na Sumaca «Passos», e Victoria», que tinhão
de sahir para esse Porto ; e posto que V.
Excia. respondendo-me a este Officio, me cli-
fferisse a resposta circunstanciada d ’este ne­
gocio, para quando se ultimasse o exame d ’
aquelles papeis enviados, eomtudo,como me
rão determinou positivnnicnte,que os deixas­
se de remetter, e a sua condenação, ou jus-
tificaçào, depende necessariamente de serem
interrogados perante o Juiz que os ha de jul­
gar, e acareados com os principaes cúmpli­
ces, David Leopoldo Sargini e o Vigário
João Barboza Cordeiro, que ora os julgo
nessa Praça remettidos da Capitania da
Parahvba, acrescendo a isto, não ter espe­
rança de melhor occazião de remessa,fiz em­
barcar na referida Sttmaca «Passos» e «Vi­
ctoria». entregues ao Mestre Josc Antonio
de Souza,o Tenente Coronel Leandro F ran ­
cisco de Bessa, o Sargento M ór José Fran­
cisco Viera de Barros, o Capitão Manoel
Joaquim Palacio, e o Tenente Felippe Ban­
deira de Moura, todos da Ordenança mon­
tada da indicada Vil 1r» de Portalegre, e
levo a presença de V. Exeia. os novos re­
querimentos, que me apresentaram o pri­
meiro, e segundo réo. Levo também as co­
pias autenticas de documentos que me re-
metteu o Governador do Ceará, por effcito
dc requesição minha, deixando de me reme­
tter os originaes, por me dizer, que os ti­
nha mandado para a Secretaria dc Estado.
Cuido que a medida que tomei não será des-
approvada por V. Exeia attentos os mo-
tivos que pondeirci, e ainda mais, porque
nas actunes circunstancias supponho hem
entendida politiea não ter presentes em uma
terra pequena, esta qualidade de presos a
vista de parentes, e amigos. Não mandei
summariar os presos a exemplo do que V.
Excia mandou praticar com os que embar­
quei na Escuna «Foguete», porque, para o
fazer aqui na minha, presença, care­
cia testemunhas de oitenta léguas de dis­
tancia (cpie tanto dista d’esta Cidade a Vil­
la em que foi commettido o delicto,) e para
o mandar tazer lá, faltava a minha assis­
tência, aliás necessana com os actuaes jui­
zes ; careço portanto de nova Ordem de V-
Excia sobre este negocio ; c ate me lembra,
que o Juiz de Fóra de Goyanna, (pie ora o
supponho dezembaraçado, por estar pre­
sente o Corregedor, poderia muito bem ser­
vir para esta diligencia.—Deus Guarde a
pessoa de V. Excia. Cidade do Natal, 17
de Outubro de 1817. lllustrissimo e Excel-
lentissimo Senhor Luiz do Rego Barreto.

José I gnacio B orges.


68

Documentos retercntes no oíficio


retro.

Qualquer Capitão M ór Commandante,


ou qualquer outra auctoridade da nossa
Provinda, a quem esta fôr apresentada,
dará o auxilio que lhe requerer o patriota
David Leopoldo Targini, que sabe d ’aqui a
unir-se eom o patriota Miguel Joaquim Cé­
sar, que sahc do Estado de Pernambuco,
c ambos vão encarregados de importante
deligencia a bem da Patria em eom mu m,
não se lhe devendo difficultar meio algum,
dos que cooperarem para odicto fim. Casa
do Governo ProVisorio da Parahyba 17 de
Abril de 1817, o I o da Independência.—
Francisco José da Silveira.— Francisco X a ­
vier Monteiro da Franca.—Ignacio Leopol­
do d ’Albuquerque M aranhão.—0 Padre
Antonio Pereira d’Albuquerque.—Reconhe­
ço as lettras das firmas su])ra serem dos
proprios punhos de Francisco José da Silvei­
ra, Francisco Xavier Monteiro da Franca,
Ignacio Leopoldo d’Albuquerque Maranhão,
e o Padre Antonio Pereira d’ Albuquerque,
por ter de todas inteiro conhecimento, do
que dou fé. Pombal 4 de Julho de 1817.—
Estava o signal publico.—Em te e testemu­
69

nho de verdade o Tateei lião publico interi­


no João José de Macedo.— Fica lavrado no
livro sessenta e dois, de notas d’esta Villa a
folha vinte c dois verso. Pombal 5 de Julho
de 1817. 0 Tabellião publico interino João
José de Macedo.—Numero cento e trinta e
sete.—Pagou de scllo quarenta reis. Pom ­
bal 5 de Julho de 1817.—Barbosa Macedo.
Está conforme. No impedimento do Secreta,
rio, o ofticial da Secretaria, Vicente Ferrei­
ra de Castro e Silva.—David Leopoldo foi o
emissário encarregado da rebellião da Ser­
ra do Martins, e do ataque do Ceará por a-
quelle lado. Veja-se o documento numero
quatro. Miguel Joaquim Cesar toi encarre­
Gado de atacar o Icó. A diligencia impor­
tante de que ambos vinham encarregados
era o ataque da Companhia do Ceará si-
multamente em muitos pontos.—
70

DOC. N.2.

IIlustríssimo Pútrido Senhor Capi­


tão Manoel da Cunha Pereira.

Villa de Porta Alegre 18 de Março de


1817.
Amigo, os deveres de amisade, e o do
patriotismo me moveu a offerecer-me a
Vmcê. no mais apertado lance, qtte bem
julgo ser o que pela repugnância do seu Go­
vernador passa Vmcê. na restauração da
nossa Pntria, e Liberdade. A minha pessoa,
e bens sacrifico ao seu querer, eomdusindo
com migo a gente necessária em seu socorro,
e da Patria, uma vez que a nossa teve a fe­
licidade de já respirar. A nossa divisa é a-
quella mesma que a da nossa Patria Per­
na mbuea, a quem eom as armas na mão de­
vemos seguir, e defender, afim de que estes
Déspotas da tirania levem o diabo, bem
como a seu Governador. O nosso Patrício
honrado, o Padre Gonçalo Borges, também
lhe participa o mesmo, e a sua efiicacia é a
muita resignação. Desejo que me responda,
e que seja feliz pois sou seu amigo e Patrício
José Francisco Vieira de Barros.—Reconhe­
ço ser a lottra, c firma da carta supra do
proprio punho do Sargento Mór.Josc F ran­
71

cisco Vieira de Barros, ao que jurarei se


preciso fôr. Villa da Fortaleza 13 de Agos­
to de 1817.—Mathias Fernandes Ribeiro.—
Reconheço ser a lettra, e firma da carta re­
tro do proprio punho do Sargento Mór
Josc Francisco Vieira de Barros, o que
jurarei se precizo fôr. Villa da Fortaleza 13
de Agosto de 1817. José Alves Feitoza.—
Reconheço ser a lettra, e firma da carta
retro do proprio punho do Sargento M ór
Josc Francisco Veira de Barros, o quejura-
rarei se precizo fôr. Villa da Fortaleza 13 de
Agosto de 1817.—Leandro Custodio de Oli­
veira Castro. Reconheço serem as lettras, e
firmas dos trez reconhecimentos supra dos
proprios punhos do Capitão Mathias Fer­
nandes Ribeiro, do Capitão M ór José Alves
Feitoza e do Sargento-Mór, Leandro Cus­
todio de Oliveira Castro, do que dou fé. Vil­
la da Fortaleza 13 de Agosto de 1817. De
meus signaes seguintes de que uso, escrevi e
assignei.—Estava o signal publico.—Em fé
e testemunho de verdade, o Tabellião Pu­
blico Antoniod’Oliveira Castro.Está confor­
me. No impedimento do Secretario, o Offici­
al da Secretaria, Vicente Ferreira de Castro
e Silva.— A data d’esta carta deve ser 18 de
de Abril como se conhece pela combinação
com o documento numero trez. Veja-se o
documento numero um.

DOC. N. 3.

/Ilustríssimo amigo c Patriota.

Viva a Patria.—Depois de ter as notici­


as, que vos mando entrareis no conhecimen­
to da causa :Eu com todos os Patriotas nos
offerccemos a libertar-vos docaptiveiro com
muita gente c muito tudo, porque temos
animo, c só queremos o vosso sim, ou não,
ajuda e socorro, c também escrevo a M aro­
to, para que junctos deliberemos o que de­
vem seguir. Segredo e mais segredo. Eu es­
colhi a Bento Bandeira para ser o correio
d’estas cartas.Queremos entrar por detraz
da Serra, e descer de Rio abaixo do Araca-
ty, e passaremos então ao Forte, e subju­
garmos o Tvranno. que c só quem falta.
Responda-me, e veja (pie não estou bêba­
do.—Santa Clara 19 de Abril de 1817. 0 19
da nossa liberdade.—De vosso amigo c pa­
trício—O Borges.—Reconheço ser a lettra e
hrma da carta supra do proprio punho do
Padre Gonçalo Borges, ao que jurarei se
preciso fôr. Villa da Fortaleza 13 de Agos­
to de 1817. Mathias Fernandes Ribeiro.—
Reconheço ser a lettra e finna da carta su­
pra do propio punho do Padre Gonçalo Bor­
ges dc Andrade, por ter visto muitas vezes
escrever, e ter muitas lettras d’elle em tudo
semelhantes, como jurarei se preciso tôr. Vil­
la da Fortaleza 13 de Agosto de 1817. —
José Alves Feitoza. Reconheço ser lettra e
firma da carta retro cio propio punho do
Padre Gonçalo Borges d’Andrade, o que ju
rarei, se precizo for. Villa da Fortaleza 13
de Agos*o de 1817. Leandro Custodiou’
Oliveira Castro.—Reconheço serem as let­
tras e firmas dos trez reconhecimentos re­
tro, e supra dos propios punhos do Capitão
Mathias Fernandes Ribeiro, do Capitão
Mór José Alves Feitoza, e do Sargento
Mór Leandro Custodio d’Oliveira Castro,
do cpie dou té. Villa da Fortaleza 13 de A ­
gosto de 1817. De meus signaes seguintes
de que uso, escrevi e assigned—Estava o si­
gnal publico. Em fc e testemunho de ver­
dade. O Tabellião publico Antonio de Oli­
veira Castro.— Viva Deus, a Patria e a L i­
berdade.—O Capitão Manoel da Cunha Pe­
reira. meu amigo.—Guarde Deus.—Bonquei-
rão.—Está conforme. No impedimento do
Secretario, o otíicial da Secretaria., Vicen-
74

te Ferreira de Castro Silva. —Vejào-se os


documentos numeros uni e dois.

DOC. N. 4.

Meu Ditvid.—
Valha-me os Ceus ! Frio, morno e amor­
tecido li as linhas da vossa carta: mas o que
6 que me tens n este lethargo ? A noticia é
talsa, o povo é leal, e sucedeu esse embuste,
o parto é do falsario Governador do Cea­
rá.—Meu amigo, as ordens que tivestes me
são assás necessárias, apezar de ter eu como
Padre Luiz vencido todos os obstáculos,que
nos apresentavam homens poucos pensado­
res.Esta vai escriptajá na perna do estribo,
e saio para o Icó com muita gente toda bem
armada, bastante munição. Farei marchar
essas trópas para a dita Villa, que lá espe­
ra por vós para d’alli marchamos a vingar
os successos d ’esse heroc, de (piem fará men­
ção a posteridade, caso seja certa essa in­
fausta noticia. O Capitão-M ór José Pereira
Filgueira vem com a sua gente a nosso so-
ccorro. Aindependencia do Cráto foi feita
no dia quatro, e agora respondo a carta do
meu amigo Martiniano. Adeus meu amigo,
não vos aparteis tnn só ápice da minha or­
dem, que a vossa vida corre risco entre a
tvTannia d’esses pervesos partidários do
Governo.—Aeeeitai um abraço, e adeus, de
vosso fiel amigo.— Fazei marchar inialivel-
mente as tropas, para onde vos determino
para o Ieó, e fazei-me avizar da vossa mar­
cha.—Villa de Souza nove do l ° - - 0 Patrio­
ta Miguel Joaquim César de Mello. Lança­
do no livro sessenta'e dois de notas d’est a
Villa á tolhas vinte e nove.Pombal õ de Ju­
lho de 1817. 0 Tabellião publico interino
JoãoJosédeMacedo.—Numero trezmil cento
e trinta e sete — Pagou de sellos quarenta
reis. Pombal 5 dc*Julho de 1817. Rarboza.—
Macedo.—Reconheço ser a lettra,e firma da
carta retro (lo propio punho de Miguel Joa­
quim César de Mello,intitulado Inspectôr das
Tropas do maldicto Governo Provisorio, de
nefanda memória, por ter visto outras cm
tudo semelhantes, de que dou fé. Pombal -í-
de Julho de 1817. Estava o signal publico.
Em fé e testemunho de verdade.—O Tabel­
lião Publico interino,JoãoJosé de Macedo.—
7(5

DOC. N. 5

Ao Patriota David Leopoldo Targint.

Guarde Deus.—Carta do serviço da Pa-


tria.—Onde se achar.—Este portador volte
e mandai outro com a resposta ; porém que
saia para o Icó.—Onde chegar este porta­
dor com o animal fraco, qualquer a bem do
serviço da Patria dê um animal.—Padre
Luiz José.—Reconheço ser a lettra, e firma
da carta escripta juncto ao subscripto do
Reverendo Luiz José Correia de Sá, por ter
d’ella inteiro conhecimento, do que dou fé.
Pombal 4 de Julho de 1817.—Esta\a o si­
gnal publico.—Em testemunho de verdade
0 Tabelliào publico interino, João José de
Macedo. Está conforme. No ' impedimento
do Secretario, o Official da Secretaria, Vi-
•cente Ferreira de Castro e Silva.—Esta car.
ta mostra bem, quanto já em 9 de Maio o
seu auctor se achava desanimado, e quanto
o Padre Luiz José Correia de Sá coperou
com os demais revolucionários.Para melhor
intelligencia d’esta carta veja-se o docu­
mento numero um.
Officio do Governador José Ignacio Ilorges,
ao de Pernambuco

Illustrissime c Excellentissimo Senhor.


Por etfeito da requisição, que me tez oDes-
embargadôr do Paço, Bernardo Teixeira
Coitinho Alvaresde Carvalho, Presidente da
Alçada, levo a presença de V. Exeia. os se­
questros que aqui se procederam sobre os
bensdos réos de inconfidência, e alta traição
descriptos na relação junta, c com elles ou­
tro, que mandei fazer nos da tallecida I).
Antonia Josepha do Espirito Santo Ribeiro,
mãe do primeiro Chefe de rebellião, Anclrc
d’Albuquerqi.e Maranhão,para bem de se de­
duzir o que vier a caber aos reos inconfidentes
seus herdeiros. Não envio os sequestros dos
reos Leandro Francisco de Beça, Manoel
Joaquim Palacio, José Francisco Vieira de
Barros, e Fellippe Bandeira de Moura, to­
dos remettidos na Sumaca “ Passos” , e “ Vi­
ctoria” , assim como os dos seus cúmplices,
o Vigário João Barboza Cordeiro, e Padre
Gonçalo Borges cP Andrade, que foram pre­
sos na Capitania Parahyba, d’onde haviam
de ser remettidos, porque ainda me não vie­
ram da Villa de Portalegre, cm cujo ter­
mo são todos moradores, o que farei logo
que aqui me cheguem. No sequestro do pri­
meiro Chefe de rebellião, André d’Albuquer
que Maranhão a folhas très, verso, se refe­
re á achada de uma carteira com papeis re­
lativos a rebellião. que foram entregues ao
Governo interino sem se descreverem, falta
que talvez desse logar aos acontecimentos
d’aquelle dia, que foi o mesmo da restaura­
ção d'esta Cidade. Achei n’esta Secretaria
tinia porção de papeis isolados, que medisse
o Governo serem aquelles, dos quaes esco­
lhi como necessários, os documentos que
mandei a V. Bxcia. com o relatorio de es-
pecies que podiam , servir para instrucção
dos processos, e o resto vão agora emmns-
sados debaixo de titulo preciso. A vinte e
oito se accusa também a achada no En­
genho em que morava, de diversos maços
de papeis, e livros de contas correntes par­
ticulares, qúe foram trasidos para esta Pro­
vedoria da Real Fazenda, os quaes .sendo-
me apresentados na minha chegada, e to­
dos examinados cm minha presença, apar­
tei tudo que dizia respeito a titulos de pro­
priedades d’elle; e da sua casa, assim como
as clarezas, e recibos necessários a multipli­
cidades das suas contas, e metti em quatro
grandes saceos, todos os mais que julguei
79

puramente ociosos c imiteis, c que elle, por


espirito de vaidade, guardava para osten­
tar de grande eseriptorio. Determine me
pois, V. Exea. si, não obstante a qualidade
de taes papeis, os deverei remetter, em cujo
caso convem saber, que este malvado por
si, e pela administração da casa de sua mãe*
era homem que mais envolvido estava em
negocies n’esta Capitania, acrescendo a isto
ter uma cseripturação pouco clara, e falta
de consciência nos seus contractos,eajustes,
e por isso menos os papeis que reputo oceio-
zos, todos os mais por bem da Real Fazen­
da, são aqui de absoluta necessidade para a
liquidação das dividas passivas, e activas,
e legitimidade dos bens, sobre o que ja se
principiam a agitar questões, entre as qua-
cs haverá algumas, que tinham por princi­
pal fundamento o antigo rifão, «de que ho­
mem morto não falia.» Levo também a pre­
sença de V. Ex? emmassados debaixo de
preciso titulo, todos os papeis, que estavam
espalhados pela Capitania, produzidos em
tempo dos rebeldes, inclusive os termos, e
registros que se fizeram em alguns archivas,
e mesmo autos judieiaes, que tiveram logar
n’aquelle tempo; tudo recolhido por ettcitq
das minhas Ordens, para bem de não
80

transmittirem á posteridade o testemunho


da vergonhosa, e aniquillada rebellião. Tan­
to este maço como outro de que jáfallcr.vâo
cosidos em uma capa de panno branco,
marcados com o nome «Pernambuco». De­
termine-me V. Exeia si por effeito da re­
quisição do Presidente da Alçada, deverei
d’aqui em diante entender-me directamente
com elle sobre este objecto, ou si continuo a
dirigir-me a V. Ecia., visto que, segundo a
minha intelligencia, o offieio d’aquelle M a ­
gistrado, não tem sufficiente claresa sobre
esta marcha ; no entanto acautellei- me re­
petindo para elle um Offieio igual a este,que
no caso de assim continuar, não deixa dc
me ser trabalhoso.—Deus Guarde a pessoa
de V. Exeia—Cidade do Natal 20 de Novem­
bro de 1817.—Illustrissimo e Excellentissi-
mo Senhor Luiz do Rego Barreto.—

José I gnacio B ouges.


81

Relação clos réos de inconfidência, c alta


traição da Capitania do Rio Grande
mdo Norte, de que apor a se remettent
os autos de sequestros.

André dc Albuquerque Maranhão,


primeiro Chefe de rebelliao, Coronel que toi
do Regimento de ('avaliaria Miliciana da Re­
partição do Sul d'est a Capitania, preso e
mortal mente ferido pelos fieis Vassallos de
Sua Magestade no dia 25 dc Abril de 1817,
falleeido na cadeia da Fortaleza dos Santos
Reis no dia 20 immediato. Luiz d’Albuquer-
que Maranhão, que era Coronel do Regi­
mento de Cavallaria Miliciana d’esta Cida­
de, e Villa de S. José, preso no Brejo de B a­
naneiras,.na tugida que fazia, e recolhido ás
Cadeias d’esta Cidade cm 21 de Maio de
1817. André d’Albuquerque Maranhão, que
era Capitão Mór das Ordenanças de Villa
Plôr e Arez, preso em terras do Engenho
Tamatanduba, na fugida em que ia, e reco­
lhido ás Cf deias d’esta Cidade em 12 dc
Maio de 1817. Luiz Manoel d’Albuquerque
Maranhão, preso em Curimatahú,recolhido
ás Cadeias d’esta Cidade em 22 de Maio de
1817, indo em fugida. José Ignacio d’Albu­
querque Maranhão,que era Tenente Coronel
82

do Regimento de C avallaria M iliciana ría


Repartição do Sul d'esta Capitania, sem ter
ainda apresentado Patente Regia, preso
n’esta Cidade, onde se achava, em 20 de
Junho de 1817. Josc Manoel da Paixão,
Tenente do Regimento de Cavallaria da Re­
partição do Sul, preso em sua casa em 2(J
de Junho de 1817,recolhido ás Cadeias d'estn
Cidade. João da Costa Bezerra, preso na
Ponta Negra, e recolhido ás Cadeias d’esta
Cidade em vinte e seis de Abril de mil o it o -
ccntose dezesete.Padre João Pamasceno X a ­
vier Carneiro, Vigário na Freguesia de Una,
na Capitania de Pernambuco, e a ctn a lm en -
te n’esta, por ter sido nomeado visitadôrda
Capitania do Ceará, preso n’csta Cidadeem
casa do primeiro Chefe de rebelíião, c reco ­
lhido ás Cadeias da mesma em 25 dc Abril de
1817; fallecido em 25 de Julho d’este anno,
a bo rd o da Escuna F o g u ete.( * ) A n ton io de
Albuquerque M ontenegro, V ig ário da Fre-

(*) A Escuna Foguete arribou no dia 18 rle julho rli*


1817, por defeito de monção, ao porto de Pititintfa, doze le
suas do porto de Natal,e ahi falleceu o Padre.foflo f»a masceno
Xavier Carneiro, de (pie faz menção n relação supra. (Officio^
de José Iguacio Borges ao Capitão General de Pernambuco,
de 28 de julho do mesmo anno, existente n» Secretaria d o
Governo d’aquelle ’-'stado.)
Vicente j»e L emo».
guesia de Goyanninha, n’esta Capitania,fu­
gido em 27 de Abril de 1817. Total, nove. —
Cidade do Natal 20 de Novembro de 1817.

José I gnacio B ouges.


Conforme.
Recife. Directoria do Interior, 25 de Se­
tembro dc 1902.
O Director, A ntonio Gomes L e a l .
Conferi. Rego .

Adhesão ao movimento revolucionário


pelos moradores da ribeira do Apody.

0 Coronel de Milícias José Francisco Vi­


eira de Barros ao ter conhecimento do movi­
mento revolucionário na cidade do Natal, e
desejando estcndel-o aos sertões convocou
uma reunião política na villa de Port’Ale-
gre, em casa de residência do Padre João
Barbosa Cordeiro, vigário da Freguczia,
onde foi lavrada uma acta de adhesão ao
governo de André de Albuquerque M a ra ­
nhão. Foram estes os que tomaram parte
na reunião e assignaram a acta : Padre
João Barbosa Cordeiro, Capitão Leandro
Francisco Cavalcante de Albuquerque, Co­
S4

ronel José Francisco Vieira de Barros, de


Port’Alegre ; Capitão Antonio Ferreira C a­
valcante, do M artins; Phelippe Bandeira e
Phclippe Bandeira Filho, do Patú ; Padre
Faustino Gomes de Oliveira, Capitão José
Ferreira da M otta e Capitão Manoel Frei­
re da Silveira, do Apody ; Coronel João
Francisco Fernandes Pimenta, José Alexan­
dre Pimenta, Manoel Fernandes Pimenta,
Capitão Manoel Alves Maia, do Catolé do
Rocha.
0 seminarista José Fcrreirada Motta, que
se achava no seminário de Olinda reunido
a uma pleiade de collegas, havia adherido
ao movimento republicano de Pernambuco,
e escreveu a seu pae Capitão José Ferreira
da Motta, para mandar uma pessoa dccon-
fiança a Pernambuco afim de receberinstru
cções sobre os planos revolucionários.
Na reunião política de P ort’Alegre foi
escolhido o sargento mór Manoel Fernandes
Pimenta para ir a Pernambuco entender-se
com os chetes revolucionários. Manoel F e r­
nandes disfarçado em boiadeiro, segui o até
Itabaiana.e d ’ahi foi a Pernambuco! Recife,)
onde, depois de conferenciar com os cheles
republicanos,voltou,sem encontrar em bara­
ços na viagem. Proclamado o Governo re-
85

publiemio de Natal, foi escolhido para fazer


parte do governo provisorio de André de
Albuquerque, o coronel de Milícias José
Francisco Vieira Barros. Essa noticia foi re­
cebida em Port’Alegre com vivas á Republi­
ca, havendo passciata e grandes regosijos
no povo
O Padre Cordeiro, vigário da Fregue-
zia, depois de celebrar a missa conventual,
subiu ao púlpito e fez uma allocução felici­
tando a seus parochianos por vêr a sua Pa-
tria livre , o mesmo fez o Padre Faustino
Gomes, no Apody.
Hasteado o pavilhão republicano em
Port’Alegre e em Catolé do Rocha, foram
logo depostas as auctoridades policiaes des­
sas villas, e nomeadas outras.
Com a derrota dos revoltosos em Rio
do Peixe, o Coronel Vieira Barros ]>ercorreu
o sertão do Rio Grande do Norte, reunindo
gente para auxiliar a bater as forças inimi­
gas. Por toda parte chuveram adhesões ; e
a villa de P ort’Alegre transformou-se em
uma praça de guerra.
Presos os chefes republicanos em Natal,
e abafada a revolução,foram também presos
no Recife o seminarista José Ferreira da
M otta e o coronel Luiz Manoel Fernandes,
8f)

sendo este solto por mostrar não estar im­


plicado no movimento. (*)
Eín quanto isso se dava pelas Capitaes,
a revolução no sertão tomava incremento.
Os coronéis Vieira de Barros e João Fran­
cisco trabalharam com actividade reunindo
gente para atacar as forças do governo em
Rio do Peixe. Chegando a PorCAlegre a no­
ticia da derrota republicana de Natal e do
desembarque de forças do Governo em Mos-
soró e em Macau, foi grande o desanimo
entre os republicanos, e ainda maior quan­
do souberam da chegada das foiças do G o­
verno do Rio Peixe, a Pau dos Ferros. Viei­
ra de Barrou conferenciou com os chefes re­
publicanos, ficando combinado que todos sc
deveriam reunir na povoação da Conceição
do Arruda, do Catolé do Rocha, afim de
reunirem-se com as forças do Coronel João
Francisco.
(*) Disse-no» o nosso Amigo e eonlrade desembargador
Luiz Fernandes que parece-lhe haver engano nesta referencia
ao coronel Luiz Manuel Fernandes, seu avô ; nAo sd porque
em 1817 tinha ellc npenn» 17 nnno* de edade, como porque
num caderno denotas, que viu, de sua propriu lettra, dl<o
coronel que íftra preso em Pernambuco, sim, mas em 1824.
Pensa, pois, o nosso confrade que, político» como pare­
cem os motivo» dessa prisflo, elles se prendem ndo drevoluçd»
lie.1817, eomo affirinu o chronistn tio Commcrciu <le Alotsó.
rd, mas d de 1824.
Vickntk nu L kmos.
87

Presos os revoltosos de Port Alegrc,


Martins e Pa tú,foram dadas buscas em seus
papeis, onde foram encontrados vários do.
cumentos que logo lacrados toram remetti-
dos ao governo, nAo appArecendo a aeta de
18 de Janeiro.
Pisada a pés c queimada a bandeira re­
publicana em PorCAlegre as forças do G o­
verno seguiram para o Catolé do Rocha,
assasinando na fazenda Curralinhod’aquel-
lc município o moço José Alves M aia que ti­
nha ido despedir-se de seus paes, escapando
de ser victrma o seu companheiro Joâo Al­
ves Seixas pela velocidade do seu cavallo.
Atacaram a povoaçAo do Arruda, onde
foram queimadas casas, incendiados cerca­
dos etc. ‘ ........
No Apody nAo se effectuou pris&o por
terem os revolucionários reconhecido o Go­
verno.
Os revolucionários do Catolé do Rocha
depois de mezes de lueta, foram vencidos,
sendo remettidos para a Parohjrba, onde
gemeram em grilhões até a amnistia geral
das cortes de Lisboa.
(Do Commercio de Mossoró, de 25 de
março de 1910.)
88

Ofllcio(Uri
ffklo pelo Governo Interino
(lesta Capitania ao Provedor da
Fazenda Real.

Querendo a tropa desta cidade dar mai­


or testemunho de sua lealdade e realçar
mais o seu amor para com o nosso Ama.
dissimo Soberano despensa o augmento do
soldo que lhe foi dado pelo traidor André
de Albuquerque Maranhão, e só quer ter o
que lhe c dado pelo seu legitimo Soberano ;
V* S9 ordenará ao Almoxarife que assim o
entendai tendo principio no dia 25 de Abril
do corrente anno, dia glorioso da restau­
ração desta Capitania. Deus Guarde a
Quartel do Governo Interino «11 de Maio de
1817. Illm° Snr. Provedor da Real Fazen­
da, Manoel Ignacio Pereira do Lago.
Antonio Germano Cavalcante e Anto­
nio Freire de Amorim.
[Do Livro do Registro das Provisões
que vieram da Real Fazenda para a Prove­
doria do Rio Grande do Norte, png. 169];
89

Officio do Governador
pura todas its Câmaras da Capitania

Sendo indispensável como medida polí­


tica extinguir, como se nunca existissem,
todos os escriptos que estejam derramados
por esta Capitania, produzidos pelo bando
de rebeldes que temporariamente uzurparam
a Real Soberania ordeno a vmcês. que já e já,
publicando por editaes esta minha ordem,
façam recolher todas as determinações, car­
tas e mais papeis que se aífixaram ou exis­
tirem nas mãos dos empregados e ainda
mesmo dos particulares dessa villa, não cx-
ccptuando os militares ; e arrecadados que
sejam m’os remetttam fechados vindo ap­
pensos os que também houverem no seu ar-
chivo, comprehendidos mesmo alguns ter­
mos que se fizessem em livros, cujas tolhas
serão arrancadas,fazendo-se disto novo ter­
mo. No edital que publicarem tarão saber
que, si algum dia me for denunciada a'exis-
teneiade algum destes papeis na mão de
qualquer pessoa, ficará ipso facto reputada
cúmplice daquelles rebeldes e como tal puni­
da. Deus guarde a v. mecê. Cidade do Natal
00

10 de julho de 1S 1T. Josc Ignacio Borges.


• Srs. officines da cainara desta cidade.
[Do livro de registro de cartas e provi­
sões do Senado daC am ara deNataldc 1815
a 1823, pag. 118.)

Resposta da C amara ao ofíieio do Go­


vernador.
Illm0 Sur. Governador Josc Ignacio Bor­
ges. Recebemos o officio de S", datado de
10 do corrente, no qual determina que fa­
çamos publicar aos povos por editaes para
que façam entregar quaesquer papeis, que
tenhão em si. feitos no tempo do péssimo
Governo installado nesta Capitania por a-
quelles tyranos uzurpadores da Real Sobera­
nia do Augusto Soberano Senhor Nosso cuja
sabia determinação, já a pomos em execu-
cção e logo que nos forem entregues os p a ­
peis... e com os que existirem n’esta Cama.
ra, faremos remessa a V" S". Deus Guarde
Víl S°. Cidade do Natal em Vereação de 12
de julho de 1817. Souza, Moraes, Praça,
Pinho. Pu, Manoel José de Moraes, Escri­
vão vitalício da Camara escrevi.
[Citado livro de Registro, pag. 118 v.)
91

Vereação do Senado da Catnara de Natal.

Aos doze dias do mez de julho de 181 7,


nesta cidade do Natal, capitania do Rio
Grande do Norte, no Passo do conselho des­
ta, onde se achavam o juiz presidente, verea­
dores e procurador, menos o primeiro e ter­
ceiro vereadores que deram parte de doen­
tes e que por esta causa não assistiam a
presente sessão para accordarem no bem
eommum—Aceordaram em arrancar as fls.
20 e 27 deste livro e fl 89 do registro desta
Camara nas quaes se achavam lançados os
termos feitos no pérfido tempo do governo
installado nesta Capitania, em virtude da
ordem do governador desta Capitania José
Ignacio Borges que nos foi dirigida cm data
de dez do corrente, que fica registrada no
livro 18 a fls. 118 que serve nesta Camara.
Em virtude da mesma ordem mandaram
passar edital para fazer certo aos povos
deste termo, para que logo entregassem
todos e. quaesquer papeis ou cartas que ti­
vessem em seus poderes leitos naquelle mal­
vado tempo. E para que assim fosse cum­
prido, c por não haver mais em que acordar
mandaram fazer este termo em queassigna-
ram. Eu, Manoel José de Moraes, Escrivão
vitalício da Cam ara escrevi. Souza. Moraes.
Praça. Pinho.

Aos dois dias do mez de Agosto de 1817,


nesta cidade do Natal, Capitania do Rio
Grande do Norte, nos Passos do conselho
onde se achavam o juiz presidente, vereado-
dores e procurador para acordarem sobre o
bem commutn, acordaram eln remetter ao
governador desta Capitania os papeis que
foram entregues a este conselho feitos ao
tempo da revolução desta Capitania c na
conformidade do officio que por clle foi di­
rigido em data de dez de julho preterito.

E por não haver mais em que acorda­


rem, acordaram em fazer este termo em que
assignaram. E eu, Manoel José de Moraes.
Escrivão vitalieio daC am ara,escrevi. Rego.
Moraes. Vasconccllos. Pinho. Praça.

(Do livro de Vereações da Camara png.


29 e 32 v.)
RIO GRANDE DO NORTE

Classificação dos réos pelos membros


da Alçada, composta do Desembargador do
Paço Bernardo Teixeira Coutinho Alves de
Carvalho, como presidente ; dos Desembar­
gadores da Casa de Supplicação, Antonio
José de Miranda,como Adjuncto ;João Oso­
rio de Castro Souza Falcão,como Escrivão,
e Adjuncto deste José Caetano de Paiva Pe­
reira.

Réos cm pena de morte natural atroz

Pi incipaes Cabeças

Andre de Albuquerque Maranhão, Fal-


lecido.
Padre Antonio de Albuquerque Mon­
tenegro, vigário de Goyaninha. Fugido.
Padre João Damasceno Carvalho da
Cunha, visitador. Fallecido.

Réos a punir com penas immediatas

David Leopoldo Targini, o mesmo do


nv. 33 e 34. além de outros factos ein Port’
Alegre. Cárcere perpetuo ou galês perpetua.
—André de Albuquerque Maranhão, ca­
pitão de Villa Flôr, que foi com as suas or-
04

denanças ao engenho Belém; quando o seu


primo André de Albuquerque, coronel, pren­
deu o governador e rompeu a rebellion, o
acompanhou a S Josée á cidade, onde pro­
clamou a liberdade.
—Luiz de Albuquerque Maranhão, o
mesmo, a excepção de levar gente porque
não era commandante.
Luiz de Albuquerque Maranhão, se­
nhor do engenho Belém, onde o góvernador
foi preso.Dão tal coarctada verosimel,que se
fosse provada, os eximiriam de grandes pe­
nas ou ainda pequenas, bastante para não
soffrerem a pena de morte. Degradados per
petuamente para trez fortalezas em Por­
t ugal.
João Manoel da Paixão, tenente de ca-
vallaria miliciana.
Luiz Pinheiro de Oliveira, ajudante da
dita.
Manoel Antonio Moreira, Sargento-
mór da dita que puehou o Regimento. T o ­
dos dizem que não sabiam o fim, c julgavam
resultado da conferencia do governador
com André de Albuquerque e depois se viram
obrigados a obedecer c seguil-o até a cidade.
Degredo de dez an tios para os Estados de
Moçambique.
05

João Ribeiro de Siqueira e Aragão, In­


tendente da policia e depois commnndante
da fortaleza, serviu com actividadc. Dez un­
ito s para a India.
José Ignacio Marinho, ausente. Na ma­
nhã do dia 25, tocando rebate por ordem de
André de Albuquerque, coronel, marchou
com G ordenanças e 17 itulios para Belém, e
já estava preso o governador. Entrou na ci­
dade com o exercito. Dez annos para Alo-
çambicjuc
Assignado : João Ozorio de Castro Souza
Falcão.
Rcos a perdoar

Antonio da Rocha Bezerra.


Padre Feliciano José Dornellas. Foram
membros do governo provisorio. e não ha
mais facto. As testemunhas os defendem da
coaeção que André dc Albuquerque lhes fez
a recusa que lhes fizeram de aeceitar. O eoa-
cto não commette crime. Perdoados.
Antonio Ferreira Cavalcanti, capitão
rnór de Port’Alegre. Acompanhou o gover­
nador na viagem a Goyaninha e Belém, fi­
cando também como preso, até que André
de Albuquerque o fez vir com eile para a ci­
dade. Empregado como ajudante de ordens,
96

nega. Nomeado inspector de milieia para o


sertão, para onde foi com ordens, não cum­
priu, a excepção de contas aos thesoureiros.
Muitas testemunhas abonam a sua eondu-
cta. Perdão.
Antonio Germano Cavalcante de Albu­
querque, capitão e com mandante da com­
panhia de linha da cidade. Ir ao chamado
com ameaças que André de Albuquerque lhe
fez de Belém, senhor das forças e munições,a
que não podia resistir, e vir executar o que
elle determinou de ir esperar com tropa*
«ser membro do governo e governador das
armas, por força,# como dizem as* testemu­
nhas, e depois logo que poude fazer a con­
tra revolução que lez. Perdão.
Joaquim José do Rego Barros.O mesmo.
Perdão.
Felippe Bandeira de Moura :
Primeiro, foi membro d ’umgoverno pio-
visorio, formado em Port’Alegre no dia 10
de maio, já restaurada a cidade do Natal,
que proclamou e chamou gente á villa. Se­
gundo, muito influido, persuadindo a defeza
da patria. Terceiro, disse queacceitara obri­
gado por David Leopoldo, e temer o sertão
ainda rebelde, mas que iam fazer a contra
revolução que fizeram no dia IN.
07

Diz que não houve tal governo : que vie­


ra á Villa eomjoaquim Manoel Palacio e ou­
tros para assistir a fazerem a acclamaçAo cie
sua Magestade, tendo recebido otfieios do
governo interino da cidade, e por tenente-
coronel Leandro Francisco Dessa querer
maior solemnidade, mandou chamar os
seus officiaes todos, que moravam a largas
distancias, e só chegaram no dia 18 em que
o fizeram; que são falsos os oflieios que se
lhe apresentam.
Manoel Joaquim Palacio. Outro mem­
bro.
José Joaquim Vieira de Barros. Outro
dite».Dizem o mesmo.
Leandro Francisco Bessa. Fallccido cm
iguaes circuinstancias.
NAo ha mais factos contra clles. E ’ acre­
ditável a coarctada. e não crivei a existên­
cia de um tal governo, sem que houvesse
mais que duas testemunhas que vissem,
uma os editaes de sua installação, certa, e
outra, uns officios do dito governo. Per­
doados.
O padre João Barbosa Cordeiro, vigá­
rio da dita villa, quinto membro do dito
governo ; por este principio sem culpa. Mas
fechar as portas das casas e janellas quan­
98

do se fazia a acclainação e depois delia fu­


gir com David Leopoldo, conhecido rebelde,
•não está nas mesmas circumstancias e deve
expiar este facto comum degredo de 5 an­
nos para Angola. Vae a lista competente,
Francisco Marçal da Costa Mello, se­
cretario do tal governo. Não existe sem
mais facto. Perdoado ; auzente.
José Ignacio de Albuquerque Maranhão.
Não ha prova contra elle. Perdão.
João da Costa Bezerra. Sem prova. Pei-
dão. Pallecido.
João Saraiva de Moura. Partidista dos
rebeldes. Primeira testemunha. Perdoado.
Manoel da Natividade Vietor, escrivão
de Vi 11a Flor.Sem prova .Perdão.
Manoel Ignacio Pereira do Lago, pro­
vedor da Fazenda. Ir a Belém ao chamado
com ameaças de André de Albuquerque, sem
força, sem mais facto algum. Perdão.
Pedro Leite da Silva, em manifesto.
Perdão.
Assignado .João Ozorio de Castro Souza
Falcão.
99

Relação dos rcos ausentes para se­


rem presos e remet tidos â Bahia.

Padre Antonio Pereira de Albuquerque.


Antonio Germano Cavalcanti.
Francisco Marcai da Costa e Mello.
José Ignacio Marinho de Monin.
Manoel Antonio Moreira.
Luiz Pinheiro Teixeira
Manoel Ignacio Pereira do Lago.
Recife, 20 de setembro de 1818.

O desembargador escrivão da Alçada,


João Ozorio de Castro Souza Falcão. Fran­
cisco José de Souza Soares Andréa.

Relação dos presos que embarcaram


para a Bahia em virtude do real
aviso de 23 de julho de 1817

Antonio da Rocha Bezerra.


Antonio Ferreira Cavalcanti, canitão-
mór.
Agostinho Pinto de Queiroz.
Padre Feliciano José Dornellas.
Francisco José Correia de Oueiroga, sar.
gento. Pernambuco. .........
100

Joaquim cio Rego Barros, coronel.


JoAo Rabello ele Siqueira AragAo.
JoAo Saraiva de Moura.
Pedro Leite da Silva, capitAo.
Manoel da Silva Chagas ou Manoel
Frade.
Recife, 80 de setembro de 1818.

0 desembargador eserivAo da Alçada,


JoAo Ozorio de Castro Souza FalcAo.(*)

Provedoria dn Kcal Fazenda.


Registro da relação que se remet teu ao
desembargador da comarca, André Al­
vares Pereira Ribeiro e Cirne,dos papeis
achados aos confidentes abaixo decla­
rados:

Dois massos de papeis lacrados, apre-


hendidos a José Ignacio de Albuquerque M a ­

(*] O nome de um dos inconfidentes e o sobrenome de


outros, mencionados pela commissAo d’Alenda nesta lista, es­
tilo em pnrte alterados, o que tf taeil de verificar eotejundo-
se com os inseriptos na relaçAo. do cupitAo-mór governador
da Capitania, a pag, 81, enviada no capitAo general c gover
nador de Pernambuco.
Assim, ltf-se na lista d’Alçada: Padre João Damasccno
Carvalho dn Cunha, em vez de Padre JoAo Pnmasceno X avi­
er Carneiro, seu verdadeiro nome.
Ali vê sc dois inconfidentes de egunes nomes e sobrenomes—
101

ranhão, na occasião de sua prisão, remettU


dos a este juizo pelo governador desta Capi­
tania.
Um masso de papeis lacrados e apre-
hendidos a Antonio da Rocha Bizerra, na
occasião de sua prisão, entregue neste juizo
pelo capitão Joaquim José Gomes, que o
prendeu.
Um .masso de papel lacrado, aprehendi-
d o a j o ã o Rabello de Siqueira Aragão, na
occasião de sua prisão, entregue neste juizo
pelo capitão Joaquim Torquato Soares da
Camara, que o prendeu.
Um flandre de papel lacrado, aprenhen-
dido ao mesmo João Rabello, no mesmo dia
de sua prisão, na occasião em que se lhe fez
sequestro em seus bens por este juizo.
Uma mala de papeis lacrados, aprehen-
didos ao padre Feliciano José Dornellas, no
mesmo dia de sua prisão, na occasião em
Luiz de Albuquerque Maranhão—quando um delles tem de­
pois do nome de Luiz o sobrenome de Manoel.
João da Costa Bezerra, é assim chamado pela commi&são
d’Alçada no passo que o verdadeiro nome é José da Costa Be­
zerra, segundo as investigações a que procedemos.
O modo precipitado e a perseguição com que se houve a
Alçada nos julgamentos dos patriotas de 1817, motivaram
os erros apontados, r lém de outros, que devemos corrigir por
amor á verdade histórica.
V icunti! nu L emos.
102

que Se lhe íez sequestro cm seus bens por este


juizo.
Canastra de papeis lacrados e aprehen-
didos a Joaquim José do Rego Karros, na
oeeasião de sua prisão, entregue neste juizo
pelo sargento-mór Antouio Marquesdo Val-
lc, que o prendeu.
O provedor da Real Fazenda e Juiz dos
Feitos da mesma, Manoel Ignaeio Pereira
do Lago.

(Do Livro de Registro das Provisões,que


vieram da Real Fazenda para a Provedoria
do Rio Grande do Norte, pag. 1 9 L )

Registro de foro ilc Fidalgo de André de


Albuquerque Maranhão, filho de André de
Albuquerque Maranhão.

Eu a Rainha faço saber a vós D. T ho-


maz de Lima Vasconcellos Nogueira Telles
dei Silva, Visconde de Villa Nova da Cervei-
ra, do meu conselho Ministro e Secretario,
de Estado dos Negocios do Reino, que ser­
vis de meu Mordomo M ór : Que hei por
bem e me praz fazer Mercê a André de Albu­
querque Maranhão, natural da Freguczia
103

de Goyanínha. do Recife de Pernambucft, fi­


lho de André de Albuquerque Maranhão,
Fidalgo de minha Casa, e neto de Gaspar
de Albuquerque Maranhão, de o tomar no
mesmo Foro de Fidalgo e Escudeiro delia,
coin mil e duzentos reis de moradia por mez,
juntamente o acrescento logo a Fidalgo
Cavalheiro, com trezentos reis mais em sua
moradia para que tenha e haja mil e qui­
nhentos de moradia por mez de Fidalgo C a­
valheiro, e um alqueire de cevada por dia
paga segundo a ordenança e de foro e mora­
dia, fpie pelo dito seu pai lhe pertence.
Mando vos o façaes assentar no livro de
matricula dos moradores dc minha casa em
seu titulo com a dita moradia e cevada. Lis­
boa, 2d de Agosto de 1781. Rainha. Viscon­
de de Villa Nova da Cervcira. Praz a V.
Magestade fazer Mercê a Andrcde Albuquer­
que Maranhão. Fidalgo da sua Real Casa e
neto de Gaspar de Albuquerque Maranhão,
de o tomar por Fidalgo Escudeiro delia e
acrescentando a Fidalgo Cavalheiro, com
mil e quinhentos reis de moradia, por mez, e
um alqueire de cevada por dia, e de foro e
moradia, que pelo dito seu pai lhe pertence.
P, P. Portaria do Illm9 e Exui9 Visconde,
que serve de Morduino Mór,dc22de Agosto
1<>4

de 1787. Registrado no livro 2 da matricu­


la a fl. 3 e pagou mil e duzentos reis. Lis­
boa, 23 de Outubro de 1787. Rs. 1$200.
José Caetano Sergio de Andrade. José M au­
rício da Gama e Freitas, o fez escrever. Fica
assentado este Alvará nos livros das Mercês,
c pagou mil e duzentos reis. Peiro Caetano
Pinto de Moraes Sarmento. Registrado a
fls. 02 do livro 4o. Manoel Joaquim Borges
da Silva, o fez. Registrado a fls. 18 do livro
8 de Registros de Provizões e Ordens Reaes
de partes, que servem nesta Secretaria de
Pernambuco. Recife, 12 de Abril de 1788.
I). Antonio Pio de Lucena e Castro Regis­
trado a fls. 87 do li vro 13 dos Registros que
serve nesta Secretaria do Rio Grande do
Norte. Cidade de Natal, 12 de Maio de
1788. Manoel Pinto de Castro. F mais não
se continha no dito Fôro de Fidalgo que a­
qui registrei aos 29 de Maio de 1788. O escri­
vão da Camara, Ignacio Nunes Correia
Thomaz.

(Copiado do livro n° 14 das Cartas e


Provizões do Senado da Camara de Natal,
d'e 1775 a 1788, pagina 223, existente no
Instituto Historico e Gcographico do Rio
Grande do Norte.]
105

SEQUESTROS
Meiaçiio dos bens de D. Antonia fose-
phn do Espirito Santo Ribeiro, (*)

lgmicio Joaquim da Silva, Escrivão de


orphcios nesta Yilla Flôr e seu termo, Ca­
pitania do Rio Grande do Norte, comarca
da Cidade da Parahyba do Norte por Sua
Alteza Real o Principe Regente Nosso Se­
nhor, (pie Deus Guarde, etc.
Certifico que, revendo o inventario que
por este juizo se fez dos bens do casal de D‘l
Antonin Joscpha do Espirito Santo Ribeiro,
por fallecimento de seu marido o Coronel
André de Albuquerque Maranhão, de que
foi a Suplicante inventariante, nelle á folhas

(*) D Antortia Josephado Espirito Santo Ribeiro,crft viuva


e mfti do chefe da rebellião, coronel André de Albuquerque
Maranhão, filho de outro de egual nome.
Palleceu a 20 de Abril de 1817, horas depois de ter expi­
rado André de Albuquerque na prisão da f »rtaleza dos Santos
Reis Magos.
O Provedor da fazenda real ordenou o sequestro dos bens
da extincta, constante do presente inventario, como se veri­
fica do officio de 14 de julho do mesmo anno, que o governa­
dor José Ignacio Borges dirgiu ao general governador de
Pernambuco:
«Logo (pie foi proclamada nesta Capitania a real sobera­
nia, diz Ignacio Borges, ptocedeu o Procurador da Fazenda
Real, juiz dos feitos da execução delia, a confisco e apprehen-
106

cento e vinte trez se acha lançado a sua meia-


eão do theor e forma seguinte : Para a mei-
ação da Inventariante da quantia de qua­
renta e oito contos oitocentos e cincoenta e
nove mil oitocentos e cincoenta e dois reis
(48:859$852) ,.deu-se-lhe metade da divida
de IvOurenço Pereira da Silva, lançada da
quantia de cento e oitenta e um mil duzentos
e cincoenta reis,com quesesae.......181$250
Mais na metade da de Antonio
dos Santos de Araújo, lançada da
quantia de duzentos e vinte e cinco
mil reis, com que se sae................. 225$000

são em todos os bens e papeis pertencentes ao chefe da rebel-


litlo, André de Albuquerque Maranhão, seus parentes e co­
reos que com elle figuraram na revolução desta Capitania,
ampliando a diligencia a todos os bens que aqui existiam,
pertencentes ao resto da família, moradores nas capitanias
de Pernambuco e Parahyba, por ser manifesto que todos elles
se envolveram nos desgraçados acontecimentos politicos que
elles sentiram.....constando-me que na Capitania da Parahy
ba haviam algumas fazendas pertencentes áquelle chefe de re-
bellião e sua mãi, fallecida algumas horas depois delle.
(Officio existente na Secretaria do governo d’aquelle Esta­
do. )
Pelo officio do mesmo Ignacio Borges, inserto a pagina
81,vê-se também que.feitoo sequestro,foiJrem»ttido ao Desem­
bargador do Paço, Bernardo Teixeira,Presidente da Alçada,
por intermédio do Governador de Pernambuco.

V icente de L emos .
107

Mais metade da de Ignacio Pe­


reira de Mello, da quantia de um
conto quinze mil setecentos ecinco-
enta reis, com que sesae............1:015$750
Mais metade da de Luiz Anto­
nio de Albuquerque Maranhão, da
quantia de duzentos e cincoenta
mil reis, com que se sae.................250$000
Mais metade da de Miguel Pi­
nheiro Teixeira, da quantia de cem
reis, com que se sae......................100$000
Mais metade da dos herdeiros
de Manoel de Palhares Coelho.lan­
çada neste Inventario da quantia
de quarenta e nove mil reis, com
que se sae................. ................... 49$000
Mais metade da de Baltha­
zar Pereira dos Reis, lançada da
quantia de seiscentos e vinte e sete
mil reis, com que se sae................. 627$000
Mais metade da de João Fran­
cisco de Albuquerque Maranhão,
lançada da quantia de quatro mile
quinhentos reis, com que se sae.... 4$500
Mais metade da de José Felix
Barboza, lançada da quantia de um
conto e um mil setecentos esetenta
e dois reis, com que sesae...........1.001$772
108

Mais metade da do Padre


José Ignacio Ribeiro, lançada
da quantia de cento e dez mil reis,
com se sae.................................... 110$000
Mais metade da de José Borges
da Costa, lançada da quantia de
trinta e oito mil novecentos e ein-
coenta reis, com que se sae......... 38$950
Mais metade da deEstevam da
Costa, lançada da quantia de qua­
trocentos c quarenta eum mil qua­
trocentos e cincoenta reis, com que
se sae............................................. 441 $450
Mais metade da de Domingos
Ribeiro, lançada da quantia de
quinze mil e quatrocentos reis, com
que sc sae ................................. 15$400
Mais metade da de José da
Costa Mello, lançada da quantia
de quinhentos e sete mil e cem
reis, com que se sae....................... 507$100
Mais metade da de Luiz José
Machado, lançada da quantia de
vinte coito mil reis,com que se sae.... 28$000
Mais metade da de Josepha
Maria, lançada da quantia de trin­
ta e oito mil reis, com que sc sae... 38$000
Mais metade da de José Ferrei-
ra Freire Pedroza, lançada da quan­
tia de novecentos e oitenta mil e
seiscentos reis,com quese sae.........980$600
Mais metade da deJoséM ar-
tins Praça, lançada da quantia de
cento e trinta e um mil quatrocen­
tos e noventa e um reis, com que se
sae................................................131$491
Mais da de João do Rego, lan­
çada da quantia de cento e quinze
mil e oitocentos reis, com que se
sae................................................1 lõ$800
Mais metade da de Timotheo
Ferreira, lançada da quantia de
quinhentos e oitenta c dois mil c
quinhentos reis,com quese s a e ....582$500
Mais metade da do Tenente Jo­
sé Francisco, lançada neste Inven­
tario, da quantia de dezenove mil
quinhentos e cincoenta reis, com
que se sae..................................... 19$550
Mais metade da de Manoel
José de Souza, lançada da quantia
de quatrocentos e noventa mil e
quarenta e trez reis,com quesesae,.490$043
Mais metade de outra do mes­
mo,da quantia de dezeseis mil reis,
com que se sae................................ 16$000
110

Mais metade da do Capitão


Manoel da Fonseca Galvão, lan­
çada da quantia de cento e noven­
ta c nove mil cento e vinte e trez
reis, com que se sae....................... 199$ 123
Mais metade da do Capitão-
rnór João de Albuquerque M ara­
nhão, da quantia de noventa eoito
mil quinhentos e cincoenta reis,
com que se sae............................... 98$550
Mais metade da de João Pe­
reira dos Reis, lançada da quantia
de oitenta e quatro mil quinhentos
e vinte reis, com que se sae........... 84$520
Mais metade da de Felix Gomes
Pequeno, lançada da quantia de
dezenove mil e quatrocentos reis,
com que se sae............................... 19$400
Mais metade da de Manoel
Martins Neves, lançada da quantia
de oitenta mil reis, com que se sae 80$000
Mais metade da de Manoel Nu­
nes Ribeiro, lançada da quantia de
trinta c cinco mil e quarenta e cin­
co reis, com que se sae...................535$045
Mais metade da de Francisco
Falcão de Vasconcellos, lançada da
Ill

quantia dc quarenta mil e quinhen­


tos reis, com que se sae.................. 40,$500
Mais metade da de Lourenço
José dos Anjos, lançada da quan­
tia de trez mil e quinhentos reis,
com que se sae.................................. 3$500
Mais metade dei de Manoel José
de Gouveia, lançada da quantia de
trezentos mil reis, com que se sae ,.300$000
Mais metade da do Sargento
mór Luiz de Albuquerque M ara­
nhão, com Ignacio Leopoldo, lan­
çada da quantia de-um conto ses­
senta mil e cincoenta e sete reis,
com que se sae........................... 1:060$057
Mais metade da de José Anto­
nio, lançada da quantia de dez mil
cento e setenta reis.com que se sac,..10$170
Mais metade da de Antonio de
Souza Castro, lançada da quantia
de sessenta e um mil reis, com que
se sae...............................................01 $000
Mais metade da de Gaspar de
Albuquerque Maranhão, da quan­
tia de vinte e cinco mil reis, com
que se sae.......................... 25$000
Mais metade da do Sargento
mór José Felippe de Albuquerque
m

Maranhão, da quantia de trezen­


tos mil reis, com que se sae............300$00()
Mais em dinheiro do lançado,
seiscentos e oitenta e um oito­
centos e noventa e um reis, com
que se sae.................................... H81$893
Mais um par de fivelas de
ouro, depois dos lançados, em seu
valor da quantia de trinta e cinco
mil duzentos e quarenta reis, com
que se sae......................................... 35$240
Mais duas varas de collar com
um crucifnto de ouro, lançado em
seu valôr de sessenta e um mil du­
zentos e eincoenta reis, com que se
sae ........... 61$250
Mais um broxe de ouro com
quatro voltas de cordão, lançado
em seu valôrdetrintaesetemil seis­
centos e quarenta reis, com que se
sae....................................................37$G40
Mais oito pares de botões de
ouro de jalcco lançados em seu va­
lor de eincoenta e seis mil setecen­
tos e oitenta reis, com que se sae....56$780
Mais dois pares de ditos, cota­
dos em seu valôr de quinze mil no-
113

veecntos.e sessenta reis, com que


se .................................................. 15$960
Mais um dedal de ouro, lançado
em seu valor de dois mil c vinte
2$020
reis, com que se ..............................
Mais um par de brincos de
ouro, lançado em seu valor de mil
quatrocentos e quarenta reis com
que se ............................................ 1$440
Maistrez varas de cordão tino,
de ouro. lançado em sua avaliação
de onze mil setecentos e sessenta
11$760
reis, com que se .............................
Mais quatro palmos de cordão
e um São Braz, tudo de ouro, lan­
çados em seu valor de quatro mil
seiscentos e oitenta reis, com que se
sae................................ ................. 4$680
Mais quatro palmos ditos de
ouro, em seu valor de quatro mil e
oitenta reis, com que se sae...............4$0S0
Mais trez palmos ditos de ouro,
em seu valor de dois mil seis­
centos e vinte reis, com que se sae...2$020
Mais um...........de ouro, lan­
çado em seu valôr de mil seiscentos
e quarenta reis, com (pie se sae..........1$640
Mais um par de brincos de con-
114

tas, de ouro, lançado em seu valor -


de quinhentos e vinte reis, com que
se sae....................................................$520
Mais duas voltas dc continhas
do Rio de Janeiro com um São Braz,
lançadas em seu valor de dois mil e
oitocentos reis, com que se sae........... 2$800
Mais uma coberta de pente de
ouro,lançada em seu valor de qua­
tro mil cento e sessenta reis, com
que se sae............................................4$1G0
Mais uma redoma grande de
ouro com vidro, lançada em seu va­
lor de quatorze mil reis, com que se
sae................................................... 14$000
Mais um relicário de ouro, com
vidro, lançado em seu valor de
doze mil e seiscentos reis, com que
se s a e ....................................................... 1 2 $ 6 0 0
Mais uma bola de guardar am­
bre, de ouro, lançada em seu valôr
de dois mil e cem reis, com qu° se
sae.................................... ................ 2$10(>
Mais um rosariozinho com P a ­
dre-Nossos eCruzde ouro, lançado
em seu valôr de quatro mil e du­
zentos reis, com que se sae............ 4$2Q0
Mais outro dito,lançado em seu
valor dç dois mil e cem reis,com que
se sae......................... ...................
2$100
Mais utn adereço de diamantes,
lançado cm sen valôr de eem md
reis, com que se sae...................... ioo$ooo
Mais outro dito, mais interior,
lançado em seu valôr de vinteeein- ^ ^
co mil reis, com que se sae...«..........
Mais um de prata, em seu va -
lôr de onze mil e duzentos reis, com
U $200
que se sae........................................
Mais dois copos de prata, dos
lançados em sen valôr de dezcscis
mil e oitocentos reis, com que se
«K-...................................................16*800
Mais um castiçal de mão, de
prata, lançado em seu valor de oito
mil e oitocentos reis, com que se sae—
Mais doze colheres de prata,
lançadas em seu valôr de vinte e
nove mil e seiscentos reis, com que
......29$000
se sae.....................................
Mais uma salva de prata, l«t*
vrada, lançada em seu valor de
dezenove mil e oitocentos reis, com
19£800
que se sae..... .................................
Mais uma dita liza, lançada cm
seu valôr de dezesete mil e seiscentos
116

reis, com que se sae........................ 17$600


Mais outra dita maior,lançada
em seu valôr de vinte e cinco mil
e seiscentos reis, com que se s a e .....25$600
Mais uma taça de prata,lança­
da em seu valôr de quatro mil reis,
com que se sae....................................4$000
Mais um talher de meza, de
prata, moderno, lançado em seu
valôr de cincoenta e seis mil reis,
com que se sae................................ 5tí$000
Mais uma bacia e jarro de A-
gôas-Mãos, de prata, lançados em
seu valôr de sessenta mil e quatro­
centos reis, com que se sae............. 60$400
Mais um copo de prata, lan­
çado em sua avaliação de quatorze
mil e quatrocentos reis,com que se
sae...................................................14#400
Mais uma bengala com castão
de prata,lançada em sua avaliação
de trez mil e quinhentos reis, com
que se sae................................ 3$500
Mais sete facas com cabo de
prata, lançadas em sua avaliação
de doze mil e setecentos reis, com
quejse sae.................... 12$700
Mais um faqueiro r!e duzia
117

grande de prata com caixa de lixa


aparelhado da mesma, lançado em
sen valor de setenta e nove mil e
oitocentos reis, com que se sae........79$800
Mais outro dito de viagem,
mais pequeno, lançado em seu va­
lor de trinta e um mil e quatrocen­
tos reis, com que se sae................... 31 $400
Mais um par de esporas gran­
des, com fivelas de prata, lançado
em seu valor de dezesete mil e du­
zentos reis,- com que se sae............. 17$200
Mais um taxo de cobre,lançado
em sua avaliação de dois mil e oi­
tocentos reis, com que se sae..............2$800
Mais outro dito,lançado em sua
avaliação de sete mil e quatrocen­
tos reis, com que se sae..................... 7$400
Mais um dito pequeno,lançado
em sua avaliação de um mil c du­
zentos reis, com que se sae................ 1$200
Mais outro dito mais pequeno,
lançado em sua avaliação de qua­
trocentos reis, com que se sae.............$400
Mais duas espumadeiras,lança­
das cm sua avaliação de duzentos
reis, com que se sae............................. $200
Mais uma bacia pequena, de
118

cobre, lançada em sua avaliação de


uni mil c duzentos reis, com que se
sae..................................................... 1$200
Mais outra dita, lançada em
sua avaliação de um mil c cem reis,
com que se sae.................................. 1$100
Mais uma bacia grande de ara­
me, lançada ern sua avaliação de
dezenove mil oitocentos e quaren­
ta reis, com que se sae..................... 19$840
Mais um almofariz de bronze,
lançado em sua avaliação de dois
mil reis, com que se sae.................. 2$000
Mais um caldeirão de cobre,
" lançado em sua avaliação de sete
mil e duzentos reis, com que se
sae......................................................7$200
Mais toda a louça de meza,
lançada em sua avaliação de trin­
ta mil e oitocentos reis, com que se
sae................................................... 90$800
Mais quarenta e quatro enxa­
das, lançadas em sua avaliação de
dezesete mil e seiscentos reis, com
que se sae......................................... 17$600
Mais doze foices pequenas, lan­
çadas em sua a valiação’de novecen­
tos e sessenta reis, com que se sae.......$960
119

Mais oito ditas grandes,lança­


das em sua a valiação de dois mil
quinhentos e sessenta reis, com que
se sae................................................ 2 $560
Mais oito machados de serviço,
lançados ern sua avaliação de qu a­
tro mil trezentos e vinte reis, com
que se sae..........................................4$320
Mais uma banca velha, lança­
do em sua avaliação de um mil reis,
com que se sae.................................. 1$000
Mais trez cadeiras de palhinha,
velhas, lançadas em sua avaliação
de quatrocentos e oitenta reis, com
que se sae.............................................$480
Mais seis cadeiras de encosto,
cobertas de sola, lançadas cm sua
avaliação de cinco mil reis,com que
sc sae................................................. 5$000
M ais uma tneza velha, lançada
cm sua avaliação de um mil reis,
com que se sae................................... 1$000
Mais dois barris dc mascovia,
lançados em sua avaliação de doze
mil e oitocentos reis, com que se
sae............................................... ,...12$800
Mais outro dito, velho, lança­
do em sua avaliação de quatro mil
12(1

reis, com que se sae.......................... 4$000


Mais uma caixa dc páo am a-
rello, lançada em sua avaliação de
trez mil e duzentos reis com que se
sae....................................................3$200
Mais uma commoda de páo a*
marello, lançada em sua avaliação
de tres mil reis, com que se sae.........3$000
Mais um ferro de engommar,
lançado cm sua avaliação de um
mil reis, com que se sae...................1$000
Mais um candieiro de latão,
lançado em sua avaliação de oito
mil reis, comque se sae................... 8$000
Mais um bule de estanho, lan­
çado em sua avaliação de quatro­
centos e oitenta reis com que se sae......480
Mais a escrava Antonia Ango­
la, lançada em sua avaliação de
cento e dez mil reis,com que se sae.ll0$()00
Mais o escravo Vicente, lança­
do em sua avaliação de cento e dez
mil reis, com que se sae..................110$000
Mais o escravo Joaquim Ango­
la, lançado em sua avaliação de
. cento e trinta mil reis, com que se
sae.................................................130$000
Mais o escravo Caetano Ango-
la, lançado em sua avaliação de
oitenta mil reis, com que se sae.....80$000
Mais o escravo Francisco An­
gola, lançado em sua avaliação de
cento e vinte mil reis, com que se
sae..................,...................... ....... 120$000
Mais a escrava Victoria Ango­
la, com uma filha de peito,de nome
Leandra, em sua avaliação de cen­
to e vinte mil reis, com que se sae..l20$000
Mais a escrava Fclippa Cabra,
lançada em sua avaliação de cento
e quarenta mil reis, com que sc sae.l40$00()
Mais o escravo Roinão Mulati-
nho, filho da dita, lançado em sua
avaliação de sessenta mil reis, com
epie se sae........................................ 60$000
Mais Christovam Mulatinho,
filho da dita, lançado em sua ava­
liação de eincoenta mil reis. com
que se sae.........................................50$000
Mais Jeronymo Mulatinho, fi­
lho da dita, lançado em sua avali-
ção de trinta e cinco mil reis, com
que se sae........................... 35$000
Mais Raymundo Mulatinho, fi­
lho da dita, lançado em sua avalia­
ção de trinta mil reis,com que se sae.3()$()00
122

Mais a escrava Marh JoséCre-


oitla, casada eom Joaquim, lança­
da cm sua avaliação de cem mil
reis, com que se sae....................... 100$000
Mais Domingas Angola, casa­
da com Vicente, lançada em sua a­
valiação de sessenta mil reis, com
que se sae......:................................. G0$000
Mais Januaria Creoula, lança­
da em sua avaliação de noventa
mil reis, com que se sae...................90$000>
Mais Maria Joaquina Cabra,
lançada em sua avaliação de cen­
to e vinte mil reis, com que se sae..l20$00Q
Mais Mariinha Cabrinha, filha
de Januaria, lançada em sua ava­
liação de cento e trinta mil reis,
com que se sae............................... 130$0()0
Mais Josepha Creoula, lançada
em sua avaliação de cem mil reis,
com que se sae............................... 100$000
Mais Rita Cabra, lançada em
sua avaliação de sessenta mil reis,
com que se sae..................................G0$000
Mais Thereza Creoula, lança­
da em sua avaliação de oitenta mil
reis.com que se s a e ..........................80$000
Mais João Angola, lançado cm
123

sua avaliação de cento e vinte mil


reis, com que se sae....................... 120$000
M aisjoão Mulato Carreiro,lan­
çado em sua avaliação de cento e
quarenta mil reis, com que se sae...l40$000
Mais Matheus Carreiro, lança­
do etn sua avaliação de cento e
vinte mil reis, com que se sae......... 120$000
Mais Valentim Creoulo, lança*
doem sua avaliação de cento e trin­
ta mil reis,com que se sae............. 130$000
Mais Leandro Creoulo, lança­
do em sua avaliação de cento e trin­
ta mil reis, com que se sae............. 130$000
Mais o escravo Pedro Creoulo,
lançado em sua avaliação de cem
mil reis, com que se sae.................. 100$O00
• Mais o escravo Paschoal C a ­
bra, lançado em sua avaliação de
cento e vinte mil reis. com que se
sae.................................................120$000
Mais o escravo Creoulo, lança­
do em sua avaliação dc cento e vin­
te mil reis, com que se sae............. 120$000
Mais o escravo Marcos Creoulo,
lançado em sua avaliação de cento
e vinte mil reis, com que se sae...... 120$000
Mais a escrava Margarida Mu-
124

lata, lançada em sua avaliação de


cento e quarenta mil reis, com que
se sae............/................................ 140$000
Mais o escravo Cypriano Ango­
la, lançado em sua avaliação de
trinta mil reis, com que se sae.........00$O0(>
M a i s L u z ia A n g o la , m ulher d o
dito, la n ç a d a em sua a v a li a ç ã o de
oitenta mil reis, Com que se sae..... 80$000
Mais a escrava Roza Angola,
mulher de Caetano,lançada em sua
avaliação de sessenta mil reis, com
que sesae......................................... 60$000
Mais a escrava Maria Angola,
lançada em sua avaliação de cem
mil reis, com que sc sae..................100$000
Mais a escrava Catharina An­
gola, lançada em sua avaliação de
eem nul reis, com que se s a e ........... 100$00ü
M ais a escravaJoaquina Ango- .
la,lançada em sua avaliação de cen­
to e dez mil reis, com que se sae..... 11 C$000
Mais a escrava Maria Ouiçainá,
lançada.em sua a v a l i a ç ã o de cento
e dez mil reis, com que se sae...........1 1 0 $ 0 0 0
M a i s C n sein lro A n g o la , la n ç a ­
do em sua avaliação de cento c vin­
te mil reis, com que se s a e ............. 120$000
125
J,__

Mais « escravo 1’aulo Angola,


lançado cm sua avaliação de cento
e dez mil reis, com que se sae......110$000
Mais a escrava Catharina An­
gola, lançada cm sua avaliação de
cento e de?, mil reis,com que sc sac..iio$ ooo
Mais o escravo Manoel Mulun-
gú, lançado cm sua avaliação de
cento e vinte mil rcis.com que se
sae................................ !............... 120$000
Mais o escravo Antonio Crçou-
linho, filho de M aria do Carmo,
lançado em sua avaliação de trin­
ta mil reis, com que se sae...............30$000
Mais o escravo João Gomes An­
gola, lançado em sua avaliação de
cento c dez mii reis,com que se sae..ll()$000
M a i s o CScra vo F rancisco F n la -
congo, lançado em sua avaiíaçAo
de cento e dez mil reis, com que bc
sae................................................. no$ooo
Mais ocscravo Domingos João
Angola, lançado em sua avaliação
de cento e vinte mil reis, com que
se síie............. ..........iiimiiaiiiuioi'120^000
Mais o escravo Domingos Tor­
to Angola, lançado em snn nvalia-
126

ção de cento e vinte mil reis, com


que se sae....'.................................. 120$000
Mais a escrava Luiza Maria
Angola, em sua avaliação de no- •
venta mil reis, com que se sae....... 905j>000
Mais o e scra vo Domingos An­
gola, lançado em sua avaliação de
sessenta mil reis, com que se sae.... G0$000
Mais o escravo Caetano Caran-
gueijeiro, lançado em sua avalia­
ção de cento e vinte mil reis, com
que se s a e ..................................... 120$000
Mais Francisco Cigano Ango­
la, lançado em sua avaliação de
cento e trinta mil reis, com que se
sae................................................ 130$()00
Mais o escravo Antonio Verme­
lho, lançado em sua avaliação de
Cento 0 trinta mil reis, com q ue se
sae.................................. 130$000
M a i s o e s c ra v o J o a q u im M e n -
ílm q u e ,la n ç a d o em sua n vuliactlo cie
cento e vinte mil rei-«, com que se
sae................................................. 120$0()0
Mais o escravo João Antonio,
lançado em sua avaliação de cento
£ dez mil reis, com que se sae........ 110$000
Mais o escravo Manoíno Ango-
127

la, lançado etn sua avaliação de


cento e vinte mil reis, com que se
s a e .................. ......................................1 2 0 $ 0 0 0
Mais o escravo João Wencesláo
Creoulinho, lançado em sua avali-
çã o de oitenta mil reis, com que se
sae........... ...................................... 80$000
Mais o escravo Miguel Angola,
lançado em sua avaliação de cento
e vinte milreis,com que se sae....... 120$000
Mais o escravo José Tanga,
lançado em sua avaliação de cento
e vinte mil reis, com que se sae.. ....120$000
Mais o escravo José Zuza, lan­
çado em sua avaliação de cem mil
reis, comque se sae.........................100$000
Mais a escrava Catharina Pas­
sa na Roda, lançada em sua avalia
çAo de cento e âez mil reis, com que
se sae........... .................................. 110$000
R/Inis o e s c r a v o F r a n c i s c o C a p i -
evngo, la n ç a d o em s u a a v a li a ç ã o
de cem mil reis. com que se sae......100$000
Mais a escrava Negrinha Ango­
la, lançada neste Inventario, digo,
Angola, de nome Gracia, lançada
cm sua a v a l i a ç ã o de n o v e n t a mil
reis, com que se sae......................... 90$000
12«

Mais o escravo Bazilio Creoulo,


lançado em sua avaliação de cento
e trinta mil reis, com que se sae....130$000
Mais a escrava Maria, viuva,
lançada em sua avaliação de cento
e dez mil mil reis, com que se sae...ll0$000
Mais o escravo Domingos Cu­
nha, lançado em sua avaliação de
cento e vinte mil reis, com que se
sae....................................... ......... 120 $000
Mais o escravo Domingos M o ­
leque, lançado em sua avaliação de
noventa mil reis, com que se sae......00$000
Mais o escravo Damião, lançado
cm sua avaliação de cento e dez mil
reis, com que se sae.......................110$000
Mais o escravo Matheus Ango­
la, lançado em sua avaliação de oi­
tenta mil reis, com que se sae...........80$000
Mais o escravo João de Deus
Angola, lançado em sua avaliação
de cem mil reis, com que se sae.....100$000
Mais a escrava Romana Ango­
la, lançada em sua avaliação de
cento e dez mil reis, com que se sac.ll0$00()
Mais a escrava Catharina An­
gola, lançada em sua avaliação de
cem mil reis, com que se sae...........100$00()
129

Mais a escrava Theresta Negri­


nha, lançada cm sua avaliação de
cem mil reis, com que se sae...........1()()$0()0
Mais a escrava Joanna Negri­
nha, lançada em sua avaliação de
cem mil reis, com que se sae.......... 100$000
Mais a escrava Joaquina Ango­
la, lançada em sua avaliação de oi­
tenta mil reis, com que se sae...........80$000
Mais o escravo Manoel Januá­
rio, lançado em sua avaliação de
cento c dez mil reis, com que se sae .110^000
MaisMatheus Vermelho, lança­
do em sua avaliação de cento e dez
mil reis,com quese sae...................110$000
Mais o escravo Victor Angola,
lançado em sua avaliação de cento
e dez mil reis, com que se sae..........110$00()
Mais a escrava Joaquina Negri­
nha, lançada em sua avaliação de
cento edez mil reis,com que se sae...ll0$000
Mais o escravo Vicente Creouli-
nho, lançado em sua avaliação de
cem mil reis,com que se sae............100$000
Mais o escravo Mathcus Guaxi­
nim, lançado em sua avaliação de
cem mil reis, com quese sae........... 100$()00
Mais o escravo Antonio Velho,
130

lançado cm sua avaliação de oiten­


ta mil reis, com que se sae................80$000
Mais o escravo Vicente Velha­
co, lançado em sua avaliação de
cem mil reis, com que se sae...........100$000
Mais o escravo Joaquim Creou-
lo, lançado em sua avaliação de
cento e trinta mil reis, com que se
sae................................................. 130$000
Mais a escrava Maria do Car­
mo, lançada em sua avaliação de
cento e dez mil reis,com que se sae..ll0$000
Mais a safra de eannas, plan­
tadas nas terras deste Engenho,
lançada em sua avaliação de qua­
trocentos e oitenta mil reis, eom
que se sae...................................... 480$000
Mais no valor do engenho Cu-
nhahú,com todos os seus cobres ea-
ccessorios e todas as terras e per­
tences annexos á dita propriedade,
na lorma que foi lançada da quan­
tia de dezoito contos trezentos mil
setecentos e vinte e trez reis, com
que se sae...v............................ 18.300$723
Mais quinze vaccas paridas,
existentes no engenho, lançadas em
131

sua a\aliação de noventa mil reis,


com que se sae................................ 90$000
Mais quinze ditas solteiras,lan­
çadas em sua avaliação de setenta
e cinco mil reis,com que se sae.........75$000
. Mais déz ditas solteiras, lança­
das em sua avaliação de cincoenta
mil reis, com que se sae...................50$000
Mais quatorze novilhas, lança­
das em sua avaliação de cincoenta
e seis mil reis,com que se sae...........56#000
Mais cinco garrotas, lançadas
em sua avaliação de cincoenta mil
reis, com quê se sae......................... 50$000
Mais sete garrotes,lançados em
sua avaliação de noventa eoito mil
ivis.com que se sae.......................... 98$000
Mais quatro novilhos bois,
lançados em sua avaliação de ses­
senta e quatro mil reis.com que se sae.64$000
Mais sessenta bois de carro,
lançados em sua avaliação de qua­
trocentos e oitenta mil reis, com
que se sae...................................... 480$000
Mais dezoito quartaes de fabri­
ca de Engenho, lançados em sua a ­
valiação de cento e oitenta mil reis,
com que se sae............................... 180$000
\32

Mais a fazenda de terras de cri­


ar gados, denonitnada Timbaúba.
sita no sertão da ribeira das P ira­
nhas, na forma lançada em sua a ­
valiação de oitocentos mil reis,com
que se sae..................... .................80$()00
Mais duzentas e eincoenta va-
ceas paridas na mesma fazenda,
lançadas em sua avaliação de um
conto e quinhentos mil reis, com
que se sae................................... 1:500$000
Mais eincoenta vaccas soltei­
ras na mesma,lançadasem sua ava­
liação de duzentos e eincoenta mil
reis, com que se sae......................... 250$000
Alais cem novilhas na mesma
fazenda, lançadas em sua avaliação
de quatrocentos mil reis,'com que-
se sae..............................................400$000
Alais cem novilhas na mesma,
lançadas em sua avaliação de qua
trocentos mil reis, com que se sae..40()$000
Alais trinta c cinco garrotes na
mesma, lançados em sua avaliação
de setenta mil reis, com que se sae....7()$000
Alais trinta e cinco garrotes na
mesma, lançados em sua avaliação
de setenta mil reis. com que se sae..r0$000
Mais eem bois capados,na mes­
ma, lançados em sua avaliação dc
seiscentos mil reis, com que se sae...600$000
Mais vinte ca valias de fabrica,
na mesma, em sua avaliação de du­
zentos mil reis, com que se s a e ....200$000
Mais cincocnta éguas paridei-
ras, na mesma, lançadas em sua a­
valiação de trezentos e cincoenta
mil reis.com que se sae...................350$000
Mais trez cavallos, pais, lança­
dos em sua avaliação de trinta e
Seis milreis. comque se sac.............. 30íf000
Mais doze poltros, na mesma,
lançados em sua avaliação dequa-
renta e oito mil reis, com que se
sae................................................... 48$000
Mais doze poltros, lançados na
mesma, em sua avaliação de trinta
e seis milreis, comque se sae............. 36$000
Maisdezeseis poltrinhos.na mes­
ma, lançados em sua avaliação de
trinta e dois mil reis, com que se
sae................. ..................................32$000
Mais uma enxada, um macha­
do, um serrote.um ferro de marcar,
na mesma, lançados em sua avalia-
ção de um mil e seiscentos reis,com
que se sae.......................................... 1$(>00
Mais o escravo João Fagundes,
fabrica da mesma fazenda, lançado
em sua avaliação de cento e dez mil
rei.«, com que se sae....................... 110$000
Mais o sitio de terras dc criar
gado, denominado a«Luz»,na ribei­
ra do sertão do Seridó, na forma
lançada na sua avaliação dc duzen­
tos mil reis, com que se sae............ 200$00()
. Mais vinte e seis bestas paridei-
ras, situadas na mesma, lançadas
em sua avaliação de cento e oitenta
e dois mil reis, com que se sae.......182$000
Mais déz poltrãs, na mesma,
lançadas cm sua avaliação de qua­
renta mil reis, com que se sae.........40$000
Mais dezenove poltrinhos, na
mesma, lançados em sua avaliação
de trinta e oito mil rei a, com que se
sae...................................................38$000
Mais.. cavallas,pais,na mesma,
lançados em sua avaliação de ses­
senta mil reis, com que sc sae.......... 60$000
Mais cinco ditos de fabrica, na
mesma, lançados em sua avaliação
de cincoenta mil reis.e.>m que se sae..50#000
Mais dois machados da fabrica,
da dita, lançados em sua avaliação
clc oitocentos reis,com que se sae.........$800
Mais o escravo Bento, fabrica
da dita, avaliado cm cento e vinte
mil reis, com que se sae.................120$000
Mais o sitio Pixoré, na ribeira
das Piranhas, em sua avaliação dc
seiscentos mil reis.com que se sae...600$000
Mais a metade das fazendas,
cercas, lançadas neste Inventa­
rio, na quantia de um conto e inte
c cinco mil e quarenta e um reis,
com que se sae............................ 1:025$041
Mais no valor das moradas de
cazas, sitas cm Goyaninha e lan­
çadas em cento e cincoenta mil reis,
com que se sac.............................. 150$000

E por este modo se houve inteirada a


mciaçâo de D. Antonia Josepha do Espirito
Santo Ribeiro, da quantia de 48:859$852,
quarenta e oito contos oitocentos e cinco-
entn e nove mil oitocentos e cincoenta e dois
reis, pelos bens descriptos e avaliados neste
Inventario,dc que fiz este, encerrando-o em
que assignani. Eu, Ignacio Joaquim da Sib
va, Escrivão de orphãos, escrevi. Nascimcn-
136

to. Francisco Manoel de Assis. Francisco


Rocha.
F nada mais se continha cm dita meia-
ção que escrevi e assignei nesta sobredita
Villa, aos 19 de Maio, do nnno de Nosso
Senhor Jesus Christo de 1809. 0 Escrivão
de Orphãos,Ignacio Joaquim da Silva.
Desta 3$100, trez mil c cem reis, que
pagou. Ignacio.
[Copia da certidão existente no Institu­
to Historico e Geographico do Estado.]
137

CARTA REGIA

(toando o Tribunal da Almada


Bernardo Teixeira Coutinho Alvares de
Carvalho, Desembargador do Paço. Amigo,
Eu El-Rei vos envio muito saudar.
Sendo-me presente o horrivel attentado
contra a minha Real Soberania e Suprema
Auctoridadc cpic uns malvados indignos do
nome Portuguez, habitantes da Provincia
de Pernambuco,depois de corromperem com
a execrável maldade a outros perversos, se
atreveram a cornmetter no dia 6 de Março
do corrente, atino fazendo uma rebellião e
tendo aterrorisado o povo com assasinatos
e conduzido a Tropa, ainda incerta dos seus
projectos, surprehenderam as auctoridades
por Mim estabelecidas, c se apoderaram da
administração publica, passando a erigir
um monstruoso Governo,procurando propa­
gar a rebellião por quasi toda ac|iiella P ro ­
vincia cpelas confinantes chi Parahyba, Rio
Grande e Alagoas, levantando Tropas e re­
sistindo com torça armada, contra aquelles
que eu El Rei e Senhor natural ahi tinha
138

para segurança interior dos meus povos,


e cotitra os que accodiam a rebater tão
accelerado acontecimento.
E devendo eu fazer castigar,com a seve­
ridade das Eds, a crimes tão enormes enun­
ca vistos entre os meus Vassallos :
Fui servido nomear-vos eaos Desembar­
gadores Antonio José de Miranda, João 0-
sorio de Castro Souza Falcão e José Caeta­
no de Paiva Pereira, para que vós como
Juiz, o Desembargador Antonio José de M i­
randa, como Adjuncto, o Desembargador
João Osorio de Castro Souza Falcão, como
Escrivão, o Desembargador José Caetano de
Paiva Pereira, como Escrivão assistente,
passeis á Villa do Recife de Pernambuco,
onde, chamando a vós as devassas, que ahi
se tiverem já tirado e nas outras terras cir-
cumvisinhas ate o Ceará,e os processos c sen­
tenças que já houverem, ainda que porellas
já se tenha procedido á execucção de penas,
proceda es a tirar nova devassa sem necessi­
dade de certo tempo, ou numero de teste­
munhas, c tendo-a condindo, e presos os
réos que se acharem presentes, e citados por
editaesos auzentes c os herdeiros,dos falleci-
dos ou executados, passareis á cidade da
Bahia, onde chamareis tão bem a v ó s as
J 39

mais devassas e processos que ahi houve­


rem, e renovando as diligencias e perguntas
que forem necessárias ao conhecimento da
verdade, sentenciareis summariamente em
relação, os réos que nos sobreditos horro*
sosos delictos torem culpados, havendo por
supprida qualquer falta de tormalidades e
por sanadas quaesquer nullidades judiciaes,
positivas, pessoaes ou territoriaes de di­
reitos ou dos costumes da Nação, epie possa
haver nas ditas ou processos, attendendo
somente ás provas conforme o direito nacio­
nal, impondo as penas em toda a extensão
das Leis como si todos os réos fossem de
novo julgados, sendo vós o Relator e sendo
o Adjunto o Desembargador dos Agravos
da Casa da Suplicação, Antonio José de
Miranda e os mais Ministros que o Gover­
nador e Capitão General nomear e vós lhe
propuzerdes ou sejam Desembargadores que
serviam na relação da Bahia ou quaesquer
outros Ministros de qualquer graduação da-
quella provincia, ou das outras do Reino,
os quaes sendo por vós requeridos o Gover­
nador os íará convocar na conformidade
das ordens que lhe mando expedir.
E dos réos que houverem Ecclesiasticos
ou sejam regulares ou seculares, vós man-
140

dareis separar as culpas para cm acto sepa­


rado serem sentenciados por vós como for
de justiça e com os adjunctos por lhe não
pertencer privilégios alguns de isenção nos
crimes exceptuados, nos quaes o de Sua M a ­
gestade é o maior e mais horroroso. Com
declaração porém que antes da execução da
Sentença exigireis a degradação na confor­
midade do costume do Reino. Kmquanto
aos réos que torem das ordens militares, vós
na mesma sentença podereis degradar e ex­
pulsar delias, pois, a vós e aos mais adjun­
ctos commetto essa jurisdição, como man­
do participar á Mesa de Consciência e Or­
dens.
Havendo outrosim entre os Réos que
nem foram dos Chefes e Cabeças da Rebel-
lião, nem commetteram assassinatos, nem
eommandaram Tropas rebeldes que pega­
ram em Armas, nem constituiram o Conse­
lho dos Governos revolucionários, nem dos
que fomentaram, proclamaram ou procura­
ram propagar ou sustentaram e nelle per­
severaram, até serem rendidos pcía íorça
armada, porém que consentiram por te­
mor, cederam á força ou semelhantes, á
respeito destes Ordeno que as Sentenças
contra clles proferidas se remetterão á M i­
141

nha Kcal Presença, suspendendo-se entre a


execução delles, e ficando os Kcos com segu­
rança ate Eu determinar o que for servido.
Servirão de Escrivão ede Escrivão Assis­
tente, os Ministros que vão por mim no­
meados, os quaes terão fé publica, que se
dará também ás copias dos processos e cer­
tidões por tiles eseriptas ou subscriptas c
concertadas e servirão debaixo dos juramen­
tos dos seus otfieios.
Para vos auxiliardes.na proposição de
tão volumoso processo, podereis valer-vos
de qualquer dos nossos adjuntos que para
esse fim nomeardes.
Para os casos de empate ou qualquer
outro aceidente, ou nomeação de Juiz ou de
commissões, ainda especial e immediata-
mente emanada de Minha Keal Pessoa e
também nos casos de impedimento ou talta
de Escrivão ou Escrivães, o Governador,
com o vosso parecer, nomeará os que forem
mais idoneos ou da Relação da Bahia ou de
entre os Magistrados de maior ou menor
graduação que ali servem ou têm servido
em qualquer lugar do Reino do Brazil.
E para os casos de empa te,o voto do Go­
vernador deverá ter lugar e será igualmente
decisivo ; achando-se, porem, elle impedido,
U ‘J

o Chanceller da Relação o substituirá, e o


seu voto terá a mesma força e qualidade.
Sendo necessário expedir ordens a qual­
quer das Províncias ou mandarem-se a ellas
outros Ministros incumbidos de commissões
.particulares, ou por conhecerem, inquerirem
ou devassarem sobre objectos relativos a
esta commissâo ou para outras quaesquer
diligencias de diversas naturezas ao Meu
Real Serviço: Ordeno que em todos e cada
um dos differentes casos, procedendo vós
sempre de accordo com o Governador, ex­
pedireis todas r.s ordens, que vos parecerem
convenientes e encarregando se o Governa­
dor de as auxiliar, como lhe determino em
Carta, que a esse fim lhe vai dirigida.
E principiando vós a devassa ficará ces­
sando quaesquer commissões a este respei­
to, a excepçâo somente do que determino
no districto da Relação fio Rio de Janeiro.
No caso do vosso impedimento vos substi­
tuirá o Desembargador vosso Ajudante eno
de ambos, qualquer que elle seja, o mesmo
Governador proverá como lhe tenho orde­
nado.
Dos autos de sequestros e confiscos a
que se proceder, sereis vós o Juiz com o vos­
so Adjunto ; e concluída a vossa commis-
14.3

são, passarão os mesmos autos para o Juí­


z o da Coroa naquella Relação, fazendo re~

metter os tralados á esta Corte : serão no­


meados administradores para os bens de
raiz arrematados os moveis semoventes não
necessários para a manutenção dos própri­
os, julgando-se summariamente as liquida­
ções dos referidos confiscos, dividas, reivin­
dicações e outros quaesquer dependencias,
na formo das Leis, estabelecidas para o Juí­
z o final.

Podereis receber de solário a 8$000 por


dia : C$400 paia o vosso Adjuncto,e4$800
cada um dos Desembargadores Escrivães,
desde o dia do vosso embarque ate o fim da
diligencia na Bahia, contando-se o mesmo
a qualquer Ministro que nos impedimentos
exercer qualquer dos ditos cargos pelos dias
que exercitar e isto sem embargo de quaes­
quer Leis, disposições de direito, privilégios,
ordens ou costumes e estylos em contrario,
que todos hei por derrogados por esta vez
somente, ficando,aliás, sempre em vigôr.
Escripta no Palacio do Rio de Janeiro
em 6 de Agosto de 1817. Rei. Para Bernar­
do Teixeira Coutinho Alvares de Carvalho.

(/I Segi7ir).
Rio Grande do Norte
• M emória relativa á defesa
da Capitania do Rio G rande no
N orte na qual se mostra o oue
É NECESSÁRIO PARA ELLA, E QUE
POZ EM PRATICA PARA O MESMO
FIM o ACTUAL GOVERNADOR POR
José F rancisco de P aula C a­
valcanti de A lbuquerqe .

lista Capitania é cercada por todo o


lado do sul, por todo o lado do oeste, e por
parte do lado do norte, pelas Capitanias da
Parahvba, e Ceará Grande, sendo o resto
do lado do norte e todo o lado de leste cer­
cado de mar : principia a sua costa em 4o e
10', de latitude sul, estendendo-se para o
mesmo sul com 90 léguas, cpic terminam no
Rio dos Marcos, ficando o porto da cidade,
e á mesma, na latitude sul de õ9 c 17’.
A dita Capitania tem minas de precio-
145

sos tnetaes e pedras preciosas ; mas acerta-


tadissimamente SS. M M. Fidelissimas
prohibiram o uso delias, attendcndo que só
a continuada agricultura é que faz a gran­
deza solida dos Rstados. As suas terras
criam muito bem todo o genero de gados,
produzem algodão, e café o melhor do mun­
do, cannas de assucar, trigo, e todos os
mais generos, que fazem a sua abundancia e
o seu commercio de exportação ; comtudo,
como estas cousas agora é que principiam
nesta Capitania, ella não pode attrahir por
este lado as vistas ambiciosas das nações,
sim pelo da sua situação local eoptimo por­
to da cidade do Natal, o qual, com a largu­
ra de 400 a 500 braças, pelo comprimento
de 3 léguas, dá ancoradouro seguro e abri­
gado de todos os ventos ás embarcações
que navegarem em baixa maré de aguas vi­
vas, em agua de 40 palmos de fundo, c este
mesmo fundo vai pela barra fóra terminar-
se no fundo do mar.
Pelos motivos exnostos, considerando
em geral a costa do Rrnzil e a ambição das
nações, vê-se que se lhes oftereee no impor­
tante porto da cidade do Natal o principio
tacil, e >cguro passo para entrar no Brazil ;
portanto, deve esperar-se sermos atacados
146

jxjI o dito lado. que para o defender ê pre­


ciso :
Primeiro tortifícar-se a enseada da Pon­
ta Negra, fazendo-se-lhe uma fortaleza, on
ao menos uma bateria com peças de grosso
calibre, que varra toda a dita enseada, prin.
cipalmente a Vis legua, que offerece bom des­
embarque ao inimigo; e porque as eircums-
tancias ainda não permittem poder-se fazer
maiores despezas, mandou o dito governa­
dor construir um forte de faxina revestido
de pedras, para nella laborarem peças,
deixando para adiante o mais.
Segundo, fazer-se outra fortaleza na
margem do rio, no-lugar denominado Rcdi-
nha, que, cruzando com a da barra, defenda
a entrada delia ; e pela mesma razão acima
mandou o mesmo governador construir ou­
tro igual forte.da mesma maneira
Terceiro, fazer-se na enseada do Genipa-
bú um forte, e uma trincheira, para dispu­
tar o desembarque ao inimigo, o que tam­
bém foi mandado construir, pelo modo que
as circumstancias o pcrmittiram.
Quarto, fazer-se na enseada da Pititin-
ga outro forte e trincheira que façam res­
peitável aquella bahia. onde continuamente
vão parar embarcações estrangeiras, que
147

accossadas do tempo procuram abrigar-sé,


o que tudo mandou fazer, pelo possível
modo,o mesmo governador.
Quinto, fazerem-se em todas as passa­
gens de rios, portos, enseadas, bahias e des­
filadeiros, por onde o inimigo deva passar,
trincheiras para se disputar a passagem,
advertindo que as que se fizerem nas ditas
passagens de rios, junto á costa do mar, o
flanco deste lado deve ser coberto com es-
paldão ; o que não concluiu o actual gover­
nador, depois de já ter dado principio, por
variarem as circumstancias.
Sexto, haver um telegrapho, que diga
com exactidào e promptidão todos os movi­
mentos que faz o inimigo na costa, ao me­
nos 12 léguas ao norte, e 12 ao sul do por­
to desta cidade, o que porá em pratica o
dito governador, concedendo-se-lhe para
isso faculdade.
Para que mais rapida e promptamente
acudissem os officiaes encarregados da defe­
sa do paiz com as suas tropas aos postos
dos seus respectivos districtos, dividiu o
mesmo governador a Capitania em 3 divi­
sões, a saber : divisão do norte, dita do sul,
e dita do centro, rcgulando-.se para a dis-
148

tríbuição dos districtor. pelo numero dos ha­


bitantes e postos que nelles ha a defender.
Subdividiu as divisões em eireulos, a sa­
ber : divisão do norte em 2, a do centro em
4, e a do sul em 2, o que mais elaramente
mostra o mappa geral das faculdades da
Capitania, que se remette nesta occasião
pela competente repartição ; mandando fa­
zer depositos das munições e petrechos de
guerra, que pôde apromptar, nos ponto»
centraes de cada circulo, onde se devem jun­
tar as tropas ao signal de rebate.
Pretendeu o mesmo governador montar
6 peças de artilheria em 6 jangadas para
obstar qualquer invasão do inimigo, lem­
brando-se que taes embarcações, podendo
fazer um grande mal, muito pouco podiam
receber ; mas este seu projecto não foi posto
em pratica por ser dependente da vontade
do capitão-general da Capitania de Pernam­
buco, a quem officiou, e de quem não teve
resposta.
Ao mesmo capitão-general pediu o go-
\ernador peças de artilheria montadas, e
reparos para algumas que existem capazes
de servir, para guarnecerem os fortes que
mandou fazer, e até o presente não tem a -
pparecido uma e nem outra cousa.
149

Pediu-lhe também armamento ao menos


para um regimento de infantaria miliciana,
e o desenganou que lhe não mandava.
Representou-lhe mais, para pôr na pre­
sença de S A. Real, que a Capitania não po­
dia dispensar outra companhia dè linha, e
que havia tundo para se lhe pagar, de cujo
negocio não teve ainda'decisão.
A S. A. Real, pela secretaria dos negóci­
os ultramarinos,pediu o mesmo governador
faculdade para tirar da companhia de linha
os soldados inválidos, e com elles guarnecer
os fortes, ficando sempre completa a dita.
companhia, do que também não teve ainda
decisão.
Pelos motivos acima referidos se mos- *
tra não ter havido omissão da parte do a­
ctual governador desta Capitania, e que os
seus desejos são tel-a em um pé de defesa
tão respeitável como lhe foi recommendado
no regio aviso de 7 de Outubro de 1807.
Cidade do Natal, 30 de Maio de 1808.
(Extrahido da Rev. do Inst. Hist. Braz.
vol. 27,pag. 245.)

