Você está na página 1de 122

Professor Me.

Ricardo Azenha Loureiro Albuquerque


Professor Me. Juliano Mario da Silva
Professor Esp. Haroldo Yutaka Misunaga

EMPREENDEDORISMO E
INOVAÇÕES

PÓS-GRADUAÇÃO

NÚCLEO COMUM

MARINGÁ-PR
2012
Reitor: Wilson de Matos Silva
Vice-Reitor: Wilson de Matos Silva Filho
Pró-Reitor de Administração: Wilson de Matos Silva Filho
Presidente da Mantenedora: Cláudio Ferdinandi

NEAD - Núcleo de Educação a Distância

Diretoria do NEAD: Willian Victor Kendrick de Matos Silva


Coordenação Pedagógica: Gislene Miotto Catolino Raymundo
Coordenação de Marketing: Bruno Jorge
Coordenação Comercial: Helder Machado
Coordenação de Tecnologia: Fabrício Ricardo Lazilha
Coordenação de Curso: Silvio Silvestre Barczsz
Assessores Pedagógicos: Lucélia Leite de Morais e Marcelo Cristian Vieira
Supervisora do Núcleo de Produção de Materiais: Nalva Aparecida da Rosa Moura
Capa e Editoração: Daniel Fuverki Hey, Fernando Henrique Mendes, Luiz Fernando Rokubuiti e Thayla Daiany Guimarães Cripaldi
Supervisão de Materiais: Nádila de Almeida Toledo
Revisão Textual e Normas: Cristiane de Oliveira Alves, Gabriela Fonseca Tofanelo, Janaína Bicudo Kikuchi, Jaquelina Kutsunugi e Maria Fernanda
Canova Vasconcelos.

Ficha catalográfica elaborada pela Biblioteca Central - CESUMAR



CENTRO UNIVERSITÁRIO DE MARINGÁ. Núcleo de Educação
a distância:
C397 Empreededorismo e inovações/ Ricardo Azenha Loureiro
Albuquerque, Juliano Mario da Silva, Haroldo Yutaka Misunaga -
Maringá - PR, 2012.
122 p.

“Pós-Graduação Núcleo Comum - EaD”.




1. Empreendedorismo. 2. Inovações 3.Franchising. 4.EaD. I.
Título.

CDD - 22 ed. 658.421


CIP - NBR 12899 - AACR/2

“As imagens utilizadas neste livro foram obtidas a partir dos sites PHOTOS.COM e SHUTTERSTOCK.COM”.

Av. Guedner, 1610 - Jd. Aclimação - (44) 3027-6360 - CEP 87050-390 - Maringá - Paraná - www.cesumar.br
NEAD - Núcleo de Educação a Distância - bl. 4 sl. 1 e 2 - (44) 3027-6363 - ead@cesumar.br - www.ead.cesumar.br
EMPREENDEDORISMO E
INOVAÇÕES
Professor Me. Ricardo Azenha Loureiro Albuquerque
Professor Me. Juliano Mario da Silva
Professor Esp. Haroldo Yutaka Misunaga
4 EMPREENDEDORISMO E INOVAÇÕES| Educação a Distância
APRESENTAÇÃO DO REITOR

Viver e trabalhar em uma sociedade global é um grande desafio para todos os cidadãos. A busca por
tecnologia, informação, conhecimento de qualidade, novas habilidades para liderança e solução de
problemas com eficiência tornou-se uma questão de sobrevivência no mundo do trabalho.
Cada um de nós tem uma grande responsabilidade: as escolhas que fizermos por nós e pelos nossos fará
grande diferença no futuro.
Com essa visão, o Cesumar – Centro Universitário de Maringá – assume o compromisso de democratizar
o conhecimento por meio de alta tecnologia e contribuir para o futuro dos brasileiros.
No cumprimento de sua missão – “promover a educação de qualidade nas diferentes áreas do conhecimento,
formando profissionais cidadãos que contribuam para o desenvolvimento de uma sociedade justa e
solidária” –, o Cesumar busca a integração do ensino-pesquisa-extensão com as demandas institucionais
e sociais; a realização de uma prática acadêmica que contribua para o desenvolvimento da consciência
social e política e, por fim, a democratização do conhecimento acadêmico com a articulação e a integração
com a sociedade.
Diante disso, o Cesumar almeja ser reconhecido como uma instituição universitária de referência regional
e nacional pela qualidade e compromisso do corpo docente; aquisição de competências institucionais para
o desenvolvimento de linhas de pesquisa; consolidação da extensão universitária; qualidade da oferta dos
ensinos presencial e a distância; bem-estar e satisfação da comunidade interna; qualidade da gestão
acadêmica e administrativa; compromisso social de inclusão; processos de cooperação e parceria com
o mundo do trabalho, como também pelo compromisso e relacionamento permanente com os egressos,
incentivando a educação continuada.
Professor Wilson de Matos Silva
Reitor

EMPREENDEDORISMO E INOVAÇÕES | Educação a Distância 5


Caro aluno, “ensinar não é transferir conhecimento, mas criar as possibilidades para a sua produção ou
a sua construção” (FREIRE, 1996, p. 25). Tenho a certeza de que no Núcleo de Educação a Distância
do Cesumar, você terá à sua disposição todas as condições para se fazer um competente profissional e,
assim, colaborar efetivamente para o desenvolvimento da realidade social em que está inserido.

Todas as atividades de estudo presentes neste material foram desenvolvidas para atender o seu processo
de formação e contemplam as diretrizes curriculares dos cursos de graduação, determinadas pelo
Ministério da Educação (MEC). Desta forma, buscando atender essas necessidades, dispomos de uma
equipe de profissionais multidisciplinares para que, independente da distância geográfica que você esteja,
possamos interagir e, assim, fazer-se presentes no seu processo de ensino-aprendizagem-conhecimento.

Neste sentido, por meio de um modelo pedagógico interativo, possibilitamos que, efetivamente, você
construa e amplie a sua rede de conhecimentos. Essa interatividade será vivenciada especialmente no
ambiente virtual de aprendizagem – AVA – no qual disponibilizamos, além do material produzido em
linguagem dialógica, aulas sobre os conteúdos abordados, atividades de estudo, enfim, um mundo de
linguagens diferenciadas e ricas de possibilidades efetivas para a sua aprendizagem. Assim sendo, todas
as atividades de ensino, disponibilizadas para o seu processo de formação, têm por intuito possibilitar o
desenvolvimento de novas competências necessárias para que você se aproprie do conhecimento de
forma colaborativa.

Portanto, recomendo que durante a realização de seu curso, você procure interagir com os textos, fazer
anotações, responder às atividades de autoestudo, participar ativamente dos fóruns, ver as indicações
de leitura e realizar novas pesquisas sobre os assuntos tratados, pois tais atividades lhe possibilitarão
organizar o seu processo educativo e, assim, superar os desafios na construção de conhecimentos.
Para finalizar essa mensagem de boas-vindas, lhe estendo o convite para que caminhe conosco na
Comunidade do Conhecimento e vivencie a oportunidade de constituir-se sujeito do seu processo de
aprendizagem e membro de uma comunidade mais universal e igualitária.

Um grande abraço e ótimos momentos de construção de aprendizagem!

Professora Gislene Miotto Catolino Raymundo


Coordenadora Pedagógica do NEAD- CESUMAR

6 EMPREENDEDORISMO E INOVAÇÕES| Educação a Distância


APRESENTAÇÃO

Livro: EMPREENDEDORISMO E INOVAÇÕES


Professor Me. Ricardo Azenha Loureiro Albuquerque
Professor Me. Juliano Mario da Silva
Professor Esp. Haroldo Yutaka Misunaga

Prezado acadêmico!

Vamos juntos estudar um pouco mais sobre empreendedorismo, assunto em que eu, Professor Ricardo,
juntamente com os Professores Haroldo e Juliano procuramos trazer os conceitos mais modernos a
respeito do tema para que possamos despertar as características empreendedoras em você.

Em minha parte trouxe uma breve introdução a respeito do tema empreendedorismo apresentando
os conceitos do tema e pesquisa recente do GEM - Global Entrepreneurship Monitor –, que tem o
objetivo de “explorar e compreender o fenômeno do empreendedorismo e o seu papel no processo de
desenvolvimento e crescimento econômico dos países”. Em outra parte deste material irei tratar a respeito
do intraempreendedorismo, ou seja, nós iremos descobrir que colaboradores em empresas privadas e/
ou públicas também podem ser empreendedores, mesmo não sendo donos de seus próprios negócios.
Encerrando minha participação nesta obra, falarei com você sobre Franchising, mostrando que muitas
vezes o caminho para o negócio próprio é contratar uma empresa que já detenha estrutura administrativa/
operacional pronta que possa assessorar no desenvolvimento do negócio, ou seja, ser empreendedor,
necessariamente não obriga as pessoas a começar seu negócio do zero, podendo iniciar na carreira
empresarial com uma franquia.

Por fim, trago um pouco de minha experiência com constituição de diversos negócios que adquiri e
iniciei durante minha vida que espero possa contribuir com, pelo menos o despertar de uma centelha
empreendedora em você.

Sucesso a todos, bons estudos e um excelente trabalho.

Prof. Me. Ricardo Azenha Loureiro Albuquerque.

Caro acadêmico!

As necessidades das pessoas têm crescido e com isso crescido também a versatilidade de pequenas,
médias e grandes empresas, diante desse cenário um personagem tem grande importância, o
empreendedor. São essas figuras que têm a capacidade de organizar adequadamente os recursos
produtivos e conduzir de forma harmônica os recursos humanos nas empresas, todas essas capacidades
aliadas às características do ambiente econômico é que chamamos de empreendedorismo.

EMPREENDEDORISMO E INOVAÇÕES | Educação a Distância 7


O Prof. Haroldo e Ricardo apresentaram rico conteúdo sobre os empreendedores e sobre as empresas,
por isso, procurei dar foco nos estudos do ambiente empreendedor, ponto este que não tem sido muito
estudado no Brasil, mas que tem importância no desenvolvimento das empresas, geração de empregos,
consequente distribuição de renda e, claro, atendimento das necessidades dos envolvidos nesse processo:
empreendedor, colaboradores, fornecedores e governo.

Espero que esse material possa plantar uma sementinha na fértil criatividade e iniciativa comuns a nós
brasileiros, pois empreender com conhecimento, geralmente, resulta em bons resultados.

Bom Estudo a você e sucesso empreendendo dentro de uma empresa como colaborador ou com seu
próprio negócio!

Prof. Me. Juliano Mario da Silva.

Caro acadêmico!

É uma grande satisfação poder dirigir-me a você por meio deste livro. No momento que estava escolhendo
os assuntos que seriam abordados ao longo deste material, procurei trazer, juntamente com os
professores Ricardo e Juliano, algo que pudesse contribuir para a análise, compreensão e discussão de
um tema que está em voga no atual contexto social e organizacional: o empreendedorismo. Compreender
a dinâmica desse fenômeno chamado empreendedorismo torna-se imperativo, pois trata-se de um
processo envolvendo pessoas com o objetivo de criar algo novo, diferente e com valor, não somente para
o empreendedor em si, mas para o desenvolvimento econômico e social de um local, região ou país.

Assim, meu objetivo ao escrever este livro foi o de compartilhar um pouco da experiência que adquiri
lecionando e convivendo com alunos da disciplina de Empreendedorismo nos cursos de graduação
do Centro Universitário de Maringá, além das pesquisas dos mais diversos tipos com as quais tive
oportunidade de ter contato durante meu curso de mestrado em Administração, na linha de pesquisa
Empreendedorismo, Inovação e Mercado. Espero ainda que este livro possa servir de base para novas
oportunidades de discussão sobre esse assunto tão importante para países e nações tanto no seu
contexto social como econômico.

Boa leitura, bons estudos e bom trabalho!