N o t a » O auctor desta Memória tinha o posto de sargen-


to-mór de infantaria e foi o quadragésimo terceiro governa­
dor da Capitania do Rio Grande do Norte, nomeado por De­
creto de 4 de setembro de 1805.
150

Não sendo em tempo preparada a patente de sua nomeo-


ção, D. João, príncipe regente, mandou, por aviso de 11 de ja ­
neiro de 1806, ao capitão general governador de Pernambu­
co, que lhe disse a posse do cargo ; e, por carta regia
de 23 de novembro do nnno anterior, eommunieou no Senado
da Cnmnra de Natal, que o dispensava de jurar preito e ho­
menagem .pela Capitania.
Em 23 de março de 180G, Paula Cavalcanti assumiu o
governo, perante o Senado da Camará, reunido na Igreja
Matriz.
Durante sua administração, foi agraciado com o habito de
cavalheiro professo da ordem de Christo e promovido ao pos­
to de coronel de infante. ia, addido ao estado-maior do ex­
ercito.
Já antes de 20 de agosto de 1811, tinha deixado o gover­
no, por ter sido.em 2 de janeiro do mesmo anuo, nomeado go­
vernador da ilha de São Miguel.
Como reza a Memória,cllc procurou,consoante o aviso ré­
gio de 7 de outubro de 1807, fortificar a Capitania pelo re
ceio de Napoleão Honnparte, que nas luctas contra os ingle-
zes, cuja influencia era notoria no reino de Portugal, havia
estabelecido o bloqueio do continente europeu.
Transcrevemos o aviso regio :
«Apezar dos esforços e dos sacrifícios que o Principe Re­
gente Nosso Senhor tem feito para conservar uma perfeita
neutralidade entre as Potências Delligerantes, as circumstun-
cias políticas actuaes da Europa são taes, que é muito para
receiar que Portugal se ache muito brevemente obrigado a
fechar seus portos <1 > Continente desta parte do inundo aos
Inglezes paia evitar uma invasão de tropas Francezas supe
riores nestes Reinos : o que supposto, e ignorando-se por ora
o partido que tomará a Grã Hretanha : E' Sua Alteza Real
servido que V. S. impeça, atá nova ordem, a partida de navi­
os portuguezes que se acham nos Portos dessa Capitania, e se
ponha em estado de defeza mais respeitável, para poder com
vantagem e confiança de successo repeliir gloriosamente qual­
quer ataque hostil contra o território, cujo Governo lhe foi
confiado pelo Nosso Augusto Soberano. Estas providencias
deverá V. S. participar aos Governadores das Capitunias stt-
151

bordinadaa n essa de Pernambuco, para que as executem no


que lhes for applicavel.
Deus Guarde a V. S. —Sitio de Nossa Senhora da Ajuda,
em 7 de outubro de 1807. Visconde de Anadia. Sr. Caetano
Pinto de Miranda Montenegro. José Carlos Mairink da Silva
Ferrão.»
De feito, entre os Fortes que Francisco de Paula mandou
construir, conta-se o do porto de S. José de Genipabfi,'que foi
concluído a 9 de abril de 1808, tendo por commandantc o ca*
pit&o José Xavier de Mendonça
Trabalharam na fundaçAo desse forte, com o pessoal do
sen cominando, os seguintes officiues .•
Capitfto José de Araújo, do Regimento de Milicias, com 80
pessoas, durante uma semana, sendo feito o serviço A sua cus
ta, exeeptuado o fornecimento de farinha,que correu por con­
ta do Governador ;
Alfçres Francisco de Assis, que trabalhou, por egual tempo
com 16 homens ;
Alferes das ordenanças Leandro Rodrigues Draga, por e-
gual tempo, com 20 pessoas ;
E alferes Pedro Paulo Vieira,que trabalhou durante 3 me-
zes e 18 dias, sustentando o pessoal do seu cominando e o do
cominando de Luiz Pereira, com o maior patriotismo e amor
á causa do Príncipe Regente.
O material do Forte constava do seguinte : uma guarita
de madeira, uma casa de aguada, uma tarimba para os sol­
dados, uma cama de couro para os officiues, uma mesa, uma
cadeira de pau, um candieiro com gaiola, um pote, um eôco,
unia torneira com duas quartinhas, um tronco, uma casa de
palamenta, quatro torneiras para palamenta, um soquete e
duas fechaduras (Officio do c. nimandante do Forte ao Gover­
nador,em 10 de abril de 1808).
Nilo commentaremos o patriotismo dos homens de ou-
trora.
Quem quer que hoje visite aquelle logar, ha de' deparar
ainda com as ruinas do Forte, construído para disputar o
desembarque de forças inimiga«,

V icentb nu L kmos.
Nota Avulsa
O Rio Grande do Sorte foi conquistado aos
índios potrguares, em fins de dezembro de 1597,
por Manoel Mascare abas Homem, capitão-m ór
de Pernambuco.
O forte dos Santos Reis M agos teve começo a
ti de janeiro de 1598, sendo, a 24 de junho d'esse
mesmo a nno,entregue aJeronymo de Albuquerque,
seu capitão, nomeado por Mascarcnhas Homem.
A 25 de dezembro doanno seguinte{ 1599). Jc-
ronvmo de Albuquerque demarcou o sitio da cida­
de que recebeu o nome de-Natal.
Suscitando se duvidas sobre a epocha em que
Natal foi vida, e mesmo sobre si o foi, tivemos o-
ccasião de convencer nos, diante de documentos
valiosos, de que a capital da anúga Capitania foi
cidade desde os seus fundamentos, o que é confir­
mado fido auto de repartições das terras,de 1614,
publicado no ultimo volume desta Revista, onde
se encontram referencias a lotes distribuídos no
sitio da cidade ou no sitio desta cidade.
Pela informação geral que prestou á M e tropo ~
íe p capitão general governador de Pernambuco,
em 1749, vê se que, a esse tempo, existiam apenas
duas cidades em todas as Capitanias que lhe eram
subordinadas—Olinda e Natal.
NO
RIO GRANDE DO NORTE
PARTE II

CATALOGO Dos JORNAKS 1’UHLICADOS


NO RIO GRANDE 1)0 NORTE

1832--1908
(Continuando do Yol. VI, pag. 212)

86—A R E P U B L IC A —1889 1908 ( 45)


7880
Finda a campanha abolicionista com
a extincção completa da escravatura no
Brazil, o dr. Pedro Velho, cujo espirito pa­
recia talhado para evangelizador das gran­
des ideas, no mesmo anno em cjue a histo-
(45) Reeditando agora a parte de meu trabalho referente íi
a Republica, entendi que não devia perder a occasião para dar
lhe o maior desenvolvimento possível ; pois não só tem sido
cila quasi sempre folha ofTicial, como ( o jornal de mais longa
154

ria patria registrava aquelle notável acon­


tecimento,declarou-se publica mente, aberta­
mente republicano, de modo que a 27 de Ja­
neiro do auno seguinte, a seu convite, rea­
lizava-se nesta cidade, em casa do capitão
João Avelino Pereira de Vasconcellos, a
primeira reunião do partido republicano da
provineia, depois dos movimentos revolu­
cionários de 1817 c 1824.
Nessa reunião, presente um considerá­
vel numero de cidadãos, deste e dos muni­
cípios visinhos, sob a presidência do dr.
João de Albuc{uerque Maranhão, secreta­
riado pelo padre José Paulino de Andrade,
vigário da Macahyba, e cidadão Juvencio
Tassino Xavier de Menezes, obtendo a pa­
lavra, expoz Pedro Velho os hns da mesma
reunião e, depois de unanimemente aeceitus
as bases da lei organica do partido, que a-
presentára, lembrou a creação de um jornal
ou revista que desse conta dos progressos do
vida do Estado e o unico, pode-se dizer, que, vindo da pro­
paganda republicana, tem uma historia,
Kelevem-me, pois, os leitores si com cila tiver de occupar
me cm mais de um volume desta Revista : tenho o maior em­
penho em registrar os assumptos prineipacs de suas paginas,
dc preferencia os que se ref rem ao período de nossa organi
zaçAo republicana, certo, como estou, de que, por seu grande
numero e relevância, serAo de incontestável valor para a his­
toria do Estado nesse periodo.
lí“)”)

partido no paiz, animou os correligionários


vdndos do interior a que promovessem a
crcação de elubs locaes em seus municípios
e findou lendo energico manifesto, que é a
expressão mais viva de seus sentimentos de­
mocráticos c que, impresso, foi depois lar­
gamente distribuído na provinda em um
pequeno folheto de 47 pags., contendo mais
um bem elaborado artigo sob a epigraphe—
Partido Republicano no Rio Grande do Nor­
te aeta de s u a i 9 reunião, lista dos nomes
dos cidadãos que a ella compareceram e a-
dheriram, em numero de 114, e as bases
para a lei organica do partido republicano
na provinda (4b).
Propagandista esforçado c amparado
jíi por tão crescido numero de adhesões, se­
guiu Pedro Velho avante em sua missão,
pregando ao povo a doutrina nova, que o
povo ouvia admirado ecoma satisfacção de
quem vê bruxolear ao longe a luz bencfíca
de sua redempção.
(46) O Povo. jornal que se publicava na cidade do Prin
cipe, dos sertões da província, referindo se em sua «columna
republicana» a esse manifesto, que considerava bello na fôr­
ma e mais bello no conteddo,’ disse que elle devia ser para a
■ooiedade norte-rio-grandense o Evangelho civil, onde o cida
dflocada dia deve ver, sentir,esclarecer-se e compenetrar-se da
verdade democrática,que deve encontrar uma fortaleza em seu
patriotismo.
156

Convinha, entretanto, para orientar


melhor a propaganda, crear o seu orgam,
«a tribuna onde o partido viesse pensar
alto, para ser ouvido e julgado pelo povo»;
e no dia I o dc Julho de 1889, coincidindo
esse facto com a publicação no Rio de Ja­
neiro do «Correio do Povo», jornal republi­
cano sob a direcção política de Sampaio
Ferraz e Chagas Lobato, atirou Pedro Ve­
lho á luz da publicidade A Republica, or­
gam do partido a cuja frente se collocara,
traçando com firmeza o seu programma nos
seguintes termos :

“Pola Patria

«A Republica», orgão do partido nacio­


nal ou anti-monarchico nesta província, tem
por missão essencial diffundir c propagar
as ideias que o sen titulo synthetisa. Entre­
tanto, a batalha que. com as armas da ra­
zão, vamos empenhar contra a realeza cor­
rompida c corruptora não nos fará esquecer
quaes as necessidades e os males desta terra
infeliz, para dizel-os sincera c leal mente aos
nossos comprovineianos ; isto c, será um
novo e grande estimulo para levantar o es­
pirito publico que ignora e que senão tem
15

procurado esclarecer,emancipando- o de pre­


conceitos vãos e perniciosas influencias.
Cada uin deve conhecer os seus deveres, mas
não c menos necessário que conheça tam­
bém os seus direitos.
Havemos de fazer destas modestas co-
lumnas não o vehieulo de paixões e odios,
mas a tribuna onde o partido venha pensar
alto, para ser ouvido e julgado pelo povo.
Atravez da forma menos brilhante, da
phrase mais tosca c illetrada, ha de sempre
transparecer aqui, como o nosso destino
unico e jamais desmentido, a defeza das
justas e nobres esperanças de um futuro me­
lhor—o bem publico, emfitn, que se traduz
no mais completo desenvolvimento do pro­
gresso, á sombra protectora da liberdade e
da paz.
Ardua em preza para tão fracas forças ;
mas a consicncia recta do ignorante vale
mais que a razão culta a que se não alia, ro­
bustecendo-a, a dignidade e o caracter, e
isto nos alenta.
A causa sagrada da patria brazileira, o
entranhado amor pelo pobre, mas estreme­
cido torrão que nos servio de berço, eis ò
nosso programma : aquella nós a encara­
mos como todos os bons espíritos desintç-
ressados c patrióticos na propaganda repu­
blicana ; este só o poderemos affirmar pela
conquista infatigável do nosso bem estar.
Vamos pugnar pelo povo e pela nação.
O instincto da egualdade é o movei e a
aspiração que encadeia e dirige todo o dra­
ma historico da humanidade, e esta sublime
conquista não será feita sem a lucta con­
stante contra todas as tyrannias, todos os
privilégios, todas as excepções odiosas e in­
justas que dividem os homens em um peque­
no grupo de favoritos e n’linia immensa tur­
ba de infelizes.
De todos osprivilegios o maishumilhan-
te, o mais pernicioso é a realeza hereditaria
e irresponsável ; contra ella estremece em
assomos da mais digna e justificada revolta
a opinião cansada e desilludida ; e entre n
dymnastia e a nação a escolha não é diffi-
eil, nem para hesitações.
Pela patria ! Eis o nosso compromisso ;
para o cumprimento deste encargo temos
um só recurso—dizer ao povo a verdade in­
teira, clara e honradamente. Isto havemos
de fazer, custe o que custai .»
E logo, acudindo ao brado que partia
do centro, onde pontificava Quintino Bo-
•cavuva, o chefe eleito da democracia brazd-
159

eira, e ouvindo a voz de Silva Jardim, o a­


postolo intemerato que ia por toda parte
pregando, desassombrado e altivo, o evan­
gelho republicano, Pedro Velho poz-se cm
acção, encarando de frente e com denodo a
situação politica do paiz.
A dynastia reinante, os velhos partidos
monarchicos, desorientados e inúteis, a po­
lítica tortuosa dos gabinetes foram themas
de vibrantes artigos d ’,4 Republica, que, oc-
eupando se de um dos assumptos do dia—a
viagem do Conde d’Eu ao norte do paiz, re­
duziu a si*as justas proporções a figura po­
lítica do marido da futura imperatriz, para
quem teve phrases como as seguintes, que
mostram ao mesmo tempo a energia eofino
espirito com que occupava se do assumpto:
«Nós não lhe queremos dizer cousas re­
tumbantes e tribunicias ; estamos informa­
dos do que vale S. A .; sabemos (pie esteve
no perriffoso ataque de Pernbeberry; que
tem muitos milhões na Inglaterra, muitas
terras no sul, muitos cortiços no Rio de Ja­
neiro ; que é surdo e economico.
Pois sim ; mas deixe-nos” .
E desCartc, «acompanhando a marcha
politica do paiz, fazendo doutrina, jogan
do com o ridículo de um modo finíssimo c
KiO

proveitoso, estudando eritcriosamente as


questões locaes, apequena folha espalhou-se
em toda a provinda c tornou-se um ele­
mento politico de valor” .
No mesmo dia em que publicava A Re­
publica o chefe do novo partido convidava
os republicanos da capital e do interior a se
reunirem no dia 14 para tratar e resolver
sobre assumptos de importância e urgência
para o bom andamento e progresso da pro­
paganda democrática e especial mente pro­
ceder á eleição dos candidatos que o p a r­
tido deveria apresentar ás próximas elei­
ções geraes, concluindo assim o seu convite:
«Quaes-quer que sejam as nossas forças,
por pequenose limitados que sejam os nossos
recursos, a nossa honra nos impõe o dever
de affirmar solemnemente as nossas convic­
ções em todos os terrenos.
Isto será ao mesmo tempo o cumpri­
mento de um dever e uru completo desmen­
tido aos que duvidam” .
No dia 14 realizou-se eiTecti va mente a
reunião sob a presidência dodr. Pedro Ve­
lho, servindo de secretários o dr. Hermo-
genes Joaquim Barbosa Tinoco e capitão
João Avelino Pereira de Vasconcellos ; e, de­
pois de relembrar o presidente a gloriosa
1G I

data do desmoronamento da Bastilha e de


serem tomadas diversas medidas de expedi­
ente pela assembléa dos republicanos, pro­
cederam estes á eleição de seus candidatos
ás eleições gemes (pie deveriam realizar-se a
31 do proximo mez de Agost<\sendo eleitos
—dr. Pedro Velho de Albiiípierque M ara­
nhão, pelo I o distrieto, e José Leão Ferreira
Souto, pelo 2V, nomes estes naturalmente
indicados pelas eirenmstanciase pelos servi­
ços prestados por seus portadores á eausa
republicana na província.
Apresentado por seus correligionários
candidato á representação nacional, o dr.
Pedro Velho, certo do resultado da eleição
e de que o partido republicano, pleiteando
a, tinha somente em vista attirmar a sua
existência, dirigiu ao eleitorado do I o dis-
trieto n’ .1 Rrpnhhcfi de 12 desse mez. não
um programma. mas um manifesto, simples
aftirmação publica da sinceridade de suas
convicções e acceitabilidadc das ideas que
com tanto ardor defendia
No dia designado fez-se a eleição, e o
partido republicano, (pie n todo transe pro­
curas a-sc abater e aniquilar, ponde ainda
reunir 07 votos nos dons districtos.
Comparecendo ás urnas, esse partido
162

conseguiu, pois, o seu fim : uffirmou condig-


narnente a sua existência e provou que, si o
limitado numero de votos obtidos por seus
candidatos não exprimia um triumpho na
lucta dos partidos,era—o com certeza na lue-
ta das ideas democráticas, que avançavam
e iam, palmo a palmo derruindo os velhos
reductos da monarchia.E Pedro Velho,agra­
decendo aos seus correligionários, como pre-
zidente do directorio e candidato, assim se
exprimiu n’.4 Republica de 2 de Setembro —
ny 10 :
«Esses poucos que tão nobremente sou­
beram manter a honra de nossa bandeira,
mostrando que sabem collocar acima de
tudo, illeza e incorruptivel, a sua dignidade,
valem mais do que a massa dos inconscien­
tes ou vendidos que amcsquinham o seu di­
reito politico, enxovalhando sem pudoresta
nobre província, já tão ludibriada.
Prosigamos na nossa missão, traba­
lhando com serenidade, firmeza e constan.
cia, e podemos ter a certeza de que os cara­
cteres puros e desinteressados hão de vir re­
fugiar-se todos, mais cedo ou mais tarde, no
generoso partido republicano, que se esfor­
ça por instituir no Brazil o unieo governo
que pode salvar-nos.»
168

O sr. José Leão. candidato republicano


<lo 2o districto, em 7 de Setembro—publica­
do n\4 Republica de 9 de Outubro—n9 15—
dirigiu também nos seus eleitores extenso
e bem elaborado manifesto, no qual, ao mes­
mo tempo que agradece aos seus amigos
a distineção com que o honrara m,discute com
critério o pleito de 81 de Agosto.
«A candidatura republicana levantada
na província em eleição prévia de 14 de Ju­
lho pretérito—diz elle foi corajosa mente am­
parada pelos poucos eorreligionniios que o
temor do despotismo não vietimou ainda, e
que souberam resistir á-. seducções do poder
e aos vineulos de amisade dos quatro pre­
tendentes adversos, corporificnndo desta
sorte a verdadeira, a legitima apuração tios
opprimidos.
Ivlla, essa despreteneiosa e audaz candi­
datura, é um bello exemplo de civismo e ar­
de>r social, e pode ser tido como um trium­
ph o—seu espontâneo appareeimento, nas
aetuaes cireuinstancias em que se acha o
paiz e quando na provineia se digladiavam
dentro e fóra dos arraiaes monarchistas os
partidos ofticiaes.
Coube lhe ao menos a victoria da digni­
dade em não mendigar votos com ameaças
104

de perseguição ou abandono collectivo !


Agradecendo aos meus heroicos compro-
vincianos distineção tão altamente honro-
za, venho cumprir o inolvidável dever de
consignar meu eterno reconhecimento.”
E, depois de analysar detidamente as
quatro candidaturas adversas, eonclue :
«Só a candidatura republicana teve sua
razão de legitimidade, porque representa o
principio de resistência nacional.

0 2° distrieto do Rio Grande do Norte


está muito no caso, depois dessa prova d1*
identidade própria, de mandar á Camara
dos Deputados um representante nos casos
de bem zelar seus interesses peculiares........
O sentimento republicano ahi se gerou,
ahi ha de prosperar e vencer. As tradições
revolucionarias do norte são um patrimô­
nio sertanejo e em tempo ellas se hão de im­
por como um produeto historieo a quem a
força do martyrio sagrou em prol de uma
causa santa.
Viva a Republica !»
Assim, com um dircctorio na Capital,
um orgam na imprensa, comparecendo aos
165

pleitos elei tornes e (17) obede:endo cm


tudo á sábia c segura orientação do dr. Pe­
dro Vylho, o partido republicano da pro­
víncia. já ern em fins de ISSO um factor con
sidera vel no meehanismo político da nação.
Pequeno embora, vivia e agia eom fir­
meza e, pela voz auctorizada de seu chefe, já
em edietorial d VI Republica de 8 de Julho—
n° 2—-assim se externava, vaticinando pro­
ximo o triumpho inevitável de suas i'éas :
“Todas as cataplasmas do liberalismo
monarchieo, todas as resistências do con-
scivantismo serão ineffieazes para fazer
parar o movimento. A chapa tão estafada
e puida dVj pedra rpie rolou da montanha
tem mais uma vez sua npplicação.
Rolou, realmcntv, e não ha de parar
mais. porque as resistências (pie encontra
não têm raizes : uns, os mais ousados, ou
mais sinccramente democratas, seguem sem
receio a corrente da opinião ; outros hesitam
irresolutos á espera da primeira opportuni-
dade ; outros ainda, presos a considerações
de conveniência e interesse, olham para a
(47) Dor aviso inserto no ii 20 (VA AV/nr/i/icn, dc 11 de
Novembro, ainda convidava o chele republicano os seus corre
ligioimrios, (nnto da Capital como do interior, a sc reunirem
no dia V de Dezembro para proceder (\ elciçflo prévia dos enn
didntog do partido nas próximas eleições provinciaes.
160

colurnna que avança pezarosos de não a-


eüar em si a energia necessária para a pa­
triótica jornada. Os (pie ficam por convic­
ções não são muitos, podemos affirmar.

Esta é a verdade (pie já todos sentem e


muitos proclamam.
A pedra rolou e não ha de parar sinão
([liando lhe plantarmos emeima, desfralda­
do aos quatro ventos, inundado de luz, ale­
gre e triumphante-o pavilhão da Repu­
blica.

A Republica era impressa na typ do


«Correio do Natal»(48 ),em quatro paginas,
tendo cada uma tres columnas e medindo
.35 eents. de comprimento sobre 25 de lar­
gura ; tinha sen escriptorio á rua ‘'Visconde
de Uruguay” , n°6, e sahia todas as segundas
feiras, custando a assignatura 5$000 por
anno.
Era bem escripta e foi bem recebida pela
imprensa local, exeepeão da Gazeia do Na
tal, que, considerando-a produeto da phan-

(48)0 dr. Perro Cardoso, nosso patrício, residente em P a­


ris, havia offeteciclo ao partido i cbublicano da província um
pequeno prelo ; mas este nenhum serviço prestou por ter che­
gado a esta cidade incompleto e quebrado.
tasia de sonhadores sans cuJotl.es, saliiu lhe
logo ao encontro, defendendo o throno e o
partido conscrvndor, de que era orgain, das
aeeusações C|tit* lhes fazia n novo paladino
da imprensa indígena.
A 14 de Julho, commemorando a queda
da Bastilha, distribuiu A Republica o seu 39
numero, cru cuja l ‘l pagina, impressa em
tinta verde-escura, lê se um bem laueado ar­
tigo sobre o notável acontecimento e logo o
seguinte soneto, sem assignatura, primeira
poesia publicada em suas còlumnas :

AWAY !

Da LiHEROAmí o sol rápido avança


De nova luz tingindo os horisontes ;
Filhos do Novo Mundo, erguei as frontes,
Draz.il, é tempo de imitar a f rança.

De Bragança o batel já voga atoa


Pelos mares sombrios da descrença..
Tu és livre de mais, oh ! patria immensa,
Para suster o peso d-uma c'rôa.

Dasla de embuste, a regia camarilha


Ha de ao golpe ceder republicano,
Como as negras cadeias da Bastilha
1(»8

Banir a monarchin c santa empreza,


Seja o povo somente—o Soberano,
li o hymno universal—a Marselheza.
Da data de seu apparccimento á da que­
da da nionarchia .1 Republica publicou 20
numeros, nos quacs, além de variado e
interessante noticiário ; copia da neta da
reunião republicana cio dia 14 dc Julho ;
transcripções de documentos celebres, como
a sentença eondemnatorin de Tiradentcs,
o protomartyr da liberdade brazileirn , o
acto solemnemcntc adoptado pela nssem-
bléa constituinte da França cm 2b de Acos­
to de 1780 como preambulo á Constitui
ção, acto conhecido na historia pelo nome
de Direitos do homem e que, no dizer de um
historiador, c um documento incontestavel­
mente incompleto, mas que ussignaln uma
das grandes epochas da historia da humn
nidnde ; em folhetim,“ !) qu eóa Republica” ,
de Z. Consiglieri ÍVdrojto, deputado portu
gnez c professor do curso superior delettras
em Lisboa ; traços luminosos da vida de
nosso lieroc Frei Miguéliiiho, astro brilha n­
t issimo de Pernambuco em 1S1T, na phrase
do padre Dias Martins ; descripçíío da ban­
deira da Republica em 1817, segundo Muniz
Tavares ; trechos vários de artigos edisiair-
10«)

sos de Saldanha Marinho, Quintino Bo­


ca vu va, Ruy Barbosa, Silvio Romero c Sil­
va Jardim, denodados chefes da propa­
ganda republicana no paiz ; encontram-se
bons artigos doutrinários e de polemica, mio
só da pennadeseu redactorchefee ostensivo,
como das de illustres collaboradores, entre
outros, A. S. (49), que escrevia sobre as Cou-
zns da Província ; P. M. (50 )—uma serie
de artigos sob a epigraphe—O Catholicismo
e a Democracia ; Braz de Mello—umas cor­
respondências do Recife, em cuja Faculdade
de direito cursava o seu 5o anno ; Alberto
Maranhão, Lustosa Camara, Arthur M a ­
cedo (do Assú) e Amaro Cavalcanti, que,
tendo, por telegramma, saudado A Repu­
blica em seu apparecimento, do Rio, onde se
se achava, escreveu-lhe em 2õ de Agosto um
artigo definindo a sua politiea no Rio Grf n-
de do Norte. Esse a r t i g o foi publicado a 2 4
d e S e t e m b r o — n ° 3 — e d elle d e s t a c o o s s eg u in ­
tes periodos :
“Filho dessa provinda e hoje por de­
mais inteirado e condoido do abandono
com que a tem tratado a publica governan-

(49) Augusto Severo.


(50) Pe. José Paulino ele Andrade, cntAo pnrocho da Ala-
enliy ba.
170

ça,—só um objectivo procuro em qualquer


pretenção cie caracter político : é ser util ao
seu desenvolvimento e ao seu progresso, den­
tro dos limites de meus esforços.
Esta é a minha bandeira, esta seja a hi-
tola por que cada um deverá medir o alcan­
ce de minhas aspirações.
Republicano, pela convicção profunda
de ser este o meio aetual mais profícuo de
melhor servir ao paiz, penso que não ha nis­
to um obstáculo serio para que desmereça a
confiança daquelles comprovincianos que
me julgam no caso de bem servir á provín­
cia....
Demais,-em partido, eu sou hoje o que
amanhã seremos todos, porque já não é lici­
to ao bom senso duvidar da republica no
Brazil.”
ü edictorial do ultimo numero dessa se­
rie, que representa, por assim dizer, o regis­
tro de nascimento da Republica no Rio
Grande do Norte, numero publicado a 11 de
Novembro, assim termina :
“Nós esperamos com a mais firme con­
vicção o advento da republica, c esta é afi­
nal a convicção de todos. O que nos peza é
ver que o império, em desespero de causa,
explora a nação de um modo desbragado,
171

pouco lhe importando que as forças vivas


da sociedade se estraguem e aniquilem, tor.
nando cada vez mais lenta e mais difficil a
nossa regeneração.
M as em todo tempo c tempo de ter pa­
triotismo.
A dynastia dos braganças sumir-se-ha
em breve na negra galeria que a posterida­
de reserva aos réos de lesa nação, egoistas
cpie viverão sem honra e sem gloria ; e em
breve também a patria brazileira ha de vi­
ver e brilhar no concerto da futura civiliza­
ção americana, como uma estrella de pri­
meira grandeza.”

Muito proximo estava, cffectivamcnte,o


occaso dessa dynastia : apenas 4 dias depo­
is, o telegrapho alviçareiro dava-nos a g ra -
ta noticia de que o povo, exercito e a arma­
da, confraternizados, acabavam de decretar
soberanamente,na capital do paiz, a sua de­
posição e consequente extineção dosystema
monarchico representativo. Estava procla­
mada a Republicano Brazil e,como uma onda
de luz, chegava a todas as provindas a no­
ticia do grande acontecimento.
172

' Ao rcccbcl-a, Pedro Velho dirige inime-


diatamente ao povo um boletim, que é a ex­
pressão concisa, mas sincera, do immenso
jubilo que lhe inundava a alma por ver reali­
zados os seus sonhos de republicano e patrio­
ta, e, dons dias depois, deposto o vice-presi­
dente da província, coronel Antonio Bazilio
Ribeiro Dantas, então no governo, é procla­
mada a Republica entre vivas demonstra­
ções de regosijo publico e acclamado presi­
dente do Estado confederado do Rio Gran­
de do Norte o chefe republicano, que logo
assumiu o exereicio do elevado posto que a
soberania popular confiava á pureza de seus
sentimentos democráticos e grandeza de seu
amor á terra que lhe foi berço.
Uma vez de posse do governo do novo
Estado, nomeados seus secretario c commis-
sario de policia (51), uma commissão exe­
cutiva (52) e outras auctoridades c de-
zignada uma commissão especial para ir
proclamar a Republica nos municipios mais

(51) Nome que teve em seu governo o chefe cie policia.


[52] Compunha se dos seguintes cidadfios s Dr. José Mo
reira Brendtio Castello Branco, José Bernardo de Medeiros,
dr. Francisco Amyntns dn Costa Barros, Jnfio Avelino Perei­
ra de Vasconcellos. Luiz Emygdio Pinheiro da Camara, capi-
tSo Philippe Bezerra Cavalcanti e capitüo— tenente Leoncio
Rosa.
na

proximos á Capital, a 21 o chefe do poder


executivo dirigiu ao povo enérgico manifes­
to, expondo-lhe com firmeza e a mais nitida
comprehensão de seu dever o modo pelo cpial
havia de pôr em pratica a auetoridade ex­
traordinária de que se achava investido ; e,
amparado por esse mesmo povo, que já lhe
fazia as mais espontâneas manifestações de
estima e veneração e cujos direitos e felici­
dade solemnemente se eompromettin ade-
flnder, começou Pedro Velho a sua grande
obra: a organização republicana do Rio
Grande do Norte, padrão de gloria, que o
immortalizará.
Depois desses acontecimentos,o orgatn do
partido republicano, como até então se cha­
mava ‘ A Republica,” supprimiu deseu fron­
tispício não só este sub-titulo, conto o nome
de seu redactor chefee,dizendo-se agora sim­
plesmente—periodico político e noticioso,re
dactores diversos, distribuiu o l 9 numero
de sua nova phase—21—a30 de Novembro,
dando aos leitores noticia daquelles aconte­
cimentos nos seguintes termos :

CONCIDADÃOS!
Como as outras províncias do extineto
império, hoje Estados livres da confedera-
174

ção brazilcira, o Rio Grande do Norte aca­


ba de proclamar a Republica entre as accla-
mações unanimes do piovo c das classes mi­
litares.
lí’ livre a Patria !
A destituindo do império abriu espaço á
soberania popular, quebrando todos os gri­
lhões, todos os jugos.
I)c sul a norte as nossas irmãs, cheias
de ardor patriótico, sem 1neta,sem resistên­
cia de nenhuma especic, na confraternização
mais nobre, mais sublime, ar\oraram o pa­
vilhão popular e livre da Republica.
0 Governo central está constituído no
Rio de Janeiro da seguinte maneira :
Marechal Deodoro da Fonseca—Chefe
do Governo Provisorio ;
Aristides da Silveira Lobo— Ministro do
Interior (53) ;
Ruy Barbosa—Ministro da Fazenda,in­
terinamente da Justiça (54) ;
Tenente Coronel Benjamim Constant
Botelho de Magalhães Ministroda Guerra;

(53) Eill Fevereiro <lo ,111:10 seguinte Silveira Lobo il-ií


rou-se do ministério, sendo substituído pelo dr.Cezario Alvim.
(54) A. pasta da Justiça jd havia sido preenchida pelo dr.
Manuel Ferraz de Campos Sales, que assumiu o exercício a 10
de Novembro.
17 ã

Chefe ele Esquadra Wandenkolk—Minis­


tro da Marinha :
Quintino Hocayuva—Ministro das Rela­
ções Exteriores, interinamente da Agricul­
tura, Commercio e Obras Publicas (55).
Neste nosso caro torrão natal o gran­
dioso acontecimento foi a manifestação mais
bcllae mais sublime que já brotou rios cora­
ções rlo-grandcnses.
A ’s tres horas ria tarde dessedia immor­
tal, que marcará na historia ria província a
data de nossa libertação e de nossa felicida­
de, reunido o povo,exercito ca armada ( “>(>)
no pntacio rio governo, entre applausos ge-
raes, foi proclamada a Republica, sendo nc-
elamado presidente do novo Estado c chefe
do poder executivo o rir. Pedro Velho, que

(55) Pfun essa ultima pasta frtrn nomeado pouco depois


n dr. Demetrio Nunes Ribeiro, que, deixando p ministé­
rio a 31 de Janeiro do anuo seguinte, foi substituído pelo ci-
dndAo Francisco Glyccrio.
(56) A força do exercito aqui estacionada constava npe-
nas de uma companhia do 27 bm. de infnnteria, sob o com­
inando do capitAo Philippe Bezerra Cavalcanti, nosso pntri-
cio. Bsse official c o capitfto tenente Lconcio Rosa, capitAo do
porto, representando o exercito c a marinha, puzernm-se A
frente do povo e tomaram parte directa na dcposiçAo do de­
legado do governo monurchico, que, nliAs, nenhuma resistên­
cia < ppoz.
17<*

immediatamentc assumiu a administraçãoc


tomou posse do Governo (57).
Já percorre todos os ângulos do Estado
a grande nova, em toda parte recebida en­
tre manifestações geracs de regosijo.
. Convencido de epie representa e é depo-
zitario da honra publica, o Governo, nesta
conjunctura solernne, será ao mesmo tempo
forte e justo, nâo poupando esforços para
manter inteira a harmonia social,respeitan­
do todos os direitos, defendendo todas as
liberdades.
Extinetos os privilegios.entramos numa
cpocha de verdadeira e plena confraterniza­
ção.
O pensamento do Governo nesta nova
phase de nossa existência politica abrange
o mais largo e elevado programma, firma­
do cm bases que serão a garantia de nossa
felicidade egrandeza futuras.
Viva a Confederação Brazileirn !
(57) Dessas occurrencias lavrou-se a seguinte
A cta da proci.amaç Xo da R e p i >hi,ica Brazileirana P ro-
v n c ia , hoje Estado do Kio Grande do N orte .
Aos dezesete (lias do mez de Noveinbrb de mil oitocentos e
oitenta e nove, no Palneio dn Presidência desta Província,
onde se mlmvnin reunidos oscidndrtos «baixo assiflnndog, de
nccOrdo com o movimento republicano do Pai*, representado
pelo Governo Provisorio estabelecido no Rio dejnneiro, resol­
veram proclamar n Republica dos Estados Unidos do Rrazil
177

Viva o Estado do Rio Grande do Norte!


Viva o Povo Brasileiro !
Viva o Exercito e a Armada Nacionaes!
Viva o Patriótico Governo Provisorio!”

Tornando-se então folha offieial, A Re­


publica mudou seu escriptorio para o mes­
mo prédio onde s? achava a typographia
em que era impressa, da qual fez-se proprie­
tário o dr. Pedro Velho, comprando-a a
João Carlos Wanderley, que, velho e pobre,
retirou se completamente A vida privada ;
nugmentou de formato, passando n ter 45
cents.de comprimento sobre 35 de largura cm
cada pagina de cinco columnas ;e na citada
edição,além dos actos a que nos referimos,
publicou mais a proclamação do Governo
Provisorio, mensagem do mesmo governo
ao ex-Imperador e circular aos governado­
res dos Estados ; actas da proclamação da
Republica cm diversos municípios do Esta­
do ; grande quantidade de telegrammas, of-
ficiaes e particulares, dirigidos ao governa-

nesta Provinda,hoje Estado do Rio Grande do Norteio que sen­


do npprovado por todos com o maior enthusiasmoe vivas de­
monstrações de regosijo publico, pelo capitflo-tenente Leoncio
Rosa foi acclnmndo presidente o doutor Pedro Velho de Albu­
querque Mora ululo,que, sendo unanimemente ncceito no meio de
aeclamnçôes geraes, assumiu a administração e tomou pos-
178

dor acclatnado, não só de varias localidades


do interior, como dc alguns dos Estados
confederados, e os primeiros actosdo gover­
no provisorio estadoal,constando, entre ou­
tros, os seguintes : nomeações dos bacharé­
is Manuel de Carvalho c Souza, Jeronymo
Américo Raposo da Camara, juiz de direito
da comarca de S. José de Mipibú, c Manuel
do Nascimento Castro c Silva—para os car­
gos dc secretario do Governo, commissario
de policia e dircctor da instrucção publica ;
do tenente do exercito Francisco de Paula
Moreira—delegado de policia do termo da
capital;do cidadão Miguel Augusto Seabra
dc Mello—tenente do corpo de policia,desig­
nado ajudante de pessoa do governador ; e
dos bacharéis Alcibiades Dracon de Albu­
querque Lima Filho, Vicente Simões Pereira
dc Lemos,Luiz Manuel Fernandes Sobrinho.
José Amyntas da Cos+a Barros e Antonio
Victor Moreira Brandão e cidadão Manuel
Gomes dc Medeiros Dantas—promotores pu­

se do governo do novo Estado do Rio Grande do Norte, que


assim ficou installado : do que |>ara constar lavrou-se a pre-
zente neta,que vae por todos os cidadilos presentes assignada.
Eu, cidadão Joaquim Soares Rauoso da Camara, designado
para escrever, a escrevi—Dr.Pedro Velho de Albuquerque M a­
ranhão— Leoncio Rosa -Philippe Bezerra Cavalcanti (Se­
guem se outras muitas assignaturas.)
179

blieos das comarcas da Imperatriz, Assií,


Ceará-mirim, Trahiry, S. José de Mipibú e
Jardim.
A ’s manifestações de regosijo publico
veiu também junctar-se a musa potyguar,
e no mesmo numero d 'A Republica a que a ­
cima me referi encontram-se producções
poéticas de Segundo e Celestino Wandcrley,
das quacs permitta-se-medestacar o seguin­
te soneto do inspirado cantor das «Gôndo­
las», já nosso conhecido :

Ottcni no crnneo sentir chamas ardentes


Do sagrado vulcão dn Liberdade,
Quem fitar atra vez da eternidade
0 sublime perfil de Tira Dentes ;

Quem deseja que o vulto da Justiça


Sc levante nas praças deslumbrante,
Quem aspira no peito de gigante
Ver a pátria subir na grande liça ;

Quem venera o trabalho, a honra, a gloria


E sacode o borél do servilismo
Para vestira túnica da Historia ;

Hoje deve, adhcrindo á santa empreza,


Sobre os restos do cxtincto cataclysmo
As estrophcs cantar da Marsclheza.
ISO

Tendo o Governo central, por decreto de


20 de Novembro, nomeado governador
provisorio do Rio Grande do Norte o dr. A-
dolpho Affonso da Silva Gordo, este aqui
chegou no dia 6 de Dezembro c nesse mesmo
dia prestou juramento perante a Camará
municipal e tomou posse do governo do Es­
tado.
Acompanhavam no o dr. Manuel Fclis-
berto da Silva Figueiró, seu secretario, e o
alferes do 1 0 °regimentodceavallaria ligeira
José Cezar Marcondes de Brito, seu ajudan­
te de ordens, os quaes assumiram também
nesse dia o exercício das respectivas func-
ções.
A Republica em seu n° 22, distribuído
a 13 de Dezembro, oecupa-se desses aconte­
cimentos de modo honroso para o governa­
dor c seus dons auxiliares e, continuando a
publicação dos actos do governador aecla-
niado, registra também o primeiro decreto
do governo provisorio do Estado, que c o
seguinte :
«Decreto n° l,d e 7 de Dezembro de 1889.
O Governo do Estado do Rio Grande do
Norte decreta :
Art. I o O Estado do Rio Grande do Nor­
te adherc á Republica Federativa Brazilcirn,
181

nos termos cm que foi proclamada proviso­


riamente pelo Governo Federal no decreto
n° 1 de 15 de Novembro ultimo.
Art. 2'-' 0 Estado do Rio Grande do Nor­
te fica constituído um dos Estados Unidos
do Brazil.
Art. 3o O Governo deste Estado adop­
tará com urgência todas as providencias
necessárias para a manutenção da ordem e
da segurança publica, defeza e garantia da
liberdade dos direitos e interesses legítimos
dos cidadãos, quer nacionaes, quer extran-
geiros, na forma do citado decreto.
Art. 4 9 As funeções da justiça ordinaria,
bem como as funeções da administração cm
seus diversos ramos, continuarão a ser exer­
cidas pelos orgams até aqui existentes, res­
peitados os direitos adqueridos pelos func-
cionarios.
Palacio do Governo, cm Natal, 7 de De­
zembro de 1889.
Adolpho A. S. Gordo.»
Por esse tempo A Republica mudou a ty-
pographia e seu escriptorio da rua da «Con­
ceição» para a «13 de Maio», n° 51, onde já
imprimiu o n9 23, que foi distribuído a 24
de Dezembro, substituído o sub-titulodePe-
182

riodico político e noticioso pelo de Orgam


republicano.
Traz esse numero, alem de diversas cir­
culares do governo central e continuação
dos aetos cio governador acclamado, uma
ordem do dia cio governador provisorio pu­
blicando a nomeação do capitão honorário
do exercito Francisco José Travassos, feita
ainda por portaria do Ministro da Guerra
de 21 de Outubro, para o cominando da for­
taleza dos SanctosReis M agos ;um exceden­
te artigo de redacção sobre a Constituinte
(58) ; e primeiro de uma serie iniciada por
llrnz de Mello sobre a instrucção publica.
A «11 de Dezembro publica A Republica
o n'-’ 24, que, além dos aetos offieiaes, entre
os quaes se encontra a exoneração de Joa­
quim José do Rego Barros do logar de capi­
tão commandante do corpo de policia c re­
integração no mesmo logar do cidadão Ole-
gario Gonçalves de Medeiros Valle; traz
um bem lançado artigo de redacção sob a
(58) Esse artigo mereceu «a honra fie ser transcripto pelo
«Diário de Noticias», do Rio, de 17 dejaneiro, n tpinl conside­
rou-o digno de ser lido com a maior nttençAo, acrescentando
com relação A .4 Rcpuí>Ucn-.
«Folha doutrinaria, a t|ue o espirito illustrado do dr. I’e
dro Velho imprimiu um cunho m tnycl de sinceridade e refle-
xAo. o apreciado collega tem o valor de uma opinifto respu
tavel.»
183

cpigraphe “A rcconstrucção,” o segundo da


serie de Brazde Mello e mais o seguinte,com
f|ue o ehefe republicano defende-se de accu*
tacões que fazia-lhe a Gazeta do N a ta l:

“A TERGEIRA GRUZADA

A Gazeta do Natal,que já me fez a devida


justiça, quando aqui se agitou patriótica e
nobremente a questão abolicionista ; que a­
lagou a guarda negra, quando procurei
plantar, atra vez de mil embaraços, a gran­
de e generosa ideia republicana, esforça-se
prescntmientc em manejos de todo gcncro
para molestar-me e ferir-me.
Dedica-me todo seu numero 148, n'uma
raiva desesperada de abater-me.
As settas são hervadas ; mas a honra c
um bom preservativo. A tranquilidade alti­
va da cmiscieneia vale mais que as investi­
das odientas do despeito. A lealdade e a pure­
za das convicções desprezam os artifícios
multicores da habilidade.
A cruzada não a temo, seja qual for o
resultado. Verdade é que os meus detractores
jogam armas cujo manejo me repugna ; em
todo caso, porém, o confronto entre o meu
obscuro nome e a phalange que esbraveja
184

em torno delle nãomc dá cuidados.Resta-me


a consoladora conviccão de que não envere­
darei jamais por caminhos sinuosos de vile­
zas e perfídias.
Ainda quando os destinos da patriario-
grandenoe viessem a cahir nas mãos esperi-
mentndas dos babeis,não me havia de morrer
no coração a grande fé que tenho no futuro.
Nem é uma sorpreza o que se está passan­
do : a tentativa ousada de guerrear os ver­
dadeiros republicanos, para gozar do poder,
iá eu a previra quando escrevi n A Republi­
ca :
“ A Republica também ha de ter o seu tre­
ze de maio e então não haverá duvida em a-
braçal-a com todo o enthusiasmo. Por ora
isso ainda vai rendendo ; largar <> passaro
das mãos seria tolice.
Acham, entretanto, conveniente e com-
modo que aquelles que trabalham pelas ide­
as, sem pensar em si, vão desbravando o
terreno, amaciando a cama onde hão de vir
fazer-nos o obséquio de deitar-se os oppor-
tunistas, contando que tudo será para os
hospedes da ultima hora. Quando estiver a
mesa posta, é tocar a chamada, e não falta­
rão convivas. Algumas almas caridosas dão
nos o conselho amigo de abandonar esse
185

trabalho arrluo de uma propaganda cujos


fructos irão parar á bocca daquelles mes­
mos que já se estão fartando no actual regi­
men. obrigado pela bôa intenção dos pru­
dentes conselheiros;mas não sc trata de gozo
pessoal, creiam. 0 que queremos é o bem dc
todos ;os cargos-que não são propinas,mas
serviçosá patria—devem pertencer aos mais
dignos.
Quando a reforma estiver feita, no dia
da festa, os que nos procuram agora mor­
der pela diffamaçào, enlamear pelo ridículo,
molestar por hostilidades de toda cspecie,
hão de dar muitos vivas, soltar muitos fo­
guetes, bater nos peitos, donde hão dc ar­
rancar uns ribombos patrióticos, esperan­
do passar suavemente da séva monarcliica
para o comedouro republicano. Isto será
para encher de raiva c nojo os que foram
sinceros, que trabalharam, que soffreram ;
mas nada nos demoverá do nosso intento—
trabalhar com perseverança c calma pelo es­
tabelecimento dc um governo melhor em
nossa patria.
Dizer que não vale a pena nos esforçar­
mos para beneficiar esta Cafraria, que ha
de pertencer sempre aos espertos ; que deve
cada um ficar no seu canto c abandonar o
terreno aos luibeis,cmljora nos degrademos,
embora a corrupção seja proclamada como
regra, não c ser cidadão” .
A política não c uma arte de fazer ar­
ranjos, é um posto.de sacrifícios ; e, quando
me provarem que a minha vida tem ou teve
outra orientação que não seja o amor des­
interessado c sincero da causa publica, en­
tão eu serei tão mau ou peior do que os gas­
tos e corrompidos elementos da politicagem
imperial. Ate lá eonservar-me-hei serena­
mente sobranceiro a todas as intrigas.H cor­
tar largo e fundo cm meu proc?der de todos
os tempos. Não encontrarão as podridões
gangrenosas da especulação, da inveja e da
calumnia—esta certeza lhes garanto.
Eu c que não descerei nunca ao charco
immundo de descomposturasedetraetações
que tanta vez tem envergonhado a nossa
imprensa.
Hei de morrer como tenho vivido—lim­
pa mente.
I)r. Pedro Velho.”

Publica ainda esse numero, como docu-


iiunto histórico, o manifesto republica­
no epie ao povo do norte do Brazil dirigi­
ram os chefes revolucionários de Pcrnambu-
is :

co an rebentar o movimento democrático


do 1S4S. * .
h assim finda A RtpuhJicn o primeiro
anno de sen npparecimento.
1890
Kiu principio desse anno termina A A‘e-
publicn a publicação do expediente c actos
officiaes do governo revolucionário c come­
ça os do governador provisorio.Dc uns c ou­
tros reg’stram os seusdous primeiros nume­
ros—2f> c 20—, publicados a 9 e 10 de Janei­
ro, entre outros, os seguintes :
Demissão, a pedido, do cidadão Jose Vi­
ctoriano de Vasconcellos Pereira, do logar
de amanuense interno da secretaria de poli
eia, e reintegração no mesmo logar do cida­
dão Urbano Hermillo de Mello, por aeto do
eommissario.de policia de 2 de Dezembro
do anno findo ;
Nomeação, a 2-4- de Dezembro do mes­
mo anno, dos cidadãos dr. Manuel de Car­
valho e Souza e Pedro Soares de Araujo
para inventariar c archivar em uma das sa­
las da repartição do Thcsouro os papeis e
mais objectos existentes na secretaria da
extincta assembléa provincial (59),fican-
(59) Kxlincta, como ns demais do imperio, pclo dec, n. 7
de CO de Novembro de 1889, do governo gernl.
188

do desde essa data dispensados todos os em­


pregados da mesma secretaria ;
Dec. n° 3, de 31 do referido mez e anuo,
reorganizando o corpo de policia c marean­
do os vencimentos do respectivo pessoal.
Por esse decreto, o corpo de policia ficou
constando de 1 capitão comniandante, 2 te­
nentes, 4- alferes, 1 sargento ajudante, 2 pri­
meiros sargentos, 4 segundos dictos, 2 for-
rieis, 10 cabos de esquadra, 120 soldados e
4 corneteiros, pessoal que ficou dividido em
2 companhias,commandadas pelos respecti­
vos tenentes. O comniandante percebia de
soldo, gratificação e etapa 5$000 diários.
Exoneração, na mesma data.de Manu­
el Lins Caldas -Sobrinho do logar de official
archivista da secretaria do governo, logar
<pie ficou extincto, e nomeação do mesmo
cidadão para o logar de tenente do corpo
de poli eia, cm substituição a José Thomaz
de Oliveira Mello, que fôra exonerado ;
Em 4 de Janeiro de 1890, rescisão do
contracto feito pelo governo anterior com o
cidadão Augusto Carlos Wandcrley para
impressão dos aetos administrativos e ex­
pediente da secretaria do governo, auctori-
zando-se o Thesouro do Estado a contrac-
tar o mesmo serviço com o cidadão Augus-
189

to Severo ele Albuquerque Maranhão, medi­


ante a quantia de 1:200$000, visto ter sido
sua proposta a mais vantajosa ;
Em data de 10, nomeação dos bacharé­
is Antonio José de Mello e Souza Filho e
Braz de Andrade Mello, formados no anuo
anterior, aquelle para o cargo de promotor
publico da comarca do Acary, este para o
de lente da cadeira de franeczdo Athcneu rio-
grandensc, logar que obtivera mediante
concurso prévio, em que havia sido appro-
\ ado plenamente.
Nos dons referidos numeros encontram
se ainda, nas columnas edictoriaes, um arti­
go exaltando o mérito de nosso illustre co-
estadano major José Pedro de Oliveira Gal-
vão c mais dous da serie de Braz de Mello
sobre instrucção publica ; assim como, cm
outras secções, noticia da partida do capi­
tão-tenente Leoneio Rosa, que, tendo sido
nomeado capitão do porto do Maranhão,
para alli seguira no principio do mez. sendo
aqui substituído no mesmo logar pelo capi­
tão-tenente Cândido Florianoda Costa B ar­
reto, recentemente chegado (00), e também
(6 0 )0 capitáo tenente Costa Barreto, nomeado capitílodo
porto deste E«tado, estava no Maranhfto quando deu-se a
rcvolnçrto e fez parte do governo provisorio daqnelle Estado.
190

a de achar-se empregado como auxiliar de


gabinete juncto ao ministro da Fazenda o
talentoso collaborador d A Republica e nos­
so illustre patrício Tobias Monteiro.
—De 21 de Janeiro, cpiando publicou seu
n9 27, em diante, A Republica voltou ás
suas antigas dimensões, tendo cada pagina
o mesmo numero de columnas do tempo da
propaganda; suspendeu a publicação dos ac­
tos officiaes e substituiu as palavras do sub-
titulo—Organi republicano e Redact ores di­
versos pelas seguintes :
Publicação periodica. (Nos dias 1,6, 11,
16, 21, 26 de cada mcz).
Consta desse numero que,por dee. n° 8,
datado de 10, o governador do Estado
dissolveu a camara municipal desta cidade
e nomeou, para. substituil-a,a seguinte com-
missão :
Joaquim Ignacio Pereira (61),
Fabricio Gomes Pedrosa,
Dr.Manuel Porphirio de Oliveira Santos,
Dr. José Paulo Antunes,
Odilon de Amorim Garcia.

(01) O commendador Joaquim Ignacio Pereira foi o pre-


zidente dessa primeira camara republicana. A 11 de Fevereiro,
porém, foi concedida a exoneraçilo que pedira de membro do
101

No dia 17 havia seguido para o Rio


de Janeiro o dr. Pedro Velho, e A Republica,
dando nessa mesma edição noticia dessa
viagem e dos motivos que o levavam á Ca­
pital da Republica, assim se exprimia :
«No paquete Pará, que aqui passou para
o sul a 17, embarcou com destino á Capital
Federal o nosso estimadissimo collega e che­
fe dr. Pedro Velho.
No actual momento da Patria Brasilei­
ra, uma ves que o governo deixou de ser um
phenomeno superposto e estranho ao Esta­
do, tornando-se, republicana mente, uma mo­
dalidade funccional da nação, todas as ver­
dades democráticas, todos os princípios de
popularismo puro podem e devem .ser nffir-
mados alta e energicamente de baixo para
cima.
Para fnser ouvidas umas tantas cousas
sobre o Rio Grande do Norte, cuja vos, por
todo o triste tempo da funesta monarkhia,
baldadamente soluçou suas vivas necessida­
des aos pés do throno cgòista e injusto,—
foi que seguiu o dr. Pedro Velho para o Rio
de Janeiro.

conselho municipal, sendo substituído pelo dr. Iirnz de Mello e


na presidência do mesmo conselho pelo major Fabrieio Go­
mes Pedros,i.
192

E ’, pois,unia viagem de negocios politi-


cos a que fez agora o honrado e talentoso di-
rcctor do partido republicano norte-rio-gran-
densc, privando a redacção d’ A Republica
do concurso insubstitutivel de seu esclareci­
do espirito e nobilissimo coração” .
—Appareceram,entretanto, aqui,como nos
demais Estados da União, sebastianistas
descontentes, que, não querendo, ou não po­
dendo, adhcrir ao partido republicano, que
assumira a direcção política do Estado, fi­
zeram-lhe opposição, pondo cm pratica os
expedientes mais indignos para desprestigiai
o. Entre estes figura no momento o empe­
nho com que procuravam indispor o gover­
nador com o popularissimo chefe desse par­
tido, dr. Pedro Velho, communieando para
fóra do Estado, cm cartas e telegrammas,
que este oppuzcra-sc com todas as forças á
nomeação daquelle, pretendendo ate, feita
a nomeação, impedir com armas o seu des­
embarque.
Espalhando-se, pois, que o illustrc chefe
republicano seguira para o Rio em conse­
quência de divergências entre elle c o gover­
nador do Estado, voltou A Republica a oe-
eupar-sc do assumpto na edição seguinte,
onde escreve:........
193

“ Dedarr mos ser isto.ele todo o ponto


inexacto e o affinnamos sob nossa palavra
de honra. Entre os drs. A. Gordo e P. Velho
reina a tnaigr c a mais perfeita harmonia ;
estAo elles no mais perfeito nccôrdo de vis­
tas. 0 dr A. Gordo tem governado c vnego­
vernando este Estado a contento de todos
e por sua vez acha-se nas melhores relações
com o dr. P. Velho, ' ’ .
Não se acredite, pois, no embuste que se
procura lançar, tendo-se em vista fins bem
conhreidos.”
Nas columnas edictoriaes elogia n admi­
nistração e defende o governo do dr. A. Gor­
do de accusaçôes que então lhe faziam a
Gazeta do Natal e O Poro, do Seridó, a pro
posito do serviço dossoccorros públicos.
—Ainda com relação ãquelles boatos, es­
creve na edição de 1'-’ de Fevereiro—n° 29—
o dr. Nascimento Castro, homem de fc e um
dos vultos mais salientes do partido repu­
blicano :

«Nunçn se tratou de manifestação hostil


á pessoa do honrado sr. dr. AdolphoGordo,
governador deste Estado, nem de resisten.
cia aos netos do patriótico governo central;
mas de solicitar do mesmo governo tiflo a-
1íi-i

hrisse uma excepção contra o Rio Grande


do Norte. Desde,' porém, que constou ser a
nomeação de governador, pelo governo cen­
tral, tuna providencia geral, applicada a
todos os Estados da União, cessaram to­
das as preoccupações, muito legitimas sem
dúvida, que melindraram este brioso povo.
Então explicaram o dr. Pedro Velho c seus
amigos os acontecimentos ao povo,em mee
tings e conferencias, e de então por diante
não sc tratou sinão de preparar a recepção
do honrado sr. dr. Adolpho Gordo, que foi
brilhantissima, do que dá testemunho toda
esta cidade.
Eis cm substancia o que se passou” .
E o mesmo affirmaram, sob a responsa­
bilidade de suas assignaturas, nesse e no se­
guinte numero, os não menos dignos cida­
dãos drs. Braz de Andrade Mello e Diogenes
da Nobrega e capitão João Avelino Pereira
de Vasconceílos.
—Os dons referidos numeros noticiam ;
Que fora exonerado do cargo dc secreta­
rio do Governo o dr. Manuel Felisberto da
Silva Figueiró ;
Que dc Pernambuco chegaram a 27 dc
Janeiro os drs. José Clymaco do Espirito
Santo e José Pedro de Almeida Pcrnambu-
co,nomeados juizes de direito, aquellcda co-
marea de Goynnninha.esteda do Acary(62);
Que a 3 de Fevereiro assumira o exercí­
cio do cargo de Inspector da Alfnndega o ci­
dadão José Zacharias Vieira de Mello ;
Que o dr. Braz de Mello permutára a ca­
deira de lingua franccza do Athencu rio-
grandense com a de philosophin, de que era
lente no mesmo estabelecimento o dr. M a ­
nuel Segundo Wanderley.
—Por motivos de saude em pessoa de
sua familia, deixou o dr. A. Gordo, no dia 8
de Fevereiro,.a administração do Estado,
passando-a ao chefe de policia, dr. Jerony-
mo Camarn, c embarcando no dia í) com
destino ao sul do paiz.
Tratando de seu governo, diz A Repu­
blica a 11—nç 31—:
«Si bem que algunsactosde somenos im­
portância nos últimos dias de sua adminis-
tiação não tenham sido dos mais acertados,
constituindo ligeira cxcepçào aos seus crédi­
tos de intelligente, sollicito e bem inspirado
administrador, todavia, o caracter geral de
sua administração foi bom, deixando um

(<>,’ ) IiHtallíiila soltfinneineiite no rlia 17 ile Fevereiro,


'10H

traço memorável e benefico de sua passa­


gem neste Estado, em que, <5 força confes-
. sar, fez grandes economias em real contras­
te com a esbanjadora administração do go­
verno transacto do sr. de Ouro Preto, aqui
personificado na' pessoa do sr. Amaro Be­
zerra.»
O dr. Jeronvmo Camara, «caracter no­
bilíssimo, intelligencia esclarecida, manei­
ras affavcis, de uma honestidade a toda pro­
va c de uma modéstia sem limites, assumin­
do o logar em que o seu patriotismo, a ne­
cessidade da occasião e as exigências .dos
amigos o collocaram com constrangimento
pessoal», chamou para seu auxiliar na che-
1’atura de policia o dr. Antonio de Amorim
Garcia.
Dispensado, a seu pedido, r!o cargo de
ajudante de ordens do governo do Estado,
seguiu também com o dr. A. Gordo o alfe­
res José Cezar Marcondes de Brito.
Registrando estes factos, traz mais
esse numero d’A Republica o 1 artigo de
uma serie sob a cpigraphe «A Republica não
fez reacção#,queé um confronto entre os pri­
meiros governos republicanos do Estado e
os últimos da monarchia na Provinda ; diz
terem sido nomeados os bacharéis Augusto

o
197

Leopoldo Raposo da Camara, Pedro José


de Oliveira Pernambuco. Luiz Manuel Fer­
nandes Sobrinho, Àprigio Augusto Ferreira
Chaves, João Dionysio Filgueira, José Gui-
lherme de Souza Caldas e Antonio Jerony-
mo de Carvalho para os cargos de procura­
dor tiscal do Thcsouro do Estado, juizes
municipaes dos termos desta capital, da
Macahyba e do Triumpho e promotores pu-
blicos das comarcas de Sant’Anna do M at­
tos, Triumpho e Ceará-mirim, na ordem em
que se acham seus nomes collocados ; e dá
ainda a noticia dolorosa de terem fallccido no
mesmo dia—10de Fevereiro—.nestacapital,
odr. Luiz Carlos Lins Wanderley(63), medi­
co, litterato, jornalista e lente de Arithme-
tica do Atheneu rio-grandense, e suaes])Osa,
d. M aria Amelia Wanderley, filha dejoão
Carlos Wanderley, o decano da imprensa
norte-rio-grandcnsc.
—0 n° 32—16 de Fevereiro— transcreve
do «Diário de Noticias» o edictorial com que
esse campeão da imprensa fluminense re­
cebeu o dr. Pedro Velho ao chegar ao
Rio de Janeiro e cdicta mais dons artigos
de redacção—2o da serie A Republica não fez
(03) Pne do insigne poetn potyguar Segundo Wanderley.
198

reâóção o outiv) intitulado N m tudo qaelust


é ouro; e em SUAS secções íle rtotioiflS d 15? f|U0-
fo ra m p u b lic a d o s n ffietnlnietlte oh d e c r e t o s
d e n o m e a ç ã o cios ju iz e s d e d i r e i t o drs. J o s é
A u g u sto de S ouza p a ra a c o m a rc a do P o -
te n g y , M an u el d o N a scim en to C a s tr o e S il­
v a p a ra a de S a n P A n n a d o M a t t o s e M a n u ­
el d e C n r v n l l i o e S o u z a p a r a a c l o T n u r n p n o ,
e que p o r decretos d o g o v e r n a d o r , d e l i d e
Janeiro e <S de Fevereiro, fora reunido á co­
marca de Goyanninha o termo de Arez e
ereada nesta capital uma eschola normal.
— N. 3d—21 de Fevereiro—Nas colurn-
nas edietoriaes volta Augusto Severo a oe-
eupar-se das cousas do Estado, escrevendo
um artigo sobre a barra, para cuja abertu­
ra, segundo lhe afíirmára o dr.Adolpho Gor­
do, antes de deixara administração, já ti­
nha sido aberto o credito necessário e con-
tractado o engenheiro hydravdieo que devia
encarregar-se do trabalho teehnico ; e vê-se
mais o bc artigo da serie A Republica não
fez reacção.
Das secções de noticias consta que fôra
nomeado governador do Rio GrandedoNor­
te o dr. Joaquim Xavier da Silveira Junior ;
aposentado no logar de pratico morda bar­
ra desta capita! o 2° tenente José Dias Pi-
190

menta, com $0 annos dc ettacle c mais de 4 f>


de serviço publico : nomeado adjunto do
promotor publico da eonmrcn do Ceará
mirim o acadêmico Virgílio Bandeira de
Mello ; e restabelecida neste Estado a com­
panhia de aprendizes marinheiros, devendo
ser transferida para aqui a do Maranhão,
secundo o aviso do ministério da Maritlllíl
i)° r>05, de 8 dc Fev?reiro.
—N°34—26 de Fevereiro—A esse tempo o
dr. Amaro Carneiro Bezerra Cavalcanti, ul­
timo chefe do partido liberal da Província,
escrevia no «Paiz», do Rio dc Janeiro, uma
serie de artigos violentos contra o partido
republicano do Estado e sen chefe, visando
manifestamente seu desprestigio perante os
altos poderes da Republica. Elle tentava,
com alguns sebastianistas que sobraram,
fundar um partido de opposição no Rio
Grande do Norte e para isso, aproveitando
se da ausência, do chefe do partido republi­
cano e presidente de seu directorio, poude
conseguir que o vice-presidente, aliás um ca­
racter distincto, convocasse uma reunião
política, cm nome desse partido, para dar
lhe, com o concurso desses elementos, nova
feição c novo chefe.
Baldado esforço.
200

A Republica,considerando, cm edictorial
desse numero, que aodr. Hermogenes Tino-
co faltava competência para legitimamente
praticar qualquer acto na qualidade de vic<-‘
presidente da com missão executiva do par­
tido republicano, desde que se declarara em
opposição e ainda lhe não tinha sido reno­
vada a confiança inherente ao cargo em que
o collocára o Directorio do mesmo partid<\
organizado a 27 de Janeiro do anno passa­
do, o unieo competente para fazer aquella
indispensável renovação, logo manifestou
se a respeito e, orgam desse partido, tendo
em seu favor a approvaçãu e um voto de
confiança do respectivo Directorio, como se
vê da acta da sessão do dia 14 de Julho do
dicto anno, protestou solemne e energica­
mente contra a convocação dos republica­
nos feita por aquelle dr., declarando-a ille-
gal,subversiva e verdadeiramente perturba­
dora da harmonia do partido republicano.
A tentativa não surtiu efifeito. Depositá­
rio da confiança daquelles que depuzeram a
monarchia, considerando evidentemente sus­
peitos os elementos que delia vinham e ten­
do, pois, como ponto primordial de seu pro­
gramam—fazer a Republica com os republi­
canos, o governo provisorio dispensou ao
201

dr. Pedro Velho a maior consideração nd


Capital Federal, garantindo-lhe toda a for­
ça e todo o prestigio no Estado, para onde
voltou com um governador amigo e de sua
inteira confiança, nomeado 1° vice-governa-
dor e indicando os nomes dos 29 e 3°, que
foram depois nomeados (64).
Além do cdictorial a que acima me refe­
ri, traz mais o mesmo n° d’„4 Republica um
excedente artigo dc redacção—O nosso de-
. ver, no qual faz judiciosissimas considera­
ções sobre a missão da imprensa ;o 4o da se­
rie A Republica não fez reacção e começa
uma outra sob a epigraphe—Dr. Amaro Be­
zerra, em que seu auctor propõe-se fazer a
analyse da vida publica desse chefe na polí­
tica do Rio Grande do Norte.
—N9 35—1° de Março—Nas columnas e-
dictoriaes : Cousas do Estado—ainda a bar­
ra--e o 2° artigo sobre o dr. Amaro Bezer­
ra ; nas secções de noticias : as dc ter sido
nomeado chefe de policia deste Estado o dr.
Alexandre de Chaves Mello Ratisbona c
proTnovido a 1° cseripturario da Alfandega

(G4-) Hrs. Amaro Cavalcanti e Alcibiades Prncon de Albu­


querque Lima,juiz de direito de Mossorò. NAo acctitando o I o
a noincaçfip.por morar fóra do Estado, (oi substituído pelo (Ir.
José Ipjnncio Fernandes Rnrros.juiz dc direito do Ceará-ntirim.
202

desta cidade o 29 da Thesouraria dc Fazen­


da da mesma cidade—Antonio Celestino da
Cunha Pinheiro.
N'-’v-Ui—6 de M arço—Traz nas columnar
edictoriaes o 3° artigo sobre o dr. Amaro
Bezerra e mais umepigraphado A “ Gazeta do
Natalӎ orgam do pequeno corrilho rlodr.A-
maroBezerra,proposição que procurajustifi­
car transcrevendo trechos da propria Gazeta,
que diz que«cntre os seus amigos eosdodr.A-
maro Bezerra ha mais do que uma approxi-
mação, ha uma fusão de elementos, que ou-
tr’ora elles representavam e que hoje se a—
chain unidos e dispostos para a lueta, a que
são arrastados»; e transcreve cia imprensa
do Rio uma carta e um telegramma de ap-
])lausos ao dr. Amaro, passados daqui e as-
signados pelos representantes desses diver­
sos elementos, a saber : Heraelio Villar, M a ­
nuel Porfirio de Oliveira Santos, Umbelino
de Mello, Joacpiim Guilherme, Luiz Souto,
João Agostinho,Hcrmogenes Tinoeo, Morei­
ra Brandão e Antonio Bazilio.
Nas secções de noticias lê-se que foram
nomeados I o eseripturario e thesoureiro da
Alfandega do Rio Grande doNorte Raytnun-
do dc Oliveira e Gaspar do Rego Monteiro e
2o eseripturario da Thesouraria dc Fazenda
203

do mesmo Estado Francisco Herculano da


Silva ; assim como que chegaram a esta ci­
dade, do sul o coronel Francisco de Lima c
Silva, commandante nomeado para o 34 ba­
talhão dc infan teria,que aqui se havia orga­
nizado, e do norte o cidadão Ernestino Da-
masceno,nomeado Inspectorda Thesouraria
deste Estado. •
Nas solicitadas apparecem Nascimento
Castro, Braz dc Mello e Augusto Severo a
contestar proposições da carta a que acima
nos referimos c outras dos artigos de seu
destinatário. .
—N 937—11 de Março-Depois dc um arti
go doutrinário sobre o casamento civil,cuja
lei acabava dc ser promulgada, oecupa-se
da chegada e posse no dia anterior do novo
governador do Estado, dr. Xavier da Silvei­
ra, «jornalista emerito, talentoso c adianta­
do, litterato distincto e republicano conven­
cido, correcto e dc sentimentos genuinamen­
te democráticos, postos a serviço de uma
natureza energica e decidida», e que vinha,
na phrase de Silva Jardim, em discurso pro­
ferido no banquete que os amigos offerece-
ram-lhe no Rio por essa prova de confiança
do governo provisorio, «continuar o traba­
lho do governador revolucionário, alli pre-
zente. o iUustre patrício cidadão dr. Pedro
Velho, c o não menos notável patricio pau­
lista dr. Adolpho Gordo».
Ao governador acompanhava o 1° vice
governador, dr. Pedro Velho, que regressa­
va de sua viagem ao Rio de Janeiro e a quem
.1 Republica saudou nos seguintes termos :
«ComprimcYitamos cordialmente o arro­
jado moço.que, primeiro, intemerato, con­
vulsionou a fibra abolicionista da patria
rio-grandense, levando o calor de seu verbo
ardente e infiammado a todos os corações
do povo deste abençoado solo.
Feita a Pl cruzada, patriota infatigável,
elle não descançou,atirou-se de corpo calma
á campanha civica e grandiosa da lilverdade
da patria
Nesse intuito alevantado fundou um cen­
tro republicano, creou um orgam de propa­
ganda intelligentc, activa, viril e proveito-
za—A Republica.
Das columnas desse jornal, que elevou o
nivcl moral da imprensa no Estado, verbe­
rou com energia indómita os vicios da de­
crépita instituição, eaustieou pelo estvlete
da ironia fina os erros da politica corrupto­
ra ; desfez com vantagem e lucidez todos os
sophismas e precon ‘eitos da velha cschola
205

monarchica ; desenvolveu com brilhantis­


mo os fecundos princípios da democracia
pura e descreveu com muita observação e
conhecimento as riquezas naturaes do Es­
tado, rasgando novos horisontes a futuras
explorações e riquezas desta terra.
Eis em substancia o que foi aquelle or-
gam da imprensa, que teve uma orientação
moderna, bôa e sadia c que, pode-se dizer,
foi a synthese perfeita da individualidade
exuberante e sympathica do dr. Pedro Ve­
lho».
Do dr. Jeronymo Camara, que deixava
o governo, disse o orgatn republicano que
foi correcto na sua administração, pelo que
recebeu os applausos de todos e mereceu de
seus amigos as mais significativas manifes­
tações de apreço.
Na secção Noticias diversas encontra­
mos a seguinte :
«Seguiu para o Recife, no vapor de 6,
nosso estimável amigo Alberto Maranhão,
que vai iniciar seu curso de direito naquclla
cidade.
Auguramos propicia viagem ao nosso
amigo e um futuro luminoso, (pie c dado es­
perar de seus dotes intellectuacs».
—N" 58—16 de M arço—Apenas em N a-
200

tal, onde foi recebido com festas c banquete*


sabendo que, em sua ausência, tramaram
lhe os scbfisttnnrstas u m a surpresa, c o n v o ­
c a n d o u m a reu n iã o política em nom e d o ve­
lho p a r t i d o repu blicano , n ã o se fez esp e ra r
o chefe e-entiino desse p a r t i d o e, calm o, m a s
a lt iv o e d ig n o ,a s sim p ro te sto u c o n t r a o fac­
to insidioso na c o lu m n a edictorial desse n °
d ’/l Repablicn :

“ A o partido republicano d o Rio


Grande do Norte
Chegado ha tres dias apenas a esta ca­
pital, de volta de minha vingem no Rio,onde
do glorioso chefe do Estado e dos beneméri­
tos membros do gabinete recebí as provas
m ais honrosas de co nsideração; a p e n a s res­
t itu íd o a o meu q uerid o t o r r ã o n a t a l e cujos
infortú nios sempre lamentei, cujo fu tu ro
hoje an tevejo cheio de espe ra n ç as— sou in fo r ­
m a d o de que na m inh a auzencia tramou-se
u m a sorpresa, para não dizer uma embosca*
d a política, afim de illudir a opinião c forjar
assumpto para algum telegramma hyperbo-
lico.
O a m a l g a m a h y b r id o que constituc nes­
te E s t a d o a dissidência, procurando o p p ô r
2(37

tropeços ú marcha e á direcção generosa da


jtolitica republicana, pretende armar ao effei-
t o ,c o n v o c a n d o u m a reunião, l a b o r i o s a mente
e n s a ia d a c p r e p a r a d a , onde c o m p a re ç a m os
representantes d o seba stia n ism o— significati­
va expressão com que o bom senso popular
designou a orientação e os intuitos da des­
esperada g re i; e, na atrapalhação em que
vivem, t iv e r a m o a r r o jo de a ffirm a r que
:i c o n v o c a ç ã o e r a feita e m nome d o velho
p artid o republicano, co m o si merecessem a
confiança, a estima d o s velhos b a t a lh a d o r e s ,
como si,a o contrario, lhes não fossem triste­
mente suspeitos por seu procedimento.
Imsorio e lamentável desplante.
C o n v o q u e m lopfo francam en te as forças
a i n d a restantes d o sebastia nism o em d e ­
b a n d a d a , fazendo esforços inúteis p a r a cre-
a r corpo, c c a d a d ia reconhecendo m ais e
m ais a sua nullidade ; sejam sinceros e lcaes.
M a s a b u s a r d a b a n d e ir a im m a c u la d a d o ve­
lho p a r t i d o republicano, para illudir incau­
tos, digo-lhes qtico não podem honradamen­
te fazer.
Como chefe do partido republicano nor-
te-rio-granclense, essa poderosa força rege­
neradora dos nossos costumes políticos,pha-
lange patriótica,que tem hoje como soldados
208

não somente o denodado grupo que me ou­


viu e acompanhou nos tempos da campa­
nha auti-monarchica, como a grande maio­
ria dos cidadãos honrados e prestimosos
dos antigos partidos, declaro que não é se­
rio nem digno o pérfido expediente. Não se
pode tornar a serio a pretenção de serem
considerados representantes do pensamen­
to republicano aquelles que procuram per­
turbar, numa grita desesperada e impoten­
te, a m arch a triumphal da reorganização
politica que ha de salvar os nossos brios.
Atirando-se desorientados e cegos á lu-
eta fervida das paixões inglórias, cheios de
rancores despeitados e injustos, procurando
em balde organizar-se e crear raizes em um
solo que lhes foge sob os pés, desesperados
na consciência de sua fraqueza, am argura­
dos pelo repudio a que os vota a consciên­
cia publica c a altivez do caracter rio gran-
dense, procuram enscenar a comedia de um
prestigio, que não passa de uma dansa ma­
cabra, onde torvelinham abraçados indiví­
duos cuja heterogeneidade parecia irredu-
ctivel sem capitulações dolorosas dos mais
caros sentimentos.
A verdadeira politica republicana do
Rio Grande do Norte se está fazendo c eon-
209

tinuará a fazer-se a custa cie todos os ele­


mentos sãos e honestos que tenham a com-
prehensão patriótica dos destinos do Esta­
do, despresando-se camaiilhas restaurado­
ras de um sebastianismo da peor especie,
porque não relembra siquer os feitos cava­
lheirescos do monarcha fanatizado e infeliz,
mas recorda a exploração deste pobre povo,
que vivia num abatimento triste e doloroso
pela culpa execrável de politicos interessei­
ros e sem patriotismo.
Por num nunca tive a prcoccupação da
minha individualidade,de pouco valimento;
e o favor publico que me anima e fortalece
não tem certamente outros motivos sinão a
justiça que me fazem os meus patrícios de
acreditarem na sinceridade e pureza dos mo­
veis que me têm servido de guia na vida pu­
blica. Amando, porém, com entranhado af-
fecto a terra em cpic nasci, a ella pertencem
neste grave momento de transição todas as
minhas encrgias;e, cercado, como estou, pela
espontânea dedicação c confiança dos velhos
partidos, cpic, fundidos ao núcleo republica­
no que eu dirigia antes da ievolução, hoje
constituem um todo homogêneo e victorio-
zo na politiea do Estado, desafiando as iras
epilépticas dos despeitados, despresando as
210

vilezas cítlunrniosas dos espíritos avcsactos


á intriga ; convencido de que trabalho pela
felicidade e grandeza de minha terra, sem
odios nem desfallecimentos, declaro sem sig­
nificação republicana e inteiramente alheia
e antipathica aos meus verdadeiros correli­
gionários cl reunião que St- mimmcia, prcee-
(3kl cl cie U111(1 convocarão desauctonzíuln e
traiçoeira.
Afinal, tudo isso dc nada lhes valerá si-
não de desdouro e humilhação,e convençam
se de que aguardo tranquila e confiadamen­
te o npêllo ás urnas, e ahi o grande partido
republicano norte rio-grandense dirá fran-
camentc o que pensa e o que quer.

Natal, 14 de Março de 1890

Pedro Velho” .
Occupa-se ainda esse n° dVI Republica
da partida do dr. Nascimento Castro para
o interior do Estado, a tomar posse de sua
comarca ; de sua substituição na directoria
da iihstrucção publica pelo dr. Antoniode
Amorim Garcia e da deste na Chefactura cie
policia pelo dr. Joaquim Ferreira Chaves
Filho, juiz de direito da comarca do Trahi-
ry (N ova Cruz) e que assumira o exercício
211

clfiquelle cargo no dia 11, fazendo de todos


lisongciras referencias, assim como de Au­
gusto Severo, que acabava de ser nomeado
interinamente lente de Arithmetica do Athe­
neu rio-grandense, na vaga deixada pelo fal-
lecimento do dr. Luiz Carlos.
—N°39 22 fie M arço—Traça em ligeiros
p e r f i s íis individualidades p o l í t i c a s clõ chefe
cio governo provisorio da Republica c ele
cada um dos seus ministros ; occupa sc dc
modo honroso das pessoas dos drs. Alexan­
dre de Chaves Mello Ratisbona e Cândido
Gonçalves de Albuquerque, nomeados ehe-
fe de policia c secretario do governo do Es­
tado e chegados a esta cidade aquelle a 19 e
este a 21 ; noticia que, por portaria daqttcl-
la data, fora exonerado o promotor publico
desta capital e para substituil-o removido o
da comarca do Potengy, dr. Diogcncs Celso
da Nobrega ; c sobre a falada reunião dos
sebastianistas, que realizara-se a 16 no
theatro «Sancta Cruz», diz simplesmente :
«A Republica,considerando nulla em seus
eífeitO».desordenada c ridícula a errande reu­
nião de domingo, passa á ordem do dia :
isto c, continua serena mente na sua gran­
diosa c patriótica missão de regenerar a
patria rio-grandense, pugnando pelos legiti-
212

mos interesses cconomicos, sociaes e políti­


cos do Estado.
Isto de enseenar comedias de prestigio
problemático é, alem de feio, inútil. Todos
os rio-grandenses bem intencionados o reco­
nhecem c saberão provai o sem odios e vic-
toriosamente’'.
—N° 40—26 de Março—Diz ter sido, por
portaria dessa data, nomeado promotor
publico da comarca do Seridó o talentoso
correligionário Janueio da Nobrega Filho,
um dos mais intrépidos propugnadores da
idea republicana cm seus tempos de difficul-
dades e luetas, c removidos a pedido os pro­
motores drs. Manuel Dantas(65), da comar­
ca do Jardim para a do A cr ry, Ânanias Pa-
ranhos de Araújo, da do Apody para a do
Jardim, c Joaquim Felicio, da do Seridó
para a do Apody ; e publica a acta da ins-
tallação do Club Republicano de Mossoró,
fundado em 39 de Janeiro, seguida de gran­
de numero de adhesões.
—N°41—l 9 de Abril—Visita do governa­
dor á Macahyba ; discurso pronunciado pelo
(65) O mesmo cidadão Manuel Gomes de Medeiros Dantas
nomeado promotor publico da comarca do Jardim em Novem­
bro de 1889 e de quem se fala á pag. 178, o qual formárase
em direito pela Faculdade do Recife em 29 de Novembro de
1890.
• 213

dr. Silva Jardim por occasião do banquete


offcrecido no Rio de Janeiro ao dr. Xavier
da Silveira, quando foi este nomeado gover­
nador do Rio Grande do Norte ; e promo­
ções a coronel e tenente coronel de nossos
distinetos patrícios tenente-coronel Antonio
.da Rocha Bezerra Cavalcanti e major José
Pedro de Oliveira Galvão.
—N° 4-2—-8 de Abril—Abre com um arti­
go do dr Pedro Velho, sob a epigraphe «A
situação politiea do Rio Grande do Nor­
te», em que o prestigioso chefe republicano
do Estado responde a um outro que o dr
Almino Alvares Affonso escreveu no «Liber­
tador», do Ceará, fazendo-lhe censuras c
suppondo expor a verdade dos factos politi­
cos do Rio Grande do Norte.
"Nunca houve, porém diz o chefe—ex­
posição que mais se distanciasse da realida­
de do que o escripto do meu digno amigo.
Reconhecendo-o incapaz de má fé e des­
lealdade ; acostumado desde criança a esti-
mal-o com as suas tribunices sympathicas c
retumbantes, o seu bom e generoso coração
de homem que soffreu e luetou ; só posso a-
ttribuir a falsa opinião que faz a respeito
da politiea deste Estado a informações a ­
214

paixonadas e pérfidas de algum espirito cego


á evidencia.
Viesse o dr. Almino examinar ])or si a
situaçao üo Kio Grande do Norte, e reco­
nheceria que o acerto unico possível nesta
nova phase da vida nacional (digo-o sem
vaidade, mas convicto) era fazer o que fiz •
chamar (não, receber, que elles vieram es-
p o n t a n e a m o n t e ) . . . .receber, p a r a c o n s titu ­
ir um corpo solido e homogêneo em tôrno
do núcleo republicano, os poderosos elemen­
tos conservadores e liberaes da vespera.
E aos chefes dirigentes dessas phalanges
dissolvidas devo a justiça de proclamar, eoni
satisfação completa e para honra <leites, que
tiveram tão clara e nobrem ente a co m pre -
hensão do actual momento historico, que
arrancaram os seus galões de generaes nos
antigos partidos e vieram alistar-se, com
cnthusiasmo, tnas sem ambições estultas,
nas fileiras (pie dirigia e guiava nos tempos
de lueta o mais obscuro c dcspretencioso de
seus patrícios.
Kste a b a n d o n o cios velhos arraiacs fez-SC
em m as s a no d ia 17 de N o v e m b r o .
Mais tarde alguns pescadores d’aguas
turvas procuraram toldar a limpidez da si­
tuação, agitando odios e rancores adorme-
215

ciclos, lançando mão de tudo, procurando


fazer opinião nos jornaes de certos Estados,
servindo-se vergonhosamente da intriga,da
cliffamaçAo e cia calumnia, sem nenhum res­
peito pela sua honra e pela honra alheia»
até cjue num esforço desesperado prepara­
ram a comedia de uma reunião que cahiu
logo no ridiculo, pela presumpção de seus
p ro m o to re s, sem prestigio a lg u m nesta ter­
ra.
M as isto lia de p a s s a r ; e o partido re­
publicano—sem exclusivismos, recebendo to­
dos os elementos sãos de ambos os partidos
monarchicos—ganha tal força e talprestigio
que já constltue a grande maioria em todôS
os municípios,sendo em alguns a quasi unani­
midade. E m toda parte a paz, a tranquili­
dade e a esperança no futuro—eis o que se vê
no Estado do Rio Grande do Norte.”
F, passando aoccupar-se particularmen­
te das cpieixas e aceusações do dr., Almino,
refuta-as com vantagem e conclue o seu ar­
t i g o p o r estas p a l a v r a s :
“ Si nflo fôra o respeito que me merece o
orgam de pu blicidade onde vi e s t a m p a d o o
artigo que provocou estes ligeiros reparos,
si não fosse a estima cm que tenho o meu
amigo dr. Almino, não daria uma palavra
21H

de resposta ás accusações de cpie son victi-


ma. Elias não poderão lazer echo em parte
alguma por serem de umainexactidão abso­
luta” . .
—Traz em seguida esse numero d’ A Re­
publica os perfis, bem delineados, do gover­
nador do Estado, chefe de policia e secreta­
rio do governo e dá na secção de noticias a
de ter sido nomeado engenheiro fiscal inte­
rino da estrada de ferro de Natal a Nova
Cruzo nosso coestadano dr Manuel Ur­
bano de Albuquerque Gondim,- chegado,
havia pouco, do Ceará.
—N° 4-M—11 de Abril— Um artigo edie-
torial sob a epigraphe O plebiscito, em que
À Republica se declara partidaria da idea
levantada no Rio de Janeiro, pelo «Diário de
Noticias», de ser dispensada a constituinte
e no dia 15 de Setembro, designado para a
respectiva eleição, ser approvada a lei fun­
damental do paiz pela votação plebiscita­
ria.
Na secção de noticias vê-se,por aeto de 10,
remoção do bacharel José Amyntas da Cos­
ta Barros da promotoria publica da comar­
ca do Trahiry para a do Potengy e nomea­
ção para aquella do bacharel Tertuliano da
Costa Pinheiro Filho ; offerecimento do dr.
217

Nascimento Castro, juiz de direito da co­


marca de Sant’Anna do Mattos.de 3% de
seus vencimentos como auxilio ao pagamen­
to da divida externa do paiz ; e acta da ses­
são de installação do club republicano «17
de Novembro», fundado na villa de Goyan-
ninha no dia 3 de Março.
—N‘-‘ 44—16 de Abril-- Excursão do
governador a S. JosédeMipibú, onde osym-
pathico chefe local, coronel Manuel Alves
Vieira de Araujo, recebe com festas e muitas
distineções o dr. Silveira e sua comitiva; se­
gundo artigo sobre o plebiscito e mais ou­
tro elogiando a medida do governo provi-
zorio que extinguiu os titulos honorifieos e
condecorações.
Na secção de noticias lê-se que, por de­
creto de 10, fora nomeado juiz de casamen­
tos desta capital o dr. Joaquim Ferreira
Chaves Filho e para substitui! o no cargo
de juiz de direito da comarca do Trahiry o
dr. Manuel André da Rocha; que fora re­
conduzido, por quatro annos, no logar de
juiz municipal e de orpharns do termo de
Nova Cruz o dr. Firmo Antonio Dourado da
Silva ;epor fim uma noticia circumstanciada
da morte de nosso distincto patrício enge­
nheiro Francisco Clementino de Vasconcellos
218

Chaves, fulminado aos 24 annos de eda-


de por uma congestão cerebral, quando as­
sistia a uin baile na capital do Estado do
Paraná, onde exercia o honroso cargo de
director das obras publicas.
—N 9 45—21 de Abril—Cotnmemora a
data do martyrio de Tiradentes dedicando
lhe toda a 1* pagina, que, emmoldurada em
tarja dourada, encerra um pequeno, masex-
pressivo edictorial.
Em seguida transcreve adhesões dos
conselhos municipaes de Papayy e Nova
Cruz á idea de ser approvada a Constitui—
cão da Republica pelo voto plebiscitario ;
dá o l 9 de um? serie de artigos que inicia
sobre a vida dos municípios,começando pelo
de CPumnninha ; e publica um telegramma,
expedido do Rio a 20, noticiando ter sido
transferido para a nova pasta dos negoeios
da Instrucção Publica, Correios e Telegra-
phos (66) o general Benjamim Constante
nomeado para. a da Guerra o Marechal Flo-
riano Peixoto.
—N° 46—26 de Abril—Nas columnas c-
dictoriaes transcreve dos «Martyres de 1 ?■)),
sob a epigraphe Notas históricas, extensa

(66) Crenda pelo dec. n° 346 de 1!) de Abril de 1890.


219

referencia a André de Albuquerque, o mallo-


grado chefe do movimento revolucionário
do Rio Grande do Norte em 1817 ; adhesões
das intendências nmnicipacs desta Capital,
de Canguaretama e Ceará mirim e do «Club
Democrático ' Ade Novembro», desta ulti­
ma cidade, á idea da approvação plebiscita­
ria da Constituição ; c diz que, a 24, reuni­
dos no palacio do governo, a convite e sob
a presidência do governador do Estado, dr.
Silveira Junior, muitos commerciantes des­
ta praça, fundaram uma associação com­
mercial para servir de base e impulsionar o
progresso de nossa riqueza (67).

(67) Dessa reunião lavrou se a seguinte acta :


«Em reunião rio commereio, effectuada no palacio (lo
Governo, na noite de 24 de Abril de 1890,sob a presidência do
dr. Joaquim Xavier da Silveira Junior, governador deste Es­
tado, ficou resolvido pelos cidadãos presentes e abaixo assig
nados a crençâo de uma associação commercial nesta praça,
fazendo todos a declaração de que se consideram membros da
dita associação e sendo designados os seis primeiros signatá­
rios desta acta para const'tuirem uma commissão que com
maxima brevidade dê eomêço aos trabalhos necessários para
que se torne uma realidade a resolução tomada e unani­
memente acceita.
Antonio Alves Freire—Joaquim Ignacio Pereira—Fnbricio
Gomes Pedrosa -José Doiningues de Oliveira—Angelo Roseli—
Odilon de A mortal Garcia—Amaro Barreto de Albuquerque
Maranhão-Antonio Marques da Silva—João Baptista de Al­
buquerque Vasconcellos—José Gervasio de Amorim Garcia—
Affonso Saraiva Maranhão— Ismael Cezar Duarte Ribeiro—
220

Falando dcapparecimento do«Rio Gran­


de do Norte», diz A Republica :
«Sahiu á luz, como annunciamosem nos­
sa edicção de 2* feira, o I o numero do «Rio
Grande do Norte».
A illustrada redacção do collega escolheu
bem avisada a grandiosa data de 21 de A­
bril para pôr em circulação o' novo orgam
republicano, que vem abrilhantar a nossa
imprensa.
A honestidade e talentos dos cavalhei­
ros que se acham á testada direcção do«Rio
Grande do Norte» são garantia bastante da
orientação patriótica que ha de guiar na
carreira jornalística o eminente contempo­
râneo.