Prof. Esp. Haroldo Yutaka Misunaga

8 EMPREENDEDORISMO E INOVAÇÕES| Educação a Distância


UNIDADE I

INTRODUÇÃO AO EMPREENDEDORISMO

INTRODUÇÃO AO EMPREENDEDORISMO 13

EMPREENDER – O QUE SIGNIFICA ISSO? 13

O EMPREENDEDORISMO NO MUNDO 14

O EMPREENDEDOR – ENTENDENDO ESSE ESTRANHO SER 16

PERFIS DO EMPREENDEDOR 18

FORMAR EMPREENDEDORES: REALIDADE OU MITO? 21

POLÍTICAS PÚBLICAS E FONTES DE FINANCIAMENTO 34

POLÍTICAS PÚBLICAS E EMPREENDEDORISMO 46

FONTES DE FINANCIAMENTO 53

FINAME 54

UNIDADE II

INTRODUÇÃO AO EMPREENDEDORISMO

PROTEÇÃO DA PROPRIEDADE INTELECTUAL 63

CRIATIVIDADE, INOVAÇÃO E EMPREENDEDORISMO 73

FRANCHISING 81

FRANCHISING – CONHECENDO UM POUCO MAIS SOBRE O TERMO 82

FRANCHISING – A DIMENSÃO DO MODELO DE NEGÓCIOS 82

TIPOS DE FRANQUIAS 86

FRANCHISING – VANTAGENS E RISCOS 90

UNIDADE III

EMPREENDEDORISMO NA ATUALIDADE

INTRAEMPREENDEDORISMO – ENTENDENDO O TERMO 102

EMPREENDEDORISMO E INOVAÇÕES | Educação a Distância 9


CASES DE EMPRESAS QUE “ACERTARAM A MÃO” NO INTRAEMPREENDEDORISMO 103

INTRAEMPREENDORISMO – COMO DESENVOLVÊ-LO NAS EMPRESAS 104

EMPREENDEDORISMO E GLOBALIZAÇÃO 106

TENDÊNCIAS E DESAFIOS DO EMPREENDEDORISMO 108

CONCLUSÃO 115

REFERÊNCIAS 116

10 EMPREENDEDORISMO E INOVAÇÕES| Educação a Distância


UNIDADE I

INTRODUÇÃO AO EMPREENDEDORISMO
Professor Me. Ricardo Albuquerque Azenha
Professor Me. Juliano Mario da Silva
Professor Esp. Haroldo Yutaka Misunaga

Objetivos de Aprendizagem

• Compreender o significado e a importância do empreendedorismo na atualidade.


• Entender a importância do plano de negócios.
• Conhecer a estrutura do plano de negócios.
• Relacionar as políticas públicas ao ambiente empreendedor.
• Conhecer as principais fontes nacionais de financiamento ao empreendedor.

Plano de Estudo
A seguir, apresentam-se os tópicos que você estudará nesta unidade:

• Introdução ao empreendedorismo
• Empreendedorismo: o que significa isso?
• O empreendedorismo no mundo
• O empreendedor: entendendo esse estranho ser
• Apresentação do plano de negócios
• Por que redigir um plano de negócios?
• Mas afinal, o que é um plano de negócios?
• Qual é a estrutura de um plano de negócios?
• Políticas públicas e fontes de financiamento
• As Políticas Públicas e os governos
• As Políticas Públicas no Brasil
• Fontes de Financiamento
12 EMPREENDEDORISMO E INOVAÇÕES| Educação a Distância
INTRODUÇÃO AO EMPREENDEDORISMO

Quando você caminha por uma rua comercial de uma cidade qualquer, com certeza percebe a presença
de vários pontos comerciais. Estão ali, talvez, algumas lojas de calçados, outras de eletrodomésticos,
algumas relojoarias, quem sabe até algumas lanchonetes e farmácias.

Se você sai um pouco desta área central e vai para o entorno da cidade, percebe também a presença
de indústrias de pequeno, médio e até grande porte, fabricando os mais diferentes tipos de produtos
imagináveis. Logo nas primeiras horas da manhã e no final da tarde, outro movimento também acontece:
são centenas, milhares de pessoas que se deslocam de e para essas empresas para trabalhar.

Todo esse panorama que descrevemos acima é comum em nossas cidades, pequenas ou grandes, com
menor ou maior intensidade. O fato é que as empresas estão presentes em nossas vidas, fabricando
coisas, empregando pessoas, movendo com uma velocidade fantástica as engrenagens da economia.
Isto porque não falamos de centenas de milhares de pessoas que fabricam pães, salgados, consertam,
constroem, enfim, exercem atividades das mais variadas sem ter uma empresa formalmente constituída.

Essa dinâmica que vemos acontecer é prova de um fenômeno que não tem nada de recente, mas que
está entranhado na vida das pessoas: o empreendedorismo. Talvez, meu caro aluno, conversando com
você, poderemos constatar que você é um grande empreendedor e talvez nunca tenha se dado conta
disso.

Precisamos, então, conhecer esta característica nas pessoas e, mais do que isso, compreender como
essa característica pode levar alguém a ter sucesso na sua vida pessoal e profissional, ao mesmo
tempo contribuindo também para que outras pessoas possam realizar seus objetivos por meio de um
empreendimento.

Nesta primeira sessão, então, conheceremos um pouco mais das características daquele estranho ser
que faz as coisas acontecerem: o empreendedor.

EMPREENDER – O QUE SIGNIFICA ISSO?

Se pesquisarmos uma obra de referência, como um dicionário, por exemplo, vamos encontrar uma
definição muito interessante da palavra “empreender”. Por exemplo, o Dicionário on line Michaellis (<www.
michaelis.uol.com.br>) a define assim: (em2+lat prehendere) 1 Resolver-se a praticar (algo laborioso e
difícil); tentar, delinear; 2 Pôr em execução; 3 Realizar, fazer. Este mesmo dicionário dá a origem com a
junção do sufixo em mais a palavra do latim prehendere.

Já o termo empreendedorismo é tido como uma tradução livre para o português da palavra inglesa
entrepreneurship. Somente com estes dois vocábulos, você já conclui vários conceitos interessantes e
reais: empreender se refere ao ato de “fazer acontecer”, por algo em curso, por em prática uma ideia,

EMPREENDEDORISMO E INOVAÇÕES | Educação a Distância 13


um objetivo. Esses significados todos encontramos naquele que é o sujeito de todos estes atos: o
empreendedor.

Historicamente, se você pesquisar os países mais desenvolvidos do mundo, encontrará, via de regra,
um grande contingente de empreendedores que saíram a campo, colocaram seus planos em prática e
literalmente mudaram a realidade de onde estavam inseridos. Outro fato histórico e igualmente interessante,
se revisitarmos a literatura constataremos que os seres humanos sempre foram empreendedores, alguns
como agricultores, outros como comerciantes, ainda outros como artesãos, buscando formas de prover
os meios de subsistência para si e para suas famílias.

Este comportamento empreendedor parece ter sofrido uma redução com o advento da Revolução
Industrial que trouxe consigo a massificação do emprego formal. Este fato tornou a maioria das pessoas
apenas empregados executores de uma série de regras próprias da mecanização do trabalho humano. A
partir de então, empreender ficou restrito a um pequeno número de pessoas propensas a, elas mesmas,
iniciar um novo negócio.

Essas pessoas – empreendedoras – foram e ainda são responsáveis pelo “motor” da economia das
nações. Essa força propulsora despertou, gradativamente, o interesse de estudiosos sobre o tema, de
economistas a filósofos, de psicólogos a administradores.

O EMPREENDEDORISMO NO MUNDO

Essa força propulsora interessa aos países, o que influencia também estudos sobre o grau de
desenvolvimento da atividade empreendedora nas nações.

É bom que você saiba que iniciativas neste sentido foram formuladas, sendo que uma delas merece um
destaque especial. Trata-se da contribuição de três importantes instituições que estudam este assunto – a
Babson College dos EUA, a London Business School, da Inglaterra e a Universidad Del Desarrollo, do
Chile. Essas Instituições decidiram criar, em 1999, um projeto chamado GEM – Global Entrepreneurship
Monitor –, que tem o objetivo de “explorar e compreender o fenômeno do empreendedorismo e o seu
papel no processo de desenvolvimento e crescimento econômico dos países” (MARIANO; MAYER,
2008). Cumprindo essa finalidade, o GEM desenvolveu instrumentos que permitissem medir a atividade
empreendedora dos diversos países pesquisados.

Você pode ter acesso aos relatórios do GEM na Internet. No Brasil, as pesquisas para o GEM estão
a cargo do Instituto Brasileiro de Qualidade e Produtividade, que tem como um de seus objetivos “a
promoção e a valorização de uma cultura cada vez mais empreendedora no Brasil” (Relatório GEM,
2010). O resultado é uma melhor compreensão do perfil empreendedor do brasileiro. O SEBRAE também
é parceiro desta iniciativa no Brasil e publica a versão em português do relatório, contando com o auxílio
de renomados pesquisadores e autores do tema Empreendedorismo em território nacional.

Os critérios da pesquisa do GEM são muito interessantes. A metodologia leva em conta as três categorias

14 EMPREENDEDORISMO E INOVAÇÕES| Educação a Distância


de países para coleta das amostras, respeitando o seu desenvolvimento econômico, de acordo com critérios
definidos pelo Fórum Econômico Mundial. Para se ter uma ideia de como funciona essa classificação,
no primeiro grupo considera-se os países cujas economias são baseadas na extração e comercialização
de recursos naturais, considerados menos desenvolvidos, exemplos da Bolívia e Uganda. Nosso país faz
parte dos países impulsionados pela eficiência que considera as economias norteadas para a eficiência
e a produção industrial em escala, casos também do Chile e da China. O terceiro grupo é o dos demais
países que são impulsionados pela inovação, os países mais ricos, como Estados Unidos e Itália.

Outro critério utilizado pelo GEM é a divisão dos países pesquisados em dois grupos, segundo o PIB per
capita (considerado pela paridade do poder de compra) (MARIANO; MAYER, 2008):
a. Países de renda média: PIB per capita inferior a US$20,000.00.
b. Países de renda alta: PIB per capita superior a US$20,000.00.

O GEM desenvolveu um índice para medir a taxa de empreendedorismo nos países participantes da
pesquisa, a chamada Taxa de Empreendedores em Estágio Inicial (TEA), que representa a proporção de
pessoas na faixa etária entre 18 e 64 anos envolvidas em atividades empreendedoras na condição de
empreendedores de negócios nascentes ou empreendedores à frente de negócios novos, ou seja, com
menos de 42 (quarenta e dois) meses de existência. O cálculo é simples: se o índice TEA for de 10%,
por exemplo, basta extrair esse percentual do total da população adulta (de 18 a 64 anos) de um país.
Imaginemos uma população adulta de 120 milhões de pessoas num país que apresente TEA de 15%,
significa que 18 milhões de pessoas iniciaram empreendimentos no país.

É muito proveitoso que você conheça os resultados dessa pesquisa, até para que você tenha uma visão
do grau de desenvolvimento do espírito empreendedor pelo mundo e, em especial, no Brasil.

Os resultados do Brasil têm sido muito animadores. O relatório GEM 2010 indica que o Brasil apresentou
naquele ano, uma TEA de 17,5% que é a maior já registrada desde que a GEM começou a ser realizada no
país. O número de adultos considerados ficou em torno de 120 milhões de pessoas, valor que representa
21,1 milhões de brasileiros empreendendo em 2010. A pesquisa destaca que, em números absolutos de
empreendedores, este é menor apenas que o registrado na China. Outro fato interessante é que ao longo
dos onze anos em que o Brasil participa da GEM, o país mantém uma TEA superior a média dos países
participantes (GRECO, et al. 2010).

EMPREENDEDORISMO E INOVAÇÕES | Educação a Distância 15


Na figura abaixo, demonstra-se essa evolução da Taxa no Brasil, entre os anos de 2002 a 2010.

25%

17,5%
15,3%
13,5% 12,9% 13,5%
12,7% 12,0%
11,3% 11,7% 13,3%

0%
2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2002: 2010

Figura 1: Evolução da Taxa de Empreendedores Iniciais (TEA) no Brasil

Fonte: Greco, et al. (2010)

Há uma preocupação de que muitas pessoas acabam por empreender unicamente pela necessidade, o
que seria um indicativo de que a pessoa não teve alternativa senão iniciar um negócio para sobreviver.
Mas é animador na pesquisa GEM 2010 que o crescimento da atividade empreendedora no país não se
deu apenas no aspecto quantitativo, mas também no qualitativo. Isto porque o empreendedorismo por
oportunidade – aquele que enxerga de fato uma possibilidade real de exploração de um novo negócio
-também registrou alta. Se comparado com o empreendedorismo por necessidade, a proporção entre os
dois foi de 2,1 empreendedores por oportunidade para cada empreendedor por necessidade (RELATÓRIO
GEM, 2010).

O EMPREENDEDOR – ENTENDENDO ESSE ESTRANHO SER

Para que você tenha uma ideia da diversidade de compreensão do termo empreendedor, Mariano e Mayer
(2008) trazem as palavras do professor Fernando Dolabela, que é considerado um dos percussores do
ensino sobre empreendedorismo no Brasil. Para Dolabela, há muitas definições do termo empreendedor,
principalmente porque são propostas por pesquisadores de diferentes campos, que utilizam os princípios de
suas próprias áreas de interesse para construir o conceito. (...) os economistas associaram o empreendedor
à inovação, e os comportamentalistas, que enfatizam aspectos atitudinais, com a criatividade e a intuição
(MARIANO; MAYER, 2008).

Dentre todos os estudiosos do tema Empreendedorismo, foram os economistas os primeiros que


emitiram conceitos sobre o assunto, reconhecendo, desde sempre, a importância para a economia da
presença dos empreendedores. Uma contribuição importante dos economistas foi a distinção entre
EMPREENDEDORES e CAPITALISTAS. Vale a pena nós conhecermos bem essa diferença, pois muitas
pessoas consideram que a pessoa que investe seu capital num negócio qualquer é um empreendedor. De

16 EMPREENDEDORISMO E INOVAÇÕES| Educação a Distância


acordo com os economistas, ISTO NÃO É VERDADE.

Para Robert Young (apud MARIANO; MAYER, 2008, p. 12), “não há empreendedorismo no ato de investir
em um novo empreendimento, assim como não há empreendedorismo no investimento em uma carteira
de ações na bolsa de valores ou numa caderneta de poupança”. Assim, na visão de Young, “sócios
capitalistas são investidores que trocam riscos pela expectativa de remuneração mais elevada sobre o
capital investido”.

Um dos mais destacados economistas, pesquisador do empreendedorismo, o austríaco Joseph


Schumpeter, formulou o conceito de que o empreendedor exerce o papel de um destruidor criativo ou
construtivo, dependendo do ponto de vista. O empreendedor, por meio do uso de sua imaginação e
capacidade de realização, “destrói processos, padrões de produção, fontes de mercadoria e até mesmo
indústrias antigas e os substitui por outros de maior eficácia e produtividade. A ação dos empreendedores
provoca grande impacto na economia, ao mesmo tempo em que gera progresso e desenvolvimento”
(MARIANO; MAYER, 2008, p. 13).

Encontramos nos estudos de Schumpeter cinco tipos básicos de inovação, frutos de mentes
empreendedoras. Veja no Quadro abaixo a descrição de cada uma delas:

Quadro 1: Tipos Básicos de Inovação na Visão do Empreendedor

Fonte: o autor, com base em Mariano e Mayer, 2008.

EMPREENDEDORISMO E INOVAÇÕES | Educação a Distância 17


Ainda outros autores, como Filion (2000, p.28, apud SILVA, et al. 2008) ensina que o termo empreendedor
(entrepreneur) tem origem francesa e indica “aquele que assume riscos e começa algo novo, mesmo
dentro de uma corporação existente”. Por esta definição, o empreendedor é “uma pessoa que imagina,
desenvolve e realiza visões”.

Filion desenvolveu um modelo de três categorias de visão do empreendedor, partindo de seus sistemas
de relações, aspectos de liderança, energia e percepções. Podemos analisar este modelo pelo Quadro
abaixo:

Quadro 2: Visões do Empreendedor

Fonte: o autor, com base em Filion (2000, apud SILVA, et al. 2008).

Então, meu caro aluno, você pode perceber a importância do tema e, principalmente, das consequências
para todos nós do trabalho dos empreendedores. Aliás, podemos agora mesmo analisar o perfil deste
profissional que realiza, faz as coisas acontecerem, que tem visões e um pensamento inovador. Ao
analisar esse perfil, procure verificar se você tem uma ou mais dessas características. Depois vamos
discutir se é possível desenvolver um empreendedor a partir de uma pessoa “comum”.

PERFIS DO EMPREENDEDOR

Talvez você sempre tenha desejado saber o que faz com que uma pessoa decida ser empreendedor.
Como comentamos acima, muitos se tornam empreendedores por exclusiva necessidade da vida:
encontramos neste grupo adultos, geralmente, responsáveis por uma família, que ficam desempregados

18 EMPREENDEDORISMO E INOVAÇÕES| Educação a Distância


e, por dificuldade de recolocação no mercado de trabalho – talvez pela própria idade –, iniciam um
empreendimento para ter os meios de subsistência para si e para a família.

Falando um pouco mais sobre este perfil de empreendedor, Filion (1999 apud OLIVEIRA; GUIMARÃES,
2006) argumenta que iniciou-se nos anos 90 este novo tipo de empreendedor: “o involuntário”. Filion
designa que empreendedores involuntários são formados por “jovens recém-formados e pelas pessoas
que foram demitidas em função dos processos de fusões, privatizações e reengenharia, os quais, não
conseguindo retornar ao mercado formal de trabalho, têm na criação do próprio negócio, uma alternativa
de trabalho e renda”. Outra observação desse autor é que esse tipo de empreender faz a opção pelo
autoemprego, ou empreendimento, mas não são empreendedores no sentido geralmente aceito do termo.
Criam uma atividade de negócio, mas não são movidos pelo aspecto da inovação.

Mas um contingente importante – e que ficou demonstrado pelo relatório GEM 2010 – é composto por
pessoas que enxergam uma oportunidade real de negócios e lançam-se à ação, a realizar o que a
oportunidade lhes trouxe à porta, o que muitos chamam de “cavalo encilhado”.

Mas independente do motivo que os fez empreender, todos querem que seus ideais se realizem. Por isso,
precisamos compreender o perfil do empreendedor, aquilo que eles deveriam minimamente apresentar
para que possam ser bem-sucedidos.

Ao revisitar a literatura sobre o perfil do empreendedor, encontramos algumas linhas comuns a todos eles.
Vamos analisar algumas?

Na pesquisa realizada por Silva, et al. (2008), encontramos as seguintes citações:

EMPREENDEDORISMO E INOVAÇÕES | Educação a Distância 19


Quadro 3: Características de Empreendedores

Fonte: o autor, com base em Silva, et al. (2008) e Greco, et al. (2010)

Um dos autores mencionados acima, McClelland, ainda lista dez competências pessoais empreendedoras
(CPEs), presentes no empreendedor:
1. Busca de oportunidades e iniciativa.
2. Persistência.
3. Aceitação de riscos.
4. Exigência de eficiência e qualidade.
5. Comprometimento com o trabalho.
6. Estabelecimento de metas.
7. Busca de informações.
8. Monitoramento e planejamento sistemático.
9. Persuasão e rede de contatos.
10. Independência e autoconfiança (MARIANO; MAYER, 2008).

Silva (et al., 2008) destacam que dificilmente os empreendedores que atingem o sucesso possuem todas
as características mencionadas pelos autores acima, por si mesmos. Na verdade, um fator importante
para seu sucesso está na equipe ou no meio organizacional em que o empreendedor está inserido, que

20 EMPREENDEDORISMO E INOVAÇÕES| Educação a Distância


formando um conjunto, pode propiciar as condições de alcance de suas metas. Um fato importante é
que os empreendedores não são apenas aqueles que têm ideias, criam novos produtos ou processos.
São também os que implementam, lideram equipes e vendem suas ideias. É difícil encontrar todas essas
características em uma única pessoa. Por isso, a identificação do perfil de cada uma é a chave e o trabalho
em equipe pode ser fundamental para o sucesso dos empreendedores dentro de uma organização (SILVA,
et al. 2008).

Poderíamos resumir algumas colocações que estudamos até agora na figura abaixo, em que vemos
demonstrado o que faz alguém empreender e abrir uma empresa.

Figura 2: Perfis do Empreendedor

Fonte: Oliveira e Guimarães, 2006.

Diante da dessa descrição do perfil do empreendedor e da constatação de que eles não são super-
humanos, porém manifestam certas qualidades individuais ou em conjunto que favorecem a expressão de
seu desejo de empreender. Reflita: você é esse tipo de pessoa? Afinal, é possível formar um empreendedor?

FORMAR EMPREENDEDORES: REALIDADE OU MITO?

A resposta à pergunta de: é possível formar um empreendedor ou se eles já nascem prontos, não é tão
simples de responder. É bom que você saiba que existem debates ferrenhos sobre o assunto. Os que
acreditam que os empreendedores já “vêm prontos”, ou seja, nascem com as habilidades necessárias –
como as que descrevemos anteriormente – são bastante persuasivos na defesa desta posição. Afinal,
dizem eles, não é verdade que existem pessoas que jamais empreendem, que mesmo que recebam

EMPREENDEDORISMO E INOVAÇÕES | Educação a Distância 21


educação superior da melhor qualidade, ainda assim preferem a estabilidade de um emprego formal e da
“segurança” que oferece?

Por outro lado, os que defendem que é possível aprender a empreender argumentam – com igual
capacidade argumentativa – que qualquer pessoa, ou pelo menos a maioria, se treinada, preparada, se
realmente se dedicar com afinco, pode sim desenvolver as habilidades necessárias de um empreendedor
com sucesso.

Afinal, quem está com a razão? Apesar de que, ao revisitarmos as estatísticas sobre negócios bem-
sucedidos, encontraremos a informação de que a experiência anterior pesa mais do que os estudos
– num percentual acima de 50%, de acordo com pesquisas do Sebrae – este argumento é falho, pois a
experiência anterior é uma forma de aprendizado, não é verdade? A diferença é que esse aprendizado foi
adquirido ao estilo “fazendo-e-aprendendo” e não formalmente, como numa Universidade. O caso é que
esse tipo de aprendizado pode sair caro, tanto financeiramente, com a destruição de patrimônio próprio
e de pessoas que confiaram no empreendimento, como emocionalmente: não é nada glamuroso ver um
empreendimento fracassar.

Portanto, por que não aproveitar-se de todo o conhecimento acumulado, na experiência prática, na
pesquisa, na absorção de competências técnicas e desenvolvimento de habilidades pessoais por meio de
uma formação continuada? É isso que as principais Instituições de ensino procuram fazer. Esse repositório
de conhecimento está disponível para quem desejar formar-se como empreendedor de sucesso.

É evidente que não podemos ser ingênuos e acreditar que somente a qualificação profissional é o
bastante. Há vários outros fatores que contribuem para o sucesso de um empreendimento, tais como
políticas governamentais, fatores externos como taxa de câmbio, taxa de juros, a existência ou não de
agências de apoio, o próprio mercado. No entanto, sem a preparação individual, o jogo nem começa. É
preciso ter competência para se estabelecer.

APRESENTAÇÃO DO PLANO DE NEGÓCIOS

Um empreendimento representa, na maioria das vezes, a concretização de um sonho. O desejo de tornar


tal sonho realidade faz com que o empreendedor não meça esforços, buscando naquilo que ele sabe,
conhece e, principalmente, naquilo que vivenciou durante sua vida subsídios para concretização de tal
sonho.

Entretanto, basear-se apenas naquilo que se sabe ou conhece não é suficiente para garantir a concretização
do sonho do empreendedor, bem como a sua continuidade. É necessário, além disso, buscar outros
meios que ajudem-no a sustentar esse sonho. Caso contrário, tal sonho pode transformar-se em um
verdadeiro pesadelo!

Desta maneira, esta seção irá dedicar-se a apresentar e destacar a importância da elaboração de um bom
plano de negócios (também conhecido como business plan) que atua como ferramenta útil e necessária

22 EMPREENDEDORISMO E INOVAÇÕES| Educação a Distância


no auxílio ao empreendedor para a concretização do sonho de ser dono do seu próprio negócio.

Por que redigir um plano de negócios?