Do I o numero do «Rio Grande do Nor­


te» podemos já avaliar o quanto deve espe­
rar a causa publica dos serviços do nosso
honrado collega.
Linguagem sã e desapaixonada, varie­
dade e bôa escolha dos artigos, impressão
excellente, tudo concorrerá para tornar a

Antonio Carneiro de Mesquita —Manuel Onofre Pinheiro—


Antonio Satyro do Rigor Pinto—Juvino Cezar Paes Barreto—
Irineu Januario de Oliveira—Nieoláu Bigois— Lylc Nelson—
Monuel Joaquim da Costa Pinheiro—Victor José de Medeiros».
221

leitura cio novo orgain republicano provei­


tosa e agradavel». .
Na secção Noticias diversas lê-se que, na
noite do mesmo dia 21 installára se solem-
nemente nesta cidade o “ Instituto Litterar-
rio Norte Rio Grandense”, solemnidade a
que assistiu o governador do Estado e em
que foi orador official o dr. Braz de Mello ;
que embarcara no“ Espirito Sancto’’com des­
tino á Capital Federal o coronel Lim a e Sil­
va,deixando,por motivo de moléstia,o com­
inando do batalhão 34 (681; que chegara a
esta cidade, onde demorar-se-ia alguns dias,
o dr. Manuel Barata de Oliveira, juiz de di­
reito da comarca de Macau, e o dr. Thom­
pson Vielas, engenheiro fiscal da estrada de
ferro de Natal a NovaCruz;e que poractosde
22 foram exonerados, a pedido, dos cargos
de delegado de policia dos termos desta Ca­
pital e Páu dos Ferros o capitão Francisco
de Paula Moreira e cidadão Norberto Ja­
nuário de Lima e nomeados para substi-
t68) Esse batalhão foi organizado nesta capital pelo ca­
pitão Philippe Bezerra Cavalcanti, commandante da força de
linha aqui estacionada, para isso auctorizndo pelo governa­
dor do Estado em ordem do dia n" 9, de 28 de Janeiro, expe­
dida em virtude do exposto em telegramma do ajudante gene­
ral do exercito de 24 do mesmo mez. ficando incluídas no es­
tado effectivo do batalhão todas as praças do 27 aqui desta­
cadas e 150 praças addidas sem corpos designados.
222

tuil-os, respectivamente, os tenentes do cor­


po de policia Miguel Augusto Seabra de
Mello e Manuel Lins Caldas Sobrinho.
—N 9 47—2 de M aio—Em edictoriaes oc-
cupa-se, em primeiro íogar, do partido re­
publicano do Ceará-mirim. onde formou-se
um octonato para dirigir os negoefos politi­
cos do munieipio, constituido pelos cida­
dãos : drs. José Ignacio Fernandes Barros e
Manuel Eonaldsa de Castilho Brandão, pa­
dre Antonio de Oliveira Antunes, Felismino
do Rego Dantas Noronha. Elpidio Furtado
de Mendonça c Menezes, Manuel da Fonseca
e Silva, João Victorino Ferreira Nobre e
Francisco Pereira Sobral ; depois, dos viec-
governadores do Estado, drs. Pedro Velho,
Amaro Cavalcanti e Alcibiades Dracon de
Albuquerque Lima ; do plebiscito, cujas van­
tagens encarece ; e, finalmente, da adhesão
á mesma idea pela Intendência municipal dc
S. José de Mipibtt.
Na secção de noticias diz que fôra no­
meado go\ernador da Bahia o marechal
Hermes da Fonseca ; que, vinda, não do
Maranhão, conforme o aviso do ministério
da Marinha de 8 de Fevereiro, citado ápag.
199, mas da Parahyba, chegara a esta ca­
pital a companhia de aprendizes marinhei-
223
V

ros, sob o commando do capitão-tenente


Arthur José dos Reis Lisboa ; e epie para o
34 batalhão, estacionado nesta cidade, fora
transferido o capitão Francisco dc Paula
Moreira, cpie assim ficava entre nós.
—N" 48—7 de Maio^'Descreve uma ex­
cursão do governador ao Ceará-mirim e as
festas que por essa occasião alli lhe foram
feitas ; dá parabéns aos rio-grandenses do
norte por já não estar somente nas noticias
dos jornaes o suspirado melhoramento de
nosso porto, pois, graças aos esforços do
dr. Silveira Junior e seu decidido empenho
de ser util ao engrandecimento do Estado,
acabava de chegar a esta cidade e dc as­
sumir, nessa data, o exercício de sua com-
niissão o habil e illustrado engenheiro hy-
draulico dr.Affonso Henriques de Souza Go­
mes.que, competentemente auctorizado pelo
ministro da Agricultura, ia dar immediato
começo aos trabalhos da barra ; e noticia o
falleeimento nessa mesma data do 2°.escrip-
turario da Thesouraria de Fazenda Fran­
cisco Hcreulano da Silva.
— N° 4í)—11 de M aio—Do «Diário de No­
ticias” passa para suas columnas de honra
um importante e enérgico artigo sob a epi-
OQ-L

" r a p h e F i r m e z a , d o q u a l destaco o seguinte


period o :
“ Em muitos Estados, felizmente, o pres­
tigio da auctoridade acha-se consorciado ao
prestigio dos serviços mais relevantese mais
custosos á idea que triumphou no dia 15 de
Novembro. S. Paulo, Bahia, Pará, Amazo­
nas, Ceará, Santa Catharina, Rio Grande
do Norte e tantos outros Estados têm á
frente de sua administração e nos postos de
confiança um pessoal Iiors ligne. Tudo aht
caminha bem e sem o menor protesto” .
T r a n sc re v e em seguida a aeta da sessão
de installação do “Club Democrático 13 de
M a io r”fundado aos 7 de Abril na povoação
do Brejinho, do município de Goyanninha,
e o decreto do governador do Estado, de 10
de Maio.elevandoá villaedesmembrando do
município de Cangnaretama o povoado de
Cuitezeiras.
Da secção de noticias consta ter sido
nomeado o cidadão Augusto Severo de Al­
buquerque Maranhão para o logar de lente
de arithmetica e algebra do Atheneu rio-
grandense, logar que obtivera mediante con­
curso, em que fôra approvado plenamcnte
no dia 7 ; e ter chegado do Ceará o dr. José
Lopes da Silva Junior, que vinha assumir a
225

direcção d o scrvico medico d o 3 4 ° b a t a l h ã o .


No rodapé da 2^ pagina, á guiza de fo­
lhetim, faz a descripção de um concerto vo­
cal c instrumental realizado no dia 8, no sa­
lão da Intendência municipal, pelo maestro
e insigne pianista norte-rio-grandense Ama­
ro Barreto Filho, com o concurso do distin-
cto barítono G. Comoletti e do festejado
violinista Apolinario Barbosa
—N° 50—16 dc Maio —Começa uma serie
de artigos sob a epigraphe 0 sebastianismo
conspirando, em que, denunciando o sebas­
tianism o de estar c o n s p ira n d o contra a s
instituições republicanas, extende-se cm ju ­
diciosas considerações sobre a liberdade de
cultos e o casamento civil, “duas aspirações
indiscutíveis do paiz, duas necessidades lon­
gamente sentidas e que já figuravam nos
programmas com que subiam ao poder os
dous velhos partidos monarchicos” .
Da secção dc noticias consta ter sido re­
movido da comarca dc Canguaretama, nes­
te Estado, para a da Escada, cm Pernam­
buco, o juiz de direito dr. Francisco Altino
Correia dc Araújo (69) c para aquella o da

(60) 0 dr. F. Altino Correia de Araújo foi presidente da


província do Rio Grande do Norte de 30 de Setembro de 1884
n 11 dejulho de 1885—Vid. vol. VI, pcg. 124.
226

comarca do Triumpho, no Rio Grande do


Sul, dr. Antonio Augusto de Carvalho (70)„
—Nc r»l—21 de M aio—Em sua primeira
pagina traz A Republica um edictorial sobre
o partido republicano no Rio Grande do
Norte ; fragmento de um discurso de Silva
jardim, pronunciado por occasião das fes­
tas celebradas no Rio de Janeiro em honra a
Tiradentes ; ea integra do decreto n°. 25,de
19 de Maio, pelo qual o governador do Es­
tado isenta do pagamento de direito de ex­
portação os productos da fabrica de fiação
e tecidos do Natal.
Na secção competente dá, entre outras,
as seguintes noticias : ter chegado do sul e
assumido o cominando do 2 4 °bin. o major
Pedro Antonio Ner\' ; ter seguido para Per­
nambuco. onde ia commandar a respectiva
companhia de aprendizes marinheiros, o ca­
pitão-tenente Cândido Barreto ; ter sido
promovido a 1°. escripturario da Alfandega
desta cidade o 2o. capitão Bonifácio Fran­
cisco Pinheiro da Câmara enomeados2oses-
cripturarios da mesma Alfandega e Thesou-
raria os cidadãos Manuel Ignacio Barbosa,

(70) Fsta remoçAo ficou sem effeito, sendo removido para


a comarca de Canguaretama o juiz de direito da de Páu (tos
Ferros, neste Estado, dr. Joaquim Cavalcante Ferreira Mello.
227

João Bakker, Mathias Carlos de Vasconcel-


los Monteiro e Francisco Xavier de Freitas.
Contém mais esse n° o 29 artigo sobre a
vida dos municipios, occupando-se ainda do
de Goyanninha, e nas solicitadas uma de­
claração do venerando dr. João de Albu­
querque Maranhão, que presidiu a l 9 reu­
nião do partido republicano do Rio Grande
do Norte,realizada nesta cidade em 27 de Ja­
neiro de 1889, protestando contra as ma-
nobrasdo sebastianismo e mostrando-se in­
teiramente solidário com a politica altiva e
generosa que se estava fazendo no Estado.
—N 9 52—26 de M aio—29 artigo da serie
O sebastianismo conspirando, e outro edic-
torial sob a epigraphe Progredindo,em que,
affirmando-se que “ o governo provisorio ia
todos os dias offcrecendo seguras attesta-
ções da mais alta capacidade na gestão dos
públicos negocios”, accentuam-se duas das
ultimas reformas do mesmo governo, a sa­
ber: os decretos n°* 359 e 360 de 26 dc Abril,
o l 9 revogando as leis que exigiam a tenta­
tiva da conciliação preliminar como forma­
lidade essencial nas causas eiveis e commer-
ciaes ; o 29 que estabeleceu o processo exe­
cutivo para a cobrança das multas e dos al­
cances dos empregados públicos e que fo-
228

rem devidos á fazenda nacional, á dos Es­


tados e ás municipalidades.
De seu noticiário consta ter sido instal-
lado no dia 24 o registro civil dos casamen­
tos, em audiência publica do juiz respectivo,
dr.ChavesFilho,sendo nomeado pelo gover­
nador official do mesmo registro c escrivão
privativo do juizo o cidadão Luciano de Si­
queira VarejãoFilgueira; e,no dia23,ter as­
sumido o exercício de capitão do porto des­
te Estado o l°tenente Aphrodisio Fernandes
Barros, a respeito do qual assim se externa
A Republica :
“ Official intelligent.ee conceituado, tendo,
ainda moço, uma bnlhante carreira na nos­
sa marinha de guerra, extremamente affavel e
sympathico no trato social, o novo capitão
do porto, que é rio-grandense, saberá des­
empenhar com zêlo e tino a importante
commissão com que foi merecidamente g a ­
lardoado pelo governo” .
N° 53—l 9 de Junho— Voltando o or-
gam republicano ás mesmas dimensões que
teve no começo da Republica, com 4 eolutn.
nas em cada pagina, continuou á publica­
ção dos actos officia:?s e expediente do go­
verno, não suspensa,como disse á pag. 190,
mas, desde nquella data ate agora, feita em
ooq

pagina avulsa, que a imprensa adversa, por


chalaça, appellidou de palmilha ; figurando
em primeiro logar, continuando,o relatorio
com que o dr. A. Gordo passou a adminis­
tração do Estado ao dr. Jcronymo Cam a­
ra, do qual consta, entre outros actos, que
aquelle governador, por decs.ns. 8, 9, 10 e
12, de 16, 18 e 22 de Janeiro e l 9 de Feve­
reiro, dissolveu todas as camarasmunicipa-
es do Estado ; mudou os nomes das cidades
da Imperatriz e do Principe e da Villa Im­
perial de Papary para os de cidades do M a r­
tins c Seridó e villa de Papary ; e creou um
prêmio de 3 contos de reis para aquelle que,
neste Estado, durante o anno, produzisse
sal pelos systemas mais aperfeiçoados.
Da administração do dr. Silveira Junior
publica-se que, por acto de I 5 de Maio, foi
exonerado o promotor publico da comarca
de S. José de Mipibú, removido para substi-
tuil-o o da doTrahirv c nomeado para sub­
stituir a este o bacharel Paulino de Araújo
Guedes.
Traz nascolumnas edictoriaes o 3o arti­
go da serie :0 sebastianismo conspirando, e
mais outro, também politico, sob a epigra­
phe : Que homens e que partido ! ; transcre­
ve do «Correio do Povo» uma extensa noti-
230

cia sobre o projecto da Constituição da Re­


publica c do «Rio Grande do Norte« infor­
mações minuciosas a respeito da projeetada
estrada de ferro do Ceará-mirim ; fala da
installação solcmne da villa de Cuitezeiras;
e, por fim,do clima e salubridade do municí­
pio de Angicos, que considera um verdadei­
ro sanatorio.
Consta da secção de noticias ter sido pro­
movido ao posto de capitão de artilheria o
nosso distincto coestadano I o tenente Adol-
pho Augusto de Oliveira Galvão.
N° f>4—G de junho—Continuação do re­
latório do dr. A. Gordo, do qual vê-se que
dirigia a repartição dos correios neste Esta­
do o cidadão Pedro Paulo Vieira de Mello.
Da administração do dr. Silveira publi­
ca-se o dec. n° 27, de .'»1 de Maio, estabele­
cendo os limites do município de Arez.
Vê-se nas columnas.edictoriacs um arti­
go sobre o poder judiciário); sobre a vida
dos municípios, occupando-se ainda do de
Goyanninha ; I o de uma nova serie sob a
epigraphe : Notas sertanejas, bem interes­
santes eescriptas.nointervalloda sueca eda
coalhada, por um amigo d ’.4 Republica que
costumava passar annualmente alguns Ine­
zes no sertão e (pie lá, na cavaqueira do al-
pcndro, cm noites de luar, gostava de ouvir
historias de onça c cobra cascavel, puxan­
do pelos vaqueiros para que lhe contassem
os accidentes de sua vida, tão simples e afa­
nosa ; e, finalmente, um officio do tenente
Emygdio Getulio de Oliveira, commandan­
te da fortaleza da barra (71), dirigido ao
chefe de policia e em que defende-se de aecu-
zações que lhe haviam sido feitas pela «G a­
zeta do Natal» a proposito de presos alli re­
colhidos.
N 55—11 de Junho—Continua o relato-
rio do dr. A. Gordo. Tratando da Thesoti-
raria de Fazenda.para a qual havia sido ul­
timamente nomeado inspector o cidadão Kr-
nestino Juliano Toscano Damasceno, diz
que da demonstração respectiva verifica-se
que a receita do Fstado em Janeiro fora de
320:08õ $422 reis e a despesa de.................
Iõ8:428$807 reis, passando, assim, para o
mez seguinte o saldo de 161:65fí$615 rs.
Da administração do dr. Silveira publi­
ca-se, além de outros, o acto de 30 de Maio

(71) O tenente Emvgdio foi nomeado eonmmndnnte da


fortaleza dos Sanctos Reis Magos, em substituição no capi­
tão honorário do exercito Francisco José Travassos, por a -
cto do ministério da guerra de 17 de Janeiro, assumindo o
exercicio de suas furtcçiles no dia 20 do mesmo mez.
2H2

que exonerou o l°escripturario do Thesou-


ro do Estado João Ülympio de Oliveira
Mendes, por ter sido nomeado 2o da The-
zouraria de Fazenda, promoveu ao logar
de l 9 daquella repartição o 2o Theodosio
Xavier de Paiva e nomeou para exercer
este ultimo logar o cidadão Afionso M a g a ­
lhães da Silva.
Em suas columnas de honra transcreve
uma carta que o padre Joaquim Camillo de
Brito, ex-parocho de Barbacena, dirige aos
seus compatriotas e na qual o espirito luci-
do c tolerante do illustre sacerdote mineiro
discute com elevação o tão explorado an­
tagonismo que perfidamente diziam existir
entre a consciência catholica e os deveres
civicos ;—occupa-se em phrases elevadas do
suicídio de.Camillo Castello Branco,“levan­
do a sua contribuição de pezar á grande dor
que acompanha a perda do eminente e fe­
cundo escriptor” ;—sob a epigraphe : E du­
c a ç ã o e E n s i n o (Papeis Velhos) Recorda­
ções de um pedagogo manquê—começa uma
serie de excedentes artigos, cujos autogra-
phos diz ter recebido, num enorme envelo­
ppe, sem saber de quem, sendo o primeiro
epigraphado : Educação Physica, e no qual
o auctor bem justifica a these de Emerson :
2oO vO

“ 0 Estado precisa que cada um de seus


membros seja,além de um honrado cidadão,
nm bom animal ’ ;—publica o 2o artigo das
notas sertanejas, sempre muito curiosas ; e,
por fim, saúda«0 Poro», do Scridó, pelo seu
reapparecimento no dia 1", com as seguin­
tes palavras, muito honrosas para o valen­
te periodico sertanejo :
«Nesse espinhoso eamiuho do jornalis­
mo c tão agradavel sentir a gente ao lado.
como companheiros de viagem, amigos sin­
ceros e cheios de firmezas !... Mas a ausên­
cia, felizmente, não foi longa e eil-o de novo,
valoroso e leal, honrado e decidido na defe-
za. do que é justo, na propaganda do bem
publico e na estigmatização dos especulado
res, que teem a noção da patria localizada
no apparelho digestivo.
«0 Povo» é sem contestação um periodi­
co de créditos conquistados c das suas co-
luninas tem chovido sobre a alma sertane­
ja tanta luz democrática, tão nobre c dedi­
cada é a maneira pela qual o nosso estima­
do eollega tem sabido cumprir a sua missão
de dqutrinador e advogado do povo, que
não lhe fazemos favor abraçando o denoda­
do companheiro como um batalhador bene­
mérito da grande causa da Republica.»
E transcreve periodos ern que, applau-
dindo o tino,a perspicácia e a calma reflecti-
da do benemerito chefe republicano do Esta­
do,«O Povc#dá provas sobejas da mais pura
orientação democrática.
Entre as noticias está a de ter sido no­
meado escripturarioda enfermaria militar o
cidadão Godofredo Xavier Pereira de Brito;
e na secção M u n i c í p i o s começa J. P. Filho
os traços geographicos da rilla de Arez e
seu município.
Nv 56—1(3 de Junho—Continua o relato-
rio do dr.Adolpho Gordo, do qual consta a-
char-sc dirigindo a enfermaria militar o 1"
cirurgião do corpo dc saude do exercito dr.
Jaymcs Alves Guimarães e estar a cargo do
alferes reformado Galdino Cancio de Vas-
concellos Monteiro o deposito de artigos
bellicos. Tratando do pharol da barra, diz
achar-se construído na bateria da fortale­
za dos Sanctos Reis Magos, ser dc ferro e
ter a lanterna deoptrica, de fôrma cylindri­
ca e de 4A ordem.
Da administração do dr. Silveira publi­
cou-se ter o bacharel José Augusto de Sou­
za Amarantho assumido,no dia 22 de Maio,
235

o exercício rio cargo de juiz de direito da co­


marca de Potengy (72).
Nas columnas edictoriaes—um artigo po­
lítico, sob a epigraphe : Sempre os mesmos,
com que A Republica vae ao encontro de
umas tantas manobras do sebastianismo ;
—resumo de toda a matéria do projecto de
constituirão que o governo ia decretar ad
referendum ; 2,? artigo da serie E d u c a ç ã o e
E n s i n o , ainda educação physica ; e 3 o das
notas sertanejas
Diz-se na secção de noticias constar, por
telegrammas particulares, ter sido removi­
do para o logar de conferente da Alfandega
do Pará o inspector da Thesouraria de F a­
zenda deste Estado, Ernestino J. T. Damas-
ccno, e nomeado 2o escripturario da The-
zouraria de Fazenda de Pernambuco o con­
tador do Thesouro deste Estado, João Lin-
dolpho Camara.
N° 57 21 de Junho—Continuação do
relatorio do dr. A.Gordo. Tratando dos soe-
eorros públicos, mostra o honrado adminis­
trador o modo desastroso e impatriotico
(72) A comarca do Potengy, creadu pela lei n° 845, de 26
de Junho de 1882, e classificada de 1? entrancia por decreto
n° 121, de 9 de laneiro de 1890, foi installada por mim, na
qualidade de juiz municipal do termo da Macnhvba, no ex­
ercício do cargo de juiz de direito, no dia 6 de Março.
por que estava sendo feito o trabalho res­
pectivo ao ser proclamada a Republica.
Da administração do dr. Silveira Junior
publica-se que, por acto dc 12, fôra nomea­
do para exercer o logar de medico adjunto
do hospital de caridade desta capital o dr.
Theotonio Coelho de Brito ; e, por a?to de
13, nomeado alferes do corpo de policia o
cidadão João Capistrano Pereira Pinto,que
havia sido destituido do cargo de secretario
da capitania do porto deste Estado.
E O governador do Rio Gran­
d ic t o r ia e s —
de do Norte, artigo com que defende A Re­
publica a administração do Estado de ac-
cusações que lhe fizera o dr. Lopes (73)
Cardoso no «Jornal do Commereio» de 31
de M aio ;—A guarda negra e as reformas
republicanas, cm que, dizendo que a guarda
negra ou a malta sebastianista, sem apani-
gual-a,ao menos, o interesse,político român­
tico âosconjuradosde que nos fala a historia,
conspira contra a Republica,servindo-se do
clero ignorante ou sem idea de seus deveres
cívicos, mais uma vez discorre com muito
acerto e sabedoria sobre a decantada ques-

(73) H a engano neste appellido ; trata se do dr. Daniel


Pedro Ferro Cardoso,
tão da l i b e r d a d e cie c u l t o s e c a s a m e n t o ci­
vil artigo da serie E d u c a ç ã o e E n si­

n o , no qual occupa-se ain daeducação


da
physica, c o m a s s u b - e p i g r a p h e s abolição
das penas corporaes, alegria e saude nas es-
cholas, e methodo, t r a t a n d o d o q u a l m o s ­
tra a su perioridade d o m eth odo n a tu ra l ou
intuitivo com parado cornos velhos syste-
m a s r o tin e iro s ; — finalm ente. 4 o artigo das
notas sertanejas.
N oti ci a s — Em nosso porto fundeou na
tarde do dia 18 o varpor de guerra Madei­
ra, sob o commando do capitão de fragata
Affonso de Alencastro Graça, o qual vinha
trazer tardamento, armas e instrumental
para o batalhão 3 4 9 ;—no dia 17 chegara
do Ceará o capitão Pedro José de Lima, no­
meado para o mesmo batalhão ;—em exa­
mes de preparatórios foram approvadosem
írancez Luiz Ignacio Fernandes Pimenta,
com distineção, e Horacio Barreto de Pai­
va Cavalcanti, plenamente, e em rethoriea
Luiz Eugênio Ferreira Veiga, simplesmente;
—no alistamento a que acabava-se de pro­
ceder nesta cidade foram alistados 967 ci­
dadãos ;—segundo noticiam o «Paiz», de 8,
e o «Diário de Pernambuco», de 17, o pri­
meiro casamento civil celebrado no Pio
238

de Janeiro, sendo presidido pelo juiz do


l 9 districto de casamentos, dr. Salvador
Moniz, foi o do sr. Joaquim Rabello de Cas­
tro e Silva com d. Haydée Mendes dos Reis,
e o primeiro celebrado no Recife o do sr.
Manuel do Nascimento Rego Monteiro com
d. Paula Gertrudes da Costa Monteiro.
Na secção M u n i c í p i o s continua J. Pega­
do Filho os traçosgeographicos da vdla de
Arez e seu município.
N° 58—2G de Junho—A c t o s o f f i c i a e s —
Continuação do relatorio do dr. A. Gordo e
actos da administração do dr. Xavier da
Silveira.
E d i c t o r i a .e s — Descripção das manifes­
tações de regosijo publico havidas nesta ci­
dade no dia 23, que o governador feriou em
todas as repartições publicas do Estado,
pelo motivo de ter sido assignado no dia
anterior o decreto que promulgou a Cons­
tituição Política dos Estados Unidos do
Brazil ; — transeripção do «Paiz», que
levantou a candidatura do marechal Deo-
doro da Fonseca ao cargo de primeiro
presidente da Republica Brazileira, de um
optimo artigo recommendando-a, com o
qual está o orgam republicano do Estado
perfeitamente de accôrdo ;—Não houve, não
239

ha reacção, artigo com que A Republica


desmente mais uma vez as affirniações do
sebastianismo de terem os governadores
provisorios feito injustificável reacção em
seus governos \—Já era tempo,outro edicto-
rial.em que, fazendo a analyse de um artigo
da «Gazeta do Natal», com essa epigraphe,
insiste em affirmar que no Estado o chefe do
partido republicano não teve outro proce­
der que o recommcndado pelo directorio do
partido republicano do Rio de Janeiro, pre-
zidido pelo dr. Silva Jardim, no sentido de
«se estabelecer uma política larga e efficaz de
conciliação com todos os elementos sãos dos
antigos partidos, principalmente os elemen­
tos de sua natureza mais conservadores e
estáveis», segundo informação da «Gazeta
de Noticias»,transcripta pelo orgam da op-
posição no Estado ;—abaixo-assignado de
muitos commcrciantes.industriaes e empre­
gados públicos desta e da cidade da Maca-
hyba, protestando contra uma publi­
cação feita no «Nortc-Rio-Grandense» offen-
siva da reputação profissional do sr. Fran­
cisco Loureiro de Carvalho, chefe da esta­
ção telegraphica desta capital, abaixo-assi­
gnado que A Republica precede de palavras
muito honrosas ao mesmo chefe ;—4o arti-
21.0

g o d a serie : E d u c a ç ã o k E n sin o , em qu e o-
ccupa-se d a s Escholas Normaes,c o m o s s u b ­
t í t u l o s —Educação dos: professores, Ensino
ohrigatorio e Ensino mix to.
S e c ç ã o d e n o t i c i a s —Passou a exercer o
cargo de capitão do porto o l°tenente Arthur
Lisboa e o de commandante da companhia
de aprendizes marinheiros o 19 tenente A-
phrodisio Barros;-echegaram a esta cidade:
major Luiz Emygdio Pinheiro da Camara,
inspector nomeado para a Thesouraria de
Fazenda; dr. Luiz José Correia de Sá, di­
rector do hospital militar ; alferes Nicnnor
Guedes de M oura Alves, do 349 ; e dr. M a ­
nuel Augusto de Medeiros, que vinha assu
mir o exercício do cargo de inspector de hy­
giene.
E com este numero termina A Republica
o primeiro anno de sua existência.
( A continuar).

Luiz E e h n a n u k s .
REPERTÓRIO

DAS
Leis estaduaes referentes aos municípios

Ao iniciar a publicação destas notas,


era meu intuito limital-as. como declarei
no ligeiro cavaco de que as precedi, ao pe­
ríodo comprehendido entre a epochaem que
fo ram installadas as Asscmbléas Provincía-
es, 1<S35, c a proclamação da Republica,
ISSO.
Reflecti, porém, que o empenho de occu-
par-m e de cada um dos trinta e sete muni-
cipios, separadamente, não poderia ser sa­
tisfeito, tendo occorrido acreaçâo de alguns
delles em epocha posterior, já na vigência
do actual regimen ; e dahi a deliberação que
tomei de estender as mesmas notas até
1891,abrangendo o período do governo pro-
visorio e conseguindo assim fixar as datas
das respectivas creações.
242

Desculpem, portanto, os leitores esta


lacuna que, além de outros defeitos, terão
encontrado na publicação já feita sobre o
município do Natal, lacuna que pretendo
preencher mais tarde, accrescentando en­
tão noticias a respeito do desenvolvimento
economico do mesmo município, constante
de seus orçamentos annuaes, como agora
faço tratando dos seis municípios que con­
stituem a zona do Seridó.
P. SoAKES.

GAIGO’
(Villa do Príncipe, até 15 de Dezembro de 1SGS ; Cidade do
Príncipe, até 1° de Fevereiro de 1890; Cidade do Seridó, até
7 de Julho do mesmo anno.)

1835—A let n. 15, de 13 de Marco, desmem­


brou da matriz de SanPAnna, da villa
do Príncipe, e elevou á categoria de
igreja parochial a filial capella deN.
Senhora da Guia, da villa do Aeary,
dando-lhe por limites os mesmos
marcados para o município.

---------- A lei n. 16, de 18 do mesmo mez,


approvou a creaçâo da villa do A-
cary, feita pelo Presidente em con­
selho, a 11 de Abril de 1833. A
243

mesma lei traçou os seguintes limi­


tes : pelo poente, no rio S. José, no
lognr onde faz barra o riacho Jar­
dim, subindo pela margem oriental
deste, até as suas nascenças na ser­
ra da Formiga; continuando para o
norte, até á serra do Património,
comprehendeudo Bom Jesus, Olho
dagua,Passagem, Quixodê, Rossaru-
hú, serra do Periquito, de Santan-
na e todas as mais que sempre per­
tenceram a villa do Príncipe ; dalli
para o nascente, até á serra do Mo-
lungú, no logar onde as aguas fazem
equilíbrio para o Trahirye Seridó,
comprehendendo S. Antonio, Gros­
sos e o rio Molungú com seus afflu-
entes por um e outro lado ; dalli
para o sul, comprehendendo Bôa
vista, Pê da Serra, Bico da arara,
Ermo, até ao Riacho fundo, Cobra,
Boqueirão, até á fazenda Tanques,
na serra da Porburema ; daqui, des­
cendo pelo rio Seridó com seus aftlu-
entes, por um e outro lado, até á
barra do Riacho do Meio;e desta em
rumo atravessando o rio Acauhã
no ponto da Pedra grande, até to-
244

car a sobredita barra do Jardim,


donde principiou a divisão.

-----------A lei n. 1 7, de 23 do mesmo mez,


declarou parochianos da freguezia
de S anfA nna do Scridó os morado­
res além do rio Piranhas, da parte
do poente, e que pela ereação da
villa do Prineipe, em 3 de Julho de
1788 e novamente pela resolução de
2õ de Outubro de 1831 pertencem,
quanto ao governo civil, militar c
administração da Fazenda Publica,
ao município da mesma villa.

-----------A lei n. 22, de 27 do mesmo mez,


creou na villa do Prineipe, da co­
marca do Assú, a contar do l 9 de
Maio seguinte, um eollegio eleitoral,
tendo por cabeça do distrieto a mes­
ma villa e reunindo alli os eleitores
do Acary.

1836—A resolução n. 3,de5 de Outubro,con-


cedeuque fizesse parte do rendimento
da Gamara desta villa, a contar do
l u de Julho de 1837 em deante,
o produeto do dizimo de miunÇas
245

vivas e mortas do respectivo muni-


pieio.

--------- A resolução n. 14, de 18 do mesmo


mez, approvou o compromisso da
irmandade de Santa’Anna, da fre-
guezia do Seridó.

-----------A resolução n. 15, da mesma data,


approvou o compromisso da irman­
dade das Almas, da freguczia de
Sant’Anna lo Seridó.

-----------A resolução n. 16, da mesma data


approvou o compromisso da ir­
mandade do S. S Sacramento da
matriz.

1837—A resolução n. 3, de 26 de Setembro,


approvou os capítulos de reforma e
os addicionaes ao compromisso da
irmandade deSant’Anna, da matriz.

-----------A lei n. 19, de 8 Novembro, revogou


a resolução n. 3, de 5 de Outubro de
de 1830,sobre o producto do dizimo
de miunças.
A mesma lei consignou, a titulo de
246

».ocorro á Camara Municipal, a ver­


ba cie 300$, que deveriam ser pagos
pelo respectivo collcctor.

1838—A lei ii. 17, de 7 Novembro, consi­


gnou a verba de 300$ para pagamen­
to do déficit da Camara Municipal.-

1839— A lei n. 36, de 9 de Novembro, fixou


em 270$ a despesa da Camara M u­
nicipal da villa do Principe, no anno
financeiro de I o de Julho dc 1840 a
30 de Junho de 1841 ; e determinou
que continuasse a cobrar as rendas
de que está de posse, ainda que não
contempladas no artigo 16 da mes­
ma lei.
a

----------- A lei n. 38, de 11 do mesmo mez,


(orçamento, art. 1 §°4 0) consignou
a verba de 240$ para supprimento
do déficit da Camara Municipal.

1840— A lei n. 51, de 29 de Outubro, aucto-


rizou o Presidente da Provinda a
mandar abrir uma estrada da villa
do Principe para as Officinas, do
município da villa da Princeza, se-
247

gtiindo pelos locares mais transita­


dos. Esta estrada terá a largura de
trinta palmos com as commodida-
des necessárias para os carros que
por cila tiverem de transitar, appli-
cando, desde logo. a essa despesa a
quantia de dois contos de reis de­
cretada no art. 4 da lei provincial
n. 88, de 11 de Novembro de 1S39.

-A lei n. 56, cie 2 de Novembro, fixou


em 244$ a despesa da Camara Muni­
cipal, no anno financeiro de 1841 a
1842.

-----------A lei n. 59, de 7 do mesmo mez, (or­


çamento, art. 2, cap. IX , §’ 7,) con­
signou a verba de 800$ ás obras da
cadeia da villa.

1841—A lei n. 72, de 10de Novembro, fixou


em 212$ a despesa da Camara M u ­
nicipal, no anno financeiro de 1842
a 1843.

---------- A lei n. 76, de 11 do mesmo mez,


(orçamento, art. 1, cap. IX, §° 40)
consignou a verba de 180$ para
248

supprimento do deficit da Camara


Municipal.

1842----- A lei n. 88, de 29 Outubro fixou em


225$ a despesa da Camara Munici­
pal, no anno financeiro de 1843 a
1844.

-----------A lei n. 93, de 5 de Novembro, (o r­


çamento, art.1, cap. X, §° 48)consi-
gnou a verba de 112$ para suprimen­
to do deficit da Camara Municipal.

— — A resolução n.95,de8 do mesmo mez>


approvou artigos addicionáes ás pos­
turas da Camara Municipal.

1843—A lei 7i. 104, de 3 de No vemhro,fixou


cm 224$ a despesa da Camara Muni­
cipal, no anno financeiro de 1844 a
1845.

-----------A lei n. 105, de 8 do mesmo mez,


(orçamento, art. 1, cap. 10, § 48)
consignou a verba de 91$ para su­
pprimento do deficit da Camara
Municipal.
249

1844—4 resolução n. 113, de 25 de Outu­


bro, declarou que os proprietários
dos tenenos por onde passar a es­
trada publica da villa do Principe
para Ofíicinns ficam obrigados a con­
servar roçada e desObstruida a mes­
ma estrada cm suas respectivas tes­
tadas, de modo a offcrccer livre
transito aos canos.

----------- A lei n. 115,de 4 de Novembro,fixou


cm 234$ t despesa da Camara M u­
nicipal, no anno financeiro de 1845
a 1846.

---------- A lei n. 116, de 7 do mesmo mez,


[orçamento, art. 1. cap. IX, $!9 48]
consignou a verba de 190$ para
supprimento do déficit da Camara
Municipal.

1845— A lei ti. 129, de 23 de Outubro,fixou


cm 134$ a despesa da Camara M u ­
nicipal, no anno financeiro dc 1846
a 1847.

1846— A resolução n. 141, de 29 de Setem­


bro. concedeu á Camara Municipal,
250

a taxa additional de SO réis por ca­


nada de aguardente vendida no mu­
nicípio.

-----------A lei n. 154, de 81 de Outubro, fixou


em 176$ a despesa da Camara M u­
nicipal, no anno financeiro de 1847
a 1848.

-----------A lei n.155, de 7 de Novembro, (o r­


çamento, art. 1, cap. V III, §° .09)
consignou a verba de 140$ para su-
pprir o deficit da Camara Municipal.

1847— A lei n. 171, de 6 de Novembro, fixou


em 171$ a despesa da Camara M u ­
nicipal, no anno financeiro de 1848
a 1849.

1848—A resolução n. 181, de 7 de Outubro,


approvou posturas addicionaes ao-
respectivo codigo.

-----------A lei n. 187, de 2 de Novembro, fi­


xou cm 86$ a despesa da Camara
Municipal, no semestre de Julho a
Dezembro de 1849,. determinando,
251

art. 19, que o anno financeiro ac


contasse dc Janeiro a Dezembro.

-----------A lei n. 193, de 13 do mesmo mcz,


(orçamento.art, 1, cap. VIII, §'■’ 33)
consignou a verba de 100$ para
supprimento do deficit da Camara
Municipal.

1849— A lei n. 203, de 30 de Junho, fixou cm


170$ a despesa da Camara Munici­
pal, no anno financeiro de 1850.

---------- A lei n. 209, de 3 de Julho, (orça­


mento, art. 1, cop. IX, §° 29) con­
signou a verba de 100$ para suppri­
mento do deficit da Camara Muni­
cipal.

1850— A lei n. 222, de 2 de Julho, fixou em


1 70 a despesa da Camara Munici­
pal, no anno financeiro de 1851.

1851— A lei 77. 234, de 19 de Setembro,fixou


em 172$ a despesa da Camara M u­
nicipal, no anno financeiro de 1852.

A resolução n. 235, da mesma data


252

approvou artigos adclicionaes ao


codigo de posturas munieipaes.

-----------/I resolução n 236, de 20 do mesmo


mez, approvou ainda posturas addi-
cionaes ao codigo respectivo.

1852— A resolução n. 253, de 27 de Março,


art. lG^declarou supprimida a cadei­
ra de latim da villa,creada peíodecre-
to de 7 de Agosto de 1832, logo que
vagasse ou se verificasse a renuncia
do respectivo professor.

--------- A lei n. 263r de 6 de Abril, fixou em


155$ a despesa da Camara Munici­
pal, jmra o anuo financeiro de 1853.

1853— A lei n. 281, de 19 de Abrih fixou em


173$81(> a despesa da Camara Muni­
cipal, para o anno financeiro de
1854.

---------- A resolução n. 284, da mesma data,


approvou artigos addicionaes ao
codigo de posturas munieipaes.

1854—A resolução n. 302, de 6 de Setem­


25a

bro, approvou posturas addicionaes


ao codigo respectivo.

---------- A lei n. 303, da inesmn data, fixou


em 200$ a despesa da Camara M u­
nicipal, para o anno financeiro de
1855.

1855— A lei n. 325, de 1 de Setembro, art.


prorogou o orçamento da Camara
Municipal, que não remetteu a res­
pectiva proposta para o anno finan­
ceiro de 185G.

-----------A resolução n. 330. de 6 de Setem­


bro, approvou artigos addicionaes
ao codigo de posturas municipaes.

1856— A lei n. 349, de 20 de Setembro, fi­


xou em 200$ a despesa da Camara
Municipal, para o anno financeiro
de 1857.

---------- A resolução n. 351, de 26 do mesmo


mez, creou uma cadeira de primeiras
lcttras, para o sexo masculino, na
povoação de Jardim do Piranhas.
254

1857— A lei ti. 363, de 25 de Abril, lixou em


300$ a despesa da Carnara Munici­
pal, para o anno linanceiro de 1858.

1858— A resolução n. 365, de 19 de Julho,


elevou á categoria de Comarca os
municipios das villas do Principe e
Acary, com a denominação de—Co­
marca do Soridó—tendo por limites
os mesmos dos respectivos munici­
pios.

-----------A lei n. 410, de 4 de Setembro, revo­


gou o art. 16 da resolução n. 253,
de 27 de Março de 1852, e declarou
cm vigor o decreto de 7 de Agosto
de 1832, que creou uma cadeira de
latim na villa.

-----------A lei n. 422, de 11 de Setembro, li­


xou em 273$800 a despesa da Ca­
mara Municipal, para o anno finan­
ceiro de 1859.

1859— A lei n. 435, de 9 de Abril, creou um


districto de paz na povoação de
Jardim do Piranhas, dando lhe por
limites os mesmos da subdelegaeia
de policia.
255

-----------A lei n. 462. de 17 de M aio,fixou em


163$478 a deepesa do Camara Mu­
nicipal, para o anno financeiro dc
1860.

1860— .4 lein. 478. de 13 de Abril, creou uma


cadeira de ensino de primeiras
lettras, pará o sexo feminino, na
villa.

---------- A lei n. 494, de í de Maio, fixou em


402$ a despesa da Camara Munici­
pal, pa>*a o anno financeiro d e l 861.

1861— .4 lei n. 506. <le 7 de Junho, fixou em


230$ a despesa da Camara Munici­
pal, no anno financeiro de 1862.

1862— A lei n. 526, de 25 de Abril, fixou em


295$ a despesa da Camara Munici­
pal, para o anno financeiro de 1863.

1864—A lei n 542, de 2 de Julho, art. 1,


determinou qne a receita e despesa
das Camaras da Provincia, no cor­
rente anno, fossem reguladas pelade
a. 526, de 25 de Ybril de 1862.
256

-----------A lei n. 573, de 22 de Dezembro, fi


xou cm 240$ a despesa da Camara
Municipal, no anno financeiro de
1865.

1865—,4 lei v. 586, de 15 Dezembro, a-


pprovou tres artigos de posturas da
camara municipal.

-----------A lei n 591, de 28 do mesmo mez,


fixou cm 240$ a despesa da Camara
Municipal, no anno financeiro de
1866.

1867— A lei n.599, de 11 de funbo, fixou cm


540$ a despesa da Camara Munici­
pal, no anno financeiro de 1867.

1868— A lei n. 611.de 26 de Março, fixou


cm 286$ a despeso da Camara Mu­
nicipal. no anno financeiro de 1868.

-------- A lei n. 612, de 15 de Dezembro, ele­


vou á categoria de Cidade a villa do
Principe, da comarca do Seridó, con­
servando a mesma denominação.

1870—A lei n. 617, de 3 de Junho, (orçamen -


257

to, art. 12), creou o logar de admi­


nistrador do cemiterio publico da
cidade.

--------- A lei n. 621. de 10 de Novembro,


creou uma cadeira de instrucção
primaria, para o sexo masculino, na
povoação de S. Miguel do Jucurutu.

---------- A lei n. 628, de 25 do mesmo mez,


fixou em 620$ a despesa da Gamara
Municipal, no anno financeiro de
1871. A mesma lei, art. 27, auctori-
zou a venda, em hasta publica, do
sitio denominado—Sacco da Serra—
de seu património, para a edificação
da casa de mercado e açougue.

1871—A lei 77. 645, de 14 de Dezembro, a-


pprovou artigos addicionaes ao
compromisso da irmandade do S. S.
Sacramento da matriz.

-----------A lei 7 7 . 651, da mesma data, fixou


em 420$ a despesa da Camara M u­
nicipal, no anno financeiro de 1872.
A mesma lei, art. 15 n. 4, auctori-
258

zou o Presidente da Província a


mandar vender, como fôr mais van­
tajoso á Fazenda, o propriò provin­
cial denominado Mangerona, situa­
do no termo do Príncipe.

1873—A lei n. 663, de 12 de Julho, aucto—


rizou o Presidente da Provinda a
contractar os melhoramentos da es­
trada publica do Principe aos ar­
mazéns de Macáu. podendo, desde
logo, despender com os ditos melho­
ramentos, pela verba—Obras Publi­
cas—a quantia de seis contos de reis.
Para facilitar o contracto, poderá
este ser dividido em duas ou mais
secções,ou vidas ascamaras do Prin­
cipe c de Macáu.

-----------A lei n. 664, de 21 do mesmo mez,


fixou em 002$ a despesa da Gama­
ra Municipal, no anno financeiro de
1873. A mesma lei, art. 31, aucto-
zou-a a indemnizar os aceionistas
da casa do mercado das quantias
que lhes pertencessem,ficando como
propriedade municipal a referida
casa.
259

---------A lei n. 670, de 4 de Agosto, fixou


em 907$ a despesa da Camara Mu-
nieipal, no anno financeiro de 1874.

1874—A lei n. 697, de 11 de Agosto, appro-


vou o compromisso da irmandade
de N. S.dos Impossíveis, na capella
de S.N. do Rosario, filial da matriz
de Sant’Anna do Principe.

-----------A lei n. 704, de I o de Setembro, a-


pprovou o accordam da confraria
das Almas, da frcguezia do Seridó.

-----------A lei 77. TOT, da mesma data, creou


uma treguezia na povoação de S.
Miguel Jacurutú, do municicipio do
Principe,desmembrada da freguezia
do Seridó—pela barra do Baião, no
rio Piranhas, até ao logar Bestas-
bravas de baixo, eomprehendendo
o sitio de José de Araujo e barra do
Caifaz, seguindo pelo riacho da
Ignez eomprehendendo a fazenda
Laginhas ; e dahi, em linha recta, á
fazenda Milagres ou Serx*ote-agudo
e inclusive Ignez velha a confinar
com a freguezia do Acary ; da de
200

SanPAnna do Mattos, pela estrada


publica, começando no logar Ade­
que, até á fazenda S. Rita inclusive,
<lahi em linha recta, ao riacho,
Oity e por este abaixo, comprehen-
dendo as aguas que para o mesmo
correm, á barra do rio Piranhas; da
do Assú, pela barra do rio Pinturas
e por este acima até ao boqueirão
do mesmo nome ; e da de Campo
Grande, a começar do referido bo­
queirão até ao boqueirão da Colonia
e deste, em linha recta, ao sitio Pre­
guiça inclusive, e dahi, em linha re­
cta, ao cume do serrote Gamelas,
até ao limite desta província com a
da Parahyba, na freguezia do Catolé
do Rocha.

— A lei n. 708, da mesma data-


fixou em 892$000 a despesa da Ca­
mara Municipal, no anno financeiro
de 1875.

—A lei n. 714, de 3 do mesmo mez, cre-


ou um districto de paz na freguezia
de S. Miguel do Jucurutu, servindo
201

de limites os mesmos que foram


marcados para a dita freguezia.
• '

1875—A lei n. 739, de 23 de Agosto, fixou


em 902$ a despesa da Gamara Mu­
nicipal, no anno financeiro de 1876.

-----------A lei n. 741, de 26 do mesmo mez,


erèou uma cadeira de instrucção
primaria, para o sexo masculino, na
povoação de Jardim do Piranhas.

-----------A lei 7 7 . 746, de 28 do mesmo mez,


determinou que a freguezia de S.
Miguel do Jucurutu, com os terri­
tórios que lhe foram incorporados
pela lei n. 707, de 1 de Setembro de
1874,e desmembrados das parochias
do Assii, SanCAnna do Mattos e
Campo Grande fique pertencendo
ao município do Principe, da comar­
ca do Seridó.

--------- A lei 77. 749, de 2 de Setembro, a-


pprovou o accordam da irmandade
de N S. do Rosário, da freguezia do
Seridó, reformando o capitulo 59 do
respectivo compromisso.
262

1876— A lei n. 791, de 16 de Dezembro, de­


terminou que os limites estabeleci­
dos pela lei n. 707, de I o de Setem­
bro de 1874, entre as freguezias de
Campo Grande e S. Miguel do Ju­
curutu fossem entendidos do seguin­
te modo: A linha divisória começará
no boqueirão Colonia, comprehen-
dido todo o terreno sob esta deno­
minação ; e dahi, em linha recta, ao
sitio Preguiça, inclusive, eomprehen-
dendo a serra Carauba.

---------- A lei n. 795, da mesma data,


fixou em .922$ a despesa da Camara
Municipal, no anno financeiro de
1877. A mesma lei, art. 34, auetori-
zou-a a contractai* com Egidio Go­
mes deBritto.ou com quem melhores
vantagens offerecesse, mediante pri­
vilegio por trinta annos, a constru-
cção de uma casa de açougue publi­
co na cidade.

1877— A lei n. 809, de 19 de Novembro,


supprimiu as cadeiras de ensino pri­
mário das povoações de Jardim do
263

Piranhas, S. Miguel fio Jucurutu c


S. João do Principe.

1879—/I lei n. 829, cie 7 cie Fevereiro, (or­


çamento, at. 16), concedeu a Camn-
. ra Municipal, por cinco annos, o d i­
zimo dc miunças c aboliu o de la­
vouras durante o mesmo tempo.

-----------I ]C1 n S36, cie 15 cio mesmo tnez,


fixou em 977$ a despesa da Cama­
ra Municipal, no anno financeiro de
I o de Outubro de 1878 a 30 de Se­
tembro de 1879.

1882—A lei n. 840, de 16 de Junho, appro-


vou o aecordam da irmandade das
Almas da freguzia do Seridó, de 6 dc
Novembro de 1879.

-----------A lei n. 843, de 23 do memo mez,


instaurou as cadeiras dc instrueção
primaria das povoações de Jardim
do Piranhas e S. Miguel do Jucuru­
tu, c creou uma 2* cadeira, para o
sexo masculino, de l 9 entrancia, na
cidade, c uma na povoação de S.
Fernando.
—A lei n. 847, cie 7 de Julho, declarou
que a linha que serve de limite entre
as freguezias de Campo Grande e S.
Miguel do Jucurutu começará do
boqueirão Colonia, comprehenden-
do todo o terreno sob esta denomi­
nação, e seguirá, em linha re­
cta, ao sitio Preguiça, e dalii até á
serra denominada Carauhas, inclu-
ve. A mesma lei determinou que fi­
casse servindo de linha divisória en­
tre as freguezias do Príncipe e Serra
Negra o rio Quixerê, pertencendo o
norte do mesmo á treguezia do Prín­
cipe e o sul a de Serra Negra, fican­
do o riacho Logradouro, até ás ca­
sas de José Leandro dos Santos e
Joaquim Januario de Araujo.e da fa­
zenda Saudade, em linha recta á bar­
ra do Espinharas, á mesma fregue-
zia de Serra Negra.

—A lei n. 853, de 15 do mesmo mez,


(orçamento, art. 10) concedeu á Ca­
mara Municipal o dizimo de adun­
cas do respectivo municipio.

—A lei n. S57, de 19 do mesmo mez


265

fixou cm 1:440$ a despesa da Cama­


ra Municipal, no anno finan­
ceiro de I o de Outubro de 1882 a 30
de Setembro de 1883.

■A lei n. 857, da mesma data, art.48,


auctorizou a Camara Municipal a
cobrar o dizimo de miunças do mu-
nicipio.

-A lei n. 800, de 22 do mesmo mez,


auctorizou o Presidente da Provin.
eia a contractar com a companhia
cessionária da ferro-via de Natal a
Nova Cruz a construcção de um ra­
mal para o Ceará-mirim, tocando
na Macahyba. com as vantagens
concedidas pela lei n. 682, de 8 de
Agosto de 1873, podendo essa com­
panhia augmentar com dois mil con­
tos de reis o capital já garantido em
virtude da citada lei ; auctorizou
também o Presidente da Província
a conceder privilegio, nas mesmas
condições, para que a sobredita
companhia possa prolongar seus
trabalhos até a comarca do Príncipe.
0 Presidente fixará um praso den-
266

tro do qual lhe serão apresentados


os estudos dessa secção que, come­
çando no município da Macahyba
ou no de S. José de Mipibú, termine
no ponto mais conveniente daquella
comarca. Revogou as leis ns. 630,
de 26 de Novembro de 1870, e 715,
de 4 de Setembro de 1874, que con­
cederam privilegio a Affonso de Pau­
la de Albuquerque Maranhão e ao
engenheiro João Carlos Greenalgh,
assim como os contractos celebra­
dos em virtude delias.

----- — A lei n. 865, de 24 do mesmo mez,


approvou artigos de posturas da
Camara Municipal.

-----------A lei n. 867, de 28 do mesmo mez,


approvou o regimento interno da
Camara Municipal.

1883—A lei n. 882. de 5 de Abril, ereou uma


cadeira de instrucção primaria, para
o sexo feminino, na cidade.

------- A lei n. 888, de 25 do mesmo mez,


fixou em 1:720$ a despesa da Ca­
267

ntara Municipal, no atino linanceiro


cie I o de Outubro de 1883 a 30 de
Setembro de 1884. A mesma lei, art.
38, I o, creou o logar de adminis­
trador do cemiterio publico do Jar­
dim do Piranhas com a gratificação
animal de 200$

1884—A lei n. 916, cie 12 de Março, fixou


em 1:310$ a despesa da Cantara
Municipal, no atino financeiro de I o
Outubro de 1884 a 30 de Setembro
dc 1885. A mesma lei. art. 35, au-
ctorizou a Cantara Municipal a des­
pender até á quantia de 1:000$000
com a reconstrueção do cemiterio
publico da cidade ; e a cobrar, art.
39, o dizimo de miunças vivas do
respectivo municipio.

-----------/I lei n. 918, de 13 do mesmo mez,


approvou o regulamento do merca­
do publico da cidade.

-----------A lei n. 920, da mesma data, creou


uma cadeira de ensino primário,
para o sexo feminino, na povoação
de S. Fernando.
268

-----------A lei n. 922, de 15 do mesmo mez,


concedeu pela verba-Obras Publicas
ura auxilio de 2:000$000 á matriz
do Principe, e de 2:000$000 a de S.
Miguel do Jucurutu.

1885—A lei n. 941, de 21 de Março, art. A,


creou um districto de paz com a de­
nominação de — Soledade desmem­
brado do districto deS. Miguel do Ju­
curutu, do município do Principe,
que comprehenderá todo o quartei­
rão da Ignez, limitando-se em La-
ginhas, Saquinho, Pedra-branca e
Cedro, inclusive.

-----------A lei n. 950, de 31 do mesmo mez,


fixou em 1:560$ a despesa da C a­
mara Municipal, para o anno finan­
ceiro de I o de Outubro de 1885 a 30
de Setembro de 1886. A mesma lei,
art. 44, approvou a compra feita
pela Catnara Municipal, em Janeiro
deste anno, a Pacifico Florencio de
Azevedo da casa e privilegio do a­
çougue publico da cidade, e auctori-
zon a mesma Camarn a vender as
casas de sua propriedade, que foram

/
269

de Pedro Antonio de Oliveira e Ger­


mano Pereira de Britto, para com­
pletar a importância da referida
compra ; e concedeu, art. 47, á Ca­
mara o dizimo de miunças vivas do
respectivo municipio e a taxada car­
ne, por dois annos.

1886—A lei n. 963, de 22 de Abril, revogou


a de n. 941, de 21 de Março de 1885,
que creou um distrieto de paz, com
a denominação de Soledade, em S.
Miguel do Jucurutú, deixando em vi­
gor a anterior divisão.

------ --- A lei n. 975, de í de Junho, creou os


seguintes districtos de paz no muni­
cipio do Principe : um com a deno­
minação de—distrieto de paz da po­
voação de S. Fernando-desmem,ira­
do do da cidade, o qual comprehen.
derá o território da subdelegacia
da dita povoação, tendo por limites,
ao nascente e ao sul, a barra do Se-
ridó, e ao nascente deste os mesmos
que foram traçados á mencionada
subdelegacia ; outro com a denomi­
nação de—distrieto de paz de S.Gon-
270

çalo—desmembrado do da freguezia
de S. Miguel doJucurutu,pertencendo
a este mesmo districto todas as mo­
radas e sitios existentes ao poente
do rio Piranhas, nos quateirões do
Estreito e SanEAnna, e no quartei­
rão do Caes, por um e outro lado
do mesmo rio Piranhas.

A lei n. 981, de 11 do mesmo meu,


creou uma cadeira de instrueção
primaria, para o sexo feminino, na
povoação fie S. Miguel do Jucurutu.

—/I lei n. 982, de 12 do mesmo mez,


fixou em 1:390$ a despesa daCam a-
ra Municipal, para o anuo financei­
ro de I o de Outubro de 1880 a 30 de
Setembro de 1887, e autorizou, art
35, §9 59 n. I, os reparos precisos a
casa das sessões e cemiterio publico
da cidade.

.4 lei n. 986, de 26 do mesmo mez,


desmembrou do districto de paz eda
subdelegacia da povoação do Jardim
do Piranhas e encorporou ao distri­
cto de paz da cidade o cerritorio do
271

rincho denominado Timbauba, com


todas as aguas de um e outro lado,
pegando do sitio Amparo, inclusive,
pelo rincho de Timbauba acima, até
annexnr com o districto da mesma
cidade,e o território do riacho deno­
minado Logradouro, com todas as
suas aguas, de um e outro lado, co­
meçando do sitio Flores, inclusive,
até ao sitio Retiro.

1S87—A lei n. 995, de 2 de Abril, diz : art-


1— A linha divisória entre as freguezi-
as da cidade do Príncipe e villa de
Serra Neg>a fica sendo a mesma tra­
çada pela lei n. 847.de 7 de Julho de
1882, e, no riacho Logradouro, co­
meçará neste do sitio do mesmo no­
me e onde mora José Donato do Es­
pirito Santo, em linha recta, á fazen­
da Saudade e á barra do rio Pi-
nharas ; continuando a pertencer a
casa do mesmo José Donatoá fregue-
zia de Serra Negra, e o território ao
nascente da citada linha divisória á
freguezia do Príncipe—art. 2 —A li
nha divisória entre as freguezias
de S. Miguel do Jucurutu e Campo
272

Grande começará do Olho dágua da


Colonia, pelo caminho que segue
para o cabeço denominado do Car­
rapicho e dalli, pelo mesmo caminho
que segue para a serra da Preguiça,
até á mesma serra, ficando o lado
do norte para Campo Grande eo do
sul, comprehendendo todo o terreno
deJoséNery, alli na Preguiça, para
S. Miguel e dalli seguindo, em linha
recta, ao cabeço das Gamellas.

--------- A lei n. 1.000, de 11 do mesmo mez,


fixou cm 1:970$ a despesa da Cama­
ra Municipal, para o anno financei­
ro de 1888 e trimestre de Outubro a
Dezembro dc 1887, art. 31, e aucto-
rizou, art. 36, Sc 3°, a venda da casa
que foi de Germano Pereira de Britto
cujo producto será applicado ao ser­
viço de coneerto e limpeza do cemi­
tério publico da cidade.

1890—0 decr. n. 12,de I o de Fevereiro, (g o ­


verno provisorio) mudou o nome de
cidade do Principe para—Cidade de
Seridó.
273

-----------O clecr. n. 33, de 7 de Julho, mandou


que a actual cidade de Seridó pas­
sasse a denominar-se— Cidade do
Laico.

-----------O decr. n. 44, de 13 de Agosto, alte­


rou os actuacs limites do districto
de paz de S. Gonçalo, no município
do Caicó, passando a pertencer ao
mesmo districto os quarteirões do
Barro-branco e Riacho de Sant'
Anna, até agora pertencentes ao dis­
tricto de S. Miguel do Jucurutú.

-----------O decr. u. 66, de 31 de Outubro, de­


clarou que licava pertencendo ao
districto do Jucurutú o quarteirão
do’Barro-Branco, desmembrado do
de Snnt’Auna, do município do Cai­
có.

1891—0 decr. n. 103, de 6 de Abril, con­


cedeu a Parente Vianna ik. C!l,Gratu.
liano dos Santos Vital e João M ou­
ra, ou á companhia que organiza'
rem, o privilegio exclusivo, por trin­
ta annos, para a construcção, uso e
goso de uma estrada de ferro que,
2 74

partindo da cidade do Natal, vá ter­


minar no município do Martins, pas­
sando por Maeah\'ba, Santa Rita,
Sant’Anna do Mattos, S. Raphael,
Triumpho e Caicó, ou pelo traçado
que mais convier aos interesses do
Estado.

JARDIM

(Povoação da ConeeiçAo do Azevedo até 1° de Setembro


de 1K58. Villa do Jardim até 27 de Agosto de 1874 )

1835—A lei n. 11, de 0 de Março, creou uma


cadeira de instrucção primaria,para
o sexo masculino, na povoação da
Conceição, do município do Acare.

1856—.4 resolução n. 337, de 4 de Se tem-


bro,desmembrou da matriz de N. S.
da Guia, do Acare, e eleeott á igreja
parochial a eapella da poeoação da
Conceição do Azeeedo, formando
uma frcguezia com o titulo de N. S.
da Conceição. Os limites desta fre-
guezia serão os mesmos do respecti­
vo districto de paz, pela maneira se­
guinte : principiarão, pelo lado da
ireguezia do Acarv, no rio Acanha
da Pedra grande, seguindo porclle
acima ate á barra do riacho Joazei-
ro, por este ate a sua nascença, c
deste ponto em rumo direito ao Ser­
rote do meio. No rio Seridó começa­
rá a extrema da barra do riacho do
Meio, continuando pelo mesmo rio
acima, de um e outro lado, ao fim do
termo, comprehendendo as aguas do
do rio Cobra, Pelo lado da freguezia
do Principe correrão os limites da
barra do riacho Jardim no rio S.
José, por este abaixo com todas as
suas aguas até aos Batentes no rio
Seridó, e dalii, em linha recta, á bar­
ra do rio Ipoeiras no Cnpnhá, e por
este acima até ao fim do termo. Por
esta divisão ficará pertencendo á fre­
guezia do Acary a parte do rio Jar­
dim,que outrora pertencia ado Prín­
cipe.

A lei n. 407, de 1° de Setembro, ele­


vou a povoação da Conceição do
Azevedo á categoria de villa, com a
denominação de V illa no Jardim—
com os mesmos limites da freguezia.
276

1860— A lei n. 481, de 13 de Abril, appro-


vou o compromisso da irmandade
S. S. Sacramento desta freguezia.

--------.4 lei n. 494, de 1 de Maio fixou cm


95$822 a despesa da Camara Muni­
cipal, no anno financeiro de 1861.

1861— A let n. 506, de 7 de Junho, fixou cm


159$ a despesa da Camara Munici­
pal, para o anno financeiro dc 1862- '

1862— A lei n. 526, de 25 de Abril, fixou cm


170$ a despesa da Camara Munici­
pal, para o anno financeiro dc 1868.

1864—A lei 77. 542, de 2 de Julho, art. 1,de­


terminou que a receita e despesa das
Camaras Municipnes da Provinda,
dentro do corrente anno, fossem re­
guladas pela de n. 526, de 25 dc A ­
bril de 1862.

--------A lei n. 573, de 22 de Dezembro, fi­


xou em 195$ a despesa da Camara
Municipal, no anno financeiro de
1865. A mesma lei, art. 29 determi-
277

nou que o Presidente da Província ex­


pedisse as convenientes ordens para
fazer-se effectiva n nndta decretada
pelo art. 29 da lei provincial n. 234,
de 19 de Setembro de 1851, pela fal­
ta de remessa do respectivo orça­
mento.

1805—.4 lei 77. 591, de 28 de Dezembro, fi­


xou em 195$ a despesa da Camara
Municipal, no anno financeiro de
1800.

1800 —A lei 77. 596, de 21 de Novembro, á-


pprovou posturas da Camara M u­
nicipal do Jardim.

1807—A lei n. 599, de 11 de Junho, fixou em


195$ a despesa da Camara Munici­
pal, no anno financeiro de 1807.

2808—A lei n. 611, de 26 de Março, fixou


em 185$ a despesa da Camara Mu-
• nicipal, para o anuo financeiro dc
1808. ^ á

1870- A lei 7?. 621, de 10 de Novembro, ere-


íui uma cadeira dc instrueção prima­
278

ria, para o sexo masculino, na po­


voação de Parelhas, do termo do
Jardim.

-----------A lei n. 625, de 12 do mesmo met,


creou um distrieto de paz na povoa­
ção de Parelhas com os mesmos li­
mites da respectiva subdelegacia.

----- — A lei n. 62H, de 2d do mesmo mez,


fixou em 502$ a despesa da Cair ara
Municipal, para o anno financeiro
de 1871.

1871— A lei n. 643, de 14 de Dezembro, creou


uma cadeira de primeiras lettras,
para o sexo feminino, na villado Jnr
dim, da comarca do Seridó.

-----------A lei n. 651, da mesma data, fixou


em 250$ a despesa da Camara M u­
nicipal, no anno financeiro de 1872.

1872— A lei n. 664, de 21 de Julho, fixou


em 287$ a despesa da Camara M u­
nicipal, para o anno financeiro de
1873.
279

A lei n. (>70, de 4 de Agosto, fixou


em 287$ a despesa da Carnara M u­
nicipal, para o armo financeiro de
1874.

A lei n. 681, de 8 do mesmo mez,


desmembrou da comarca do Seridó
o termo do Jardim para, com o
do Acary, egualmentedesmembrado,
constituir a comarca do Jardim.

1874—-A lei 77,6.9.?, de 8 de Aposto, aucto-


rizou o Presidente da Província a
despender, desde já, pela verba—fi­
bras Publicas—a quantia de 1:000$
com a eonstrucção de uma cadeia e
casa da Carnara Municipal na villa
do Jardim, comarcy do mesmo nome.

-d lei 77. 695, de 11 do mesmo mez,


alterou algumas disposições do com­
promisso da irmandade de N. 6. da
Conceição da freguezia do Jardim.

-4 lei n. 703, de 27 do mesmo mez,


elevou á categoria de C i d a d e a villa
do Jardim da comarca deste nome,
conservando a mesma denominação.
280

-----------A lei n. 708, dc I o de Setembro, fixou


em 547$ a despesa da Camara M u­
nicipal, no ;inno financeiro de 1875.

1875— A lei n. 739, de 23 Agosto, fixou em


507$ a despesa da Camara Munici­
pal, para o anuo financeiro de 1876.

---------- A lei n. 764, de 9 de Setembro, a-


pprovou artigos de posturas da Ca­
mara Municipal da cidade.

1876— .4 lei 795, de 16 de Dezembro, fixou


em 547$ a despesa da Camara M u­
nicipal, para o anno financeiro de
1877. A mesma lei, art. 38, consi­
derou cemitério publico o da eidnd<,
e auctorizou a respectiva Camara
Municipal a dar-lhe regulamento.

1S77 .4 lei n. 825, dc 20 de Dezembro, al


terou os antigos limites entre as tre-
guezias do Acaryedo Jardim da bar­
ra do riacho Joazeiro a do riacho
do Ja rdim, ficando, de então em de-
ante, servindo de linha divisória a
barra do dito riacho Joazeiro, em li
nha recta, ao riacho Logradouro ou
281

Timbauba eomprehendendo-sc na fre-


guezia do Jardim as fazendas deTho-
maz Freire de Araújo e visinhos.

1879—A lei n. 829, cie 7 clc Fevereiro, (orça­


mento, art. 16) concedeu por cinco
annos á Camara Municipal o di­
zimo de miunças e aboliu o de la­
vouras durante o mesmo tempo.

-----------A lei n. 836, cie 15 cio mesmo mez,


fixou em 1:053$ a despesa da C a­
mara Municipal, no anno financeiro
de l 9 de Outubro de 1878 a 30 de
Setembro de 1879.

1882—/I lei n. 843, de 23 de Junho, instau­


rou a cadeira de instrucção prima­
ria, do sexo masculino, da povoação
de Parelhas, stippriinida pela de n
809, de 19 de Novembro de 1877, e
ereou uma outra na povoação de
Perequito.

-----------A lei n. 857, cie 19 cieJulho, fixou


em 946$ a despesa da Camara M u ­
nicipal, para o anno financeiro de I o
de Outubro de 1882 a 30 de Set-em-
282

bro de 1x83. A mesma lei, art. 48,


auctorizou a Camara Municipal, a
cobrar o dizimo de miunças do res­
pectivo município.

1883—A lei n. 872, de 12 de Março, extin­


guiu o districto de paz da povoação
de Parelhas, do município do Jar­
dim, sujeitando seu território á ju -
risdicção do districto da sede da ci­
dade.

-----------A lei n. 873, da mesma data, appro-


vou posturas addieionaes ás do eo-
digo da Cam ara Municipal.

— ------------ A lei n. 888, de 2~> de Abril, fixou


1:316$ a despesa da Cam ara Muni­
cipal, para o anno financeiro de 1°
de Outubro de 1883 a 30 de Setem­
bro de 1884.
A mesma lei, art. 32 S° I o, aucto-
rizou-a a despender até 500$ com o
forro dos salões do edifício dc suas
sessões.

1884—4 lei, n. 894, de 22 de Feveveiro, a-


283

pprovou posturas addicionaes ao eo-


digo respectivo.

---------A lei, n 916, de 12 de Março, fixou


em 1:256$ a despesa daCam ara M u­
nicipal, no anno financeiro de l 9 de
Outubro de 1884 a 30 de Setembro
de 1885. A mesma lei, art, 39, au-
ctorizou a Gamara Municipal a co­
brar o dizimo de miunças vivas da
respectiva freguezia jecreou, art. 40,
um logar de fiscal na povoação de
Perequito.

1885—.1 lei, n. 950, de 31 de Março, fixou


em 1:266$ a despesa da Gamara M u­
nicipal, para o anno financeiro de V
de Outubro de 1885 a 30 de Setembro
de 1886. A mesma lei, art. 47, au-
ctorizou a a arrecadar para sua recei­
ta, por espaço de dois annos, o dizi­
mo de miunças vivas do respectivo
municipio.

-----------A lei n. 9õ 1, de 16 de Abril, appro*


vou o compromisso da irmandad?
de N. S. do Rosário da cidade do
Jardim.
284

1886— A lei n. 982, de 12de Junho, íixou cmu.


. 1:200$ a despesa da Camara Muni­
cipal, para o anno financeiro de I o
de Outubro de 1886 a 60 de Setem­
bro de 1887.

1887— .4 lei n. l.OOO, de 11 de Abril, lixou


em 1:156$ á despesa da Camara M u ­
nicipal, para o anno financeiro de
1888 e trimestre de Outubro a De­
zembro de 1887 art. 31.

1890—0 dear. n. 19, de 12 de Abril, (g o ­


verno provisorio) orçou a receita da
Intendência Municinal, no exercido
de 1890,em 934$000, e a despesa em
720$000.

AGARY
(Villa do Acary até 15 cie Agosto de 180K.)

1835—A lei n. 15, de 13 de Março, desmem­


brou da matriz de Sant’Auna da
villa do Principe e elevou á catego­
ria de igreja parochial a filial capella
de N. S. da Guia da villa do Aea.iv,
285

dando-lhe por limites os mesmos mar­


cados para o município.

-A lei n. 16, de 18 do mesmo mez, a-


pprovou a creaeão da villa do Aea-
ry, feita pelo Presidente em conselho
a 11 de Abril de 1833.
A mesma* lei traçou os seguintes
limites : pelo poente no no de S.José
no logar onde taz barra o riacho
Jardim, subindo pela margem orien­
tal deste, até ás suas nascenças, na
serra da Formiga; continuando para
o norte, até á serra do Patrimônio,
comprehendendo Bom fesus,01ho d'a-
gua, Passagem, Quixodê,Rossarubú,
Serra do Pereqivto, de Sant’Anna e
todas as mais que sempre pertence­
ram á villa do Principe ; dalli para o
nascente, até a serra do Mulungu,
no logar onde as aguas tazem equili-
brio para o Trahiry e Seridó, com
prehendendo S. Antonio. Grossos e o
rio Mulungu com seus ailluentes, por
um e outro lado ; dalli para o sid,
comprehendendo Boa■vista, Pê da
Serra, Bico da arara, Ermo, até ao
Riacho fundo, Cobra, Boqueirão, até
286

á fazenda Tanques, na serra da Bor-


burenia ;daqui descendo pelo rio Se-
rido com seus affluentes,por um e ou­
tro lado, ate á barra do Riacho do
Meio ; e desta em rumo atravessan­
do o rio Acauhã no ponto da Pedra
grande, ate tocar sobre dita barra
do Jardim, donde principiou a divi­
são.

A resolução n. 22, de 27 do mesmo


mez, determinou que os eleitores do
Acary se reunissem na vi 11a da Prin-
ceza, comarca do Assú, (pie ficaria
sendo, a contar do I o de Maio futu­
ro, cabeça do districto.

-A resolução n. 28, de 28 do mesmo


mez,marcou a esta villa e a outras no­
vamente confirmadas o prasoimpro-
rogavel de qu&troannos, a contar de
sua confirmação, dentro do qual de­
verão apresentar patrimônio, casa
de cariara c cadeia, supprimindo as
e encorporando-as as de que foram
desmembradas, caso não preencham
esta condição.
287

183G—A resolução n. 5, de 7 de Outubro,


concedeu que fizesse parte do rendi­
mento da Camara Municipal, a con­
tar do I o de Julho de 1837, em de-
ante, o producto do dizimo de miun-
ças vivas e mortas do respectivo
município, sendo por ella arrecadado
como melhor convier.

-----------j\ resolução n. 73, de 18 do mesmo


mez, npprovou o compromisso da ir.
mandadc dc N. Senhora da Guia do
Acary.

1837—A resolução n. 7, de 36 de Setembro,


ereou um districto de jurados na
villa.

---------- A resolução n. 8, de 23 de Outubro,


npprovou o compromisso da irman­
dade do S. S. Sacramento da fre-
guczia.

— ~ —A resolução n. 11, de 24 do mesmo


mez, approvou o compromisso da
irmandade de S. Gonçalo Garcia da
freguezia.
288

-----------A lei n. 19, de S de Novembro, (o r­


çamento, art. 9), revogou a resolu­
ção n. 5, de 7 de Outubro de 1836,
sobre dizimo de miunças.
A mesma lei consignou, a titulo de
soccorro á Camara Municipal, a
quantia de 160$, que deveria ser
paga pelo respectivo collector.

1838— A resolução n. 11, de 30 de Outubro ,


creou na villa do Acary um collegio
eleitoral, para a reunião dos eleito­
res da respect’ -a fr^mezia,

-----------A resolução, n. 17, de 7 de Novem­


bro, consignou a verba de 160$
para supprimento do deficit da Ca­
mara Municipal.

1839— A lei li. 36, de 9 de Novembro, fixou


em 218$ a despesa da Camara M u­
nicipal, no anno tinanc iro de I o dc
Julho de 1840 a 30 de Junho de
1S41 ; e dcte rminou que continuasse
a cobrar as rendas dc que está de
posse, ainda que não contempladas
no art. 16 da mesma lei
289

-----------A lei n. 38, de 11 do mesmo mez,


(orçamento, cap. X, §9 40) consignou
a quantia de 182$ para supprimento
do déficit da Camara Municipal.

1840— A lei n. 56, de 2 de Novembro, fixou


a despesa da Camara Municipal, no
anno financeiro de 1841 a 1842, em
195$, determinando que, por seus
vereadores, entrasse para os cofres
muniçipaes com a quantia de 9$600
que demais pagara ao respectivo
procurador.

1841— /I resolução, n. 68 . de29de Outubro,


approvou o compromisso da irman­
dade de N. S. da Conceição, da. ea-
pella da Conceição, da freguezia do
Acary.

-------—A lei, n. 72, de 10 de Novembro, fi­


xou em 201$280 a despesa da Ca­
mara Municipal, no anno financeiro
de 1842 a 1843.

-----------A lei íi. 76, de 11 do mesmo mez,


(orçamento, cap. IX, 8o 40) consi­
gnou a quantia de 160$ para su-
290

pprir o deficit da Camara Muni­


cipal.

1842— A lei n. SS, de 20 de Outubro, fixou


em 122$ a despesa da Camara M u ­
nicipal, no anno financeiro de 1.843
a 1844.

1843— A lei n. 104, de 3 de Novembro, fixou


em 126$ a despesa da Camara Mu*
’ nicipal, no anno financeiro dc 1844
a 1845.

1844—/I lei, n. 115, de4 de Novembro, fixou


em 118$ a despesa da Camara M u­
nicipal, no anno financeiro de 1845
a 1846.

1845—A lei n. 120, de 23 de Outubro, fixou


cm 128$ a despesa, da Camara M u ­
nicipal, no anno financeiro de 1846
a 1847.

1846—A lei n. 154, de 31 de Outubro, fixou


em 144$ a despesa da Camara Mu­
nicipal, no aim financeiro da 1847 a
1848.
291

1847—A lei, n. 171, de (> de Novembro, fi­


xou em 126$ o despesa da Camara
Municipal, uo anuo financeiro de
1848 a 1849.

-----------A resolução n. 174, de 9 de Novem­


bro, approvon quatro capitulos de
reforma do compromisso da irman­
dade de N S. íla Guia, orago da fre-
guezia.

1848— A lei n. 187, de 2 de Novembro, fixou


em 68$ a despesa da Camara Mu­
nicipal, no semestre de Julho a De­
zembro de 1849, determinando, art.
19, que o anno financeiro se contasse
de Janeiro a Dezembro.

1849— A lei, n. 198, de 16' de Junho, appro-


vou posturas addiccionaes ao codi-
go respectivo.

-----------.1 lei, n. 203, de 30 de Junho, fixou


em 124$ a despesa da Camara M u­
nicipal, no anno financeiro de 1850.

1850— A resolução n. 210, de 27 de Maio,


approvon também posturas addi-
cionaes.
292

-----------A lei n. 222 , de 2 de Julho, fixou cm


134$ a despesa da Camara Munici­
pal, no anno financeiro de 1851.

1851— .4 lei n. 231, de 12 de Setembro, a-


pprovou ainda artigos de posturas
addicionaes.

----- — A lei n. 234, de 19 do mesmo mez,


fixou cm 136$ a despesa da Camara
Municipal, para o anno financeiro
de 1852.

1852— A resolução n. 250, de 23 de M a r­


ço, instaurou o districto de paz da
Conceição.

-----------A resolução, n. 253, de2T do mesmo


mez, art. 16, creou uma cadeira de
latim na villa do Acarv.

-----------A lei n. 263, de 6 de Abril, fixou cm


138$ a despesa da Camara Munici­
pal, para o anno financeiro de 1853.

1853—A lei u. 2S1, de 19 de Abril, fixou ?m


163$312 a despesa da Camara Mu-
293

nicipal, para o atino financeiro de


1854.

-----------A resolução n. 285, de 20 do mesmo


mez, instaurou a cadeira de primeiras
lettras da Conceição.

1 8 5 4 - /4 lei n. 303, de 6 de Setembro, fixou


em 142$ a despesa da Carnara Mu­
nicipal, para o anno financeiro de
1855.

1855— A resolução n. 325, de 1 de Setembro,


fixou em 174$ a despesa da Carnara
Municipal, para o anno financeiro
de 1856.

1850—A resolução n. 337, de 4 de Setem­


bro, art. 3, mandou que ficasse per­
tencendo a esta freguezia a parte do
rio Jardim, que outrora pertencia a
do Principe.

-----------A lei, n. 349, de 20 do mesmo mez,


fixou em 174$ a despesa da Carnara
Municipal, para o anno financeiro
de 1857.
294

1857— A lei n. 363, de 25 de Abril, fixou em


1G4$ a despesa da Camara Munici­
pal, para o anno financeiro de 1858.

1858— A resolução n. 365, de 19 de Julho,


elevou á categoria de Comarca os
municipios das villas do Príncipe e
Acary, com a denominação de Co­
marca do Seridó.

-----------A resolução n. 368, de 30 de Julho,


desmembrou da Ireguezia do Acary e
encorporou á de SanCAnna do M a ­
ttos os logares denominados serra
da Macambira e Cobeço de Manoel
Francisco

--------- A lei n. 410, de 4 de Setembro, re


vogou o art. 16 da resolução n.
253, de 27 de Março de 1852, que
creára uma cadeira de latim no Aca­
ry.

— ------A lei n. 422, de 11 de Setembro, fi­


xou em 108$ a despesa da Camara
Municipal, para o anno financeiro
de 1859.
295

1859— A lei n. 462, cie 17 de Maio, fixou em


418$ a despesa da Camara Munici­
pal, para o armo financeiro de 1860.

1860—A lei v. 469, de 28 de Março, anne-


xou ao termo e freguezia do Acary o
terreno comprehendido nos sitios
Canassú, Garganta e Serra do Ca­
jueiro, desmembrado do termo e lre-
guezia de Sant’Anna do Mattos.

-----------A le\ n. 472, 2 de Abril, restaurou


a cadeira de grammatica latina no
Acary.

-----------A lei n. 494, d e i de Maio, fixou cm


194$ a despesa da Camara Munici­
pal, no anno financeiro de 1861.

1861— A lei n. 506, de 7 de Junho, fixon em


307$ a despesa da Camara Muni­
cipal, no anuo financeiro de 1862.

1862— Alei n. 526, de 25 Abril, fixou em


311$ a despesa da Camara Munici­
pal, para o anno financeiro de 1863.

1864— A le i n. 5 4 2 , d e 2 d e J u lh o a r t. 1.
296

determinou que a receita e despesa


das cainaras rnunicipaes da Provín­
cia, dentro do corrente anno, fossem „
reguladas pela de n. 526, de 25 de
Abril de 1862.

-------- —A lei n. 573, de 22 de Dezembro, fi­


xou em 245$ a despesa da Gamara
Municipal, no anno financeiro de
1865. A mesma lei, art, 29, determi­
nou que o Presidente da Provincia ex­
pedisse. as convenientes ordens para
fazer-se effectiva a multa decretada
pelo art, 29 da lei provincial n. 234,
de 19 de Setembro de 1851, pela fal­
ta de remessa do respectivo orça­
mento.

1865—A lei n. 583, de 24 de Novembro,


supprimiu a cadeira de latim da
•villa.

-----------A lei n. 591, de 28 de Dezembro, fi­


xou em 245$ a despesa da Cantara
Municipal, no anno financeiro de
1866. •

1867— A le i íi. 5 9 9 , d e 11 d e Ju n h o , fixou


cm 305$ a despesa da. Camara Mu­
nicipal, no anno financeiro de 1807.

1868—.4 lei n. 611, de 26 de Março, lixou


em 235$ a despesa da Camara Muni­
cipal. para o anno financeiro d e l 808.

1870— /I lei a. 628, de 25 de Novembro, li­


xou em 237$ a despesa da Camara
Municipal, para o anno financeiro de
1871.

1871— .4 lei n. 650, de 14 de Dezembro,


approvou artigos de posturas da
Camara Munieipal.

-----------.4 lei n. 651, da mesma data, fixou


em 225$ a despesa da Camara M u ­
nicipal, no anno financeiro de 1872.

1873—.4 lei n. 664, de 21 de Julho, fixou cm


267$ a despesa da Camara Munici­
pal, no anno financeiro de 1873. A
mesma lei, art. 30, auctorizou a des­
pesa de 200$ com a casa de Cari­
dade.

------------ A lei a. 6 7 0 , d e 4 d e A g o s t o , fixou


298

em 267$ a despesa da Camara Mu­


nicipal, para o anno financeiro de
1874. A mesma lei, art 33, anctori-
zou a Camara Municipal a despen­
der 200$000com a casa dc Caridade.

—•-------A lei n. fíSl, cie S cie Agosto, des­


membrou da comarca do Seridó o
termo do Acarv para constituir com
o do Jardim a comarca deste nome.

1874—A lei n. TOS, de 1° cie Setembro, fixou


em 422$ a despesa da Camara M u ­
nicipal, para o anno financeiro, de
1875.

1875 A lei n. 734, de 13 de Agosto, esta­


beleceu entre Acary e SnnCAnna do
Mattos os seguintes limites : da fa­
zenda Caaassú segue a linha divisó­
ria para o nascente até á serra do
Cajueiro, ficando esta pertencendo
á freguezia de SanCAnna do M a ­
ttos ; continua a mesma linha a sa­
hir nos Apertados, ficando este e o
Paulo José para o Acarv ; dos Aper­
tados, segue a linha até á serra do
capitão Manoel Bezerra, ficando per-
299

tencemlo á Sant’Anna do Mattos as


serras da Curicaca, Tanques-pretos,
Carcundo, Macambira e os que fica­
rem ao norte da linha, e nos lo g a ­
res não mencionados servirá de li“
mites a divisão das aguas.

187õ—A lei n. 739, de 19 de Agosto, fixou


em 4-87$ a despesa da Carnara M u ­
nicipal, para o anuo financeiro de
1870.

1876 —A lein. 795, de 16 de Dezembro, fixou


em 482$ a despesa da Carnara Mu­
nicipal no anno financeiro de 1877.

1877—A lei íi. 825, de 20 de Dezembro, al­


terou os antigos limites entre as
freguezias do Aeary e do Jardim da
barra do riacho Joazeiro ado riacho
do Jardim, ficapdo, de então em de-
ante, servindo de linha divisória a
barra do dito riacho Joazeiro, em
linha recta ao riacho Logradouro
ou Timbaúbn, comprehendendo-se na
freguezia do Jardim as fazendas de
Thomaz Freire de Araújo evisinhos.
300

1879-- A lei n. 829, de 7 de Fevereiro,


(orçamento, art. 16), concedeu por
cinco annos á Camara Municipal
o dizimo de miunças e aboliu o de
lavouras, durante o mesmo tempo.

------— A lei n. 836, de 15 do mesmo mez.


fixou em 322$ a despesa da Camara
Municipal, para o anno financeiro
de I o de Outubro de 1878 a 30 de
Setembro dc 1879.

1882—A lei n. 844, de 26 de Junho, cre-


ou a comarca do Acar}-, tendo por
sede a villa do mesmo nome e por
limites os do respectivo termo.

-----------A lei n. 853, de 15 de Julho, (orça­


mento, art. 10), concedeu á Camara
Municipal o dizimo de miunças do
respectivo jnunicipio.

-----------A lei n. 857, de 19 do mesmo mez,


fixou em 850$ a despesa da Cama­
ra Municipal, no exercido finan­
ceiro, de l 9 de Outubro de 1882 a 30
de Setembro de 1883.
301

A mesma lei, art. 48, anctorizou-a


a cobrar o dizimo de miunçns.

1883-----------.4 lei n. 888 , de 25 Abril, fixou


em 450$ a despesa da Camara Muni­
cipal, para o anuo financeiro de 1° de
Outubro de 1883 a 30 de Setembro
de 1884,.

1884—A lei n. 893, de 20 de Fevereiro, ele­


vou á categoria de fre^uezia a po­
voação de Curraes Novos, do muni­
cípio do Acarv.eomprehcndendo todo
o districto de paz pertencente á ca-
pella de Curraes Novos, em direcção
ao nascente, atéáfazenda Bôa-vista,
dahi ao Poço da Serra, em rumo
certo ao norte, até ao logar deno­
minado Pedra dagua ; ao poente,
em rumo á serra denominada Dorna,
dahi para o norte todo o pontal da
serra agrícola P ;auhv, servindo as
aguas de divisa, seguindo, ao nas­
cente, pela serra denominada de
SanCAnna, até ao sitio Patrimônio;
dahi, obliquamente ao sul, até ao
logar denominado Pedra dagua ; co­
meçará também na freguezia de
') 02
»)

Santa Cruz no lo "a r • denominado


Pedra dagua, em direcção á serra
de S. João, eomprehendendo egual-
mente os sitios Porteiras, Desenga­
no e Porta dagua, inclusive todos
os mais logares, ao poente, perten­
centes áquella freguezia, como serra
Rajada e outros ; assim como todos
os sitios e terrenos que estiverem
eomprehendidos na serra agrieola
denominada SanCAnna, da fregue­
zia de SanCAnna do Mattos, cpie
antigamente já pertenceram á tre-
guezia do Aeary, até ao logar deno­
minado Cachoeira do Guedes.
A lei n. 905, de 12 de Março, appro-
vou o codigo de posturas da Cama­
ra Municipal.
A lei n. 909, da mesma data, man­
dou que ficassem pertencendo ao dis-
tricto de Flores, do termo do Aeary,
todas as aguas do Saeeo da Luiza
e os sitios Ouinquê, Pé de Serra e
Ouimporó debaixo, exclusive Exú,
Ipoeira de Mattos, Yacca brava, e
dahi, cm linha recta, ao Ouimporó
de baixo.
303

--------- A lei n. 916, de 12 de Março, lixou


em 530$ a despesa da Camara M u ­
nicipal, para o anno financeiro de
l c de Outubro de 1884 a 30 de Se­
tembro de 1885. A mesma lei, art.
35, §9 G° auctorizou os reparos ne­
cessários na casa das sessões e cadeia
publica, e a cobrar, art. 19, o dizimo
de miuneas vivas da respectiva fre-
guezia,

1885— A lei n. 950, de 31 de Março, lixou


em 580$ a despesa da Camara Mu­
nicipal, para o anno financeiro de
l 9 fie Outubro de 1885 a 30 de Se­
tembro de 1880. A mesma lei, art.
47, auctorizou a a arrecadar para
sua receita, porespaço dedois annos,
f) dizimo de miunças vivas do res­
pectivo município.

1886— A lei n. 982, de 12 de Junho, fixou


em 400$ a despesa da Camara M u­
nicipal, para o anno financeiro de
l 9 de Outubro de 1880 a 30 de Se­
tembro de 1,887, c auctorizou, art.
35, S° 7o, a despesa, até 500$, com o
serviço da escavação da lagoa Nova,
304

na serra clc Santa Ànna de seu mu­


nicípio, para abastecimento dagua
ás íamilias dos agricultores que tra­
balham em dita serra, ficando a
mesma lagoa considerada fonte pu­
blica para o fim acima indicado.

1887— A lei n. 1.000, de 11 de Ahril, lixou


em 545$ a despesa daCamara Muni­
cipal, para o anno financeiro de
1888 c trimestre de Outubro a De­
zembro de 1887, art. 31.

1888— A lei n. 1.008, de 12 de Dezembro,


approvou artigos addicionaes ao
codigo de posturas da Caniara M u­
nicipal.
1890—O decr. n. 1 T, de 7 de Ahril, (gover­
no provisorio) orçou a receita, em
568$700, e fixou a despesa em
555$ 700, da Intendência Municipal,
para o exercício de 1890.
----- V O decr. n. 59, de 15 de Outubro, des­
membrou do município do Acary o
districto de subdelegacia da p o ­
voação de Curraes Novos que elevou
á categoria de villa e município.

I
305

-O decr. n. 62, de 20 de Outubro,


desmembrou do município do Acary
o districto policial de Flores que
elevou á categoria de villa e muni­
cípio.

CURRAES NOVOS
(Povoação de Curraes Novos até 15 de Outubro de 1890)

1839—A lei n. 26, de 14 de Outubro, creou


uma cadeira de primeiras lettrasna
povoação de Curraes Novos, do mu-
nicipio do Acary.

1854— A resolução n. 301, de 6 de Setem­


bro, creou um districto de paz na
povoação de Curraes Novos, dando-
lhe por limites os mesmos da subde*
legacia de policia.

1855— .4 resolução n. 308, de 2 de Agosto,


instaurou a cadeira de primeiras le-
ttras, do sexo masculino, desta p o ­
voação.

1877—A /ei n. 809, de 19 de Novembro, su-


pprimiu a cadeira de ensino prima-
rio da povoação de Curraes Novos.
306

1882—.4 lei n. S43, de 23 de Junho, instau­


rou a cadeira de instrucção prima­
ria, do sexo masculino, desta po­
voação. ,

1884—A lei n. 893, de 20 de Fevereiro, ele­


vou á categoria de treguezia a po­
voação deCurraesNovos, do municí­
pio do Acan-, comprehendendo todo
o districto de paz pertencente á ca-
pella de Curraes Novos, em direcção
ao nascente, até á fazenda Boa-vis
fa,dahi ao Poço da Serra, em rumo
certo ao norte até ao logar denomi­
nado Pedra dagua, ao poente, em
rumo á serra da Dorna, dahi, para
o norte, todo o pontal da serra a­
gricola Piaulry, servindo as aguas
de divisa, seguindo, ao nascente,
pela serra denominada de Santanna,
até ao sitio Patrimônio ; dahi, o­
bliquamente ao sul, até ao logar de­
nominado Pedra dagua ; começará
também na freguezia de Santa Cruz
no logar denominado Pedra dagua,
em direcção á serra de S. João, com­
prehendendo egualmente os sitios
Porteiras, Desengano e Porta dagua.
307

inclusive toei o s o s m a i s l o g a r e s , a o
poente, p e r t e n c e n t e s a q u e l l a fi e g u e -
xia. c o m o se r ra R a j a d a e o u t r o s ,
assim c o m o t o d o s o s s i t i o s e tei i c
nos cjue e s t i v e r e m c o m p r e l i e n d i d o s
na se r ra a g r í c o l a d e n o m i n a d a San*
t a n n a , d a f r e g u e z i a de S a n t a n n a d o
M a t t o s , que a n t i g a m e n t e j á p e r t e n ­
ceram á f r e g u e z ia d o A c a r y , a t é a o
lo g a r d e n o m in a d o C achoeira d o ( m e ­
des.

—.4 lei ti. Dj^O, cie 1 cl d e A l a r ç o , c r e o u


u m a c a d e i r a de e n s in o p r i m á r i o , d o
sexo feminino, na po\ o a ç â o cie C u r"
raes N o v o s .

4-SiM)—O d e e r . n . 31), d e 1 3 d e O u t u b r o , ( g o *
v e n i o p r o v i s o r i o ) creou um n o v o
município, d e s m e m b r a d o d o de A*
c a ry , t e n d o p o r sede a p o v o a ç ã o de
C u rr a es N o v o s , que foi e l e v a d a á
c a t e g o r i a de v i l l a e deu o n o m e a o
município. O m u n ic íp io c r e n d o p o r
este d e c re t o teve p o r lim ites os
mesmos d o r e s p e c t i v o d i s t r i c t o cie
suhcl elega cia.
308

PEORES
(Povoação de Flftres até 20 de Outubro de 18íX)

1870—A lei n. 615, cie 3 de Junho, creou


uma cadeira de instrucção prima­
ria, para o sexo masculino, na po­
voação de Flores, da freguezia do
Acary.

1873—A lei n. 684, de 11 de Agosto, creou


o districto de paz de Flores, da fre­
guezia do Acary.

18-77—A lei n, 809, de 19 de Novembro, sir


pprimiu a cadeira de ensino prima-
rio da povoação dc Flores.

1882—A lei n. 843, de 23 de Junho, instam


rou a cadeira de instrucção prima­
ria, do sexo masculino, desta po­
voação,

1884—A lei 77. 909, de 12 de Março, man­


dou que ficassem pertencendo ao
districto de Flores, do termo do A-
cary, todas as aguas do Sacco da
Luiza e os sitios Quinquè, Pé de
Serra e Quimporó cie baixo, exelu-
si ve Exú, lpoexra de M attos, Vacca
brava, e dahi, em linha recta, ao
Qttimporó de baixo.

1880—A lei ti. 981, de 11 de Junho, creou


uma cadeira de ensino primário, do
sexo feminino, na povoação de Flo­
res.

1890—O decr. n. 62, de 20 de Outubro, (g o ­


verno provisorio) creou um novo
município, desmembrado do de A-
cary, tendo por sede a povoação de
Flores, que foi elevada á categoria
de viLLA e deu o nome ao municipio.
ü municipio creado por este decreto
teve por limites os mesmos do res­
pectivo districto policial.

SERRA NEGRA
(Povoação da Serra Negra até .'i de Agosto de 1874)

1835—A lei n. 11, de 9 de Março, creou uma


cadeira de primeiras lettras para o
sexo masculino na Serra Negra.

1840—A resolução n. 42, de 9 de Outubro,


removeu a cadeira de primeiras le-
310

tira s da p ovoa çã o d a S erra N e g ra


p a r a o l o g a r , C o n c e iç ã o , rio m e s m o
m u n ic íp io .

1S;>.)— A r e s o lu ç ã o n. 1117, cie 8 de A g o s t o ,


creou uma cadeira de primeiras le-
ttras, para o sexo masculino, na po­
voação dc S. João.

1858—A lei n. 406, d ei de Setembro, elevou


á categoria de freguezia, desmem­
brando-a da do Seridó, com a deno­
minação de N. S. do 0 da Serra Ne­
gra, a capella deste nome, dando
por limites á nova treguezia, pelo
nascente, o rio Sabogi, desde a barra
do riacho Quixeré ; e dahi para cima
até ao fim da freguezia do Seridó
com todas as suas aguas ; ao norte,
a t é á narra d o r i o P i r a n h a s c o m
suas aguas, in c lu s iv e as fa z e n d a s
Saude e V o l t a , s it u a d a s n o r ia c h o
da C a ch o eira ; a o
poente c sul, a
contestar com as fazendas do Pom­
bal e Santa Luzia, da provinda da
Parahyba.

1SÍiS—A lei li. 606, de 11 de Março, creou


an

11 m districto dc pnz na povoação de


S. João do Principc com os limi­
tes dados » suhdelegacia de policia.

1872—A lei n. 60 S, de S l deOutubro, CITOU


uma cadeira dc instrucção primaria
na povoação da Serra Negra.

1874— A lei n. 688 , de S de Agosto, elevou


á categoria dc villa a povoação da
Serra Negra, da comarca do Seridó,
com a denominação cie vieea da
SERRA NEGRA.

--------- .1 lei 77. 701, de SI de Agosto, a p] tro­


vou o compromisso da irmandade
do S. S. Sacramento da treguezia de
N. S. do () da Serra Negra.

187f>—A lei 77. 736, de IS de Agosto, appro-


v o u o compromisso da irmandade
d c N. S. d o ( ) d a v i l la d a Serra Ne­
gra.

---------------- A lei li. 73!), de 33 do mesmo mea,


fixou em 223$ a despesa da Camara
Municipal, para o armo financeiro
de 187(1.
:U2

4876—A lei n. 795, cie 16 de Dezembro, ü-


xouetn 368$ a despesa da Camara
Municipal, para o anuo financeiro
de 1877.

1879—A lei n. 829, de 7 de Fevereiro, (or­


çamento,art. 16,) concedeu por cinco
annos á Camara Municipal da Serra
Negra o dizimo de miunças do mu-
nicipio e aboliu o de lavouras du.
rante o mesmo tempo.

---------- A lei n. 836, de 15 do mesmo mez,


fixou em 838$ a despesa da Camara
Municipal, para o anno financeiro
de 1° de Outubro de 1878 de 30 de
Setembro a 1879.

1882—A lei n. 843, de 23 de Junho, instau­


rou a cadeira de instrucção prima­
ria, do sexo masculino, da povoação
de S. João do Príncipe, supprimida
pela lei n. 809, de 19 ac Novembro
de 1877.

---------- A lei n. 841, de 7 de Julho, mandou


que a linha divisória entre as fregue-
zias do Príncipe e Serra Negra tosse
o rio Quixeré, pertencendo o norte
do mesmo á freguezia (lo Príncipe e
o sul á da Serra Negra, ficando o ri­
acho Logradouro, até ás casas
de José Leandro dos Santos e de
Joaquim Januario de Araújo e da
fazenda Saudade, em linha recta á
barra do Espinharas, pertencendo á
freguezia da Serra Negra.

A lei n. 853, de 15 do mesmo mez,


(orçamento, art. 10,) concedeu á Ca­
ntara Municipal o dizimo de miun-
eas do respectivo município.

—A lei n. 857, de 19do mesmo mez, fi­


xou em 380$ a despesa da Gamara
Municipal, para o anuo financeiro de
1" de Outubro de 1882 a 30 de Setem-
bio de 1883 A mesma lei, art. 48,
auetorizou a Gamara Municipal da
Serra Negra a cobrar o dizimo de
miunças do município.

-.4 lei n. 883, de 5 de Abril, approvou


artigos addicionaes ás posturas da
Gamara Municipal.
814

---------- A lei n. SSS, cle 2C> do mesmo mez,


fixou era 890$ a despesa da Camara
Municipal, no anno financeiro cle 1°
de Outubro de 1888 a 80 cle Seteui-
. bro cle 1884. A mesma lei, art. 82,
(1° auetorizou-a a-despender ate á
quantia cle 800$ com a easa cle mer­
cado publico da villa.

1884— A lei n. 916, de 12 de Março, fixou


cm 440$ a despesa da Camara Mu­
nicipal, no anno financeiro de I o cle
Outubro cle 1884 a 80 cle Setembro
cle 188Õ. A mesma lei, art. 85, 8°,
auetorixou a despesa cle 800$ com a
conclusão da casa de mercado pu­
blico da vdla.

1885— A lei n. 93õ, de 21 de Março,ereoti


uma cadeira de instrucção prima­
ria, para o sexo feminino, na po­
voação cle S. João do Principe.

---------- A lei n.950,de 31 do mesmo mez,fixou


cm 49(1$ a despesa da Camara M u­
nicipal, no anno financeiro de l 9 cle
Outubro de 1885 a 80 de Setembro
cle 1886. A mesma lei, art. 47, aucto*
815

rizou-a a arrecadar para sua receita,


por espaço de dois annos, o dizimo
de miunças vivas do respectivo mu­
nicípio.

1 8 8 6 - /1 lei n. 979, de 7 de Junho, creou


uma fregnezia, desmembrada da da
Serra Negra, com a denominação de
freguezia de S. João do Principe, ten­
do por sede a povoação do mesmo
nome e por limites os do districto
de paz da mesma povoação.

— ----- /I lei n. 982, de 12 do mesmo mez,


fixou em 370$ a despesa da Camara
Municipal, para o anno financeiro
de 1 de Outubro de 1886 a 30 de
Setembro de 1887.

1887— .4 lei n. 995, de 2 Abril, dispoz : art.


1.—A linha divisória entre aslrcgue-
zias da cidade do Principe e villa da
Serra Negra tiea sendo a mesma tra­
çada na lei n. 847, de 7 de Julho de
1882, e no riacho Logradouro co­
meçará neste do sitio do mesmo
nome e onde mora José Donato do
Espirite' Santo, em linha recta á fa-
o i r>

.>

zciula Saudadee n barra do rio ^i-


nharas : continuando a pertencer a
casa do mesmo José Donato á íre-
guezia da Serra Negra, e o território
ao nascente da citada linha divisó­
ria á treguezia do Príncipe.

---------/I lei n. 1 .000 , de 1 1 do mesmo mez,


fixou em 415$ a despesa da Carnara
.Mumetpal, tiara o anuo htlAllOCÍl‘0
de 1M88 e trimestre de Outubro n
I)czemhro (le 1887, art. 81.

I S 8 .S — A l a n. 1.00(1, de dO cie íV o v e ru h rn ,

revogou a de u. P7P, de 7 de Junho


de 1880, (|ue creou a Ircgue/.ia de S.
João do Príncipe, desmembrada da
de N. S. do Ó da Serra Negra.

1890—<) deer. ti. 14, de IS de Fevere\ro,


( g o v e r n o p r o v i s o r i o ) ele vou a cinco
o nu me ro de Intendentes da - i l l a d a
S er ra Negra, anteri ormente l i x a d o
em ties pelo decreto n. 9, de 18 de
J a n e i r o ultimo, epie d i s s o l v e u a s C a -
mfiras M u ni c ip a es do E s t a d o .

O deer. n. 04, de 7 de Julho, mudou


317

o nome do districto de S. João do


P r ín c ip e p a r a o de S. Jo ã o do Sa-
bugy.

1891—O decr. n. 92, de 3 de Fevereiro, res­


taurou a cadeira de l*entrancia. d o
sexo masculino, da povoarão de S.
João do Sabiigy.

-------- o d e c r. Í O d , d e S d e M ílio , Sltppri-


miu a ca d e ira d o sexo feminino dft
p o v o a ç ã o de 8. J o ã o d o S abtlgy.
318

MOTA

Este va in Velho de Moura, José Pei­


xoto Veigas, cavalheiro da ordem de Chris­
to, Antonio de Albuquerque Camara, co­
ronel. e o sargento mór Manuel da Silva
Vieira, além de trinta c dois outros com­
panheiros, foram os primeiros que trata­
ram pazes com os indios situados no ri­
acho Paraibn, nas cabeceiras do Piató,
ribeira do Assú, até o rio Jagnaribe e Cho­
ro, com despendio de fortuna e risco de vida,
no anno de 1681. 0 capitão-mór, gover­
nador do Rio Grande do Norte, Antonio
da Silva Barbosa concedeu-lhes, a reque­
rimento, uma data de sesmaria, em 22
de Novembro do dito anno, com aquelles
limites, a qual foi confirmada em 12 de
Fevereiro do anno seguinte pelo gover­
nador geral do Brazil, Roque da Cosia
Biretto.
(Liv. 2' das Cartas c l’ iovitöes do Senado da C'a-
niara do Natal.
Acbas das sessões do Instituto

A C TA da 68 sessão ordinaria do
Instituto Ilistorico e Geographico do
Rio Grande do Norte.

Presidência do Kxin. Sr. I)r, Olympio Vital.

Aos seis dias do mcz dc Agosto de mil


novecentos e cinco, nesta cidade de Natal,
capital do Estado do Rio Grande do Norte,
pelas doze horas da manhã, na sede so­
cial, reuniu-se o Instituto Historico e Geo­
graphico, sob a presidência do Exm. Sr.
Dr. Olympio Vital, servindo de I o Secreta­
rio, o socio Pedro Soares e de 2o o socio
Thomaz Landim, na falta dos respectivos
serventuários. Feita a chamada, compare­
ceram os socios Olympio Vital, Vicente dc
320

Lemos, Pedro Soares, Thomaz Landim, He-


liodoro Barros, Carvalho e Souza e Pinto
de Abreu, e, havendo numero legal, abriu-se
a sessão. Faltaram com causa participada
os socios Luiz Fernandes, José Correia, Mei-
ra e Sá e Antonio Soares. Tomou posse do
cargo de Orador o socio Carvalho e Souza.
Sendo lida e approvadu a acta da sessão
anterior, o Exm. Sr. Presidente, usando da
palavra, communicou ao Instituto que, ten­
do fallecidono Rio de Janeiro o Exm. Gene­
ral Francisco Victor da Fonseca e Silva, De­
putado Federal por este Estado e digno
consoeio deste Instituto, nomeara uma com-
missão composta dos socios Pinto de Abreu,
Thomaz Landim e Pedro Amorim, para as­
sistir, por parte do Instituto, ás exequias
celebradas nesta capital pelo consoeio falle-
eido ; e cpie fazia a seguinte indicação : «que
se inserisse na acta de hoje um voto de pro­
fundo pezar por este doloroso acontecimen­
to, e se suspendesse a sessão». Submettidaa
votação a indicação acima, foi ella unani-
n emente approvada, e levantou-se asessão.
E pára constar, eu, Thomaz Landim, ser­
vindo de secretario, lavrei esta acta, que
vae assignada pela mesa. O lympio V it a l .—
P. Soares. — T homaz L andim.
321

ACTA da 69 sessão ordinaria do


Instituto Historico e Geographico do
Rio Grande do Norte.

Presideucia do Exm, Sr. Pr. Olypipio Vital.

Aos vinte dias do tnez de Agosto de mil


e novecentos e cinco, nesta cidade de Na­
tal, capital do Estado do Rio Grande
do Norte, pelas doze horas da manhã, na
sede respectiva, reuniu-se o Instituto Histo­
rico e Geographico sob a presidência do
Exm. Sr. Dr. Olympio Vital, servindo de l c
Secretario o socio Pedro Soares e de segun­
do o socio Thomaz Landim, na falta dos
respectivos serventuários. Procedida a cha­
mada, verificou-se estarem presentes os so-
cios Olympio Vital, Vicente de Lemos, Pe­
dro Soares, Carvalho e Souza, Thomaz Lan­
dim, Padre Calazans, Pinto de Abreu, Luiz
Emygdio e Antonio Soares, e, havendo nu­
mero legal, abriu-se a sessão. Faltaram com
causa participada os socios Luiz Fernan­
des. José Correia, Heliodoro Barros e Meira
e Sá. Lida e approvada a actada sessão an.
terior, o primeiro secretario deu conta do
seguinte expediente : Officio do Grêmio Li-
tterario «Tobias Barretto», de Macahyba,
322

datado do I o do corrente, coinmunicando a


eleição de sua nova directoria para o anuo
social de 190G, e agradecendo a remessa da
«Revista» do Instituto ; outro do |0 Secreta­
rio do «Club Litterario» de Páo dos Ferros,
de 3 de Julho ultimo, accusando, de ordem
da Presidência, a remessa da «Revista» do
Instituto. Inteirado. Carta do Dr. Maxi-
miano Gomes Machado, datada de Abril
findo, e da Fortaleza de Salinas, em Minas
Geraes, solicitando a remessa da «Revista
do Instituto», a fim de figurar ella num «Ál­
bum da Imprensa», que \ ae publicar. Con­
sultado o Instituto a respeito, resolveu
por unanimidade que se remettesse a Revis­
ta solicitada. Circular do Congresso Geolo-
gico Internacional do México, datada de 26
de Maio ultimo, eommunieando que a deci­
ma sessão do Congresso para 1906, terá lo-
gar no México, e dando a relação dos mem­
bros do Comité de organisação do mesmo
Congresso. Ao archivo. Ofterlas : Pelo so­
cio honorário, Pr. Pereira Reis : As viagens
de America Vespucio, por M. U. Avezac ;
um volume encadernado. Pelo consocio Dr.
Eloy de Souza : seis copias lithographicas,
extvahidas por Pedro Thomaz H y Martin,
da Planta do Rio Grande do Norte eda For-
323

taleza dos Reis, correspondente ao anno de


1Ô12, existente a fls. 36do «Livro da Razão
do Estado», do Instituto Historico e Geogra-
phico do Brazil.no Rio de Janeiro,mencionan­
do dita planta a «Aldeia do Camarão». A ­
gradecido, mandou-se archivar. Pelo conso-
cioDr. Meira e Sá: «Relatorio da Previdente
Natalense», apresentado pelo Presidente da
Directoria da mesma, o Desembargador
Francisco de Salles Meira e Sá. Natal, 1905.
Ao archivo. Pela Directoria do «Club Li-
tterario 13 de Maio», de Páu dos Ferros: um
fascículo de seus Estatutos. Pelo «Con­
gresso Tibiriçá de Lemos»,de Belém do Pará:
dois fasciculos da «Via Lnctea», ns 13 e 14
deste anno. revista do mesmo Congresso.
Pela Officina deLettras de Belém,do Pará : o
«Tupá», n. 9, orgào da mesma officina,
Pelo Instituto Litteraro Mocidade Ca-
tholiea. de Mossoró:a «União», revista men­
sal da mesma sociedade. Pelo «Grêmio Li -
tterario Mocidade Catholica», desta ca -
pitai: o «21 de Junho». Pelas respectivas re­
dacções : os numeros 28 e 29 da «Voz Poty-
guar» dc Curracs Novos ; o «Astro» de For­
taleza, no Ceará ; os numeros 75 e 76 do
«Mossoroense», de Mossoró ; o « T r a b a l h o » ,
o «Século», «A Republica», c o «D iá r io do
324-

Natal», desta capital. Archivou-se. O socio


Ur. Dinto de Abreu, obtendo a palavra,
communicou que a commissão nomeada
para assistir ás exequias celebradas nesta
capital pelo fallecimento do eonsocio Ge­
neral Francisco Victor da Fonseca e Silva,
no Rio de Janeiro, cumprira o seu dever.
Inteirado. Nada mais havendo a tratar-
se, o Exm. Sr. Presidente encerrou a sessão
ás duas horas da tarde. E para constar,
eu, Thomaz Landim, servindo de segundo
secretario, lavrei esta acta, que vai assi-
gnada pela mesa. Olympio V it a l . — P.
Soares . — T homaz L andim .

ACTA da 70 sessão ordinaria do


Instituto Histonco e Geographico do
Rio Grande do Norte.
Presidência do Exm. Sr. Dr. Olympio Vital.

Aos tres dias do mez de Setembro do


anuo de mil novecentos e cinco, nesta
cidade do Natal, capital do Estado do Rio
Grande do Norte, pelas doze horas da m a­
nhã, na sédc respectiva, reuniu-se o Insti­
tuto Historico e Geographico, sob a pre­
sidência do Exm. Sr. Dr. Olympio Vital,
servindo de I o secretario o socio Pedro
Soares, e de 2° o socio Thomaz Landim,
S25

na falta dos respectivos serventuários, Pro­


cedida a chamada, verificou-se que se a ­
chavam presentes os socios Olympio Vital,
Vicente dc Lemos, Pedro Soares, Carvalho
e Souza, Thoniaz Landim. Pinto dc Abreu
e Luiz Emygdio ; e, havendo numero legal,
abriu-se a sessão. Faltaram com causa par­
ticipada os socios Meira e Sá, Luiz Per
nandes, José Correia e Antonio Soares.
Lida e approvada a neta da sessão an»
terior, o l 9 Secretario deu conta do se­
guinte expediente : uma «circular» datada
de 14 do coi rente, firmada pela Directo-
ria do «Grêmio Litterario Mocidade Ca-
tholica», desta capital, communicando a,
sua posse para o anno social de 190,5 a
1900, oceorrida em sessão de 7 de Julho
ultimo, e solicitando a remessa da «Re­
vista» do Instituto para enriquecer a sua
Bibliotheca. Consultado o Instituto a res­
peito, resolveu por unanimidade, que se
remettesse a Revista—Offertas—Pelo conso-
cio I)r. Augusto Tavares de Lyra : «Limi­
tes entre o Brazil e a Bolivia», por Thau-
maturgo de Azevedo, Rio dejaneiro, 1877,
«Exposição Financeira c Technica», sobre a
Estrada de Ferro S. Paulo Rio Grande,
pela directoria, aos accionistas, cm Maio
32 6

de 1895, Rio de Jan iro ; «Relatório da


Estrada de Ferro do Avanhandava», a*
presentado ao Congresso de S. Paulo, pelo
concessionário Augusto Cambraia; peiocon- •
soeio Monsenhor José Paulino de And ra­
da : «Memória para a historia do extincto
Estado do Maranhão», por Cândido Men­
des, 2o volume ; pelo consocio Dr. Vicente
de Lemos : «Boletim mensal da Secretaria
Internacional das Republicas Americanas»,
Washington, Junho de 1906. Archive-se.
Pelas respectivas redacções : «A Republica»,
«Diário do Natal»,o «Século» eo «Trabalho»,
tolhas que se publicam nesta capital. Ao ar-
chivo. Nada mais havendo a tratar-ae.o Exm.
Sr. Presidente encerrou a sessão ás duas
horas da tarde. E ciara constar, eu, Thomaz
Landim, servindo de segundo Secretario,
lavrei esta acta que voe assignada pela
mesa. — O l y m p i o V i t a l , — P. Soariís ; —
T homaz L a n d im .

ACTA d a 71 sessão ordinária do


Instituto Historico e Geographico
do Rio Grande do Norte.
Presidência cio Rxm. Sr. Dr. Olympio Vital.

Aos dezesete dias do mez de Qetembro


do anno de mil e novecentos e cinco, re-
327

unidos, pelas doze horas da manhã, na


sede do Instituto Historieo, os socios
Olympio Vital, Luiz Fernandes, Pedro
Soares, Carvalho e Souza, Vicente de Le­
mos e Thomaz Landim, abre-se a sessão,
sob a presidência do Sr. Olympio Vital.
Deixam de comparecer com causa participa­
da os Srs. Meira e Sá, José Correia, Joa­
quim Louriva), Amorim e Antonio Soares.
E ’ lida e approvada a acta da sessão
anterior.
Não havendo expediente, o Sr. 1" Se~>
cretario declara que se acham sobre a
mesa as seguintes Offertas—do eonsocio
Olympio Vital : dois exemplares impressos
da «lei n° 1269», de 15 de Novembro de
1904, (reforma eleitoral); dois ditos do
decreto n(> 5391, de 12 c.e Dezembro do
mesmo anno, ( instruceães para o alista­
mento eleitoral); do eonsocio Carvalho e
Souza, dezenove numeros avulsos da «Re­
vista Catholica», do Rio de Janeiro, «Con­
tos do fim do Século», por Silvio Ro­
mero, 1869, 1873 ; Almanach litterario e
estatístico do Rio Grande do Sul, 1902,
1903 e 1904 ; «O estado de, sbio», pelo dr.
Tarquinio Filho, Rio de Janeiro, 1895 ;
«Combate naval do Riachuello», por Ran
328

gel de S. Paio. Rio de Janeiro, 1883 ;


«Salvação da Pátrio», por Silva Jardim.
Santos, 1888 ; Annaes da Assemblern L e­
gislativa Provincial de S. Paulo», 1884 e
1887 ; os ns. 4, 7 e 9 da «Renascença», re­
vista mensal, editada no Rio de Janeiro ;
do Sr. W. C. Porter : «Revelações do Século
III». S. Paulo, 1904; das respectivas re­
dacções : « O Astro», da Fortaleza, Estado
do Ceará : «A União», do Ceará-Mirim ;»
«A Voz Potyguar», de Curraes Novos, «A
.Cidade», da cidade do Assú ; «A Republica»
o «Diário do Natal», o «Oito de Setembro»,
o «Vinte c um de Junho», o «Século», e
«0 Trabalho», desta capital. Obtendo a
palavra, o Sr. Carvalho e Souza diz que,
achando-se em preparativos de viagem para
o Rio de Janeiro, onde pretende fixar re­
sidência, pede sua exoneração do cargo de
Orador, com que immerecidamente o dis­
tinguira o Instituto, e approveita o ensejo
para ofiferecer-lhe alli os seus serviços, a-
ccrescentando que se lembraria sempre com
reconhecimento e saudade de tão util insti­
tuição. Posto em discussão o requerimento,
o Sr. Vicente de Lemos, requer e obtem o
adiamento para a sessão seguinte. Por
indicação do Sr. Vicente de Lemos, resolve-
329

se que o Sr. t ° Secretario sc dirija, por offi­


cio, ao Exm. Sr. Dr. Governador do Estado
e aos chefes das repartições estaduaes, fa­
zendo-lhes constar os nomes dos socios com-
missionados pelo Instituto para angariarem
documentos referentes á historia do Estado,
afim de que gozem da vantagem concedida
pela lein. 19S, de 29 de Agosto de 1903. E
nada mais havendo a tratar-se,o Sr. Pre­
sidente levanta a sessão, lavrando-se a pre­
sente acta assignada pela Mesa. Eu, Pedro
Soares de Araújo, 29Secretario, a escrevi. —
O ly m pio V i t a l .— L u i z F e r n a n d e s . — P.
Soares

Acta cia 72 sessão ordinaria do


Instituto Ilistorico e Gecgraphico do
Rio Grande do Norte.

Presidência tio Rum. Sr. Dr. Olympio Vital.

Reunidos, pelas doze horas da manhã


do dia primeiro do mez de Outubro do
annode mil novecentos e cinco, na sede do
Instituto, os Srs. Olympio Vital, Luiz Fer­
nandes, Pedro Soares, Vicente de Le­
mos, Thornnz Landim e Pinto de Abreu,
abre-se a sessão, sob a presidência do Sr.
330

Olyinpio Vital, sendo lida c approvada a


acta da anterior. Faltam com causa jus­
tificada os Srs. José Correia, Antonio
Soares, Amorim e Joaquim Lourival. O
Sr. 1° Secretario faz a leitura do seguinte
Expediente : Circular do 8o Congresso In­
ternacional—Commité para as sociedades
geographieas, apresentando o seu pro­
gramma e pedindo approvação. Agradece-
.se e manda-se archivai'. Officio do Biblio-
theeario do Club Litterario «13 de Maio»,
da villa de ÍYio dos Ferros, solicitando a
remessa da Revista. Satisfaça se. Otfertas—
do Director da Bibliotheca Nacional : «Re.
lato rio», apresentado ao dr. José Joaquim
SeaKra, Ministro da Justiça e Negocios In­
teriores, em 15 de Fevereiro de 1904-, pelo dr.
Manoel Cicero Peregrino da Silva ; “ Re-
látorio” , apresentado ao mesmo Ministro
pelo dr. Hilário de Gouvêa, por oceasião
da conferencia internacional de Copenha­
gue, sobre a tuberculose; “Annaes da B i­
bliotheca Nacional” , do Rio de Janeiro,
vol. 20, anuo de 1904 ; do Congresso Sci­
ent fico Latino Americano : “ 2o Boletim”,
dos respectivos trabalhos preparatórios ;
do consocio Vicente Ferrer : “ Cultura A-
cademica” , anuo I o, vol. I 9, tomo 2°, fase.
331

83; do consocio Alberto Maranhão :“ Guia,


fia cidade fio Rio dc Janeiro», ]>or Paula
Pessoa, 1905, para uso do 3o Congresso
Scientifico Latino Americano—do consocio
Pedro Soares : o n 33 da “ Revista do
Norte” , para completar a collecção do 2o
mino— ; do Grêmio Militar da Guarda Na­
cional desta capital : um exemplar im­
presso de seus estatutos—das respectivas
redacçõea : “ Revista de lettras v ciências so-
eiales” , n. 13, Julho dc 1905, Fercuman,
Republica Argentina ; Ad Lucem.n. 26, anno
39, Bahia, Agosto de 1905 ; “Nova Cruza­
da", anno 4, n. 6,á memória do Aiferes-alum-
no João Lopes Ribeiro, morto no Acre em
serviço da Republica ; “Via lactea», anno IT
fase. 15 e 16, Belém. Para, Julho e Agosto
de 1905 ; “ 31 de Agosto” , revista com-
memorativa do 3C anno da fundação do
Grêmio Litterario—Barboza de Freitas—
anno III, n 3, Ceará, Fortaleza, 31 de Agos­
to de 1905 ; «A Voz Potyguar». de Curraes
Novos; «A União», do Ceará-Mirim ; «O
Mossoroense», de Mossoró ; «A Republica»*
o «Diário do Natal», o «Oito de Setembro»,
«OSeculo» e «O Trabalho», desta capital. O
Sr. Vicente de Lemos diz que, tendo falleci-
<lo,no dia vintee sete do passado,em Carau-
332

bas, o coronel Manuel Praxe des Benevides


Pimenta, deputado estadual e soeio corres­
pondente deste Instituto, pedia que se con­
signasse na acta de hoje um voto de pezar
pelo infausto acontecimento. E ’ aeceita por
unanimidade essa indiação. Passando se á
ordem do dia, é submettido a discussão o
requerimento do Sr. Carvalho e Souza, pe­
dindo exoneração do cargo de Orador do
Instituto, em consequência de pretender fi­
xar residência na Capital Federal. 0 sr. Tho-
maz Landim diz que, por mais sensivel que
deva ser ao Instituto a privação dos servi­
ços do illustre Orador demissionário, enten­
de que não se lhe deve negar a exonera­
ção pedida, attento o motivo que a jus­
tifica. Approvado o requerimento, passa o
Sr. Carvalho e Souza á classe dos socios
correspondentes, na forma do art. l i d o s
Estatutos, e o Sr. Presidente designa o
dia S do corrente para, cm assemhléa ge­
ral, proceder-se á 'eleição do novo Orador,
ordenando que se inça a convocação do
estylo. Em seguida, nomeia uma eommissão,
composta dos Srs. Vicente de Lemos, Tho-
maz Landim e Atnorim, para. assistir ao
embarque do mesmo Sr. Carvalho e Souza.
E nada mais havendo a tratar se, o Sr.
333

Presidente levanta a sessão, lavrando-se a


presente acta cpie vae assignada pela mesa.
Eu, Pedro Soares de Araujo, 2o Secretario,
a escrevi. - Olympio V it a l , — Luiz F er­
nandes , — P. Soares .

A C T A da reunião do Instituto His­


tórico, em 8 de Outubro de 1905.

Presidência do Exm. Sr. Dr. Vicente de Lemos.


(Vice Presidente)

Pelas doze horas da manhã de oito de


Outubro de mil novecentos e cinco, reuni­
dos na séde do Instituto Historico os
socios Vicente de Lemos. Luiz Fernandes,
Pedro Soares, Thomaz Landim, Pinto
de Abreu. Heliodoro Fernandes, Antonio
Soares, Amorim, Caldas, Valle Miranda e
Ltiiz Emygdio, faltam com causa justifi­
cada os Srs. Meira e Sá, José Correia e
Joaquim Lourival. Occupa a cadeira da
presidência o Sr. Vicente de Lemos, I o
Vice Presidente, na auzencia do Sr. Olym­
pio Vital que, por incoinmodo de saude,
deixa de comparecer. Q Sr. Presidente de­
clara que, não tendo comparecido numero
legal de socios para realizar-se, em assem-
834

blêa geral, a eleição do novo Orador do


Instituto, ficava ella adiada para domin­
go, vinte e dois do corrente, na forma dos
Estatutos, reeommendando que se fizesse
pela imprensa a convocação do costume.
Em seguida dissolve-se a reunião, lavran­
do se a presente acta que vae assignada
pela mesa. Eu, Pedro Soares Soares de
Araújo, 2o Secretario, a escrevi. — V icen ­
te de L emos , — Luiz F ernandes , — P. Soa ­
res.

A CTA da 73 sessão ordinaria do


Instituto Historico e Geographien do
Rio Grande do Norte.

1’residencia do Exm. Sr. Dr. Olyinpio Vital.

Aos quinze (lifts do mez de Outubro de


mil novecentos e cinco, acham-se presen­
tes na sede do Instituto Historico, pelas
doze horas da manhã, os Srs. Olympio
Vital, Luiz Fernandes, Pedro Soares, Vi­
cente de Lemos e Thomaz Landim. O Sr.
Presidente declara aberta a sessão, sendo
lida e approvada a acta da anterior. Offer-
tas—do consocio Carvalho e Souza, «Re­
vista Industrial e Mercantil», do Recife, n.
335

7, de Julho, de 1900 ; Giovanina, romance


dialogado, por Affonso Celso, Rio de Ja­
neiro, 1896 ; «Revista Acadêmica de
Sciencias e Lettras», vol. I, ns. 2 e 3. Ju­
nho e Julho de 1876 ; «Homenagem» á
conferencia assucareira da Bahia, 25 de
Junho de 1902. Bahia, 1902. «O ensino
do direito na eschola naval», pelo Dr. Tar-
quinio de Souza Filho. Rio dejaneiro, 1903;
«Revistada Familia acadêmica», ns. 3 e 4
annos II e III, Janeiro e Fevereiro de 1889
Rio de Janeiro, 1889; «Ensaio juridieo eli-
ttcrario», ns. 3, 6e 7. anno I, 1. e 15 de
Junho, 15 de Julho e 1 de Agosto de 1878 ;
«O Século», revista seientifiea e litteraria,
ns. 2 e 3, anno I. 1878 ; Congresso Nacio­
nal de Agricultura», sessão de encerramen­
to. Rio dejaneiro, 1901 ; do Museu Goeldi :
vol. IV. «Os Mosquitos no Pará», pelo
professor Emilio Augusto Goeldi, Pará,
1905— da Bibliotheca Publica Pclotcnse :
«Annaes da Bibliotheca Publica Pelotense»,
vol. I, 1904. Pelotas, 1905—; da Camara
episcopal : «Dos males da ignorância reli­
giosa», carta pastoral de D. Adauto Au­
rélio de Miranda Henriques, publicando a
Eucyclica Acerbo mmis, sobre o ensino da
doutrina ehristã. Parnhvba, 1905—do Sr.
Fortunato Aranha : «Almnnach de ^crnan-
buco», para 1905, 79 armo—das respectivas
redacções : «A Republica» o Diário do N a ­
tal», o «Oito de Setembro», o «Vinte e um
de Junho», e «O Trabalho», desta capital.
0 Sr. Thomaz Landim declara que a com-
missão de que fizera parte, encarregada de
as-istir ao embarque do consocio Carvalho
e Souza, cumprira seu dever, sendo por­
tadora dos votos de solidariedade e reconhe­
cimento que a este Instituto mandara a*
presentar o mesmo consoem. Nada mais
havendo a tratar-se, o Sr. Presidente levan­
ta a sessão, lavrando-se apresente acta que
vae assignada pela mezn. Eu, Pedro Soares
de Araújo, 2o Secretario, a escrevi. — O-
L,YMPio V i t a l , — Lmz F e r n a n d e s , — P.
S oar ks.

ACTA da 6'“ sessão da assembléa


fierai do Instituto Historien e G e o -
graphico do Rio Grande do Norte.

Pretidencin <]o Exin. Sr. J)r. Olyinpro Vital.

No dia vinte e dois de Outubro de mil


novecentos e cinco, achando-se reunidos
na sede do Instituto Historico, pelas doze
337

horns da manhã, os socios Olytnpio Vi­


tal, Luiz Fernandes, Pedi'o Soares, He-
liodoro Barros, Vicente de Lemos. JoAo
Baptista, Thomaz Landim, Padre C a la -
zans, Pinto de Abreu, Luiz Emygdio, A ­
morim, Antonio Soares, Valle Miranda e
Joaquim Correia (correspondente cm Páu
dos Ferros), sol) a Presidencia do Sr.
Olympio Vital, abre-se a. sessão. Deixam
dc comparecer com causa justificada os
Srs. José Correia c Joaquim Lourival. E ’
lida e approvada a acta da reunião de
oito do corrente. Não havendo expedien­
te, depois de exposto o motivo da con­
vocação, o Sr. Presidente communica
que, tendo fallceido nesta capital, pelas
oito horas da manhã de dezeseis do an­
dante, o Revdm. Vigário da freguezin,
Padre João Maria Cavalcanti dc Britto,
nomeara uma commissão, composta dos
socios Luiz Fernandes, Pedro Soares e
Amorim, para representar o InstitiPo nas
exequias celebradas hontem na matriz des
ta mesma capital, c propõe que se lance na
acta um voto de profundo pezar pelo pas­
samento desse distinctissinio sacerdote ;
diz que não prcciza justificar a sua pro­
posta, sendo, como era, o virtuoso extin-
338

cto bem conhecido dc todos nós ; que o


Padre João Maria, não tora um soldado
que derramasse todo seu sangue em de­
fesa da Patria querida, uma notabilidade
nas nrtes, nas lettras, ou nas sciencias,
porem, mais do que tudo isso, porque como
ministro da religião christã tivera a mais
nitida comprehensão dos seus sagrados
deveres, observando com máxima pureza o
sublime principio do amor ao proximo
por quem se sacrificara e exhalára o ulti­
mo suspiro ; que relembrar os seus repeti ­
dos exemplos de humildade e abnegação
das cousas do mundo terrestre e os rele-
vantissimos serviços por elle prestados á
população desta cidade nas diversas crises
que tem atravessado, não podem fazel-o no
momento as suas singelas expressões, fa­
zendo-o, porem, com a maior eloquência
as espontâneas manifestações de pez ar—•
nunca vistas nesta capital—quando, no
dia do seu fallecimento, toda a população
catholica, sem distineção de classes, cobria-
se dei neto e acompanhava o seu cadaver
até ao logar onde devia ser sepultado ; o
soluçar angustioso e pungente dos que
ainda hontem enchiam o templo, por occa-
sião das solemncs exequias que lhe eram
339

feitas, e tanto bastava. E ’ approvada una­


nimeinente a proposta. 0 Sr. Luiz Fer­
nandes declara qir. a commissfio designa­
da para assistir ás exéquias do Vigário
João Maria estivera presente. 0 Sr. Vicen­
te de Lemos, membro da commissão de
pesquizas de documentos, oftéreceu ao ar-
ehivo do Instituto as copias de seis docu­
mentos referentes á construcção da igreja
matriz desta cidade, em mil seiscentos e de­
zenove (1619), sua destruição no periodo do
dominio hollandez e reedifieação, cm mil
seiscentos e noventa e quatro (1694), e
augmento, em mil setecentos e setenta c
seis (1776), além de outros reparos pos­
teriores a essas datas. Agradece-se. Passa-
se, em seguida, á eleição r.o Orador do
institutoe são recolhidas á urna quatorze
sedulas, que, apuradas, dão o seguinte re­
sultado : Dr. Francisco Pinto de Abreu,
trese votos, Coronel Luiz Emygdio Pinhei­
ro da Catnara, um voto. Presente o Sr. Pin­
to de Abreu, O Sr. Presidente convida-o a
occupar a cadeira de Orador. E nada mais
havendo a tratar-se, levanta-se a sessão ç
do que lavrou-se esta neta, nssignada pela
mesa. Eu, Pedro Soares de Araújo. 2 Se-
340

creta rio, n escreví. — O l y m p i o VlTAL, —


Luiz P e r n a n u k s , — P. S o a r e s .

.1C T A da 74 sessão ordinaria do


Instituto Historico e Geographico do
Rio Grande do Norte.

Presúlencia do Exrti. Sr. I>r. Olvmpio Vital

Aos cinco dias do mez dc Novembro de


mil novecentos e cinco, nesta cidade do Na­
tal, capital do Estado do Rio Grande do
Norte, na sede do Instituto, ás horas e no
logar do costume, sol) a presidência do
Kxm. Senr. I)r. Olvmpio Vital, servindo de
V Secretario o socio Pedro Soares, na falta
do respectivo serventuário, e de 29 o socio
Thomaz Landim, havendo numero legal, a­
briu-se a sessão. Compareceram os socios
ílkhnpU) Vital. Pedro Ko nres, Thomaz La 11-
dim. Pinto de Al irou, Vicente do Lemos. Valle
Miranda, Amorim e Anionto Soares. Palta-
ram com causa participada os socios Luiz
Fernandes, Hcliodóro Harros, José Correia.
Lourival e Meira e Sá. O l 9 Secretario leu o
seguinte c\pcdicnte:Officio do ExmDr.Albcr-
341

to Maranhão,representante do Instituto no
Congresso Scicntifico Latino Americano,
remettendo a medalha c distinctivo de mem­
bro db mesmo Congresso para serem reco­
lhidos ao respectivo archivo, e communiean-
do que opportunamente e de aecortlo com a
deliberação da Commissão Directora, se­
rão remettidas as publicações referentes aos
trabalhos do referido Congresso. Offertas ;
Do consocio. Senador Dr. Pedro Velho :
uma medalha de bronze,commemorativa do
lançamento da pedra fundamental do novo
edifício da Bibliotheea Nacional do Rio de
Janeiro, de 1905 ; uma medalha de bronze,
commemorativa da creação da sede da P r e ­
f e i t u r a do território do Acre, departamento
doAltoJuruá. Do consocio Dr, Pinto de
Abreu: uma medalha de prata,commemora-
tivu da Exposição Internacional de T rab a­
lhos Jurídicos do Instituto da Ordem dos
Advogados Brazileiros,VII, Setembro 1843,
(\ 1894.D0 Dr. Mario Lyra j “ These l a u p t i -
1'alit— A .q A lb u m i n ú r i a s d o s A r iiin n « » « » , »-
pprovada com ílístiiicção nn racuiuauo a«
Medicina do Rio de Janeiro, c defendida
pelo offertante em 21 de Janeiro de 1005,
Das respectivas Redacções : “ A Revista da
Sociedade Scientifica,” de S. Paulo, n° 21
342

Setembro de 1905;“Ad Lttcem,” revista sci-


entifica e litteraria.da Bahia, armo 3, n° 17,
Setembro de 1905;«0 Mossóroense»,da cida­
de de Mossoró;“A Yoz Potyguar” , dà villa
de Curraes Novos ; “ A Republica,” ‘‘Diário
do Natal,” ‘‘O Século,” ‘‘O Trabalho,” e
“ A União e Trabalho” , desta capital. Ao
archivo. Nada mais havendo a tratar-se, o
Exm. Senr. Presidente encerrou a sessão,
do que, para constar, lavrou-se esta acta
que vae assignada pela mesa. Eu, Thotnaz
Landim, servindo de 29 Secretario, a escre­
vi.—O lym pio V it a x .— P. Soàkes .—T homaz
L andim .

Declaro que, por falta de compareeimen-


to de soeios, deixou defunceionar o Institu­
to no dia dezesete [17] de Novembro de mil
novecentos e cinco, designado para a solem-
ne distribuição de p^emios aos nlumnos do
Atheneu Norte Rio Grandense e aos do Col-
legio Diocesano da Immaculada Conceição,
nesta capital—E para constar,faço e assigno
a presente. Natal, 19 de Novembro de 1905.
Eu, Thomaz Landim, servindo de 2o Secre­
tario, a escrevi.
343

Acta da 7~> sessão ordinária do


Instituto Historico e Geographico do
Rio Grande do Norte.

Presidência do líxin. Sr. I>r. Olympio Vital.

A ’ hora c no lo^ar do costume, reuni­


ram-se, no dia tres de Dezembro de mil no­
vecentos e cinco, os Senrs. Olympio Vital,
Thomaz Landim, Antonio Soares, José Cor­
reia, Vicente de Lemos e Joaquim Lourival,
faltando com causa justificada os Senrs.
Luiz Fernandes, Pedro Soares, Heliodoro
Harms, Amorim c Meira e Sá. o Sr. O ly m ­
pio Vital, tendo assumido a presidência,
convidou os Senrs. Thomaz Landim e Anto­
nio Soares aoccuparem as cadeiras de l cc2 <;)
Secretários, na auzencia dos Senrs. Luiz Fer­
nandes e Pedro Soares. O Sr. I o Secretario
tez a leitura de um cartão do Director do
Atheneu Rio-Grandeiise convidando o Ins­
tituto para assistir á solcmne distribuição
de prêmios aos alumnos daquelle estabeleci­
mento. O Sr Presidente declanm que, tendo
tomado em consideração o convite, nomea­
ra uma commissão composta dos soeios
Vicente de Lemos, Amorim e José Correia,
para representar o Instituto nessa solemni-
344

dade. O Sr. Vicente de Lemos declarou


que a commissão a que acabára de referir-se
o Sr. Presidente cumprira o seu dever. Offbr-
tas—Do Sr. Jeronymo Cabral Raposo da
Camara: diversas das antigas moedas de
cobre portuguesas, trancesas, hespanholas,
italianas e inglesas, além de outras das re­
publicas dos Estados Unidos da America do
Norte, Paraguay, Argentina, Uruguay, Chi­
le, Pent, Bolivia, Equador, França e Gua­
temala—Do M ajor Theodosio Paiva: tres
moedas antigas, portuguesas, encontradas
por occasião de exeavações nesta cidade—
Do consocio Tavares de Lyra: “ O I o reina­
do», por Luis Francisco da Veiga, 1 vol.Rio
de Janeiro, 1877— do consocio Segundo
Wanderley:“DeBenguella ás terras delacca,”
Africa central e occidental, por H. Capello e
R. Jvens, 2 vols. Lisboa, 1881—do dr. João
F. da Frota e Vaseoncellos, Bibliothecario
da Faculdade de Direito do Recife: 7 fascícu­
los da «Cultura Acadêmica», corresponden­
tes aos annos de 1904 e 1905, acompahan-
do-os um n. especial, consagrado á memó­
ria de Martins Junior ; das respectivas Re­
dacções : «Revista da Academia Cearense»,
1904; «Revista Acadêmica», da Faculdade
de Direito do Recife, anuo 12 ; «Nova Cru­
345

zada», cia Bahia, armo 4, n. 7; «Oito rle Se.


tembro», edicção especial dedicada íi me­
mória do Vigário João Maria Cavalcanti
de Britto ; «0 Astro” , do Ceará ; o «Com-
mercio de Mossoró», de Mossoró ; “ A Voz
Potyguar", de Curraes Novos; «A Republi­
ca»,o «Diário do Natal», o «Oito He Setem­
bro, «0 trabalho», desta capital. Todas as
offertas foram recebidas com agrado. E não
havendo mais nada a tratar-se, o Sr. Presi­
dente encerrou a sessão, lavrando-se a pre­
sente acta, assignada pela tnesa.—O l y m p i o
V it a l T homaz L a n d im — A n t o n io S o a r e s
de A raújo.

Declaro qne hoje, dezesete de Dezembro


de mil novecentos e cinco, deixou de haver
sessão por falta de numero legal, em conse­
quência de ser o dia designado para proce­
der-se á eleição de vice-govvrnodor do Esta­
do e dois deputados aoCongresso Estadual.
Natal, 17 de Dezembro de 1905.

P. S o a r e s .
NOTA
(Reproduzida de pags. 'U8 desta R bvista para corrigir
o nome de José Peixoto Viegas.)

Estevam Velho de Moura, José Peixo­


to Viegas, cavalheiro da Ordem de Christo,
Antonio de Albuquerque Camara, coronel,e
o Sargento-mór Manuel da Silva Vieira,
além de trinta e dois outros companheiros,
foram os primeiros que trataram pazes com
os iiulios situados no riacho Parailni, nas
cabeceiras do Piató, ribeira do Assú, até o
rio Jaguaribe e Choro, com despendio de
fortuna e risco de vida. no anno de 1681. O
Capitão-mór, governador do Rio Grande
do Norte, Antonio da Silva Barbosa, con­
cedeu-lhes,a requerimento, uma data de ses­
maria, em vinte e dois de Novembro do
dito anno, com aquelles limites, a qual foi
confirmada em dozedeFevereiro do anno se­
guinte pelo Governador Geral do Brazil Ro­
que da Costa Barretto. i Liv. 2" das Cartas
e Provisões do Senado da Camara do N a ­
tal. )
Durante a sua curta existência de pou­
co mais de um deeennio.tem o Instituto His­
tórico experimentado rudese luctuososgol-
pes, vendo desapparecerem de suas fileiras
muitos de seus membros mais illustres e es­
timados.
Tomada ainda de profunda magua, vem
a R evista registrar hoje nesta pagina o fal-
lecimento do seu socio fundador Desembar­
gador Manoel Moreira Dias, oeeorrido nes­
ta cidade aos vinte e nove de Dezembro de
1908.
Nascido na cidade do Recife, a sete de
Abiil de 1802, não impediu esta circuin
stancia que elle viesse prestar os mais assi-
gnalados serviços ao Rio Grande do Norte,
que adoptou como sua patria natal, dedi­
cando-lhe durante a sua vida publica o me­
lhor cie sua intelligencia e actividade.
Formado cm din ito, em 1886, pela Fa-
348

puldade do Recife, foi, em Outubro d’aquelle


anno, nomeado Promotor Publico da co­
marca da Maioridade, nesta então P ro ­
víncia, cargo que desempenhou até 1891,
por ter sido distinguido com a nomeação
de Secretario do Governo d’este Estado, cu­
jas funcções assumiu a nove de Abril do
mesmo anno.
Em 1892, quando toi definitivamente
organizada a magistratura estadoal, foi o
dr. Moreira Dias nomeado Juiz de Direito
da comarca do Martins, tendo antes exer­
cido interinamente as tuncções de Chefe
de Policia.
Em todos esses cargos o dr. Moreira
Dias primou sempre pela suacorrecção, con­
quistando por isso um alto conceito entre
os seus correligionários e amigos.
D’ahi a preferencia com que foi por ve­
zes renovado o seu mandato de representan­
te do povo no Congresso Legislativo do Es­
tado. cuja presidência deixou, a vinte e oito
de Julho de 1897, para assumir as funcções
de membro do Superior Tribunal de Justiça
do Estado.
Como juiz do mais elevado tribunal ju ­
diciário do Rio Grande do Norte, mais ain­
da o dr. Moreira Dias consolidou a sua no­
349

meada de magistrado culto e honestissi-


mo, sendo por dois annos suecessivos elei*
to seu Presidente.
Eleito Vice-Governador do Estado a
dezesete de Dezembro de 1905, teve, nesse
caracter, de assumir as redeas do governo,
em virtude da renuncia do então Governa­
dor, dr. Tavares de Lyra, nomeado para
exercer o alto cargo de titular da pasta da
Justiça, na presidência Affonso Penna.
Filho de paes sem fortuna, e foram el­
les o negociante José Antonio Moreira Dias
e dona Joanna dos Santos Dias, conseguiu
o saudoso extincto, pela sua intelligencia
e ac-ysoladas virtudes civicas, galgar as
mais altas posições, legando aos seus con­
temporâneos um passado digno de ser imita­
do.
Casado com a exm‘l dona Etelvina M o ­
reira Dias,deixou de seu consorcio seis filhos,
entre os quacs o acadêmico Manoel Sinval
Moreira Dias.
Eis, em traços largos, o rjue foi a vida
d’esse benemerito consocio, sobre cuja cam­
pa verte a R evista uma lagrima de inextin-
guivel saudade.
Df . Manoel Segando WandeFley

Entre os claros que, num espaço relati-


vamenre limitado, a morte tem aberto no
Instituto, aquelle que se fizera com o falleci-
mento de Segundo Wanderley nos foi du­
plamente doloroso.
Perdíamos um dos maisdistinctos e valio­
sos consoeios eum dos nossos mais queridos
etestejados homens de lettras. Synthetisan-
do a media emocional e intellectual dos de
seu tempo,no inHo em que agia,tornou-se o
mais popular e (juerido dos nossos poetas.
Dahi ser ouvido e comprehendido por
todos com um enthusiasmo intenso e com-
municativo, a despeito das suas formu­
las e hyperboles ineoherentes aos olhos
dos que, libertos de preconceitos intel­
lectual's, lamentavam o desperdício naba­
besco de tanto talento e imaginação. Certo
de que a poesia, sendo uma manifestação
insopitavel da vida emocional do poeta, re-
351

flectindo, tanto quanto possível, espontâ­


nea ou artificialmente o mundo de senti­
mentos dos de sua epoca.elle jamais se preo-
ccupou eom essa complicação de escolas,
com esses requintes de forma c subtis exi­
gências dc métrica.
Era condoreiro porque nascera para
isso. Queria somente, falando ao proprio
sentir, falar ao sentimento dos seus conter­
râneos e admiradores.
E esse descaso negou-lhe sempre o lo-
gar que, por outro caminho, teria facilmen­
te, conquistado. Ao lado do poeta estava,
como acontece geralmente, o prozador e-
merito, com a mesma vivacidade e encanto
e com os mesmos defeitos que caracterisa-
vam as suas produeções rimadas. Isso evi­
dencia-se dc seus dramas, magnificos como
produeto de imaginação. Dos que se têm
consagrado ás lettras, no Estado, nenhum
mais do que elle, a despeito das muMplas
hostilidades do meio, trabalhou e venceu.
Uma quasi adoração fetichista se fizera em
torno do poeta, cheio de maguado lyrismo
para as insaciáveis pieguices do amor, for-
midando.replecto de enthusiasmo e de fogo,
como um sol immenso e estranho, nos épi­
cos reclamos que os suppostos momentos
352

de insulto á patria lhe acordavam na lyra


altisonante e no plectro convulso.,
Nesses instantes Segundo tranfigurava-
se : o lago transformava-se em oceano re­
volto. E a multidão sentia, estremecia, vi­
brava, delirava. .
Eram surtos maravilhosos de elevação
e eloquência. Juntando ao seu grande talen­
to uma extraordinária bondade,Segundo se
fazia querer por todos cpie com elle priva­
vam. E essa bondade, reforçada por um
mysticismo religioso que o empolgou, afi­
nal, e que constituía o traço predominan­
te do seu caracter^ custou-lhe dias bem
amargos na vida.
E' que até a bondade é um mal.

Manoel Segundo Wanderley era filho le­


gitimo do dr. Luiz Carlos Lins Wanderley e
de D. Francisca Carolina Lins Wanderley.
Nasceu nesta capital, a 0 de Abril de 1800,
Fez os seus estudos primários na cidade
do Assú, deste Estado, onde também estu­
dou latim e franeez. Aos 17 annos seguiu
]iara o Recite,matriculando-se no«Gymnasio
Pernambucano»,fazendo alli os seus primei­
ros preparatórios e vindo coneluil-os no «A ­
theneu Norte Rio-Grandense».
353

Terminando o curso de humanidade,


partiu para a Bahia, em fins de 1879, onde
matriculou-se na Escola de Medicina da-
quella cidade. Foi durante o curso acadêmi­
co que Segundo produziu os seus mais bel­
los versos, filiando-se á escola condorei-
ra,de que foram Castro Alves eTobias os re­
presentantes naquella epoca. Como Castro
Alves, Segundo impregnava os seus versos
de então, desse ideal de liberdade, comba­
tendo ardorosamente a escravidão no Bra
zil.
Logo depois de diplomado, casou-se na
Bahia com D. R ay munda Amalia Wander­
lev, transportando-se, pouco tempo depois,
para esta capital, trazendo o primeiro fru-
cto de seu amor conjugal, a innocente Tidi-
nha, hoje recolhida ao convento das Doro-
theas.em Nova Friburgo.no Rio de Janeiro.
Segundo occupou diversos cargos que lhe
facultaram a sua competência profissional.
Foi eleito deputado estadual na legisla­
tura de 1907 a 1909. Sem descurar os seus
affazeres como medico, Segundo escreveu,
ao mesmo tempo, versos empolgantes, dra­
mas e uma revista dc costumes locae*.
Tinha uma grande paixão pelo Theatro.
Na noite de 14 de Janeiro de 1909, após

r
354-

longos dias de muitos soffrimentos e balda­


dos todos os esforços da scisncia, falleceu o
poeta, deixando seis filhas, e um filho, o pe­
queno Manoel, continuador do onomástico
çlp seu pqe.

•»
Indice d o vol. VIII

Pag.
I—Memória sobre a revoluçAo de 1817 peio gover­
nador José Ignacio Ilorges. seguida de alguns
documentos que se referem á mesma revoluçAo...........5
II— Carta Regia creando o Tribunal da Alçada..............137
III— Memória relativa A defesa da capitania do Rio
Grande do Norte, datada de 30 de Maio de 1808....144
IV— Notas avulsas................................... 152, 318 e 340
V— A Imprensa Periodica no Rio Grande do Norte—A
Kefublica—pelo dr. Luiz Fernandes........................ 153
VI— Repertório das leis estaduaes referentes aos muni­
cípios—Caicó, Jardim, Acary, Curraes Novos, Flo­
res e Serra Negra—pelo coronel Pedro Soares..........241

VII— Actas das sessões do Instituto—Agosto a Dezem-


bro de 1905..............................................................37!)
VIII— Traços biograpbicos do Desembargador Mano­
el Moreira Dias......................................................... 347
I X — Traços biograpbicos do dr. Manoel Segundo
Wr.nderlcy.................................................................350
REVISTA
DO

DO

Rio G ra n d e d o N o rte
F U N D A D O E M 2 9 D E M A R Ç O DE 19 0 2

Volume VIII — Numero 1 e 2


1910

N A T AL
Typjgraphia dc Instituto Histórico
DlRECTORIA DO INSTITUTO
A nno Social dk 1.910 a 1911

P residents

Desembargador Vicente S. Pereira de Lemos

V ice -P residentes

19 Desembargador Luiz M. Fernandes Sobrinho


29 Coronel Pedro Soares de Araujo.

S ecretários
19 Dr. Luiz Tavares de Lyra
29 ” Nestor dos Santos Lima.

S uhpi. entbs no 29 S ecretario

Drs. Thomaz Landim e Honorio Carrilho da Fonseca e


Silva.
O rador
Dr. Francisco Pinto de Ahreu.

A djunto no O rador
Dr. SebastiAo Fernandes de Oliveira
T hesoureiro
Desembargador JoAo Dionvsio Filgtieira.

C ommissXo de E statutos e redacção da REVISTA

Drs. Manoel Dantas. Luiz Fernandes e Antonio Soa­


res de Araujo.

C ommissXo de F azenda e Orçamento


Drs. Manuel Hemeterio Raposo de Mello e Francis­
co Gomes Valle Miranda c Coronel Luiz Emvgdio Pinhei­
ro da Camara.
REVOLUÇÃO DE 1817
M em ória resum ida dos a ­
CONTECIMENTOS P OLI T I COS QUE
s o F F r kit a C apitania do R io
G r a n d e do N o r t e no p r e s e n t e
AN N O DE 1817, OFFERECIDA PELO
actual G o v er nad o r José I g n a ­
cio B o rges. (*)

N d noite do dia nove de Mf rço constou


aeedieão militar praticada em Pernambuco
na tarde do dia seis;noticia que me obrigou a
medidas de aprehenção sobre ns pessoas
que chegaram do Sul da Capitania para
bem me illustrar sobre o que se ha via se­
guido.Na noite de doze tive cabal certeza da

(*) Commissionndo polo Governo dost'1 Hstndo, cm 19Ü1,


pura colher nos nrchivos pnhlicos rle lYrnnm'iuro documen­
tos rpic interessassem ao nosso hom direito sohre n mareem
esiptcrdn do rio Mossord, cm litijiio com o Ceará, deparei na
Secretaria do Governo datpielle llstadoeom a presente M a n o-
riu, do mais incontestável valo para a historia da revolnçflo
de 1SI 7, na Capitania do Rio Grande do Norte,
Commnnupiei ao Instituto a existência de tflo impor ante
documento, o qual iniineiliataimtnte oflieion no Governador
(I

rebelião rPnquella Capitania, o que me mo­


veu as medidas Politicas, c Militares que a
oecorreneia dos acontecimentos me foi su­
gerindo,expressas nas copias numero um a
desenove. A extrema penúria dearmamento,e
munições de guerra para obstar a qualquer
agressão eaescacezde viveres que então lia­
do teferido listado, conselheiro Antonio Gonçalves Ferreira,
solicitando unta copia uuthontiea da referida Mentoría.
Iintendi-nte coai S, líx., a quem conhecia de longa data, e
S. lix. ordenou a cxtraeçAo da copia, recebida com prazer pelo
Instituto, que lhe conferiu o titulo de noeio correspondente.
Por esse documento dc sulfido valor historico, soh etudo
d carência de outros neste listado, pois que foram mandados
deslri i p. lo mesmo Governador José Ignict» B trges,
para nAo ficar memória da revoluçAo, o Instituto, depois de
estudai- ) por uma commissão tirada de sen seio, representou
ao Congresso Bstadual, em 1901., contra a data feriada de 19
de março de 1S17, segundo o decreto de 27 de agosto de
lHOO.em vez de 2Õ d’aquelle mez, justamente quando foi pro­
clamado o governo democrático.
A lei n° 2U> de 6de setembro de 190+ corrigiu o erro e feri­
ou o din 2õ.
Kegistramos agora nas paginas da nossa Revistn n pre­
ciosa Mcmovin assim como o parecer do Instituto, rpte inse­
rimos abaixo, o sequestro dos bens do cltefe da rebelliílo, co­
ronel André de Albuquerque MarnnltAo, sacrificado d sanha
dos realistas,e vario; outr >; dlieios e documentos nttinentcs .
d revoluçAo.
Vicente S. P, 1>E L f.Mos.

P anecer do I nstituto

O historiador perspicaz e honesto, na sua delicada inissA"


de reconstruir o passado, sem outro alvo que ndo seja a ver­
dade, consulta necessariamente ns seguintes fontes de infor—
itiaçAo : tviidicçAo; moAumentos c nnrrnçrtcs ntUhenlieas.
7

via para sustentar ainda um diminuto Cor­


po de Tropa,me induzio a levar aPresença
de Sua Magestade a eonta do aperto em
que me via, o que effeetuei expedindo a Cor­
te o meu ajudante de ordens na tarde do dia
dezenove No dia vinte tivccertczadafugado
Ouvidor I o Membro do Governo da Parahy-

Mos nflo d sd registrar e classificar chronologlcamcnte


os dueto* o que conatitfie essa tarefa espinhosa,
O novo methodo soientifieo penetra, por nasim dizer, a
alma dos acontecimento* soeiaes, nnalysnndo, comparando,
reduzindo, como si recompusesse um velho organismo em sua
uniilade lógica, insuflando-lhe, desfarte, vida e movimento
R’a razão desse* phenomenos, em seu amontoado comple­
xo c quiçá obscuro, o verdadeiro fim da conscienciosa pesquiza
histórica.
Em verdade não foi outro o critério que- presidiu ao mo
dest > trabalho ora submettido d nprecincão deste instituto.
Nenhum monumento, gravura, inseri pção ou vestígio ar-
cheologic i se conhece relatlvnmeate no facto em questfto,
A tradição popular, ainda viva, eorrobdrn a opinião
dos historiadores, referindo que n revolução republicana no
Rio Grande do Norte, filiada ao movimento pernambucano
em 1817, sahiu em campo a 25 de março desse mesmo anno,
(Os Martyres Pernambucanos victimas da liberdade nas duas
revolnçfies ensaindasem 1710c 1817, Pernambuco, 1852—pa­
ginas 45, 52, 1(17. 200, 210 e outras—A Ideia Republicana
no rirnzil, pelo major Jrsí Pomingue* Codeccirn,Recife, 1894,
pagina, 93 )
Todos os papeis, documentos, natosjudieiae». termosc
registros referentes A revolução tornm apprchendidos e cx-
tinctos por ordem do governo.
O Pr. Maximiano Lopes Maehailo, na introducção ft
Historia da Revolução de 1817 por Muuiz Tavares, confirma
csrc extravio de papeis, comprovado pelos documentos juntos:
8

ba praticada no dia doze, e installnção de


Governo rebelde no dia treze, o que a u g -
incntou os meus receios de agressão na
linha de limites, até porque já corria, que se
preparavam loreas para me vir atacar. Ja
então se espalhava a pei nieioza, e lisongei-
ra doutrina, de que os novos aeon teci nicn-

ordem do gnverdôr José Ignacio Borges, n todas as entoaras


da Capitania cm iode julho dc 1817c officio ao CnpitAo Ge­
neral de Pernambuco em 20 de novembro do mesmo anno.
Apenas encontrou-se a respeito um documento anthentieo,
que é a Alenutrin Renumiila <los aennteeintentos /><iliticos i/ne
soffrcu a Cnpitnnin tio Rio (iramle tio Morte no unno tie 1817,
olferecida pelo governador José Ignacio Borges, e iastniida
com 22 peças officiues.
Nesta memória, cuja copia nnnexa devemos il gentileza do
ex-governador de IVrnambueo, dr. Antonio Gonçalves Fer­
reira diz José Ignacio Borges (pie "em 28 de março eltegou á
cidade a quadrilha dos relrekles, â testa dns loiças com que
snhiram de Belém. O chefe da rets-llido, André de Albuquer-
ipie, depois de alardear em grandes falias os serv ços que ti-
nh > feito a cansa da lilierdade, cliamoii os oftieiaes militares
e pcssôas mais prineipaes e entre estas nomeou a junta e prin­
cipiou a governar »
Sendo certo que n eontrnrevoliiçflo teve logar a 25 de nhril,
(piando foi preso e *nott Imente f -i ido o Cltefe di. Junta Go­
vernativa, conforme dizem - .s eseripiotes a propria Memória,
teremos,a contar de 2H e <xeluindn 25 ,-2 8 dias, e nAo 26,
coam affirma o governador.
Ainda mesmo despresando o dia em (pie André de Albn
querqde chegou a Natal para fundar o seu governo eaquelle
que assignala o restabelecimento do poder real, contaremos
27 e nunca 26 dia«.
Verifica se, portnnth. em qualquer de.s duas hypotheses,
um erro de calculo, que t ra em parte á citada Memória an
tos praticados nas duas Capitanias, trazi­
am a vantagem de isenção total de impos­
tos, igualdades de cores e condições, exclu­
são de softrimentos as Autoridades, au­
gmentas de Soldos,e Ordenados,etc. e soava
isto aos ouvidos de Povos, que, posto
muito idolatras da Real Soberania, eram
pela sua rudeza,incapazes dedistinguir o mal
que se envolvia n’este lisongeiro aspecto.
condiçOes de credibilidade, nAo ac podendo saber por cila, de
modo inecpiivoco, qual seja n verdadeira data da iustalInçAn
da |unta revolucionaria.
O decreto no. 47, de 27 de agosto de 1800, eonsngrnndo
o dia 10 de março d conimemornçAo do Ooveriio de André
de AllHK|ucri|iie, firma-se exelusiyainente na Historiada Rc-
votuçflo de Pernambuco em 1317 pelo dr. Muniz Tavares,pn
gina 70, ediçAo dc 1884, Recife, A qual se oppoem todos
os eseriptores e documentos citados.
Assim que o Governador José Ignacio Borges, em data
de 20 dc março, oftieinvn desta capital no coronel André dc
Albuquerque, que ontAo exercia o com mando das forças dc mi-
licins ao sul da Capitania, no intuito dc evitar a entrada dos
rebeldes triomphantes na Pnrahyba desde o dia lõ.
Em face do exposto, permanecendo a duvida sobre a ver­
dadeira data da inaugurnçAo do Governo Revolucionário,
pensamos qae sc deve olficiar no Congresso do Estado, para
que sc digne de corrigir o erro historien e feriar o dia 2õ de
março, que marca precisamente o triumpho da revolta demo­
crática no Rio Gran le do Norte no anno de 1817.
Tal é o nosso parecer, que vai acompanhado de dois
documentos,gol) as lotiras A c It.
Natal, 21 dc agosto de 1004.
F PiN To.nn A n m ti’
Vicente de L em o s
L uiz F kunandes.
10

Escorava inc porem aimla a fidelidade do


Ch-fea quem de direito havia confiado as
forças, e defeza da fronteira fundando-me
sobre os seguintes princípios : I o porque da
sua correspondência nada se colhia de sus­
peito. 27 porque ambicioso como era de ho­
norificas,elle e seus parentes,se lhe offerccia
oecasiao de augmentarem os (pie já tinham,
com novas mercês de sua Magcstade tendo-
se fieis. 3° porque a sua nohresa, c riqueza
o constituiu vietima de uma revolução de­
mocrata. 4o porque dada sua fidelidade,
com a preponderância que tinha sobre a
vontade dos Povos d ’aquellc districto, c
com os meios dc os sustentar, se podia con­
servar por alguns mezes n’nquella atitude,
e com cila impor aos visinhos o desengano
de passar adiante o seu contagio, cinquan­
te) Sua Magestn.de acudia eom os promp-
tos, e eficazesextorço«1que eram de esperar.
Nu m vnhü do dia vinte e trez recebi d’elle o
officio numero vinte c «a vista do seu con­
teúdo, julguei dar um passo acertado em
vigorar com a minha presença os ânimos
tihios, e enfraquecidos dos Povos que me­
diavam entre a Cidade e a fronteira do Sul,
concebendo também a esperança de que a ­
vistando me eom aqucllc Chclc podia des-
11

pertar-lhe imagens convenientes afirmado


na continuação de fidelidade ; para isto
montei a cavallo na tarde d ’este dia acom­
panhado do meu Secretario, e de seis Offi-
ciacs de Milícias, pernoitei a dez léguas de
distancia no Engenho de Belém cm casa de
um primo também Coronel de Cavallaria
Miliciana do districto da Cidade, de nome
Luiz d ’ Albuquerque Maranhão, e d’ahi o
avisei epie na manhã seguinte me viesse en­
contrar em Goyanninha, cinco léguas alem
do logar em que me achava, e outras tan­
tas aquein do seu acampamento. Appa-
reecu-me com effeito as irez horas da tarde
desculpando-se com a demora do portador
do avizo, e depois de conferenciarmos so­
bre lotações de presidios, serviço ecouomico
do acampamento,arranjos de viveres,etc, de­
monstrei-lhe plenamente (piaes eram os seus
reacs interesses n’aquella conjuntura, e
tcnlo-se-mc mostrado assaz convencido
das minhas razões, .apartei-me d ’elle as cin­
co horas, marchei em direitura .a Cidade, e
vim pernoitar outra vez ao Engenho de
Belém por causado cansaço doscavallos,
com tenção de sahir nr. manhã próxima.
As quatro dã madrugada lui cercado, e
preso por mais de quatrocentos homens
12

incluindo o Regimento dc Cavallaria Mili­


ciana que estava na fronteira, trazendo to­
dos a testa aquelle infame e traidor Chefe
André de Albuquerque Maranhfto, com sen
primo e cunhado do mesmo nome.c mais al­
guns Ofticiaes que vinham nas fileiras. Logo
depois appareceu outro primo Capitão-
M ó rd a s Ordenanças da Cidade da Parahy-
ha com um filho, e alguma tropa, que ajun­
tando-se com os flous parentes noinea'dos,
com o dono daeaza,com outro primo qu? já
ahi se achava de nome Luiz Manoel d’ Al­
buquerque Maranhão, e com o Padre João
Damasceno Xavier Carneiro (pie também
appareceu, alardiaram todos, a gloria de
libertadores de sua Patria. Por não ser
fastidioso deixo dc acusar os netos de
colora, e amargura porque passei n’es­
ta secnn, e na conferencia que tive com
aquella quadrilha dc rebeldes, conten­
tando-me em dizer, que fui rogado, e athé
urgido com ameaças, para aceitar o Go­
verno em adjunto com elles, e depois para
entrar cm artigos de Capitulação ;arcstan-
do-sc-me no primeiro caso o exemplo do in­
fame Tenente Coronel Sil-eira da Parahv-
ba, e no segundo o de Caetano Pinto em
Pernambuco. Ouanto ao primeiro reprehea-
di-os com dignidade, e despreso, c ao segun­
do respondi-lhes que com rebeldes, e traido­
res não se negociava, nem ainda sobre a se­
gurança da minha pessoa, a qual entregava
a disposição de sua vontade. D ’alli man­
daram chamar na Cidade o Commandan­
te da Companhia de Linha a quem eu a
tinha confiado durante a minha au­
sência, o Provedor da Fazenda Real, o
Coronel de Infantaria Miliciana, c o seu
Major, os quaes me apparcceram na manhã
seguinte ; c posto que me não delatassem o
que com elles haviam passado, talvez pelas
cautellas, e espias com que eu estava guar­
dado, derão-me mostras do pesar c fraque­
za com que tinham obedecido. Passadas ho­
ras sahio a quadrilha para a Cidade a testa
das forças que alli estavam,deixando-me ro­
deado de scntinellas sob o olho do'dono da
casa, Luiz d ’Albuqucrquc Maranhão, e de
um sobrinho, filho do Capitão-Mór da Ci­
dade da Parahyba, ambos de inteligência
para me . assaeinarem em particular no
caso de sentirem na Cidade reboliço para o
meu resgate; fiserão-me porém saber que no
caso contrario, me seria concedido ir buscar
minha Mulher para com ella ser conduzido.
Passados os tres dias recebi a carta unme-
14

ro vinte c um, e quarenta e oito horas


depois appareceu me* minha mulher con­
duzida pelu referido Capitão Mór da Va-
rahyba, debaixo de cuja guarda marchei
a Pernambuco escoltado, deixando na mi­
nha despedida o protesto da copia numero
vinte e dois. Chegado pois a essa praça as
sete horas da noite do dia doze de Abril, e
levado a porta de um e outro Chefe de re­
belião, rodeado de immcnso povo excitan­
do a admiração de uns, e a cornpaxão de
outros, tuifinalmente recolhido a um segre­
do da Fortaleza das cinco pontas, a onde
tentado com solicitações misturadas com
ameaças dehorrorozas sentenças, e padecen­
do individualmente de saude, estive demo­
rado até o dia vinte de Maio, em que se le­
vantaram as Reaes Bandeiras. Até aqui a
narração do que me é particular, passarei
a da Capitania extrahida da Somma de
indagações em que entrei. Em vinte e
oito de Março chegou a Cidade a qua­
drilha de rebeldes a testa da força com
que sahiram do Engenho de Belém, aonde
foram recebidos com geral descontentamen­
to, e pasmo. 0 Chefe de rebelião André d-’
Albuquerque, depois de alardear em gran­
des lallas os serviços que tinha feito a cau-
su cia liberdade chaman os Officines Milita­
res, e pessôas mais priticipaes, e dentre estes
nomeou o Commandante da Companhia de
Linha, Antonio Germano Cavalcante,o Co­
ronel de Milicias Joaquim José do Rego Bar­
res, o Capitão de Milicias Antonio da Ro­
cha Bezerra e o Parocho da Cidade Feliciano
José Dornellas, para adjuntos a elle, 03
cjuacs apezar do tremor cm que estavam,
offereceram algumas escusas que não pre­
valeceram, e debaixo do infame e copiado
titulo de Governo Provisorio, principiou a
governar segundo as insinuações d * seu pre­
ceptor, João Damasceno Xavier Carneiro,
fazendo assignai" aos mais as Actas, Edita-
es, e Ordens que lhe apresentavam empre­
gando sempre a linguagem do terrorismo
(piando lhes faziam qualquer instancia.
Dentro em trez ou quatro dias conheceu
a desaprovação da oppinião publica, o odio
geral que lhe conceberam, e a indisposição
da Companhia de Infantaria de Linha que
elle tolerava por temor. Chegou lhe n’este
tempo o socorro que havia pedido a Para
yba, e que o não tinha acompanhado por
elle haver adiantado as suas operações,
o qual empregou como missionários ameaça­
dores, e guardas de comtiança, c 110 entanto
16

recorreu a meios conciliaclôrcs de auguientar


soldos, ordenados, prometer vantagens fa­
cturas etc.,que não produziram oeffeitoque
esperava, e em uma palavra, apenas sahio
da Cidade a tropa da Parayba chamada
pelos que a tinham mandado, arrc1.)cntou a
contra revolução a muito traçada por al­
guns moradores da Cidade e suas immcdia-
ções, escudados com a Companhia de Infan­
taria de Linha, que para lhe dar maior lus­
tre, esperaram o dia vinte c cinco de Abril
annivcrsaro da Rainha Nossa Senhora, e os
mais resolutos d’entre elles, entraram-lhe
pela porta a dentro, prenderam-no, e com
uma estocada forçaram-n’o a gritar
«Viva El-Rei Nosso Senhor» — d ’alli o con­
duziram a Cadeia da Fortaleza da Barra
onde expirou no seguinte dia, e embrulhado
em uma esteira, encommendado com pra­
gas e maldições, foi enterrado em sagrado
a instancias do Parocho. Assim acabou
este monstro de infidelidade, traições, e i­
niquidades depois de lisongear por vinte e
seis dias a sua vaidade, com a infame dieta-
dura que occupou. Elle e sua íamilia eram
ennobrccidos com o foro de Fidalgo Cava­
lheiro de Solar e Linhagem, e possuído ri •
quezas que em relação aos do Paiz, lhes fa-
17

ziam gozar das primeiras attenções. Preso


que fosse o infiel, a Companhia de Linha
que já estava em armas a testa do Povo da
Cidade c de algum que vinha accodindo de
fora aos signaes que se deram, alevantaram
as Reaes Bandeiras.proclamaram em gran-
desvivas a Real Soberania, e marcharam
para o Sul a desbaratar qualquer partido que
os parentes podesseni ajuntar, e unir a tro­
pa da Parayba que ainda não tinha
passado além dos limites da Capitania.
Na sua marcha foram engrossando o
numero dos combatentes, e achando deshá-
bitadas as cazas dos Albuquerques M a ra ­
nhões, tendo como tudo noticia que tugiam
para se fazeram fortes comaquellatropa,no
Engenho Cunhaú, a esperar soecorros de
outros parentes da Parahyba. Chegados
pois alli o Exercito Realista e não encon­
trando nimgucm, fortiticou-se do melhor
modo possível, estabeleceu a sua linha de
postos, e esperou a agressão da parte da
Parahyba auxiliada com o destacamento da
Ilha de Fernando, que já então tinha des­
embarcado na costa d’aquella Capitania, e
no cmtanto lançou algumas partidas em se­
guimento dos fugitivos,que conseguiu pren­
der aexcepção de José Ignacio de Albuquer-
que Maranhão, que veio depois apresentar-
se na intenção de justificar a sua conducta,
e do Vigário de Goyanninha, Antonio de
Albuquerque Montencgro também percep-
tor da família, que não pôde ser alcançado.
O Governo Interino installado na Cidade na
conformidade do Alvará de doze de Dezem­
bro de mil setecentos e setenta, confiou o
Cominando das forças ao honrado Sargcn-
to-mór de Milícias Antonio Marques do
Vallo, que as com mandou até 14 de Junho
dia em que se recolneu, tendo satisfeito a
risca os encargos da sua commissão. Nos
portos do Sul conservaram-se ate este dia
presidios de Ordenanças a acautelar desem­
barques que também se receia va.
Em todas as mais Villas da parte do
Este da Capitania, apenas apparcceo a
noticia da prisão do traidor que as assom­
brava, o povoem massa alevantou as Reaes
Bandeiras ; aconteceu porém, que na Villa
de Porta Alegre um David Leopoldo Tar-
gini, Emissário dos rebeldes da Paray-
ba, prendesse em caminho os correios que
levavam os avisos do Governo Interino, e
junto ao Vigário João Barboza Cordeiro
á testa de quarenta, ou cincoenta cabras do
seu partido, obstassem ao alevantamento
rias Re ac 3 Bandeiras, c ate obrigassem a al­
guns moradores ele maior representação a
instalarem com eltes um Governo de cinco
Membros, para debaixo de suas ordens e
auxiliados por Miguel Ccznr, Emissário de
Pernambuco, que havia sabido com algu­
mas forças das Villas de Souza,e Pombal da
Capitania da Parayba, marcharem a ata­
cai a Vilia da Princcza d’csta Capitania, e
depois coadjuvarem as operações das Villas
do Cráto e Jardim, da Capitania do Ceará,
que se achavam revoltadas. Frustrou-se
porém o projecto com a noticia que tiveram
da marcha que fazia contra ellcs a força sa­
bida da Vilia da Fortaleza expedida pelo
Governador do Ceará e que se vinha unir á
da Vilia da Prineeza, e no dia 19 de Maio,
fugiram o Cezar, o David e o Vigário, dei­
xando desassombrados os que os temiam
que immcdiatamente proclamaram a Real
Soberania com aplauso geral dos Povos fi­
cando com este ultimo facto, aniquilada e
extinctn a rebelião, em toda parte d'esta
Capitania. 0 Governo Interino dirigiu de­
pois as suas partes ao Commandante do
Bloqueio a vista de Pernambuco, e pedio-
lhe socorros, o qual lhe acudiu enviando lhe
uma Suinaca com uma porção de carne
20

secea e bacalhau, armas, c alguma polvora,


c com estes fracos meios, c os que pôde a­
genciar dentro da Capitania, sustentou a
sua fronteira guardada, e desafiou a Capi­
tania da Parayba a imitalos na proeza. Do
que fiea exposto se mostra com evidencia,
(pic a rebelião na Capitania do Rio Grande
do Norte foi peculiar da familia d’Albuquer-
que Maranhão e seus perceptores, c que é
singular pela marcha dos acontecimentos.
A existência de ufn homem nobre e po­
tentado, Coronel de um Regimento de Ca-
vallaria Miliciana, Commandante dos dis-
trictos que ficão na fronteira da Capitania,
com sobeja consideração d ’aquelles povos,
ligado por parentesco c amizade com o Ca­
pitão mór das Ordenanças do termo da sua
Commandancia e com o Coronel de Milicias
do districto immcdiato, vaidozo por essên­
cia e educação, e pizado elle e sua familia
com procedimento do meu Antecessor ; a ex­
istência d’este homem, digo, foi quanto
bastou para cubrir momentaniamente de
injuria a fidelidade de tantos povos, e sub­
mergir-me ao fim de quatro mezes e meio de
Governo em um pélago de amarguras, e ris­
cos, que duraram cincoenta e quatro dias.
0 espirito de Realismo, fidelidade, c a-
21

a dhezão a Sagrada Pessoa de SnaMagesta-


de detundid ) no coração dc todos, foi bas­
tante para conceber e tazer arrebentar em
vinte seis dias, uma contra revolução com
que recobraram o seu perdido credito, co­
brindo-se de gloria, e arrostando-se sem for­
ças, nem meios, o n duas Capitanias in­
comparavelmente mais potentes, e sem es­
peranças de soeeorros estranhos, porque a ­
inda ignoravam a existência real do Bloqueio
a vista de Pernambuco. Louvores sejam
dados ria posteridade, ataes vassallos.

0 G ovkknador J ose I gnaci o B obgrs .—


DOCUMENTOS
DOC. N. 1

Proclamação feita n’esta Cidade, e fjne


em forma de Edital se remetteo ás differen­
tes Villas d’esta Capitania, e Commandan­
tes de districtos.

Povos da Capitania do Rio Grande do


Norte, no dia nove d’este niez appare-
ceu n’esta cidade uma noticia confuzadeque
na Villa de Santo Antonio do Recife de
Pernambuco havia apparecido na tarde do
dia seis um tumulto popular, do qual se ti­
nham seguido algumas mortes, sem com-
tudo assignar-se o motivo, que o tinha ope­
rado, e na noite do dia doze por cartas que
d’alli tive dc pessoa fidedigna, que não teve
parte n’aquclle lamentável acontecimento,
nem nas suas consequências, fui avizado de
que o resultado d’aquelle tumulto, e sedi­
ção produzio a sahida immediata do Gene­
ral d’aquella Capitania para o Rio de Ja­
neiro e que alguns d ’aquelles faciozos por
effeito da mais inaudita rebeldia, havião
assumido, e uzurpado a jurisdição do Go-
vcruo, permutando (Teste modo a paz e
tranquilliclade de que gozavam os habitan­
tes cTaquclla Capitania pelos horrores de
tuna espantoza Anarehia. Não me em-
portando aviriguar a origem, e pro­
gresso (Taquelle detestável , attentado, e
eumprindo-me só illustrar-vos sobre elle,
recordar vos a vossa innacta fidelidad",
para com o legitimo Soberano,que até agora
nos tem regido com direito de Senhor, c dis-
vello de Pai no augusto nome do Senhor
D.João 0o Hei do Reino Unido de Portugal,
Brazil, e Algarves, em África Senhor de Gui­
né,e da Conquista,Navegação, e Commercio
da Ethiopia, Arahia, Pérsia, e índia, vos
declaro que estão acabadas as nossas rela­
ções, e correspondências com todo, e qual­
quer Governo, ou autoridade levantada a ­
tualmente em Pernambuco, e enquanto não
nos constar que um-General, ou outro legi­
timo delegado de S. Magcstade restabele­
ceu alli a sua Soberania, e reclamando de
vós o solemne juramento de iidelidade, que
lhes tendes prestado, e que tem sido sancio­
nado pela nossa Santa Religião, vos con-
%ido para que vindos a mim,e debaixo das
suas Reacs Bandeiras, conservemos pura'
e sem macula a nossa nunca interrompida
24

obdicncia, c vassalagem, e possa idos do sa- •


grado enthuziasmo gritemos em altas vo­
zes, Viva, Viva, Viva, El-Rei Nosso Senhor.
—Cidade de Natal, 13 de Março de 1817.
José I gnacio Rorges.

DOC. N°. 2

Ofíicio aos Chefes dos differentes Cor­


pos com a remessa do Edital.

Com este acharão V. Mees. por copia


assignada pelo Secretario d ’este Governo
o Edital, que publiquei n’esta Cidade
por motivo do detestável, e vergonhozo
acontecimento, que no dia seis d’este
mez teve lugar na Villa de S. Anto­
nio do Recife de Pernambuco, para
que o faça saber aos indivíduos do seu Regi­
mento, fazendo-lhes conhecer na mesma oc-
eazião, que o não produzi por effeito de te­
mor ou receio, que tinha da fidelidade, a-
dhezão, e ainôr d’estes Póvos ao Nosso le­
gitimo Soberano, mas sim por effeito de
uma medida politica para os illustrai* da
rebeldia d’aquellcs poucos, e desgraçados
Vassallos, c da linha de conducta, e separa-
ção.quc devemos ter pava com elles,cmqtinn-
to a Mizcricordin, do Altíssimo, e as sabias
providencias de S. Magestade llics não res-
tituirem a paz, e tranqnillidade, de que po­
savam. Y mee. me responderá iimned;ata-
mente da exação d’este. Deus guarde a
V m c c . Cidade do Natal, 18 de Março de
1817.
José I g n a c i o B o r g e s .

DOC. N. 3.

Ao Governador da Capitania do Ceará.

No dia nove d'este iriez npparcceu n’es­


ta Cidade uma noticia eonfuza de que na
Villa de Santo Antonio do Recife, de Per­
nambuco se havia alevantado na tardedo
dia seis um tumulto popular, do qual se
tinham seguido algumas mortes, sem com-
tudo assignar-se o motivo, queo tinha ope­
rado ; c na noite do dia doze fui cxactnmen­
te informa 'o de que o resultadod’aqiu-lle tu­
multo, e sedição, havia produzido a morte
do brigadeiro Manoel Joaquim Barboza, c
do Ajudante de Ordens do Governador, Ale­
xandre Thonraz, e de mais sete ou oito pes-
20

sòas induzas alguns Officiaes dc Milicias, e


que os taciozos, que as eommetteram a tes­
tado mais alguns rebeldes,ha viam depois fe:-
tosahir para o Riode Janeiro o General d’n-
quella Capitania, c assumindo e nzurpando
a jurisdição do Governo. Cumprindo-me
pois por identidade de lugar, e deveres de
Vassallo de Sua Magestade participar a V.
S. este desastrozo, c attendivel aconteci­
mento. o laço por este, recommendando aos
agentes para onde o dirijo a necessária
promptidão de remessa. Deus guarde a Y.
S.—Cidade do Natal 13 de Março de 1817.

José I gnacio B orges.

DOC. N. 4.

/los comm andantes dos Port os de mar.

Constando-mc fine alguns faciozos da


Villa de S into Antonio do Recife de Per­
nambuco, perdendo o acccrdo.e a razão de
homens haviam levantado na tarde do dia
seis d’este niez um tumulto popular, e no
dia nove praticado ohorrorozo attentado.e
inaudita rebeldia de fazerem sahir para o
27

Rio de Janeiro o General d’aquclln Capita­


nia, c uzurpando a jurisdição elo Governo ;
c stndo me por isso preeizo acautelar a cor­
respondência dos Povos (1’csta Ca])itania
com os d ’aquella,e zelar as Fazendas de Vas-
sallos fieis a Sua Magestade, para que não
vão cahir no poder (1’aquelles rebeldes : Or ­
deno a V. Mcê. que todas as sumaeas, que
ahi se acharem, ou .aportarem, vindas dos
Portos do Norte, as embargue logo de Or­
dem minha, para não sahiicm, fazendo lhe
tirar a vela grande que será posta em terra
em boa arrecadação ; c remctUndo logo os
Passaportes, que trouxer para executar de­
pois o que lhe determinar.—Deus guarde a
V. Mee. Cidade do Natal 16 de Março de
1817 — P. S. 0 mesmo pralieaiá tom os
que de Pernambuco,ahi forem carregar.—

J osé I g x . cio B okges.

DOC. N. 5.

Para iodas as comarcas d’esta Capitania.

Havendo os funestos e detestáveis aconte­


cimentos, que tiveram lognr na Villa de S.
Antonio do Recife na tarde do dia í eis cies li-

gado esta Capitania cia condição clc subal­


terna, em que estava ao Governo d’aquella,
como já fiz certo pelo meu Edital de treze,
tenho determinado estabelecer no porto
d’esta Cidade, em conformidade da Carta
Regia de vinte oito de Janeiro cie mil oito­
centos c oito, e decreto de dezoito clc Junho
de mil oitocentos c quatorze uma Alfânde­
ga para nella se receber, e serem despacha­
das, as fazendas, e generos da Europa, con­
duzidos em naviosNaeionaes ou Extrangei-
ros, que vierem aos portos d ’esta Capita­
nia,equizcrcmeommereiar,pagando os Reaes
direitos, que istão determinados pelas Or­
dens de Sua Magestade. Na mesma Alfân­
dega se despacharão os efifeitos da terra,
que embarcarem por troca, ou compras
n’aquelles Navios, com quem si fizer o com­
. mercio, satisfazendo.se no acto da sua s a -
liida os subsídios c dizimos, que estão de­
terminados. Com esta medida, e declaração,
que fiz no meu edital de treze ficarão os ha­
bitantes d'essa Vil la na intelligencia de não
dirigir os seuscffeitos a outra parte,que não
seja aos armazéns d’esta Cidade, a esperar
nVlles a sua venda. 0 que V. Mees. farão
scientes por editaes, transcrevendo esta
minha ordem, aftixada nos logares mais
20

públicos rio distrieto d ’essa Villn.— Deus


guarde a V. Mccs. Cidade do Natal 16 dc
Março de 1817.
José I gnacio B orges.

DOC. N. 6

(Ifficio do Coronel André cl'Albuquer­


que Mnrnnhão.

Illustrissimo Senhor Governador.


Recibi o respeitável Olficio de V" S'-' dc
treze do corrente eom a copia do edital,
que foi servido mandar publicar n’essa C a ­
pital e Villas d’esta Capitania.Passo a cum­
prir, quanto V. S. me ordena, fazendo par­
ticipação aos indivíduos do meu Regimento
do quanto V. S. me incumbe, c fazendo-os
convencer das intenções de Vossa S* e dos
meus, e seus deveres, e a Misericórdia do
Altíssimo ha de socorrer-nos, para que n’es­
ta oecasião em communhào com os habi­
tantes do meu Distrieto hajamos de procla­
mar com perseverança, e constância, c en-
thuziasmo, Viva, Viva, Viva, El-Rei Nosso
Senhor. Fico expedindo as ordens, que V.
S1* me ordena, e promptamente vou pesso-
30

nlmentc responder ante V. S. pela cxncçAo


do cumprimento das ordens de Va S9. Deus
guarde a V 9 vS9 por muitos nnnos. Quartel
de Cunhaú 14 de Março de 1817.

A ndré d ’A uîuquiïroue M aranhão .

DOC. N. 7

Il lufit rissimo Senhor Governador.

Já participei a V o 8° a recepção do oí-


írcio «pie me dirigiu em treze do corrente, e
tratei de cumprir as ordens de V” S‘l e meus
deveres,officiaudo a todos os Commandan­
tes de Companhias do Regimento do meu
Commando pela maneira, que remetto a Vo
S,-> por copia, e remcttendo-lhes copias do
otíicio e edital, que V-1S l me dirigiu, e ha­
vendo cumprido as ordens de Vo S'\ estava
a partir para essa Cidade, como me havia
determinado no mesmo olHcio de treze do
corrente. Allegam porém n’este momento
que são oito horas da noite no meu Quarte1,
Antonio Guilherme de Oliveira por auto-
nomaziao Boi, casado n’essa Cidade,e José
Joaquim das Neves assistente n’essa Aldeia
31

Velha, aquctle vindo de Pernambuco, c este


dc Goynnna os quncs declaram, vindo o seu
caminho do Pernambuco foram mandados
prender alem da Villa dc Mamnnguapc pelo
Commandante d’nqtiella povoação no dia
treze, e loram conduzidos para a Cidade da
Parahyba no dia quatorze ; e que em dis-
taneia de quatro léguas o mesmo que os
conduziam lhe deram soltura por se achar
a Capital da Cidade da Parahyba cm tu­
multo, Esta noticia, o que V. S'1 me deter­
mina no seu oftieio de treze do corrente (pie
• ia pcssoalmcntc responder pela cx acção
do mesmo oftieio, a responsabilidade em
que me acho eonstituido pelo oftieio de V.
S" de sete de Janeiro do corrente anuo, no
qual me conteriu o Commandante do dis-
trieto do meu Regimento,o edital da mesma
data, que me foi remettido, c que mandou
publicar, no qual marea .a linha da minha
responsabilidade, e declara como essencial
obrigarão minha participar á V. S" todos
os acontecimentos do meio sobre a segurau-
rança, c integridade do districto, e emquan-
to não receber ordens positivas, aeeudir
com esforços, que poder afrontar, ao lugar
do perigo; fizcrào que sendo do meu dever
ir responder a V. S'* pela cxacção do predi-
32

to offieio, me parecesse cie igual necessidade


cumprir o determinado no ofticio e edital
de sete de Janeiro do anuo que corre, e que
fazendo a V. S* por cs^e meio participação
da exncção d ’aquclle, em parte ficaria reme­
diado o meu dever, para no todo cumprir
como sou obrigado o determinado no ofti-
cio e edital de sete de Janeiro ; mas V. S9
mandará o que for servido. A vista do ex­
posto fico expedindo as ordens para reunir
o Regimento do meu Commando, assim
como também o officio ao Capitão M ord as
Ordenanças de Villa Flor, Andrc de Albu­
querque Maranhão, cujos termos abrangia
o todo do meu districto, para prestar-me
auxilio, e tomando aquellas medidas, que
exigirem as circnstancias, estou de accor­
da prevenir, e acautelar qualquer resultado
impedindo o passo dos faciozos e rebeldes
nos limites d’esta Capitania, que distam
d’este quartel epiatro léguas. Faço preceder
a V. S ‘ esta communieação, e os ditos An­
tonio Guilherme de Oliveira e José Joaquim
das Neves, supposto que mc assegurem, vão
procurando suas cazas, e familia n’essa
Cidade, comtudo, vão acompanhados a
presença de V. SV 0 Altíssimo fortificando
com seus auxílios a minha constância, e ti-
delidade ao nosso Soberano e Rei I). João
<>°, Rei do Reino Unido de Portugal, Brazil,
e Algarves, em Africa Senhor de Guiné, da
Conquista Navegação eConimercio da Kthio-
])ia, Arabia, Pérsia, e índia há de permittir,
que eu unido aos meus subordinados, e ha­
bitantes d’estes districto, possamos repel-
lir o attentado d'esses infelizes faciozos,e re­
beldes. V. S'-1 mandará o que for servido.
Deus Guarde a V. S'7 Quartel de Cunhaú
15 de Março de 1817.