Imagine que no próximo feriado, você e sua família viajarão para a cidade de Santiago, no Chile. Todos
estão bastante animados e empolgados com a viagem uma vez que ainda não conhecem a capital chilena.
Agora, basta esperar o feriado, pegar o carro, colocar todo mundo dentro e curtir a viagem... será?

Fonte: SHUTTERSTOCK.COM

A maioria das pessoas, quando sai para viajar, não procede dessa maneira. Geralmente, é necessário
planejar (lembre-se desta palavra!) a viagem. O destino já foi estabelecido, ou seja, a cidade de Santiago.
A partir disso é possível responder a perguntas como: quantos quilômetros terei que percorrer da minha
cidade até Santiago? Quanto tempo levará para percorrer essa distância? Iremos de carro? Ônibus?
Avião? Qual será o custo da viagem? Temos dinheiro suficiente para arcar com tais custos? Onde
ficaremos hospedados? Quanto tempo ficaremos na cidade? Quais lugares visitaremos? Onde faremos
nossas refeições? Enfim, são várias questões que deverão ser analisadas e respondidas, para que a
viagem possa acontecer de forma tranquila e segura e também diminuir o risco de que algo saia errado
e prejudique o passeio da família.

Da mesma forma, empreender exige planejamento e preparação. Assim, o plano de negócios se mostra
como a ferramenta principal que o empreendedor pode utilizar para realizar o planejamento das atividades
e das ações do seu empreendimento. Aidar (2007) destaca que grande parte dos empreendedores inicia
o seu empreendimento sem a elaboração de um plano de negócios. De acordo com esse autor, muitos
empreendedores acabam por concordar que a realização de um planejamento, como o oferecido pelo
plano de negócios teria sido útil principalmente no que diz respeito a evitar erros e possíveis armadilhas
encontradas no início de um negócio.

EMPREENDEDORISMO E INOVAÇÕES | Educação a Distância 23


Mas afinal, o que é um plano de negócios?

O plano de negócios atua como uma ferramenta no auxílio a empreendedores que pretendem iniciar um
negócio e também para empresas já estabelecidas que planejam ampliar suas atividades com vistas à
sua consolidação junto ao mercado no qual atuam. Nesse sentido, Birley e Muzika (2004) afirmam que
o plano de negócios se mostra útil também para empresas que planejam uma mudança de rumo ou
estabelecer uma nova fase com crescimento para a empresa. Para Hisrich, Peters e Shepherd (2009), um
plano de negócios caracteriza-se como um documento elaborado pelo empreendedor em que o conteúdo
descreve todos os possíveis elementos internos e externos considerados relevantes para o início de um
novo negócio. Além do que, conforme Dornelas (2003), o plano de negócios se caracteriza como um
documento cuja finalidade é descrever um empreendimento e o modelo de gestão que irá sustentá-lo.

Complementando esta ideia, Pizo, Pereira e Tubino (2001) salientam que o plano de negócios é um
documento capaz de permitir o amplo conhecimento de um negócio como um todo, bem como permitir
a análise dos riscos e custos envolvidos na execução de qualquer empreendimento. Pierantoni (2012)
destaca que um plano de negócios objetiva auxiliar o empreendedor ou o executivo a planejar e direcionar
suas ideias, considerado aquilo que foi imaginado e pensado para a sua empresa, e, ao mesmo tempo,
atuando como um meio de acompanhamento e estabelecimento de metas e gerenciamento de riscos.
Baron e Shane (2011) afirmam que o plano de negócios deve explicar o que o novo empreendimento irá
tentar realizar e de que forma alcançará as metas que foram estabelecidas para tal negócio, ou seja, o
plano de negócios deve converter as ideias do empreendedor em realidade.

Entretanto, Viesti (2011) alerta que o plano de negócios não deve ser visto como uma “camisa de força”,
ou seja, não deve ser tratado como algo rígido composto por regras que não podem ser alteradas ou
ajustadas. Esse autor destaca que o plano deve servir como um guia cujo conteúdo deve abordar as
principais ações e estratégias de um novo negócio com a flexibilidade necessária para que o empreendedor
(e o empreendimento) possa reagir às ações impostas pelo mercado na qual está atuando. Baron e Shane
(2011) afirmam que o planejamento realizado por meio do plano de negócios deve ser cuidadoso, mas ao
mesmo tempo flexível com vistas a atender às necessidades específicas do novo empreendimento.

Na verdade, um plano de negócios, conforme destaca Dornelas (2005), deve ser o meio pelo qual o
empreendedor possa expressar suas ideias, em uma linguagem acessível e que possibilite o amplo
e completo entendimento por quem irá lê-lo. Além disso, o principal aspecto a ser evidenciado no
plano, conforme esse autor, é mostrar a viabilidade e, principalmente, a possibilidade de sucesso do
empreendimento que está sendo descrito. Hisrich, Peters e Shepherd (2009) salientam ainda que o plano
de negócios serve como ferramenta útil para a captação de recursos para financiamento do negócio.

24 EMPREENDEDORISMO E INOVAÇÕES| Educação a Distância


Fonte: SHUTTERSTOCK.COM

Por fim, depois de compreender do que se trata um plano de negócios e a sua importância para os
empreendedores que pretendem iniciar um negócio, você deve estar se perguntando: mas como elaborar
o plano de negócios? O que o plano de negócios deve contemplar exatamente? Quem deve ser o
responsável pela elaboração do plano de negócios? A resposta para essas perguntas serão apresentadas
na seção a seguir. Confira!

Qual é a estrutura de um plano de negócios?

Se você está ansioso à espera de uma “receita” de como elaborar o plano de negócios, lamento informar,
mas tal “receita” não existe! O que existe é uma estrutura que pode ser utilizada e ajustada conforme as
necessidades impostas pelo futuro empreendimento. Isso deve ser feito principalmente devido ao fato
de que as realidades nas quais os empreendedores e seus empreendimentos estão inseridos não são
exatamente iguais.
Fonte: SHUTTERSTOCK.COM

A preparação de um plano de negócios exige trabalho árduo sendo necessário uma grande quantidade
de horas de pensamento cuidadoso seguidas por uma quantidade equivalente ou superior de horas para
converter tais pensamentos em um documento escrito (BARON; SHANE, 2011). Hisrich, Peters e Shepherd

EMPREENDEDORISMO E INOVAÇÕES | Educação a Distância 25


(2009) alertam que a elaboração de um bom plano de negócios pode levar centenas de horas, dependendo
de aspectos como experiência e conhecimento do empreendedor, bem como o objetivo almejado pelo
plano. Conforme esses autores, o plano deve ser bastante abrangente com vistas a proporcionar a um
investidor em potencial uma visão geral e um panorama completo do novo empreendimento além de
tornar mais clara a ideia do negócio para o próprio empreendedor.

Hisrich, Peters e Shepherd (2009) recomendam que, antes de destinar tempo e energia na elaboração
do plano de negócios, o empreendedor realize um rápido estudo de viabilidade envolvendo o conceito do
negócio com o intuito de verificar a existência de possíveis barreiras ao seu sucesso. Complementando,
Birley e Muzyka (2004) indicam que a forma mais fácil de elaborar um plano de negócios é, em primeiro
lugar, reunir informações para em seguida escrever o plano. Levando em consideração o país ou a região
na qual você vive, esses autores afirmam que a elaboração do plano de negócios poderá encontrar
informações por meio da combinação de bibliotecas, bases de dados do governo que são disponibilizadas
ao público, contadores, advogados, bem como contatos pessoais do empreendedor. Além disso, outras
fontes de informação úteis, de acordo com esses autores, são os clientes e fornecedores em potencial
que poderão ser entrevistados e, assim, garantir uma maior credibilidade ao plano.

Em se tratando de fontes de pesquisa, Dolabela (2008) destaca duas fontes: primárias e secundárias.
Fontes primárias, de acordo com o autor, caracterizam-se por informações que foram produzidas no
decorrer da própria pesquisa, ou seja, oriundas da coleta e análise realizadas pelo empreendedor. Já
as fontes secundárias são definidas pelo autor como sendo dados e informações que foram coletados
por terceiros e, em seguida, disponibilizados para o público em geral. Tais dados são coletados por
instituições como o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o Serviço Brasileiro de Apoio às
Micro e Pequenas Empresas (Sebrae), prefeituras, governos estaduais, associações de classe, sindicatos
etc. As fontes secundárias de dados e informações se mostram vantajosas uma vez que o empreendedor
irá economizar tempo e, principalmente, recursos financeiros com a realização da coleta de dados uma
vez que esses dados já foram coletados e tabulados estando disponíveis agora para uso.

De acordo com Degen (2009), o plano de negócios representa a descrição, em um documento escrito,
da oportunidade de negócio almejada pelo empreendedor. Tal descrição, conforme esse autor, deve
considerar o conceito do negócio, os riscos envolvendo o empreendimento, bem como as formas de
gerenciamento de tais riscos, a potencial lucratividade e expansão do negócio, projeção de fluxo de
caixa, estratégias competitivas envolvendo marketing e vendas, dentre outras informações importantes e
valiosas para a concretização do negócio. Além disso, para Ferreira, Santos e Serra (2010), o plano de
negócios deve incluir itens como a explicação do modelo de negócio, a identificação de possíveis clientes
e concorrentes, a demanda de pessoal (funcionários) e o montante necessário de investimento financeiro
e também, elementos operacionais.

Confira a seguir uma estrutura do plano de negócios sugerido por Ferreira, Santos e Serra (2010) que
contempla os seguintes elementos:

26 EMPREENDEDORISMO E INOVAÇÕES| Educação a Distância


Capa e índice.
Introdução/ Sumário executivo.
Apresentação do negócio.
A equipe fundadora e de gestão.
Apresentação da empresa e sua estrutura.
A análise do meio ambiente e do setor.
O plano de marketing e análise do mercado.
A estratégia da empresa.
O plano de organização e de recursos humanos.
O plano de produção ou operações.
O plano econômico-financeiro.
Plano/calendário de implementação.
Anexos.

Pode não parecer, mas a capa é uma das partes de maior importância do plano de negócios. Trata-se da
primeira parte do plano que será visualizada pelo seu leitor. Portanto, deve ser feita com a maior seriedade
possível devendo apresentar informações pertinentes e necessárias. Ferreira, Santos e Serra (2010)
recomendam incluir os dados de contatos da empresa: nome, endereço, telefone, endereço eletrônico e,
o principal, informações para contato com o(s) empreendedor(es).

Em se tratando do sumário executivo, Baron e Shane (2011) descrevem-no como sendo a parte do plano
de negócios que deve ser breve e ir direto ao ponto, apresentando uma visão geral, concisa e clara sobre
o que é o empreendimento apresentado pelo plano. Por isso, o sumário executivo sendo a “porta de
entrada”, é uma das partes essenciais do plano de negócios, pois sintetiza a essência do negócio e tem
o objetivo de despertar o interesse do leitor nas demais partes do plano. Ferreira, Santos e Serra (2010)
destacam que, no sumário executivo, o empreendedor deve dar ênfase no modelo de negócio que se
pretende implementar, a oportunidade de mercado que se pretende conquistar e o motivo pelo qual tal
oportunidade surgiu, do investimento necessário e as possíveis vantagens competitivas. Hisrich, Peters
e Shepherd (2009, p. 231) apresentam quatro questões que podem nortear a elaboração do sumário
executivo: (1) Qual é o conceito ou modelo do negócio? (2) Até que ponto esse conceito ou modelo de
negócio é único? (3) Quem são as pessoas que estão iniciando esse negócio? (4) Como o capital será
obtido e qual é o montante necessário?

Na apresentação do negócio, o empreendedor deve explicar a oportunidade que foi identificada como
sendo passível de gerar uma aplicação comercial a um determinado produto ou serviço. Para Ferreira,
Santos e Serra (2010), nessa etapa, o empreendedor deve descrever o problema a ser resolvido ou a
necessidade a ser satisfeita e como o empreendimento contribuirá para a resolução desse problema ou
satisfação dessa necessidade. O empreendedor deve ater-se a explicar, conforme Baron e Shane (2011),

EMPREENDEDORISMO E INOVAÇÕES | Educação a Distância 27


qual é a natureza da ideia que direcionará a empresa e como essa ideia surgiu. Além disso, Degen
(2009) afirma que a apresentação do negócio deve ser concluída com uma descrição do potencial de
lucratividade e de crescimento do negócio, os riscos que envolvem o empreendimento e a maneira como
serão administrados pelo empreendedor.