A ndré de Ai.isrqrKRqrr: M aranhão .

DOC. N°. 8

Officio dirigido no Coronel André de Albu­


querque Maranhão em resposta.

A esta hora que são oito da noite


recebi o seu ofticio datado de liontem, pelo
qual me participa a desagradavcl noticia
de se achar em tumulto a Cidade da Paray-
ba. Apczar de ignorarmos ainda a qualida­
de do tumulto, c o seu resultado, deve V.
S° continuar as medidas, que principiou
com vigor, e actividade, regulando-se con-
:s4

forme o simples plano de campanha, rpie


vou desenhar-lhe.
Logo que reunir o seu Regi mento,ao qual
incorporará a gente da Ordenança, que lhe
prestar o Capitão Mór de Villa Flor, e A-
rez, estabelecerá na extração da linha de li­
mites d ’esta Capitania, eom a d a Parahy-
1>a eomprehen lida no seu Districto, Postos
de defença, situados nas estrada«, e aveni­
das aeeessiveis d ’aquelle para este territó­
rio, deixando só de guarnecer asmattas.e
montanhas entransitaveis, os quaes confia­
rá aos Offieiaes escolhidos do seu corpo, ou
do da Ordenança. O encargo geral d’estes
Postos c repcllir ainda mesin ) com força
não só quaesquer faeeiozos, que perteu le­
rem passar, mais até a gente (pie eom titu­
lo de fug i se quizor abrig ir n’est i Capita­
nia. Esta regra só será alterada a despeito
de algum habitante nosso, assaz conhecido,
(pie se recolha para sua casa. Estas guar­
nições serão rendidas de trez em trez dias,
ou em mais curto espaço, se assim parecer
mais conveniente a V. S9. Os imlividuos se­
rão todos armados de clavinas ou de armas
brancas, e no caso dc não estar a totalida­
de dos combatentes, que se reunirem, os
que foram rendidos nos Postos,deixarão as
armas . nos que estiverem sem dias. V. S'J
com alguns dus seus Oiliciaes Superiores,
(pie lhe fique desoceupado dos Posto-,ccom
o Capitão Mór de Ordenanças, que se lhe
eucorpora,visitarão a miúdo aquellas guar­
nições, afim de as conservar com perfeita
vigilância, e aceudir com o resto das forças
a qualquer d’ellas (pie iòr atacada. A es­
tancia commuai para a reunião dos comba­
tentes. cuido que ficará bem em Ooyanni
nha, si porem com o melhor conhecimento,
que tem da localidade, lhe parecer mudalla,
pode faz 11o, e esta estancia terá um Com­
mandante, que reja, quando V, Sfl estiver
fora d’ella. IP tudo quanto por agora me
oecorre, acrescentando que V. S° me deve
continuar as partes dos acontecimentos,
que uno deve perder oceasião de inibam-
mar reiteradanunte a esses combatentes a
sua fidelidade, fazendo lhe conhecer que os
diminutos cncommodos, porque vão pas­
sar, alem de ser um sacrifício devido, fica­
rão siibejamcnte pagos com a gloria de .se
distinguirem dos infames rebeldes, com os
applausos do mundo inteiro. Exercitado o
plano com a vigilância,acti vidade.e fidelida­
de de que V. S9 c dotado e cpie eu porei na
Real Prezença, lenho firme cspeiança de que
36

a lava que agora nos assusta, se ha de an-


niquillar na nossa linha de limites, e que
esta gloria estava rezervada a V. S9. Faça
retroceder todas as boiadas,ou outros quaes-
quer efïeitos,que qnizerem passar adiante.
Deus Guarde a V. Síl. Cidade do Natal 10 de
Março de 1817.

José I gnacio B orges.

DOC. N. 0 •

An Coronel Commandante do distrito da


■ ViIIa do Seridó.

Havendo escripto a V. S'1em data de


treze (Veste mez, cujo correio dirigi pela Vil.
la de Princeza, e recriando que ainda não
tenha ahi chegado, repito com esta, na co­
pia numero um os otficios que então lhe di­
rigi para que V. S0 lhe dê prompta execu­
ção, no caso de não ter recebido a primeira
via.Hontcm recibi parte do Coronel cie Ca-
vallaria André de Albuquerque Maranhão,
a visando-me de que lhe constava que a Ci­
dade da Parahyba estava em tumulto, so­
lar este avizo, acordei em tornar as medidas
mais positivas e vigorosas para que aquel-
le detestável contagio de rebelião, não che­
gue nem ao menos por noticia aos ouvidos
dos fidelissimos habitantes d’esta Capita­
nia, e por isso lhe expedi a ordem, que verá
na copia numero dois. Como porém no dis -
tricto do corpo do Commando de V. S9 há
uma linha de fronteira, que divide esta Ca­
pitania da da Parahyba, V. S* fazendo a-
pplicaçâo das medidas, que determinei á-
quelle Coronel, fará igualmente estabelecer
nas estradas, e caminhos, postos de guar­
nições, regulados, c dirigidos conforme as
regras prescriptas n’aquella ordem, sendo-
lhc eomtudo permittido alterar algum dos
pontos, si a localidade assim o requerer,
contanto porém que sc preencha o fim a
que nos propomos. Si lhe fôr prccizo socor-
rosda Ordenança de pé,peça-os ao Sargento
Mór Commandante na conformidade do
meu edital de setê de Janeiro, e eom este
honrado Official poderá conferenciar sobre
este importante objecto, apresentando-lhe
todas as minhas ordens, e empregar mesmo
alguns Officiaes d’este corpo. A sobeja con­
fiança, que tenho nos moradores do termo
d’essa Villa me dá seguras esperanças de ve­
rificar n’essa fronteira o rezultado, que des­
crevi ao Coronel da fronteira immcdiata, e
38

que aos Povos de ambos lhe caberá igual


porção de gloria. Recommendo-lhe a possí­
vel vigilância,em fazer retocederas boiadas,
e cffeitos, que quizercm passar para ióra d’
esta Capitania.Cidade do Natal 17 de M ar­
ço de 1817.
José I gnacio B okc.es.—

DOC. N. 10

Ao Sargento M ó r Commandante das Orde­


nanças do Seridó.

Havendo alguns facciozos, e rebeldes da


Villa de Santo Antonio do Recife de Per­
nambuco, praticado o horrorozo attentado
de fazerem sahir o General, e uzurpado
a jurisdição do Governo, expedi em . data
de treze do corrente as precizas noticias, c
ordens a todas as Villas d ’esta Capitania
para nos separarmos da communicação d ’
aquelles rebeldes. Constando-me depois que
a Capitania da Parahyba, que fica entre nós,
e aquella, principiava a ser contagiada d ’
aquelle horrorozo mal, expedi novas ordens
ao Coronel da Cavallaria da Divizão do
Sul d’esta Capitania, André de Albuquer­
que Maranhão para com a gente do seu Re-
ao

gimento c Corpo de Ordenanças do seu Dis-


tricto se pôr na fronteira desta Capitania um
perfeito pé de defesa. Como porem essa Vil­
la do Seridó fáz a continuação da fronteira,
que mandei guardar, expeço n’esta occazião
ao Coronel Commandante d’esse districto,
Antonio de Sá e Souza, a quem por effeito
do meu edital de sete de Janeiro compete o
Commando do Districto. e é responsável
pela segurança, e integridade d’ella, a copia
de todas as ordens, que desde a primeira
noticia até hoje tenho expedido áquelle co­
ronel da divisão do Sul, c lhe ordeno as po­
nha em execução em tudo, que fôr applica-
vel no districto d’essa Villa,pedindo aVmcê.
os soccorros que lhe torem precizos,e paten­
teando todas as minhas ordens, pois em
conferencia com elle empregarei os meios
mais cfticazes ao bem do Real Serviço. Deus
Guarde a Vmcê. Cidade do Natal 17 de M a r­
ço de 1817.—
José Ig nacio B orges.

DOC. N. 11

Ao Provedor da Real Fazenda.

O Senhor Provedor da Real Fazenda


40

mande appréhender pelo Almoxarife da


mesma toda a polvora, espingardas e espa­
das que houverem a venda n’esta Cidade, e
recolher a polvora no Paiol da Fortaleza,
e as espingardas, e espadas, no armazém
debaixo da Provedoria, notificando aos
donos que requeirão os seus pagamentos.
Outro sim, lhe ordeno mande buscar á casa
de José Alexandre Gomes de Mello doze bar­
ras de ferro, e uma de vergalhões, c as en­
tregue ao Commandante da Companhia de
Linha para o mandar desmanchar em chu­
ços. N ’esta occazião encarrego a este Offici­
al a arrecadação, e inspeeção das armas
brancas, e de fogo, que se apprehendercm, e
recolherem ao armazém,e por isso lhe mande
V. Meê. entregar a chave d ’elle. Tenho expe­
dido ordens para recolher toda a polvora
que estiver a venda pelas Villas d’estas im-
mediações, e logo que chegue lhe mandarei
entregar. Cidade do Natal 18 de Março de
1817.
José Ignacio B orges.
41

DOC. N. 12

Ao Capitão M óv de Ordenança de
índios da ViHa Estremox.

O Senhor CapitAo Mór de Ordenanças


de índios da Yilla de Hstrcmoz em concur-
reneia com o apromtnmentodaembirapara
murrflo, que já lhe determinei, faça também
reparar todos os arcos, e Ilcxas, e chuços de
páo, que se achfto no deposito d essa Yilla,
continuando em mandar Inzer de novo ar­
mas dVsta especie, e recolher ao armazém,
e pondo de accordo a todos os Indiosd’cssa
Yilla que aceudirAo com cilas debaixo do
seu commaiido, e mais Otfieiaes á minha
primeira ordem, ('idade do Natal 18 de
Março de 1817.
Josí; I g n a c i o B o r g e s .

DOC. N. 13

Officio do Capitão M ó r das Ordenanças


de 1711a FIôr,e Arex, Andrcde Al-
bmjucrfjuc Alaranhão.

Ulustrisfimo Senhor Governador.— _

Por Ollieio de (piinzc do corrente do


Coronel do Regimento de Milieias Montado
da repartirão do Sul, no qual me fazia ver
os receios do iminente perigo d’esta Capita­
nia fez com que.a beneficio do Real serviço.fus-
sccu com uma parte dos meus Soldados au­
xiliar os limites da dita Capitania, cncor-
porado com o Regimento sobredito.No mo­
mento cm que recebi o dito Officio destri-
bui ordens a todos os meus Officiaes, e com
os soldados, que a estreiteza do tempo per-
mittio partir para o quartel do dito Coro­
nel, c arrebatado do amôr do meu Augusto
Soberano, e comas noticias que eu ouvia,
que era, que a infeliz Cidade da Parahyba
estava já de partido com a praça do Recife,
e que unidas cilas marchavam contra esta
Capitania, tendo acabado de dar as ordens,
que julgtvd conveniente participo immedia-
tamente a V. S!l assim como também auxi­
liei ao mesmo Coronel com um caixote de
polvora eneartuxada c emballada, que dan­
do ao manifesto achou-se trez mil e seiscen­
tos cartuxos ; ficando-me outro caxote com
mil novecentos c vinte. Parecendo-me
que toda demora seria prejudicialissima,
e para com mais presteza dar o dito auxi­
lia, officiei aos directorcs da Villa Flor e
Arez para concorrerem com os índios que
43

podesscru. Deus Guarde a V. S0. Engenho de


Cunhaú 17 de Março de 1817.

A n d k í : dk A k iiu ^ u r r q u ií M a r a n h Ao .
CapitAo Mór.

DOC. N 14

Ao Capitão M ó r de ViU h l'lór, e Avez


André de Albuquerque Murunhúo
em resposta.

N ’esta hora que s A o nove da noite rece­


bi seu oliicio datado de hontem, em que
me ])artieipa a reclamação de auxilio, que
lhe fez o Coronel de Cavallaria da Reparti­
ção do Sul, actuahuentc encarregado da dc-
feza da fronteira d'esta Capitania. Louvo a
V. Mcê. fi zeloza, e prompta fidelidade,
com que desempenhou as suas obrigações,
e egualmente lhe approvo o auxilio, que pe­
diu aos Directores de índios de Villa Flore
Arez. Ainda nAo tenho dados para erêr o
A # ,
rumor, que tem apparecido contra a Capi­
tania da Parahyba, porém independente da
sua certeza, tenho firmes esperanças, que
mediante os fieis sentimentos d’estes Povos,
as providencias políticas, e militares, que
44

tenho dado, e a honra, e vigilância dos 01-


ficiaes c prezentementeempregados na guar­
nição d'essa fronteira do Sul, que o conta­
gio não ha de infeccionar o nosso Território.
Amanhã ha de embarcar para a Corte no
Porto de Genipabú o meu Ajudante de Or­
dens, que por eauza de não cffectuar o seu
embarque na Cidade da Parahyba, deu lo-
gar, a que eu continuasse os meus Officios,
relatando os acontecimentos posteriores, e
que inscrevesse iTelles as copias, dos que rc-
cibi d’aquelle Coronel, e agora de V.Mcc.
afim de que S. Magestade fique logo inteira­
do do merecimento de taes Vassallos. De us
Guarde a V. Mcê. Cidade do Natal 18 de
Mareo de 1817.

J o s é I c. n a c i o H o r g e s .

DOC. N. 15.

Ao Director cJos índios de VilIn FIôi

A ’ esta hora que são sete da noite recebi


o seu Officio datado de hontem, com o ou­
tro do Capitão M ór das Ordenanças de
brancos. Preste V. Mee. o auxilio que lhe
pede o dito Capitão Mór, encaminhado
4f>

logo a gente ao Engenho do Cunhaú, dei­


xando comtudo n’cssa Villa guarnição sutfi-
cientc para accudir com cila aonde occor-
rer algum perigo, c execute d’aqui em dian­
te as ordens, que lhe dirigir também o Co­
ronel da Cnvallaria, André de Albuquerque
Maranhão.Deus Guarde n V.Mce. Cidade do
Natal 17 de Março de 1817.

Josk Io x a c io B o r g e s .

DOC. N. K5.

Officia <la Coronel André de Al­


buquerque Manmhfio.

Illus*1rissimo Senhor Governador


Recebi o oificio assignado pelo Ajudante
de Ordens interino, Antonio Marques do
Valte, de dezeseis do corrente, e o que V. S9
firmou com a mesma data;tudoquanto V.S9
n’elles me há ordenado, fica exactamente sa­
tisfeito, unicamente com a differença de fi­
car assentada a distancia commuai para a
reunião do Regimento do mea Commando
n’este Engenho do Cunhaú, e não em Goy-
anninha, não só pelo que V. S9 confiou de
mim esta arbitrariedade, como também por-
4l>

que a lo c a lid a d e offerece reservas que cm

o u tro s i t i o vse f a z e m im p o ss íve is n a presente

quadra, e m ais pela p r o x i m i d a d e d a lin h a

de d ivis A o das C a p ita n ia s . 0 C a p itã o M ó r

dás O r d e n a n ç a s d e V i l l a F l o r , e A r e z fica en-


e o r p o r a d o c o m m ig o c o m a s u a g e n te ; fica m
sentad os cinco p o s to s de d e fe za c o m m a n d a -
dos, o p osto da estrada Real da P a ra h y b a
e Pernam buco por um C a p itã o do meu Re­
g im e n to , e qu atro a ve n id a s tra n sitá ve is,
um a por um C a p itã o de O rd e n a n ç a s , o u tr a
por um Tenente do meu R e g im e n to , e duas
p o r d o is Alferes de O r d e n a n ç a s : e sta c a u te la
já h a via p re c e d id o a o r d e m de V . S ° n a es­
tra d a Real da Parahyba e Pernam buco,
ig u alm e n te h a v ia m a n d a d o a p p re h c n d e r to - .
da a p o lvo ta e ch u m b o que houvesse a ven­
der em m eu D istric to , e apenas adqu eri v in ­
te e d ois a rra ie is e tre z q u a r ta s de p o l v o r a
e q u a re n ta e u m c tre z q u a r to s de c h u m b o .
Requeri ao C a p itã o M o r das Ordenanças
um a ca ixa de p o lv o r a e n c a rtu c h a d a c e m —
b a i l a d a s q u e m e c o n f e r i o c o m t r e z m i l e seis-
^ c e n t o s c a r t u c h o s , t o d o s i n ú t e i s p o r se a c h a r
a p o lvo ra podre d o q u e lhe passei c o n h e c i­
m ento, e por este m o t i v o p a r a e x p e d i r u m
posto de defença recebi do mesmo m ais
sessenta c a rtu c h o s de o u t r a c a ix a que h a v ia
47

rezcrvado para a sua tropa, que a conside­


rei em melhor estado. As noticias dadas pe­
los viandantes são que os rebeldes do Capi­
tão Mor da Parahyba tem fermentado a
sua sedicção ate a Vdla de Mamanguape,
cujo Districto faz limites com o do meu Com­
inando, e por isso não faço a remessa da
polvora c chumbo apprehendida disposta
para o movimento do meu Regimento, por-
(jue a caixa que recebi do Capitão Mór das
Ordenanças c absolutamente inutil ; V.
porém mandará o que for servido. N ’esta
data faço sahir d’este Quartel dois índios
correios da Capitania do Ceará, c João I)a-
masceno que vem de Pernambuco para
essa Cidade, e o correio Balthazar da Rocha
que vem da Cidade da Parahyba, e todos
confirmam que a Povoação de Mamangua-
pe hontem ficara em tumulto, e os rebeldes
sem opposição, vão acompanhados ; e por­
que chegaram com mais demora faço prece­
der a V. S9 esta communicação. Deus Guar­
de a V S0. Quartel do Cunhatá, IS de M a r ­
Ço de 1S17.

A n d r é « ’A i m u Q U K R Q U E M a r a n h ã o .
4-8

DOC. N. 17.

Ao Coronel André de Albuquerque


Maranhão em resposta.

A ’ esta hora que c uma fia tarde recebi


o seu Officio datado em dezoito, e ficando
sciente do seu conteúdo, tenho a dizer-lhe,
que deixe em seu poder a polvora e chum­
bo que apprchendeu, para com ella, e com
nove arráteis e meio,e quatorze arrateis de
chumbo apprehendidos pelo Coronel Luiz
de Albuquerque Maranhão, que n'esta occa-
zião lhe serão remettidos para municiar os
cinco Postos, que estão estabelecidos, fa­
zendo também uso do cartuchame da se­
gunda caixa, que estava em poder do Capi ­
tão Mór de Villa Flbr, e Arêz, e que V. S9
me diz que estão em melhor estado, que os
da primeira. Na madrugada próxima pre­
tendo expedir d’aqui em direitura a V.S9duas
caixas de cartuchos de clavinaria cmballa-
dos, e segundo os seus avisos irei continu­
ando a remessa das munições. No estado
actual das coisas, que V. S" me expõe rc-
ctifico o meu plano de campanha, que lhe
determinei pelo meu officio da noite de
dezeseis acrescentando, que considerando
49

desde já como inimigo da Patria, e de nos­


so Augusto Soberano as partidas dos re­
beldes, que vierem marchando do Sul, os
repilla de viva força, fortificando de manei­
ra os seus Postos, que clles percam a espe­
rança de passar adiante, guardada, eomtu-
do a medida, que se sustentar sempre na de­
fensiva. As estradas, e avenidas cia Villn do
Seridó, que fazem a continuação da frontei­
ra, que V. S° guarnece, já estarão a esta
hora no mesmo pé cie defesa, porque já lhe
dirigi ordens com o mesmo plano de campa­
nha, epie prescrevi a V. S0 c consequenti-
mente tenho esperança, de que obrando-se
em toda linha com uniformidade de opera­
ções faremos inatacavel a nossa barrei­
ra. Apezar de V. S''1me não dizer o numero
de combatentes, que tem debaixo das suas
ordens, corre por aqui a noticia que passão
de dois mil, que segundo o numero de Pos­
tos, que estabeleceu, cuido que será força
sufficiente para com ella lazer o terror aos
rebeldes. Rcmetta-me V. S0 logo, e logo o
numero da gente, com que actualmcnte se
acha, o nome dos lugares, em cpte se estabe­
leceram os Postos, e dos Offieiacs, que os
commandam, e o numero dos combatentes,
que cada um tem debaixo das suas oídens»
50

Já expedi para a Corte do Rio de Janeiro o


meu Ajudante de Ordens* inserindo nos
meus Officios a copia dos de V. e do Ca­
pitão M ór de Villa Flôr, e Arez, porque
S. Magestade ficasse quanto antes inteira­
do do honroso desempenho de deveres, com
que V. S'Jc aquellc Capitão M ór se tem por­
tado. Deus Guarde a V. Cidade do Na­
tal 20 de Março de 1817.—
J o s é I g n a c i o IIo r g e s .

P. S. Já expedi ordem aos Direetores de Ín­


dios de Villa Flôr, e Arez para prestarem a
V. S° os socorros, que lhes pedir, c execu­
tarem as suas determinações.—

D O C . N . 18.

.-lo Coronel de Cnvallaria Commandan­


te do Dis trie to du Villa de S. José,
Lui'/. dyAlbuquerque Maranhão.

Recibi o seu officie» datado de hontem


com a noticia que lhe deram os portadores
da Utinga. Como porém tenho a fronteira
segura com os combatentes, que actualmen*
te se achão debaixo das Ordens do Coronel
dp divisão do Sul ernquanto d ’elle não rece-
b c r p a r t e elas operações m ilitares, que tiv e r
feito e m conse qu e ne ia d os m o v im e n to s .q u e
houverem a c o n te c id o n a P a r a h v b a , n a o re­
solva a organijcaçfto de c o r p o s de defença
n ’essa V i l l a d e S . J o s é , a t e p o r q u e receio en
commodar essa gente em u m a q u a d ra tA o
arriscada, sem u m m o tiv o le g itim o, o que
u à o o b s t a n t e V . S 9 c o n s e r v a n d o se n a m a i s
d isvellada v ig i lâ n c ia , nu* d irija c o m t o d a a-
ccelcraçAo as p a r te s d a s n o v i d a d e s , q u e lhv
fo re m c h e g a n d o , c os O tficios q u e m e vierem
re m e ttid o s por aquelle Coronel Com m an­
dante da d ivizA o do S u l.—D e us G u a rd e a
V. S w. C id a d e do N atal IS de M a r ç o de
1S17.
Jo S ÍÍ IGNACIO D0KGE8

D O C . N . lí).

Officio <lo Coronel André d'Albu­


querque Murutiluio.

Illu strissim o S e n h o r G o v e r n a d o r .—
R e c e b i o oifieio q u e V . S ° m e d i r i g i o c o m
data de vinte d o c o r r e n t e , e fico n a intelli-
gencia d o q u e m e o rd e n a , c das prevenções,
e cautelas, que me ensina, c de tu d o m ais
quanto 111c co m m u n ica . Fie A o a q u a rte lla.
o2

d a c duzentas e sete preças do Regimento do


meu Cominando, e no dia dezesete do cor­
rente', em que assentei o aquartellamento
compareceram seiscentos e tantos indivídu­
os das ordenanças, e pela imperícia dos Of-
ficiaes (Teste Corpo não posso dar a V. Sf>
conta exacta do numero aquartellado, mui­
to principalmente porque a esterilidade da
quadra não permittindo fornecer aceelera-
damenre mantimento para sustentação de
tanta trepa ; e para que não infastia-
sem o serviço e enfraquecessem os ânimos
impedidos pela tome,se acha licenciada mui­
ta gente das Ordenanças, porém todos com
ordem de não sahirem das suas casas, eeoin
signaes certos do rebate para accudirem a
qualquer precizão. Os postos de detença são
na Barra de Sagi, que de maré vazia dá
transito pela praia, commandado no pri­
meiro dia por um Alteres, e presentemente
por um Furriel e treze soldados, c ordem
para o tortitienr com os moradores dbaquel-
le sitio, que são bastantes. 0 da estrada
Real de Pernambuco e Parahyba, que tem
uma avenida muito próxima commandada
por um Capitão, um Furriel, e vinte e trez
soldados, e com a mesma ordem,outra ave­
nida próxima a mesma estrada commanda.
da por um Alteres com oito soldados e com
a mesma ordem.Oposto da estrada que vem
das Bananeiras, e do Brejo d’Arei:is com-
mandada por um Alteres e quinze soldados
reforçada pelos moradores que são excessi­
vos. Té o presente não tem havido novida­
des. Deus Guarde a V. S9 Quartel de Cu-
nhflú 22 de Março de 1817.—

A ndré de A lhuquerque M aranhão .

DOC. N. 20.

Officia <io Coronel André de Albu -

<juerque M nrnnhão.

1Ilustríssimo Senhor Governador.


Havendo de officiai* a V. S9 n’esta mes­
ma data diviso nos soldados e alguns Offi­
cines do meu Regimento não em todos, por­
que o Major, e o Ajudante, e ainda outros
Oftieiaes com promptidão c zelo estão con-
tormados a cumprir seus deveres, alguma
moleza ou cançasso, sem que comtudo haja
u’elles desobediência, por isso contemplan­
do cu, nue aquclle eancasso talvez proceda
de que, estando este Paiz na maior penúria»
e extrema necessidade de farinha por causa
54

da secca, e vendo que agora cahefn chuvas,


e podem fazer suas plantações para remi­
rem suas famílias, e não podem fazer ; n'es­
tas circunstancias faço esta a Y. S° coinmu-
nicando-lhe o exposto para que seja servido
dar alguma providencia, e a que me lembra
c ter aqarfellada uma companhia para com
a gente elas Ordenanças accudir algum caso
repentino, e mudar os postos de defença,
sendo aquella Companhia mudada dc oito,
em oito dias ; mas eu nada resolvo sem que
V. S9 me determine. Deus Guarde a V. S"—
Quartel do Cunhaú 22 de Março de 1817.

A ndré de A lbuquerque M aranhão.

DOO. N. 21.

ílliist rissimo Senhor Tenente Coronel


J o s é Ignacio Borges.

Vamos participar a V. S9 que este Go­


verno Provizorio tem deliberado que V. S9
seja remettido para Pernambuco para que
o Governo Provisorio (1’aquella Capitania,
a quem esta é sujeita, delibere o que for ser­
vido. 0 Capitão Mór da Parahyba, patrio­
ta João d’Albuquerque Maranhão enviado
do Governo da mesma, c encarregado de a­
companhar a V. S!-1. Nilo pode ser pennitti—
do a V. S9 vir a esta Cidade, mas pode ele­
ger pessoa, que venha arranjar a partida
da íllustrissima Senhora Dona Clara. Não
sendo do animo de alguns indivíduos deste
Governo, senão obsequiar a Y. S" e,estando
ancorado n’este Porto um Barco que lia de
velejar para Pernambuco, determinou o
mesmo Governo ao Mestre houvesse de pa­
rar aqui até que V. S,-Jdesse as convinientes
ordens para o embarque do seu facto. Deus
Guarde a V. S9 por muitos annos. Casa do
Governo Provisorio do Rio Grande do Nor­
te 29 de Março de 1817.—André de Albu­
querque Maranhão.—Antonio Germano Ca­
valcante d'Albuquerque. Antonio da Rocha
Bezerra. Joaquim José do Rego Barros. Fe­
liciano José Dorncllas.—

DOC. N. 22
Protesto do Governador José Ignacio
Borges.

O abaixo assignado Governador d’esta


Capitania por S. Mngestade Fidellissima,
56

actualmente preso no Engenho do Belém,ao


chamado Governo Provisorio, protesta
pela aggressão feita, ou epie se possa fazer
dos seguintes artigos :
Primeiro. Pelos imprescritíveis e inalie­
náveis direitos de Soberania de S. Magcsta-
de ao território d’esta Capitania. Segundo.
Por todo o armamento, e munições de guer­
ra que se acharem nas Estancias militares.
Terceiro. Pelo numerário que existir nos
seus cofres, e o que houver de entrar por
conta dos pagamentos que se estão a ven­
cer. Quarto. Pelas vidas c fazendas de seus
fieis vassallos existentes na Capitania.—
Engenho de Belém na Capitania do Rio
Grande do Norte, 3 de Abril de 1817.—

J osé I g nac io B o r g es .
Officia do Governador José Igna­
cio Borges no fle Pernambu­
co sobre os Membros do Governo
Provisorio.

Illustrissime) c Ex.vllentissimo Senhor.—


Na minha chegada a esta Capital achei
em plena liberdade o Capitão Commandan­
te da Companhia de Linha, Antonio Germa­
no Cavalcante, o Coronel de Milicias Joa­
quim José do Rego Barros, o Capitão deMi-
Hcias Antonio da Rocha Bezerra, c o Paro-
cho da Cidade, FelicianoJosé Dornellas, que
todos haviam sido membros adjunctos do
C hefe da rcbel 1ião, And ré de Aîbuquerque M a ­
ranhão debaixo do intamee copiado titulo de
Governo Provisorio, Cumprindo-me pois
prendê-los logo,como réosdo horrorozo e ma­
nifesto cri mede uzurpação da Real Soberania»
o não tenho feito por querer levar primeiro
a presença de V. Exeia. as seguintes refle­
xões. A consideração que cada um d’estes
homens merecia, ou por seus empregos, por
seus créditos individuaes.équeinduzio aquel-
«e Chefe de rebelhão a nomeal-o como eom-
plcirjento do formulário praticado nas Capi­
tanias de Pernambuco e Parahybn, de quem
elle seguia os traços e isto mesmo advertido
pelo scu preeeptôr João Damasceno Xavier
Carneiro, como se prova por um bi­
lhete que está appcnso aos documentos que
lhe dizem respeito ; e sendo certo que se ex-
eusavam, também o é que os ameaçou com
a pena de traidores a causa que promovia
que na sua legislação era a morte. N ’este a ­
perto só lhe ficava a alternativa da fuga,
porem não o podiam fazer por mar por falta
de embarcações de navegação alta, e nem
por terra por asseverar aquelle traidor que
a Capitania do Ceará estava de accordo
com elle, a que não obstante o Antonio da
Rocha mandou apromptar cavallos na sua
fazenda, para sahir n elles, o que não fez poi­
se adiantar a contra revolução. Cuidaram
portanto, de convencer ao publico pela sua
eonducta, que representavam forçados aquel­
le papel até que tivessem opportunidade de
se mostrarem fieis ao Soberano de quem
eram vassallos, o que praticaram na contra
revolução do dia vinte e cinco de Abril, onde
o Capitão Antonio Germano appareceu á
testa dos Realistas e veio prender o traidor
dentro de sua casa ; e entrandodepoiscoruo
primeiro Membro do Governo Interino por
parte de S. Magestade na comfonnidade do
Alvará de doze de Dezembro de mil seteeen-
tos e setenta, desempenhando também os
seus deveres, que foi applaudidodoExcellen-
tissirao Senhor Rodrigo José Ferreira Lobo
quando Commandante do Bloqueio, com
quem se correspondia. 0 CapitAo Antonio
da Rocha, foi n’esta occnzião encarregado
de dar signal de opportunidade, c o Vigário
Fcliciano José Dornellas ligou-se desde o
principio com os Realistas, e servia-lhes para
lhes delatar o que se passara nas sessões do
Governo. Ao Coronel Joaquim José do Rego
Barros, não fizera parte da contra revolu­
ção talvez por nao defundir o segredo ])or
tantos, porém apenas arrebentou, deu as a~
mostras mais positivas dos desejos em que
ardia por aquelle acontecimento. A tudo
•isto poderia acrescentar, que o conhecimen­
to individual que tenho d’elles, me induz a
ntfirmar que foram e são fieis vassallos de S.
Magestade.* Sacrificados no terrorismo d’a-
quelle traidor, sendo talvez a culpa mais no
tnvel do Coronel Joaquim José do Rego, c
do Capitão Antonio Germano Calvaeante,
o obdecer lhe quando os chamou ao Enge­
nho de Belém, e a d ’este ultimo mais a g ra ­
vante, por ser o Official, a quem confiei o
Commando da Cidade na minha auzencia
Se porém Y. Excin. não julgar attendiveis
00

estas reflexões, determine-me a prisão e re­


messa d’elles, que executarei com pontuali­
dade. Servia de Secretario ao infame Gover­
nador, Guilherme dos Santos Lazes, Escri­
vão na Villa de Extremoz. miserável, cha­
mado pelo traidor para o emprego pela qua­
lidade dc bôa lettra e alguma intelligencia,
o cjual também achei em plena liberdade.
Determine me V. Exeia. o que hei de praticar
c m este individuo. Deixei igualmente dc
prender o Sargento Mór Ajudante, e um Ca­
pitão do Regimento de Cavallaria Milicia­
na da Repartição do Sul, que vinham nas fi­
leiras quando o Regimento acompanhou o
traidor para me premier no Engenho de.
Belém, porque a excepção do Tenente José
Manoel da Paixão, que também vinha c a­
gora remetto preso, todos os mais ignora­
vam o fim a que se dirigiam, e depois não
foram senão méros instrumentos passivos
das operações do seu Chefe,compellidospelas
suas ameaças e subordinação Militar, o que
não obstante executarei o que V Excia me
determinar, previnindo desde já, a V. Excia
que accordando prisão de todos estes indi­
víduos, me mande logo trez Officines para
commandera Companhia de Infantaria de
Linha, o Regimento de Infantaria Miliciana
<1a Cidade e o de Cavailaria da Repartição
do Sul, porque o estado actual d’estes Cór-
])os não fornecem Officiaes para supprir os
(pie estão Conimandando.—Deus Guarde a
pessoa de V. ExcP. Cidade do Natal 14 dc
Julho de 1817. Illustrissimo c Excellentissi-
tno Senhor Luiz do Re,tip Barreto.—

J osé I g nacio B orges

Officio no Governador de Pernambuco


sobre o movimento republicano na
Villa de P o rt'Alegre.

Excellai tissi mo Senhor :


Depois de proclamada n’esta Cidade, no
dia vinte e cinco de Abril a Real Soberania,
expedio o Governo Interino os preeizos avi­
sos ás Villas da Capitania, para que as au-
ctoridades constituídas levantassem ali as
Reaes Bandeiras. Os Correios porém, que le­
vavam os da Villa de Portalegre, cujo
Districto se limita com os da Villa de Sou­
za da Capitania da Parahyba. tiveram a
má fortuna de serem encontrados por
um malvado David Leopoldo Sargini, Emi-
sario dos rebeldes d’aquella Capitania, á
<V2

•tcstn dc uma escolta de canalha armada


que os prendeu antes de chegarem ao seu
destino, e sabendo pelos ofticios e car­
tas dos acontecimentos da Cidade, tor­
cou a mais alguns moradores a que en­
grossassem o seu bando, e com elle
marchou a Villa, a onde associando-se ao
Vigário João Barbosa Cordeiro, que lhe
era semelhante em caracter, chamaram as
pessoas para quem iam os officios do Go­
verno, e outros de mais alguma considera­
ção, e depois de os atemorizarem com o par­
tido, que tinham armado, com as ordens
despóticas,que levava da Pnrahvba, e com
o numero das forças, que levavamcomman-
da d asporu m Miguel César, emissário dos
rebeldes de Pernambuco, os obrigaram a
que installassent um Governo, para debai­
xo das suas ordens fazerem marchar forças
contra as Villas, onde se tivessem levanta­
do as Reaes Bandeiras, edepois encaminha­
rem-se a Capitania do Ceará. Foram mem­
bros d’este Governo o infame Vigário João
Barbosa Cordeiro, o Tenente Coronel Le­
andro Francisco dc Bessa, o Sargento M ó r
José Francisco Vieira dc Barros, o Capitão
Manoel Joaquim Palacio, e o Tenente Feli-
ppe Bandeira de Moura, todos da Ordenan-
03

ça montada d ’nqiudla Villa. liste* infâme


Governo, que teve logar no dia clezde Maio.
foi nniquillado no fini de nove (lias de dura­
ção pelos mesmos quatro Officines, que eram
membros d’elle,levantando as Rcacs Bandei­
ras no dia dezenove com manifestas pro­
vas de jubilo, e socorro dos póvos do Distri-
eto, que com cautclla ha viam junctado, e
tendo precedido na vespera a fugida dos
dois Revolucionários David, e o Vigário,
que foram presos na Capitania da Parahy-
ba. 0 Govc.no Interino d’esta Cidade tez
marchar da Villa da Princeza um Corpo de
Tropa a prender osmembrosdo nniquillado
Governo, e seus promotores, o qual cffectu*
ou a prisão do Tenente Coronel Leandro
Francisco de Bessa, do Capitão Manoel
Joaquim Palacio, do Tenente Felippe Ban­
deira de Moura, e achou já preso, a instan­
cias do Official Commandante das forças
do Ceará, estacionadas na sua Fronteira,
o Sargento Mór José Francisco Veira de
Barros, por noticias d’elle haver introduzi­
. do na sua Capitania cartas incendiarias
a favor da rebellião, deixando de prender o
Padre Gonçalo Borges de Andrade, socio
dos principacs cabeças David, Vigário, por
ter fugido com elles. Estes presos actual-
(>4

mente recolhidos na Cadeia (l’esta Cidade,


apresentarão.me os requerimentos que
com este levo a presença de V. Excia
para bem lhes deferir, ou pelo mereci­
mento dos seus documentos, ou em conse­
quência de outra medida de exame a que se
mande proceder, previnindo desde já, a V.
Excia., que não tenho procedido a exame
judicial da eondueta d’estes, e dos outros,
que embarquei na Escuna “ Foguete,” por
meio de devassa e interrogatórios, por não
ter Ministro Lettrado, que o taça, visto
que o Corregedor d esta Comarca, o é tam­
bém da da Parahyba, e nella'se acha occu-
pado em diligencias da mesma especie. Pos­
so porém asseverar a V. Excia., que a opi­
nião publica os não condena, antes attes­
ta a narração, que acabei de lazer, e que se­
gura das suas consciências se apresentaram
voluntariamente ao Olficial Commandante
da Tropa que os foi prender. Quanto ao
Sargento M ór José Francisco Vieira de B ar­
ros, accusado pelo Governo do Ceará de ha­
ver espalhado cartas incendiarias n’aquclla
Capitania, pedi ao Governador, por officio
de primeiro de Julho, que me remettesse os
documentos d’esta accusação para com elles
convencer o preso que absolutamente nega
o facto ; porem até hoje ainda nAo os rece­
bi. Estou na intelligencia de os remetter a
presença de V. Exeia na Sumaoa “ Passos”
e“ Victoria” que ha de sahir d'aquiem prin-
picios de Setembro, se V.Excia.em antes me
não determinar o contrario.—Deus Guarde
a pessoa de V. Exeia —Cidade do Natal, 15
de Agosto de 1817. Illustrissimo e Excellen-
tissimo Senhor Luiz do Rego Barreto.—

José Ig n a c io B o r g e s .

Ofllcio ao Governador de Pernambuco


Illustrissimo c Excellentissimo Senhor :
Pelo meu oflieo numero treze em que tiz a
V. Exeia.o Relatorio da renascida rebellião
na Villa de Porto-Alegre d’esta Capitania, e
lhe enviei os requerimentos, e paneis, que
me apresentaram os quatro cúmplices, que
aqui estavam presos, participei também
que estava na inteliigencia de os remetter
na Sumaea«Passos», e Victoria», que tinhào
de sahir para esse Porto ; e posto que V.
Exeia. respondendo-me a este Officio, me di-
fferisse a resposta circunstanciada d ’este ne­
gocio, para quando se ultimasse o exame d ’
aquelles papeis enviados, comtudo,como me
GG

não determinou positivamente,que os deixas­


se de remetter, e a sua condenação, ou jus­
tificação, depende necessariamente de serem
interrogados perante o Juiz que os lia de jul­
gar, e acareados com os principaes cúmpli­
ces, David Leopoldo Sargini e o Vigário
João Barboza Cordeiro, que ora os julgo
nessa Praça remettidos da Capitania da
Parahvba, acrescendo a isto, não ter espe­
rança de melhor oecazião de remessa,fiz em­
barcar na referida Sumaca «Passos» e «Vi­
ctoria». entregues ao Mestre Jose Antonio
de Souza,o Tenente Coronel Leandro F ran­
cisco de Bessa, o Sargento M ór José Fran­
cisco Viera de Barros, o Capitão Manoel
Joaquim Palacio, e o Tenente Felippe Ban­
deira de Moura, todos da Ordenança mon­
tada da indicada Villa de Portalegre, e
levo a presença de V. Excia. os novos re­
querimentos, que me apresentaram o pri­
meiro, e segundo rco. Levo também as co­
pias autenticas de documentos que me re-
metteu o Governador do Ceará, por effeito
de requesição minha, deixando de me reme­
tter os originaes, por me dizer, que os ti­
nha mandado para a Secretaria de Estado.
Cuido que a medida que tomei não será des-
approvada pou. V. Excia attentos os mo-
07

tivos que pondeirej, e ainda mais, porque


nas actuaes circunstancias supponho hem
entendida politica não ter presentes cm uma
terra pequena, esta qualidade de presos a
vista de parentes, c amigos. Não mandei
sumniariar os presos a exemplo do que V.
Excia mandou praticar com os que embar­
quei na Escuna «Foguete», porque, para o
fazer aqui na iuinha presença, care­
cia testemunhas de oitenta léguas dc dis­
tancia (que tanto dista d’esta Cidade n Vil­
la em que foi commettido o delicto,) e para
o mandar Inzer lá, faltava a minha assis­
tência, aliás necessária com os actuaes jui­
zes ; careço portanto dc nova Ordem dc V-
Excia sobre este negocio ; e até me lembra,
que o Juiz dc Fóra de Goyanna, que ora o
supponho dezembaraçado, por estar pre­
sente o Corregedor, poderia muito bem ser­
vir para esta diligencia.—Deus Guarde a
pessoa dc V. Excia. Cidade do Natal, 17
dc Outubro dc 1817, lllustrissimo e Excel-
lcntissirno Senhor Luiz do Rego Barreto.

José I g n a c io B o r g e s .
68

Documentos reterentes no ofílcio


retro.

Qualquer Capitão M ór Commandanfcc,


ou qualquer oittra auctoriclacle da nossa
Província, a quem esta fôr apresentada,
dará o auxilio que lhe requerer o patriota
David Leopoldo Targini, que sahe d’aqui a
unir-se com o patriota Miguel Joaquim Cé­
sar, que sahe do Estado de Pernambuco,
e ambos vão encarregados de importante
deligencia a bem da Patria em commum,
não se lhe devendo difficultar meio algum,
dos que cooperarem para odicto fim. Casa
do Governo Provisorio da Parahyba 17 de
Abril de 1817, o I o da Independencia.—
Francisco José da Silveira.— Francisco X a ­
vier Monteiro da Franca.—Ignacio Leopol­
do d’Albuquerque M aranhão.—0 Padre
Antonio Pereira d^lbuquerque.—Reconhe­
ço as lettras das firmas supra serem dos
proprios punhos de Francisco José da Silvei­
ra, Francisco Xavier Monteiro da Franca,
Ignacio Leopoldo d’Albuquerque Maranhão,
e o Padre Antonio Pereira d’ Albuquerque,
por ter de todas inteiro conhecimento, do
que dou té. Pombal 4-de Julho de 1817.—
Estava o signal publico.—Em te e testemu­
09

nho cie verdade o TabelliAo publico interi­


no João José de Macedo.—Fica lavrado no
livro sessenta e dois, de notas d'esta Villa a
folha vinte e dois verso. Pombal 5 de Julho
de 1817. O TabelliAo publico interino JoAo
José de Macedo.—Numero cento e trinta e
sete.—Pagou de sello quarenta reis. Pom ­
bal 5 de Julho de 1817.—Barbosa Macedo.
Está conforme. No impedimento do Secreta,
rio, o ofticial da Secretaria, Vicente Ferrei­
ra de Castro e Silva.—David Leopoldo foi o
emissário encarregado da rebelliào da Ser­
ra do Martins, e do ataque cio Ceará por a-
quelle lado. Veja-se o documento numero
quatro. Miguel Joaquim César loi encarre-
5ado de atacar o Icó. A diligencia impor­
tante de que ambos vinham encarregados
«ra o ataque da Companhia do Ceará si-
multamente em muitos pontos.—
70

DOC. N.2.

lIlustríssimo Pútrido Senhor Capi­


tão Manoel da Cunha Pereira.

Villa clc Porta Alegre 18 de Março de


1817.
Amigo, os deveres de amisade, e o do
patriotismo me moveu a offerecer-me a
Vmcê. no mais apertado lance, que bem
julgo ser o que pela repugnnneia do seu Go­
vernador passa Vmcê. na restauração da
nossa Patria, c Liberdade. A minha pessoa,
e bens sacrifico ao seu querer, eomdusindo
cômmigo a gente necessária em seu socorro,
e da Patria, uma vez que a nossa teve a fe­
licidade de já respirar. A nossa divisa é a-
quella mesma que a da nossa Patria Per-
nambuca, a quem com as armas na mão de­
vemos seguir, e defender, afim de que estes
Déspotas da tirania levem o diabo, bem
como a seu Governador. O nosso Patrício
honrado, o Padre Gonçalo Borges, também
lhe participa o mesmo, e a sua efficacia é a
muita resignação. Desejo que me responda,
e que seja feliz pois sou seu amigo e Patricio
José Francisco Vieira de Barros.—Reconhe­
ço ser a lettra, e firma da carta supra do
proprio punho do Sargento M ó rjo sé Fran-
71

cisco Vieira de Barros, ao que jurarei sc


preciso for. Villa da Fortaleza 13 de Agos­
to de 1817.—Mathias Fernandes Ribeiro.—
Reconheço ser a lettra, e firma da carta re­
tro do proprio punho do Sargento Mór
José Francisco Vieira de Barros, o que
jurarei se precizo tôr. Villa da Fortaleza 13 .
<le Agosto de 1817. José Alves Feitoza.—
Reconheço ser a lettra, e firma da carta
retro do proprio punho do Sargento M ór
José Francisco Veira de Barros, o que jura­
rarei se precizo fôr. Villa da Fortaleza 13 de
Agosto de 1817.—Leandro Custodio de Oli­
veira Castro. Reconheço serem as lettras, c
firmas dos trez reconhecimentos supra dos
proprios punhos do Capitão Mathias Fer­
nandes Ribeiro, do Capitão M ór José Alves
Feitoza e do Sargento-Mór, Leandro Cus­
todio de Oliveira Castro, do que dou fé. Vil­
la da Fortaleza 13 de Agosto de 1817. De
meus signaes seguintes de que uso, escrevi e
assignei.—Estava o signal publico.—Em fé
e testemunho de verdade, o Tabellião Pu­
blico Antonio d’Oliveira Castro.Está confor­
me. No impedimento do Secretario, o Offici­
al da Secretaria, Vicente Ferreira dc Castro
e Silva.— A data d’esta carta deve scr 18 de
de Abril como se conhece pela combinação
cóm o documento numero trez. Veja-se o
documento numero um.

DOC. N. 3.

lllustrissimo amigo c Patriota.

Viva a Patria.—Depois de ter as notici­


as, que vos mando entrareis no conhecimen­
to da causa :Eu com todos os Patriotas nos
offcrccemos a libertar-vos docaptiveiro com
muita gente e muito tudo, porque temos
animo, e só queremos o vosso sim, ou n£o,
ajuda e socorro, e também escrevo a M a ro ­
to, para que junctos deliberemos o que de­
vem seguir. Segredo e mais segredo. Eu es­
colhi a Bento Bandeira para ser o correio
d’estas cartas.Queremos entrar por detraz
da Serra, e descer de Rio abaixo do Araca-
ty, e passaremos então ao Forte, e subju­
garmos o Tyranno. que é só quem falta.
Responda-me, e veja que não estou bêba­
do.—Santa Clara 19 dc Abril de 1817. 0 l 9
da nossa liberdade.—De vosso amigo e pa­
trício—O Borges.—Reconheço ser a lettra e
firma da carta supra do proprio punho do
Padre Gonçalo Borges, ao que jurarei se
preciso fôr. Villa da Fortaleza 13 de Agos-
to de 1817. Mathias Fernandes Ribeiro.—
Reconheço ser a lettra e firma da earta su­
pra do propio punho do Padre GonçaloBor-
ges de Andrade, por ter visto muitas vezes
escrever, c ter muitas lettras d’clle em tudo
semelhantes, como jurarei se preciso tor. Vil­
la da Fortaleza 13 de Agosto de 1817. —
José Alves Feitoza. Reconheço ser lettra e
firma da earta retro do propio punho do
Padre Gonçalo Borges d ’Andrade, o queju
rarei, se preeizo fôr. Villa da Fortaleza 13
de A g o s ' o de 1817. Leandro Custodiou’
Oliveira Castro.—Reconheço serem as let­
tras e firmas dos trez reconhecimentos re­
tro, e supra dos propio* punhos do Capitão
Mathias Fernandes Ribeiro, do Capitão
M ór José Alves Feitoza, e do Sargento
M ór Leandro Custodio d’Oliveira Castro,
'do que dou té. Villa da Fortaleza 13 de A ­
gosto de 1817. De meus signaes seguintes
de que uso, escrevi e assignei.—Estava o si­
gnal publico. Em fé e testemunho de ver­
dade. 0 Tabellião publico Antonio de Oli­
veira Castro.— Viva Deus, a Patria e a Li­
berdade.—O Capitão Manoel da Cunha Pe­
reira. meu amigo.—Guarde Deus.— Bpnquei-
rão.—Está conforme. No impedimento do
Secretario, o official da Secretaria., Viccn-
te Ferreira de Castro Silva.—Vcjào-se os
documentos numeros um e dois.

DOC. N. 4.

Meu David.—

Valha-me os Ccus ! Frio, morno c amor­


tecido li as linhas da vossa carta: mas oque
é que me tens n'este lethnrgo ? A noticia 6
talsa, o povo é leal, e sucedeu esse embuste,
o parto é do falsario Governador do Cea­
rá.—Meu amigo, as ordens que tivestes me
são assás necessárias, apezar de tereucomo
Padre Luiz vencido todos os obstáculos,que
nos apresentavam homens poucos pensado­
res.Esta vai escriptajá na perna do estribo,
e saio para o Icó com muita gente toda bem
armada, bastante munição. Farei marchar
essas trépas para a dita Villa, que lá espe­
ra por vós para d’alli marchamos a vingar
os successos d’esse heroe, de quem fará men­
ção a posteridade, caso seja certa essa in­
fausta noticia. 0 Capitão-M ór José Pereira
Filgueira vem com a sua gente a nosso so-
ccorro. Aindependencia do Cráto foi feita
no dia quatro, e agora respondo a carta do
meu amigo Martiniano. Adeus meu amigo,
75

não vos aparteis um só ápice da minha or­


dem, que a vossa vida corre risco entre a
tyrannia d'esses pervesos partidários do
Governo.—Acccitai um abraço, e adeus, dc
vosso fiel amigo.—Fazei marchar infalivel­
mente as tropas, para onde vos determino
para o Icó, e fazei-me avizar da vossa mar­
cha.—Villa de Souza nove do l ° - - 0 P atrio­
ta Miguel Joaquim César de Mello. Lança­
do no livro sessenta e dois de notas d’est a
Villa á tolhas vinte c nove. Pombal 5 de Ju­
lho de 1817. O Tabellião publico interino
JoãoJosédeMacedo.—Numero trez mil cento
e trinta e sete — Pagou de sellos quarenta
reis. Pombal 5 de Julho de 1817. Barboza.—
Macedo.—Reconheço ser a lettra.e firma da
carta retro do propio punho de Miguel Joa­
quim Cesarde Mello,intitulado Inspectôr das
Tropas do maldicto Governo Provisorio, de
nefanda memória, porter visto outras em
tudo semelhantes, de que dou fé. Pombal 4
de Julho de 1817. Estava o signal publico.
Em fé e testemunho de verdade.—O Tabel-
liâo Publico interino,João José de Macedo.—
70

DOC. N. 5

Ao Patriota David Leopoldo Targini.

Guarde Deus.—Carta do serviço da Pa-


tria.—Onde se achar.—Este portador volte
e mandai outro com a resposta ; porém que
saia para o Icó.—Onde chegar este porta­
dor com o animal fraco, qualquer a hem do
serviço da Patria dê um animal.—Padre
Luiz José.—Reconheço ser a lettra, e firma
da carta escripta juncto ao subscripto do
Reverendo Luiz José Correia de Sá, por ter
» d’ella inteiro conhecimento, do que dou fé.
Pombal 4 de Julho de 1817.—Estava o si­
gnal publico.—Em testemunho de verdade
0 Tabellião publico interino, João José de
Macedo. Está conforme. No impedimento
do Secretario, o Official da Secretaria, Vi­
cente Ferreira de Castro e Silva.—Esta ear.
ta mostra bem, quanto já em 9 de Maio o
seu auctor se achava desanimado, e quanto
o Padre Luiz José Correia de Sá coperou
com os demais revolucionários.Para melhor
intclligencia d’esta carta veja-se o docu­
mento numero um.
Officio do Governador José Ignacio Iiorges
ao cie Pernambuco
Illustrissime) e Excel lentíssimo Senhor.
Por etfoito da requisição, que me tez oDes-
cmbargadôr do Paço, Bernardo Teixeira
Coitinho AlvaresdeCarvalho, Presidente da
Alçada, levo a presença de V. Excia. os se­
questros que aqui se procederam sobre os
bensdos réos de inconfidência, e alta traição
deseriptos na relação junta, c com elles ou­
tro, que mandei taxer nos da tallecida D.
Antonia Josephh do Espirito Santo Ribeiro,
mãe do primeiro Chefe de rcbelliào, André
d’AIbuqucrqi.e Maranhão,para bem de se de­
duzir o que vier a caber aos reo> inconfidentes
seus herdeiros. Não envio os sequestros dos
réos Leandro Francisco de Beça, Manoel
Joaquim Palaeio, José Francisco Vieira dc
Barfos, e Fellippe Bandeira de Moura, to­
dos remettidos na Sumaca “ Passos”, e “ Vi­
ctoria” , assim como os dos seus cúmplices,
o Vigário João Barboza Cordeiro, e Padre
Gonçalo Borges d’ Andrade, que foram pre­
sos na Capitania Parahyba, d’onde haviam
de ser remettidos, porque ainda me não vie­
ram da Villa de Portalegre, cm cujo ter­
mo são todos moradores, o que farei logo
que aqui me cheguem. No sequestro cio pri­
meiro Chefe cie rebellião, André d’Albuquer
que Maranhão a folhas très, verso, se refe­
re á achada cie uma carteira com papeis re­
lativos á rebellião, que foram entregues ao
Governo interino sem se descreverem, falta
que talvez desse lo ga ra o s acontecimentos
craquelle dia, que foi o mesmo da restaura­
ção d'esta Cidade. Achei n'esta Secretaria
uma i>orção de papeis isolados, que medisse
o Governo serem aquelles, dos quaes esco­
lhi corno necessários, os documentos que
mandei a V. Excia. com o relatorio de es-
pecies nue podiam servir para instrucção
dos processos, e o resto vão agora emmas-
saclos debaixo, cie titulo preciso. A vinte e
oito se accusa também a achada no En­
genho cm cpie morava, de diversos maços
de papeis, c livros de contas correntes par­
ticulares, que foram trasidos para esta Pro­
vedoria da Real Faz.enda, os quaes sendo-
me apresentados na minha chegada, e to­
dos examinados em minha presença, apar­
tei tudo que dizia respeito a titulos cie pro­
priedades d'elle, e da sua casa, assim como
as clarezas, e recibos necessários a multipli­
cidades das suas contas, e niett.i em quatro
grandes sa ecos, todos os mais que julguei
70

puramente ociosos e imiteis, c que elle, por


espirito de vaidade, guardava para osten­
tar de grande escriptorip. Determine me
pois, V. Exca. si, não obstante a qualidade
de taes papeis, os deverei remetter, em cujo
caso conv-em saber, que este malvado por
si, e pela administração da casa de sua mãe-
era homem que mais envolvido estava em
negocios n’esta Capitania, acrescendo a isto
ter uma escripturação pouco clara, e falta
de consciência nos seus contractos,eajustes,
e por isso menos os papeis que reputo oecio-
zos, todos os mais por bem da Real Fazen­
da, são aqui de absoluta necessidade para a
liquidação das dividas passivas, c activas,
e legitimidade dos bens, sobre o que ja se
principiam a agitar questões, entre as qun-
es haverá algumas, que tinham por princi­
pal fundamento o antigo rifão, «de que ho­
mem morto não falia.» Levo também a pre­
sença de V. Ex9 cmmassados debaixo de
preciso titulo, todos os papeis, que estavam
espalhados pela Capitania, produzidos em
tempo dos rebeldes, inclusive os termos, e
registros que se fizeram em alguns archivos,
e mesmo autosjudiciaes, que tiveram logar
n’aquelle tempo; tudo recolhido por etteito
das minhas Ordens, para bem de não
80

transmittirem á posteridade o testemunho


da vergonhosa, e aniquillada rebellião. Tan­
to este maço como outro de que já fallei,vão
cosidos em uma. capa de panno branco,
marcados com o nome «Pernambuco». De­
termine-me V. Exeia si por effeito da re­
quisição do Presidente da Alçada, deverei
d’aqui em diante entender-me directa mente
com elle sobre este objecto, ou si continuo a
dirigir-me a V. Ecia., visto que, segundo a
minha intelligcneia, o officio d’aquelle M a ­
gistrado, não tem sufficiente claresa sobre
esta marcha ; no entanto acautellei- me re­
petindo para elle um Officio igual a este,que
no caso de assim continuar, não deixa de
me ser trabalhoso.—Deus Guarde a pessoa
de V. Exeia—Cidade do Natal 20 de Novem­
bro de 1817.—Illustrissimo e Excellentissi-
mo Senhor Luiz do Rego Barreto.—

José I g n a c io B o k g k s.
81

Relação dos réos dc inconfidência, e alta


traição da Capitania do Rio Grande
do Norte, de (jue agora se remettem
os autos dc sequestros.

André dc Albuquerque Maranhão,


primeiro Chefe de rebelliao, Coronel que toi
do Regimento de ('avalia Ha Miliciana da Re­
partição do Sul d'ecta Capitania, preso e
mortalmente ferido pelos fieis Vassallos de
Sua Magestade no dia 25 de Abril de 1817,
falleeido na eadeia da Fortaleza dos Santos
Reis no dia 20 inimediato. Luiz d’Albuquer-
que Maranhão, que era Coronel do Regi­
mento de Cavallaria Miliciana d’esta Cida­
de, e Villa de S. José, preso no Brejo de B a­
naneiras, na tugida que fazia, e recolhido ás
Cadeias d’esta Cidade em 21 de Maio de
1817. André d ’Albuquerque Maranhão, que
era Capitão M ór das Ordenanças de Villa
Flôr e Arez, preso em terras do Engenho
Tamatanduba, na fugida em que ia, e reco­
lhido ás Cf deias d’esta Cidade em 12 de
Maio de 1817. Luiz Manoel d’Albuquerque
Maranhão, preso em Curimatahú,recolhido
ás Cadeias d’esta Cidade em 22 de MaioVle
1817, indo cm fugida. José Ignacio d’Albu-
querque Maranhão,que era Tenente Coronel
82

do Regimento de Cavallaria Miliciana da


Repartição do Sul d’esta Capitania, sem ter
ainda apresentado Patente Regia, preso
n’esta Cidade, onde se achava, òm 20 de
Junho de 1817. José Manoel da Paixão,
Tenente do Regimento de Cavallaria da Re­
partição do Sul, preso em sua casa em 29
de Junho de 1817,recolhido âsCadeiasd’esta
Cidade. João da Costa Bezerra, preso na
Ponta Negra, e recolhido ás Cadeias d’esta
Cidade em vinte e seis de Abril de mil oito-
eentose dezesete.Padre João Damasceno X a ­
vier Carneiro, Vigário na Freguesia de Una,
na Capitania de Pernambuco, e actualmen­
te n’esta, ]>or ter sido nomeado visitadôr da
Capitania do Ceará, preso n’esta Cidade em
casa do primeiro Chefe de rebellião, e reco­
lhido ás Cadeias da mesma em 25 de Abril de
1817; fallecido em 25 de Julho d’este anno,
a bordo da Escuna Foguete.(* ) Antonio de
Albuquerque Monténégro, Vigário da Pre-

(*) A Escuna Foguete arribou no dia 18 de julho de


1817, por defeito de monçflo, ao porto de Pititinga. doze le
giias do porto de Natal,e ahi falíeeeu o Padre JoSo Damasceno
Xavier Carneiro, de que faz menção a relaçíio supra. (Officio
de José Ignacic Borges ao Capitfto General de Pernambuco,
de 28 de julho do mesmo anno, existente na Secretaria do
Governo d’aquclle "stado.)
V icente de L emos .
83

guesia de Goyanninha, n’esta Capitania,fu­


gido em 27 de Abril de 1817. Total, nove. —
Cidade do Natal 20 de Novembro de 1817.

José Ignacio B orges..


C o n fo rm e .
Recife. Directoria do Interior, 25 de Se­
tembro de 1002.
O Director, A n t o n i o Gomes L e a l .
Conferi. Rego .

Adhesão ao movimento revolucionário


pelos moradores da ribeira do Apody.
O Coronel de Milicias José Francisco Vi­
eira de Barrosao ter conhecimento do movi­
mento revolucionário na cidade do Natal, e
djsejando estendel-o aos sertões convocou
uma reunião politica na villa de Port’Ale-
gre, em casa de residência do Padre João
Barbosa Cordeiro, vigário da Freguezia,
onde foi lavrada uma acta de adhesão ao
governo de André de Albuquerque M a ra ­
nhão. Foram estes os que tomaram parte
na reunião e assignaram a acta : Padre
João Barbosa Cordeiro, Capitão Leandro
Francisco Cavalcante de Albuquerque, Co-
84

ronel Josc Francisco Vieira de Barros, de


P ort’Alegrc ; Capitão Antonio Ferreira C a­
valcante, do Martins ; Phelippe Bandeira e
Phclippe Bandeira Filho, do Patú ; Padre
Faustino Gomes de Oliveira, Capitão Josc
Ferreira da M otta e Capitão Manoel P'rei-
re da Silveira, do Apody ; Coronel João
Francisco Fernandes Pimenta, José Alexan­
dre Pimenta, Manoel Fernandes Pimenta,
Capitão Manoel Alves Maia, do Catolé do
Rocha.
O seminarista José Ferrcirada Motta, que
se achava no seminário de Olinda reunido
n uma pleiade de colleges, havia adherido
ao movimento republicano de Pernambuco,
c escreveu a seu pae Capitão José Ferreira
da Motta, para mandar uma pessoa de con­
fiança a Pernambuco afim de receberinstru
cções sobre os planos revolucionários.
Na reunião política de P ort’Alegre foi
escolhido o sargento mór Manoel Fernandes
Pimenta para ir a Pernambuco entender-se
com os chefes revolucionários. Manoel F e r­
nandes disfarçado em boiadeiro, segui o a'té
Itabaiana.e d’ahi foi a Pernambucof Recife,)
onde, depois de conferenciar com os chefes
republicanos,voltou,sem encontrar embara­
ços na viagem. Proclamado o Governo re-
85

publican« cle Natal, foi escolhido para fazer


parte do governo provisorio de André de
Albuquerque, o coronel de Milícias José
Francisco Vieira Barros. Essa noticia foi re­
cebida em Port’Alegre com vivas á Republi­
ca, havendo passeiata e grandes regosijos
no povo
O Padre Cordeiro, vigário da Fregue-
ziá, depois de celebrar a missa conventual,
subiu ao púlpito e tez uma allocução felici­
tando a seus parochianos por ver a sua Pa-
tria livre , o mesmo fez o Padre Faustino
Gomes, no Apodv.
Hasteado o pavilhão republicano em
Port’Alegre e em Catolé do Rocha, foram
logo depostas as auctoridades policiaes des­
sas villas, e nomeadas outras.
Com a derrota dos revoltosos em Rio
do Peixe, o Coronel Vieira Barros percorreu
o sertão do Rio Grande do Norte, reunindo
gente para auxiliar a bater as forças inimi­
gas. Por toda parte chuveram adhesões ; e
a villa de P ort’Alegre transformou-se em
uma praça de guerra.
Presos os chefes republicanos em Natal,
e abafada a revolução,foram também presos
no Recite o seminarista José Ferreira da
Motta e o coronel Luiz Manoel Fernandes,
8fi

sendo este solto por mostrar não estar im­


plicado no movimento. (* )
Bm quanto isso se dava pelas Capitaes,
a revolução no sertão tomava incremento.
Os coronéis Vieira de Barros e João Fran­
cisco trabalharam com actividade reunindo
gente para atacar as forças do governo em
Rio do Peixe. Chegando a Port’Alegren no­
ticia da derrota republicana de Natal e do
desembarque de forças do Governo em Mos-
soró e em Macau, foi grande o desanimo
entre os republicanos, c ainda maior quan­
do souberam da chegada das foiças do G o­
verno do Rio Peixe, a Pau dos Ferros. Viei
ra de Barros conferenciou com os chefes re­
publicanos, ficando combinado que todos se
deveriam reunir na povoação da Conceição
do Arruda, do Catolé do Rocha, afim de
reunirem-se com as forças do Coronel João
Francisco.
(*) Disse-nos o nosso amigo e confrade desembargador
Luiz Fernandes que parece-lhe haver engano nesta referencia
ao coronel Luiz Manuel Fernandes, seu avô ; nâo só porque
em 1817 tinha ellc npenus 17 nnnos de edade, como porque
num caderno de notas, que viu, de sua própria lettra, dw o
coronel que fftra preso em Pernambuco, sim, mas em 1824.
Pensa, pois, o nosso confrade que, politicos como pare­
cem <>» motivos dessa prisAo, clles se prendem nâo A revolução
de 1817. como affirma o chroniata do Cotnmereio de Mosaó.
rd, mas ó de 1824.
VlCENTK DK L e m o s .
87

Prezos os revoltosos de PortAlegrc,


Martins e Patá,foram dadas buseasem seus
papeis, onde foram encontrados vários do­
cumentos que logo lacrados toram remetti-
dos ao governo, nAo apparecendo a aeta de
18 de Janeiro. .
Pisada a pés c queimada a bandeira re­
publicana em PorCAlcgre as foi-ças do G o­
verno seguiram para o Catolé do Rocha,
assasinando na fazenda Curralinhod’aquel-
lc município o moço José Alves M aia que ti­
nha ido despedir-se de seus paes, eseapando
de ser victima o seu companheiro Joflo Al­
ves Seixas pela velocidade do seu cavallo.
Atacaram a povoaçAo do Arruda, onde
foram queimadas casas, incendiados cerca­
dos etc.
No Apody nAo se effectuou prisAo por
terem os revolucionários reconhecido o Go­
verno.
Os revolucionários do Catolé do Rocha
depois de mezes delueta, foram vencidos,
sendo remettidos para a Parah 3rba, onde
gemeram em grilhões até a amnistia geral
das cortes de Lisboa.
(Do Commercio de Mossoró, de 25 de
março de 1910.)
88

Officio dirigido pelo Governo Interino


destn Capitania no Provedor da
Fazenda Peai.

Querendo a tropa desta cidade dar mai­


or testemunho de sua lealdade e realçar
mais o seu amor para com o nosso Ama.
dissimo Soberano despensa o augmento do
soldo que lhe foi dado pelo traidor Andrc
de Albuquerque MaranhAo, e só quer ter o
que lhe é dado pelo seu legitimo Soberano ;
V* S9 ordenará ao Almoxarife que assim o
entenda, tendo principio no dia 25 de Abril
do corrente anno, dia glorioso da restau-
raçAo desta Capitania. Deus Guarde a V9S^
Quartel do Governo Interino 31 de M aio de
1817. Illm0 Snr. Provedor da Real Fazen­
da, Manoel Ignacio Pereira do Lago.
Antonio Germano Cavalcante e Anto­
nio Freire de Amorim.
[Do Livro do Registro das Provisões
que vieram da Real Fazenda para a Prove­
doria do Rio Grande do Nofte, pag. 169}.
Si)

Oflicio do Governador
para iodas as Camaras da Capitania

Sendo indispensável como medida polí­


tica extinguir, como se nunca existissem,
todos os cscriptos que estejam derramados
por esta Capitania, produzidos pelo bando
de rebeldes que temporariamente uzurparam
a Real Soberania ordeno a vmcês. q u e já e já ,
publicando por editaes esta minha ordem,
façam recolher todas as determinações, car­
tas e mais papeis que se affixaram ou exis­
tirem nas. mãos dos empregados e ainda
mesmo dos particulares dessa villa, não ex-
ceptuando os militares ; e arrecadados que
sejam m’os remetttam fechados vindo ap­
pensos' os que também houverem no seu ar-
ehivo, comprehendidos mesmo alguns ter­
mos que se fizessem em livros, cujas tolhas
serão arrancadas,fazendo-se disto novo ter­
mo. No edital que publicarem tarão saber
que, si algum dia me for denunciada a exis­
tência de algum destes papeis na mão de
qualquer pessoa, ficará ipso facto reputada
cúmplice daquelles rebeldes e como tal puni­
da. Deus guarde a v. mecê. Cidade do Natal
í)0

10 de julho de 1817. José Ignacio Borges.


Srs. officines da cainara desta cidade.
[D o livro de registro de cartas c provi­
sões do Senado da Cainara de Natal de 1815
a 1823, pag. 118.)

Resposta fia Camara ao officio do Go­


vernador.
Illtn0 Sur. Governador José Ignacio Bor­
ges. Recebemos o officio de Vo S’ , datado de
10 do corrente, no cpial détermina que fa­
çamos publicar aos povos por editaes para
que façam entregar quaesquer papeis, que
tenhão em si. feitos no tempo do péssimo
Governo installado nesta Capitania por a-
quelles tyranos uzurpadores da Real Sobera­
nia do Augusto Soberano Senhor Nosso cuja
sabia determinação, já a pomos etn exccu-
cção e logo que nos forem entregues os p a ­
peis... c com os que existirem n’esta Cama.
ra, faremos remessa a V 9 S9. Deus Guarde
V" S”. Cidade do Natal em Vereação de 12
de julho de 1817. Souza, Moraes, Praça,
Pinho. Eu, Manoel José de Moraes, Escri­
vão vitalício da Cam ara escrevi.
[Citado livro de Registro, pag. 118 v.)
Vereação do Senado da Camará de Natal.

Aos doze dias do mez de julho de 1817,


nesta cidade do Natal, capitania do Rio
Grande do Norte, no Passo do conselho des­
ta, ondé se achavam o juiz presidente, verea­
dores e procurador, menos o primeiro c ter­
ceiro vereadores que deram parte de doen­
tes e que por esta causa não assistiam a
presente sessão para accordarem no bem
commum—Accordaram em arrancar as fls.
20 e 27 deste livro e fl 89 do registro desta
Carnara nas quaes se achavam lançados os
termos feitos no pérfido tempo do governo
installado nesta Capitania, em virtude da
ordem do governador desta Capitania José
Ignacio Borges que nos foi dirigida em data
de dez do corrente, que fica registrada no
livro 18 a fls. 118 que serve nesta Carnara.
Ivm virtude da mesma ordem mandaram
passar edital para fazer certo aos povos
deste termo, para que logo entregassem
todos e quaesquer papeis ou cartas que ti­
vessem em seus poderes leitos naquelle mal­
vado tempo. E para que assim fosse cum­
prido, t por não haver mais em que acordar
mandaram fazer este termo em queassigna-
iftni. Eu, Manoel José de Moraes, Escrivão
1)2

vitalício da Cam ara escrevi. Souza. Moraes.


Praça. Pinho.

Aos dois dias do mcz de Acosto de 1817,


nesta cidade do Natal. Capitania do Rio
Grande do Norte, nos Passos do conselho
onde se achavam o juiz presidente, vereado-
dores e procurador para acordarem sobre o
liem commutu, acordaram em remetter ao
governador desta Capitania os papeis que
foram entregues a este conselho feitos ao
tempo da revolução desta Capitania c na
conformidade do ofíicio que por elle foi di­
rigido em data de dez de julho prçterito.

E por não haver mais em que acorda­


rem, acordaram em fazer este termo em que
assignaram. E cu, Manoel José dc Moraes.
Escrivão vitalicio da Camara, escrevi. Rego.
Moraes. Vasconceílos. Pinho. Praça.

(Do livro de Vereações da Camara pag.


29 e 32 v.) •
93

RIO GRANDE DO NORTE

Classificação dos réos pelos membros


da Alçada, composta do Desembargador do
Paço Bernardo Teixeira Coutinho Alves de
Carvalho, como presidente ; dos Desembar­
gadores da Casa de Supplicação, Antonio
José de Miranda,como Adjuncto ;João Oso­
rio de Castro Souza Falcão,como Escrivão,
e Adjuncto desteJosé Caetano de Paiva Pe­
reira.

Réos cm pena de morte natural atroz

Püncipaes Cabeças

André de Albuquerque Maranhão. Fnl-


leçido.
Padix- Antonio dc Albuquerque Mon­
tenegro, vigário de Goyaninha. Fugido.
Padre João Damaacsno Carvalho da
Cunha, visitador. Fallecido.

Réos a punir com penas immediatas

David Leopoldo Targinu o mesmo do


n". 33 e 34. além de outros factos em Port’
Alegre. Cárcere perpetuo ou galés perpetua.
—André de Albuquerque Maranhão, ca­
pitão de Villa Flôr, que foi com as suas or-
94

denanças ao engenho Belém, quando o seu


primo André de Albuquerque, coronel, pren­
deu o governador e rompeu a rebellião, o
acompanhou a S José e á cidade, onde pro­
clamou a liberdade.
—Luiz de Albuquerque Maranhão, o
mesmo, a excepção de levar gente porque
não era commandante.
Luiz de Albuquerque Maranhão, se­
nhor do engenho Belém, onde o governador
foi preso.Dão tal coarctada verosimel.que se
fosse provada, os eximiriam de grandes pe­
nas ou ainda pequenas, bastante para não
soffrerem a pena de morte. Degradados per
petuamente para trez fortalezas em Por­
tugal.
João Manoel da Paixão, tenente de ca-
vallaria miliciana.
Luiz Pinheiro de Oliveira, ajudante da
dita.
Manoel Antonio Moreira, Sargento-
mór da dita que puehou o Regimento. T o­
dos dizem que não sabiam o fim, e julgavam
resultado da conferencia do governador
com André de Albuquerque e depois se viram
obrigados a obedecer e seguil-o até a cidade.
Degredo de dez aimos para os Estados de
Moçambique.
João Ribeiro de Siqueira e Àragão, In­
tendente da policia e depois commandante
da fortaleza, serviu com actividade. Dez ân­
uos para a índia.
José Ignacio Marinho, ausente. Na ma­
nhã do dia 25, tocando rebate por ordem de
André de Albuquerque, coronel, marchou
com 6 ordenanças e 17 iiulios para Belém, e
já estava preso o governador. Entrou na ci­
dade com o exercito. Dez annos para M o ­
çambique .
Assignado : João Ozorio de Castro Souza
Falcão.
Kcos a perdoar

Antonio da Rocha Bezerra.


Padre Feliciano José UorneUas. Foram
membros do governo provisorio. e não ha
mais facto. As testemunhas os defendem da
coaeção que André de Albuquerque lhes fez
a recusa que lhes fizeram de acceitar. 0 coa-
cto não commette crime. Perdoados.
António Ferreira Cavalcanti, capitão
mór de P ort’Alegre. Acompanhou o gover­
nador na viagem a Goyaninha e Belém, fi­
cando também como preso, até que André
de Albuquerque o fez vir com elle pára a ci­
dade. Empregado como ajudante de ordens,
Of')

nega. Nomeado inspector de milícia para o


sertão, para onde foi com ordens, não cum­
priu, a excepção de contas aos thesoureiros.
Muitas testemunhas abonam a sua condu-
cta. Pc reli) o.
Antonio Germano Cavalcante de Albu­
querque, capitão e commandante da com­
panhia de linha, da cidade. Ir ao chamado
com ameaças que André de Albuquerque lhe
fez de Belém, senhor das forças e munições,a
quo não podia resistir, e vir executar o que
elle determinou de ir esperar com tropa*
«ser membro do governo e governador das
armas, por força,» como dizem as testemu­
nhas, e depois logo que poude fazer a con­
tra revolução que íez. Perdão.
Joaquim [osé do Rego Barros.O mesmo.
Perdão.
Felippe Bandeira de Moura :
Primeiro, foi membro d’uni governo pio-
visorio, formado em P ort’Alegre no dia 10
de maio, já restaurada a cidade do Natal,
que proclamou e chamou gente á villa. Se­
gundo, muito influído, persuadindo a defeza
da patria. Terceiro, disse queacceitara obri­
gado por David Leopoldo, e temer o sertão
ainda rebelde, mas que iam fazer a contra
revolução que fizeram no dia 18.
97

Diz que não houve tal governo : que vie.


ra á Villa com Joaquim Manoel Palacio e ou­
tros para assistir a fazerem a acclamação cie
sua Magestade, tendo recebido olficios do
governo interino da cidade, e por tenente-
coronel Leandro Francisco Bessa querer
maior solcmnidade, mandou chamar os
seus officiaes todos, que moravam a largas
distancias, e só chegaram no dia 18 cm que
o fizeram ; que são falsos os ofticios que se
lhe apresentam.
Manoel Joaquim Palacio. Outro mem­
bro.
José Joaquim Vieira de Barros. Outro
dito.Dizem o mesmo.
Leandro Francisco Bessa. Fallecido em
iguacs eireuinstancias.
Não ha mais factos contra clles. PP acre­
ditável a coarctada. e não crivei a existên­
cia de um tal governo, sem que houvesse
mais que duas testemunhas que vissem,
uma os editaes de sua installação, certa, e
outra, uns officios do dito governo. Per­
doados.
0 padre João Barbosa Cordeiro, vigá­
rio da dita villa, quinto membro do dito
governo ; por este principio sem culpa. Mas
fechar as portas das casas e janellas quan­
08

do se fazia a acclamação c depois delia fu­


gir com David Leopoldo, conhecido rebelde,
não está nas mesmas circumstancias e deve
expiar este facto com um degredo de 5 an-
nos para Angola. Vae a lista competente.
Francisco Marçal da Costa Mello, se­
cretario do tal governo. Não existe sem
mais facto. Perdoado ; auzente.
José Ignacio de Albuquerque Maranhão.
Não ha prova contra elle. Perdão.
João da Costa Bezerra. Sem prova. Per­
dão. Fallecido.
João Saraiva de Moura. Partidista dos
rebeldes. Primeira testemunha. Perdoado.
Manoel da Natividade Victor, escrivão
de Villa Flor.Sem prova.Perdão.
Manoel Ignacio Pereira do Lago, pro­
vedor da Fazenda. Ir a Belém ao chamado
com ameaças de André de Albuquerque, sem
força, sem mais facto algum. Perdão.
Pedro Leite da Silva, em manifesto.
Perdão.
Assignado .João Ozorio de Castro Souza
Falcão.
99

Relação rios rcos ausentes para se­


rem presos c remet tidos á Bahia,

Padre Antonio Pereira de Albuquerque.


Antonio Germano Cavalcanti.
Francisco Marçal da Costa e Mello.
José Ignacio Marinho de Monin.
Manoel Antonio Moreira.
Luiz Pinheiro Teixeira
Manoel Ignacio Pereira do Lago.
Recife, 20 de setembro de 1818.

O desembargador escrivão da Alçada,


João Ozorio de Castro Souza Falcão. Fran­
cisco José de Souza Soares Andréa.

Relação dos presos que embarcaram


para a Bahia em virtude do real
aviso de 211 de julho de 1817

Antonio da Rocha Bezerra.


Antonio Ferreira Cavalcanti, canitâo-
mór.
Agostinho PintoMe Queiroz.
Padre Feliciano José Dornellas.
Francisco José Correia de Queiroga, sar­
gento. Pernambuco. ...............
100

Joaquim cio Rego Harros, coronel.


João Rabello de Siqueira Ararão.
João Saraiva de Moura.
Pedro Leite da Silva, eapitflo.
Manoel da Silva Chagas ou Manoel
Frade.
Recife, 30 de setembro de L S I8.

0 desembargador escrivão da Alçada,


João Ozorio de Castro Souza FaleAo.(*)

Provedoria da Real Fazenda.


Registro da relação que se remettev ao
desembargador da eomarea, André Al­
vares Pereira Ribeiro e Cirne,dos papeis
achados aos confidentes abaixo decla­
rados:

Dois nmssps de papeis lacrados, apre-


hendidos a José Ignacio de Albuquerque M a-

(* ] O nome dc um dos inconfidentes e o sobrenome de


outros, mencionados pela cnmmissAo d'Alvada nesta lista, es­
tão em parte alterados, o que é tacil de verifiçar cotejando-
se com os inscriptos na relação, do capitAo-mór governador
da Capitania, a prig. 81, enviada no eapitAo general e gover
nndor de Pernambuco.
Assim, 10-se no lista d'Alçada. 1‘adrc João Unimisccno
Carvalho dn Cunha, cm ves de Padre JoAo Damasccno X avi­
er Carneiro, seu verdadeiro nome.
Ali v( se dois inconfidentes de cgijaes nomes c sidjrçnpmes—
101

raiihão, nu occasião cic sua prisão, remctti-


ílos a este juizo pelo governador desta Capi­
tania.
Um masso de papeis lacrados c apre-
hendidos a Antonio da Rocha Bizerra, na
occasião dc sua prisão, entregue neste juizo
pelo capitão Joaquim José Gomes, que o
prendeu.
Um masso dc papel lacrado, aprehendi-
do a João Rabcllo de Siqueira Aragão, na
occasião de sua prisão, entregue neste juizo
pelo capitão Joaquim Torquato Soares da
Camara, que o prendeu.
Um flandre de papel lacrado, aprenhen-
dido ao mesmo João Rabcllo, no mesmo dia
dc sua prisão, na occasião em que se lhe fez
sequestro cm seus bens por este juizo.
Uma mala de papeis lacrados, aprehen-
didos ao padre Feliciano José Dornellas, no
mesmo dia de sua prisão, na occasião cm

Luiz de Albuquerque Mnrnnhâo—quando uni delles tem de­


pois cio nome de Luiz o sobrenome de Manoel.
Joào da Costa Bezerra, <5assim chamado pela commissAo
d'Alçada ao passo que o verdadeiro nome é Josí da Costa Be­
zerra, segundo as investigações a que procedemos.
O modo precipitado e a perseguição com que se houve a
Alçada nos julgamentos dos patriotas de 1817, motivaram
os erros apontados, lé-n de outros, que devemos corrigir por
amor A verdude histórica.
V icente :>e L emos .
102

quo sc lhe íez sequestro cm seus bens por este


juizo.
Canastra de ])apeis lacrados e aprehen-
didos a Joaquim José do Rego Barrps, na
oeeasião de sua prisão, entregue neste juizo
pelo sargento-mór Antonio Marquesdo Val­
le, que o prendeu.
0 provedor da Real Fazenda e juiz dos
Feitos da mesma, Manoel Ignacio Pereira
do Lago. .

(I)o Livro de Registro das Provisões,que


vieram da Real Fazenda para a Provedoria
do Rio Grande do Norte, pag. 194.}

Registro de foro de Fidalgo de André de


Albuquerque Maranhão, filho de André de
A lbuquerque Maranhão.

Eu a Rainha faço saber a vós D. T ho-


maz de Lima Vaseoncellos Nogueira Telles
da Silva, Visconde de Villa Nova da O rvei-
ra, do meu conselho Ministro e Secretario,
de Estado dos Negocios do Reino, que ser­
vis de meu Mordomo M ór : (Jue hei por
bem e me praz fazer Mercê a André de Albu­
querque Maranhão, natural da Freguezia
de Goyaninha do Recife de Pernambuco, fi­
lho de André de Albuquerque .Maranhão,
Fidalgo de minha Casa, e neto de Gaspar
de Albuquerque Maranhão, de o tomar no
mesmo Foro de Fidalgo e Escudeiro delia,
com mil e duzentos reis de moradia por mez,
juntamente o acrescento logo a Fidalgo
Cavalheiro, com trezentos reis mais em sua
moradia para que tenha e haja mil e qui­
nhentos de moradia por mez de Fidalgo C a­
valheiro, e um alqueire de cevada por dia
paga segundo a ordenança e de foroe mora­
dia, que pelo dito seu pai lhe pertence.
Mando vos o façaes assentar no livro de
matricula dos moradores de minha casa em
seu titulo com a dita moradia e cevada. Lis­
boa, 22 de Agosto de 1781. Rainha. Viscon­
de de Villa Nova da Cerveira. Praz a V.
Magestade fazer Mercê a Andréde Albuquer­
que Maranhão. Fidalgo da sua Real Casa e
neto de Gaspar de Albuquerque Maranhão,
de o tomar por Fidalgo Escudeiro delia e
acrescentando a Fidalgo Cavalheiro, com
mil e quinhentos reis de moradia, por mez, e
um alqueire de cevada por dia, e de foro e
moradia, que pelo dito seu pai lhe pertence.
P. P. Portaria do Illm9 e Exm9 Visconde,
que serve de Mordomo M ór,dc22de Ag< sto
104

dc 1787. Registrado no livro 2 da matricu­


la a fl. 3 e pagou mile duzentos reis. Lis­
boa, 23 de Outubro de 1787. Rs. 1$200.
José Caetano Sergio de Andrade. José M au ­
rício da Gama e Freitas, o fez escrever. Fica
assentado este Alvará nos livros das Mercês,
e pagou mil e duzentos reis. Fe iro Caetano
Pinto de Moraes Sarmento. Registrado a
fls. 62 do livro 4o. Manoel Joaquim Borges
da Silva, o lez. Registrado a fls. 18 do livro
8 de Registros dc Provizões e Ordens Reaes
de partes, que servem nesta Secretaria de
Pernambuco. Recife, 12 de Abril de 1788.
0. Antonio Pio de Lucena e Castro Regis­
trado a fls. 87 do li vro 13 dos Registros que
serve nesta Secretaria do Rio Grande do
Norte. Cidade de Natal, 12 de Maio de
1788. Manoel Pinto de Castro. E mais não
se continha no dito Fôro de Fidalgo que a­
qui registrei aos 29 de Maio de 1788. 0 escri­
vão da Camara, Ignacio Nunes Correia
Thpmaz.

(Copiado do livro n° 14 das Cartas e


Provizões do Senado da Camara dc Natal,
de 1775 a 1788, pagina 223, existente no
Instituto Historico e Geographico do Rio
Grande do Norte.]
105

SEQ UESTRO S
Meiaçâo dos bens de D. Antonia fosc-
pha do Espirito Santo Ribeiro. (*)

Ignacio Joaquim cia Silva, Escrivão de


orphãos nesta Villa Flor e seu termo, Ca­
pitania do Rio Grande do Norte, comarca
da Cidade da Parahyba do Norte por Sua
Alteza Real o Principe Regente Nosso Se-
nhôr, que Deus Guarde, etc.
Certifico que, revendo o inventario que
por este juizo se fez dos bens do casal de D*
Antonia Josepha do Espirito Santo Ribeiro,
por fallecimento de seu marido o Coronel
André de Albuquerque Maranhão, de que
foi a Suplicante inventariante, nelle á folhas

(*) D Antonia Josepha do Espirito Santo Ribeiro,era viuva


e infti do chefe da rcbelliAo, coronel André de Albuquerque
Maranhflo, filho de outro de egual nome.
Falleceu a 20 de Abril de 1817, horas depois de ter expi­
rado André de Albuquerque na prisAo da fortaleza dos Santos
Reis Magos.
0 Provedor da fazenda real ordenou o sequestro dos bens
da extinctu, constante do presente inventario, como se veri­
fica do officio de 14 de julho do mesmo anno, que o governa­
dor José Ignacio Borges dirgiu ao general governador de
Pernambuco:
«Logo que foi proclamada nesta Capitania a real sobera­
nia, diz Ignacio Borges, procedeu o Procurador da Fazenda
Real, juiz dos feitos da execução delia, a confisco e apprehen-
106

conto c vinte trez se acha lançado a sua meia-


çAo do tlieor e forma seguinte : P ara a mei-
ação da Inventai iante da 'quantia de qua­
renta e oito contos oitocentos e cincoenta e
nove mil oitocentos e cincoenta e dóis reis
(48:859$852) , deu-se-lhe metade da divida
de Lourenço Pereira da Silva, lançada da
quantia de cento e oitenta e um mil duzentos
e cincoenta reis,com quesesae.......181 $250
Mais na metade da de Antonio
dos Santos de Araújo, lançada da
quantia de duzentos e vinte e c i n c o
mil reis, com que se sae................. 225$000

sAo em todos os bens e papeis pertencentes no chefe da rebcl-


liílo, André ■de Albuquerque MaranhAo, seus parentes eco-
reog que com elle figuraram na revolução desta Capitania,
ampliando a diligencia a todos os l>ens que aqui existiam,
pertencentes ao resto da família, moradores nas capitanias
de Pernambuco e Parahyba, poi ser manifesto que todos elles
se envolveram nos desgraçados acontecimentos políticos que
elles sentiram.....constando-me que na Capitania da Parnliv
ba haviam algumas fazendas pertencentes áquelle chefe de re-
belliAo e sua nifli, fallecida algumas horas depois delle.
(Offieio existente na Secretaria do governo d’aquelle Esta­
do. )
Pelo offieio do mesmo Ignacio Borges, inserto a pagina
81,vê-se também que.feitoo sequestro,foiJrem*ttido ao Ilesem
bargador do Paço, Bernardo Teixeira,Presidente da Alçada,
por intermédio do Governador de Pernambuco.

V icente i>e L emos .