Quem são os empreendedores? Essa é a principal questão feita por possíveis investidores do novo
negócio. É necessário, de acordo com Ferreira, Santos e Serra (2010), detalhar todas as informações
sobre os fundadores do negócio bem como da equipe responsável pela gestão do empreendimento. Se
os investidores entenderem que a equipe e os empreendedores não são suficientemente competentes ou
confiáveis, certamente não depositarão o seu valioso dinheiro no negócio e podem preferir mantê-lo, por
exemplo, investido em uma caderneta de poupança cuja rentabilidade e retorno são garantidos. “Muitos
capitalistas de risco observam que é melhor investir em uma equipe de primeira classe com uma ideia de
segunda classe do que em uma equipe de segunda classe com uma ideia de primeira classe” (BARON;
SHANE, 2011, p. 194). Por isso, apresentar informações básicas e verídicas tais como os dados pessoais,
a formação acadêmica e experiência profissional são importantes na descrição da equipe fundadora e de
gestão.
Fonte: SHUTTERSTOCK.COM

A apresentação da empresa e de sua estrutura deve enfatizar aspectos relevantes como: classificação
jurídica do empreendimento, composição societária, nome ou denominação jurídica da empresa, logotipo,
organograma da empresa etc. Ferreira, Santos e Serra (2010) alertam que essa parte do plano de negócios
é essencial, mas que deve ser breve e incluir apenas itens relevantes como os descritos anteriormente.

É imprescindível colocar o futuro empreendimento em um contexto adequado. Para que isso seja
possível, é necessário fazer um estudo aprofundado sobre o ambiente e o setor no qual o novo negócio
irá atuar. O objetivo principal da análise do ambiente, de acordo com Hisrich, Peters e Shepherd (2009),
é a identificação de tendências e modificações ocorridas tanto em nível nacional como internacional e
que poderão, de alguma forma, exercer influência sobre o novo empreendimento. Ferreira, Santos e Serra
(2010) indicam algumas variáveis ambientais que devem ser observadas e analisadas pelo empreendedor:

28 EMPREENDEDORISMO E INOVAÇÕES| Educação a Distância


demográficas, culturais, ambientais, tecnológicas, econômicas, políticas e legais. Já em relação ao setor,
trata-se do estudo da área específica na qual o novo empreendimento irá atuar. Considerar quem são os
concorrentes, onde estão localizados, quais são os produtos e serviços comercializados por eles, quais
são os preços e condições de pagamento praticados etc. são aspectos que, de acordo com Ferreira,
Santos e Serra (2010), devem ser analisados pelo empreendedor quando da análise do setor.

Como você irá comercializar o seu produto? Tal pergunta deve direcionar a elaboração do plano de
marketing e a análise de mercado. Identificar e analisar a aceitação do produto ou serviço comercializado
pelo futuro empreendimento torna-se questão essencial para o empreendedor, pois será a comercialização
do produto ou serviço que garantirá a entrada de dinheiro no caixa da futura empresa. Investidores ficam
bastante atentos para a capacidade de conversão de uma ideia em um produto que as pessoas queiram
comprar. Quanto maior a capacidade de realizar tal conversão, maior será a possibilidade de sucesso
do negócio. Mas, mais importante do que explicar como o futuro empreendimento pretende conquistar
clientes, é o empreendedor se preocupar em explicar também como pretende mantê-los consumindo
seus produtos ou serviços. Para Ferreira, Santos e Serra (2010), o empreendedor deve apresentar qual
será sua estratégia para o composto (mix) de marketing: produto, preço, promoção e ponto de distribuição
(praça).

O empreendedor deve estabelecer quais serão os objetivos no curto, médio e longo prazo que pretende
alcançar. Definir a estratégia da empresa mostra ao empreendedor quais são os “caminhos” que deverá
seguir para a implementação e consolidação do negócio. De acordo com Ferreira, Santos e Serra (2010),
deve ser contemplado, no plano de negócios, uma seção sobre a estratégia a ser seguida pelo futuro
empreendimento. Esses autores afirmam que tal estratégia deve contemplar a visão (direção que a
empresa pretende seguir) e a missão (qual a razão de ser da empresa) empresarial, os objetivos da
empresa, a análise dos pontos fortes e fracos, possíveis forças e fraquezas do empreendimento (análise
SWOT) além da estratégia adotada para atingir o mercado-alvo e lidar com os concorrentes.

“Gerenciar pessoas é o maior desafio” é o que afirmam Birley e Muzika (2004, p. 108). De acordo com
esses autores, gerenciar pessoas é uma das tarefas mais difíceis e demoradas uma vez que é necessário
liderança para fazer com que outras pessoas aceitem a visão do empreendedor, sendo necessário
motivar e sustentar o comprometimento dessas pessoas para com o ideal da empresa fazendo-as
trabalharem em conjunto visando à consecução do objetivo estabelecido para o novo empreendimento.
Desta maneira, o plano de organização e de recursos humanos deve contemplar o planejamento das
formas de gerenciamento do capital humano do futuro empreendimento. De acordo com Ferreira, Santos
e Serra (2010), é necessário planejar as necessidades de recursos humanos, as competências inerentes
e que estejam relacionadas com o negócio e as tarefas a serem realizadas.

Descrever como se dá o processo de fabricação do produto ou a forma como será prestado o serviço pelo
novo empreendimento é tarefa do plano de produção ou de operações. Nesta etapa do plano de negócios,
é necessário descrever o processo de fabricação do produto que será comercializado bem como todos
os agentes envolvidos em tal processo. O empreendedor não deve se restringir em detalhar apenas o

EMPREENDEDORISMO E INOVAÇÕES | Educação a Distância 29


processo produtivo mas, segundo Hisrich, Peters e Shepherd (2009), deve também descrever o fluxo de
produção de bens e serviços da produção até o cliente. Para Dornelas (2005), o plano de produção ou de
operações deve contemplar o lead time produtivo, o percentual de entregas a tempo (on time delivery), a
rotatividade do inventário, o índice de refugo, o lead time do desenvolvimento do produto ou serviço etc.
Fonte: SHUTTERSTOCK.COM

Demonstrar a capacidade do novo empreendimento quanto à viabilidade financeira e à possibilidade


de sucesso é tarefa do plano econômico-financeiro (FERREIRA; SANTOS; SERRA, 2010). De acordo
com Baron e Shane (2011), o plano econômico financeiro deve fornecer uma avaliação de quais ativos a
empresa possuirá, quais serão as dívidas sob sua responsabilidade, além de apresentar um demonstrativo
de fluxo de caixa (apresentando o valor previsto das entradas e saídas de caixa) e a análise do ponto de
equilíbrio (apresentando o nível de vendas necessárias para que todos os custos possam ser cobertos).

Elaborar um calendário de implementação, conforme Ferreira, Santos e Serra (2010), favorece a


compreensão das diversas etapas a serem cumpridas no decorrer da implementação do empreendimento.
Além disso, esses autores salientam que com o auxílio de um calendário estabelecido pelo empreendedor,
é possível planejar melhor as necessidades financeiras requeridas por cada etapa.

Incluir como anexo todos os documentos e informações adicionais considerados como sendo relevantes
para uma melhor compreensão do plano de negócios. De acordo com Dornelas (2005), é possível anexar
documentos como fotos de produtos, mapas de localização, resultados de pesquisas, bem como os
roteiros utilizados para a sua realização, material de campanha publicitária, catálogos, estatutos, contrato
social da empresa, demonstrativos financeiros detalhados etc.

Degen (2009) apresenta uma divisão do plano de negócios com o intuito de auxiliar e orientar o
candidato a empreendedor (vide figura 1). O autor classifica as divisões do plano de negócios em três
categorias, considerando para tal classificação os objetivos e os públicos de cada parte. A primeira parte
é representada pelo sumário do plano de negócios. De acordo com o autor, essa parte deve ter no
máximo dez páginas e representa a apresentação completa e autossustentável do novo empreendimento,

30 EMPREENDEDORISMO E INOVAÇÕES| Educação a Distância


mas de forma resumida, apresentando a oportunidade de negócio com vistas a conquistar o interesse
de possíveis parceiros e investidores. O autor destaca que o sumário não substitui a versão completa do
plano.

OBJETIVOS PÚBLICOS

· Amigos e outros conselheiros importantes.


· Colaboradores.
Apresentação da · Fornecedores e clientes.
oportunidade de · Parceiros estratégicos e sócios.
negócio SUMÁRIO · Investidores individuais e fundos de investimento.
(5 a 10 · Banqueiros e outros agentes financeiros.
páginas)

Análise e avaliação da · Fornecedores e clientes.


oportunidade de PLANO DE NEGÓCIO · Parceiros estratégicos e sócios.
negócio · Investidores individuais e fundos de
(30 a 50 páginas) investimento.
· Banqueiros e outros agentes financeiros.

Roteiro para Candidatos a empreendedor.


desenvolvimento ·
Parceiros estratégicos e sócios.
do novo negócio PLANO OPERACIONAL DO NEGÓCIO ·
(Mais de 50 páginas) · Colaboradores.

Figura 3 - Três categorias do plano de negócios: seus objetivos e públicos.

Fonte: Adaptado de Degen (2009, p. 212).

A segunda parte, conforme Degen (2009), é o plano do negócio. Conforme o autor, a parte representada
pelo plano do negócio deve ter entre trinta e no máximo cinquenta páginas e deve abranger todos os
aspectos relacionados com o novo empreendimento, fazendo uma análise e avaliação mais elaborada
da oportunidade de negócio. A terceira parte é o plano operacional e é composto por mais de cinquenta
páginas além de um cronograma detalhando as tarefas, os responsáveis, custos e prazos a serem
executados com o plano, caracterizando-se como um roteiro para o desenvolvimento do novo negócio.

Ainda com relação à elaboração do plano e sua estrutura, Baron e Shane (2011) fazem algumas
recomendações com vistas a evitar o que eles chamam de “Sete pecados capitais dos Planos de Negócios
de novos empreendimentos” (veja a tabela 1). Conforme esses autores, os leitores do plano levam menos
de cinco minutos para avaliar o trabalho que você pode ter demorado semanas para concluir e, erros,
mesmo que pequenos, podem condenar todo o trabalho e fazer com que seja completamente descartado.

EMPREENDEDORISMO E INOVAÇÕES | Educação a Distância 31


Tabela 1 - Os Sete Pecados Capitais dos Planos de Negócio de Novos Empreendimentos

“Pecado” Consequência

A preparação do plano foi feita Por exemplo, uma capa mal-elaborada, com falta de
de maneira deficiente e não informações ou erros de formatação. Isso faz com que o
possui aparência profissional. leitor/investidor do plano reaja considerando: “Estou lidando
com amadores”.
O plano é muito pretensioso Por exemplo, uso excessivo de recursos como gráficos
extravagantes, papel da impressão de qualidade exagerada-
mente superior, etc. O leitor/investidor do plano pode
considerar: “O que está tentando se esconder sob esses
fogos de artifício?”.
O sumário executivo se mostra O leitor/investidor do plano pode analisar tal fato da seguinte
muito extenso e desconexo, forma: “Não perderei tempo com pessoas que sequer
não indo “direto ao ponto”. conseguem descrever o a própria ideia e a empresa de forma
sucinta”.
Não há clareza quanto ao “Não é possível concluir se de fato trata-se de algo real ou se é
desenvolvimento do produto, uma ideia impraticável. Por isso, passarei para o próximo
se ele existe ou não e se ele plano”, conclui o leitor/investidor.
pode ser produzido
imediatamente.
“Por que alguém iria querer Alguns empreendedores presumem que o seu produto seja tão
comprar isso?” - não são for- bom que será capaz de vender a si mesmo, desconsiderando,
necidas respostas claras para por exemplo, a importância de um planejamento de marketing.
essa pergunta. “Esses realmente são amadores!”.
Não há uma clara apresenta- “Provavelmente não possuem experiência relevante nesse tipo
ção das qualificações da de negócio e talvez nem saibam o que é ter experiência
equipe administrativa. relevante”, conclui o leitor/investidor do plano.
As projeções financeiras se “Eles não fazem ideia do que realmente é uma empresa e seu
mostram em grande parte funcionamento e me consideram ingênuo ou estúpido”,
como um exercício de conclui o leitor/investidor do plano.
imaginação.

Fonte: Adaptado de Baron e Shane (2011, p. 200).

Por fim, um dos fatores críticos de sucesso na estruturação e redação de um bom plano de negócios
é considerar quem irá lê-lo. Evitar utilizar linguagem demasiadamente técnica, bem como considerar
possíveis dúvidas que possam surgir durante a leitura são fatores importantes que devem ser levados em
consideração no momento da redação do plano. Além disso, quanto mais claras forem as informações
apresentadas no plano, além da boa aparência do documento final, maiores serão as chances de o leitor/
investidor do plano levar a sério o que está sendo apresentado. Não se esqueça também de utilizar
sempre fontes confiáveis e dados e informações que serão levantadas e utilizadas no plano. Ademais,
não deve haver preocupação excessiva com a quantidade de páginas do plano, ou seja, não elabore
um “romance” para deixar o leitor/investidor simplesmente entediado ou entretido com o que está sendo
apresentado.

32 EMPREENDEDORISMO E INOVAÇÕES| Educação a Distância


Apresentação do plano de negócios

Após lido o plano, os interessados no que foi apresentado na parte escrita certamente solicitarão uma
apresentação oral para esclarecimento de dúvidas, aprofundamento de pontos específicos identificados
durante a leitura além da avaliação do candidato a empreendedor.
Fonte: SHUTTERSTOCK.COM

Caso isso ocorra, sinal de que o empreendedor obteve êxito na descrição por escrito do futuro negócio.
Mas fique atento: ser convidado para uma apresentação não garante a conquista do leitor, seja ele um
sócio, investidor ou possível financiador do projeto. A condição principal agora é fazer uma apresentação
com qualidade, que expresse o conhecimento do futuro empreendedor em relação ao negócio que está
sendo proposto e principalmente que seja convincente o suficiente para que o negócio possa sair do
papel.

Degen (2009) afirma que a apresentação do plano de negócios não é a simples apresentação do
conteúdo resumido do documento escrito tampouco a realização de um discurso decorado. Para esse
autor, a apresentação é o momento em que os interessados no negócio (o empreendedor e seus possíveis
investidores) irão se reunir e interagir para analisar tudo que poderá dar certo e dar errado no futuro
empreendimento. Para Baron e Shane (2011), os empreendedores devem encarar as oportunidades para
apresentação do plano de negócios como sendo uma chance para se destacar ao invés de uma situação
estressante em que ficarão acuados e sob pressão dos possíveis interessados no negócio.

Por se tratar de um momento importante, os empreendedores devem levar a sério a oportunidade de


apresentar o plano de negócios e tentar fazer um excelente trabalho. Assim, algumas dicas podem ser
úteis para que a apresentação seja útil e gere bons resultados. Baron e Shane (2011) recomendam que
o empreendedor deve estar o mais preparado possível para a apresentação não somente em relação ao
conteúdo do plano, mas para possíveis perguntas que possam surgir durante a apresentação bem como
adequar a apresentação ao tempo que lhe será disponibilizado.

Verificar quem estará presente na apresentação e, se possível, conseguir informação detalhada sobre

EMPREENDEDORISMO E INOVAÇÕES | Educação a Distância 33


a audiência (por exemplo, experiência e outras características relevantes) pode auxiliar o empreendedor
no momento da apresentação, conforme Degen (2009). Este aspecto se torna relevante uma vez que
a plateia fará perguntas investigativas direcionadas durante e depois da apresentação. Talvez essas
perguntas sejam de caráter técnico exigindo cuidado na preparação das respostas e da argumentação.

Outra dica importante é utilizar recursos computacionais tais como softwares na elaboração da
apresentação. Degen (2009) destaca que a apresentação deve ser feita de forma simples, curta e sem
excessos de cores e animações. Além disso, sempre que possível, de acordo com esse autor, apresentar e
demonstrar o produto garante maior atenção à apresentação e gera entusiasmo naqueles que a assistem.

Por fim, a apresentação do plano de negócios merece atenção e cuidados especiais. Uma boa apresentação
poderá garantir o sucesso do plano de negócios.

POLÍTICAS PÚBLICAS E FONTES DE FINANCIAMENTO

O relatório GEM (Global Entrepreneurship Monitor), uma pesquisa mundial sobre o empreendedorismo,
divide a intenção de empreender em empreendedorismo por necessidade ou por oportunidade (GEM,
2011). Você já deve ter ouvido falar dessa divisão, mas que questões basilares envolvem estas intenções
de se empreender?

Vamos entender um ponto! Muitos de nós conhecemos ou já ouvimos falar de pessoas que mesmo sem
estudo algum apresentaram uma capacidade de gestão admirável e tem empreendimentos de sucesso,
e outras com muito estudo não conseguem seguir empreendendo. O que estas duas situações têm em
comum é o empreendedorismo nato e as condições que permitiram que essas capacidades aflorassem,
ou seja, o ambiente empreendedor, porém, está é uma área pouco estudada no campo de estudos do
empreendedorismo. Alguns autores analisam o ambiente empreendedor, no entanto, não se aprofundam no
estudo no que se refere a sua constituição e aos responsáveis pela criação desse ambiente empreendedor.
Boa parte desse ambiente é criado a partir dos próprios empreendedores, porém, como você já deve ter
estudado nas disciplinas de economia, um dos pontos que motivam um agente econômico (empresário)
são as expectativas quanto ao mercado, ou seja, havendo condições favoráveis ao investimento, os
agentes econômicos o fazem caso contrário não existe interesse em investir neste mercado.

Assim pensam os empreendedores, por isso o estudo das políticas públicas voltadas ao empreendedorismo
é tão importante para entender o ambiente empreendedor. Aí chegamos à importância do governo para
o empreendedorismo, entendendo que os poderes legislativo, executivo e judiciário são quem permitem
a elaboração, execução e cumprimento das leis de mercado e a criação de um ambiente propício ao
desenvolvimento das empresas.

Considerando este raciocínio, o objetivo desta unidade é o aprofundamento do estudo das políticas públicas
e suas relações com o empreendedorismo, mais especificamente com o ambiente empreendedor.

No que se refere às origens do termo política pública, em seus primórdios, a Ciência Política considerava

34 EMPREENDEDORISMO E INOVAÇÕES| Educação a Distância


as políticas públicas quase que exclusivamente resultado do sistema político, ou seja, antes que a análise
de políticas públicas fosse reconhecida como uma subárea, os estudos recaíam consideravelmente sobre
a análise da formação dessas políticas públicas. A partir da década de 1950, passa-se a definição das
próprias políticas públicas como unidade de análise, levando gradualmente ao destaque de aspectos
dinâmicos do chamado “policy process” e aos distintos atores estatais e não estatais.

Fonte: SHUTTERSTOCK.COM

Na sua origem, a expressão portuguesa “Políticas Públicas” vem do inglês public policy. Assim, policy não
se confunde com politics, esta última corretamente traduzida para política em português. De acordo com
Carvalho (2005), referenciado pelo Professor Paulo Calmon, o termo policy não possui tradução direta na
língua portuguesa. Policy seria sim “um princípio, um plano ou um curso de ação seguido por um governo,
uma organização ou um indivíduo”. Uma política pública seria, então, algum tipo de ação governamental
que tenha reflexos na sociedade, ou em partes dela.

As políticas públicas são as ferramentas utilizadas pelo Estado para tomar ações com o objetivo de
garantir os direitos fundamentais (individuais e coletivos) da sociedade. No entanto, para Sampaio (2003),
as políticas públicas não surgem de geração espontânea a partir da pura intenção dos representantes do
Estado. Elas são, sim, o resultado de um conjunto de decisões de ações do poder público, motivado por
lutas de interesses relacionados a questões de poder demandadas por parte do atores sociais, ou seja, “As
políticas públicas têm sido criadas como resposta do Estado às demandas que emergem da sociedade e
do seu próprio interior, sendo expressão do compromisso público de atuação numa determinada área em
longo prazo” (CUNHA;CUNHA, 2002 p. 12).

EMPREENDEDORISMO E INOVAÇÕES | Educação a Distância 35


Na visão de Melazzo et al. (2003), a limitação constitutiva de uma política pública passa por análises
compreensivas que levam às múltiplas respostas de acordo com as diferentes possibilidades de análise
e contribuição de diversas áreas de investigação. Enquanto para a economia o termo remete à discussão
para o plano de escolhas racionais de agentes que tomam decisões, isto é, o porquê de determinados
rumos de ação, para as teorias da administração e da organização o debate principal se encontra nos
resultados que podem ser alcançados pela organização governamental.

Para a ciência política e para a análise sociológica trata-se de investigar a política como resultante de
interações (barganhas, conflitos ou consensos) entre diferentes grupos, segmentos ou classes sociais
(MONTEIRO, 1982). Se o termo “política pública” encerra um grande conteúdo polissêmico, para muitos
ainda, pode parecer uma redundância, na medida em que toda política é, em essência, pública, uma vez
que desde sua origem esta palavra só faria sentido, e só se construiria seu significado pleno no âmbito
das relações entre indivíduos em sociedade, expressando a dimensão coletiva da vida social.

Constantemente observamos empresários reclamando das políticas públicas, esquecendo que podem e devem
participar ativamente do processo de melhoria ou de constituição dessas políticas. As federações empresariais
têm ocupado parte desse importante papel de participação ativa nas questões políticas do país.

Políticos e suas políticas podem decidir mudanças em como a sociedade é organizada e introduzir
regulamentações ou outras mudanças institucionais na qual criam oportunidades no mercado e
consequentemente no incremento do comportamento competitivo que direciona o processo de mercado.
Não são os políticos os únicos responsáveis pelo incentivo ao empreendedorismo e sim os agentes que
tomam decisões que possam facilitar condições ao empreendedorismo por meio de mudanças políticas,
porém, esse processo deve ser organizado de tal forma que se torne sustentável.

Assim, promover a distribuição de recursos, a qualificação profissional, o acesso ao sistema judiciário e


o auxílio técnico em pequenos empreendimentos funcionaria também como fomento ao civismo. Desta
forma, as iniciativas de promoção do desenvolvimento precisam ainda incorporar a dimensão local em
que o Estado pode estimular a criação de agências de desenvolvimento nas próprias comunidades, de
natureza pública e não estatal, preocupadas com uma abordagem participativa e empreendedora desse
processo. Iniciativas no plano Federal, Estadual e Municipal poderiam estabelecer regras facilitando o
crédito a pequenos ou microempresários locais. A distribuição dos recursos, por sua vez, poderia estar
condicionada a metas de desenvolvimento social (RUEDIGER; RICCIO, 2005).

36 EMPREENDEDORISMO E INOVAÇÕES| Educação a Distância


Pereira (1994, p.42) reafirma que, para pensar em política pública, é necessária a compreensão do termo
público e da sua real dimensão:
... o termo público, associado à política, não é referência exclusiva ao Estado, como muitos pensam,
mas sim à coisa pública, ou seja, de todos, sob a égide de uma mesma lei e o apoio de uma
comunidade de interesses. Portanto, embora as políticas públicas sejam reguladas e freqüentemente
providas pelo Estado, elas também englobam preferências, escolhas e decisões privadas podendo
(e devendo) ser controladas pelos cidadãos. A política pública expressa, assim, a conversão de
decisões privadas em decisões e ações públicas, que afetam a todos.

Isso se caracteriza cada vez mais como um desafio, enfatizado por Peci e Costa (2002), em que a
complexidade das políticas públicas relaciona-se à própria natureza dos problemas correntes, podendo
intensificar a ampliação da sociedade civil na gestão de políticas públicas acompanhadas por um Estado
regulador, colocando o desafio da perspectiva integrada de formulação e implementação das políticas
públicas.