107

M ais metade da de Ignacio Pe­


reira de Mello, da quantia de um
conto quinze mil setecentos eeitico-
enta reis, com que sesae............1:015$750
Mais metade da de Luiz Anto­
nio de Albuquerque Maranhão, da
quantia de duzentos e cincoenta
mil reis, com que se sae.................250$000
Mais metade da de Miguel Pi­
nheiro Teixeira, da quantia de cem
reis, com que se sae...................... 100$000
Mais metade da dos herdeiros
de Manoel de Palhares Coelho.lan
çada neste Inventario da quantia
de quarenta e nove mil reis, com
que se sae..................................... 49$000
Mais metade da de Baltha­
zar Pereira dos Reis, lançada da
quantia de seiscentos e vinte e sete
mil reis, com que se sae...............627$000
Mais metade da de João Fran­
cisco de Albuquerque Maranhão,
lançada da quantia de quatro mile
quinhentos reis, com que se sae.... 4$500
Mais metade da de José Felix
Barboza, lançada da quantia de um
conto e um mil setecentos esetenta
e dois reis, com que sesae...........1.001#772
108

Mais metade da do Padre


José Ignacio Ribeiro, lançada
da quantia de cento c dez mil reis,
com se sae.....................................110$000
Mais metade da de José Borges
da Costa, lançada da quantia de
trinta e oito mil novecentos e cin-
coenta reis, com que se sae......... 38$950
Mais metade da deEstevam da
Costa, lançada da quantia de qua­
trocentos e quarenta eum mil qua­
trocentos e cincoenta reis, com que
se sae.............................................441$450
Mais metade da de Domingos
Ribeiro, lançada da quantia de
quinze mil e quatrocentos reis, com
que se sae...................................... 15$400
Mais metade da de José da
Costa Mello, lançada da quantia
de quinhentos e sete mil e cem
reis, com que se sae........................507$100
Mais metade da de Luiz José
Machado, lançada da quantia de
vinte e oito mil reis,com que se sae.....28$00ü
Mais metade da de Josepha
Maria, lançada da quantia de trin­
ta e oito mil reis, com que se sae... 38$000
Mais metade da de José Ferrei-
100

ra Freire Pedroza, lançada da quan­


tia de novecentos e oitenta mil e
seiscentos reis,comque sc sae....... 980$600
Mais metade da de José M ar­
tins Praça, lançada da quantia de
cento e trinta e um mil quatrocen­
tos e noventa e um reis, com que se
sae........ ........................................ 131 $491
Mais da de João do Rego, lan­
çada da quantia de cento c quinze
mil e oitocentos reis, com que se
sae................................................ 115$800
Mais metade da de Timotheo
Ferreira, lançada da quantia de
quinhentos e oitenta e dois mil e
quinhentos reis, comque se s a e .... 582$Õ00
Mais metade da do Tenente Jo­
sé Francisco, lançada neste Inven­
tario, da quantia de dezenove mil
quinhentos c cineoenta reis, com
que se sae.............•........................ 19$550
Mais metade da de Manoel
José de Souza, lançada da quantia
de (Quatrocentos e noventa mil e
quarenta e trez reis,com quesesae,.490$043
Mais metade de outra do mes­
mo,da quantia de dezeseis mil reis,
com que sc sae................................ 16$000
110

Mnis metade dn do Capitão


Manoel da Fonseca Galvão, lan­
çada da quantia de cento e noven­
ta c nove mil cento e vinte e trez
reis, com que sc sae........................199$123
Mais metade da do Capitão-
mór João de Albuquerque M ara­
nhão, da quantia de noventa eoito
mil quinhentos c cincoenta reis,
com que sc sae............................... 98$f>50
Mais metade da de João Pe­
reira dos Reis, lançada da quantia
de oitenta e quatro mil quinhentos
e vinte reis, com que se sae........... 84$520
Mais metade da dc Felix Gomes
Pequeno, lançada da quantia de
dezenove mil e quatrocentos reis,
com que se sae............................... 19$400
Mais metade da de Manoel
Martins Neves, lançada da quantir.
de oitenta mil reis, com que se sae 80$000
Mais metade da de Manoel Nu­
nes Ribeiro, lançada da quantia de
trinta e cinco mil e quarenta e cin­
co reis, com que sc sae................... 3f>$045
Mais metade da de Francisco
Falcão dc Vasconccllos, lançada da
Ill

quantia de quarenta mil e quinhen­


tos reis, com que se sae...................40$500
Mais metade da de Lourenço
José dos Anjos, lançada da quan­
tia de trez mil e quinhentos reis,
com que se sae.................................. «3$500
Mais metade da de Manoel José
de Gouveia, lançada da quantia de
trezentos mil reis, com que se sae .,300$000
Mais metade da do Sargento
mór Luiz de Albuquerque M ara­
nhão, com Ignacio Leopoldo, lan­
çada da quantia de um conto ses­
senta mil e cincocnta e sete reis,
com que se sac................. 1:060$057
Mais metade da de José Anto­
nio, lançada da quantia de dez mil
cento e setenta reis.com que se sae,..10$17ü
Mais metade da de Antonio de
Souza Castro, lançada da.quantin
de sessenta e um mil reis, com que
se sae............................................... tíl$000
Mais metade da de Gaspar de
Albuquerque Maranhão, da quan­
tia de vinte e cinco mil reis, com
que se sae..........................................25$000.
Mais metade da do Sargento
mór José Felippe de Albuquerque
112

Maranhão, da quantia de trezen­


tos mil reis, com que se sae............300$000
Mais em dinheiro do lançado,
seiscentos e oitenta e um oito­
centos c noventa e um reis, com
que se sae.................................... (>81$891
Mais um par de fivelas de
ouro, depois dos lançados, em seu
valôr da quantia de trinta e cinco
mil duzentos e quarenta reis, com
que se sae..................................... 35$240
Mais duas varas de collar com
um crucifixo de ouro, lançado em
seu valôr de sessenta e um mil du­
zentos e cincoenta reis, eom que se
sae .... 61$250
Mais um broxe de ouro com
quatro voltas de cordão, lançado
em seu valôrdetrintae sete mil seis­
centos e quarenta reis, com que se
sae........................ 37$640
Mais oito pares de botões de
ouro de jaleco lançados em seu va­
lôr de cincoenta e seis mil setecen­
tos e oitenta reis, com que se sae....5G$780
Mais dois pares de ditos, cota- .
dos em seu valôr de quinze mil no-
113

vecentos e sessenta reis, com que


se sae.............................................. 15$960
Mais um dedal de ouro, lançado
em seu valor de dois mil e vinte
i'eis, com que se sae......................... 2$020
Mais um par de brincos de
ouro, lançado em seu valor de mil
quatrocentos e quarenta reis com
que se sae.......................................... 1$440
Maistrez varas de cordão tino,
de ouro. lançado cm sua avaliação
de onze mil setecentos e sessenta
reis, com que se sae......................... 11$7G0
Mais quatro palmos de cordão
e um São Braz, tudo de ouro, lan­
çados em seu valor de quatro mil
seiscentos e oitenta reis, com que se
sae.....................................................4$680
Mais quatro palmos ditos de
ouro, em seu valor de quatro mil e
oitenta reis, com que se sae...............4$080
Mais trezpalmosditosde ouro,
em seu valor de dois mil seis­
centos e vinte reis, com que se sae...2$620
Mais um...........de ouro, lan­
çado em seu valor de mil seiscentos
c quarenta reis, com que se sae..........1$640
Mais um par de brincos de con-
114

tas, de ouro, lançado em seu valor


de quinhentos e vinte reis, com que
se sae.....................................................$520
Mais duas voltas de continhas
do Rio de Janeiro com um São Braz,
lançadas em seu valôr de dois mil e
oitocentos reis, com que se sae.......... 2$800
Mais uma coberta de pente de
ouro,lançada em seu valôr de qua­
tro mil cento e sessenta reis, com
que scsae............................................ 4$lb0
Mais uma redoma grande de
ouro com vidro, lançada em sen va­
lor de quatorze mil reis, com que se
sae.................................................... 14$00(>
Mais um relicário de ouro, com
vidro, lançado em seu valôr de
doze mil e seiscentos reis, com que
se sae............................................... 12$600
M ais uma bola de guardar am­
bre, de ouro, lançada em seu valôr
de dois mil e cem reis, com que se
sae...................................................... 2$100
Mais um rosariozinho com P a­
dre-Nossos e Cruz de ouro, lançado
em seu valôr dc quatro mil e du­
zentos reis, com que se sae................ 4$200
Mais outro dito,lançado em seu
115

valor de dois iril e cem reis.coin que


se sae......................... ....................... 2$ 100
Mais um adereço de diamantes,
lançado em sen valor de cem mil
reis, com que se sae....................... 100$000
Mais outro dito, mais interior,
lançado em seu valôr de vinteecin­
co mil reis, com que se sae.............. 25$000
Mais um de prata, em seu va­
lôr de onze mil e duzentos reis, com
que se sae......................................... 11 $200
Mais dois copos de prata, dos
lançados em seu valôr de dezeseis
mil e oitocentos reis, com que se
s a e ...................................................16$800
Mais um castiçal de mão, de
prata, lançado em seu valôr de oito
mil e oitocentos reis, com que se sae....8^800
Mais doze colheres de prata,
lançadas em seu valôr de vinte e
nove mil e seiscentos reis, com que
se sae............................................... 29$600
Mais uma salva de prata, la­
vrada, lançada em seu valôr de
dezenove mil c oitocentos reis, com
que se sae............................................19#800
Mais uma dita liza,lançada cm
seu valôr de dezesete mil c seiscentos
116

reis, com que se sae........................ 17$600


Mais outra dita maior,lançada
em seu valor de vinte c cinco mil
e seiscentos reis, com que se s a e .....25$600
Mais uma taça de prata,lança­
da em seu valor de quatro mil reis,
com que se sae.................................... 4$000
Mais um talher de mcza, de
prata, moderno, lançado em seu
valor de eincoenta e seis mil reis,
com que se sae................................ 56$000
Mais uma bacia e jarro de A-
gôas-M ãos, de prata, lançados em
seu valôr de sessenta mil e quatro­
centos reis, com que se sae.......... 60$400
Mais um copo de prata, lan­
çado em sua avaliação de quatorze
mil e quatrocentos reis,com cpic se
sae................................................... 14$400
Mais uma bengala com castão
de prata,lançada em sua avaliação
de trez mil e quinhentos reis, com
que se sae...... ................................. 3$500
Mais sete facas com cabo de
prata, lançadas em sua avaliação
de doze mil e setecentos reis, com
que se sae........................................ 12$700
Mais um faqueiro He duzia
117

g ra n d e de p r a ta com c a ix a de lix a
a p a re lh a d o d a m e s m a , la n ç a d o em
seu v a lo r de se te n ta e n o v e m il e
o i t o c e n t o s r e i s , c o m q u e se s a e .................. 7 9 $ 8 0 0
Mais outro dito de viagem,
mais pequeno, lançado em seu va­
lor de trintu e um mil e quatrocen­
tos reis, com que se sae....................31$400
M a is u m p a r de esporas g ra n ­
d es, c o m fiv e la s de p r a ta , la n ç a d o
e m seu v a lo r d e d e ze se te m il e d u ­
z e n t o s re is, c o m q u e se s a e ................................1 7 $ 2 0 0
Mais um taxo de cobre,lançado
em sua avaliação de dois mil e oi­
tocentos reis, com que se sae..............2$800
Mais outro dito,lançado cm sua
avaliação de sete mil e quatrocen­
tos reis, com que se sae......................7$400
Mais um dito pequeno,lançado
em sua avaliação de um mil e du­
zentos reis, com que se sae.................1$200
Mais outro dito mais pequeno,
lançado em sua avaliação de qua­
trocentos reis, com que se sae...,.........$400
Mais duas espumadeiras,lança­
das em sua avaliação de duzentos
reis, com que se sae..............................$200
Mais uma bacia pequena, de
118

cobre, lançada cm sua avaliação de


um mil e duzentos reis, com que se
sae................................................ 1$200
Mais outra dita, lançada em
sua avaliação de um mil e cem reis,
com que se sae.................................. 1$100
Mais uma bacia grande de ara­
me, lançada em sua avaliação de
dezenove mil oitocentos e quaren­
ta reis, com que se sae..................... 19$840
Mais um almofariz de bronze,
lançado em sua avaliação de dois
mil reis, com que sesae................... 2$00Q
Mais um caldeirão de cobre,
lançado em sua avaliação de sete
mil e duzentos reis, com que se
sae......................................................7$200
Mais toda a louça de meza,
lançada cm sua avaliação de trin­
ta mil e oitocentos reis, com que se
sae................................................... 30$800
Mais quarenta e quatro enxa-
» das, lançadas em sua avaliação de
dezesete mil e seiscentos reis, com
que se sae....................................... ..17$600
Mais doze foices pequenas, lan­
çadas em Sua avaliaçâo*de novecen­
tos e sessenta reis, com que se sae.......$900
110

Mais oito ditas grandes,lança­


das em sua avaliação de dois mil
quinhentos e sessenta reis, com que
se sãe.................................................2$560
Mais oito machados de serviço,
lançados-ern sua avaliação de q u a­
tro mil trezentos e vinte reis, com
que se sae.......................................... 4$320
Mais uma banca velha, lança­
do em sua avaliação de um mil reis,
com que se sae.................................. 1 $000
Mais trez cadeiras de palhinha,
velhas, lançadas em sua avaliação
de quatrocentos e oitenta reis, com
que se sae................................... $480
Mais seis cadeiras de encosto,
cobertas de sola, lançadas em sua
avaliação de cinco mil reis,com que
se sae................................................. 5$000
Mais uma meza velha,lançada
em sua avaliação de um mil reis,
com que se sae.................................. 1 $000
Mais dois barris de mascovia,
lançados em sua avaliação de doze
mil f. oitocentos reis,' com que se
sae................................................... 12$800
Mais outro dito,"velho,’ lança­
do em sua avaliação de quatro mil
120

rt*is, com que sc sae...........................4$(')0(ft


Míiis uma caixa de pito nma-
rcllo, lançada cm sna avaliação de
trcz mil e duzentos reis com que se
sae..................................................... 3$200
Mais uma commoda de pno a-
marello, lançada em sua avaliação
de tres mil reis, com que se sae.....;...3$000
Mais um ferro de engommar,
lançado em sua avaliação de um
mil reis, com que se sae.................... 1$000
Mais um candieiro de latão,
lançado em sua avaliação de oito
mil reis, comque se sae.................... 8$00Q
Mais um bule de estanho, lan­
çado em sua avaliação de quatro­
centos e oitenta reis com que se sae......480
Mais a escrava Antonia Ango­
la, lançada em sua avaliação de
cento e dez mil reis,com que se sae,110$000
Mais o escravo Vicente, lança-
‘ do em sua avaliação de cento e dez
mil reis, comque se sae..................110$000
Mais o escravo Joaquim Ango­
la, lançado em sua avaliação de
cento e trinta mil reis, com que se
sae................................................. 130$000
Mais o escravo Caetano Ango-
121

la, lançado em sua avaliação de


oitenta mil reis, com que se sae..... 80$000
Mais o escravo Francisco An­
gola, lançado em sua avaliação de
cento e vinte mil reis', com que se
sae................................................. 120$000
Mais a escrava Victoria Ango­
la, com uma filha de peito,de nome
Leandra, em sua avaliação de cen­
to e vinte mil reis, com que se sae..120$000
Mais a escrava Felippa Cabra,
lançada em sua avaliação de cento
e quarenta mil reis, com (pie se sae.l40$00()
Mais o escravo Romão Mulati-
nho, filho da dita, lançado em sua
avaliação de sessenta mil reis, com
tpie se sae......................................... G0$000
Mais Christovam Mulatinho,
filho da dita, lançado em sua ava­
liação de cincoenta mil reis. com
que se sae........................... 50$()00
Mais Jeronymo Mulatinho, fi­
lho da dita, lançado em sua avali-
ção de trinta e cinco mil reis, com
que se sae......................................... 35$000
Mais Raymundo Mulatinho, fi­
lho da dita, lançado em sua avalia­
ção de trinta mil reis,com que se sae.30$000
122

M aisa escrava Maria JoscCre-


oula, casada com Joaquim, lança­
da em sua avaliação de cem mil
reis, com que se sae....................... 100$000
Mais Domingas Angola, casa­
da com Vicente, lançada em sua a-
valiação de sessenta mil reis, com
que se sae.........................................60$000
M aisjan u aria Creoula, lança­
da em sua avaliação de noventa
mil reis, com que se sae...................90$000
Mais Maria Joaquina Cabra,
lançada em sua avaliação de cen­
to e vinte mil reis, com que se sae.,120$000
Mais Mariinha Cabrinha, filha
dejanuaria, lançada em sua ava­
liação de cento e trinta mil reis,
com que se sae................................130$000
Mais Josepha Creoula, lançada
em sua avaliação de cem mil reis,
com que se sae............................... 100$000
Mais Rita Cabra, lançada em
sua avaliação de sessenta mil reis,
com que se sae.................................. G0$000
Mais Thereza Creoula, lança­
da em sua avaliação de oitenta mil
reis.com que se sae ....................... ..80$000
Mais João Angola, lançado em
123

sua avaliação de eento e vinte mil


reis, com que se sae........................120$000
M aisjoão Mulato Carreiro,lan­
çado em sua avaliação de cento e
quarenta mil reis, com que se sae,..140$000
Mais Matheus Carreiro, lança­
do em sua avaliação de cento e
vinte mil reis, com que se sae......... 120$000
Mais Valentim Creoulo, lança-
doem sua avaliação de cento e trin­
ta mil reis,com que se sae..............130$000
Mais Leandro Creoulo, lança­
do em sua avaliação de cento e trin­
ta mil reis, com que se sae..............!30#000
Mais o escravo Pedro Creoulo,
lançado em sua avaliação de cem
mil reis, com que se sae...................100$000
Mais o escravo Paschoal C a ­
bra, lançado cm sua avaliação de
cento e vinte mil reis. com que se
sae................................................. 120$000
Mais o escravo Creoulo, lança­
do em sua avaliação de eento c vin­
te mil reis, eom que se sae..............120$000
Mais o escravo Marcos Creoulo,
lançado em sua avaliação de cento
e vinte mil reis, com que se sae...... 120$000
Mais a escrava Margarida Mu-
124

Jata, lançada em sua avaliação de


cento e quarenta mil reis, com que
se sae............................................. 140$000
Mais o escravo Cypriano Ango­
la, lançado em sua avaliação de
trinta mil reis, com que se sae........ 30$000
Mais Luzia Angola, mulher do
dito, lançada em sua avaliação de
oitenta mil reis, com que se sae..... 80$000
Mais a escrava Roza Angola,
mulher de Caetano,lançada em sua
avaliação de sessenta mil reis, com
que se sae......................................... 60$000
Mais a escrava M aria Angola,
lançada em sua avaliação de cem
mil reis, com que se sae..................100$000
Mais a escrava Catharina An­
gola, lançada em sua avaliação de
cem mil reis, com que se sae.......... 100$000
Mais a escravajoaquina Ango­
la,lançada em sua avaliação de cen­
to e dez mil reis, com que se sae.....110$()00
Mais a escrava M aria Quiçaimi,
lançada em sua avaliação de cento .
c dez mil reis, com que se sae.........110$()OG
Mais Casemiro Angola, lança­
do em sua avaliação de cento e vin­
te mil reis, com que se sae..............120$000
*

125

Mais o escravo Paulo Angola,


lançado em sua avaliação dc cento
e dez mil reis, com que sc sae......110$000
Mais a escrava Catharina An­
gola, lançada em sua avaliação de
cento e dez mil reis,com que se sae..H0$000
Mais o escravo Manoel Mulun­
gu, lançado em sua avaliação de
cento e vinte mil reis, com que se
sae................................................. 120$000
Mais o escravo AntonioCreou-
linho, filho de Maria do Carmo,
lançado em sua avaliação de trin­
ta mil reis, com que se sae..............30$000
Mais o escravo João Gomes An­
gola, lançado em sua avaliação de
cento e dez mil reis.com que se sae..llü$000
Mais o escravo Francisco Ftila-
congo, lançado em sua avaliação
de cento e dez mil reis, com que se
sae..................................................110$000
Mais oescravo Domingos João
Angola, lançado em sua avaliação
de cento e vinte mil reis, com que
se sae.............................................120$000
Mais o escravo Domingos Tor­
to Angola, lançado cm sua avalia-
12t>

ção de cento c vinte mil reis, com


que se sae....................................... 120$000
Mais a escrava Luizà M aria
Angola, em sua avaliação de no­
venta mil reis, com que se sae...... 90$000
Mais o escravo Domingos An­
gola, lançado em sua avaliação de
sessenta mil reis, com que se sae.... 60$000
Mais o escravo Caetano Caran-
gueijeiro, lançado em sua avalia­
ção de cento e vinte mil reis, com
que se s a e ...................................... 120$000
Mais Francisco Cigano Ango­
la, lançado cm sua avaliação de
cento e trinta mil reis, com que se
sae............................... ................. 130$00()
Mais o escravo Antonio Verme­
lho, lançado em sua avaliação de
cento c trinta mil reis, com que se
sac................................................. 130$000
M a is o escravo Joaquim Men-
dinque, lançado em sua avaliação de
cento e vinte mil reis, com que se
sae....................... 120$000
Mais o escravo João Antonio,
lançado em sua avaliação de cento
e dez mil reis, com que se sae..........110$000
Mais o escravo Manoino Ango-
127

la, lançado em sua avaliação de


cento e vinte mil reis, com que sc
sae..................................................120$000
Mais o escravo João Wencesláo
Creoulinho, lançado em sua avali-
ção de oitenta mil reis, com que sc
sae....................................................80$000
Mais o escravo Miguel Angola,
lançado em sua avaliação de cento
e vinte mil reis,com que se sae........120$000
Mais o escravo José Tanga,
lançado em sua avaliação de cento
e vinte mil reis, com que se sae..... 120$000
Mais o escravo José Zuza, lan­
çado em sua avaliação de cem mil
reis, com que se sae........................ 100$000
Mais a escrava Catharina Pas­
sa na Roda, lançada em sua avalia
cão de cento c dez mil reis, com que
se sae.............................................. 110$000
Mais o escravo Francisco Capi-
ango, lançado em sua avaliação
de cem mil reis. com que se sae.......100$000
Mais a escrava Negrinha Ango­
la, lançada neste Inventario, digo,
Angola, de nome Gracia, lançada
em sua avaliação de noventa mil
reis, com que se sae 90$000
128

Mais o escravo Bazilio Creoulo,


lançado em sua avaliação de cento
e trinta mil reis, com que se sae....130$000
Mais a escrava Maria, viúva,
lançada em sua avaliação de cento
e déz mil mil reis, com que se sae...ll0$0()()
Mais o escravo Domingos Cu­
nha, lançado ern sua avaliação de
cento e vinte mil reis, com que se
sae................................................. 120 $000
Mais o escravo Domingos M o ­
leque, lançado em sua avaliação de
noventa mil reis, com que se sae......90$000
Mais o escravo Da mião,lançado
em sua avaliação decento e dez mil
reis, com que se sae....................... 110$000
Mais o escravo Matheus Ango­
la, lançado em sua avaliação de oi­
tenta mil reis, com que se sae........... 80$000
Mais o escravo João de Deus
Angola, lançado em sua avaliação
de cem mil reis, com que se sae..... 100$000
Mais a escrava Romana Ango­
la, lançada em sua avaliação de
cento c dez mil reis, com que se sae.ll()$000
Mais a escrava Catharina An­
gola, lançada em sua avaliação de
cem mil reis, com que se sae...........100$()00
129

Mais a escrava Thereza Negri­


nha, lançada em sua avaliação de
cem mil reis, com que se sae...........100$000
Mais a escrava Joanna Negri­
nha, lançada em sua avaliação de
cem mil reis, com que se sae.......... 100$000
Mais a escrava Joaquina Ango­
la, lançada em sua avaliação de oi­
tenta mil reis, com que se sae........ ...80$000
Mais o escravo Manoel Januá­
rio, lançado em sua avaliação de
cento e dez mil reis, com que se sae .110$‘()()()
MaisMntheus Vermelho, lança­
do cm sua avaliação de cento e dez
mil reis,com que se sae...................110$000
Mais o escravo Victor Angola,
lançado em sua avaliação de cento
e dez mil reis, com que se sae.......... 110$000
Mais a escrava Joaquina Negri­
nha, lançada em sua avaliação de
cento edez mil reis,com que se sae...H0$000
Mais o escravo Vicente Creouli-
nho, lançado em sua avaliação de
cem mil reis,com que se sae............1()0$000
Mais o escravo Matheus Guaxi­
nim, lançado em sua avaliação de
cem mil reis, com que se sae...........100$000
Mais o escravo Antonio Velho,
130

lançado cm sua avaliação de oiten-


ta'mil reis, com que se sae................80$000
Mais o escravo Vicente Velha­
co, lançado em sua avaliação de
cem mil reis, com que se sae...........100$000
Mais o escravo Joaquim Creou-
lo, lançado em sua avaliação de
cento e trinta mil reis, com que se
sae................................................. 130$000
Mais a escrava Maria do Car­
mo, lançada em sua avaliação de
cento e dez mil reis,com que se sa e..ll0 $ 0 ()0
Mais a safra de eannas, plan­
tadas nas terras deste Engenho,
lançada em sua avaliação de qua­
trocentos e oitenta mil reis, com
que se sae.......................................480$0(X)
Mais no valor do engenho Cu­
nha hú,com todos os seus cobres ea-
ecessorios e todas as terras e per­
tences annexos á dita propriedade,
na torma que foi lançada da quan­
tia de dezoito contos trezentos mil
setecentos e vinte e trez reis, com
que se sae.................................18.300$723
Mais quinze vaecas paridas,
existentes no engenho, lançadas em
131

sua a\aliação de noventa mil reis,


com que se sae................................ 90$000
Mais quinze ditas solteiras,lan­
çadas em sua avaliação de setenta
e cinco mil reis,com que se sae.........75$000
Mais déz ditas solteiras, lança­
das em sua avaliação de cincoenta
mil reis, com que se sae...................50$000
Mais quatorze novilhas, lança­
das em sua avaliação de cincoenta
c seis mil reis,com que se sae...........56$000
Mais cinco garrotas, lançadas
em sua avaliação de cincoenta mil
reis, com que se sae......................... 50$000
Mais sete garrotes,lançados em
sua avaliação de noventa eoito mil
tvis.com que se sae.......................... 98$000
Mais quatro novilhos bois,
lançados em sua avaliação de ses­
senta e quatro mil reis.com que se sae.f)4$000
Mais sessenta bois de carro,
lançados em sua avaliação de qua­
trocentos e oitenta mil reis, com
que se sae......................................480$000
Mais dezoito quartaes de fabri­
ca de Engenho, lançados em sua a ­
valiação de cento e oitenta mil reis,
Com que se sae............................... 180$000
182

Mais a fazenda de terras de cri­


ar gados, denonitnada Timbaúba.
sita no sertão da ribeira das P ira ­
nhas, na forma lançada em sua a ­
valiação de oitocentos mil reis,com
que se sae...................................... «.80$000
Mais duzentas e eincoenta va-
ecas paridas na mesma fazenda,
lançadas em sua avaliação de um
conto e quinhentos mil reis, com
que se sae................................... 1:500$000
Mais eincoenta vaeeas soltei­
ras na mesma,lançadasem sua ava­
liação de duzentos e eincoenta mil
reis.com que se sae......................... 250$900
Mais cem novilhas na mesma
fazenda, lançadas em sua avaliação
de quatrocentos mil reis, com que
se sae...................................... 40()$000
Mais cem novilhas na mesma,
lançadas em sua avaliação de qua
trocentos mil reis, com que se sae..400$()()0
Mais ♦rinta e cinco garrotes na
mesma, lançados em sua avaliação
de setenta mil reis, com que se sae....70$000
Mais trinta e cinco garrotes na
mesma, lançados em sua avaliação
de setenta mil reis. com que se sae..70$000
Mais cem 1) qís capados,na mes­
ma, lançados em sua avaliação de
seiscentos mil reis, com que se sae...600$000
Mais vinte cavallos de fabrica,
na mesma, em sua avaliação de du­
zentos mil reis, com que se s a e ....200$000
Mais cincoenta éguas paridei-
ras, na mesma, lançadas em sua a-
valiação de trezentos e cincoenta
mil rcis.com que se sae...................3õ0$000
Mais trez cavallos; pais, lança­
dos em sua avaliação de trinta e
Seis milreis. comque se sae............. 3G$000
Mais doze poltros, na mesma,
lançados em sua avaliação dequa-
renta e oito mil reis, com que se
sae.................................................. 48$000
Mais doze poltros, lançados na
mesma, em sua avaliação de trinta
e seis milreis, eomque se sae............ 3G$000
Mais dezeseis poltrinhos.na mes­
ma, lançados em sua avaliação de
trinta e dois mil reis, com que se
sae...................................................32$000
Mais uma enxada, um macha­
do, um serrote.um ferro de marear,
na mesma, lançados em sua avalia-
184

ção de um mil e seiscentos reis.com


que se sae.......................................... 1$600
Mais o escravo João Fagundes,
fabrica da mesma fazenda, lançado
em sua avaliação de cento e dez mil
reis, com que se sae....................... 110$0()0
Mais o sitio de terras de criar
gado, denominado a«Luz»,na ribei­
ra do sertão do Seridó, na forma
lançada na sua avaliação de duzen­
tos mil reis, com que se sae............ 200$00()
Mais vinte e seis bestas paridei-
ras, situadas na mesma, lançadas
em sua avaliação de cento e oitenta
e dois mil reis, com que se sae.......182$000
Mais déz poltrãs, na mesma,
lançadas em sua avaliação de qua­
renta mil í eis, com que se sae.........40$000
Mais dezenove poltrinhos, na
mesma, lançados em sua avaliação
de trinta e oito mil reis, com que se
sae...................................................38 $000
Mais.. cavallos,pais,na mesma,
lançados em sua avaliação de ses­
senta mil reis, com que se sae.......... 60$000
Mais cinco ditos de fabrica, na
mesma, lançados em sua avaliação
de cincoenta mil reis,com que se sae..50,^000
135

Mais dois machados da fabrica,


da dita, lançados em sua avaliação
clc oitocentos reis,com que se sae.........$800
Mais o escravo Bento, fabrica
da dita, avaliado em cento e vinte
mil reis, com que se sae.................120$000
Mais o sitio Pixoré, na ribeira
das Piranhas, em sua avaliação de
seiscentos mil reis,com que se sae...600$000
Mais a metade das fazendas,
cercas, lançadas neste Inventa­
rio, na quantia de um conto e finte
e cinco mil e quarenta e um reis,
com que se sae............................ 1:025$041
Mais no valor das moradas de
cazas, sitas em Goyaninha e lan­
çadas em cento e cincoenta mil reis,
com que se sae.............................. 150$000

E por este modo se houve inteirada a


meiação de I). Antonia Josepha do Espirito
Santo Ribeiro, da quantia de 48:859$852,
quarenta e oito contos oitocentos e cinco­
enta e nove mil oitocentos e cincoentae dois
reis, pelos bens descriptos e avaliados neste
Inventario,de que fiz este, encerrando-o em
que assignam. Eu, Ignacio Joaquim da Sil­
va, Escrivão de orphãos, escrevi. Naseimen-
136

to. Francisco Manoel dc Assis. Francisco


Rocha.
E nada tnais sc continha cm dita meia-
ção que escrevi e assignei nesta sobredita
Villa, aos 19 dc Maio, do anno de Nosso
Senhor Jesus Christo de 1809. O Escrivão
de Orphãos,Ignacio Joaquim da Silva.
Desta 3$100, trez mil e cem reis, que
pagou. Ignacio.
[Copia da certidão existente no Institu­
to Historico e Geographico do Estado.]
137

CARTA REGIA
(Voando d Trilimiiil da Almada
Bernardo Teixeira Coutinho Alvares de
Carvalho, Desembargador do Paço. Amigo,*
Ru El-Rei vos envio muito saudar.
Sendo me presente o horrivel attentado
contra a minha Keal Soberania e Suprema
Auctoridade t|ue uns malvad< s indignos do
nome Pdrtuguez, habitantes da Província
de Pernambuco,depois de corromperem com
a execrável maldade a outros perversos, se
atreveram a commetter no dia 6 de Março
do corrente, anno fazendo uma rebelliAo e
tendo aterrorisado o povo com nssasinatos
c conduzido a Tropa, ainda incerta dos seus
projectos, surprehenderam as auetoridades
por Mim estabelecidas, c se apoderaram da
administração publica, passando a erigir
um monstruoso Governo,procurando propa­
gar a rebellião por cjuasi toda aquella P ro ­
víncia cpelas confinantes da Parahyba, Rio
Grande c Alagoas, levantando Tropas e re­
sistindo com força armada, contra nqunlles
que «u El-Rei e Senhor natural ahi tinha
para segurança interior dos meus povos,
e contra os que aceodiani a rebater tão
accelerado acontecimento.
E devendo eu fazer castigar,com a seve­
ridade das Leis, a crimes tão enormes enun-
ca vistos entre os meus Vassallos ;
Fui servido nomear vos eaos Desembar­
gadores Antoniojosé de Miranda, João 0-
sorio de Castro Souza Falcão e José Caeta­
no de Paiva Pereira, para que vós como
Juiz, o Desembargador Antoniojosé de M i­
randa, como Adjuncto, o Desembargador
João Osorio de Castro Souza Falcão, como
Escrivão, o Desembargador JoséCaetano de
Paiva Pereira, como Escrivão assistente,
passeis á Villa do Recife de Pernambuco,
onde, chamando a vós as devassas, que nhi
se tiverem já tirado e nas outras terras cir-
cumvisinhas até o Ceará,e os processos e sen­
tenças que já houverem, ainda que porellas
já se tenha procedido á exccueção de penas,
procedaes a tirar nova devassa sem necessi­
dade de certo tempo, ou numero de teste­
munhas, e tendo-a concluido, e presos os
réos que se acharem presentes, e citados por
editaesos auzentes c os herdeiros,dos falleci-
dos ou executados, passareis á cidade da
Bahia, onde chamareis tão bem a v<>', as
139

mais devassas e processos que ahi houve­


rem, e renovando ás diligencias e perguntas
que forem necessárias ao conhecimento da
verdade, sentenciareis summnriamente em
relação, os réos que nos sobreditos horro-
sosos delietos torem culpados, havendo por
supprida qualquer falta de tormalidades e
por sanadas quaesquer nidlidades judiciaes,
positivas, pessoaes ou territoriaes de di­
reitos ou dos costumes da Nação, que possa
haver nas ditas ou processos, attendendo
somente ás provas conforme o direito nacio­
nal, impondo as penas em toda a extensão
das Leis como si todos os réos fossem de
novo julgados, sendo vós o Relator e sendo
o Adjunto o Desembargador dos Agravos
da Casa da Suplicação, Antonio José de
Miranda e os mais Ministros que o Gover­
nador e Capitão General nomear e vós lhe
propuzerdes ou sejam Desembargadores que
serviam na relação da Bahia ou quaesquer
outros Ministros de qualquer graduação da-
quella província, ou das -outras do Reino,
os quaes sendo por vós requeridos o Gover­
nador os fará convocar na conformidade
das ordens que lhe mando expedir.
E dos réos que houverem Ecclesiasticos
ou sejam regulares ou seculares, vós man-
140

daieis separar as culpas para cm acto sepa­


rado serem sentenciados por vós como for
de justiça e com os adjunetos por lhe não
pertencer privilégios alguns de isenção nos
Crimes exeeptuados, nos quaes o de Sua M a ­
jestade é o maior e mais horroroso* Com
declaração porém que antes da execução da
Sentença exigireis a degradação na confor­
midade do costume do Reino. Kmquanto
aos réos que torem das ordens militares, vós
na mesma sentença podereis degradar e ex­
pulsar delias, pois, a vós e aos mais adjun—
ctos commetto essa jurisdição, como man­
do participará Mesa de Consciência e Or­
dens.
Havendo outrosim entre os Réos que
nem foram dos Chefes e Cabeças da Rebel-
lião, nem eommetteram assassinatos, nem
commandaram Tropas rebeldes que pega­
ram em Armas, nem constituiram o Conse­
lho dos Governos revolucionários, nem dos
que fomentaram, proclamaram ou procura­
ram propagar oü sustentaram e nelle per­
severaram, até serem rendidos pela torça
armada, porém que consentiram por te­
mor, cederam á força ou semelhantes, á
respeito destes Ordeno que as Sentenças
contra elles proferidas se remetterão á Mi-
141

nha Real Presença, suspendendo-se entre a


execução delles, c ficando os Réos com segu­
rança ate Eu determinar o que for servido.
Servirão de Escrivão ede Escrivão Assis­
tente, os Ministros que vão por mim no­
meados, os quaes terão fé publica, que se
dará também ás copias dos processos c cer­
tidões por clles escriptas ou subscriptas e
concertadas e servirão debaixo dos juramen­
tos dos seus otficios.
Para vos auxiliardes na proposição de
tão volumoso processo, podereis valer-vos
de qualquer dos nossos adjuntos que para
esse fim nomeardes.
Para os casos dc empate ou qualquer
outro accidente, ou nomeação de Juiz ou de
com missões, ainda especial e immediata-
mente emanada de Minha Real Pessoa e
também nos casos de impedimento ou talta
de Escrivão ou Escrivães, o Governador,
eom o vosso parecer, nomeará os ciue forem
mais idoneos ou da Relação da Bahia ou de
entre os Magistrados de maior ou menor
graduação que ali servem ou têm servido
em qualquer lugar do Reino'do Brazil.
E paraoscasos decmpate,o voto do Go­
vernador deverá ter lugar e será igualmente
decisivo ; achando-se, porém, elle impedido,
142

o Chanceller da Relação o substituirá, e o


seu voto terá a mesma força e qualidade.
Sendo necessário expedir ordens a qual­
quer das Províncias ou mandarem-se a ellas
outros Ministros incumbidos de commissõcs
particulares, ou por conhecerem, inquerirem
ou devassarem sobre objectos relativos a
esta commissão ou para outras quaesquer
diligencias de diversas naturezas ao Meu
Real Serviço: Ordeno que em todos e cada
um dos differentes casos, procedendo vós
sempre de accordo com o Governador, ex­
pedireis todas v.s ordens, que vos parecerem
convenientes e encarregando se o Governa­
dor de as auxiliar, como lhe determino em
Carta, que a esse fim lhe vai dirigida.
E principiando vós a devassa ficará ces­
sando quaesquer commis«ões a este respei­
to, a excepção somente do que determino
no districto da Relação do Rio de Janeiro.
No caso do vosso impedimento vos substi­
tuirá o Desembargador vosso Ajudante eno
de ambos, qualquer que elle seja, o mesmo
Governador proverá como lhe tenho orde­
nado.
Dos autos de sequestros c confiscos a
que se proceder, sereis vós o Juiz com o vos­
so Adjunto ; e concluída a vossa commis-
143

são, passarão os mesmos autos para o Juí­


zo da Coroa naquclla Relação, fazendo re~
rnetter os tralados á esta Côrte : serão no­
meados administradores para os bens de .
raiz arrematados os moveis semoventes não
necessários para a manutenção dos própri­
os, iulgando-se summariamente as liquida­
ções dos referidos confiscos, dividas, reivin­
dicações e outras qunesquer dependencias,
na forma das Leis, estabelecidas para o Juí ­
z o final.

Podereis receber de salario a 8$000 por


dia : G$400 paia o vosso Adjuncto,e4$800
cada um dos Desembargadores Escrivães,
desde o dia do vosso embarque ate o fim da
diligencia na Bahia, contando-se o mesmo
a qualquer Ministro que nos impedimentos
exercer qualquer dos ditos cargos pelos dias
que exercitar e isto sem embargo de quaes-
quer Leis, disposições dc direito, privilégios,
ordens ou costumes e estylos 'em contrario,
que todos hei por derrogados por esta vez
somente, ficando,aliás, sempre em vigôr.
Escripta no Palacio do Rio de Janeiro
em 6 de Agosto de 1817. Rei. Para Bernar­
do Teixeira Coutinho Alvares de Carvalho.

( A Seguir).
Rio Grande do Norte
M i í M O R IA K K l.A T fV A Á D E F E S A
da C a p it a n ia do R io G r and e do

N orth na o u a i. sk m o s t r a o q ue

í; NECESSÁRIO PARA ELLA, Ií QUE


POZ EM PRATICA PARA O MESMO
FIM O ACTUAL GOVERNADOR POR
José F r a n c is c o de P a u l a C a­
v a l c a n t i de A ld u o u f r o e .

Fsta Capitania c cercada por todo o


lado do sul, por todo o lado do oeste, e por
parte do lado do norte, pelas Capitanias da
Parahv’ba, e- Ceará Grande, sendo o resto
do lado do norte e todo o lado de leste cer­
cado de mar : principia a sua costa em 4o e
10', de latitude sul, estendendo-se para o
mesmo sul com 90 léguas, que terminam no
Rio dos Marcos, ficando o porto da cidade,
e a mesma, na latitude sul de 59 e 17’.
A dita Capitania tem m inai de preeio-
145

sos metaes e pedras preciosas ; mas acerta-


tadissimamente SS. MM. Fidelíssimas
prohibiram o uso delias, attendendo que só
a continuada agricultura é que faz a gran­
deza solida dos Estados. As suas terras
criam muito bem todo o «jcnero de gados,
produzem algodão, e café o melhor do mun­
do, cannas de assuear, trigo, e todos os
mais generos, que fazem a sua abundancia e
o seu commercio de exportação ; comtudo,
como estas cousas agora é que principiam
nesta Capitania, cila não póde attrahir por
este lado as vistas ambiciosas das nações,
sim pelo da sua situação local eoptim opor­
to da cidade do Natal, o qual, com a largu­
ra de 400 a 500 braças, pelo comprimento
de 3 léguas, dá ancoradouro seguro e abri­
gado de todos os ventos ás embarcações
que navegarem em baixa maré de aguas vi­
vas. cm agua de 40 palmos de íundo, e este
mesmo fundo vai pela barra fóra terminar-
se no fundo do mar.
Pelos motivos expostos, considerando
em geral a costa do Rrnzil e a ambição das
nações, vê-se que se lhes ofíerece no impor­
tante porto da cidade do Natal o principio
íacil, e ‘ Cguro passo para entrar no Brazil ;
portanto, deve esperar-se sermos atacados
T46

pelo dito fado. que para o defender é pre­


ciso :
Primeiro tortificar-se a enseada da Pon­
ta Negra, fazendo-se-Ihe tuna fortaleza, oit
ao menos urna bateria com peças de grosso-
calibre, que varra toda a dita enseada, prin _
cipalmente a V2 legua, que offerece bom des­
embarque ao inimigo; e porque as eircums-
tancias ainda não permittem poder-se fazer
maiores despezas, mandou o dito governa­
dor construir um forte de faxina revestido
de pedras, para nella laborarem peças,
deixando para adiante o mais.
Segundo, fazer-se outra fortaleza na
margem do rio, no lugar denominado Redi-
nha, que, cruzando com a da barra, defenda
a entrada delia ; e pela mesma razão acima
mandou o mesmo governador construir ou­
tro igual forte.da mesma maneira
Terceiro, fazer-se na enseada do Genipn-
bú um forte, e uma trincheira, para dispu­
tar o desembarque ao inimigo, o que tam­
bém foi mandado construir, pelo modo que
as circumstancias o permittiram.
Quarto, fazer-se na enseada da Pititin-
ga outro forte c trincheira que façam res­
peitável aquella bahia. onde continuamente
vão parar embarcações estrangeiras, que
147

accossadas rio tempo procuram abrigar-se,


o que tudo mandou fazer, pelo possível
modo,o mesmo governador.
Quinto, fazerem-se em todas as passa­
gens de rios, portos, enseadas, bahias e des­
filadeiros, por onde o inimigo deva passar,
trincheiras para se disputar a passagem,
advertindo que as que se fizerem nas ditas
passagens de rios, junto á costa do mar, o
flanco deste lado deve ser coberto com es-
paldão ; o que não concluiu o actual gover­
nador, depois de já ter dado principio, por
variarem as circumstancias.
Sexto, haver um telegrapho, que diga
com exactidão e promptidão todos os movi­
mentos que faz o inimigo na costa, ao me­
nos 12 léguas ao norte, e 12 ao sul do por­
to desta cidade, o que porá em pratica o
dito governador, concedendo-se-lhe para
isso faculdade.
Para que mais rapida e promptamente
acudissem os officiaes encarregados da defe­
sa do paiz com as suas tropas aos postos
dos seus respectivos districtos, dividiu o
mesmo governador a Capitania cm 3 divi­
sões, a saber : divisão do norte, dita do sul,
e dita do centro, regulando-se para a dis­
148

tribuição (Tos cíistrictoa pelo numero dos ha­


bitantes e postos que nelles ha a defender.
Subdividiu as divisões eni círculos, a sa­
ber : divisão do norte em 2, a do centro em
4, e a do sul em 2, o que mais claramente
mostra o mappa geral das faculdades da
Capitania, que se remette nesta occasião
pela competente repartição ; mandando fa­
zer depositos das munições e petrechos de
guerra, que pôde apromptar, nos pontos
centraes de cada circulo, onde se devem jun­
tar as tropas ao signa 1de rebate.
Pretendeu o mesmo governador montar
0 peças de artilherin em 6 jangadas para
obstar qualquer invasão do inimigo, lem­
brando-se que taes embarcações, podendo
fazer um grande mal, muito pouco podiam
receber ; mas este seu projecto não foi posto
em pratica por ser dependente da vontade
do capitão-general da Capitania de Pernam­
buco, a quem officiou, e de quem não teve
resposta.
Ao mesmo capitão-general pediu o g o ­
vernador peças de artilheria montadas, e
reparos para algumas que existem capazes
de servir, para guarnecerem os fortes que
mandou fazer, e até o presente não tem a~
pparecido uma e nem outra cousa.
149

Pediu-lhe também armamento ao menos


para um regimento de infantaria miliciana,
e o desenganou que lhe não mandava.
Representou-lhe mais, para pôr na pre­
sença de S A. Real, que a Capitania não po- '
dia dispensar outra companhia de linha, e
que havia tundo para se lhe pagar, de cujo
negocio não teve ainda decisão.
A S. A. Real, pela secretaria dos negóci­
os ultramarinos,pediu o mesmo governador
faculdade para tirar da companhia de linha
os soldados inválidos, e com clles guarnecer
os fortes, ficando sempre completa a dita
companhia, do que também não teve ainda
decisão.
Pelos motivos acima referidos se mos­
tra não ter havido omissão da parte do a­
ctual governador desta Capitania, e que os
seus desejos são tcl-a em um pé de defesa
tão respeitável como lhe foi recommcndado
no regio aviso de 7 de Outubro de 1807.
Cidade do Natal, 30 de Maio de 1808.
( Extrahido da Rev. do Inst. Hist. Braz.
vol. 27,pag. 245.)

N o t a : O auctor desta Memória tinha o posto de sargen-


to-mór de infantaria e foi o quadragésimo terceiro governa­
dor da Capitania do Rio Grande do Norte, nomeado por De-
(reto de 4 de setembro de 1805.
ir>()

Nâo sendo em tempo prcpnrada n patente de sua nomea*


çAo, D. JnAo, príncipe regente, mandou, par aviso de 11 de ja ­
neiro de 1806, ao capitfto general governador de Pernambu­
co, (pie lhe iltfsse a poBse do cargo ; e, por carta regia
de 23 de novembro do nnno anterior, communicou ao Senado
da Câmara de Natal, que o dispensava de jurar preito e ho­
menagem pela Capitania.
Em 23 de março de 1806, Paula Cavulcanti assumiu o
governo, perante o Senado da Camara. reunido na Igreja
Matriz.
Durante sna administração, foi agraciado com o habito de
cavalheiro professo da ordem de Christo e promovido ao pos­
to de coronel de infante/ia, addido ao estado-maior do ex­
ercito.
JA antes de 20 de agosto de 1811, tinha deixado o gover­
no, por ter sido.em 2 de janeiro do mesmo nnno, nomeado go­
vernador da ilha de SAo Miguel.
Como reza a Memorín,elle procurou.consoante o aviso ré­
gio de 7 de outubro de 1807, fortificar a Capitania pelo re
ceio de NapoleAo Bonaparte, que nas luctas contra on ingle-
zes, cuja influencia era notoria no reino de Portugal, havia
estabelecido o bloqueio do continente europeu.
Transcrevemos o aviso regio :
«Apezar dos esforços e dos sacrifícios que o Príncipe Re­
gente Nosso Senhor tem feito para conservar uma perfeita
neutralidade entre as Potências Bclligerantes, as circumstan-
cias políticas nctunes da Europa sAo tacs, que C muito paru
receiar que Portugal se ache muito brevemente obrigado a
fechar seus portos d.» Continente desta parte do mundo aos
inglezes pata evitar uma invasAo de tropas Francezns supe
riores nestes Reinos : o que supposto, e ignorando-se por ora
o partido que tomará a GrA Bretanha : E’ Sua Alteza Kcal
servido que V. S. impeça, até nova ordem, a partida de navi­
os portugueses que se acham aos Portos dessa Capitania, e se
ponha em estado de defeza mais respeitável para poder com
vantagem e confiança de saccesso repelür gloriosamente qual­
quer ataque hostil contra o território, cujo Governo lhe foi
confiado pelo Nosso Augusto Soberano. Estas providencias
deverá V. S. participar aos Governadores das Capitanias sn-
151

bordinadaí a essa de Pernambuco, para que as executem no


que lhes for applicavel.
Deus Guarde a V. S. —Sitio de Nossa Senhora da Ajuda,
em 7 de outubro de 1807. Visconde de Anadia. Sr. Caetano
Pinto de Miranda Montenegro. José Carlos Mairink da Silva
Ferrão.»
De feito, entre os Fortes que Francisco de Paula mandou
construir, conta-se o do porto de S. José deGcnipabú, que foi
concluido n 9 de nbril de 1808. tendo por commandantc o ca-
pitfto José Xavier de Mendonça
Trabalharam na fundaçAo desse forte, com o pessoal do
seu cominando, os seguintes officiaes .­
Capitão José de Araújo, do Regimento de Milicias, com 60
pessoas, durunte uma semana, sendo feito o serviço á suacus
ta, exceptuado o fornecimento de farinha,que correu por con­
ta do Governador ;
Alfetes Francisco de Assis, que trabalhou, por egual tempo
com 16 homens ;
Alferes das ordenanças Leandro Rodrigues Braga, por c-
gual tempo, com 20 pessoas ;
B alferes Pedro Paulo Vieira,que trabalhou durante 3 me-
zes e 18 dias, sustentando o pessoal do seu commando e o do
cominando de Luiz Pereira, com o maior patriotismo e amor
A causa do Príncipe Regente.
O material do Forte constava do seguinte : uma guarita
de madeira, uma casa d? aguada, uma taumba para os sol-­
dados, uma cama de couro para os officiaes, uma mesa, uma
cadeira de pau, um candieiro com gaiola, um pote, um côco,
uma torneira com duas quartinhas, um tronco, uma casa de
palamentn, quatro torneiras para palamenta, um soquete e
duus fechaduras (Officio do c.mmandffntc do Forte no Gover­
nador,em 10 dc abril de 1808),
NAo commcntarcmos o patriotismo dos homens de ou-
trora.
Quem quer que hoje visite nquellc lognr, lia de' deparar
ainda com as ruinas do Forte, construído para disputar o
desembarque de foiças inimiga«.

V icente de L emos,
Nota Avulsa
O Rio Grande do Norte foi conquistado aos
indios potyguares, em fins de dezembro de 1597,
por Manoel Mascarenhas Homem, capitão-m ór
de Pernambuco.
O forte dos Santos Reis M agos teve começo a
tí de janeiro de 1598, sendo, a 24 de junho d'esse
mesmo a nuo,entregue ajeronym o de A lbuquerque,
seu capitão, nomeado por Mascarenhas Homem.
A 25 de dezembro doanno seguinte(l599), j c -
ronymo de Albuquerque demarcou o sitio da cida­
de que recebeu o nome de Natal.
Suscitando se duvidas sobre a cpocha cm que
Natal foi villa, c mesmo sobre si o foi, tivemos o-
ccasião de convencer nos, diante de documentos
valiosos, de que a capital da anúga Capitania foi
cidade desde os seus fundamentos, o que é confir­
mado fteloaulo de repartições das terras,de 1614,
publicado no ultimo volume desta Revista, onde
se encontram referencias a lotes distribuídos no
sitio da cidade ou no sitio desta cidade.
Pela informação geral que prestou á M étropo­
le o capitão general governador de Pernambuco,
em 1749, vê se que, a esse tempo, existiam apenas
duas cidades em todas as Capitanias que lhe eram
subordinadas—Olinda e Natal.
NO

RIO GRANDE DO NORTE


PARTE II

CATALOGO DOS J O R N A K S P U B L IC A D O S
N O KIO G R A N D E DO N O R T E

1832-1908
(Continuando do Vol. VI, pag. 212)

86—A R E P U B L IC A —1889 1908 (45)


1889
Finda a campanha abolicionista com
a cxtincção completa da escravatura no
Brazil, o dr. Pedro Velho, cujo espirito pa­
recia talhado para evangelizador das gran­
des ideas, no mesmo anno em que a histo-
(45) Reeditando agora a parte de meu trabalho referente á
a Republica, entendi que nAo devia perder a oecasifio para dar
lhe o maior desenvolvimento possivel ; pois nAo só tem sido
clin (juasi sempre folha official, como 6 o jornal de mais longa
154

ria patria registrava aquclle notável acon­


teci mento,declarou-se publica mente, aberta­
mente republicano, de modo que a 27 de Ja­
neiro do anno seguinte, a seu convite, rea­
lizava-se nesta cidade, em casa do capitão
João Avelino Pereira de Vasconccllos, a
primeira reunião do partido republicano da
provinda, depois dos movimentos revolu­
cionários de 1817 c 1824.
Nessa reunião, presente um considerá­
vel numero de cidadãos, .deste e dos muni-
cipios visinhos, sob a presidência do dr.
João de Albuquerque Maranhão, secreta­
riado pelo padre José Paulino de Andrade,
vigário da M acal^ba, e cidadão Juvencio
Tassino Xavier de Menezes, obtendo a pa­
lavra, expoz Pedro Velho os fins da mesma
reunião e, depois de unanimemente acceitas
as bases da lei organica do partido, que a-
presentára, lembrou a crea^ão de um jornal
ou revista que desse conta dos progressos do
vida cio Estado e o unico, pode-se dizer, que, vindo da pro­
paganda republicana, tem uma historia.
Relevem-me, pois, os leitores si com ella tiver dc occupar
me em mais de um volume desta Revista : tenho o maior em­
penho em registrar os assumptos principaes dc suas paginas,
dc preferencia os que se ref rem ao periodo de nossa organi­
zação republicana, certo, como estou, de que, por seu grande
numero e relevância, serAo de incontestável valor para a his­
toria do Estado nesse periodo.
155

partido no paiz, animou os correligionários


vindos do interior a que promovessem a
creação de clubs locaes em seus municípios
c lindou lendo enérgico manifesto, que é a
expressão mais viva de seus sentimentos de­
mocráticos e que, impresso, foi depois lar­
gamente distribuído na província cm um
pequeno folheto de 47 pags., contendo mais
um bem elaborado artigo sob a epigraphe—
Partido Republicano no Rio Grande do Nor­
te aeta de sua 1* reunião, lista dos nomes
dos cidadãos que a cila compareceram c a-
dheriram, em numero de 114, c as bases
para a lei organica do partido republicano
na província (4(5).
Propagandista esforçado e amparado
já por tão crescido numero de adhesões, se­
guiu Pedro Velho avante em sua missão,
pregando ao povo a doutrina nova, (pie o
povo ouvia admirado ecoma satisfaeção de
quem vê bruxolearao longe a luz benefica
de sua redempção.
(46) O Povo. jornal que se publicava na cidade do Prin
cipe, dos scrtbes da província, referindo se em sua icolumnn
republicana» a esse manifesto, que considerava bello na fó r-
mn e mais bello no" conteúdo, disse que elle devia ver para 11
sociedade norte-rio-grandense o Evangelho civil, onde o cida
dAocnda din deve ver, sentir,esclarecer se e compenetrar-se da
verdade democrática,que deve encontrar uma fortaleza em seu
patriotismo.
150

Convinha, entretanto, para orientar


melhor a propaganda, ercar o seu orgam,
«a tribuna onde o partido viesse pensar
alto, para ser ouvido e julgado pelo’ povo»;
e no dia I o de Julho de 1889, coincidindo
esse facto com a publicação no Rio de Ja­
neiro do «Correio do Povo», jornal republi­
cano sob a direcção politica de Sampaio
Ferraz e Chagas Lobato, atirou Pedro Ve­
lho á luz da publicidade A Republica, or­
gam do partido a cuja frente se collocára,
traçando com firmeza o seu programmanos
seguintes termos : .

“Pela Patria

«A Republica», orgão do partido nacio­


nal ou anti-monarchieo nesta provincia, tem
por missão essencial diffundir e propagar
as ideias que o seu titulo synthetisa. Entre­
tanto, a batalha que. com as armas da ra­
zão, vamos empenhar contra a realeza cor-
romoida e corruptora não nos fará esquecer
quaes as necessidades e os males desta terra
infeliz, para dizel-os sincera e leal mente aos
nossos comprovincianos ; isto é, será um
novo e grande estimulo para levantar o es­
pirito publico que ignora c que se não tem
i r>7

procurado esclarecer,emancipando- o dc pre­


conceitos vãos c perniciosas influencias.
Cada um deve conhecer os seus deveres, mas
não é menos necessário que conheça tam­
bém os seus direitos.
Havemos de fazer destas modestas co-
lumnas não o vehiculo de paixões e odios,
mas a tribuna onde o partido venha pensar
alto, para ser ouvido e julgado pelo povo.
Atravez da forma menos brilhante, da
phrase mais tosca e illetrada, ha de sempre
transparecer aqui, como o nosso destino
unico e jamais desmentido, a defeza das
justas e nobres esperanças de um futuro me­
lhor—o bem publico, emfim, que se traduz
no mais completo desenvolvimento do pro­
gresso, á sombra protectora da liberdade c
da paz.
Ardua em preza para tão fracas forças ;
mas a consiencia recta do ignorante vale
mais que a razão culta a que se não alia, ro­
bustecendo-a, a dignidade e o caracter, e
isto nos alenta.
A causa sagrada da patria brazileira, o
entranhado amor pelo pobre, mas estreme­
cido torrão que nos servio de berço, eis o
nosso programma : aquella nós a encara­
mos como todos os bons espiritos desinte-
158

ressaclos e patrióticos na propaganda repu­


blicana ; este só o poderemos affinnar pela
conquista infatigável do nosso bem estar.
Vamos pugnar pelo povo c pela nação.
() instincto da egualdade é o movei e a
aspiração que encadeia e dirige todo o dra­
ma historico da humanidade, e esta sublime
conquista não será feita sem a lueta con­
stante contra todas as tyrannias, todos os
privilégios, todas as excepçõcs odiosas e in­
justas que dividem os homens em um peque­
no grupo de favoritos e n’uma immensa tur­
ba de infelizes.
De todos osprivilegios o maishumilhan-
te, o mais pernicioso é a realeza hereditária
e irresponsável ; contra ella estremece em
assomos da mais digna e justificada revolta
a opinião cansada e desilludida ; e entre n
dymnastia e a nação a escolha não c diffi-
cil, nem para hesitações.
Pela patria ! P2is o nosso compromisso ;
para o cumprimento deste encargo temos
um só recurso—dizer ao povò a verdade in­
teira, clara e honradamente. Isto havemos
de fazer, custe o que custai .)>
E logo, acudindo ao brado que partia
do centro, onde pontificava Quintino Bo-
cayuva, o chefe eleito da democracia braz l-
159

eira, e ouvindo o voz cie Silva Jardim, o a*


postolo intemerato que ia por toda parte
pregando, desassombrado e altivo, o evan­
gelho republicano, Pedro Velho poz-se em
acção, encarando de frente c com denodo a
situação política do paiz.
A dy nas tia reinante, os velhos partidos
nionarchicos, desorientados e inúteis, a po-
litica tortuosa dos gabinetes foram themas
de vibrantes artigos (VA Republica, que, oc-
cupando se de um dos assumptos do dia—a
viagem do Conde d’Eu ao norte do paiz, re­
duziu a suas justas proporções a figura po­
lítica do marido da futura imperatriz, para
quem teve phrases como as seguintes, que
mostram ao mesmo tempo a energia eofino
espirito com que occupava se do assumpto:
«Nós não lhe queremos dizer cousas re­
tumbantes e tribunicias ; estamos informa­
dos do que vale S. A . ; sabemos que esteve
no perrigoso ataque de Pernbeberry; que
tem muitos milhões na Inglaterra, muitas
terras no sul, muitos cortiços no Rio de Ja­
neiro ; que é surdo e economico.
Pois sim ; mas deixe-nos” .
E dest’arte, «acompanhando a marcha
politiea do paiz, fazendo doutrina, jogan
do com o ridículo de um modo finíssimo e
160

proveitoso, estudando criteriosamente as


questões locaes, apequena folha espalhou-se
em toda a provinda e tornou-se um ele­
mento político de valor” .
. No mesmo dia em que publicava A Re­
publica o chefe do novo partido convidava
os republicanos da capital e do interior a se
reunirem no dia 14-para tratar e resolver
sobre assumptos de importância e urgência
para o bom andamento c progresso da pro­
paganda democrática e especial mente pro­
ceder á eleição dos candidatos que o p a r­
tido deveria apresentar ás próximas elei­
ções geraes, concluindo assim o seu convite:
«Quaes-quer que sejam as nossas forças,
por pequenos e limitados que sejam os nossos
recursos, a nossa honra nos impõe o dever
de affirmar solemnemente as nossas convic­
ções em todos os terrenos.
Isto será ao mesmo tempo o cumpri­
mento de um dever e um completo desmen­
tido aos que duvidam”.
Mo dia 14- realizou-se effecti va mente a
reunião sob a presidência do dr. Pedro Ve­
lho, servindo de secretários o dr. Hermo-
genes Joaquim Barbosa Tinoco e capitão
João Avelino Pereira de Vasconcellos ; c, de­
pois de relembrar o presidente a gloriosa
161

data do desmoronamento da Bastilha e de


sn*em tomadas diversas medidas de expedi­
ente pela assemhlcn dos republicanos, pro­
cedera.) estes á eleição de seus candidatos
ás eleições gemes que deveriam realizar-se a
BI do proximo mez de Agost<\sendo eleitos
—dr. Pedro Velho de Albuquerque M ara­
nhão, pelo 1 districto, e José Leão Ferreira
Souto, pelo 2V, nomes estes naturalmente
indicados pelas circumstanciase pelos servi­
çais prestados por seus portadores á causa
republicana na provinda. .
Apresentado por seus correligionários
candidato á representação nacional, o dr.
Pedro Velho, certo do resultado da eleição
e de que o partido republicano, pleiteando
a, tinha somente em vista aflirmar a sua
existência, dirigiu ao eleitorado do 10 dis­
tricto n’ .1 kepnhhcn de 12 desse mez. não
um programam. mas um manifesto, simples
aftirmação publica da sinceridade de suas
convicções e aeceitabilidade das ideas que
com tanto ardor defendia
Xo dia designado fez-se a eleição, e o
partido republicano, que a todo transe pro­
curas a-se abater e aniquilar, poude ainda
reunir 67 votos nos dons districtos.
Comparecendo ás urnas, esse partido
Hí2

conseguiu, pois, o seu fim : affirmou condig­


namente a sua existência e provou (pie, si o
limitado numero de votos obtidos por seus
candidatos não exprimia um triumpho na
lueta dos pa rtidos.era—o com certeza na lue-
ta das ideas democráticas, (pie avançavam
e iam, palmo a palmo derruindo os velhos
reduetos da monarchia K Pedro Velho,agra­
decendo aos seus correligionários, como pir-
zidente do directorio e candidato, assim se
exprimiu n'A Republica de 2 de Setembro —
nv 10 :
«Esses poucos que tão nobremente sou­
beram manter a honra de nossa bandeira,
mostrando que sabem eollocar acima de
tudo, illcza e incorruptível, a sua dignidade,
valem mais do que a massa dos inconscien­
tes ou vendidos que amesquinham o seu di­
reito politieo, enxovalhando sem pudoresta
nobre província, já tão ludibriada.
Prosigamos na nossa missão, traba­
lhando com serenidade, firmeza e constan.
eia, e podemos ter a certeza de que os cara­
cteres puros e desinteressados hão de vir re­
fugiar-se todos, mais eêdo ou mais tarde, no
generoso partido republicano, que se esfor­
ça por instituir no Hrazil o unico governo
que pode salvar nos.»
163

O sr. José LcAo. candidato republicano


do 2o (listrieto, em 7 de Setembro—publica­
do nVl Republica de 9 de Outubro—n9 15—
dirigiu também aos seus eleitores extenso
e bem elaborado manifesto, no qual, ao mes­
mo tempo que agradece aos seus amigos
a distinceào com que o honrara m,discute com
critério o pleito cie 31 de Agosto.
«A candidatura republicana levantada
na provineia em eleição prévia de 14 de Ju­
lho preteri to—diz elle loi corajosa mente am­
parada pelos poucos eorreligionai ios que o
temor do despotismo não vietimou ainda, e
que souberam resistir to sedueções do poder
e aos vineulos de amisade dos quatro pre­
tendentes adversos, corporificando desta
sorte a verdadeira, a legitima a]>uração dos
opprimidos.
Ella, essa des])retenciosa e audaz candi­
datura, c um bello exemplo de civismo e ar­
dor social, e pode ser tido conto um trium­
ph o—seu espontâneo apparecimento, nas
actuaes circumstancias em que se acha o
paiz e quando na provineia se digladiavam
dentro e fóra dos arraiaes monarchistas os
partidos offieiaes.
Coube lhe ao menos a victoria da digni­
dade em não mendigar votos com ameaças
164

de perseguição ou abandono collectivo !


Agradecendo aos meus heroicoscompro-
vincianos distincção tão altamente honro-
za, venho cumprir o inolvidável dever de
consignar meu eterno reconhecimento.”
E, depois de analysar detidamente as
quatro candidaturas adversas, conclue :
«Só a candidatura republicana teve sua
razão de legitimidade, porque representa o
principio de resistência nacional.

0 2o distrieto do Rio Grande do Norte


está muito no caso, depois dessa prova dl‘
identidade própria, de mandar á Camara
dos Deputados um representante nos casos
de bem zelar seus interesses peculiares........
0 sentimento republicano ahi se gerou,
ahi ha de prosperar e vencer. As tradições
re solucionarias do norte são um patrimô­
nio sertanejo e em tempo cilas se hão de im­
por corno um produeto historieo a (piem a
força do martvrio sagrou em prol de uma
causa santa.
Viva a Republica !»
Assim, com um directorio na Capital,
um orgatn na imprensa, comparecendo aos
K»r.

pleitos eleitoracs e (,4-T) obedecendo ein


tudo á sábia e segura orientação do dr. Pe­
dro Velho, o partido republicano da pro­
víncia já era cm fins de 1889 um factor con­
siderável no mechnnisnio politico da nação.
Pequeno embora, vivia e agia com fir­
meza e, pela voz nuctorizada de seu chefe, já
em edietorial d VI Republica de 8 de Julho—
n° 2—assim sc externava, vaticinando pro­
ximo o triumpho inevitável dc suas i'1é as:
“Todas as cataplasmas do liberalismo
monarehico, todas as resisteneias do con-
seivantismo serão incfficazes para fazer
parar o movimento. A chapa tão estafada
e puida d’a pedra que rolou da montanha
tem mais uma vez sua applieação.
Rolou, realmente; c não ha de parar
mais, porque as resisteneias que encontra
não têm raizes : uns, os mais ousados, ou
mais sinceramente democratas, seguem sem
receio a corrente da opinião ; outros hesitam
irresolutos á espera da primeira opportuni-
dnde ; outros ainda, presos a considerações
de conveniência e interesse, olham para a
(47) Por aviso inserto no n. 20 dM Republica, de 11 rlc
Novembro, ainda convidava o cliete republicano os seus corre
lijíionnrios, tanto da Capital como do interior, n sc reunirem
no dia 1• de Dezembro para proceder á eleiçdo prévia dos can­
didatos do pvi tido nas próximas eleições prnvinciaes.
colurnna rim avança pezarosos de não a ­
char em si a energia nece-sariá para a pa­
triótica jornada. Os que ficam por convic­
ções não são muitos, podemos affirmar.

Esta c a verdade que já todos sentem e


muitos proclamam.
.1 pedra rolou e não ha de parar sinão
quando lhe plantarmos emeima, desfralda­
do aos quatro ventos, inundado de luz, ale­
gre e triumphantc-o pavilhão da Repu­
blica.”

A Republica era impressa na typ do


«Correio do Natab>(48),eni quatro paginas,
tendo cada uma tres columnas e medindo
35 cents. de comprimento sobre 25 de lar­
gura ; tinha seu escriptorio á rua ‘‘Visconde
dc Uruguay”, n°G, esahia todas as segundas
feiras, custando a assignatura 5$000 por
anno.
Era bem escripta e foi bem recebida pela
imprensa local, excepçôo da Gazeta do Na­
tal, que, considerando-a produeto da phan-

(4-8)0 (Ir. Ferro Cardoso, nosso patrício, residente cm Ca­


ris. havia offeiecido no partido rebublicaiio da provincia um
pequeno prelo ; mas este nenhum serviço prestou por ter che­
gado a erta cidade incompleto e quebrado.
tasia <k‘ sonhadores sans culottes, sahiu lhe
logo ao encontro, defendendo o throno e o
partido conservador, de que era orgam, das
accusações que lhes fazia u novo paladino
da imprensa indígena.
A 14 de Julho, eomniemorando a queda
da Bastilha, distribuiu A Republica o seu d'-’
numero, em cuja 1“ pagina, impressa em
tinta verde-escura, lê-se um bem lançado nr.
tigo sobre o notável acontecimento e logo o
seguinte soneto, sem assignatura, primeira
poesia publicada em suas columnas :

AWAY !

D a L iH E K D A n ií o sol rápido avança


De nova luz tingindo os horisontes ;
Filhos do Novo Mundo, erguei as frontes,
Iírazil, c tempo de imitar a França.

De Bragança o batel já voga atôa


Pelos mares sombrios da descrença..
Tu és livre de mais, oh ! patria immensa,
Para suster o peso d'uma c'rôa.

Basta de embuste, a regia camarilha


Ha de ao golpe ceder republicano,
Como as negras cadeias da Bastilha
168

fíanir a monarchia é snntn empreza,


Seja o povo somente—o Soberano
li o hymno universal—a Marselheza.
Da data de seu apparecimcnto á da que­
da da monarchia A Republica publicou 20
numeros, nos quaes, além de variado e
interessante noticiário ; copia da acta da
reunião republicana do dia 14 dejulho ;
transeripções de documentos celebres, como
n sentença condemnatoria de Tiradcntes,
o protomartyr da liberdade brasileira ; o
acto solemnemente adoptado pela assem-
blca constituinte da França cm 26 de Aços-
to de 1781) como preambulo á Constitui­
ção, acto conhecido na historia pelo nome
de Direitos <!o homem c que, no dizer de um
historiador, c um documento incontestavel­
mente incompleto, mas que assignala uma
das grandes epochas da historia da huma­
nidade ; cm folhetim,“O que c a Republica” ,
de Z. Consiglicri IVdrozo, deputado portu-
guez c professor do curso superior de lettrns
cm Lisboa ; traços luminosos da vida de
nosso heroe Frei Miguelinho, astro brilhan­
tíssimo cie Pernambuco em 1S1T, na phrasc
do padre Dias Martins ; deseripção da ban­
deira da Republica em 1817, segundo Muniz
Tavares ; trechos vários de artigos ediscur-
3 GO

sos de Saldanha Marinha, Quintino Bo­


ca yiiva, Ruy Barbosa, Silvio Romero c Sil­
va Jardim, denodados chefes da propa­
ganda republicana no paiz ; encontram-sc
bons artigos doutrináriosede polemica, não
só da pennadeseu redactorchefee ostensivo,
como das de illustres collaboradores, entre
outros, A. S. (49), cpicescrevia sobre as Cou-
zas da Provinda ; P. M. (5 0 )—uma serie
de artigos sob a epigraphe— O Catholicismo
e a Democracia ; Braz de Meilo—umas cor­
respondências do Recife, em cuja Faculdade
de direito cursava o seu 5o anno ; Alberto
Maranhão, Lustosa Camara, Arthur M a ­
cedo (do Assú) e Amaro Cavalcanti, que,
tendo, por telegramma, saudado A Repu­
blica cm seu apparecimento, do Rio, onde se
se achava, escreveu-lhe cm 25 de Agosto um
artigo definindo a sua politica no Rio Grr n-
de do Norte. Esse artigo foi publicado a 24
de Setembro—n9 3—cdellc destaco os seguin­
tes periodos :
“ Filho dessa provinda e hoje por de­
mais inteirado e condoído do abandono
com que a tem tratado a publica governan-

(49) Augusto Severo.


(50) Pe. Josí Paulino de Andrade, cntAo parocho da Ma-
cnhvba.
170

ça,—só um olycctivo procuro cm qualquer


prctcnção dc caracter político : c scr util ao
seu desenvolvimento c ao seu ]n'ogrcsso, den­
tro dos limites de meus esforços.
Esta é a minha bandeira, esta seja a bi­
tola por que cada um deverá medir o alcan­
ce de minhas aspirações.
Republicano, pela convicção profunda
de ser este o meio actual mais profícuo de
melhor servir ao paiz, penso que não ha nis­
to um obstáculo serio para que desmereça a
confiança daquelles comprovincianos que
me julgam no caso dc bem servir á provín­
cia....
Demais, em partido, eu sou hoje o que
amanhã seremos todos, porque já não c lici­
to ao bom senso duvidar da republica no
Brazil.”
O edictorial do ultimo numero dessa se­
rie, que representa, por assim dizer, o regis­
tro de nascimento da Republica no Rio
Grande do Norte, numero publicado a 11 de
Novembro, assim termina :
“Nós esperamos com a mais firme con­
vicção o advento da republica, e esta c afi­
nal a convicção de todos. 0 que nos peza c
ver que o império, em desespero de causa,
explora a nação dc um modo desbragado,
171

pouco lho importando que a s forças vivas


da sociedade se estraguem e aniquilem, tor­
nando cada vez mais lenta e mais difficil a
nossa regeneração.
M as em todo tempo é tempo de ter pa­
triotismo.
A dynastia dos braganças sumir-se-ha
em breve na negra galeria que a posterida­
de reserva aos réos de lesa nação, egoístas
que viverão sem honra e sem gloria ; e em
breve também a patria brazileira ha de vi­
ver e brilhar no concerto da futura civiliza­
ção americana, como uma estrclla de pri­
meira grandeza.”

Muito proximo estava, effeetivamente,o


oceaso dessa dynastia : apenas 4 dias depo­
is, o telegrapho alviçarciro dava-nos a g ra -
ta noticia de que o povo, exercito e a arma­
da, confraternizados, acabavam de decretar
soberanamente,na capital do paiz, a sua de­
posição e consequente extineção dosystema
monarchico representativo. Estava procla­
mada a Republicano Brazil e,como uma onda
dc luz, chegava a todas as provindas a no­
ticia do grande acontecimento.
Ao recebel-a, Pedro Velho dirige inime-
diatamente ao povo um boletim, que c a ex­
pressão concisa, mas sincera, do immenso
jubilo que lhe inundava a alma por ver reali­
zados os seus sonhos de republicano e patrio­
ta, e, dons dias depois, deposto o vice-presi­
dente da província, coronel Antonio Bazilio
Ribeiro Dantas, então no governo, é procla­
mada a Republica entre vivas demonstra­
ções de regosijo publico e acelamado presi­
dente do Estado confederado do Rio Gran­
de do Norte o chefe republicano, que logo
assumiu o exercício do elevado posto que a
soberania popular confiava á pureza de seus
sentimentos democráticos e grandeza de sen
amor á terra que lhe foi berço.
Uma vez de posse do governo do novo
Estado, nomeados seus secretario e commis-
sario dc policia (51), uma commissão exe­
cutiva (52) e outras auctoridades e de-
zignada uma commissão especial para ir
proclamar a Republica nos municipios mais

(51) Nome que teve em seu governo o chefe de policia.


[52] Compunha se dos seguintes cidadãos : Dr. José Mo
reira Brandão Castcllo Branco, José Bernardo de Medeiros,
dr. Francisco Amyntns da Costa Barres, João Avelino Perei­
ra de Vasconcellos. Luiz Emygdio Pinheiro da Camara, capi­
tão Philippe Bezerra Cavalcanti e capitão—tenente Leoncio
Rosa.
proximos á Capital, a 21 o chefe cio poder
executivo dirigiu ao povo energico manifes­
to, expondo-lhe com firmeza e a mais nitida
comprehensão de seu dever o modo pelo qual
havia de pôr em pratica a auctoridadc ex­
traordinária dc que se achava investido ; c,
amparado por esse mesmo povo, que já lhe
fazia as mais espontâneas manifestações de
estima e veneração e cujos direitos e felici­
dade solemnemente se compromcttia adc-
fender, começou Pedro Velho a sua grande
obra: a organização republicana do Rio
Grande do Norte, padrão dc gloria, que o
i »imortalizará.
Depois desses acontecimentos,o orgam do
partido republicano, como ate então se cha­
mava ‘ A Republica,” supprimiu de seu fron­
tispício não só este sub-titulo, como n nome
de seu redactor chefec,dizendo-se agora sim­
plesmente—periodico político e noticioso,re
dactores diversos, distribuiu o l 9 numero
de sua nova phase—21 —a 30 dc Novembro,
dando aos leitores noticia daquclles aconte­
cimentos nos seguintes tirmos : .

C O N C ID A D Ã O S !

Como as outras províncias do cxtincto


imperio, hoje Estados livres da confedera­
174

ção brazileira, o Rio Grande do Norte aca­


ba de proclamar a Republica entre as accla-
maçõcs unanimes do povo e das classes mi­
litares.
E ’ livre a Patria !
A destituição do império abriu espaço á
soberania popular, quebrando todos os gri­
lhões, todos os jugos.
De sul a norte as nossas irmãs, cheias
de ardor patriótico, sem lucta,sem resistên­
cia de nenhuma especie, na confraternização
mais nobre, mais sublime, arvoraram o pa­
vilhão popular e livre da. Republica.
O Governo central está constituído no
Rio de Janeiro da seguinte maneira :
Marechal Dcodoro da Fonseca—Chefe
do Governo Provisorio ;
Aristidcs da Silveira Lobo— Ministro do
Interior (53) ;
Ruy Barbosa—Ministro da Fazenda,in­
terinamente da Justiça (54) ;
Tenente Coronel Benjamim Constant
Botelho de Magalhães Ministroda Guerra;

(53) Etn Fevereiro do mino seguinte Silveira Lobo reli-


rou-ge do ministério, sendo substituído pelo dr.Ccznrio Alvim.
(54) \ pasta da Justiça já havia sido preenchida pelo dr.
Manuel Ferraz de Campos Sales, que assumiu o exercício a 19
de Novembro.
175

Chefe de Esquadra Wandenkolk—Minis­


tro da Marinha :
Quintino Bocayuva—Ministro das Rela­
ções Exteriores, interinamente da Agricul­
tura, Commercio e Obras Publicas (55).
Neste nosso caro torrão natal o gran­
dioso acontecimento foi a manifestação mais
bella e mais sublime que já brotou dos cora­
ções rlo-grandenses.
A’s tros horas da tarde dessedia immor­
tal, que marcará na historia da provinda a
data de nossa libertação e de nossa felicida­
de, reunido o povo,exercito e a armada (5G)
no palacio do governo, entre applausos ge-
raes, foi proclamada a Republica, sendo ac-
elamado presidente do novo Estado e chefe
do poder executivo o dr. Pedro Velho, que

(55) Pata essa ultima pasta fftrn nomeado pouco depois


o dr. Petnetrio Nunes Ribeiro, que, deixando o ministé­
rio a 31 de Janeiro do nnno seguinte, foi substituído peloci-
dndflo Francisco Glyeerio.
(50) A força do exercito nqui tstncionndn constava ape­
nas de uma companhia do 27 bm. de infanterin, sob o com­
inando do cnpitAo Philippe Pezerra Cavalcanti, nosso patri­
cio. Ivsse official c o cnpitAo tenente Lconcio Rosn, copitAo do
porto, representando o exercito c a marinho, puzeram-se d
frente do povo e tomaram parte directa na dcposiçAo do de­
legado do governo [monnrchico, que, nlirts, nenhuma resistên­
cia ( ppoz.
170

immcdiatamente assumiu a administraçãoc


tomou posse do Governo (f>/).
Já percorre todos os ângulos do Estado
a grande nova, em toda parte recebida en­
tre manifestações geraes de regosijo.
Convencido de ciue representa e c depo­
sitário da honra publica, o Governo, nesta
conjunctura solemnc, será ao mesmo tempo
forte e justo, nào poupando esforços para
manter inteira a harmonia social,respeitan­
do todos os direitos, defendendo todas as
liberdades.
Extinctos os privilégios,entramos numa
cpocha de verdadeira e plena confraterniza­
ção.
O pensamento do Governo nesta nova
phasc de nossa existência política abrange
o mais largo c elevado programma, firma­
do cm bases cjue serão a garantia dc nossa
felicidade egrandeza futuras.
Viva a Confederação Brazileira !
(57) Dessas oecurrencias lavrou-se a seguinte
A c t a da p r o c l am a ç Ao da R epublic a B r azi le ir a .na P ho-
v n c i a , hoje E stado do R io G rande do No r t e .
Aos dezesete dias do mez de Novembro de mil oitocentos e
oitenta e nove, no Palacio da Presidência destn Província,
onde se achavam reunidos os eidadflos abaixo nssignados, de
accflrdo com o movimento republicano do Paiz, representado
pelo Governo Provisorio estabelecido no Rio de Janeiro, resol­
veram proclamar a Republica dos Fstados Unidos do Brasil
177

Viva o Estado do Rio Grande do Norte!


Viva o Povo Brazileiro !
Viva o Exercito e a Armada Nacionaes!
Viva o Patriótico Governo Provisorio!”

Tornando-se então folha offieial, A Re­


publica mudou seu escriptorio para o mes­
mo prcdio onde s? achava a typographia
em que era impressa, da qual fez-se proprie­
tário o dr. Pedro Velho, comprando-a a
João Carlos Wandcrley, que, velho e pobre,
retirou se completa mente á vida privada ;
augmentou de formato, passando a ter 43
cents.de comprimento sobre 35 de largura em
cada pagina de cinco columnas ;e na citada
edição,além dos actos a que nos referimos,
publicou mais a proclamação do Governo
Provisorio, mensagem do mesmo governo
ao ex-Imperador e circular aos governado­
res dos Estados ; actas da proclamação da
Republica em diversos municípios do Esta­
do ; grande quantidade de telegrammas, of-
ficiaes c particulares, dirigidos ao governa-

nesta Provincia.hoje listado do Rio Grande do Norteio que sen­


do npprovndo por todos com o ninior enthusiasinoe vivas de­
monstrações de regosijo publico, pelo capitflo-tenente I-eoncio
Rosa fot acclamndo presidente o doutor Pedro Velho de Albu­
querque Mnrnnhrto,que,sendo unanime mente nectito no meio de
ncelnmnçõcs gernes, assumiu a administração e tomou po*.
178

dor acclatnado, não só de varias localidades


do interior, como de alguns dos Estados
confederados, e os primeiros actosdo gover­
no provisorio cstadoal,constando, entre ou­
tros, os seguintes : nomeações dos bacharé­
is Manuel de Carvalho e Souza, Jeronymo
Américo Raposo da Camara, juiz de direito
da comarca de S. José de Mipibú, c Manuel
do Nascimento Castro e Silva—para os car­
gos de secretario do Governo, commissario
de policia c director da instrucção publica ;
do tenente do exercito Francisco de Paula
Moreira—delegado de policia do termo da
capital; do cidadão Miguel Augusto Seabra
de Mello—tenente do corpo de policia,desig­
nado ajudante de pessoa do governador ; e
dos bacharéis Aleibiades Dracon de Albu­
querque Lima Filho, Vicente Simões Pereira
de Lemos,Luiz Manuel Fernandes Sobrinho,
José Amyntas da Cos+a Barros e António
Victor Moreira Brandão e cidadão Manuel
Gomes de Medeiros Dantas—promotores pu­

se do governo do novo Estado do Rio Grande do Norte, qne


assim ficou instnllado : do que |>ara constar lavrou-se a pre-
zente acta.que vae por todos os cidadãos presentes ussignada.
Eu, cidadão Joaquim Soares Ruposo da Camara, designado
para escrever, a escrevi—Dr.Pedro Velho de Albuquerque M a­
ranhão— Leoncio Rosa -Philippe Bezerra Cuvalcanti (Se­
guem se outras muitas assignaturas.)
179

hlicos das comarcas da Imperatriz, Assti,


Ceará-mirim, Trahiry, S. José de Mipibú e
Jardim.
A ’s manifestações de rego si jo publico
veiu também junctar-se a musa potyguar,
e no mesmo numero d 'A Republica a que a ­
cima me referi encontram-se producções
poéticas de Segundo e Celestino Wanderlev,
(bis quaes permitta-se-medestacar o seguin­
te soneto do inspirado cantor das «Gôndo­
las», já nosso conhecido :

Q u e m n o e rn n e o s e n tir c h a m a s a rd e n te s
D o s a g r a d o v u lc ã o d a L ib e r d a d e ;
Q u e m f it a r a t r a v e z d a e t e r n i d a d e
O s u b l i m e p e r f i l d e T ir a D e n t e s ;

Q u e m d e s e ja q u e o v u l t o d a J u s t i ç a
S c le v a n te n a s p ra ç a s d e s lu m b r a n te ;
Q u e m a s p ir a n o p e i t o d e g i g a n t e
V e r a p a t r i a s u b i r n a g r a n d e liça ;

Q u e m ven era o tr a b a lh o , a h o n ra , a g lo r ia
E s a c o d e o b o r é l d o s e r v ilis m o
P a r a v e s t i r a t ú n ic a d a H i s t o r i a ;

H o je d e ve , n d h e r in d o d s a n ta em p reza ,
S o b r e o s r e s to s d o e x tin c to c a ta c ly s m o
As e s tr o p h e s c a n ta r da M a r s e lh e z a .
180

Tendo o Governo central, por decreto de


20 de Novembro, nomeado governador
provisorio do Rio Grande do Norte o dr. A-
dolpho Affonso da Silva Gordo, este aqni
chegou no dia G de Dezembro e nesse mesmo
dia prestou juramento perante a Camara
municipal e tomou posse do governo do Es­
tado.
Acompanhavam no o dr. Manuel Fclis-
berto da Silva Figueiró, seu secretario, c o
alferes do 10° regimento decavallaria ligeira
José Cezar Marcondes de Brito, seu ajudan­
te de ordens, os cpiaes assumiram tarnbem
nesse dia o exercício das respectivas fune-
ções.
A Republico em seu n° 22, distribuído
a 13 de Dezembro, oecupa-se desses aconte­
cimentos de modo honroso para o governa­
dor c seus dous auxiliares e, continuando a
publicação dos actos do governador accla-
mado, registra também o primeiro decreto
do governo provisorio do Estado, que é o
seguinte :
«Decreto n° l.d e 7 de Dezembro de 1889.
O Governo do Estado do Rio Grande do
Norte decreta :
Art. I o O Estado do Rio Grande do Nor­
te adherc á Republica Federativa Brazileira,
181

nos termos cm que foi proclamada proviso­


riamente pelo Governo Federal no decreto
n° 1 de 15 de Novembro ultimo.
Art. 29 0 Estado do Rio Grande do Nor­
te fica constituído um dos Estados Unidos
do Brazil.
Art. 3o 0 Governo deste Estado ndop-
tará com urgência todas as providencias
necessárias para a mnnutençflo da ordem e
da segurança publica, defeza e garantia da
liberdade dos direitos e interesses legitimos
dos cidadãos, quer nacionaes, quer extran-
geiros, na fôrma do citado decreto.
Art. 4 9 As funeções da justiça ordinaria,
bem como as funcçôes da administração em
seus diversos ramos, continuarão a ser exer­
cidas pelos orgams até aqui existentes, res­
peitados os direitos adqueridos pelos func-
cionarios.
Palaciodo Governo, cm Natal, 7 de De­
zembro de 1889.
Adolpho A. S. Gordo.»
Por esse tempo A Republica mudou a ty-
pographia e seu eseriptorio da rua da «Con­
ceição» para a «13 de M aio», n° 51, onde já
imprimiu o n9 23, que foi distribuído a 24
de Dezembro, substituído o sub-titulodcPc-
182

riodico político c noticioso pelo de Orgam


republicano.
Traz esse numero, além dc diversas cir­
culares do governo central e continuação
dos actos do governador acclaniado, uma
ordem do dia do governador provisorio pu­
blicando a nomeação do capitão honorário
do exercito Francisco José Travassos, feita
ainda por portaria do Ministro da Guerra
de 21 de Outubro, para o cominando da for­
taleza dos SanctosReis M agos ;um exeellen-
te artigo de redacção sobre a Constituinte
(58) ;e primeiro de uma serie iniciada por
Braz de Mello sobre a instrucção publica.
A 31 de Dezembro publica A Republica
o n" 24-, que, alétn dos actos ofticiaes, entre
os quaes se encontra a exoneração dc Joa­
quim José do Rego Barros do logar de capi­
tão commandante do corpo de policia e re­
integração no mesmo logar do cidadão Ole-
gario Gonçalves de Medeiros Valle; traz
um bem lançado artigo de redacção sob a
(58) Esse artigo mereceu a honra de ser transcripto pelo
«Diário de Noticias», do Rio, de 17 de Janeiro, o qual eonside-
riin-o digno de ser lido com a maior attençfto, acrescentando
com relação á A Republicai
«Folha doutrinaria, a que o espirito illustrado do dr. Fe
dro Velho imprimiu um ouuho m tavel de sinceridade e refle­
xão. o apreciado collega tem o valor de uma opinião respei
tavel.»
183

cpigraphe “A reeonstmcção,” o segundo da


serie de Brazde Mello e mais o seguinte.com
que o chefe republicano defende-se de accu-
zacões que fazia-lhe a Gazeta do N a ta l:

“A TERGEIRA GRUZADA

A Gazeta do Natal,que já me fez a devida


justiça, quando aqui se agitou patriótica e
nobremente a questão abolicionista ; que a­
fagou a guarda negra, (piando procurei
plantar, atravez de mil embaraços, a gran­
de c generosa ideia republicana, esforça-se
prescntümente em manejos de todo genero
para molestar-me e ferir-me.
Dedica-me todo seu numero 148, n’uma
raiva desesperada de abater-me.
As settas são hervadas ; mas a honra c
um bom preservativo. A tranquilidade alti­
va da consciência vale mais que as investi­
das odientas do despeito. A lealdade c a pure­
za das convicções desprezam os artifícios
multicores da habilidade.
A cruzada não a temo, seja qual for o
resultado.Verdade é queosmeusdctractorcs
jogam armas cujo manejo me repugna ; em
todo caso, porém, o confronto entre o meu
obscuro nome c a phalange que esbraveja
184

cm torno delle nãomc dá cuidados.Rcsta-mc


a consoladora conviccâo de que não envere­
darei jamais por caminhos sinuosos de vile­
zas e perfídias.
Ainda quando os destinos da patriario-
gfandense viessem a cahir nas mãos esperi-
mentadas dos babeis,não me havia de morrer
no coração a grande fé que tenho no futuro.
Nem é uma sorpreza o que se está passan­
do : a tentativa ousada de guerrear os ver­
dadeiros republicanos, para gozar do poder,
iá eu a previra quando escrevi n A Republi­
ca :
“ A Republica também hadeter o seu tre­
ze de maio e então náo haverá duvida cm a-
braçal-a com todo o enthusiasmo. I‘or ora
isso ainda vai rendendo ; largar »* passaro
das mãos seria tolice.
Acham, entretanto, conveniente c com-
modo que aquelles que trabalham pelas ide­
as, sem pensar em si, vão desbravando o
terreno, amaciando a cama onde hão de vir
fazer-nos o obséquio de deitar-se os oppor-
tunistas, contando que tudo será para os
hospedes da ultima hora. Quando estiver a
mesa posta, é tocar a chamada, e não falta­
rão convivas. Algumas almas caridosas dão
nos o conselho amigo dc abandonar esse
trabalho árduo de uma propaganda cujos
fructos irão parar a bocca daquelles mes­
mos que já se estão fartando no actual regi­
men. obrigado pela boa intenção dos pru­
dentes consèlheirosjmas não se trata de gozo
pessoal, creiam. O que queremos é o bem de
todos ;os cargos-que não são propinas,mas
serviços á patria—dtfvcm pertencer aos mais
dignos.
Quando a reforma estiver feita, no dia
da festa, os que nos procuram agora mor­
der pela dilfamaçfto, enlamear pelo ridiculo,
molestar por hostilidades de toda especie,
hão de dar muitos vivas, soltar muitos fo­
guetes, bater nos peitos, donde hão de ar­
rancar uns ribombos patrióticos, esperan­
do passar suavemente da séva monarchiea
para o comedouro republicano. Isto será
para encher de raiva c nojo os cpte foram
sinceros, que trabalharam, que soffreram ;
mas nada nos demoverá do nosso intento—
trabalhar com perseverança c calma pelo cs-
tabeleeimento de um governo melhor em
nossa patria.
Dizer que não vale a pena nos esforçar­
mos para beneficiar esta Cafraria, que ha
de pertencer sempre aos espertos ; que deve
cada um ficar no seu canto e abandonar o
186

terreno aos.hábeis,embora nos degrademos,


embora a corrupção seja proclamada como
regra, não c ser cidadão” .
A politiea não c uma arte de fazer ar­
ranjos, c um posto de sacrifícios ; e, quando
me provarem que a minha vida tem ou teve
outra orientação que não seja o amor des­
interessado e sincero Ha causa publica, en­
tão cu serei tão máu ou peior do que osgas-
tos e corrompidos elementos da politicagem
imperial. Até lá conservar-me-hei serena­
mente sobranceiro a todas as intrigas. K cor­
tar largo e fundo em meu proceder de todos
os tempos. Não encontrarão as podridões
gangrenosas da especulação, da inveja e da
calumnia—esta certeza lhes garanto.
Eu c que não descerei nunca ao charco
immundo de descomposturasedetractaçõesr
que taiita vez tem envergonhado a nossa
imprensa.
Hei de morrer como tenho vivido—lim­
pamente.
Dr. Pedro Velho.”

Publica ainda esse numero, como docu­


mento historico, o manifesto republica­
no que ao povo do norte do Brazil dirigi­
ram os chefes revolucionários de Pernambu­
187

co no rebentar o movimento democrático


de 1848.
Ii assim finda /I Republica o primeiro
anuo de seu apparecimento.
1890
Em principio desse mino termina A Re~
publica a publicação do expediente e actos
officiaes do governo revolucionário c come­
ça os do governador provisorio.De uns c ou­
tros registram o's seus dous primeiros nume­
ros—25 e 20—, publicados a 9 e 16 de Janei­
ro, entre outros, os seguintes :
Demissão, a pedido, do cidadão José Yi-
etoriano de Vnseoncellos Pereira, do logar
de amanuense interno da secretaria de poli
eia, e reintegração no mesmo logar do cida­
dão Urbano Hermillo de Mello, por aeto do
eommissario de policia de 2 de Dezembro
do nnno findo ;
' Nomeação, a 24 de Dezembro do mes­
mo aiino, dos cidadãos dr. Manuel de Car­
valho e Souza e Pedro Soares de Araújo
para inventariar e archivar em uma das sa­
las da repartição do Thesouro os papeis e
mais objectos existentes na secretaria da
extincta assembléa provincial (59),fican-*•
(59) Extincta, como as demais do império, pelo dec. n. 7
• de 20 de Novembro de 1889, do governo geral. -
188

«lo desde essa data dispensados todos os em­


pregados da mesma secretaria ;
Dec. n° 3, de 31 do referido mez c anno,
reorganizando o corpo de policia e marean­
do os vencimentos do respectivo pessoal.
Por esse decreto, o corpo de policia ficou
constando de 1 capitão commandante, 2 te­
nentes, 4 alferes, 1 sargento ajudante, 2 pri­
meiros sargentos, 4 segundos dietos, 2 for-
rieis, 10 cabos de esquadra, 120 soldados e
4 corneteiros, pessoal que ficou dividido em
2 companhias,commandadas pelos respecti­
vos tenentes. 0 commandante percebia de
soldo, gratificação e etapa 5$000 diários.
Exoneração, na mesma data, de M anu­
el Lins Caldas Sobrinho do logar de official
archivista da secretaria do governo, logar
«pie ficou excincto, e nomeação do mesmo
cidadão para o logar de tenente do corpo
de poli eia, em substituição a José Thoma-z
de Oliveira Mello, que fora exonerado ;
Em 4 de Janeiro de 1890, rescisão do
contracto feito pelo governo anterior com o
cidadão Augusto Carlos Wanderley para
impressão dos aetos administrativos e ex­
pediente da secretaria do governo, auctori-
zando-se o Thcsouro do Estado a contrac-
tar o mesmo serviço com o cidadão Augus-
189

to Severo de Albuquerque Maranhão, medi­


ante a quantia de 1:200$000, visto ter sido
sua proposta a mais vantajosa ;
Em data de 10, nomeação dos bacharé­
is Ántonio José de Mello e Souza Filho e
Braz de Andrade Mello, formados no a uno
anterior, aquelle para o cargo de promotor
publico da comarca do Acary, este para o
dc lente da cadeira de francezdo Atheneu rio-
grandense, logar que obtivera mediante
concurso prévio, em que havia sido appro-
\ ado plenamente.
Nos dons referidos numeros encontram
se ainda, nas columnas edictoriaes, um arti­
go exaltando o mérito de nosso illustre co-
estadano major José Pedro de Oliveira Gal-
vão e mais dons da serie de Braz de Mello
sobre ins.trucção publica ; assim como, em
outras secções, noticia da partida do capi­
tão-tenente Leoncio Rosa, que, tendo sido
nomeado capitão do porto do Maranhão,
para alli seguira no principio do mez. sendo
aqui substituido no mesmo logar pelo capi­
tão-tenente Cândido Florianoda Costa B ar­
reto, recentemente chegado (GO), e também

(GO)O capitdo-tenente Costa Barreto, nomeado capitflodo


porto dcyte E«tado, estava no Marnnhftn quando deu-se a
revoluçflo e fez parte do governo provisorio daquclle Estado.
190

a de achar-se empregado como auxiliar de


gabinete juncto ao ministro da Fazenda o
talentoso collaborador âA Republica e nos­
so illustre patricio Tobias Monteiro.
—De 21 de Janeiro, cptando publicou seu
n9 27, cm diante, A Republica voltou ás
suas antigas dimensões, tendo cada pagina
o mesmo numero de columnas do tempo da
propaganda; suspendeu a publicação dos ac­
tos officiaes e substituiu as palavras do sub­
título—Orgam republicano e Redadores di­
versos pelas seguintes :
Publicação periódica. (N os dias 1,0, 11,
16, 21, 26 de cada mez).
Consta desse numero que,por dec. n° 8,
datado de 16, o governador do Estado
dissolveu a carnara municipal desta cidade
e nomeou, para substituil-a,a seguinte com-
missão :
Joaquim Ignacio Pereira (01),
Fabricio Gomes Pcdrosa,
Dr.Manuel Porphirio de Oliveira Santos,
Dr. José Paulo Antunes,
Odilon de A morim Garcia.