Desta forma, Ruediger e Riccio (2005, p.21) afirmam:


Iniciativas visando à racionalização do Estado, à formação de cidadãos, à garantia de direitos ao
cumprimento de deveres se tornam objeto de políticas públicas. A concessão de um benefício
estatal, por exemplo, pode ser condicionada à participação de questões de sociedade. Buscar
estabelecer laços de solidariedade a partir do interesse individual pode ser uma variável importante
das políticas públicas adotadas pelo país [...] no entanto, esse novo papel pluralístico do Estado
se define em termos de sua permeabilidade à sociedade civil, onde o Estado deve fortalecer sua
dimensão articuladora e catalisadora no decorrer do processo de políticas públicas.

As Políticas Públicas e os governos

Tem crescido, na visão dos governos, a importância de pequenas empresas para o desenvolvimento
econômico. Muitos países desenvolvidos e em desenvolvimento estão agora intervindo, em algum sentido,
com o objetivo de promover a habilidade dos empresários, incentivando novos empreendedores, assim
aumentando o autoemprego e se preocupando com a informalidade (BRIDGE, O´NIELL; CROMIE, 2003).
No entanto, em estudo feito em países europeus, desde a década de 1970, muitas políticas, programas
e instituições para a promoção do empreendedorismo existiram ou existem, porém, a grande questão
centra-se em objetivos, metas, estratégias de implantação e a adequada forma de medição dos resultados
destes mecanismos.

Leia sobre o empreendedorismo brasileiro na maior pesquisa mundial sobre o assunto. <http://www.gemconsor-
tium.org/docs/download/451>.

Diante disso, passam a ter cada vez mais importância as alternativas de mensurações dessas políticas

EMPREENDEDORISMO E INOVAÇÕES | Educação a Distância 37


públicas, em que novos atores envolvidos no processo de implantação e gestão tenham condições de
acompanhar o andamento das atividades. Uma dificuldade corrente, relacionada a políticas públicas é
a negligência a métodos seguros para a mensuração dos resultados sociais, econômicos e políticos
no país, estados ou municípios. As políticas públicas em alguns casos são propostas e implementadas
sem que exista um estudo mais aprofundado dos setores que serão supostamente beneficiados a curto,
médio e longo prazo. É necessário basear essa análise na utilização de indicadores fidedignos, numa
combinação adequada de metodologias quantitativas e qualitativas, orientadas para a interpretação da
realidade, ou seja, basear o processo de reflexão em bases de dados que não apenas alimentam, mas
também conferem uma dimensão temporal às estratégias implementadas, trazendo a vantagem de uma
visão de longo prazo e a possibilidade de continuidade do processo.

Stokey e Zeckhauser (1978) apresentam uma estruturação prévia da análise de políticas públicas,
necessária segundo os autores, a um exame mais aprofundado, com objetivo de definir as etapas a serem
realizadas. As etapas para a análise de políticas públicas, segundo os autores, seriam:
1. A análise do contexto: estabelecer qual o problema com que se vai lidar, e quais seriam os objetivos
específicos que serão buscados ao enfrentar o problema a fim de melhorar os resultados da implan-
tação da política pública.
2. Identificação e listagem das alternativas: quais seriam as alternativas de ação dentro dos recursos
disponíveis, e como é possível se conseguir as informações sobre as alternativas que se pretende
listar e estudar.
3. A Previsão de consequências: listadas as alternativas, quais seriam as consequências de cada uma
das ações implementadas, e quais as técnicas que poderiam ser utilizadas para se prever as conse-
quências.
4. Atribuição de valores aos resultados: quais serão os critérios adotados para mensuração de suces-
so dos objetivos das políticas públicas implantadas, reconhecendo quais alternativas serão superiores
às outras e quais as combinações que podem ser feitas.
5. Tomada de decisão: a partir da comparação, desenhar e definir todos os aspectos relacionados
à análise decidindo qual será o sentido da ação preferido a partir da comparação dos modelos de
implantação e resultados esperados.
Fonte: SHUTTERSTOCK.COM

38 EMPREENDEDORISMO E INOVAÇÕES| Educação a Distância


As políticas públicas no Brasil

De acordo com Frey (2001), no Brasil, estudos sobre políticas públicas são recentes. Nesses estudos, ainda
esporádicos, deu-se ênfase ou à análise das estruturas e instituições ou à caracterização dos processos
de negociação das políticas setoriais específicas. Predominam micro abordagens contextualizadas,
porém dissociadas dos macros processos ou ainda restritas a uma única aproximação e limitadas no
tempo. Normalmente, tais estudos carecem de um embasamento teórico que deve ser considerado um
pressuposto para que se possa chegar a um maior grau de generalização dos resultados adquiridos.
Além disso, em consequência da maior interação entre o setor público e privado nacional e internacional,
atualmente os modelos tradicionais têm se mostrados incapacitados para explicar de forma completa a
elaboração das políticas públicas (FARIA, 2003).

Historicamente, a capacidade empresarial brasileira teve influência dos programas e políticas dos governos
em diferentes épocas, seja no período colonial, no Império ou após a proclamação da república. Segundo
Hardman e Leonardi (1991), no período colonial existiu grande influência dos interesses portugueses no
tardio desenvolvimento da indústria brasileira, e posteriormente o empresariado brasileiro teve grande
influência das pretensões da burguesia britânica, consequência dos acordos bilaterais entre Portugal e
Inglaterra naquele período. A indústria brasileira somente inicia seu desenvolvimento a partir de 1889,
em decorrência da expansão cafeeira que geraria superávits que permitiram o investimento na indústria
nacional.

Entre o final do século XIX e início do século XX, prevaleciam as ideias liberais do Estado, trazendo
grandes limitações aos indivíduos na sociedade, somente mudando essa realidade após a crise
econômica de 1929. Além disso, segundo Cunha (2002), o desenvolvimento do capitalismo monopolista
determinou novas relações entre capital e trabalho e entre estes e o Estado, levando as elites dominantes
da economia a admitir os limites do mercado como autorregulador e admitindo o papel do Estado como o
mediador e o civilizador dessa dinâmica de mercado.

O Estado, então, toma para suas responsabilidades a formulação e execução das políticas econômicas
e sociais, tornando-se arena de interesses, uma vez que as políticas públicas envolvem conflitos de
interesses entre classes sociais, e as respostas do Estado para essas questões podem atender a
interesses de um em detrimento do interesse de outros.

No livro 1808, Laurentino Gomes relata as negociações comerciais feitas entre portugueses e ingleses devido
aos interesses militares daquele momento, o interesse dos ingleses no comércio com o novo império (Brasil)
contribuiu para a falta de estímulo da industrialização brasileira.

EMPREENDEDORISMO E INOVAÇÕES | Educação a Distância 39


Nesse contexto de responsabilidades do Estado, vários foram os projetos federais para o apoio regional
ao desenvolvimento, iniciados a partir de 1951 e 1952, quando se iniciam as divulgações das Contas
Nacionais do Brasil, que apresentaram grandes desníveis entre o volume e o crescimento das rendas
nacionais. Assim, surge a SUDENE – Superintendência de Desenvolvimento do Nordeste, ainda em
meados da década de 1950 na qual se criam a Superintendência do Plano de Valorização Econômica da
Amazônica - SPVEA, transformada em 1966 na SUDAM, assim como a Superintendência do Plano de
Valorização Econômica da Região da Fronteira Sudoeste do País – SPVERFDP, que se transformou em
1967 na SUDESUL.

Em 1961, criava-se a CODECO – Comissão de Desenvolvimento do Centro Oeste que se transformou


em SUDECO em 1967 e neste mesmo ano a SUFRAMA instituindo-se a Zona Franca de Manaus.
Porém, segundo Cano (1998), várias foram as dificuldades desses órgãos na tentativa da promoção
do desenvolvimento. Existiram interesses políticos locais em manter privilégios à custa do atraso e do
obscurantismo do povo e a própria limitação profissional, além dos interesses políticos do sudeste e do
sul, desviando assim o principal interesse dessas políticas públicas (ARAÚJO, 2003).

Na década de 1970, apesar do crescimento em sua fase inicial, as crises do petróleo vividas nesse
período reformularam o papel do Estado, reduzindo sobremaneira a capacidade fiscal dos governos,
de modo que os investimentos em infraestrutura até então realizados foram reduzidos drasticamente no
final desse período. Uma das soluções para manter o fluxo de investimentos e garantir o crescimento
econômico foi a transferência de ativos de infraestrutura ao setor privado, bem como a concessão para a
exploração de novos serviços de infraestrutura (ARAÚJO, 2003).

O último programa importante de políticas de desenvolvimento no Brasil foi o II PND (Plano Nacional
de Desenvolvimento 1974-1979), que proporcionou um contexto favorável para a substituição de
importações, em especial de bens de capital e de Indústria intermediária. Tal estratégia, apesar de
garantir a convergência com o padrão tecnológico industrial da época, não teve êxito no que se refere
à competitividade e diversificação da base industrial brasileira. Com o início da década de 80, esse
modelo não possibilita a adaptação das indústrias às novas tecnologias, evidenciando o esgotamento
de um padrão de desenvolvimento. Assim, desde o final da década de setenta, o Brasil não tem utilizado
políticas públicas específicas voltadas para a utilização de instrumentos que visem à alocação adequada
de recursos no meio empresarial.

Para Santos (1985), neste período, a matriz de Estrato-Central já apresentava sinais de desgaste lenta e
gradual, em consequência das profundas mudanças desencadeadas pelos projetos desenvolvimentistas
postos em prática pela ditadura militar, cujo êxito levou ao declínio da ordem regulada e ao desenvolvimento
de uma sociedade complexa e diferenciada. No entanto, a desarticulação desta matriz ainda não se
constituíra em objeto de uma política deliberada do governo, na qualidade de condição necessária para o
ingresso numa nova fase.

Seguindo os anos 1980, caracterizados pela falta de investimento, em 1988 a dinâmica administrativa
brasileira muda, como se referem Santos e Ribeiro (2004), “uma mudança inconsequente”, visto que, ao

40 EMPREENDEDORISMO E INOVAÇÕES| Educação a Distância


longo do processo constituinte de 1988, verifica-se uma disputa entre os níveis de governo pela fração
da renda nacional apropriada pelo setor público. Na qualidade de perdedora, a União redireciona as
suas ações, dando prioridade maior à política de combate a inflação, deixando em segundo plano os
programas de investimentos em setores sociais e de infraestrutura econômica.

Entenda mais sobre as privatizações no Brasil e o impacto sobre a economia nacional <http://pt.wikipedia.org/
wiki/Privatiza%C3%A7%C3%A3o_no_Brasil>.

Nesse contexto, para Diniz (2003), os anos 90 representaram efetivamente uma década de mudanças
desencadeadas por um conjunto de políticas voltadas para a liberação das forças do mercado, como
a privatização do patrimônio público, a abertura para o exterior, o estreitamento dos vínculos com o
mercado internacional, além das reformas constitucionais. Tais mudanças levaram a um profundo corte
com o passado, com impacto sobre a sociedade, a economia e a ordem política. Desta maneira, as
alterações atingiram o modelo econômico, o tipo de capitalismo, a modalidade de Estado, as formas de
articulação Estado-sociedade e o regime político. Desestrutura-se o chamado modelo do tripé, sustentado
pelo pacto desenvolvimentista, representado pela ênfase nas empresas de capital nacional, estatal e
estrangeira, com a drástica redução do setor estatal, o enfraquecimento do segmento privado nacional e
o fortalecimento da empresa estrangeira, promovendo-se um acentuado processo de desnacionalização
da economia.

Dificuldades apontadas referentes às políticas públicas

Considerando as mudanças ocorridas nos anos 80, após 1988, a desarticulação do modelo de formulação
e implementação de políticas públicas no Brasil passa a exigir dos gestores públicos vinculados às esferas
municipais e estaduais maiores esforços de racionalidade e probidade no processo de gerenciamento
dos recursos públicos, consequência dessa menor solidariedade do governo federal com as políticas
regionais, estaduais e municipais. Segundo Pacheco (1999), isso impõe aos municípios um novo desafio,
devendo estes ser mais competitivos, utilizando-se de estratégias que não se baseiem na guerra fiscal,
pois esta leva a um jogo sem resultados, sendo o mais importante estabelecer um sistema virtuoso em
que os resultados sejam positivos, com competição, com objetivos de desenvolvimento e, principalmente,
com colaboração entre municípios e seus atores sociais.