(61) O coitimendador Joaquim Ignacio Pereira foi o pre-


zidente dessa primeira eamara republicana. A 11 de Fevereiro,
porém, foi concedida a exoneração que pedira de membro do
191

No dia 17 havia seguido para o Rio


de Janeiro o dr. Pedro Velho, e A Republica,
dando nessa mesma edição noticia dessa
viagem e dos motivos que o levavam á Ca­
pital da Republica, assim se exprimia :
«No paquete Pará, que aqui passou para
o sul a 17, embarcou com destino á Capital
Federal o nosso estimadíssimo collega c che­
fe dr. Pedro Velho.
No actual momento da Patria Brazilei-
ra, uma vez que o governo deixou de ser um
phenomeno superposto e estranho ao Esta­
do, tornando-se, republicanamente, uma mo­
dalidade funeeional da nação, todas as ver­
dades democráticas, todos os princípios de
popularismo puro podem e devem ser affir-
mados alta e energicamente de baixo para
cima.
Para fazer ouvidas umas tantas cousas
sobre o Rio Grande do Norte, cuja voz, por
todo o triste tempo da funesta monarkhia,
baldadamcnte soluçou suas vivas necessida­
des aos pés do throno egoista c injusto,—
foi que seguiu o dr. Pedro Velho para o Rio
de Janeiro.

conselho Ttiunicipal, sendo substituído pelo dr. Brnz dc Mello c


nn presidência do mesmo conselho pelo major Fabricio Go­
mes Pedrosa.
192

E ’, pois,uma viagem de ncgocios políti­


cos a que fez agora o honrado e talentoso di­
rector do partido republicano norte-rio-gran-
dense, privando a redacção d* A Republica
do concurso insubstitutivel de seu esclareci­
do espirito e nobilíssimo coração” .
—Appareceram,entretanto, aqui,como nos
demais Estados da União, sebastianistas
descontentes, que, não querendo, ou não po­
dendo, adherir ao partido republicano, que
assumira a direcção politica do Estado, fi­
zeram-lhe opposição, pondo em pratica os
expedientes mais indignos para desprestigiai
o. Entre estes figura no momento o empe­
nho com que procuravam indispor o gover­
nador com o popularíssimo chefe desse par­
tido, dr. Pedro Velho, communicando para
fóra do Estado, em cartas e telegrammas,
que este oppuzera-se com todas as forças á
nomeação daquelle, pretendendo até, feita
a nomeação, impedir com armas o seu des­
embarque.
Espalhando-se, pois, que o illustre chefe
republicano seguira para o Rio em conse­
quência de divergências entre elle e o gover­
nador do Estado, voltou A Republica a oc-
cupar-se do assumpto na edição seguinte»
onde escreve:........
“ Declarr inos ser isto de todo o ponto
inexacto c o affinnamos sob nossa palavra
de honra. Entre os drs. A. Gordo e P. Velho
reina a maior e a mais perfeita harmonia ;
estão elles no mais perfeito accôrdo de vis­
tas. 0 dr A. Gordo tem governado e vaego­
vernando este Estado a contento de todos
e por sua vez acha-se nas melhores relações
com o dr. P. Velho.
Não se acredite, pois, no embuste que se
procura lançar, tendo-se cm vista fins bem
conhecidos.”
Nas columnas edictoriacs elogia a admi­
nistração e defende o governo do dr. A. Gor­
do de accusações que então lhe faziam a
Gazeta do Natal e O P o v o , do Seridó, a pro
posito do serviço dossoceorros públicos.
—Ainda com relação áquelles boatos, es­
creve na edição de 1° de Fevereiro—n° 20—
o dr. Nascimento Castro, homem de fé e um
dos vultos mais salientes do partido repu­
blicano :

«Nunca se tratou de manifestação hostil


á pessoa, do honrado sr. dr. Adolpho Gordo,
governador deste Estado, nem de resisten.
eia aos aetos do patriótico governo central;
mas dc solicitar do mesmo governo não a-
194-

brisse iwm excepção contra o Rio Grande


do Norte. Desde, porém, que constou ser a
nomeação de governador, pelo governo cen­
tral, uma providencia geral, applicada a
todos os Estados da União, cessaram to­
das as preoccupaçõcs, muito legitimas sem
dúvida, que melindraram este brioso povo.
Então explicaram o dr. Pedro Velho c seus
amigos os acontecimentos ao povo,em mee
tings e conferencias, c de então por diante
não se tratou sinão de preparar a recepção
do honrado sr. dr. Adolpho Gordo, que foi
brilhantissima, do que dá testemunho toda
esta cidade.
Eis em substancia o qúc.se passou” .
E o mesmo afiirmaram, sob a responsa­
bilidade de suas assignaturas, nesse e no se­
guinte numero, os não menos dignos cida­
dãos drs. Praz de Andrade Mello e Diogenes
da Nobrcga e capitão João Avelino Pereira
de Vaseonccilos.
—Os dous referidos numeros noticiam ,
Que fora exonerado do cargo de secreta­
rio do Governo o dr. Manuel Felisbcrto da
Silva Figueiró ;
Que de Pernambuco chegaram a 27 do
Janeiro os drs. José Clymaco do Espirito
Santo e José Pedro de Almeida Pernambu-
195

co,nomeados juizes de direito, aquellcda co­


marca de Goyanninha.esteda do Acary(G2);
Que a 3 de Fevereiro assumira o exercí­
cio do cargo de Inspector d « Alfândega o ci­
dadão Josc Zacharias Vieira de Mello ;
Que o dr. Braz de Mello pcrmutára a ca­
deira de lingua frnnccza do Atheneu rio-
grandcnsc com a de philosophin, de que era
lente no mesmo estabelecimento o dr. M a ­
nuel Segundo Watulerley.
—Por motivos de saude em pessoa de
sua iamilia, deixou o dr. A. Gordo, no dia <S
de Fevereiro, a administração do Estado,
passando a ao chefe de policia, dr. Jcrony-
mo Camara, e embarcando no dia 9 com
destino ao sul do paiz.
Tratando dc seu governo, diz A Repa-
blien a 11—n9 3 1 -:
«Si bem que algunsactosde somenos im­
portância nos últimos dias dc sua adminis-
tiaeão não tenham sido dos mais acertados,
■*

constituindo ligeira exccpção aos seus crédi­


tos de int< lligcntc, sollicito e bem inspirado
administrador, todavia, o caracter geral de
sua administração foi bom, deixando um

(02) Installada soleaincmeiite n > <lia 17 dc Fevereiro.


190

traço memorável c benefico de sua passa­


gem neste Estado, em que, é força confes­
sar, fez grandes economias em real contras­
te com a esbanjadora administração do go­
verno transacto do sr. de Ouro Preto, aqui
personificado na pessoa do sr. Amaro Be­
zerra.»
0 dr. Jeronymo Camara, «caracter no­
bilíssimo, intelligencia esclarecida, manei­
ras affaveis, de uma honestidade a toda pro­
va e de uma modéstia sem limites, assumin­
do o logar em que o seu patriotismo, a ne­
cessidade da occasião e as exigências dos
amigos o eollocaram com constrangimento
pessoal», chamou para seu auxiliar na che-
fatura de policia o dr. Antonio de Amorim
Garcia.
Dispensado, a seu pedido, r!o cargo de
ajudante de ordens do governo do Estado,
seguiu também com o dr. A. Gordo o alfe­
res José Cezar Marcondes de Brito.
Registrando estes factos, traz mais
esse numero d 'A Republica o 1" artigo de
uma serie sob a epigraphe «A Republica não
fez rcacção»,qucc um confronto entre os pri­
meiros governos republicanos do Estado e
os últimos da monarchia na Provineia ; diz
terem sido nomeados os bacharéis Augusto
197

Leopoldo Raposo da Camara, Pedro José


de Oliveira Pernambuco, Luiz Manuel Fer­
nandes Sobrinho, Aprigio Augusto Ferreira
Chaves, João Dionysio Filgueira, José Gui­
lherme de Souza Caldas e Antonio Jerony—
mo de Carvalho para os cargos de procura*
dor fiscal do Thesouro do Estado, juizes
municipaes dos termos desta capital, da
Macahyba e do Triumpho e promotores pú­
blicos das comarcas de Sant’Anna do M at­
tos, Triumpho e Ceará-mirim, na ordem em
que se acham seus nomes collocados ; e dá
ainda a noticia dolorosa ele terem failed d o no
mesmo dia—10de Fevereiro—.nesta capital,
odr. LuizCarlos Lins Wanderley(G3), medi­
co, litterato, jornalista e lente de Arithme-
tiea do Atheneu rio-grandense, e sua esposa,
d. M aria Amelia Wanderlcy, filha de João
Carlos Wanderley, o decano da imprensa
norte-rio-grandcnsc.
—O n*' 32—16 de Fevereiro— transcreve
do «Diário de Noticias# o cdictorial com que
esse campeão da imprensa fluminense re­
cebeu o dr. Pedro Velho ao chegar ao
Rio de Janeiro e edicta mais dous artigos
de redacção—2o da serie A Republica não fez

(63) Pne do insigne poeta potyguar Segundo Wanderlcy.


198

reacção c outro intitulado Nem tudo quelur


é ouro; e cm suas secções de noticias diz que
foram publicados officip.hncnte os decretos
de nomeação dos juizes de direito drs. José
Augusto de Souza para a comarca do Po-
tengy, Manuel do Nascimento Castro e Sil­
va para a de SanCAnna do Mattos e Manu­
el de Carvalho e Souza para a doTriumpho,
c que por decretos do governador, dc 11 de
Janeiro e 8 de Fevereiro, fôra reunido á co­
marca de Goyanninha o termo de Arez c
creada nesta capital uma cschola normal.
— N. 33—21 de Fevereiro—Nas colum-
nas cdictoriaes volta Augusto Severo a oc-
cupar-se das cousas do Estado, escrevendo
um artigo sobre a barra, para cuja abertu­
ra, segundo Iheaftirnmra o dr.Adolpho Gor­
do, antes de deixara administração, já ti­
nha sido aberto o credito necessário e con-
tractado o engenheiro hvdraulieo que devia
encarregar-se do trabalho technico ; e vê-se
mais o 3o artigo da serie A kepuhhca não
fez reacção.
Das secções de noticias consta que fôra
nomeado governador do Rio Grande do Nor­
te o dr. Joaquim Xavier da Silveira Junior ;
aposentado no logar de pratico m órda bar­
ra desta capital o 2o tenente José Dias Pi-
199

menta, com 80 annos de cdade e mais de 45


de serviço publico ; nomeado adjunto do
promotor publico da comarca do Ceará
mirim o académico Virgílio Bandeira de
Mello ; e restabelecida neste Estado a com­
panhia de aprendizes marinheiros, devendo
ser transferida para aqui a do Maranhão,
segundo o aviso do ministério da Marinha
n° 505, de 8 de Fevereiro.
—N°34—20 de Fevereiro—-A esse tempo o
dr. Amaro Carneiro Bezerra Cavalcanti, ul­
timo chefe do partido liberal da Provincia,
escrevia no «Paiz», do Rio de Janeiro, uma
serie de artigos violentos contra o partido
republicano do Estado e seu chefe, visando
manifestamente seu desprestigio perante os
altos poderes da Republica. Elle tentava,
com alguns sebastianistas que sobraram,
fundar um partido de opposição no Rio
Grande do Norte e para isso, aproveitando
se da ausência do chefe do partido republi­
cano e presidente de seu dircctorio, ponde
conseguir que o vice-presidente, aliás um ca­
racter distincto, convocasse uma reunião
política, em nome desse partido, para dar
lhe, com o concurso desses elementos, nova
feição e novo chefe.
Baldado esforço.
200

A Republica,considerando, cm edictorial
desse numero, c|ue aodr. Hermogenes Tino-
co faltava competência para legitimamente
praticar qualquer acto na qualidade de vic<-‘
presidente da eommissão executiva do par­
tido republicano, desde (pie se declarara em
opposição e ainda lhe não tinha sido reno­
vada a confiança inherente ao cargo em que
o collocára o Directorio do mesmo partido,
organizado a 27 de Janeiro do anno passa­
do, o único competente para fazer aquella
indispensável renovação, logo manifestou
se a respeito e, orgam desse partido, tendo
cm seu favor a approvaçãu e um voto de
confiança do respectivo Directorio, como se
vê da acta da sessão do dia 1-f de Julho do
dicto anno, protestou solemne e energica­
mente contra a convocação dos republica­
nos feita por aquellc dr., declarando-a ille-
gal,subversiva e verdadeiramente perturba­
dora da harmonia do partido republicano.
A tentativa não surtiu effeito. Depositá­
rio da confiança daquellcs que depuzeram a
monarehia, considerandoevidentemente sus­
peitos os elementos que delia vinham e ten­
do, pois, como ponto primordial de seu pro-
gramma—fazer a Republica com os republi­
canos, o governo provisorio dispensou ao
201

dr. Pedro Velho a maior consideração na


Capital Federal, garantindo-lhe toda a for.
ça e todo o prestigio no Estado, para onde
voltou com um governador amigo e de sua
inteira confiança, nomeado 1'* viee-governa-
dor c indicando os nomes dos 2''’ e 39, que»
foram depois nomeados (04-),
Além do edictorial a que acima me refe­
ri, traz mais o mesmo n° d\4 Republica um
excellente artigo de redacção—O nosso de­
ver, no qual faz judiciosissimas considera­
ções sobre a missão da imprensa ;o 4o da se­
rie .4 Republica não fez reacção e começa
uma outra sob a epigraphe—Dr. Amaro Be­
zerra, em que seu auctor propõe-se fazer a
nnalyse da vida publica desse chefe na polí­
tica do Rio Grande do Norte.
—N9 35—19 de Março—Nas columnas c-
dictoriaes : Cousas do Estado—ainda a bar­
ra--e o 2o artigo sobre o dr. Amaro Bezer­
ra ; nas secções de noticias : as de ter sido
nomeado chefe de policia deste Estado o dr.
Alexandre de Chaves Mello Ratisbona c
promovido a 1° cscripturario da Alfandcga

(6-t) Dr». Amaro Cavalcanti e Alcibiades Drncon dc Albu*


f|iterquc I.ima,juiz de direito dc Mossoró. NAo ncceitnndo o t°
a noineiiçflo.por morar fdra do Eitndn, foi substituído pelo dr.
José Ignacio Fernandes Harros.juiz de direito do Ceorrt-mirim.
202

desta cidade o 2" da Thcsouraria de Fazen­


da da mesma cidade—Antonio Celestino da
Cunha Pinheiro.
N93G—G de M a rç o -T ra z nas eolumnas
edietoriaes o 3o artigo sobre o dr. Amaro
•Bezerra e mais umepigraphado.d“6razeíaf/e>
Natalӎ orgam do jiequeno corrilho dodr.A-
maro Bezerra, pro posição que procurajustifi-
car transcrevendo trechos da propria Gazeta,
que dizque«entre os seus amigos eosdodr.A-
maro Bezerra ha mais do que uma approxi-
mação, lia uma fusão de elementos, que ou-
tr’ora elles representavam e que hoje se a—
cham unidos e dispostos para a lucta, a (pie
são arrastados»; e transcreve da imprensa
do Rio uma carta e um telegramma de ap-
plausos ao dr. Amaro, passados daqui c as-
signados pelos representantes desses diver­
sos elementos, a saber : Heraelio Villar, M a ­
nuel Porfirio de Oliveira Santos, Umbelino
de Mello, Joaquim Guilherme, Luiz Souto,
João Agostinho,Hermogenes Tinoco, Morei­
ra Brandão e Antonio Bazilio.
Nas secções de noticias lê-se que foram
nomeados I o escripturario e thesoureiro da
Alfandcga do Rio Grande do Norte Raymun-
do de Oliveira e Gaspar do Rego Monteiro e
2° escripturario da Thcsouraria de Fazenda
203

do mesmo Estado Francisco Hcrculano da


Silva ; assim como que chegaram a esta ci­
dade, do sul o coronel Francisco de Lima e
Silva, commandantc nomeado para o 34- ba­
talhão de infanteria.que aqui se havia orga­
nizado, c do norte o cidadão Ernestino Da-
masceno,nomeado Inspectorda Thesouraria
deste Estado.
Nas solicitadas apparccem Nascimento
Castro, Braz de Mello c Augusto Severo a
contestar proposições da carta a que acima
nos referimos e outras dos artigos de seu
destinatário.
—N 937— 11 de Março-Depois de um arti
go doutrinário sobre o casamento civil,cuja
lei acabava de ser promulgada, oceupn-se
da chegada e posse no dia anterior do novo
governador do Estado, dr. Xavier da Silvei­
ra, «jornalista emerito, talentoso e adianta­
do, litterato distincto e republicano conven­
cido, correcto c de sentimentos genuinamen­
te democráticos, postos a serviço de uma
natureza enérgica c decidida», e que vinha,
na phrase de Silva Jardim, em discurso pro­
ferido no banquete que os amigos offerece-
ram-lhe no Rio por essa prova de confiança
do governo provisorio, «continuar o traba­
lho do governador revolucionário, alli pre-
204

zente. o illustrc patrício cidadão dr. Pedro


Velho, e o não menos notável patricio pau­
lista dr. Adolpho Gordo».
Ao governador acompanhava o I o vice
governador, dr. Pedro Velho, que regressa­
va de sua viagem ao Rio de Janeiro ca quem
.1 Republica saudou nos seguintes termos :
«Comprimentamos cordialmente o arro­
jado moço que, primeiro, intemerato, con­
vulsionou a fibra abolicionista da patria
rio-grandense, levando o calor de seu verbo
ardente e inflammado a todos os corações,
do povo deste abençoado solo.
Feita a l íl cruzada, patriota infatigável,
ellc não descançou,atirou-se dc corpo calma
á campanha civica e grandiosa da liberdade
da patria
Nesse intuito alevantado fundou um cen­
tro republicano, creou um orgam de propa­
ganda intclligcntc, activa, viril e proveito-
zíi—A Republica.
Das columnas desse jornal, que elevou o
nivcl moral da imprensa no Estado, verbe­
rou com energia indómita os vicios da de­
crépita instituição, causticou pelo estylete
da ironia fina os erros da política corrupto­
ra ; desfez com vantagem e lucidez todos os
sophismas e preconceitos da velha eschola
205

monarchiea ; desenvolveu com brilhantis­


mo os fecundos princípios da democracia
pura e descreveu com muita observação e
conhecimento as riquezas naturaes do Es­
tado, rasgando novos horisontes a futuras
explorações e riquezas desta terra.
Eis em substancia o que foi aquelle or-
gam da imprensa, que teve uma orientação
moderna, bôa e sadia e que, pode-se dizer,
foi a synthese perfeita da individualidade
exuberante e sympathica do dr. Pedro Ve­
lho».
Do dr. Jeronymo Camara, que deixava
o governo, disse o orgam republicano que
foi correcto na sua administração, pelo que
recebeu os applausos de todos c mereceu de
seus amigos as mais significativas manifes­
tações de apreço.
Na secção Noticias diversas encontra­
mos a seguinte :
«Seguiu para o Recife, no vapor de C>,
nosso estimável amigo Alberto Maranhão,
que vai iniciar seu curso de direito naquella
cidade.
Auguramos propicia viagem ao nosso
amigo e um futuro luminoso, que c dado es­
perar de seus dotes intelleetuaes».
—N ‘* 38—10 de Março—Apenas em Na-
tal, onde foi recebido com festas c banquete,
sabendo que, em sua ausência, tramaram
lhe os s( bnstíiirustas uma surpresa, convo­
cando unia reunião política em nome do ve­
lho partido republicano, não se fez esperar
o chefe genuino desse partido e, calmo, mas
altivo e digno,assim protestou contra o fac­
to insidioso na eolumna edictorial desse n°
d VI Repnhlicn :

“Ao partido republicano do Rio


Grande do Norte
Chegado ha tres dias apenas a esta ca­
pital, de volta de minha viagem ao Rio,onde
do glorioso chefe do Estado e dos beneméri­
tos membros do gabinete recebi as provas
mais honrosas de consideração; apenas res­
tituído ao meu querido torrão natal e cujos
infortúnios sempre lamentei, cujo futuro
hoje antevejo cheio deesperaneas—sou infor­
mado de que na minha auzeneia tramou-se
uma sorpreza, para não dizer umaembosea-
da política, afim de illudir a opinião e forjar
assumpto para algum telegramma hvpcrbo-
lieo.
O amalgama hybrido (pie constituo nes­
te Iístado a dissidência, procurando oppôr
207

tropeços á marcha e á direcção generosa da


politica republicana, pretende armar ao effei-
to,convocando uma reunião,laboriosamente
ensaiada e preparada, onde compareçam os
representantes do sebastianismo—significati­
va expressão com que o bom senso popular
designou a orientação e os intuitos da des­
esperada grei ; e, na atrapalhação em que
vivem, tiveram o arrojo de affirmar que
a convocação era feita em nome do velho
partido republicano, como si merecessem a
confiança, a estima dos velhos batalhadores,
como si,ao contrario, lhes não fossem triste­
mente suspeitos por seu procedimento.
irrisorio e lamentável desplante.
Convoquem logo francamente as forças
ainda restantes do sebastianismo em de­
bandada, fazendo esforços inúteis para cre-
ar corpo, e cada dia reconhecendo mais c
mais a sua nullidade ; sejam sinceros elcaes.
M as abusar da bandeira immaculada do ve­
lho partido republicano, para illudir incau­
tos,digo-lhes cpieo não podem honradamen­
te fazer.
Como chefe do partido republicano nor-
tc-rio-grandense, essa poderosa força rege­
neradora dos nossos costumes poli ticos, pha-
lnnge patriótica,que tem hoje como soldados
208

não somente o denodado grupo que me ou­


viu e acompanhou nos tempos da campa­
nha auti-monarchica, como a grande maio­
ria dos cidadãos honrados c prestimosos
dos antigos partidos, declaro que não é se­
rio nem digno o pérfido expediente. Não se
pode tomar a serio a pretenção de serem
considerados representantes do pensamen­
to republicano aquelles que procuram per­
turbar, numa grita desesperada e impoten­
te, a marcha triumphal da reorganização
política que ha de salvar os nossos brios.
Atirando-se desorientados e cegos á lu-
cta fervida das paixões inglórias, cheios de
rancores despeitados e injustos, procurando
cm balde organizar-se e crear raizes em um
solo que lhes foge sob os pes, desesperados
na consciência de sua fraqueza, am argura­
dos pelo repudio a que os vota a consciên­
cia publica e a altivez do caracter rio gran-
densc, procuram enscenar a comedia de um
prestigio, que não passa de uma dansa ma­
cabra, onde torvelinham abraçados indiví­
duos cuja heterogeneidade parecia irredu-
ctivel sem capitulações dolorosas dos mais
caros sentimentos.
A verdadeira política republicana do
Rio Grande do Norte sc está fazendo c eon-
20Í)

tinuará a fazer-se a custa de todos os ele­


mentos sãos e honestos que tenham a com-
prehensão patriótica dos destinos do lista­
do, despresando-se eamaiilhas restaurado­
ras de um sebastianismo da peor especie,
porque não relembra siquer os feitos cava­
lheirescos do monarcha fanatizado e infeliz,
mas recorda a exploração deste pobre povo,
que vivia num abatimento triste e doloroso
pela culpa execrável de políticos interessei­
ros e sem patriotismo.
Por mim nunca tive a preoccupação da
minha individualidade,de pouco valimento;
e o favor publico que me anima e fortalece
não tem certamente outros motivos sinão a
justiça que me fazem os meus patrícios de
acreditarem na sinceridade e pureza dos mo­
veis que me têm servido de guia na vida pu­
blica. Amando, porém, com entranhado af-
fecto a terra em que nasci, a ella pertencem
neste grave momento de transição todas as
minhas energiasje, cercado, como estou, pela
espontânea dedicação c confiança dos velhos
•partidos, que,-fundidos ao nueleo republica­
no que eu dirigia antes da revolução, hoje
constituem um todo homogêneo e victorio-
zo na política do Estada, desafiando as iras
epilépticas dos despeitados, despresando as
210

vilezas calumniosas dos espíritos avesados


;í intriga ; convencido de que trabalho pela
íelieidade c grandeza de minha terra, sem
odios nem desfallecimentos, declaro sem sig­
nificação republicana c inteiramente alheia
e antipathica aos meus verdadeiros correli­
gionários a reunião que se annuncia, preec-
dida de uma convocação desauctorizada e
traiçoeira.
Afinal, tudo isso de nada lhes valerá si-
não de desdouro e humilhação,e convençam
se de que aguardo tranquila e confiadamen­
te o apêllo ás urnas, c ahi o grande partido
republicano norte rio-grandensc dirá fran­
camente o que pensa e o que quer.

Natal, 14 de Março de 189Ô •

Pedro Velho” .

Occupa-se ainda esse n° á'A Republica


da partida do dr. Nascimento Castro para
o interior do Estado, a tomar posse de sua
eoirarea ; de sua substituição na directoria
da instrueção publica pelo dr. Antonio de
Atnorim Garcia e cia deste na Chefactura de
policia pelo dr. Joaquim Ferreira Chaves
Filho, juiz de direito da comarca do Trahi-
ry (Nova Cruz) e que assumira o exereicio
211

rlaquelle cargo no dia 11, fazendo de todos


lisongeiras referencias, assim como de Au- .
gusto Severo, que acabava de ser nomeado
interinamente lente de Arithmetica do Athe­
neu rio-grandense, na vaga deixada pelo fal-
lecimento do dr. Luiz Carlos.
—N°39 22 de M arço—Traça em ligeiros
perfis as individualidades políticas do chefe
do governo provisorio da Republica e de
cada um dos seus ministros ; occupa-se de
modo honroso das pessoas dos drs. Alexan­
dre de Chaves Mello Ratisbona e Cândido
Gonçalves de Albuquerque, nomeados che­
fe de policia c secretario do governo do lis­
tado e chegados a esta cidade aquelle a 19 c
este a 21 ; noticia (pie, por portaria daquel-
la data, fora exonerado o promotor publico
desta capital e para substituil-o removido o
da comarca do Potengy, dr. Diogenes Celso
da Nobrega ; e sobre a falada reunião dos
sebastianistas, que realizara-se a 16 no
theatro «Sancta Cruz», diz simplesmente :
«,4 Republica,considerando nulla em seus
effcitos,desordenada e ridícula a g r r ande reu­
nião de domingo, passa á ordem do dia :
isto é, continua serena mente na sua gran­
diosa e patriótica missão de regenerar a
patria rio-grandense, pugnando pelos legiti-
212

mos interesses econotnicos, sociaes e políti­


cos do Estado.
Isto de enscenar comedias de prestigio
problemático é, além de feio, inútil. Todos
os rio-grandenses bem intencionados o reco­
nhecem c saberão provai o sem odios e vic-
toriosamente’'.
—N ° 4 0 — 2 0 de Março—Diz ter sido, por
portaria dessa data, nomeado promotor
publico da comarca do Seridó o talentoso
correligionário Janucio da Nobrega Filho,
um dos mais intrépidos propugnadores da
idea republicana em seus tempos de difficul-
dades c luctas, e removidos a pedido os pro­
motores drs. Manuel Dantas(Gõ), da comar­
ca do Jardim para a do Ac? ry, Ananias Pa-
ranhos dc Araújo, da do Apody para a do
Jardim, c Joaquim Felicio, da do Seridó
para a do Apody ; e publica a acta da ins-
tallação do Club Republicano dc Mossoró,
fundado em 19 dc Janeiro, seguida dc gran­
de numero de adhesões.
—N J41—1° dc Abril—Visita do governa­
dor á Macahyba ; discurso pronunciado pelo
(f?f>) O mesmo cidadão Manuel Gomos de Medeiros Dantas
nomeado promotor publico da comarca do Jardim em Novem­
bro de 1889 e de quem se fala á pap. 178, o qual formára se
cm direito pela Faculdade do Recife em 29 de Novembro de
1890.
218

dr. Silva Jardim por occasião do banquete


offcrecido no Rio de Janeiro ao dr, Xavier
da Silveira, quando foi este nomeado gover­
nador do Rio Grande do Norte ; e promo­
ções a coronel e tenente coronel de nossos
distinetos patrícios tenente-coronel Antonio
da Rocha Bezerra Cavalcanti e major José
Pedro de Oliveira Galvão.
—N° 4-2—8 de Abril—Abre com um arti­
go do dr Pedro Velho, sob a epigraphe «A
situação política do Rio Grande do Nor­
te», em que o prestigioso chefe republicano
do Estado responde a um outro que o dr
Almino Alvares Affonso escreveu no «Liber­
tador», do Ceará, fazendo-lhe censuras e
suppondo expor a verdade dos factos politi­
cos do Rio Grande do Norte.
“Nunca houve, porém diz o chefe—ex­
posição que mais se distanciasse da realida­
de do que o escripto do meu digno amigo.
Reconhecendo-o incapaz de má fé e des­
lealdade ; acostumado desde criança a esti-
mal-o com as suas tribunices sympathicas c
retumbantes, o seu bom e generoso coração
de homem que soffrcu e luctou ; só posso a-
ttribuir a falsa opinião que faz a respeito
da política deste Estado a informações a ­
214

paixonadas c pérfidas de algum espirito cego


h evidencia.
Viesse o dr. Almino examinar por si a
situação do Rio Grande do Norte, e reco­
nheceria que o acerto unico possivel nesta
nova phase da vida nacional (digo-o sem
vaidade,, mas convicto) era fazer o que fiz >
chamar (não, receber, que elles vieram es­
pontaneamente) . . . .receber, para constitu­
ir um corpo solido e homogêneo em torno
do núcleo republicano, os poderosos elemen­
tos conservadores e liberaes da vespera.
E aos chefes dirigentes dessas phalanges
dissolvidas devo a justiça de proclamar, com
satisfação completa e para honra delles, que
tiveram tão clara e nobremente a compre -
hensão do actual momento historico, que
arrancaram os seus galões de generaes nos
antigos partidos e vieram alistar-se, com
enthusiasmo, mas sem ambições estultas,
nas fileiras que dirigia e guiava nos tempos
de lueta o mais obscuro c despretencioso de
seus patrieios.
Este abandono dos velhos arraiaes fez-se
em massa no dia 17 de Novembro.
M ais tarde alguns pescadores d'aguas
turvas procuraram toldar a limpidez da si­
tuação, agitando odios e rancores adorme-
215

eidos, lançando mào de tudo, procurando


fazer opinião nos jornacs de certos listados,
servindo-se vergonhosamente da intriga,da
diffamação e da ealumnia, sem nenhum res­
peito pela sua honra c pela honra alheia»
até c|iie num esforço desesperado prepara­
ram a comedia de uma reunião que cahiu
logo no ridiculo, pela presutnpção de seus
promotores, sem prestigio algum nesta ter­
ra.
Mas isto ha de passar ; e o partido re­
publicano—sem exclusivismos, recebendo to­
dos os elementos sãos de anrbos os partidos
monarehicos—ganha tal força e tal prestigio
que já constituea grande maioria em todos
os municípios,sendo em alguns a quasi unani­
midade. Em toda parte a paz, a tranquili­
dade ea esperança no futuro—eis o que se vê
no Estado do Rio Grande do Norte.”
F, passando a occupar-se particularmen­
te das queixas e aceusaçòes do dr., Almino,
refuta-as com vantagem e conclue o seu ar­
tigo por estas palavras :
“Si não fôra o respeito que me merece o
orgam de publicidade onde vi estampado o
artigo que provocou estes ligeix*os reparos,
si não fosse a estima em que tenho o meu
amigo dr. Almino, não daria uma palavra
21 n

de resposta ás accusações de que sou victi-


ma. Elias não poderão fazer eeho em parte
alguma por serem de uma inexaetidão abso­
luta” .
—Traz em seguida esse numero d’ A Re­
publica os perfis, bem delineados, do gover­
nador do Estado, chefe de polida e secreta­
rio do governo e dá na secção de noticias a
de ter sido nomeado engenheiro fiscal inte­
rino da estrada de ferro de Natal a Nova
Cruz o nosso coestadano dr Manuel Ur­
bano de Albuquerque Gondim, chegado,
havia pouco, dft Ceará.
—N°. 4b—11 de Abril— Um artigo edic-
torial sob a epigraphe O plebiscito, cm que
4 Republica se declara partidaria da idéa
levantada no Rio de Janeiro, pelo «Diário de
Noticias», de ser dispensada a constituinte
e no dia 15 de Setembro, designado para a
respectiva eleição, ser approvada a lei fun­
damental do paiz pela votação plebiscita­
ria.
Na secção de noticias vê-se,por neto de 10,
remoção do bacharel José Amvntas da Cos­
ta Barros da promotoria publica da comar­
ca do Trahiry para a do Potengy e nomea­
ção para aquella do bacharel Tertuliano da
Costa Pinheiro Filho ; offerccimento do dr.
217

Nascimento Castro, juiz de direito da co­


marca de Sant’Anna do Mattos.de 3% dc
seus vencimentos como auxilio ao pagamen­
to da divida externa do paiz ; e aeta da ses­
são de instnllação do club republicano «17
de Novembro», fundado na villa de Goyan-
ninha no dia 3 de Março.
—N9 44—16 de Abril-- Excursão do
governador a S. JoscdeMipibú, onde osym-
pathico chefe local, coronel Manuel Alves
Vieira de Araujo, recebe com festas e muitas
distincções o dr. Silveira e sua comitiva; se­
gundo artigo sobre o plebiscito e mais ou­
tro elogiando a medida do governo provi-
zorio que extinguiu os titulos honorificos e
com ieco r ações.
Na secção de noticias lê-se que, por de­
creto de 10, fora nomeado juiz de casamen­
tos desta capital o dr. Joaquim Ferreira
Chaves Filho e para substituil o no cargo
de juiz de direito da comarca do Trahiiy o
dr. Manuel André da Rocha ; que fôra re­
conduzido, por quatro an nos, no logar de
juiz municipal e de orpharns do termo de
Nova Cruz o dr. Firmo Antonio Dourado da
Silva ;epor fim uma noticia circuinstanciada
da morte de nosso distincto patrício enge­
nheiro Francisco Clementino de Vasconccllos
218

Chaves, fulminado aos 24* annos de eda-


de por uma congestão cerebral, quando as­
sistia a um baile na capital do Estado do
Paraná, onde exercia o honroso cargo de
director das obras publicas.
—N° 45—21 de Abril—Cornmcmora a
data do martyrio de Tiradentes dedicando
lhe toda a l 9 pagina, que, emmoldurada em
tarja dourada, encerra um pequeno, mas ex­
pressivo edictorial.
Em, seguida transcreve adhesões dos
conselhos municipaes de Papayy e Nova
Cruz á idea de ser approvada a Constitui­
ção da Republica pelo voto plebiscitado ;
dá o l v de uma serie de artigos que inicia
sobre a vida dos municipios,começando pelo
de Goyanninha ; e publica um telegramma,
expedido do Rio a 20, noticiando ter sido
transferido para a nova pasta dos negoeios
da Instrucção Publica, Correios e Telegra-
phos (66) o general Benjamim Constante
nomeado para. a da Guerra o Marechal Plo-
riano Peixoto.
—N c 46—26 de Abril—Nas columnas e-
dictoriacs transcreve dos «Martyres de 17»,
sob a epigraphe Notas históricas, extensa

(66) Crenda pelo dec. n° 346 de 19 de Abril de 1890.


referencia a André de Albuquerque,- o irmllo-
grado chefe do movimento revolucionário
do Rio Grande do Norte em 1817 ; adhesões
<las intendências municipaes desta Capital,
de Canguaretama e Ceará mirim e do «Club
Democrático 15 de Novembro», desta ulti­
ma cidade, á idea da approvação plebiscita­
ria da Constituição ; e diz que, a 24, reuni­
dos no palacio do governo, a convite e sob
a presidência do governador do Estado, dr.
Silveira Junior, muitos commerciantes des­
ta praça, fundaram uma associação com­
mercial para servir de l>ase e impulsionar o
progresso de nossa riqueza (67).

(07) Pessa reuni Ao lnvrou se n seguinte actn ;


«Em reuniilo do eominercio, eflectuada n<* palneio do
Governo, nn noite de 24 de Abril de 1890,sob a presidência do
dr. Joaquim Xavier da Silveira Junior, governador deste lis­
tado. ficou resolvido pelos' cidadãos presentes e abaixo assig
nados a creaçfto de uma associação commercial nesta praça,
fazendo todos a declaraçfio de que se consideram membros da
dita associaçAo e sendo designados os seis primeiros signatá­
rios desta acta para const tuirem utnn comniissflo que com
maxima brevidade dC começo aos trabalhos necessários para
que se torne uma realidade a resoluvAo tomada e unani­
memente aeceita.
Antonio Alves Freire—.Joaquim Ignacio Pereira—Fabricio
Gomes Pedrosa -José Domingucs de Oliveira—Angelo.Roseli—
Odilon de Amorim Garcia—Amaro Darrcto dc Albuquerque
MarnnhAo—Antonio Marques da Silva—João Buptistn de Al.
buquerque Vasconcellos—José Gervasio de Amorim Garcia—
Affonso Saraiva Maranhão— Ismael Cezar Punrte Ribeiro—
220

Falando do:appareeimentodo«Rio Gran­


de do Norte», diz A Republica :
«Sahiu á luz, como annunciamosem nos­
sa edicção de 2* feira, o I o numero do «Rio
Grande do Norte».
A illustrada redacção docollega escolheu
bem avisada a grandiosa data de 21 de A ­
bril para pôr em circulação o novo organi
republicano, que vem abrilhantar a nossa
imprensa.
A honestidade e talentos dos cavalhei­
ros que se acham á testada direcção do«Rio
Grande do Norte» são garantia bastante da
orientação patriótica que ha de guiar na
carreira jornalística o eminente contempo­
râneo.

Do I o numero do «Rio Grande do Nor­


te» podemos já avaliar o quanto deve espe­
rar a causa publica dos serviços do nosso
honrado collega.
Linguagem sã e desapaixonada, varie­
dade e bôa escolha dos artigos, impressão
excellente, tudo concorrerá para tornar a

Antonio Carneiro de Mesquita —Manuel Onofre Pinheiro—


Antonio Satyro do Rigor Pinto—Juvino Cczar Paes Harreto—
Irineu Januario de Oliveira—Nicol/iu Bigois—Lyle Nelson—
Monuel Joaquim da Costa Pinheiro—Victor José de Medeiros».
221

leitura cio novo orgmn republicano provei­


tosa e agradavel».
Na secção Noticias diversas lê-se que, na
noite do mesmo dia 21 installára se solcm-
nemente nesta cidade o “ Instituto Littera-
rio Norte Rio Grandense” , solemnidade a
que assistiu o governador do Estado e em
que foi orador official o dr. Braz de Mello ;
que embarcara no“Espirito Sancto”com des­
tino á Capital Federal o coronel Lima e Sil­
va, deixando,por motivo de moléstia,o com­
inando do batalhão 34 (681; que chegara a
esta cidade, onde demorar-se-ia alguns dias,
o dr. Manuel Barata de Oliveira, juiz de di­
reito da comarca de Macau, e o dr. Thom­
pson Vieiras, engenheiro fiscal da estrada de
ferro de Natal a NovaCruz;e que poractosde
22 foram exonerados, a pedido, dos cargos
de delegado de policia dos termos desta Ca­
pital e Páu dos Ferros o capitão Francisco
de Paula Moreira e cidadão Norberto Ja­
nuário de Lima e nomeados para substi-
(68) Esse batalhflo foi organizado nesta capital pelo ca-
pitAo Philippe Bezerra Cavalcanti, conimanclante da força de
linlia aqui estacionada, para isso auctorizado pelo governa­
dor do Estado em ordem do dia n1 ? 9, de 28 de Janeiro, expe­
dida em virtude do exposto em telegramma do ajudante gene­
ral do exercito de 24 do mesmo mez. ficando incluídas no es­
tado eflecti vo do batalhAo todas as praças do 27 aqui desta­
cadas e 150 praças addidas sem corpos designados.
222

tnil-os, respectiva men te, os tenentes do cor­


po de policia Miguel Augusto Seabra cie
Mello e Manuel Lins Caldas Sobrinho.
—N 9 4*7—2 dc Maio—Em edictoriaes oc-
cupa-se, em primeiro logar, do partido re­
publicano do Ceará-miriin. onde formou-se
um octomito para dirigir os negocios politi­
cos do municipio, eonstituido pelos cida­
dãos : drs. José Ignacio Fernandes Barros e
Manuel Ronaldsa de Castilho Brandão, pa­
dre Antonio de Oliveira Antunes, Felismino
do Rego Dantas Noronha. Elpidio Furtado
de Mendonça e Menezes, Manuel da Fonsêca
e Silva, João Victorino Ferreira Nobre e
Francisco Pereira Sobral ; depois, dos viee-
governadores do Estado, drs. Pedro Velho,
Amaro Cavalcanti e Alcibiades Pracon de
Albuquerque Lima ; do plebiscito, cujas van­
tagens encarece ; e, hnalmente, da adhesão
á mesma idea pela Intendência municipal de
S. José de Mipibú.
Na secção de noticias diz que íora no­
meado go\ernador da Bahia o marechal
Hermes da Fonseca ; que, vinda, não do
Maranhão, conforme o aviso do ministério
da Marinha de 8 de Fevereiro, citado á pag.
199, mas da Parahvba, chegara a esta ca­
pital a companhia de aprendizes marinhei-
223

ros, sob o cominando do capitão-tenente


Arthur Josc dos Reis Lisboa ; e que para o
34 batalhão, estacionado nesta cidade, fôra
transferido o capitão Francisco dc Paula
Moreira, que assim ficava entre nós.
—N" 48—7 de M aio—Descreve uma ex­
cursão do governador ao Ceará-mirim e as
festas que por essa occasião alli lhe foram
feitas ; dá parabéns aos rio-grandenses do
norte por já não estar somente nas noticias
dos jornaes o suspirado melhoramento de
nosso porto, pois, graças aos esforços do
dr. Silveira Junior e seu decidido empenho
dc ser util ao engrandecimento do Estado,
acabava de chegar a esta cidade e dc as­
sumir, nessa data, o exereieio de sua com-
missão o habil e illustrado engenheiro hy-
draulico dr.Affonso Henriques dc Souza Go­
mes.que, competentemente auctorizado pelo
ministro da Agricultura, ia dar immediato
começo aos trabalhos da barra ; e noticia o
fallecimento nessa mesma data do 2°.escrip-
turario da Thesouraria de Fazenda Fran­
cisco Herculano da Silva.
— N° 49—11 de M aio—Do «Diário deNo-
ticias” passa para suas columnas dc honra
um importante c enérgico artigo sob a epi-
oo
2+

graphe F irmrza, do qual destaco o seguinte


per iod o :
“ E m m u ito s E s t a d o s , felizmente, o pres­
tigio da auctoridad“ acha-se consorciado ao
prestigio dos serviços mais relevantese mais
custosos tá idea que triumphou no dia 15 de
Novembro. S. Paulo, Bahia, Pará, Am azo-
nas, Ceará, Santa Catharina, Rio Grande
d o N o r te e ta n to s o u tro s E s ta d o s tê m á
f r e n t e de sua administração c nos postos de
confiança um pessoal hors ligne. Tudo ahi
caminha bem e sem o menor protesto” .
Transcreve em seguida a acta da sessão
de installação do “Club Democrático 13 de
Maio,"fundado aos 7 de Abril na povoação
do Brejinho. do município de Goyanninha,
e o decreto do governador do Estado, de 10
de Maio.elevandoá villaedesmembrando do
município de Canguaretama o povoado de
Cuitezeiras.
Da secção de noticias consta ter sido
nomeado o cidadão Augusto Severo de Al­
buquerque Maranhão para o logarde lente
de arithmetica e algebra do Athene« rio-
grandense, logar que obtivera mediante con­
curso, em que fora approvado plenamente
no dia 7 ; e t e r chegado do Ceara o dr. fosc
Lopes da Silva Junior, qnc v i n h a a s s u m i r a
225

direcção do serviço medico do 34° batalhão.


No ro d apé da guiza de fo­
2 “ p a g in a , á
lhetim, faz a descripção de um concerto vo­
cal e instrumental realizado no dia 8, no sa­
lão da Intendência municipal, pelo maestro
e insigne pianista norterio-grandense Ama­
ro Barreto Filho, com o concurso do distin-
cto baritono G. Comoletti c do festejado
violinista Apolinario Barbosa
—N° 50—10 de Maio —Começa uma serie
de artigos sob a épigraphe O sebastianismo
conspirando, em que, denunciando o sebas­
tianismo de estar conspirando contra as
instituições republicanas, extende-se em ju ­
diciosas considerações sobre a liberdade de
cultos e o casamento civil, “duas aspirações
indiscutíveis do paiz, duas necessidades lon­
gamente sentidas e que já figuravam nos
programmas com (pie subiam ao poder os
dous velhos partidos monarchicos” .
Da secção de noticias consta ter sido re­
movido da comarca de Canguaretama, nes­
te Estado, para a da Escada, em Pernam­
buco, o juiz de direito dr. Francisco Altino
Correia de Araújo (09) e para aquella o da

(00) O dr. p. Altino Correia cie Araújo foi presidente da


província (lo Rio Grande do Norte dc S0 de Setembro de 1884
n i l de Julho de 1885—Vid. vol. VI. ppg. 124.
22r,

cmti nrca flo Triumphe, no Rio Grande do


Sid, dr. Antonio Augusto do Carvalho (70).
—Nc 51—21 de M aio—Em sua primeira
pagina tinv. A Repuhlicn urncdictorialsobre
o partido republicano no Rio Grande do
Norte ; fragmento de um discurso de Silva
jardim, pronunciado por oceasião das fes­
tas celebradas no Rio de Janeiro em honraa
Tiradentcs ; ea integra do decreto n°. 25,de
lí) de Maio, pelo qual o governador do Es­
tado isenta do pagamento de direito de ex­
portação os produetos da fabrica de fiação
e tecidos do Natal.
Na secção competente dá, entre outras,
as seguintes noticias : ter chegado do sul e
assumido o commando do 3 4 °bm. o major
Pedro Antonio Nerv ; ter seguido para Per­
nambuco. onde ia commandai* a respectiva
companhia de aprendizes marinheiros, o ca­
pitão-tenente Cândido Barreto ; ter sido
promovido a 1°. escripturario da Alfandega
desta, cidade o 2o. capitão Bonifacio Fran­
cisco Pinheiro da Camara enomeados2°"es-
eripturarios da mesma Alfandega c Thesou-
raria os cidadãos Manuel Ignacio Barbosa,

(7o) 1'stn reutoçAo ficon sem cffeitn, sendo removido paro


n coinnrcn de Cnnguuretnmfi <> juiz de direito da de lYm dos
Ferros, neste Estado, dr. Joaquim Cavalcante Ferreira Mello.
227

JoAo Bakker, Mathias Carlos de Yasconcel-


los Monteiro e Francisco Xavier de Freitas.
Contém mais esse n° o 2" artigo sobre a
vida dos municípios, occupando-se ainda do
de Goyanninha, e nas solicitadas uma de­
claração do venerando dr. João de Albu­
querque Maranhão, que presidiu a 1 reu­
nião do partido republicano do Rio Grande
do Norte,realizada nestacidadeem 27 de Ja­
neiro de 1880, protestando contra as ma­
nobras do sebastianismo e mostrando se in­
teiramente solidário com a politica altiva e
generosa que se estava fazendo no Estado.
—N" 02—20 de M aio—2'-’ artigo da serie
O sebastianismo conspirando, e outro edic-
torial sob a cpigraphc Progredindo,em que,
aftirmando-se que “o governo provisorio ia
todos os dias ofterecendo seguras attesta-
ções da mais alta capacidade na gestão dos
públicos negocios” , accentuam-se duas das
ultimas reformas do mesmo "overno, a sa­
ber: os decretos n°* '559 e 3(50 de 26 de Abril,
o 19 revogando as leis que exigiam a tenta­
tiva da conciliação preliminar como forma­
lidade essencial nas causas eiveis e eoromer-
eiaes ; o 2" que estabeleceu o processo exe­
cutivo para a cobrança das multas e dos al­
cances dos empregados públicos e que fo-
228

rem devidos á fazenda nacional, á dos Es­


tados e ás municipalidades.
I)c seu noticiário eonsta ter sido instal-
lado no dia 24- o registro civil dos casamen­
tos, em audiência publica do juiz respectivo,,
dr.Chaves Filho,sendo nomeado peio gover­
nador offieial do mesmo registro e escrivão-
privativo do juizo o cidadão Luciano de Si­
queira Vareja o Filgueira; e,no dia23,ter as­
sumido o exercício de capitão do porto des­
te Estado o l°tenente Aphrodisio Fernandes
Barros, a respeito do qual assim se externa
A Republica :
“Offieial intelligenteeconeeituadortendor
ainda moço, uma brilhante carreira na nos­
sa marinha de guerra, extremamente affa vel c
sympathico no trato social, o novo capitão
do porto, que c rio-grandense, saberá des­
empenhar com zêlo e tino a importante
commissão com que foi mereeidamente g a ­
lardoado pelo governo” .
N° 5H—l 9 de Junho— Voltando o or-
gam republicano ás mesmas dimensões que
teve no começo da Republica, com 4 colum.
nas em cada pagina, continuou á publica­
ção dos actos offíciacs e expediente do go­
verno, não suspensa,como disse á pag. 190.
mas, desde aquella data até agora, feita em
229

pagina avulsa, que a imprensa adversa, por


chalaça, appellidou de palmilha ; figurando
em primeiro logar, continuando,o relatorio
com que o dr. A. Gordo passou a adminis­
tração do Estado ao dr. Jeronymo Cama­
ra, do qual consta, entre outros actos, que
aquelle governador, por decs.ns. 8, 9, 10 e
12, de 16, 18 e 22 de Janeiro e 1° de Feve­
reiro, dissolveu todas as eamarasmunicipa-
es do Estado ; mudou os nomes das cidades
da Imperatriz e do Príncipe c da Villa Im­
perial de Pa pary para os de cidades do M ar­
tins c Seridó e villa de Papary ; e creou um
prémio de 3 contos de reis para aquelle que,
neste Estado, durante o armo, produzisse
sal pelos systemas mais aperfeiçoados.
Da administração do dr. Silveira Junior
publica-se que, por acto de >5 de Maio, foi
exonerado o promotor publico da comarca
de S. José de Mipibú, removido para substi-
tuil-o o da doTrahiry e nomeado para sub­
stituir a este o bacharel Paulino de Araújo
Guedes.
Traz nas columnas edietoriaes o 3o arti­
go da serie :0 sebastianismo conspirando, e
mais outro, também politieo, sob a epigra­
phe : Que homens e que partido ! ; transcre­
ve do «Correio do Povo» uma extensa noti-
230

cia sobre o projecto da Constituição da Re­


publica e do «Rio Grande do Nqrte» infor­
mações minuciosas a respeito da projcctada
estrada de ferro do Ceará-mirim ; fala da
installação solemne da villa de Cuitezeiras;
c, por hm,do clima e salubridade do municí­
pio de Angicos, que considera um verdadei­
ro sanatorio.
Consta da secção de noticias tersidopro-
movido ao posto de capitão de artilheria o
nosso distincto coestadano I o tenente Adol-
pho Augusto de Oliveira Galvão.
N c 54— 0 de ju n h o—Continuação do re­
latório do dr. A. Gordo, do qual vê-se que
dirigia a repartição dos correios neste lista­
do o cidadão IVdro Paulo Vieira de Mello.
Da administração do dr. Silveira publi­
ca-se o dec. n° 27, de 31 de Maio, estabele­
cendo os limites do município de Arez.
Vê-se nas columnas,edictoriaes um arti­
go sobre o poder judiciário); 39 sobre a vida
dos municípios, occupando-se ainda do de
Goyanninha ; I o de uma nova serie sob a
epigraphe : Xotas sertanejas, Ixnn interes­
santes ecscriptas.nointervalloda sueca eda
coalhada, por um amigo d 'A Republica que
costumava passar annualmentc alguns me-
zcs no sertão e que lá, na cavaqueira do al-
231

pendre, em noites dc luar, gostava de ouvir


historias de onça e cobra cascavel, puxan­
do pelos vaqueiros para que lhe contassem
os accidentes de sua vida, tâo simples e afa­
nosa ; e, finalmente, um officio do tenente
Emygdio Getulio de Oliveira, commandan­
te da fortaleza da barra (71), dirigido ao
chefe de policia e em que defende-se de accu-
zações que lhe haviam sido feitas pela «G a­
zeta do Natal» a proposito de presos alli re­
colhidos.
N 55—11 de Junho- Continua o relato-
rio do dr. A. Gordo. Tratando da Thesou-
raria de Fazenda.para a qual havia sido ul­
timamente nomeadoinspector ocidadão Er.
nestino Juliano Toscano Dnmasceno, diz
que da demonstração respectiva verifica-se
que a receita do Fstado em Janeiro fôra de
320:085$422 reis e a despesa de.................
158:428$807 reis, passando, assim, para o
mez seguinte o saldo de 161:656$615 rs.
Da administração do dr. Silveira publi­
ca se, além de outros, o aeto de 30 de Maio

(71) O tenente Emygdio fui nomeado com mandante dn


(ortalczn do* Snnetos Reis Magos, em subatituiçAo aocapi-
tAo honornrio do exercito FranciscoJoué Travassos, por n -
cto do ministério da guerra de 17 de Janeiro, assumindo »
exercício de suas (uncçrtes no dia 20 do mesmo mes.
232

que exonerou o l°escripturario do Thesou-


ro do Es*ado João Olympio de Oliveira
Mendes, por ter sido nomeado 2o da The-
zouraria de Fazenda, promoveu ao logar
de l 9 daquella repartição o 2o Theodosio
Xavier de Paiva e nomeou para exercer
este ultimo logar o cidadão Affonso M a g a ­
lhães da Silva.
Em suas eolumnas de honra transcreve
uma carta que o padre Joaquim Camillo de
Brito, ex-parocho de Barbaeena, dirige aos
seus compatriotas e na qual o espirito lúci­
do e tolerante do illustre sacerdote mineiro
discute com elevação o tão explorado an­
tagonismo que perfidamente diziam existir
entre a consciência eatholiea e os deveres
eivicos ;—oeeupa-se em phrases elevadas do
suicidiode Camillo Castello Branco,“levan­
do a sua contribuição de pezar á grande dor
que acompanha a perda do eminente e fe­
cundo escriptor” ;—sob a epigraphe : E d u ­
cação e E nsino (Papeis Velhos) Recorda­
ções de um pedagogo manque—começa uma
serie de excedentes artigos, cujos autogra-
phos diz ter recebido, num enorme envelo­
ppe, sem saber de quem, sendo o primeiro
epigraphado : Educação Physica, e no qual
o auctor bem justifica a these de Emerson :
233

“ 0 Estado precisa que cada um de seus


membros seja,além de utn honrado cidadão,
um bom animal —publica o 2o artigo das
notas sertanejas, sempre muito curiosas ; e,
por fim, saúda«0 Povo», do Seridó, pelo seu
reapparecimento no dia l ü, com as seguin­
tes palavras, muito honrosas para o valen­
te periodico sertanejo :
«Nesse espinhoso caminho do jornalis­
mo é tão agradavel sentir a gente ao lado.
como companheiros de viagem, amigos sin­
ceros c cheios de firmezas !... Mas a ausên­
cia, felizmente, não foi longa e eil-o de novo,
valoroso e leal, honrado c decidido na defe*
za do que c justo, na propaganda do bem
publico e na estigmatização dos especulado­
res, que teern a noção da patria localizada
no apparelho digestivo.
«O Povo» é sem contestação um periodi­
co de créditos conquistados c das suas co-
lumnas tem chovido sobre a alma sertane­
ja tanta luz democrática, tão nobre e dedi­
cada é a maneira pela qual o nosso estima­
do coltega tem sabido cumprir a sua missão
de doutrinador e advogado do povo, que
não lhe fazemos favor abraçando o denoda­
do companheiro como um batalhador bene-
merito da grande causa da Republica.»
234

E transcreve períodos ern que, applatt-


dindo o tino,a perspicácia e a calma reflccti-
da dobenemerito chefe republicano do Esta­
do,«O Povc»dá provas sobejas da mais pura
orientação democrática.
Entre as noticias está a de ter sido no­
meado escripturario da enfermaria militar o
cidadão Godofredo Xavier Pereira de Brito;
e na secção M unicípios começa J. P. Filho
os traços geopraphicos da vil!a de Arez e
seu município.
N9 56—1G de Junho—Continua o relato-
rio do dr.Adolpho Gordo, do qual consta a ­
char-se dirigindo a enfermaria militar o l 9
cirurgião do corpo de saude do exercito dr.
Jaymes Alves Guimarães e estar a cargo do
alferes reformado Galdino Cancio de Vas-
concellos Monteiro o deposito fie artigos
bcllieos. Tratando do pharol da barra, diz
achar-se construido na bateria da fortale­
za dos Sanetos Reis Magos, ser de ferro e
ter a lanterna deoptrica, de fórma cylindri-
ca e de 49 ordem.
Da administração do dr. Silveira publi­
cou-se ter o bacharel José Augusto de Sou­
za Amarantho assumido,no dia 22 de Maio,
235

o exercício do cargo de juiz de direito da co­


marca de Potengv (72).
Nas columnas edictoriaes—um artigo po­
lítico, sob a epigraphe : Sempre os mesmos,
com que A Republica vae ao encontro de
umas tantas manobras do sebastianismo ;
—resumo de toda a matéria do projecto de
constituirão que o governo ia decretar ad
referendum ; 2 9 artigo da serie E d u c a ç ã o e
E n s i n o , ainda educação physica ; e 3o das
notas sertanejas
Diz-se na secção de noticias constar, por
telegrammas particulares, ter sido removi­
do para o logar de conferente da Alfandega
do Fará o inspector da Thesouraria de F a ­
zenda deste Estado, Ernestino J. T. Damas-
eeno, e nomeado 2o escripturario da The-
20 tiraria de Fazenda de Pernambuco o con­
tador do Thesouro deste Estado, João Lin-
dolpho Camara.
N° 57 21 de Junho—Continuação do
relatório do dr. A.Gordo. Tratando dos soc-
corros públicos, mostra o honrado adminis­
trador o modo desastroso e impatriotieo
(72) A comarca do 1’otengy, creadu pela lei n° 845, de 20
de Junho de 1882, e classificada de 19 entrancia por decreto
n° 121, de 9 de Janeiro de 1890, foi installada por mini, na
qualidade de juiz municipal do termo da Macnhvba, no ex­
ercício do cargo de juiz de direito, no dia 6 de Março.
por que estava sendo feito o trabalho res­
pectivo ao ser proclamada a Republica.
Da administração do dr. Silveira Junior
publica-se que, por acto de 12, fôra nomea­
do para exercer o logar de medico adjunto
do hospital de caridade desta capital o dr.
Thcotonio Coelho de Brito ; e, por a?to de
12, nomeado alferes do corpo dc policia o
cidadão João Capistrano Pereira Pinto,que
havia sido destituído do cargo de secretario
da capitania do porto deste Estado.
E O governador do Rio Gran­
d ic t o r ia e s —
de do Norte, artigo com que defende A Re­
publica a administração do Estado de ac-
eusações que lhe fizera o dr. Lopes (73)
Cardoso no «Jornal do Commercro» de 31
de M aio ;—A guarda negra e as reformas
republicanas, em que, dizendo que a guarda
negra ou a malta sebastianista, sem apani-
gual-a,ao menos, o interesse,político român­
tico dos conjurados de que nos fala a historia,
conspira contra a Republica,ser vindo-se do
clero ignorante ou sem idéa de seus deveres
civicos, mais uma vez discorre eom muito
acerto e sabedoria sobre a decantada ques-

(73) Ha engano neste appellido ; trata se do dr. Daniel


Pedro Ferro Cardoso.
237

tão da liberdade de cultos e casamento ci­


vil 3 ‘‘ artigo da .serie E d u c a ç ã o e E n s i ­
n o , no qual oceupa-se ainda da educação
physica, com as sub-epigraphes abolição
das penas corporaes, alegria e saude nas es-
eholas, e methodo, tratando do qual mos­
tra a superioridade do methodo natural ou
hituitivo comparado com os velhos syste-
mas rotineiros ; —finalmente. 4o artigo das
notas sertanejas.
N oticias—Em nosso porto fundeou na
tarde do dia 18 o varpor de guerra Madei­
ra, sob o commando do capitão de fragata
Affonso de Alencastro Graça, o qual vinha
trazer tardamento, armas e instrumental
para o batalhão 34“ ;—no dia 17 chegara
do Ceará o capitão Pedro José de Lima, no­
meado para o mesmo batalhão ;—em exa­
mes de preparatórios foram approvadosem
franeez Luiz Ignacio Fernandes Pimenta,
com distineção, e Horacio Barreto de Pai­
va Cavalcanti, plenamente, e em rethoriea
Luiz Eugênio Ferreira Veiga, simplesmente;
—no alistamento a que acabava-se de pro­
ceder nesta cidade foram alistados 967 ci­
dadãos ;—segundo noticiam o « Paiz», de 8,
e o «Diário de Pernambuco», de 17, o pri­
meiro casamento civil celebrado no Eio
238

de Janeiro, sendo presidido pelo juiz do


I 9 districto de easamentos, dr. Salvador
Moniz, foi o do sr. Joaquim Rabello de Cas­
tro e Silva com d. Haydée Mendes dos Reis,
e o primeiro celebrado no Recife o do sr.
Manuel do Nascimento Rego Monteiro com
d. Paula Gertrudes da Costa Monteiro.
Na secção M u n i c í p i o s continua J. Pega­
do Filho os traçosgeographicos da vdla de
Arez e seu município.
N° 58—26 de Junho—A c t o s o f f i c i a e s —
Continuação do relatorio do dr. A. Gordo e
actos da administração do dr. Xavier da
Silveira.
E d i c t o r i a e s — Descripção das manifes­
tações de regosijo publico havidas nesta ci­
dade no dia 23, que o governador feriou em
todas as repartições publicas do Estado,
pelo motivo de ter sido assignado no dia
anterior o decreto que promulgou a Cons­
tituição Politica dos Estados Unidos do
Brazil ; — transeripção do «Paiz», que
levantou a candidatura do marechal Dco-
doro da Fonseca ao cargo de primeiro
presidente da Republica Brazileira, de um
optimo artigo recommendando-a, com o
qual está o orgam republicano do Estado
perfeitamente de aecôrdo \—Não houve, não
239

ha reacção, artigo com que A Republica


desmente mais uma vez as affirmações do
sebastianismo de terem os governadores
provisorios feito injustificável reacção em
seus governos )—Já era tempo,outro edicto-
rial.em que, fazendo a analyse de um artigo
da «Gazeta do Natal», com essa epigraphe,
insiste em affirmar que no Estado o chefe do
partido republicano não teve outro proce­
der que o recommendado pelo directorio do
])artido republicano do Rio de Janeiro, pre-
zidido pelo dr. Silva Jardim, no sentido de
«seestabelecer uma politica larga e efficaz de
conciliação com todos os elementos sãos dos
antigos partidos, principalmente os elemen­
tos de sua natureza mais conservadores e
estáveis», segundo informação da «Gazeta
de Noticias»,transcripta pelo orgam da op-
posição no Estado abaixo-assignado de
muitos eommerciantes.industriaes e empre­
gados públicos desta e da cidade da Maca-
hvba, protestando contra uma publi­
cação feita no «Norte-Rio-Grandense» offen-
siva da reputação profissional do sr. Fran­
cisco Loureiro de Carvalho, chefe da esta­
ção telegraphica desta capital, abaixo-assi­
gnado que A Republica precede de palavras
muito homosas ao mesmo chefe ;—4o arti-
240

go cia serie : E ducação e E nsino, em que o-


ccupa-se das Escholas Normaes.com os sub­
títulos—Educação dos professores, Ensino
obrigatorio e Ensino mixto
S e c ç ã o d e n o t i c i a s —Passou a exercer o
cargo de capitão do porto o l°tenente Arthur
Lisboa c o de eommandante da companhia
de aprendizes marinheiros o l ç tenente A-
phrodisio Barros;-e chegaram a esta cidade:
major Luiz Emygdio Pinheiro da Gamara,
inspector nomeado para a Thesouraria de
Fazenda; dr. Luiz José Correia de Sn, di­
rector do hospital militar ; alferes Nieanor
Guedes de Moura Alves, do 349 ; e dr. M a ­
nuel Augusto de Medeiros, que vinha assu
mir o exercicio do cargo de inspector de h}r-
giene.
E com este numero termina A Republica
o primeiro anuo de sua existência.
1.4 cont inunr).
Luiz F ehnandes.
REPERTÓRIO
DAS
Leis estaduaes referentes aos municípios

Ao iniciar a publicação destas notas,


era meu intuito limital-as, como declarei
no ligeiro cavaco de que as precedi, ao pe­
ríodo cornprehendido entre a epochaem que
foram installadas as Assembléas Provincia-
es, 1835, e a proclamação da Republica,
1889.
Reflecti, porem, que o empenho de occu-
par-me de cada um dos trinta e sete muni­
cípios, separadamente, não poderia ser sa­
tisfeito, tendo occorrido acreação de alguns
delles em epocha posterior, já na vigência
do actual regimen ; e dahi a deliberação que
tomei de estender as mesmas notas até
1891,abrangendo operiodo do governo pro-
visorio e conseguindo assim fixar as datas
das respectivas creações.
242

Desculpem, portanto, os leitores esta


lacuna que, além de outros defeitos, terão
encontrado na publicação já feita sobre o
município do Natal, lacuna que pretendo
preencher mais tarde, accrescentando en­
tão noticias a respeito do desenvolvimento
economico do mesmo municipio, constante
de seus orçamentos annuacs, como agora
faço tratando dos seis muniçipios que con­
stituem a zona do Scridó.
P. S oa res .

GAIGO’
(Villa do Príncipe, até 15 de Dezembro de 1S68 ; Cidade do
Príncipe, até 1° de Fevereiro de 1890; Cidade do Scridó, até
7 de Julho do mesmo anno.)

1835—A lei n. 15, de 13 de Março, desmem­


brou da matriz de SanfAnna,da villa
do Príncipe, c elevou á categoria de
igreja parochial a filial capella deN.
Senhora da Guia, da villa do Acary,
dando-lhe por limites os mesmos
marcados para o municipio.

-----------A lei n. 16, de 18 do mesmo mez,


approvou a creação da villa do A-
cary, feita pelo Presidente em con­
selho, a 11 de Abril de 1833. A
243

mesma lei traçou os seguintes limi­


tes : pelo poente, no rio S. José, no
Ioga r onde faz barra o riacho Jar­
dim, subindo pela margem oriental
deste, até as suas nascenças na ser­
ra da Formiga; continuando para o
norte, até á serra do Patrimônio,
comprehendeudo Bom Jesus, Olho
dagua, Passagem, Ouixodó, Rossaru-
hxi, serra do Periquito, de Santan-
na e todas as mais que sempre per­
tenceram á villa do Príncipe ; dalli
para o nascente, até á serra do Mo-
lungú, no logar onde as aguas fazem
equilíbrio para o Trahiry e Seridó,
comprehendeudo S. Antonio, Gros­
sos e o rio Molungú com seus afflu-
entes por um e outro lado ; dalli
para o sul, comprehendendo Bôa
vista, Pê da Serra, Bico da arara,
Ermo, até ao Riacho fundo. Cobra,
Boqueirão, até á lazenda Tanques,
na serra da Borburema ; daqui, des­
cendo pelo rio Seridó com seus aflflu-
entes, por um e outro lado, até á
barra do Riacho do Meio;edesta cm
rumo atravessando o rio Aeauhã
no ponto da Pedra grande, até to­
244

car a sobredita barra do Jardim,


donde principiou a divisão.

-----------A lei u. 17, cie 23 cio mesmo mez,


declarou pnrochianos da freguezia
de Sant’Anna do Seridó os morado-
„ . *
res além do rio Piranhas, da parte
do ppente, e que pela ereação da
villa do Prineipe, em 3 de Julho de
178S e novamente pela resolução de
25 de Outubro de 1831 pertencem,
quanto ao governo civil, militar e
administração da Fazenda Publica,
ao município da mesma villa.

-----------A lei n. 22, cie 27 cio mesmo mez,


creou na villa do Prineipe, da co­
marca do Assú, a contar do l 9 de
Maio seguinte, um collegio eleitoral,
tendo por cabeça do districto a mes­
ma villa c reunindo alli os eleitores
do Acary.

1836—A resolução n. 3,cie3 de Outubro,con-


cedeuque fizesse parte do rendimento
da Cam ara desta villa, a contar do
I o de Julho de 1837 em deante,
o produeto do dizimo de miunças
245

. vivas e mortas do respectivo muni-


picio.

--------- A resolução n. 14, de 18 do mesmo


mez, approvou o compromisso da
irmandade de Santa’Anna, da fre-
guezia do Seridó.

-----------A resolução n. 15, da mesma data,


approvou o compromisso da irman­
dade das Almas, da freguezia de
SantWnna do Seridó.

-----------A resolução n. 16, da mesma data


approvou o compromisso da ir­
mandade do S. S Sacramento da
matriz.

1837—A. resolução n. 8, de 26 de Setembro,


approvou os capitulos de reforma e
os addicionaes ao compromisso da
irmandade deSant’Anna, da matriz.

-----------A lei n. 19, de 8 Novembro. revogou


a resolução n. 3, de 5 de Outubro de
de 1836,sobre o producto do dizimo
de miunças.
A mesma lei consignou, a titulo de
24(5

socorro á Camara Municipal, a ver- .


ba de 300$, que deveriam ser pagos
pelo respectivo collcctor.

1838 —A lei n. 17, cie 7 Novembro, consi­


gnou a verba de 300.$ para pagamen­
to do déficit da Camara Municipal.

1839— A lei n. 36, cie 9 cie Novembro, fixou


em 270$ a despesa da Camara M u­
nicipal da villa do Príncipe, no anuo
financeiro de I o de Julho de 1840 a
30 de Junho de 1841 ; e determinou
que continuasse a cobrar as rendas
de que está de posse, ainda que não
contempladas no artigo 16 da mes­
ma lei.

-----------A lei n. 38, de 11 do mesmo mez,


(orçamento, art. 1 §° 40) consignou
a verba de 240$ para supprimento
do déficit da Cam ara Municipal.

1840— A lei n. .77, de 29 de Outubro, aucto-


rizou o Presidente da Provinda a
mandar abrir uma estrada da villa
do Príncipe para as Officinas, do
munieipio da villa da Princeza, se-
247

guindo pelos logares mais transita­


dos. Esta estrada terá a largura de
trinta palmos com as commodida-
des necessárias para os carros que
por cila tiverem de transitar, appli-
canclo, desde logo. a essa despesa a
quantia de dois contos de reis de­
cretada no art. 4 da lei provincial
n. 88, de l l . d e Novembro de 1839.

■A lei a. .76', de 2 de Novembro, fixou


em 244$ a despesa daCam ara Muni­
cipal, no atino financeiro de 1841 a
1842.

-----------A lei a. 59, de 7 do mesmo mez, (or.


çamento, art. 2, cap. IX , §’ 7,) con­
signou a verba dc 300$ ás obras da
cadeia da villa.

1841—A lei 7 7 . 72, de 10 de Novembro, fixou


em 212$ a despesa da Camara M u ­
nicipal, no anno financeiro de 1842
a 1843.

---------- A lei 77. 76, de 11 do mesmo mez,


(orçamento, art. 1, cap. IX, §° 40}
consignou a verba de 180$ para
248

supprimento do deficit da Camara


Municipal.

1842----- A lei n. 88, de 29 Outubro lixou em


225$ a despesa da Camara Munici­
pal, no anno financeiro dc 1843 a
1844.

-----------A lei n. 93, de 5 de Novembro, (o r­


çamento, a rt .l, cap. X, §° 48)consi-
gnou a verba de 112$ para suprimen­
to do deficit da Camara Municipal.

— - — A resolução n.95,de8 do mesmo mezy


appro vou artigos addicionáes ás pos­
turas da Camara Municipal.

1843—A lei n. 104, de 3 de Novembro,fixott


cm 224$ a despesa da Camara Muni­
cipal, no anno financeiro dc 1844 a
1845.

-----------A lei /?. 105, de 8 do mesmo mezt


(orçamento, art. 1, cap. 10, § 48)
consignou a verba dc 91$ para su­
pprimento do deficit da Camara
„ Municipal.
249

1844— .4 resolução n. 113, de 2õ de Outu­


bro, declarou que os proprietários
dostenenos por onde passar a es­
trada publica da villa do Principe
paraOfficinasíicam obrigados a con­
servar roçada e desobstruída a mes­
ma estrada em suas respectivas tes­
tadas, de modo a offerecer livre
transito aos carros.

---------- A lei n. 115,de 4 de Novembro,fixou


em 234$ r despesa da Camara M u­
nicipal, no anno financeiro de 1845
a 1846.

---------- A lei n. 116, d e i do mesmo mez,


[orçamento, art. 1. cap. IX, «i9 48]
consignou a verba de 190$ para
supprimento do déficit da Camara
Municipal.

1845— A lei n. 129, de 23 de Outubro,fixou


em 134$ a despesa da Camara M u ­
nicipal, no anno financeiro de 1846
a 1847.

1846— A resolução n. 141, de 29 de Setem­


bro, concedeu á Camara Municipal,
250

a taxa addieional de 80 réis por ca­


nada de aguardente vendida no mu­
nicípio.

-----------A lei n. 154, de Hl de Outubro, lixou


em 17G$ a despesa da Gamara M u­
nicipal, no anno financeiro de 1847
a 1848.

-----------A lei n.155, de 7 de Novembro, (o r­


çamento, art. 1, cap. V IU , §° 39)
consignou a verba de 140$ para su-
pprir o déficit daCam ara Municipal.

1847— A lei n. 171,de 6 de Novembro, fixou


em 171$ a despesa da Gamara M u ­
nicipal, no anno financeiro de 1848
a 1849.

1848— A resolução n. 181, de 7 de Outubroy


approvou posturas addicionaes ao
respectivo eodigo.

-----------A lei n. 187, de 2 de Novembro, fi­


xou em 86$ a despesa da Camara
Municipal, no semestre de Julho a
Dezembro de 1849, determinando.
251

art. 19, que o anno financeiro r.e


contasse de Janeiro a Dezembro.

-----------A lei n. 193, de 10 do mesmo mez,


(orçamento.art, 1, cap. VIII, §" 33)
consignou a verba de 100$ para
supprimento do deficit da Camara
Municipal.

1849— A lei n. 203, de 30 de Junho,fixou em


170$ a despesa da Camara Munici­
pal, no anno financeiro de 1850.

-----------A lei n. 209, de 3 de Julho, (orça­


mento, art. 1, cap. IX, S° 29) con­
signou a verba de 100$ para suppri-
mento do deficit da Camara Muni­
cipal.

1850— A lei n. 222, de 2 de Julho, fixou em


1 70 a despesa da Camara Munici­
pal, no anno financeiro de 1851.

1851— A lei n. 234, de 19 de Setembro,fixou


em 172$ a despesa da Camara M u­
nicipal, no anno financeiro de 1852.

A resolução n. 235, da mesma data


252

approvou antigos addicionaes ao


codigo de posturas municipaes.

-----------A resolução n 236, de 20 do mesmo


mez, approvou ainda posturas addi-
eiormes áo codigo respectivo.

1852— A resolução n. 253, de 27 de M arçor


art. 16rdeclai-ou suppriraida a cadei­
ra de latim da villa,creada pelo decre­
to de 7 de Agosto de 1832, logo que
vagasse ou se verificasse a renuncia
do respectivo professor.

---------- A lei n. 263r de 6 de Abril, fixou ern


155$ a despesa da Camara Munici­
pal, para o armo financeiro de 1853.

1853— A lei n. 281, de 19 de Ahrih fixou em


173$816 a despesa da Camara Muni­
cipal, para o atino financeiro de
1854.

---------- A resolução n. 284, da mesma data,


approvou artigos addicionaes ao
codigo de posturas municipaes.

1854— A resolução n. 302, de 6 de Setem-


253

bro, approvou posturas addicionaes


ao cocligo respectivo.

A lei n. 303, da mesma data, fixou


em 200$ a despesa da Camara M u­
nicipal, para o anno financeiro de
1855.

1855— A lei 73. 32o, de 1 de Setembro, art.


prorogou o orçamento da Camara
Municipal, que não remetteu a res­
pectiva proposta para o anno finan­
ceiro de 1856.

--------- - A resolução n. 330. de 6 de Setem­


bro, approvou artigos addicionaes
ao codigo de posturas municipaes.

1856— A lei 73. 349, de 20 de Setembro, fi­


xou em 200$ a despesa da Camara
Municipal, para o anno financeiro
de 1857.

-----------A resolução n. 351, de 20 do mesmo


mez, creou uma cadeira de primeiras
lettras, para o sexo masculino, na
povoação de Jardim do Piranhas.
254

1857— A lei n. 363, de 25 de Abril, lixou cm


300$ a despesa da Cam ara Munici­
pal, para o anuo financeiro de 1858.

1858— A resolução n. 365, de 19 de Julho,


elevou á categoria de Comarca os
municípios das villas do Príncipe e
Aeary, cotn a denominação de—Co­
marca do Soridó—tendo por limites
os mesmos dos respectivos municí­
pios.

-----------A lei n. 410, de 4 de Setembro, revo­


gou o art. 16 da resolução n. 253,
de 27 de Março de 1852, e declarou
em vigor o decreto de 7 de Agosto
de 1832, que creou uma cadeira de
latim na villa.

-----------A lei n. 422, de 11 de Setembro, fi­


xou em 273$800 a despesa da Ca­
mara Municipal, para o anno finan­
ceiro de 1859.

1859— A lei n. 435, de 9 de Abril, creou um


districto de paz na povoação de
Jardim do Piranhas, dando-lhe por
limites os mesmos da subdelegaeia
de policia.
255

-------.4 lei n. 462, de 17 de Maio, fixou em


163$478 a despesa da Camara Mu­
nicipal, para o anuo financeiro de
1860.

1860 .4 lein. 478, de 12 de Abril, creou uma


cadeira de ensino de primeiras
lettras, para o sexo feminino, na
villa.

---------- A lei n. 494, de 1 de .Maio, fixou ern


402$ a despesa da Camara Munici­
pal, para o anno financeiro de 1861.

1861— A lei n. 506, de 7 de Junho, fixou em


230$ a despesa da Camara Munici­
pal, no anno financeiro dc 1862.

1862— A lei n. 526, de 25 de Abril, fixou em


295$ a despesa da Camara Munici­
pal, para o annofinancfciro de 1863.

1864—A lei n. 542, de 2 de Julho, art. 1,


determinou que a receita e despesa
das Camaras da Província, no cor­
rente anno, fossem reguladas pelade
n. 526, de 25 de Abril de 1862.
256

------ »-— A lei n. 573, de 22 de Dezembro, fi­


xou em 240$ a despesa da Camara
Municipal, no anno financeiro de
1865.

1865—A lei v. 586, de 15 Dezembro, a-


ppro'vou tres artigos de posturas da
carail ra immicipal. -j; rj j >■
a tliv,
-----------.1 lei n 591, de 28 do mesmo mez,
tíxoü em 240$ a despesa da Camara
Municipal, no anno financeiro de
1866. ;i:((

1867— A lei U.599, de 11 de Junho, fixou em


540$ a despesa da Camara Munici­
pal, no anno financeiro de 1867.

1868— A lei n. 611, de 26 de Março, fixou


em 286$ a despesa da Camara M u­
nicipal. no anno financeiro de 1868.

-------- A lei n. 612, de 15 de Dezembro, ele­


vou a categoria Ae Cidnde a villa do
Prineipé,! da comarca do Seridó, con­
servando a mesmá denominarão.
r •i ’■ Ai ' i r s - í .oso i*
1870—d. lei n. 617, de 3 de Junho, (oivatnen-
257

to, art. 12), creou o logar de admi­


nistrador do cemiterio publico da
cidade.

— A let n. 621. de 10 de Novembro,


creou uma cadeira de instrucção
primaria, para o sexo masculino, na
povoação de S. Miguel do Jucurutu.

-----------A let n. 628, de 25 do mesmo mez,


fixou em 620$ a despesa da Catnara
Municipal, no anno financeiro de
1871. A mesma lei, art. 27, auetori-
zou a venda, em hasta publica, do
sitio denominado—Sacco da Serra—
de seu patrimônio, para a edificação
da casa de mercado e açougue. •

1871—A let n. 645, de 14 de Dezembro, a-


pprovou artigos addicionaes ao
compromisso da irmandade do S. S.
Sacramento da matriz.

---------- A lei n. 651, da mesma data, fixou


em 420$ a despesa da Camara M u­
nicipal, no anno financeiro de 1872.
A mesma lei, art. 15 n. 4, auctori-
258

zou o Presidente da Província a


mandar vender, como fôr mais van­
tajoso á Fazenda, o proprio provin-
ciai denominado Mangerona, situa­
do no termo do Principe.

1873—A lei n. 663, de 12 de Julho, aucto-


rizou o Presidente da Provincia a
contractar os melhoramentos da es­
trada publica do Principe aos ar­
mazéns de Macau, podendo, desde
logo, despender com os ditos melho­
ramentos, pela verba—Obras Publi­
cas—a quantia de seis contos de reis.
Para facilitar o contracto, poderá
este ser dividido em duas ou mais
secções,ouvidas ascamaras do Prin­
cipe e dc Macau.

-----------A lei n. 664, de 21 do mesmo mez,


fixou em 602$ a despesa da Cama­
ra Municipal, no anno financeiro de
1873. A mesma lei, art. 31, aucto-
zou-a a indemnizar os accionistas
da casa do mercado das quantias
que lhes pertencessem,ficando como
propriedade municipal a referida
casa.
25y

---------A lei n. 670, de 4 de Agosto, fixou


era 907$ a despesa da Cara ara M u­
nicipal, no anno financeiro de 1874.

1874—A lei n. 697, de 11 de Agosto, appro-


vou o compromisso da irmandade
de N. S.dos Impossíveis, na capella
de S.N. do Rosario, filial da matriz
de Sant’Anna do Principe.

-----------A lei n. 704, de I o de Setembro, a-


pprovou o accordam da confraria
das Almas, da freguezia do Seridó.

-----------A lei n. 707, da mesma data, creou


uma freguezia na povoação de S.
Miguel Jacurutú, do municicipio do
Principe,desmembrada da freguezia
do Seridó—pela barra do Baião, no
rio Piranhas, até ao logar Bestas-
bravas de baixo, comprehendendo
o sitio de José de Araujo e barra do
Caifaz, seguindo pelo riacho da
Ignez comprehendendo a fazenda
Laginhas ; e dahi, em linha recta, á
fazenda Milagres ou Serrote-agudo
e inclusive Ignez velha a confinar
com a freguezia do A c a ry ; da de
260

S án fA n n a do Mattos, pela estrada


publica, começando no logar Ade­
que, ate á fazenda S. Rita inclusive,
dahi em linha recta, ao riacho,
Oity e por este abaixo, eomprehen-
dendo as aguas que para o mesmo
correm, á barra do rio Piranhas; da
do Assú, pela barra do rio Pinturas
c por este acima até ao boqueirão
do mesmo nome ; e da de Campo
Grande, a começar do referido bo­
queirão até ao boqueirão da Colonia
c deste, em linha recta, ao sitio Pre­
guiça inclusive, e dahi, em linha re­
cta, ao cume do serrote Gamelas,
até ao limite desta província com a
da Parahyba, na freguezia do Catolé
do Rocha.

A lei n. TOS, da mesma data-


fixou em 892$000 a despesa da Ca­
mara Municipal, no anno financeiro
de 1875.

—A lei n. 714, de 3 do mesmo mez, ere-


ou um districto de paz na freguezia
de S. Miguel do Jucurutu, servindo
261

de limites os mesmos que foram


marcados para a dita freguezia.

1875—A lei ti. 739, de 23 de Agosto, fixou


em 902$ a despesa da Camara Mu­
nicipal, no anuo financeiro de 1870.

-----------A lei n. 741, de 26 do mesmo mez,


ereou uma cadeira de instrueção
primaria, para o sexo masculino, na
povoação de Jardim do Piranhas.

-----------A lei li. 746, de 2S do mesmo mez,


determinou que a freguezia de S.
Miguel do Jucurutu, com os terri­
tórios (pie lhe foram incorporados
pela lei n. 707, de 1 de Setembro de
1874-,e desmembrados das parochias
do Assú, Sant’Anna do Mattos e
Campo (irande fique pertencendo
ao município do Principe, da comar­
ca do Seridó.

--------- A lei n. 749, de 2 de Setembro, a-


pprovou o accordam da irmandade
de N S. do Rosario, da freguezia do
Seridó, reformando o capitulo 59 do
respectivo compromisso.
262

1876— A lei n. 791, de 76 cie Dezembro, de­


terminou que os limites estabeleci­
dos pela lei n. 707, de I o de Setem­
bro de 1874, entre as freguezias de
Campo Grande e S. Miguel do Ju­
curutu fossem entendidos do seguin­
te modo: A linha divisória começará
no boqueirão Colonia, comprehen-
dido todo o terreno sob esta deno­
minação ; e dahi, em linha recta, ao
sitio Preguiça, inclusive, comprehen-
dendo a serra Carauba.

-----------A lei n. 795, chi mesma daí a,


fixou em 922$ a despesa da Camara
Municipal, no anno financeiro de
1877. A mesma lei, art. 34, auetori-
zou-a a contractar com Egidio Go­
mes deBritto.ou com quem melhores
vantagens offerecesse, mediante pri­
vilegio por trinta annos, a constru-
cção de uma casa de açougue publi­
co na cidade.

1877— A lei n. 609, cie 79 de Novembro,


supprimiu as cadeiras de ensino pri­
mário das povoações de Jardim do
203

Piranhas, S. Miguel do Jucurutu e


S. João do Principe.

1879—A lei n. 829, de 7 de Fevereiro, (or­


çamento, at. 16), concedeu á Cama­
ra Municipal, por cinco annos, o d i­
zimo de miunças e aboliu o de la­
vouras durante o mesmo tempo.

-----------.1 lei n 886, de 15 do mesmo mez,


fixou em 977$ a despesa da Cama­
ra Municipal, no anno financeiro de
I o de Outubro de 1878 a 30 de vSe-
tembro de 1879.

1882—.4 lei n. 840, de 16 de Junho, appro-


vou o accordam da irmandade das
Almas da freguzia do Seridó, de 6 de
Novembro de 1879.

-----------A lei n. 843, de 23 do memo mez,


instaurou as cadeiras dc instrucção
primaria das povoações de Jardim
do Piranhas e S. Miguel do Jucuru­
tu, c creou uma 2* cadeira, para o
sexo masculino, de l 9 entrancia, na
cidade, e uma na povoação de S.
Fernando. ,
264

----------- 4 lei ti. 8-17, de 7 de Julho, declarou


que a linha que serve de limite entre
as freguezias de Campo Grande e S.
Miguel do Jucurutu começará do
boqueirão Colonia, comprehenden-
do todo o terreno sob esta denomi­
nação, e seguirá, em linha re­
cta, ao sitio Preguiça, e dahi até á
serra denominada Caranhas, inelu-
ve. A mesma lei determinou que fi-
easse servindo de linha divisória en­
tre as freguezias do Principe c Serra
Negra o rio Quixerê, pertencendo o
norte do mesmo á treguezia do Prín­
cipe e o sul a de Serra Negra, fican­
do o riacho Logradouro, até ás ca­
sas de José Leandro dos Santos e
Joaquim Januario de Araújo,e da fa­
zenda Saudade, em linha recta á bar­
ra do Espinharas, á mesma fregue-
zia de Serra Negra.

---------- A lei n. 853, de 15 no mesmo mez,


(orçamento, art. 10) concedeu á Ca­
mara Municipal o dizimo de miun-
ças do respectivo municipio.

---------- A Jej r,4857, dn 19 do mesmo mez


265

fixou cm 1:440$ a despesa da Cama­


ra Municipal, no anno finan­
ceiro de I o de Outubro de 1882 a 30
de Setembro de 1883.

-A lei n. 857, cln mesma data, art.48,


auctorizou a Camara Municipal a
cobrar o dizimo de miunças do mu­
nicípio.

-A lei n. 860, de 22 do mesmo meu,


auctorizou o Presidente da Provin.
cia a contractar com a companhia
cessionária da ferro-via de Natal a
Nova Cruz a eonstrucção de um ra­
mal para o Ceará-mirim, tocando
na Macahyba. com as vantagens
concedidas pela lei n. 682, de 8 de
Agosto de 1873, podendo essa com­
panhia augmentar com dois mil con­
tos de reis o capital já garantido em
virtude da citada lei ; auctorizou
também o Presidente da Provinda
a conceder privilegio, nas mesmas
condições, para que a sobredita
companhia possa prolongar seus
trabalhos até a comarca do Príncipe.
0 Presidente fixará um praso deu-
266

tro do qual lhe serão apresentados


os estudos dessa secção que, come­
çando no município da Macahyba
ou no de S. José de Mipibú, termine
no ponto mais conveniente daquella
comarca. Revogou as leis ns. 630,
de 26 de Novembro de 1870, e 715,
de 4 de Setembro de 1874, que con­
cederam privilegio a Affonso de Pau­
la de Albuquerque Maranhão e ao
engenheiro João Carlos Greenalgh,
assim como os contractos celebra­
dos em virtude delias.

----- — /I lei n. 865, de 24 do mesmo mez,


approvou artigos de posturas da
C a ma ra M unicipa 1.

-----------A lei n. 867, de 28 do mesmo mez,


approvou o regimento interno da
Gamara Municipal.

1883—A let 7 7 . 882, de 5 de Abril, creou uma


cadeira de instrucção primaria, para
o sexo feminino, na cidade.

------- A lei n. 888, de 25 do mesmo mez,


fixou em 1:720$ a despesa da Ca-
2G7

mara Municipal, no anno linanceiro


de I o de Outubro de 1883 a 30 de
Setembro de 1884. A mesma lei, art.
38, I o, creou o logar de adminis­
trador do cemiterio publico do Jar­
dim do Piranhas com a gratificação
annual de 200$

1884—A lei n. 916, de 12 de Março, fixou


em 1:310$ a despesa da Camara
Municipal, no anno financeiro de I o
Outubro de 1884 a 30 de Setembro
dc 1885. À mesma lei. art. 35, au-
ctorizou a Camara Municipal a des­
pender até á quantia de 1:000$000
com a reconstrucção do cemiterio
publico da cidade ; e a cobrar, art.
39, o dizimo de miunças vivas do
respectivo município.

---------- A lei n. 918, de 13 do mesmo mez,


approvou o regulamento do merca­
do publico da cidade.

-----------A lei n. 920, da mesma data, creou


uma cadeira de ensino primário,
para o sexo feminino, na povoação
de S. Fernando.
268

-----------A lei n. 922, de 15 do mesmo mez,


concedeu pela verba-Obras Publicas
um auxilio de 2:000$000 á matriz
do Príncipe, e de 2:000$000 a de S.
Miguel do Jucurutu.

1885—A lei n. 941, de 21 de Março, art. 4,


creou um districto de paz com a de­
nominação de — Soledade desmem­
brado do districto de S. Miguel do Ju­
curutu, do município do Príncipe,
que comprehenderá todo o quartei­
rão da Ignez, limitando-se em La-
ginhas, Saquinho, Pedra-branca e
Cedro, inclusive.

-----------A lei a. 950, de 31 do mesmo mez,


fixou em 1:560$ a despesa da C a­
mara Municipal, para o anuo finan­
ceiro de I o de Outubro dc 1885 a 80
de Setembro de 1886. A mesma lei,
art. 44, approvou a compra feita
pela Camara Municipal, em Janeiro
deste anno, a Pacifico Florencio de
Azevedo da casa e privilegio do a­
çougue publico da cidade, e auctori-
zou a mesma Camara a vender as
casas de sua propriedade, que foram
2(39

cie Pedro Antonio cie Oliveira e Ger­


mano Pereira de Britto, para com­
pletar a importância da referida
compra ; e concedeu, art. 47, á Ca­
mara o dizimo de miunças vivas do
respectivo município e a taxada car­
ne, por dois annos.

188(3—A lei n. 963, de 22 de Abril, revogou


a de n. 941, de 21 de Março de 1885,
que creou um districto de paz, com
a denominação de Soledade, em S.
Miguel do Jucurutu, deixando em vi­
gor a anterior divisão.

------ --.4 lei n. 97õ, de 1 de Junho, creou os


seguintes districtos de paz no muni­
cípio do Principe : um com a deno­
minação de—districto de paz da po­
voação de S. Fernanclo-desmein,ira­
do do cia cidade, o qual comprehen.
(lerá o território da subdelegacia
da dita povoação, tendo por limites,
ao nascente e ao sul, a barra do Se­
riei 6, e ao nascente deste os mesmos
que foram traçados á mencionada
subdelegacia ; outro com a denomi­
nação de—districto de paz de S.Gon-
270

çfilo—desmembrado do da freguês:ia
de S. Miguel do Jucurutu,pertencendo
a este mesmo district«) todas as mo­
radas c sitios existentes ao poente
do rio Piranhas, nos quateirões do
Estreito e Sant'Anna, e no quartei­
rão do Caes, por um e outro lado
do mesmo ri«) Piranhas.

— A lei n. 981, ele 11 do mesmo mez,


creou uma cadeira de instrucção
primaria, para o sexo feminino, na
povoação de S. Miguel do Jucurutu.

—/I lei n. 982, de 12 do mesmo mez,


fixou em 1:390$ a despesa da Cama­
ra Municipal, para o anuo financei­
ro de I o de Outubro de 1886 a 30 de
Setembro de 1887, e autorizou, art-
35, 59 n. I, os reparos precisos a
casa das sessões e cemiterio publico
da cidade.

— A lei n. 986, de 26 do mesmo mez,


desmembrou do districto de paz e da
subdelegaeia da povoação do Jardim
do Piranhas e encorporou ao distri­
cto de paz da cidade o território do
271

rincho denominado Timbauha, com


todas as aguas de um e outro lado.
pegando do sitio Amparo, inclusive,
pelo rincho de Timbauhn acima, até
annexar com o districto da mesma
cidade,e o território do riacho deno­
minado Logradouro, com todas as
suas aguas, de um e outro lado, co­
meçando do sitio Flores, inclusive,
até ao sitio Retiro.

1£87—A lei n. 995, de 2 de Abril, diz : art-


1—A linha divisória entre as freguezi-
as da cidade do Principc e villa de
Serra Negra íica sendo a mesma tra­
çada pela lei n. 847.de 7 de Julho de
1S82, e, no riacho Logradouro, co­
meçará neste do sitio do mesmo no­
me e onde rnóra José Dona to do P's-
pinto Santo, em linha recta, á fazen­
da Saudade e á barra do rio Pi-
nharas ; continuando a pertencer a
casa do mesmo José Donatoá fregue-
zia de Serra Negra, e o território ao
nascente da citada linha divisória á
fVeguezia do Principc—art. 2.—A li
nha divisória entre as freguezias
de S. Miguel do Jucurutu e Campo
Grande começará do Olho dagua da
Colonia, pelo caminho que segue
para o cabeço denominado do Car­
rapicho e dalli, pelo mesmo caminho
que segue para a serra da Preguiça,
até á mesma serra, ficando o lado
do norte para Campo Grande eo do
sul, comprehendendo todo o terreno
de José Nery, alli na Preguiça, para
S. Miguel e dalli seguindo, em linha
recta, ao cabeço das Gamellas.

--------- A lei n. 1.000, de 11 do mesmo mex,


fixou em 1:970$ a despesa da Cama­
rá Municipal, para o anuo financei­
ro de 1888 e trimestre de Outubro a
Dezembro.de 1887, art. 31, e aucto-
rizou, art. 36, 5?c 3o, a venda da casa
que foi de Germano Pereira de Britto
cujo producto será applicado ao ser­
viço de concerto e limpeza do cemi­
tério publico da cidade.

1890—O decr. n. 12,de I o de Fevereiro, (g o ­


verno provisorio) mudou o nome de
cidade do Principe para—Cidade de
Seridó.
273

------- -— O deer. ti. 33, ele 7 de Julho, m a n d o u


que a actual cidade de Seridó pas­
sasse a denominar-se— Cidade do
M • *
La ic o .

-----------O rlecr. n. 44, cie 13 de Agosto, alte­


rou os actuacs limites do districto
de paz de S. Gonçalo, no município
do Caicó, passando a pertencer ao
mesmo districto os quarteirões do
Barro-branco e Riacho de Sant’
Anna, até agora pertencentes ao dis­
tricto de S. Miguel do Jucurutu.

-----------O decr. n. 66, de 31 de Outubro, de­


clarou que ficava pertencendo ao
districto do Jucurutu o quarteirão
do Barro-Branco, desmembrado do
de Snut’Anna, do município do Cai­
có.

1891—O decr. n. 103, de 6 de Abril, con­


cedeu a Parente Vianna & C\Gratu.
liano dos Santos Vital e João Mou*
ra, ou á companhia que organiza
rem, o privilegio exclusivo, por trin­
ta annos, para a construcção, uso e
goso de uma estrada de ferro epie,
274-

partindo da cidade do Natal, vá ter­


minar no município do Martins, pas­
sando por Macahyba, Santa Sita,
Sant’Anna do Mattos, S. Raphael,
Triumpho e Caicó, ou pelo tragado
que mais convier aos interesses do
Estado.

JARDIM

(Povoação da Conceição do Azevedo até 1° de Setembro


de 1858. Villa do Jardim até 27 de Agosto de 1874 )

1835—A lei n. 11, de 9 de Março, creouuma


cadeira de instrucção primaria,para
o sexo masculino, na povoação da
Conceição, do município do Acary.

1856—A resolução n. 337, de 4 de Setem­


bro, desmembrou da matriz de N. S.
da Guia, do Acary, c elevou á igreja
parochial a capella da povoação da
Conceição tio Azevedo, formando
uma freguezia com o titulo de N. 8.
da Conceição, üs limites desta frc-
gnezia serão os mesmos do respecti­
vo districto de paz, pela maneira se­
guinte : principiarão, pelo Indo da
IO

ireguezia do Acary, no rio Acauhã


da Pedra grande, seguindo porelle
acima ate á barra do riacho Joazei-
ro, por este até a sua nascença, c
deste ponto em rumo direito ao Ser­
rote do meio. No rio Seridó começa­
rá a extrema da barra do riacho do
Meio, continuando pelo mesmo rio
acima, de um e outro lado, ao fim do
termo, comprehendendo as aguas do
do rio Cobra, Pelo lado da freguezia
do Principe correrão os limites da
barra do riacho Jardim no rio S.
José, por este abaixo com todas as
suas aguas até aos Batentes no rio
Seridó, e dahi, em linha recta, á bar­
ra do rio Ipoeiras no Cupahá, e por
este acima até ao fim do termo. Por
esta divisão ficará pertencendo áfre-
guezia do Acarv a parte do rio Jar­
dim,que outrora pertencia ado Prin­
cipe.

1858—A lei n. 407, de 1° de Setembro, ele­


vou a povoação da Conceição do
Azevedo á categoria de villa, com a*'
denominação de V illa no Jardim—
com os mesmos limites da freguezia.
276

1860— A l a n . 481, de 13 de Abril, appro-


vou o compromisso da irmandade
S. S. Sacramento desta freguezia.

--------A lei n. 494, de 1 de Maio fixou em


95$822 a despesa da Camara Muni­
cipal, no anno financeiro de 1861.

1861— A lei n. 506, de 7 de Junho, fixou cm


159$ a despesa da Camara Munici­
pal, para o anno financeiro de 1862-

1862— A lei n. 526, de 25 de Abril, fixou cm


170$ a despesa da Camara Munici­
pal, para o anuo financeiro dc 1863.

1864—A lei n. 542, de 2 de Julho, art. 1,de­


terminou que a receita e despesa das
Camaras Municipaes da Provinda,
dentro do corrente anno, fossem re­
guladas pela dc n. 526, de 25 de A ­
b ri 1de 1862.

--------A lei n. 573, de 22 de Dezembro, fi­


xou em 195$ a despesa da Camara
Municipal, no anno financeiro de
1865. A mesma lei, art. 29 determi­
I (

nou que o Presidente da Província ex­


pedisse as convenientes ordens para
fazer-se effectiva a multa decretada
pelo art. 29 da lei provincial n. 234,
de 19 de Setembro de 1851, pela fal­
ta de remessa do respectivo orçn-
men to.

1865— .4 ler v. 591, de 28 de Dezembro, fi­


xou em 195$ a despesa da Cainara
Municipal, no anuo financeiro de
1866.

1866—A lei n. 596, de 21 de Novembro, a-


pprovou posturas da Gamara M u­
nicipal do Jardim.

1867— A ler n. 599, de 11 de Junho, fixou cm


195$ a despesa da Camara Munici­
pal, no anno financeiro de 1867.

2868—.4 lei n. 611, de 26 de Março, fixou


em 185$ a despesa da Camara M u­
nicipal, para o anno financeiro de
1868.

1870- A lei n. 621, de 10 de Novembro, cre-


ou uma cadeira de instrucção prima­
278

ria, para o sexo masculino, na po­


voação cie Parelhas, do termo do
Jardim.

-----------A lei 7 7 . 626, de 12 do mesmo mez,


creou um districto de paz na povoa­
ção de Parelhas com os mesmos li­
mites da respectiva subdelegacia.

----- — A lei n. 628, de 26 do mesmo mez,


fixou em 502$ a despesa da Catrara
Municipal, para o anno financeiro
de 1871.

1871—A lei 77. 643, de 14 de Dezembro, creou


uma cadeira de primeiras lettras,
para o sexo feminino, na villa do J a r­
dim, da comarca do Seridó.

-----------A lei 77. 661, da mesma data, fixou


em 250$ a despesa da Gamara M u­
nicipal, no anno financeiro de 1872.

1873—A lei 77. 664, de 21 de Julho, fixou


em 287$ a despesa da Catnara M u­
nicipal, para o anno financeiro de
1873.
279

------— A lei n. 070, de 4 de Agosto, fixou


em 287$ a despesa da Carnara M u­
nicipal, para o anno financeiro de
1874.

-----------A ]ej n QSl, de 8 do mesmo mez,


desmembrou da comarca do Seridó
o termo do Jardim para, com o
do Acarv, egualmente desmembrado,
constituir a comarca do Jardim.

1874—A lei n.698, de 8 de Agosto, .-moto­


rizou o Presidente da Provinda a
despender, desje já, pela verba—0-
* bras Publicas—a quantia de 1:000$
com a eonstrucção de uma cadeia e
casa da Carnara Municipal na villa
do Jardim, comarca do mesmo nome.

-----------A lei n. 095, de 77 do mesmo mez,


alterou algumas disposições do com­
promisso da irmandade de N. S. da
Conceição da freguezia do Jardim.

-----------.1 lei 77. 703, de 27 do mesmo mez,


elevou á categoria de C idade a villa
do Jardim da comarca deste nome,
conservando a mesma denominação.
280

-----------A lei n. 70S, de 7o de Setembro, fixou


em 547$ a despesa da Camara M u­
nicipal, no anno financeiro de 1875.

1875—A lei n. 739, de 23 Agosto, fixou em


507$ a despesa da Camara Munici­
pal, para o anno financeiro de 1870.

-----------A lei n. 764, de 9 de Setembro, a-


pprovou artig’os de posturas da Ca­
mara Municipal da cidade.

1870—A lei 795, de 16 de Dezembro, fixou


em 547$ a despesa da Camara M u ­
nicipal, para o anno financeiro de
1877. A mesma lei, art. 38, consi­
derou cemiterio publico o da eidadi»
e auctorizou a respectiva Camara
Municipal a dar-lhe regulamento.

1877 A lei n. 825, de 20 de Dezembro, al


terou os antigos limites entre as fre-
guezias do Acanre do Jardim da bar­
ra do riacho Joazeiro a do riacho
do Jardim, ficando, de então em de-
ante, servindo de linha divisória a
barra do dito riacho Joazeiro, em'li
nha recta, ao riacho Logradouro ou
281

Tirnbauba comprehendendo-se na fre-


guezia do Jardim as fazendas deTho-
maz Freire de Araújo e visinhos.

1879—A lei n.829, de 7 de Fevereiro, (orça­


mento, art. 16) concedeu por cinco
annos á Camara Municipal o di­
zimo de miunças e aboliu o de la­
vouras durante o mesmo tempo.

-----------.4 lei n. 836, de 15 do mesmo mez,


fixou em 1:053$ a despesa da C a­
mara Municipal, no anno financeiro
de l 9 de Outubro de 1878 a 30 de
Setembro de 1879.

1882—A lei n. 813, de 23 de funho, instau­


rou a cadeira de instrucção prima­
ria, do sexo masculino, da povoação
de Parelhas, suppriinida pela de n
809, de 19 de Novembro de 1877, e
ereou uma outra na povoação de
Perequito.

---------- A lei 11. 857, de 19 de Julho, fixou


em 946$ a despesa da Camara M u ­
nicipal, para o anno financeiro de 1°
de Outubro de 1882 a 30 de Set-em-
282

bro de 1883. A mesma lei, art. 48,


auctorizou a Camara Municipal, a
cobrar o dizimo de miunças do res­
pectivo município.

1883—A lei n. 872, de 12 de Março, extin­


guiu o districto de paz da povoação
de Parelhas, do município do Jar­
dim, sujeitando seu território á ju-
risdicção do districto da sede da ci­
dade.

--------- —A lei n. 873, da mesma data, appro-


vou posturas addicionaes ás do co-
digo da Camara Municipal.

-----------A lei a. 888, de 2õ de Abril, fixou


1:316$ a despesa da Camara Muni­
cipal, para o anuo financeiro de l c
de Outubro de 1883 a 30 dc Setem­
bro de 1884.
A mesma lei, art. 32 §° I o, aucto-
rizou-a a despender até 500$ com o
forro dos salões do edifício dc suas
sessões.

1884—A lei, n. 894, de 22 de Fevereiro, a-


283

pprovou posturas addicionaes ao co-


digo respectivo.

---------A lei, n 916, de 12 de Março, fi'xou


em 1:256$ adespesa daCam ara M u­
nicipal, no anno financeiro de l 9 de
Outubro de 1884 a 30 de Setembro
de 1885. A mesma lei, art, 39, au-
ctorizou a Gamara Municipal a co­
brar o dizimo de miunças vivas da
respectiva freguezia jecreou, art. 40,
um logar de fiscal na po.voaç/lo de
Perequito.

1885--.1 lei, n. 950, de 31 de Março, fixou


em 1:266$a despesa daCam ara M u­
nicipal, para oanno financeiro de 1'
de Outubro de 1885 a 30 de Setembro
de 1886. A mesma lei, art. 47, au*
ctorizou a a arrecadar para sua recei­
ta, por espaço de dois annos, o dizi­
mo de miunças vivas do respectivo
município.

---------- A lei n. 951, de 16 de Abril, appro-


vou o compromisso da irmandade
de N. S. do Rosário da cidade do
Ja rdim.
284

1886— ,4 lei n. 982, de 12 de Junho, fixou em


1:206$ a despesa da Camara Muni­
cipal, para o anno financeiro de I o
de Outubro de 1886 a 80 de Setem­
bro de 1887.

1887— A lei n. 1.000, de 11 de Abril, fixou


em 1:156$ á despesa da Camara M u ­
nicipal, para o anno financeiro de
1888 e trimestre de Outubro a De­
zembro de 1887 art. 31.

1890—0 deer. n. 19, de 12 de Abril, (g o ­


verno provisorio) orçou a receita da
Intendência Municipal, no exercício
de 1890,em 934$000, e a despesa em
720$000.

AGARY
(Yilln do Acnrv ntí 15 de Acosto cie 1898.)

1835—A lei n. 15, de 13 de Março, desmem­


brou da matriz de SanCAnna da
villa do Príncipe e elevou á catego­
ria de igreja parochial a filial capella
de N. S. da Guia da villa do Aca.iv,
285

dando-lhe por limites os mesmos mar­


cados para o município.

-A lei n. 16, de 18 do mesmo mez, a*


pprovou a crcação da villa do Aca-
ry, feita pelo Presidente em conselho
a 11 de Abril de 1833.
A mesma lei traçou os seguintes
limites : pelo poente no no de S.José
no logar onde taz barra o riacho
Jardim, subindo pela margem orien­
tal deste, até ás suas nascenças, na
serra da Formiga; continuando para
o norte, até á serra do Patrimônio,
comprehendendo Bom Jesus,Olho d'a-
gua, Passagem, Quixodé,Rossaruhú,
Serra do Pereqwto, de Sant’Anna e
todas as mais que sempre pertence­
ram á villa do Principe ; dalli para o
nascente, ate a serra do Mulungu,
no logar onde as aguas tazem equili-
brio para o Trailin' e Seridó, com
prehendendo S. Antonio, Grossos e o
rio Mulungu com seus aftluentes, por
um e outro lado ; dalli para o sid,
comprehendendo Boa- vista, Pê da
Serra, Bico da arara, Erm o, até ao
Riacho fundo, Cobra, Boqueirão, até
á fazenda Tanques, na serra da Bor-
burema ,'daqui descendo pelo rio Se-
rido com seus affluentes,por um e ou­
tro lado, até á barra do Riacho do
Meio ; e desta em rumo atravessan­
do o rio Acauhã no ponto da Pedra
grande, até tocar sobre dita barra
do Jardim, donde principiou a divi­
são.

A resolução n. 22, de 27 do mesmo


mez, determinou que os eleitores do
Acary se reunissem na villa da Prin-
ccza, comarca do Assrí, que ficaria
sendo, a contar do I o de Maio futu­
ro, cabeça do districto.

-A resolução n. 2&, fie 2S do mesmo


mez,marcou a esta villa e a outras no­
vamente continuadas o prasoimpro-
rogavel de quatro anuos, a contar de
sua confirmação, dentro rio qual de­
verão apresentar patrimônio, casa
de camara e cadeia, supprimindo-as
e encorporando-as as de que foram
desmembradas, caso não preencham
esta condição.
2X7

1836— A resolução n. 5, de 7 de Outubro,


• concedeu que fizesse parte do rendi­
mento da Caniara Municipal, a con­
tar do I o de Julho de 1837, em de-
ante, o producto do dizimo de miun-
ças vivas e mortas do respectivo
municipio, sendo por ella arrecadado
como melhor convier.

-----------A resolução n. 13, de 18 do mesmo


mez, approvou o compromisso da ir.
mandade de N. Senhora da Guia do
Aearv.

1837— A resolução n. 1, de 2G de Setembro,


creou um districto de jurados na
villa.

----- ----- A resolução u. 8, de 23 de Outubro,


approvou o compromisso da irman­
dade do S. S. Sacramento da fre-
guezia.

— ------A resolução n. 11, de 24 do mesmo


me'/., approvou o compromisso da
irmandade de S. Gonçalo Garcia da
lreguezia.
288

-----------A lei n. 19, de 8 de Novembro, (or­


çamento, art. 9), revogou a resolu­
ção n. 5, de 7 de Outubro de 1836,
sobre dizimo de miunças.
A mesma lei consignou, a titulo de
soccorro á Camara Municipal, a
quantia de 160$, que deveria ser
paga pelo respectivo collector.

1838— A resolução n. 11, de 30 de Outubro,


creou na villa do Acary um collegio
eleitoral, para a reunião dos eleito­
res da respeeb'-a fr^o-uezia,

-----------A resolução, n. 17, de 7 de Novem­


bro, consignou a verba dc 160$
para supprimento do deficit da Ca­
mara Municipal.

1839— A lei n. 36, de 9 de Novembro, fixou


em 218$ a despesa da Camara M u ­
nicipal, no anno tinanc iro de I o de
Julho de 1840 a 30 de Junho de
1841 ; e detc rminou que continuasse
a cobrar as rendas de que está de
posse, ainda que não contempladas
no art. 16 da ires ma lei
289

-----------A lei n. 38, cie 11 do mesmo mez,


(orçamento, cap. X, §9 40) -consignou
a quantia de 182$ para supprimento
do déficit da Camará Municipal.

1840— A lei n. 56, de 2 de Novembro, fixou


a despesa da Camara Municipal, no
nnno financeiro de 1841 a 1842, em
195$, determinando que, por seus
vereadores, entrasse para os cofres
munieipaes com a quantia de 9$600
que demais pagara ao respectivo
procurador.

1841— A resolução, n. 68. de29de Outubro,


approvou o compromisso da irman­
dade de N. S. da Conceição, da ca-
pella da Conceição, da freguczia do
Aeary.

-----------Alei, n. 72, dè 10 de Novembro, fi­


xou em 201$280 a despesa da Ca­
mara Municipal, no atino financeiro
de 1842 a 1848.

-----------A lei n. 76, cie 11 do mesmo mez,


(orçamento, cap. IX, §° 40) consi­
gnou a quantia de 160$ para su-
290

pprir o deficit da Camara Muni­


cipal.

1842— A lei n. 88, de 29 de Outubro, tixou


em 122$ a despesa da Camara M u ­
nicipal, no anno financeiro de 1842
a 1844.

1843— A lei n. 104, de 3 de Novembro, fixou


cm 126$ a despesa da Camara M u­
nicipal, no anno financeiro de 1844
a 1845.

1844— A lei, n. 115, de 4 de Novembro, fixou


em 118$ a despesa da Camara M u­
nicipal, no anno financeiro de 1845
a 1846.

1845— A lei n. 129, de 23 de Outubro, fixou


cm 128$ a despesa da Camara M u­
nicipal, no* anno financeiro de 1846
a 1847.

1846— A lei n. 154, de 31 de Outubro, fixou


era 144$ a despesa da Camara M u ­
nicipal, no ann financeiro da 1847 a
1848.
291

1847— .4 lei, n. 17.7, de 6 de Novembro, fi­


xou em 136$ a despesa da Camara
Municipal, no anno financeiro de
1848 a 1849.

resolução n. 174, de 9 de Novem­


---------------- _4
bro, approvou quatro capitulos de
reforma do compromisso da irman­
dade de N S. fia Guia, orago da fre­
guesia.

1848— .4 lei 77. 187, de 2 de Novembro, fixou


em 68$ a despesa da Camara Mu­
nicipal, no semestre de Julho a De­
zembro de 1849, determinando, art.
19, que o anno financeiro se coutasse
de Janeiro a Dezembro.

1849— A lei, 77. 198, de 16 de Junho, appro­


vou posturas addiccionaes ao codi-
go respectivo.

-----------.1 lei, 7 7 . 203, de 30 de Junho, fixou


em 134$ a despesa da Camara M u­
nicipal, no anno financeiro de 1850.

1850— A resolução n. 210, de 27 de Maio,


approvou também posturas addi-
cionaes.
-A lei n. 222, de 2 de Ju lh o, fixou etn
134$ a despesa d a C a m a r a M u n i c i ­
pal, no a n n o financeiro de 1851.

1851- A lei n. 231, de 12 de S etem bro, a -


p p ro v o u a in d a a r t ig o s de p o s t u r a s
addicionaes.

-A lei n. 234, de 19 do m esm o mez,


fixou cm 136$ a despesa d a C a m a r a
M unicipal, p a r a o a n n o financeiro
d e 1852.

1852 A resolução n. 250, de 23 de M a r ­


ço, in staurou o districto de paz d a
Conceição.

-A resolução, n. 233, d e 2 7 d o m esm o


mez, art. 16, croon u m a cadeira de
latim na villa d o A c a rv .

-A lei n. 263, de 6 de A bril, fixou cm


138$ a despesa d a C a m a r a M u n ic i ­
pal, p a r a o a n n o financeiro de 1853.

1853 A lei n. 2S1, de 19 de Abril, fixou cm


163$312 a despesa d a C a m a r a M u -
293

nieipal, para o anno financeiro de


1854. •

---------- A resolução n. 285, de 20 do mesmo


mez, instaurou a cadeira de primeiras
lettras da Conceição.

1854— A lei n. 303, de 6 de Setembro, fixou


em 142$ a despesa da Carnara M u­
nicipal, para o anno financeiro de
1855.

1855— A resolução n. 325, de 1 de Setembro,


fixou em 174$ a despesa da Carnara
Municipal, para o anno financeiro
de 1856.

1856— .4 resolução n. 337, de 4 de Setem­


bro, art. 3, mandou que ficasse per­
tencendo a esta freguezia a parte do
rio Jardim, que outrora pertencia a
do Principe.

—--------A ler, n. 349, de 20 do mesmo mez,


fixou em 174$ a despesa da Carnara
Municipal, para o anno financeiro
de 1857.
294

1857— A lei n. 363, de 25 de Abril, fixou em


• 164$ a despesa da Gamara Munici­
pal, para o armo financeiro de 1858.

1858— Á resolução n. 365, de 19 de Julho,


elevou á categoria de Comarca os
municípios das villas do Principe e
Acary, com a denominação de Co­
marca do Seridó.

-----------A resolução n. 368, de 30 de Julho,


desmembrou da Ireguezia do Acan' e
encorporou á de SanCAnna do M a ­
ttos os logares denominados serra
da Macambira e Cobeço de Manoel
Francisco

--------- A lei n. 410, de 4 de Setembro, re­


vogou o art. 16 da resolução n.
253, de 27 de Março de 1852, que
creára uma cadeira de latim no Aca­
ry.

— ------A lei n. 422, de 11 de Setembro, fi­


xou em 108$ a despesa da Camara
Municipal, para o anno financeiro
de 18£9.
295

1859— A lei n. 462, de 17 de Maio, fixou em


418$ a despesa da Camara Munici­
pal, para o anno financeiro de 1860.

1860— A lei n. 469, de 28 de Março, anne-


xou ao termo efreguezia do Acary o
terreno comprehendido nos sitios
Canassú, Garganta e Serra do Ca­
jueiro, desmembrado do termo c lre-
guezia de Sant’Anna do Mattos.

— -------- A lei n. 472, 2 de Abril, restaurou


a cadeira de grammatica latina no
Acary.

-----------A lei n. 494, de 1 de Maio, fixou cm


194$ a despesa da Camara Munici­
pal, no anno financeiro de 1861.

1861— A lei n. 506, de 7 de Junho, fixon em


307$ a despesa da Camara Muni­
cipal, no anno financeiro de 1862.

1862— A lei n. 526, de 25 Abril, fixou em


311$ a despesa da Camara Munici­
pal, para o anno financeiro de 1863.

1864— A le i n. 5 4 2 , d e 2 d e Ju lh o art. 1.
29G

determinou que a receita e despesa


das camaras municipaes da Provin­
da, dentro do corrente armo, fossem
reguladas pela de n. 520, de 25 de
Abril de 1862.

-----------A lei n. 513, de 22 de Dezembro, fi­


xou em 245# a despesa da Camara
Municipal, no anno financeiro de
1865. A mesma lei, art, 29, determi­
nou que o Presidente da Provinda ex­
pedisse as convenientes ordens para
fazer-se effectiva a multa decretada
pelo art, 29 da lei provincial n. 234,
de 19 de Setembro de 1851, pela fal­
ta de remessa do respectivo orça­
mento,

1865—A lei li. 583, de 24 de Novembro,


supprimiu a cadeira de latim da
villa.

------- *— A lei n. 591, de 28 de Dezembro, fi­


xou em 245$, a despesa da Camara
Municipal, no anno financeiro de
„ 1866.

1867—A le i n. 5 9 9 , d e 11 d e J u n h o , fixou
297

em 305$ a despesa da Camara M u ­


nicipal, no anno financeiro de 18G7.

1808—A lei n. (il l , de 26 de Março, lixou


em 235$ a despesa da Camara Muni­
cipal. para o anno financeiro d e l 808,

1870— A lei n. 628, de 2d de Novembro, fi­


xou em 237$ a despesa da Camara
Municipal, para o anno financeiro de
1871.

1871—A lei n. (idO, de 14 de Dezembro,


approvou artigos de posturas da
Camara Municipal.

-----------A kd 77. 651, da mesma data, fixou


cm 225$ a despesa da Camara M u ­
nicipal, no anno financeiro de 1872.

1873—A lei n. 664, de 21 de Julho, fixou em


267$ a despesa da Camara Munici­
pal, no anno financeiro de 1873. A
mesma lei, art. 30, auctorizou a des­
pesa de 200$ com a casa de Cari­
dade.

------------.4 le i n. 6 7 0 , d e 4 fie A g o s t o , fixou


298

em 2G7$ a despesa da Catnara Mu­


nicipal, para o anno financeiro de
1874. A mesma lei, art 33, auctori-
zou a Caraara Municipal a despen­
der 200$000 com a casa de Caridade.

---------- A lei n. GSl, de 8 de Agosto, des­


membrou da comarca do Seridó o
termo do Acary para constituir com
o do Jardim a comarca deste nome.

1874—A lei n. 708, de I o de Setembro, fixou


em 422$ a despesa da Camara M u ­
nicipal, para o anno financeiro, de
1875.

1875 A lei n. 734, de 13 de Agosto, esta­


beleceu entre Acary e SanCAnna do
Mattos os seguintes limites : da fa­
zenda Canassú segue a linha divisó­
ria para o nascente até á serra do
Cajueiro, ficando esta pertencendo
á freguezia de SanCAnna do M a ­
ttos ; continua a mesma linha a sa­
hir nos Apertados, ficando este e o
Paulo José para o Acary ; dos Aper­
tados, segue a linha até á serra do
capitão Manoel Bezerra, ficando per-
299

tcncendo n Sant’Anna do Mattos ns


serras da Cu rica ca, Tanques-pretos.
Cnrcundo, Macambira e os que fica­
rem ao norte da linha, e nos lo ga ­
res não mencionados servirá de h*
mites a divisão das aguas.

1875—A lei n. 739, de 19 de Agosto, fixou


em 487$ a despesa da Gamara M u­
nicipal, para o anno financeiro de
1870.

1876 —A lein. 795, de 16 de Dezembro, fixou


em 482$ a despesa da Gamara Mu­
nicipal no anno financeiro de 1877.

1877—.4 lei n. 825, de 20 de Dezembro, al­


terou os antigos limites entre as
freguezias do Acary e do Jardim da
barra do riacho Joazeiro ado riacho
do Jardim, ficando, de então em de-
ante, servindo de linha divisória a
barra do dito riacho Joazeiro, em
linha recta ao riacho Logradouro
ou Timbaúba, comprehendendo-se na
freguezia do Jardim as fazendas de
Thomnz Freire de Araújo evisinhos.
300

1 8 7 9 --i4 lei n. 829.


de 7 de Fevereiro,
(orçamento, art. 1 6 ), concedeu por
cinco nnnos á Camara Municipal
o dizimo de miunçaa e aboliu o de
lavouras, durante o mesmo tempo.

---------.4 lei n. 836, de 15 do mesmo mez,


fixou em 322$ a despesa da Camara
Municipal, para o anuo financeiro
de I o de Outubro de 1878 a 30 de
Setembro de 1879.

1882—A /ei n .844, de 26 de Junho, cre-


ou a comarca do Acary, tendo por
sede a villa do mesmo nome e por
limites os do respectivo termo.

-----------A lei n. 853, de 15 de Julho, (orça­


mento, art. 10), concedeu á Camara
Municipal o dizimo de miunças do
respectivo município.

-----------4 ]ej n 857, de 19 do mesmo mez,


fixou em 850$ a despesa da Cama­
ra Municipal, no exercido finan­
ceiro, de l 9 de Outubro de 1882 a 30
de Setembro de 1883.
301

A mesma lei, art. 48, auctorizou-a


a cobrar o dizimo de miunçns.

1883-----------A lei a. 888, de 25 Abril, fixou


em4õ0$a despesa da Gamara Muni­
cipal, para o anno financeiro de I o de
Outubro de 1883 n 30 de Setembro
de 1884.

1884—A lei n. 893, de 20 de Fevereiro, ele­


vou á categoria de fre^uezia a po­
voação de Curraes Novos, do muni-
eipio do Àcary,eom prehendendo todo
odistricto de paz ])ertencente á ca-
pella de Curraes Novos, em direcção
ao nascente, atéá fazenda Bôa-vista,
dahi ao Poço da Serra, em rumo
certo ao norte, até ao logar deno­
minado Pedra dagua ; ao poente,
em rumo á serra denominada Dorna,
dahi para o norte todo o pontal da
serra agricola P-auhy, servindo as
aguas de divisa, seguindo, ao nas­
cente, pela serra denominada de
SanCAnna, até aositio Patrimônio;
dahi, obliquamente ao sul, até ao
logar denominado Pedra dagua ; co­
meçará também na freguezia de
302

Santa Cruz no logar denominado


Pedra dagun, em direcção á serra
de S. João, comprehendendo egual-
mente os sitios Porteiras, Desenga­
no e Porta dagua, inclusive todos
os mais logares, ao poente, perten­
centes áquella freguezia, como serra
Rajada e outros ; assim como todos
os sitios c terrenos que estiverem
comprehendidos na serra ngrieola
denominada SanCAnna, da fregue-
zia de SanCAnna do Mattos, que
antigamente já pertenceram á tre-
guezia do Acary, até ao logar deno­
minado Cachoeira do Guedes.
---- ------ A lei n. 905, de 12 de Março, appro-
vou o codigo de posturas da Cama­
ra Municipal.
---------- \ jej n 009, da mesma data, man­
dou que ficassem pertencendo ao dis-
tricto de Flores, do termo do Acary,
todas as aguas do Sacco da Luiza
e os sitios Ouinquê, Pé de Serra e
Ouimporó debaixo, exclusive Exú.
Ipoeira de Mattos, Vacca brava, e
dahi, em linha recta, ao Ouimporó
de baixo.
303

— A lei n. 916, de 12 de Março, lixou


em 530$ a despesa da Camara M u ­
nicipal, para o anuo financeiro de
l c de Outubro de 1884 a 30 de Se­
tembro de 1885. A mesma lei, art.
35, §9 6° auetorizou os reparos ne­
cessários na ca sa das sessões e cadeia
publica, e a cobrar, art. 19, o dizimo
de miunças vivas da respectiva fre-
guezia.

1885— .1 lei n. 950, de 31 de Março, lixou


em 580$ a despesa da Camara M u­
nicipal, para o anno financeiro de
1° de Outubro de 1885 a 30 de Se­
tembro de 1S8G. A mesma lei, art.
47, auctorizou a a arrecadar para
sua receita, por espaço de dois annos,
o dizimo de miunças vivas do res­
pectivo municipio.

1886— A lei n. 9S2, de 12 de Junho, fixou


em 460$ a despesa da Camara M u ­
nicipal. para o anno financeiro de
1<?de .Outubro de 1886 a 30 de Se­
tembro de 1887, e auetorizou, art.
35, 7o, a despesa, até 500$, com o
serviço da escavação da lagoa Nova,
304

na serra de Santa Anna de seu mu­


nicípio. para abastecimento d agua
ás famílias dos agricultores que tra­
balham em dita serra, ficando a
mesma lagoa considerada fonte pu­
blica para o fim acima indicado.

,1887—A lei n. 1.000, cie 11 cie Abril, fixou


em 545$ a despesa daCamara Muni­
cipal, para o anno financeiro de
1888 e trimestre de Outubro a De­
zembro de 1887, art. 31.

1888—.4 lei ii. 1.008, fie 12 de Dezembro,


approvou artigos addicionaes ao
codigo de posturas da Gamara M u ­
nicipal.
1890—Ocleer.n. 17, de 7 de Abril, (gover­
no provisorio) orçou a receita, em
568$700, e fixou a despesa em
555$TOO, da Intendência Municipal,
para o exercido de 1890.
-----— O clecr. n. 59, de 15 de Outubro, des­
membrou do municipjo do Aeary o
distrieto de subdelegacia da p o­
voação de Curraés Novos que elevou
á categoria de villa e município,
305

-------- O decr. n. 62, de 20 de Outubro,


desmembrou do município do Acary
o districto policial de Flores que
elevou á categoria de villa e muni-
cipro.

CURRAES NOVOS
( Povoação de Curraes Novos até 15 de Outubro de 1890)

1839—A lei n. 26, de 14 de Outubro, creou


uma cadeira de primeiras lettrasna
povoação de Curraes Novos, do mu­
nicípio do Acary.

1854— A resolução n. 301, de 6 de Setem­


bro, creou um districto de paz na
povoação de Curraes Novos, dando-
lhe por limites os mesmos da subde-
legacia de policia.

1855— A resolução n. 308, de 2 de Agosto,


instaurou a cadeira de primeiras le-
ttras, do sexo masculino, desta po­
voação.

1877—A lei n. 809, de 19 de Novembro, su-


pprimiu a cadeira de ensino prima-
rio da povoação de Curraes Novos.
30G

1882—A lei n. 843, de 23 de Junho, instau­


rou a cadeira de instrucção prima­
ria, do sexo masculino, desta po­
voação.

1884—A lei n. 893, de 20 de Fevereiro, ele­


vou á categoria de treguezia a po­
voação deCurraesNovos, do municí­
pio do Acan-, comprehendendo todo
o districto de paz pertencente á ca-
pella de Curraes Novos, em direcção
ao nascente, até á fazenda fíoa-vis
ta,dahi ao Poço da Serra, em rumo
certo ao norte até ao logar denomi­
nado Pedra dagua, ao poente, em
rumo á serra da Dorna, dahi, para
o norte, todo o pontal da serra a -
grieola Piauhy, servindo as aguas
de divisa, seguindo, ao nascente,
pela serra denominada de Santanna,
até ao sitio Patrimônio ; dahi, o ­
bliquamente ao sul, até ao logar de­
nominado Pedra dagua ; começará
também na freguezia de Santa Cruz
no logar denominado Pedra dagua,
em direcção á serra de S. João, com­
prehendendo egualmente os sitios
Porteiras, Desengano e Porta dagua.
307

inclusive todos os inajs logares, ao


poente, pertencentes áquella fregue­
zia. como serra Rajada e outros ;
assim como todos os sitios e terre­
nos que estiverem comprehendidos
na serra agricola denominada San-
tanna, da freguezia de Santanna do
Alattos, eine antigamente já perten­
ceram á freguezia do Acary, até ao
logardenominado Cachoeira do Gue­
des.

-A lei n. 920, cie 13 de Março, creou


uma cadeira de ensino primário, do
sexo feminino, na po\ oação de Cur*
raes Novos.

4-890—0 decr.n. 39, de 13 de Outubro, (go­


verno provisorio) creou um novo
munieipio, desmembrado do de A
cary, tendo por sede a povoação de
Curraes Novos, que foi elevada á
categoria de v i l l a e deu o nome ao
munieipio. O município creado por
este decreto teve por limites os
mesmos do respectivo districto de
subdelegacia.
308

FLORES
(Povoação de Flôres até 20 de Outubro de 1890}

1870—.4 lei n. 61õ, de 3 de Junho, ereou


uma cadeira de instrucção prima­
ria, para o sexo masculino, na po­
voação de Flôres, da freguezia do
Acary.

1873—A lei n. 684, de 11 de Agosto, ereou


o districto de paz de Flôres, da fre.
guezia do Acary.

1877—A lei n, 809, de 19 de Novembro, su-


pprimiu a cadeira de ensino prima-
rio da povoação de Flôres.

1882—A lei n. 843, de 23 de Junho, instau­


rou a cadeira de instrucção prima­
ria, do sexo masculino, desta po­
voação,

1884—A lei n. 909, de 12 de Março, man­


dou que ficassem pertencendo ao
districto de Flôres, do termo do A-
cary, todas as aguas do Sacco da
Luiza e os sitios Quinquê, Pé de
Serra e Quimporó de baixo, exclu-
809

si ve Uxú, ípoéxra de Mattos, Yncca


brava, e dahi, em linha recta, ao
Quimporó de baixo.

188G--/4 lei n. 981, de 11 de Junho, creou


uma cadeira de ensino primário, do
sexo feminino, na povoação de Flo­
res.

1890—0 deer. n. 62, de 20 de Outubro, (g o ­


verno provisorio) creou um novo
município, desmembrado do de A-
cary, tendo por sede a povoação de
Flores, que foi elevada á categoria
de viLLA e deu o nome ao município.
O municipio creúdo por este decreto
teve por limites os mesmos do res­
pectivo districto policial.

SERRA NEGRA
(Povoação ciri Serra Negra até d de Agosto de 1H74)

1835—A lei n. 11, de 9 de Março, creou uma


cadeira de primeiras lettras para o
sexo masculino na Serra Negra.
t .

1S40—A resolução n. 42, de 9 de Outubro,


removeu a cadeira de primeiras le-
310

ttras da povoação da Serra Negra


para o logar, Conceição, do mesmo
mu nicipio.

1855—A resolução n. 317, cie 8 de Agosto,


ereou uma cadeira de primeiras le-
ttras, para o sexo masculino, na po­
voação de S. João.

1858—d lei n. 406, de 1 de Setembro, elevou


á categoria de freguezia, desmem­
brando-a da do Seridó, com a deno­
minação de N. S. do Ô da Serra Ne­
gra, a capella deste nome, dando
por limites á nova treguezia, pelo
nascente, o rio Sabogi, desde a barra
do riacho Ouixeré ; e dahi para cima
até ao fim da freguezia do Seridó
com todas as suas aguas ; ao norte,
até á barra do rio Piranhas com
suas aguas, inclusive as fazendas
Saude e Volta, situadas no riacho
da Cachoeira ; ao poente c sul, a
contestar com as fazendas do Pom­
bal e Santa Luzia, da provinda da
Parahvba.

1868—^4 lei n. 606, de 11 de Março, ereou


an

um districto de paz na povoação de


S. João do Princips com os limi­
tes dados /? subdelegacia de policia.

1872—*4 ler n. 653, de 31 de Outubro, ereou


uma cadeira de instrucção primaria
na povoação da Serra Negra.

1874— A lei n. 633, de 3 de Agosto, elevou


á categoria de villa a povoação da
Serra Negra, da comarca do Seridó,
com a denominação de villa da
SERRA NEGRA.

. — — .1 lei n. 701, de 21 de Agosto, appro-


vou o compromisso da irmandade
do S. S. Sacramento da treguczia de
N. S. do () da Serra Negra.

1875— A lei n. 736, de 13 de Agosto, appro-


vou o compromisso da irmandade
de N. S. do O da villa da Serra Ne­
gra.

A lei 77. 730, de 23 do mesmo mez,


lixou em 323$ a despesa da Gamara
Municipal, para o anno financeiro
de 1870.
4870—A lei n. 795, de 16 de Dezembro, fi­
xou em 008$ a despesa da Camara
Municipal, para o anuo financeiro
de 1877.

1879—A lei n. 829, de 7 de Fevereiro, (or­


çamento,art. 10,) concedeu poreineo
annos á Camara Municipal da Serra
Negra o dizimo de miunças do mu­
nicípio e aboliu o de lavouras du­
rante o mesmo tempo.

---------- A lei n. 836, de 15 do mesmo mez,


fixou em 838$ a despesa da Camara
Municipal, para o anno financeiro
de 1° de Outubro de 1878 de 30 de*
Setembro a 1879.

1882—A lei n. 843, de 23 de Junho, instau­


rou a cadeira de instrucção prima­
ria, do sexo masculino, da povoação
de S. João do Príncipe, supprimida
pela lei n. 809, de 19 de Novembro
de 1877.

-----------A lei n. 847, de 7 de [alho, mandou


que a linha divisória entre as fregue-
zias do Principe e Serra Negra tosse
813

o l io Quixeré, pertencendo o norte


do mesmo á freguezia do Príncipe e
o sul á da Serra Negra, ficando o ri­
acho Logradouro, até. ás casas
de José Leandro dos Santos e de
Joaquim Januario de Araújo e da
fazenda Saudade, em linha recta á
barra do Espinharas, pertencendo á
freguezia da Serra Negra.

-----------.4 lei n. 853, de 15 do mesmo mez,


( orçamento, art. 10,) concedeu á Ga­
mara Municipal o dizimo dc miuiv
ças do respectivo munieipio.

— -----.4 lei n. 857, de 10 do mesmo mez, fi­


xou em 380$ a despesa da Gamara
Municipal, para o anuo financeiro de
1; de Outubro de 1882 a 30de Setem­
bro de 1883 A mesma lei, art. 48,
auctorizou a Gamara Municipal da
S c r a Negra a c o o r a r o dizimo de
miunças do munieipio.

1883—.4 lei n. 883, de 5 de Abril, approvou


artigos addicionaes ás posturas da
Gamara Municipal.
3 14

---------- A lei 7 7 . 33S, fie 25 do mesmo mez,


fixou cm 390$ o despesa da Camara
Municipal, no anno financeiro de 1°
de Outubro de 1883 a 30 de Setem­
bro de 18S4. A mesma lei, art. 32,
§'•’ 6° auctorizou-a a despender ate á
quantia de 300$ com a casa de mer­
cado publico da villa.

1884— A lei 77. .976’, de 12 de Ahirço, fixou


cm 440$ a despesa da Camara Mu­
nicipal, no anno financeiro de I o de
Outubro de 1884 a 30 de Setembro
de 1885. A mesma lei, art. 35, 3°,
auetorizou a despesa de 300$ com a
conclusão da casa de mercado pu­
blico da villa.

1885— A lei 7 7 . 935, de 21 de M&rço,creou


uma cadeira de instrucção prima­
ria, para o sexo feminino, na po­
voação de S. João do Principe.

-----------A lei ri.950.de 31 do mesmo mez, fixou


cm 4968 a despesa da Camara Mu­
nicipal, no anno financeiro de 1" de
Outubro de 1885 a 30 de Setembro
de 1886. A mesma lei, art. 47, aueto-
:sir>

rizou-a a arrecadar para sua receita,


por espaço de dois annos, o dizimo
de íniunças vivas do respectivo mu­
nicípio.

188G-VÍ lei n. 979, cie 7 de Junho, creou


uma freguezia, desmembrada da da
Serra Negra, com a denominação de
fr:guezia de S. João do Príncipe, ten­
do por sede a povoação do mesmo
nome e por limites os do districto
de paz da mesma povoação.

---------- .4 lei n. 9S2, de 12 do mesmo mez,


fixou cm 370$ a despesa da Camara
Municipal, para o anno financeiro
d e i 9 de Outubro Ge 1880 a 30 de
Setembro de 18,37.

1887—.4 lei n. 995, de 2 Abril, dispoz : art.


1.—A linha divisória entre as 1regue -
zias fia cidade do Principc e villa da
Serra Negra tica sendo a mesma tra­
çada na lei n. 847, de 7 de Julho de
1882, e no riacho Logradouro co­
meçará neste do sitio do mesmo
nome e onde mora José Donato do
Espirito Santo, em linha recta á fa-
.•no

zenda Saudade e a barra do rio Pi-


nharas : continuando a pertencer a
casa do mesmo Jose Donato á fre-
guezia da Serra Negra, e o território
ao nascente da citada linha divisó­
ria á f reguezia do Principe.

---------.4 lei n. 1.000, de 11 do mesmo mez,


fixou em 415$ a despesa da Camara
Municipal, para o anno financeiro
de 1S8S e trimestre de Outubro a
Dezembro de 1887, art. 81.

1888—A lex n. 1.00(1, de 30 de N ovem bro,


revogou a de n. 979, de 7 de Junho
de 1886, que creou a íreguezia de S.
João do Principe, desmembrada da
de N. S. do O da Serra Negra.

1890—0 deer. n. 14, de IS de Fevereiro,


(governo provisorio) elevou a cinco
o numero de Intendentes da -filia da
Serra Negra, anteriormente fixado
em ties pelo decreto n. 9, de 18 de
Janeiro ultimo, que dissolveu as C a ­
maras Municipaes do Estado.

O fleer, n. 34, fie T de Julho, mudou


317

o nome do districto de S. João do


Príncipe para o de S. João do Sa­
bugy.

1891.—O decr. n. 92, de 3 de Fevereiro, res­


taurou a cadeira de l"cntrancia. do
sexo masculino, da povoação de S.
João do Sabugy.

--------- 0 decr. 106, de 5 de Maio, suppri-


miu a cadeira do sexo feminino da
povoação de S. João do Sabugy.
o
«> 18

NOTA

Estevam Velho de Moura, José Pei­


xoto Veigas, cavalheiro da ordem de Chris­
to, Antonio de Albuquerque Camara, co­
ronel. e o sargentomór Manuel da Silva
Vieira,, além de trinta e dois outros com­
panheiros, foram os primeiros que trata­
ram pazes com os índios situados no ri­
acho Paraibú, nas cabeceiras do Piató,
ribeira do Assú, até o rio Jaguaribe e Cho­
ro, com despendio de fortuna e risco de vida,
no anuo de 1681. O capitão-mór, gover­
nador do Rio Grande do Norte, Antonio
da Silva Barbosa coneedeudhes, a reque­
rimento, uma data de sesmaria, em 22
de Novembro do dito anuo, com aquelles
limites, a qual foi confirmada em 12 de
Fevereiro do anuo seguinte pelo gover­
nador geral do Brazil, Roque da Costa
B iretto.
(Liv. 2' das Cartas e I iovitííes do Senado ria Ca—
inarn do Natal.
Acias das ssssões do Instituto

ACTA da 68 sessão ordinária do


Instituto Ilistorico e Geographico do
Rio Grande do Norte.

Presidência do Exin. Sr. Dr. Olynipio Vital.

Aos seis dias do mez de Agosto de mil


novecentos e cinco, nesta cidade de Natal,
capital do Estado do Rio Grande do Norte,
pelas doze horas da manhã, na sede so­
cial, reuniu-se o Instituto Historico e Geo-
graphico, sob a presidência do Exm. Sr.
Dr. OKmipio Vital, servindo de I o Secreta­
rio, o soeio Pedro Soares e de 2o o soeio
Thomaz Landim, na falta dos respectivos
serventuários. Feita a. chamada, compare­
ceram os socios Olympio Vital, Vicente de
320

Lemos. Pedro Soares, Thomaz Landim, He-


liodoro Barros, Carvalho e Souza e Pinto
de Abreu, e, havendo numero legal, abriu-se
a sessão. Faltaram com causa participada
os socios Luiz Fernandes, José Correia, Mei-
ra e Sá e Antonio Soares. Tomou posse do
cargo de Orador o socio Carvalho e Souza.
Sendo lida e approvada a acta da sessão
anterior, o Exm. Sr. Presidente, usando da
palavra, communicou ao Instituto cpie, ten­
do fallecidono Rio de Janeiro o Exm. Gene­
ral Francisco Victor da Fonseca e Silva, De­
putado Federal por este Estado e digno
consncio deste Instituto, nomeara uma com-
missão composta dos socios Pinto de AH*eu,
Thomaz Landim e Pedro Amorim, para as­
sistir, oor parte do Instituto, ás exequins
celebradas nesta capital pelo consoeio falle-
cido ; e que fazia a seguinte indicação : «que
se inserisse na acta de hoje um voto de pro­
fundo pezar por este doloroso acontecimen­
to, e se suspendesse a sessão». Submettidaa
votação a indicação acima, foi ella unani­
memente approvada, c levantou-se a sessão.
E pára constar, eu, Thomaz Landim, ser­
vindo de secretario, lavrei esta acta, que
vaeassignada pela mesa. O l y m p i o V i t a l .—
P. S o a r e s . — T h o m a z L a n d i m .
321

AC7'A da 69 sessão ordinária do


Instituto Historico e Geographico do
Rio Grande do Norte.

Presidência do Exm, Sr. Dr. Olympic Vital.

Aos vinte dias do mez de Agosto de mil


e novecentos e cinco, nesta cidade dc Na­
tal, capital do Estado do Rio Grande
do Norte, pelas doze horas da manhã, na
sede respectiva, reuniu-se o Instituto Histo­
rico e Geographico sob a presidência do
Exm. Sr. Dr. Olvmpio Vital, servindo de l c
Secretario o socio Pedro Soares e de segun­
do o socio Thomaz Landim, na falta dos
respectivos serventuários. Procedida a cha­
mada, verificou-se estarem presentes os so-
cios Olvmpio Vital, Vicente de Lemos, Pe­
dro Soares, Carvalho eSouza. Thomaz Lan­
dim, Padre Calazans, Pinto de Abreu, Luiz
Emygdio e Antonio Soares, e, havendo nu­
mero legal, abriu-se a sessão. Faltaram com
causa participada os socios Luiz Fernan­
des. José Correia, Heliodoro Barros e Aleira
e Sá. Lida e approvadá a actada sessão an.
terior, o primeiro secretario deu conta do
seguinte expediente i Officio do (iiemio Li-
tterario «Tobias Barrett«»», de Macahybn,
322

«Jatado do 1° do corrente, comnuinicando a


eleição de sua nova directoria para o anuo
social de 1906, e agradecendo a remessa da
«Revista» do Instituto ; outro do Secreta­
rio do «Club Litterario» de Páo dos Ferros,
de 3 de Julho ultimo, accusando, de ordem
da Presidência, a remessa da «Revista» do
Instituto. Inteirado. Carta do Dr. Maxi-
miano Gomes Machado, datada de Abril
findo, e da Fortaleza de Salinas, em Minas
Geraes, solicitando a remessa da «Revista
do Instituto», a fim de figurar ella num «Ál­
bum da Imprensa», que \ ac publicar. Con­
sultado o Instituto a respeito, resolveu
por unanimidade que se remettesse a Revis­
ta solicitada. Circular do Congresso Geolo-
gico Internacional do México, datada de 26
de Maio ultimo, communieando que a deci­
ma sessão do Congresso para 1906, terá lo-
gar no México, e dando a relação dos mem­
bros do Comité de organisação do mesmo
Congresso. Ao archivo. Offertas : Pelo so­
cio honorário, Pr. Pereira Reis : As viagens
de America Vespucio, por M. I). Avezae ;
um volume encadernado. Pelo consocio Dr.
Eloy de Souza : seis copias lithographicas,
exPahidas por Pedro Thomaz Hy Martin,
da Planta do Rio Grande do Norte eda For­
323

taleza dos Reis, correspondente ao nnno de


1612, existente a fls. 36do «Livro da Razão
do Estado», do Instituto Historieo e Geogra*
phico do Brazil.no Rio de Janeiro,mencionan­
do dita planta a «Aldeia do Camarão». A ­
gradecido, mandou-se archivar. Pelo conso-
cioDr.Meira e Sá: «Relatorio da Previdente
Natalense», apresentado pelo Presidente da
Directoria da mesma, o Desembargador
Francisco de Salles Meira e Sá. Natal, 1905.
Ao archivo. Pela Directoria do «Club Li-
tterario 13 de Maio», de Páu dos Ferros : um
fascículo de seus Estatutos. Pelo «Con­
gresso Tibiriçá de Lemos»,de Belém do Pará:
dois faseieulos da «Via Lnctea», ns 13 e 14
deste anno. revista do mesmo Congresso.
Pela Officina deLettras de Belém,do Pará :o
«Tupá», n. 9, orgão da mesma officina.
Pelo Instituto Litteraro Mocidade Ca-
tholiea. de Mossoró:a «União», revista men­
sal da mesma sociedade. Pelo «Grêmio L i -
tterario Mocidade ' Catholica». desta c a -
pitai: o «21 de Junho». Pelas respectivas re­
dacções : os numeros 28 e 29 da «Voz Potv-
guar» de Curraes Novos ; o «Astro» de F or­
taleza, no Ceará ; os numeros 75 e 76 do
«Mossoroense», de Mossoró ; o «Trabalho»,
o «Século», «A Republica», e o «Diário do
324

Natal», desta capital. Archivou-se. O socio


Dr. °into de Abreu, obtendo a palavra,
commtinicou que a coniniissão nomeada
para assistir ás exequias celebradas nesta
capital pelo fallecimento do consocio Ge­
neral Francisco Victor da Fonseca e Silva,
no Rio de Janeiro, cumprira o seu dever.
Inteirado. Nada mais havendo a tratar-
se, o Exm. Sr. Presidente encerrou a sessão .
ás duas horas da tarde. E para constar,
eu, Thomaz Landim, servindo de segundo
secretario, lavrei esta acta, que vai assi-
gnada pela mesa. O l y m p i o V i t a l . — P.
So a r e s . — T h o m a z L a n d i m .

A C TA da 70 sessão ordinarin do
Instituto Histonco e Geographico do
Rio Grande do Norte.
Presitlencia do Exm. Sr. Dr. Olympio Vital.

Aos tres dias do mez de Setembro do


anno de mil novecentos e cinco, nesta
cidade do Natal, capital do Estado do Rio
Grande do Norte, pelas doze horas da m a­
nhã, na sede respectiva, reuniu-se o Insti­
tuto Historico e Geographico, sob a pre­
sidência do Exm. Sr. Dr. Olympio Vital,
servindo de I o secretario o socio Pedro
Soares, e de 2o o socio Thomaz Landim,
325

na falta dos respectivos serventuários. P ro­


cedida a chamada, verificou-se que se a­
chavam presentes os socios Olympio Vital,
Vicente de Lemos, Pedro Soares, Carvalho
e Souza, Th o maz Landim. Pinto de Atyeu
e Luiz Emygdio ; e, havendo numero legal,
abriu-se a sessão Faltaram com causa par­
ticipada os socios Meira e Sá, Luiz Fer
nandes, José Correia c Antonio Soares.
Lida c approvada a aeta da sessão an­
terior, o 1" Secretario deu conta do se­
guinte expediente : uma «circular» datada
de 14 do corrente, firmada pela Directo-
ria do «Grêmio Litterario Mocidade Ca*
tholica», desta capital, communicando a
sua posse para o anuo social de 1905 a
1906, oecorrida em sessão de 7 de Julho
ultimo, c solicitando a remessa da «Re­
vista» do Instituto para enriquecer a sua
Bibliotheca. Consultado o Instituto a res­
peito, resolveu por unanimidade, que se
remettesse a Revista—Offertas—Pelo conso-
cio Dr. Augusto Tavares de Lyra : «Limi­
tes entre o Brazil e a Bolivia», por Thau*
maturgo de Azevedo, Rio dejaneiro, 1877,
«Exposição Financeira e Technica», sobre a
Estrada de Ferro S. Paulo Rio Grande,
pela directoris, aos accionistas, em Maio
326

de 1895, Rio de Jan iro ; «Relatório da


Estrada de Ferro do Avanhandava», a­
presentado ao Congresso de S. Paulo, pelo
concessionário Augusto Cambraia; peiocon-
soeio Monsenhor José Paulino de And ra­
da. : «Memória para a historia do extiucto
Estado do Maranhão», por Cândido Men­
des, 2o volume ; pelo consocio I)r. Vicente
de Lemos : «Boletim mensal da Secretaria
Internacional das Republicas Americanas»,
Vashington, Junho de 1906. Archive-se.
Pelas respectivas redacções : «A Republica»,
«Diário do Natal»,o «Século» eo «Trabalho»,
tolhas que se publicam nesta capital. Ao ar-
ehivo. Nada mais havendo a tratar-r.e,o Exm.
Sr. Presidente encerrou a sessão ás duas
horas da tarde. E para constar, cu, Thomaz
Landim, servindo de segundo Secretario,
lavrei esta acta que vae assignada pela
mesa. — O l y m p i o V i t a l , — P. S oàrks ,' —
T hom az L andim .

ACTA da 71 sessão ordinária do


Instituto Historico e Geographico
do Rio Grande do Norte.
Presidência do Exm. Sr. Dr. Olympio Vital.

Aos dezesete dias do mez de ^etembro


do anuo de mil e novecentos e cinco, re-
327

unidos, pelas doze horas da manhã, na


sêde do Instituto Histórico, os socios
Olympio Vital, Luiz Fernandes, Pedro
Soares, Carvalho e Souza, Vicente de Le­
mos e Thomaz Landim, abre-se a sessão,
sob a presidência do Sr. Olympio Vital.
Deixam de comparecer com causa participa­
da os Srs. Meira e Sá, José Correia, Joa­
quim Lourival, Amorim e Antonio Soares.
E' lida e approvada a acta da sessão
anterior.
Não havendo expediente, o Sr. 1" Se­
cretario declara que se acham sobre a
mesa as seguintes Offertas—do eonsocio
Olympio Vital : dois exemplares impressos
da «lei n° 1269», de 15 de Novembro de
1904, (reforma eleitoral); dois ditos do
decreto n" 5391, de 12 c.e Dezembro do
mesmo anuo, (instrucções para o alista­
mento eleitoral); do eonsocio Carvalho e
Souza, dezenove numeros avulsos da «Re­
vista Catholica», «lo Rio de Janeiro, «Con­
tos do fim do Século», por Silvio Ro­
mero, 1869, 1873 ; Almanach litterario e
estatístico do Rio Grande do Sul, 1902,
1903 e 1904 ; «0 estado de, sbio», pelo dr.
Tarquinio Filho, Rio de Janeiro, 1895 ;
«Combate naval do Riachuello», por Ran
828

gel de S. Palo. Rio <le Janeiro, 1883 ;


«Salvação da Pat ria», por Silva. Jardim.
Santos, 1888 ; Annaes da Assembléa L e­
gislativa Provincial de S. Paulo», 1884 e
1887 ; os ns. 4, 7 e 0 da «Renascença», re­
vista mensal, editada no Rio de Janeiro ;
do Sr. W. C. Porter : «Revelações do Século
III». S. Paulo, 1004; das respectivas re­
dacções : « O Astro», da Fortaleza, Estado
do Ceará : «A União», do Ceará-Mirim ;»
«A Voz Potyguar», de Curraes Novos, «A
Cidade», da cidade do Assú ; «A Republica»
o «Diário do Natal», o «Oito de Setembro»,
o «Vinte e um dc Junho», o «Século», e
«O Trabalho», desta capital. Obtendo a
palavra, o Sr. Carvalho e Souza diz que,
achando-se em preparativos de viagem para
o Rio de Janeiro, onde pretende fixar re­
sidência, pede sua exoneração do cargo de
Orador, com que immerecidamente o dis­
tinguira o Instituto, e approveita o ensejo
para offerecer lhe alli os seus serviços, a-
ccrescentando que se lembraria sempre com
reconhecimento e saudade de tão util insti­
tuição. Posto em discussão o requerimento,
o Sr. Vicente de Lemos, requer e obtem o
adiamento para a sessão seguinte. Por
indicação do Sr. Vicente de Lemos, resolve-
329

sc que o Sr. I o Secretario se dirija, por offi­


cio, ao Rxm. Sr. Dr. Governador do Estado
c aos chefes das repartições estaduaes, fa­
zendo-lhes constar os nomes dos socios com-
missionados pelo instituto para angariarem
documentos referentes á historia do Estado,
afim dc aue gozem da vantagem concedida
pela lei n. 198, de 29 de Agosto de 1903. E
nada mais havendo a tratar-se,o Sr. Pre­
sidente levanta a sessão, lavrando-se a pre­
sente acta assignada pela Mesa. Eu, Pedro
Soares de Araujo, 29Secretario, a escrevi. —
O l y m p i o V i t a l .— Luiz F e r n a n d e s . — P.
S oares

Act a da 72 sessão ordinaria do


Instituto Historíco e Gecgraphico do
Rio Grande do Norte.

Presiclencin rio Exni. Sr. Dr. Olympio Vital.

Reunidos, pelas doze horas da manhã


do dia primeiro do mez de Outubro do
annode mil novecentos c cinco, na sede do
Instituto, os Srs. Olympio Vital, Luiz Fer­
nandes, Pedro Soares, Vicente de Le­
mos, Thornaz Landim e Pinto de Abreu,
abre-se a sessão, sob a presidência do Sr.
Olympio Vital, sendo lida e appro vada a
aeta da anterior. Faltam com causa jus­
tificada os Srs. José Correia, Antonio
Soares, Amorim e Joaquim Lourivul. O
Sr. I o Secretario faz a leitura do seguinte
Iíxpediente : Circular do 8o Congresso In­
ternacional—Commité para as sociedades
geographicas, apresentando o seu pro­
gramma e pedindo approvação. Agradece-
se e manda-se archivar. Officio do Biblio­
theca rio do Club Litterario «13 de Maio»,
da villa de Páo dos Ferros, solicitando a
remessa da Revista. Satisfaça se. Oifertas—
do Director da Bibliotheca Nacional : «Re­
latório», apresentado ao dr. José Joaquim
Seaura, Ministro da Justiça e Negoeios In­
teriores, em 15 de Fevereiro de 1904-, pelo dr.
Manoel Cicero Peregrino da Silva ; “ Re­
latório” , apresentado ao mesmo Ministro
pelo dr. Hilário de Gouvêa, por occasião
da conferencia internacional de Couenha-
gue, sobre a tuberculose; “Annaes da B i­
bliotheca Nacional’’, do Rio de Janeiro,
vol. 26, anno de 1904 ; do Congresso Sei-
cut fico Latino Americano : “ 2o Boletim”,*
dos respectivos trabalhos preparatórios ;
do consocio Vicente Ferrer : “ Cultura A-
cadcmica” , anno I o, vol. I 9, tomo 2", fase.
331

S"; do consocio Alberto Maranhão :“ Guia,


da cidade do Rio de Janeiro», por Paula
Pessoa, 1905, para uso do 3o Congresso
Scientifico Latino Americano—do consoeio
Pedro Soares : o n 33 da “ Revista do
Norte” , para completar a colleceão do 2o
anno— ; do Grêmio Militar da Guarda Na­
cional desta capital : um exemplar im­
presso de seus estatutos—das respectivas
redacções : “Revista de lettras y ciências so­
ciales” , n. 13, Julho de 1905, Ferçuman,
Republica Argentina ; Ad Lucem.n. 26, anno
39, Bahia, Agosto de 1905 ; “Nova Cruza­
da” , anno 4, n. 6,á memoriado Aiferes--alum-
no João Lopes Ribeiro, morto no Acre em
serviço da Republica ; “Via lactea», anno TI
fase. 15 e 16, Belém. Pará, Julho e Agosto
fie 1905 ; “31 de Agosto” , revista eom-
memorativa do 3C anno da fundação do
Grêmio Litterario—Barboza de Freitas—
anno III, n 3, Ceará, Fortaleza, 31 de Agos­
to de 1905 ; «A Voz Potyguar», de Curraes
Novos; «A União», do Ceará-Mirim ; «O
Mossoroense», de Mossoró ; «A Republica»*
o «Diário do Natal», o «Oito de Setembro»,
«OSeculo» e «0 Trabalho», desta eapital. O
Sr. Vicente dc Lemos diz rpie, tendo falleci-
do.no dia vinte è sctc do passado,cm Carau-
332

lias, o coronel Manuel Praxe !es Benevides


Pimenta, deputado estadual e soeio corres­
pondente deste Instituto, pedia que se con­
signasse na íicta de hoje um voto de pezar
pelo infausto acontecimento, E ’ aceeita por
unanimidade essa indiação. Passando-se á
ordem do dia, é submettido a discussão o
rec|uerimento do Sr. Carvalho e Souza, pe­
dindo exoneração do cargo de Orador do
Instituto, em consequência de pretender fi­
xar residência na Capital Federal. O sr. Tho-
maz Landim diz que, por mais sensível que
deva ser ao Instituto a privação dos servi­
ços do i11iistrc Orador demissionário, enten­
de que não se lhe deve negar a exonera­
ção pedida, attento o motivo que a jus­
tifica. Approvado o requerimento, passa o
Sr. Carvalho e Souza á classe dos soeios
correspondentes, na forma do art. l i d o s
Estatutos, e o Sr. Presidente designa o
dia 8 do corrente para, em assemhléa ge­
ral, proceder-se a eleição do novo Orador,
ordenando que se faça a convocação do
estylo. Em seguida, nomeia uma commissão,
composta dos Srs. Vicente de Lemos, Tho-
maz Landim e Amorim, para assistir ao
embarque do mesmo Sr. Carvalho e Souza.
E nada mais havendo a tratar-se, o Sr.
333

Presidente levanta a sessão, lavrando-se a


presente acta que vae assignada pela mesa.
Ru, Pedro Soares de Araujo, 2o Secretario,
a escrevi.— O l y m p i o V i t a l , — Luiz F e r ­
n a n d a s , — P. S o ar es .

ACTA da reunião do Instituto His­


tórico, em 8 de Outubro de 1905.

Presidência do Exm. Sr. Dr. Vicente de Lemos.


(Vice Presidente)

Pelas doze horas da manhã de oito de


Outubro de mil novecentos e cinco, reuni­
dos na sede do Instituto Historico os
socios Vicente de Lemos, Luiz Fernandes,
Pedro Soares, Thomaz Landim, Pinto
de Abreu. Heliodoro Fernandes, Antonio
Soares, Amorim, Caldas, Valle Miranda e
Luiz Emygdio, faltam com causa justifi­
cada os Srs. Meira e Sá, José Correia e
Joaquim Lourival. Occupa a cadeira da
presidência o Sr. Vicente de Lemos, 1°
Vice Presidente, na auzencia do Sr. Olym­
pio Vital que, por incommodo de saude,
deixa de comparecer. O Sr. Presidente de­
clara que, não tendo comparecido numero
legal de socios para realizar-se. em assem-
334

bléa geral, a eleição do novo Orador :1o


Instituto, ficava ella adiada para domin­
go, vinte e dois do corrente, na forma dos
Estatutos, reeommendando que se fizesse
pela imprensa a convocação do costume.
Em seguida dissolve-se a reunião, lavran­
do-se a presente aeta que vne assignada
pela mesa. Eu, Pedro Soares Soares de
Araújo, 2° Secretaiio, a escrevi. — V ic k n -
tjb de E rmos , — E o i z F r r n a n d k s , — P. S o a -
rks .

ACTA da 73 sessão ordinária do


Instituto Ilistorico e Geogrnphieo do
Rio Grande do Norte.

Presidência do Exm. Sr. Ur. Olvmjiio Vitnl.

Aos quinze dias do mez de Outubro de


mil novecentos e cinco, acham-se presen­
tes na sede do Instituto Ilistorico, pelas
doze horas da manhã, os Srs. Olympio
Vital, Luiz Fernandes, Pedro Soares, Vi­
cente de Lemos e Thomaz Landim. O Sr.
Presidente declara aberta a sessão, sendo
lida e approvada a aeta da anterior. Offcr-
tas—do consocio Carvalho e Souza, «Re-,
vista Industrial e Mercantil», do Reede, n.
335

7, de Julho, de 1900 ; Giovanina, romance


dialogado, por Affonso Celso, Rio de Ja­
neiro, 1896 ; «Revista Acadêmica de
Sciencias e Lettras», vol. I, ns. 2 e 3. Ju­
nho e Julho de 1876 ; «Homenagem» á
conferencia assucareira da Bahia, 25 de
Junho de 1902. Bahia, 1902. «O ensino
do direito na eschola naval», pelo Dr. Tar-
quinio de Souza Filho. Rio dejaneiro, 1903 ;
«Revistada Familia acadêmica», ns. 3 e 4
annos II e III, Janeiro e Fevereiro de 1889
Rio de Janeiro, 1889; «Ensaio juridico eli-
tterario», ns. 3, A 6e 7. anno I, 1. e 15 de
Junho, 15 de Julho e 1 de Agosto de 1878 ;
«O Século», revista scientihca e litteraria,
ns. 2 e 3, anno I. 1878 ; Congresso Nacio­
nal de Agricultura», sessão de encerramen­
to. Rio dejaneiro, 1901 ; do Museu Goeldi :
vol. IV. «Os Mosquitos no Pará», pelo
professor Emilio Augusto Goeldi, Pará,
1905— da Bibliotheca Publica Pclotensc :
«Annaes da Bibliotheca Publica Pelotense»,
vol. 1,1904. Pelotas, 1905—; da Camara
episcopal : «D qs males da ignorância reli­
giosa», carta pastoral dc D. Adauto Au-
rclio de Miranda Henriques, publicando a
Eucyclica Acerbo nimis, sobre o ensino da
doutrina ehristá. Parahyba, 1905—do Sr.
336

Fortunato Aranha : «Almanach de nernan-


buco», para 1905, 7" anno—das respectivas
redacções : «A Republica» o Diário do N a ­
tal», o «Oito de Setembro», o «Vinte e um
de Junho», e «0 Trabalho», desta capital.
O Sr. Thomaz Landim declara que a eom-
missão de que freer a parte, encarregada de
assistir ao embarque do consocio Carvalho
e Souza, cumprira seu dever, sendo por­
tadora dos votos de solidariedade ereconhe
cimento que a este Instituto mandara a ­
presentar o mesmo eonsoca». Nada mais
havendo a tratar-se, o Sr. Presidente levan­
ta a sessão, lavrando-se apresente acta que
vae assignada pela meza. Ru, Pedro Soares
de Araujo, 2o Secretario, a escrevi. — O-
l v m p io V i t a l , — Luiz F e r n a n d e s , — I*.
So ARKS.

ACTA da (C sessão da assembléa


geral do Instituto Historien e Geo~
graphico do Rio Grande do Norte.

Presidenrin do Hxm. Sr. J)r. Olympin Vital.

No dia vinte e dois de Outubro de mil


novecentos e cinco, achando-se reunidos
na sede do Instituto Historico, pelas doze
337

horas da manhã, os socios Olympio Vi­


tal, Luiz Fernandes, Pedro Soares, He-
liodoro Barros, Vicente de Lemos. João
Baptista, Thomaz Landim, Padre C a la -
zans. Pinto de Abreu, Luiz Emygdio, A ­
morim, Antonio Soares, Valle Miranda e
Joaquim Correia (correspondente em Páu
dos Ferros), sob a Presidência do Sr.
Olympio Vital, abre-se a. sessão. Deixam
de comparecer com causa justificada os
Srs. José Correia e Joaquim Lourival. E ’
lida e approvada a acta da reunião de
oito do corrente. Não havendo expedien­
te, depois de exposto o motivo da con­
vocação, o Sr. Presidente communica
que. tendo lallecido nesta capital, pelas
oito horas da manhã de dezeseis do an­
dante, o Revdm. Vigário da freguezia,
Padre João Maria Cavalcanti de Britto,
nomeara uma cornmissão, composta dos
socios Luiz Fernandes, Pedro Soares e
Amorim, para representar o Instituto nas
exequias celebradas hontem na matriz des
ta mesma capital, e propõe que se lance na
acta um voto de profundo pezar pelo pas­
samento desse distinctissimo sacerdote ;
diz que não preciza justificar a sua pro­
posta, sendo, como era, o virtuoso extin-
338

cto hem conhecido de todos nós ; que o


Padre João Maria, não fora um soldado
que derramasse todo seu sangue em de­
fesa da Patria querida, uma notabilidade
nas artes, nas lettras, ou nas sciencias,
porem, mais do que tudo isso, porque como
ministro da religião christã tivera a mais
nitida comprehensão dos seus sagrados
deveres, observando com maxima pureza o
sublime principio do amor ao proximo
por quem se sacrificara e exhalára o ulti­
mo suspiro ; que relembrar os seus repeti­
dos exemplos de humildade e abnegação
das cousas do mundo terrestre c os relc-
vantissimos serviços por elle prestados á
população desta cidade nas diversas crises
que tem atravessado, não podem fazel-o no
momento as suas singelas expressões, fa­
zendo-o, porem, com a maior eloquência
as espontâneas manifestações de pez ar—
nunca vistas nesta capital—quando, no
dia do seu fidlecimento, toda a população
catholica, sem distineção de classes, cobria-
se de lacto e acompanhava o seu cadáver
ate ao logar onde devia ser sepultado ; o
soluçar angustioso e pungente dos que
ainda hontem enchiam o templo, por occa-
sião das solemncs exequias que lhe eram
339

feitas, e tanto bastava. E ’ approvada una­


nimemente a proposta. 0 Sr. Luiz Fer­
nandes declara qu:, a commissâo designa­
da para assistir ás exéquias do Vigário
João M aria estivera presente. 0 Sr. Vicen­
te de Lemos, membro da commissâo de
pesquizas de documentos, offereceu ao ar-
chivo do Instituto as copias de seis docu­
mentos referentes á construcção da igreja
matriz desta cidade, em mil seiscentos e de­
zenove (1619), sua destruição no periodo do
dominio hollandez e reedifieação, cm mil
seiscentos e noventa e quatro (1694), e
augmento, em mil setecentos e setenta e
seis (1776), além de outros reparos pos­
teriores a essas datas. Agradece-se. Passa-
se, em seguida, á eleição do Orador do
Institutoe são recolhidas á urna quatorze
sedulas, que, apuradas, dão o seguinte re­
sultado : Dr. Francisco Pinto de Abreu,
trese votos, Coronel Luiz Emvgdio Pinhei­
ro da Camara, um voto. Presente o Sr. Pin­
to de Abreu, 0 Sr. Presidente convida-o a
occupar a cadeira de Orador. E nada mais
havendo a tratar-se, levanta-se a sessão ;
do que lavrou-se esta neta, a«signada pela
mesa. Eu, Pedro Soares de Araújo. 2 Se-
340

creta rio, a escrevi. — O l y m p i o V it a i ., —


Luiz F e r n a n d e s , — F. So a r e s .

ACTA da 74 sessão ordinária do


instituto Historico e Geographico do
Rio Grande do Norte.

Presidencia do Ivxni.Sr. Dr. Olympio Vital.

Aos cineo (lias do mez de Novembro de


mil novecentos e cinco, nesta cidade do N a­
tal, capital do Estado do Rio Grande do
Norte, na sede do Instituto, ás horas e no
logar do costume, sob a presidencia do
Exm. Senr. Dr. Olvmpio Vital, servindo de
I o Secretario o socio Pedro Soares, na falta
do respectivo serventuário, e de 29 o socio
Thomaz Landim, havendo numero legal, a ­
briu-se a sessão. Compareceram os socios
Olvmpio Vital. Pedro Soares, Thomaz Lan­
dim.Pinto de Abreu, Vicente de Lemos, Valle
Miranda, Amorim e Amonio Soares. Falta­
vam com causa participada os socios Luiz
Fernandes, Heliodóro Rarros, José Correia.
Lourival e Meira é Sá. 0 l 9 Secretario leu o
seguinte expediente:Officiodo ExmDr.Albcr-
341

to Maranhão,representante elo Instituto no


Congresso Scientifico Latino Americano,
remettendo a medalha e distinctivo de mem­
bro do mesmo Congresso para serem reco­
lhidos ao respectivo archivo, e communican-
do que opportunamente c de accordo com a
deliberação da Commissão Directora, se­
rão remettidas as publicações referentes aos
trabalhos do referido Congresso. Offertas :
Do consocio. Senador Dr. Pedro Velho :
uma medalha de bronze,commemorativa do
lançamento da pedra fundamental do novo
edifício da Bibliotheea Nacional do Rio de
Janeiro, de 1905 ; uma medalha de bronze,
commemorativa da creação da séde da Pre­
feitura do território do Acre, departamento
doAltoJuruá. Do consocio Dr. Pinto de
Abreu: uma medalha de prata,commemora­
tiva da Exposição Internacional de T rab a ­
lhos Jurídicos do Instituto da Ordem dos
Advogados Brazileiros, VII, Setembro 1843,
a 1894.Do Dr. Mario Lyra : “ These Iaugu-
ral»—As Albuminúrias dos Arthriticos», a-
pprovada com distineção na Faculdade de
Medicina do Rio de Janeiro, c defendida
pelo offertante em 21 de Janeiro de 1905.
Das respectivas Redacções : “A Revista da
Sociedade Scientifica,” de S. Paulo, n° 21
-342

Setembro de 1905;“ Ad Lneem,” revista sei-


entilica e litteraria.da Bahia, armo 3, n°17,
Setembro de 1905;«0 Mossóroense»,da cida­
de de Mossoró;“A Voz Potyguar” , da villa
de Curraes Novos ; “A Republica,” “Diário
do Natal,” “O Século,” “ O Trabalho,” e
“A União c Trabalho” , desta capital. Ao
arehivo. Nada mais havendo a tratar-se. o
Extn. Senr. Presidente encerrou a sessão,
do que, para constar, lavrou-se esta acta
que vae assignada pela mesa. Eu, Thomaz
Landim, servindo de 2Ç Secretario, a escre­
vi.—O e y m p io V i t a e .— P. S o a r e s .—T h o m a z
L an d im .

Declaro que, por falta de cornparecimen-


to de socios, deixou defunccionar o Institu­
to no dia dezesete [17] de Novembro de mil
novecentos e cinco, designado para a solem-
ne distribuição de pvcmiõs aos alumnos do
Atheneu Norte Rio Grandense e aos do Col-
legio Diocesano da Immaculada Conceição,
nesta capital—E para constar,laço e assigno
a presente. Natal, 19 de Novembro de 1905.
Eu, Thomaz Landim, servindo de 2o Secre­
tario, a escrevi.
343

Acta du 75 sessão ordinária do


Instituto Historico e Gecgraphico do
Rio Grande do Norte.

Presidenda do Exiri. Sr. Dr. Olyinpio Vital.

A ’ hora e no logar do costume, reuni­


ram-se, no dia tres de Dezembro de mil no­
vecentos e cinco, os Sears. Olympio Vital,
Thomaz Landim, Antonio Soares, José Cor­
reia, Vicente de Lemos e Joaquim Lourivalt
faltando com causa justificada os Senrs.
Luiz Fernandes, Pedro Soares, Heliodoro
Harros, Amorim e Meira e Sá. 0 Sr. Olym­
pio Vital, tendo assumido a presidenda,
convidou os Senrs. Thomaz Landim e Anto­
nio Soares aoccuparem as cadeiras de l ce 2°
Secretários, na auzencia dos Senrs. Luiz Fer­
nandes e Pedro Soares. 0 Sr. I o Secretario
tez a leitura de um cartão do Director do
Athenen Rio-Grandense convidando o Ins­
tituto para assistir á solemne distribuição
de prêmios aos aluamos daquelle estabeleci­
mento. O Sr Presidente declarou que, tendo
tomado em consideração o convite, nomea­
ra uma eommissão composta dos socios
Vicente de Lemos, Amorim e José Correia,
para representar o Instituto nessa solemni-
344

dade. O Sr. Vicente de Lemos declarou


que a com missão a que acabara de referir-se
o Sr. Presidente cumprira o seu dever. Ofier-
tas—Do Sr. Jeronymo Cabral Raposo da
Camara: diversas das antigas moedas de
cobre portuguezas, Irancezas, hespanholas,
italianas e inglezas, além de outras das re­
publicas dos Estados Unidos da America do
Norte, Paraguay, Argentina, Uruguay, Chi­
le, Peru, Bolivia, Equador, França e Gua­
temala—Do M ajor Theodosio Paiva: tres
moedas antigas, portuguezas, encontradas
por occasião de excavações nesta cidade—
Do consocio Tavares de Lyra: “ O I o reina­
do», por Luiz Francisco da Veiga, 1 vol.Rio
de Janeiro, 1877— do consocio Segundo
Wanderley:“DeBenguella ás terras delacca,”
Africa central e occidental, por H. Capello e
R. Ivens, 2 vols. Lisboa, 1881—do dr. João
F. da Frota e Vaseoncellos, Bibliothecario
da 1'aculdade de Direito do Recife: 7 fascícu­
los da «Cultura Acadêmica», corresponden­
tes aos annos de 1904 e 1905, acompahan-
do-os um n. especial, consagrado á memó­
ria de Martins Junior ; das respectivas Re­
dacções : «Revista da Academia Cearense»,
1904; «Revista Acadêmica», da Faculdade
de Direito do Recife, anno 12 ; «Nova Cru-
345

znda», da Bahia, anno 4, n. 7; «Oito de Se.


tembro», edicção especial dedicada á me­
mória do Vigário João Maria Cavalcanti
de Britto ; «0 Astro” , do Ceará ; o «Com-
mercio de Mossoró». de Mossoró ; “ A Voz
Potygnar”. de Currae < Novos; «A Republi­
ca», o «Diário do Natal», o «Oito de Setem­
bro, «O trabalho», desta capital. Todas as
offertas foram recebidas com agrado. K não
havendo mais nada a tratar-se, o Sr. Presi­
dente encerrou a sessão, lavrando-se a pre­
sente acta, assignada pela mesa.—O l y m p i o
V i t a l — T h o m a z L a n d im —A nto nio S oakrs
ok A kaujo .

Declaro qne hoje, dezesete de Dezembro


de mil novecentos e cinco, deixou de haver
sessão por falta de numero legal, em conse­
quência de ser o dia designado para proce­
der-se á eleição de vice-governador do Esta­
do e dois deputados aoCongresso Estadual.
Natal, 17 de Dezembro de 1905.
I*. S o a r e s .
NOTA
(Reproduzida de pags. 318 desta R evista para corrigir
o nome de José Peixoto Viegns.)

Estevam Velho de Moura, José Peixo­


to Viegas, cavalheiro da Ordem de Christo,
Antonio de Albuquerque Camara, coronel,e
o Sargento-mór Manuel da Silva Vieira,
além de trinta e dois outros companheiros,
foram os primeiros que trataram pazes com
os indios situados no riacho Paraibú, nas
cabeceiras do Piató, ribeira do Assii, até o
rio Jaguaribe e Choro, com despendio de
fortuna e risco de vida. no anno de 1681. O
Capitão-mór, governador do Rio Grande
do Norte, Antonio da Silva Barbosa, con­
cedeu-lhes,a requerimento, urna data de ses­
maria, em vinte e dois de Novembro do
dito anno, com aquelles limites, a qual foi
confirmada ém dozedeFevereiro do anno se­
guinte pelo Governador Geral do Brazil Ro­
que da Costa Barretto. <Liv 29 das Cartas
e Provisões do Senado da Camara do N a ­
tal. )
Durante a sua curta existência de p<>u-
coniaisde um decennio.tem o Instituto His­
tórico experimentado rudes e luctuososgol­
pes, vendo desapparecerem de suas fileiras
muitos de seus membros mais illustres e es­
timados.
Tomada ainda de profunda magua, vem
a Revista registrar hoje nesta pagina o tal-
leeimento do seu socio fundador Desembar­
gador Manoel Moreira Dias, oc:orrido nes­
ta cidade aos vinte e nove de Dezembro de
1908.
Nascido na cidade do Recife, a sete de
Abiil de 1862, nâo impediu esta circum
stancia que elle viesse prestar os mais assi-
gnalados serviços ao Rio Grande do Norte,
que adoptou como sua patria natal, dedi­
cando-lhe durante a sua vida publica o me­
lhor de sua intelligencia e actividade.
Formado em direito, em 1886, pela Fa-
348

culclade do Recife, foi, em Outubro d’aquelle


anno, nomeado Promotor Publico da co­
marca da Maioridade, nesta então P ro ­
víncia, cargo que desempenhou até 1891,
por ter sido distinguido com a nomearão
de Secretario do Governo d’este Estado, cu­
jas funcções assumiu a nove de Abril do
mesmo anno.
Em 1892, quando toi definitivamente
organizada a magistratura estadoal, foi o
dr. Moreira Dias nomeado Juiz de Direito
da comarca do Martins, tendo antes exer­
cido interinamente as inncções de Chefe
de Policia.
Em todos esses cargos o dr. Moreira
Dias primou sempre pela sua correcçào, con­
quistando por isso um alto conceito entre
os seus correligionários e amigos.
D’ahi a preferencia com que foi por ve­
zes renovado o seu mandato de representan­
te do povo no Congresso Legislativo do Es­
tado, cuja presidência deixou, n vinte e oito
de Julho de 1897, para assumir as funcções
de membro do Superior Tribunal de Justiça
do Estado.
Como juiz do mais elevado tribunal ju ­
diciário do Rio Grande do Norte, mais ain­
da o dr. Moreira Dias consolidou a sua no-
349

meada de magistrado culto e honestíssi­


mo, sendo por dois annos succcssivos elei­
to seu Presidente.
Eleito Vice-Governador do Estado a
dezesete de Dezembro de 1905, teve, nesse
caracter, de assumir as redeas do governo,
em virtude da renuncia do então Governa­
dor, dr. Tavares de Lyra, nomeado para
exercer o alto cargo de titular da pasta da
Justiça, na presidência Affonso Penna.
Filho de paes sem fortuna, e foram el­
les o negociante José Antonio Moreira Dias
e dona Joanna dos Santos Dias, conseguiu
o saudoso extineto, pela sua intelligencia
e acvsoladas virtudes civicas, galgar as
mais altas posiçães, legando aos seus con­
temporâneos um passado digno de ser imita­
do.
Casado com a exm“ dona Etelvina M o ­
reira Dias,deixou de seu consorcio seis filhos,
entre os quaes o acadêmico Manoel Sinval
Moreira Dias.
Eis, em traços largos, o que foi a vida
d’esse benemerito consocio, sobre cuja cam­
pa verte a R evista, uma lagrima de inextin­
guível saudade.
D p . pianoel Segundo Wanderley

Entre os claros que, num espaço relati-


vamenre limitado, a morte tem aberto no
Instituto, aquelle que se fizera com o falleci-
mento de Segundo Wanderley nos foi du­
plamente doloroso.
Perdiatnos um dos maisdistinctos e valio­
sos consocios eum dos nossos mais queridos
e festejados homens de lettras. Synthetisan-
do a media emocional e intellectual dos de
seu tempo,no m<=io em que agia,tornou se o
mais popular e querido dos nossos poetas.
Dabi ser ouvido e comprehendido por
todos comum enthusiasmo intenso e corn-
municativo, a despeito das suas formu­
las e hyperboles incohérentes aos olhos
dos que, libertos de preconceitos intel-
lectuaes, lamentavam o desperdicio naba­
besco de tanto talento e imaginação. Certo
de que a poesia, sèndo uma manifestação
insopitavel da vida emocional do poeta, re—
351

flectindo, tanto quanto possível, espontâ­


nea ou artificialmente o mundo de senti­
mentos dos de sua epoca.elle jamais se preo-
ccupou com essa complicação de escolas,
com esses requintes de forma e subtis exi­
gências de métrica.
Era condoreiro porque nascera para
isso. Queria somente, talando ao proprio
sentir, falar ao sentimento dos seus conter­
râneos e admiradores.
E esse descaso negou-lhe sempre o lo-
gar que, por outro caminho, teria facilmen­
te, conquistado. Ao lado do poeta estava,
como acontece geral mente, o prozador e-
mcrito, com a mesma vivacidade e encanto
e com os mesmos defeitos que earacterisa-
vam as suas producções rimadas. Isso evi­
dencia-se de seus dramas, magníficos como
prociucto de imaginação. Dos que se têm
consagrado ás lettras, no Estado, nenhum
mais do que elle, a despeito das mul+iplas
hostilidades fio meio, trabalhou e venceu.
Uma quasi adoração fetichista se fizera cm
torno do poeta, cheio de maguado Ivrismo
para as insaciáveis pieguices do amor. for-
midando.replecto de enthusiasmo e de fogo,
como um sol immenso e estranho, nos epi-
oòs reclamos que os suppostos momentos
352

cie insulto á patria lhe acordavam na lym


altisonante e no plectro convulso..
Nesses instantes Segundo tranfigurava-
se : o lago transíormava-se em oceano re­
volto. E a multidão sentia, estremecia, vi­
brava, delirava. .
Eram surtos maravilhosos de elevação
e elocpiencia. Juntando ao seu grande talen­
to uma extraordinária bondade,Segundo se
fazia cpterer por todos que com elle priva­
vam. E essa bondade, reforçada por um
m37sticismo religioso que o empolgou, afi­
nal. e que constituia o traço predominan­
te do seu caracter, custou-lhe dias bem
amargos na vida.
E ’ que até a bondade c um mal.

Manoel Segundo Wanderley era filho le­


gitimo do dr. Luiz Carlos Lins Wanderley e
de D. Francisca Carolina Lins Wanderley.
Nasceu nesta capital, a 6 de Abril de 1860.
Fez os seus estudos primários na cidade
do Assú, deste Estado, onde também estu­
dou latim e francez. Aos 17 annos seguiu
para o Recite,matriculando-se no«Gvmnasio
Pernambucano»,fazendo alli os seus primei­
ros preparatórios e vindo coneluil-os no «A ­
theneu Norte Rio-Grandense».
353

Terminando o curso de humanidade,


partiu para a Bahia, em fins de 1879, onde
matriculou-se na Escola de Medicina da-
quella cidade. Foi durante o curso acadêmi­
co que Segundo produziu os seus mais bel­
los versos, filiando-se á escola condorei-
ra.de que foram Castro Alves eTobias os re­
presentantes naquella epoca. Como Castro
Alves, Segundo impregnava os seus versos
de então, desse ideal de liberdade, comba­
tendo ardorosamente a escravidão no Bra
zil.
Logo depois de diplomado, casou-se na
Bahia com D. Ra 3^munda Atnalia Wander-
ley, transportando-se, pouco tempo depois,
para esta capital, trazendo o primeiro fru-
cto de seu amor conjugal, a innocente Tidi-
nha, hoje recolhida ao convento das Doro-
theas.em Nova Friburgo.no Rio de Janeiro.
Segundo occupou diversos cargos que lhe
facultaram a sua competência profissional.
Foi eleito deputado estadual na legisla­
tura de 1907 a 1909. Sem descurar os seus
affazeres como medico, Segundo escreveu,
ao mesmo tempo, versos empolgantes, dra­
mas e uma revista de costumes locaes.
Tinha uma grande paixão pelo Theatro.
Na noite de 14 de Janeiro de 1909, após
354

longos dias de muitos softVimentos e balda­


dos todos os esforços da scicncia, falleceu o
poeta, deixando seis filhas, e um filho, o pe­
queno Manoel, continuador do onomástico
de seu pae.
Indice do vol. VIII
' Pag.
‘ I—Memória sobre a revoluçflo rle 1817 pelo gover­
nador Jose Ignacio Ilorges, seguida de alguns
documentos que se referem á mesma revolução...........5
II— Carta Regia crenndo o Tribunal dn Alçada..........137
III— Memória relativa rl defesa da capitania do Rio
Orande do Norte, datada de 30 de Maio de 1808....144
IV— Notas avulsas.................................... 152, 318 e 340
V— A Imprensa Periodica no Rio Orande do Norte—A
Republica—pelo dr. Luiz Fernandes........................ 153
VI— Repertório das leis estaduaes referentes aos muni­
cípios—Caicó, Jardim, Aeary, Cnrraes Novos, Flo­
res e Serra Negra—pelo coronel Pedro Soares..........241
V II— Actas das sessões do Instituto—Agosto a Dezem-
bro de 1905..............................................................379
V III— Traços biographicos do Desendu-Vgador Mano­
el Moreira Dias............................... 347
IX — Traços biographicos do dr. Manoel Segundo
W.inderley.................................................................350

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