Para Junqueira (1998), o processo de levar a decisão sobre políticas públicas para o âmbito do município,
portanto, para seus cidadãos, exige, para sua operacionalização, a presença e a participação da sociedade
civil. No entanto, esse processo vem promovendo reflexões nos analistas de políticas públicas, no que se

EMPREENDEDORISMO E INOVAÇÕES | Educação a Distância 41


refere às verdades consideradas incontestáveis do discurso neoliberal, especialmente quando o enfoque
é desenvolvimento social, equidade e justiça.

Na atualidade, em que a abertura de mercado vem crescendo consideravelmente, diferentes formas de


condução de políticas públicas surgem. É o caso da atuação regional com vistas ao mercado globalizado
e a tecnologia no meio empresarial.
A questão regional vem adquirindo um caráter estratégico para a inserção dos países na economia
internacional. Entretanto, é preciso reconhecer que o novo paradigma tecno-econômico, bem como
os processos de globalização e regionalização trazem consigo novos parâmetros para a elaboração
de políticas públicas de desenvolvimento regional e integração nacional (FERES; KEINERT, 2001,
p.13).
Fonte: SHUTTERSTOCK.COM

As exigências de um mercado globalizado e altamente competitivo, no qual produtividade e qualidade


passaram a ser elementos-chave, envolveram não só mudanças técnicas, mas também de comportamentos
e de valores. Na busca por esses valores e comportamentos os países em desenvolvimento procuraram
se posicionar para receber investimentos de todos os cantos do mundo. O Brasil conquistou, nos últimos
anos, a posição de segundo no ranking dos países que mais recebem investimento externo, ficando
atrás apenas da China. Isso significa importantes avanços tecnológicos e de circulação de mercadorias,
mas tem um impacto perverso na competição com pequenas e médias empresas e principalmente sobre
o mercado de trabalho, necessitando, nesse caso de políticas públicas mais eficientes (SIQUEIRA;
GUIMARÃES, 2001).

Nesse cenário, Pacheco (1999) ressalta que na busca por estes investimentos, a atuação pública, seja em
qual for o nível, federal, estadual ou municipal, tem sido levada a repensar sua própria organização. Isso
tem ocorrido principalmente no governo local, por meio de redes de relacionamentos de agentes capazes
de impulsionar novas soluções. No entanto, Hastenreiter-Filho e Souza (2005) afirmam que, apesar de
existirem políticas públicas no Brasil direcionadas a pequenas e médias empresas, essas políticas estão
ainda desconsiderando as diferenças entre os vários setores em que serão implementadas. Para Tendler
e Amorim (1996), as políticas públicas no Brasil têm maior preocupação com demandas sociais como
a desigualdade, a pobreza e o desemprego do que efetivamente com o impacto que pode causar no
desenvolvimento econômico, o que as torna, de certa forma, paternalistas.

Esta imperfeição poderia ser amenizada com o estudo das políticas públicas a partir da introdução da

42 EMPREENDEDORISMO E INOVAÇÕES| Educação a Distância


administração pública gerencial. No que diz respeito às suas propostas, considera que, ao lado de maior
agilidade e eficiência, é fundamental recuperar a capacidade do núcleo estratégico do Estado em formular
políticas públicas. Considera também que as relações entre entidades públicas, da Administração direta
e indireta, devem ser firmadas por meio de um contrato, no qual compromissos, recursos e resultados
esperados são previamente definidos.

Além dessa necessidade, o despreparo de grande parte das pequenas e médias empresas brasileiras
pode levá-las ao fracasso caso as mesmas não estejam atentas às transformações do ambiente externo.
Isso porque desde a Administração Clássica até os dias de hoje as empresas deixaram de competir numa
economia mais fechada para uma economia globalizada. Assim, a competitividade das organizações
está intimamente ligada à sua capacidade de perceber os estímulos do ambiente externo a ela e prover
as adaptações necessárias, que devem ser potencializadas por políticas regionais de desenvolvimento,
como estratégia de posicionamento global (LOPES, et al., 2003).

Quanto à forma de implantação, para Biderman e Barberia (2005), não existe uma regra geral para
implantação de políticas públicas relacionada às esferas, seja Federal, Estadual ou Municipal. Verificam-
se resultados satisfatórios na implantação de políticas públicas, ora na esfera Municipal, ora Estadual e
ora Federal. Porém, nota-se uma maior eficiência das políticas públicas quando a esfera municipal está
envolvida no projeto, seja de forma isolada ou em parceria com o Estado ou com a Federação.

Existem articulações políticas com objetivo de estímulo ao segmento empresarial nas esferas Federal e Estadu-
al, mas onde tudo acontece mesmo são nos municípios, por isso a importância de empreendedores organizados
viabilizando investimentos nos respectivos municípios.

Oliveira (2005) argumenta que a dificuldade na implantação de políticas públicas não é um privilégio
brasileiro, ocorre em todo o mundo, porém tem se mostrado um problema recursivo no Brasil. Na tentativa
de responder o porquê costuma-se falhar na implantação de políticas públicas, a resposta estaria
relacionada à ênfase que se dá no Brasil ao planejamento como forma de se tentar o controle da economia
e da sociedade, em vez de vê-lo como um processo de decisão construído politicamente e socialmente
com os diversos sujeitos interessados e afetados pela decisão. Essa construção deveria ser baseada em
informações precisas e capacidade de articulação e compreensão do processo e dos temas debatidos
pelos diversos atores envolvidos.

Além disso, para Westphal e Ziglio (1999), existe grande dificuldade na realidade brasileira em motivar
atores governamentais a assumirem uma nova racionalidade governamental intersetorial no município.

EMPREENDEDORISMO E INOVAÇÕES | Educação a Distância 43


As autoridades municipais têm se voltado para os problemas relacionados unicamente às áreas de seu
interesse ou competência, ou seja, falta uma atuação coesa entre setores administrativos municipais, em
que não se tem a prática e muito menos o hábito e a cultura política na busca de soluções integradas
para os múltiplos problemas dos diferentes segmentos sociais. Assim, muitas secretarias responsáveis
por diferentes setores no município resistem à mudança dos seus modelos de prestação de serviços
com medo de perder o poder e os recursos, com isso, colocam inúmeros obstáculos à criação de novos
desenhos de implementação de políticas.

Um agravante dessa realidade poderia estar no fato da própria consciência dos empresários quanto às
políticas públicas. Para Castanhar (2005, p.167), cabe observar que:
o sucesso de uma política pública setorial dependerá tanto da qualidade e consistência das políticas
propriamente dita quanto da capacidade das empresas para: a) tomar conhecimento de que essas
políticas existem; b) saber quais são os instrumentos disponíveis e como utilizá-los; c) qualificar-se
para ter acesso aos benefícios dessas políticas; d) utilizar com eficácia e competência os recursos
(financeiros ou de qualquer outra natureza) obtidos através dessas políticas.

Dessa forma, tem-se como uma possível alternativa para melhorar os resultados das políticas públicas o
investimento na capacitação empresarial, mas é necessário o reconhecimento da realidade empresarial
para que a política pública mude a realidade. Esse investimento na capacidade empreendedora pode
gerar retorno, não só pelos resultados diretos que se podem obter, como também pela melhoria de outras
políticas governamentais que dependem de empresários mais qualificados para serem bem-sucedidas.

Outro obstáculo, no caso brasileiro, em relação às políticas públicas, são as dificuldades com a
grande dimensão territorial, diversidade e contrastes regionais; a falta ou inadequado planejamento; o
desconhecimento da real necessidade e potencialidade e problemas de ordem administrativa nos próprios
ministérios que elaboram as políticas públicas. Paralelo a isso, de acordo com Carvalho (2005), a análise
de políticas públicas é ainda pouco utilizada no Brasil, seja devido ao seu alto custo de formulação ou pela
falta de informação de métodos para aquele fim.

Núcleos setoriais não organizacionais, geralmente incentivadas pelo SEBRAE, que trazem grandes benefícios
às empresas que participam. Entenda como funcionam com um exemplo da cidade de Blumenau. <http://www.
ampeblumenau.com.br/portal/2011/como-funcionam-os-nucleos-setoriais/>.

Um exemplo disso é a comparação entre políticas públicas para a promoção de empreendimentos para
o comércio eletrônico no Brasil e nos Estados Unidos. Vieira-Filho e Marcelino (2001) descrevem que a
posição do Estado brasileiro tem sido de perplexidade, em que existe muita discussão e pouca ação sobre
as políticas públicas, ou seja, há uma política de não intervenção, a realidade apresenta uma dinâmica
muito acelerada, as tendências observadas beneficiam visivelmente a liderança econômica dos EUA.

44 EMPREENDEDORISMO E INOVAÇÕES| Educação a Distância


Neste contexto, Lastres, Arroio e Lemos (2003) apontam os desafios e vantagens para políticas públicas
para a promoção de micro e pequenas empresas. O estudo parte de um cenário de dificuldades, mas com
boas oportunidades que podem ser aproveitadas, principalmente via mobilização de algumas importantes
sinergias. Isto pode ser visualizado na sumarização no quadro 04.

Quadro 04: Desafios e vantagens de políticas públicas

Políticas Públicas... Vantagens... Desafios...


...que promovam a inserção Exploração das complementa- Necessidade de que as especificidades
e atuação em redes de ridades; integração vertical e dos arranjos produtivos locais e seus
empresas de menor porte, horizontal entre as MPMEs e ambientes sejam bem conhecidas a fim
como os arranjos com parceiros de diferentes de que a formulação de políticas
produtivos locais. formas institucionais e portes. públicas considere sua estrutura, formas
de governança, mercados atingidos e
territorialidade das atividades produtivas
e inovativas.
...que promovam a ocupa- Obtenção de benefícios deri- As políticas públicas, neste caso, devem
ção de nichos e aproveita- vados da participação em buscar adequar-se às especificidades
mento das oportunidades redes globais, participando da das MPMEs e evitar dispersão. Aumento
associadas às novas tecno- competitividade internacional da disponibilidade de infra-estrutura
logias e bens e serviços, em segmentos de ponta. nesta área especificamente.
novas áreas do conhecime-
nto e novas formas de
atuação.
...que estimulem os Aprendizado mais intenso e Articulação das políticas públicas para
programas de incubação maior capacidade de sobrevi- que estas empresas atuem efetivamente
de empresas. vências de empresas subme- da rede de inovação proporcionada pelo
tidas a esse processo. sistema de incubação.
...que permitam o acesso O desenvolvimento de capa- Incluir efetivamente as MPMEs nos
MPMEs em segmentos mun- cidade tecnológica regional. seguimentos de maior tecnologias.
diais de comercialização.
...que foquem segmentos Melhorar o aparato Superar a cristalização de um quadro de
específicos com potencial e institucional de apoio às inadequações, superposições e
necessidade de MPMEs. descoordenações de ações, as quais
desenvolvimento. não têm continuidade.
...que promovam a moderni- O atendimento eficaz nas Adequar esses sistemas a realidades de
zação de agências de necessidades pertinentes às MPMEs, considerando que o sistemas
promoção ao empreende- MPMEs, potencializando atualmente foram estruturados para
dorismo, assim como de assim sua capacidade de atendimento de empresas de maior
sistemas de fomento a promoção de desenvolvimento porte.
financiamentos. nos mercados em que atua.

Fonte: (LASTRES, H. M.; ARROIO, A.; LEMOS, 2003).

Destaca-se ainda aqui a necessidade de reconhecer e tratar adequadamente os desafios colocados tanto
ao desenvolvimento dessas empresas quanto às políticas para a sua promoção, os quais incluem:
• A falta de estatística e mesmo conceitos que captem a realidade destas empresas e particularmente
as MPEs.
• O problema de as MPEs serem numerosas, heterogêneas, dispersas e pequenas demais.

EMPREENDEDORISMO E INOVAÇÕES | Educação a Distância 45


• As inadequações, superposição e pouca coordenação de ações, as quais não têm continuidade.
• A ausência de enfoque de MPE como empreendimento economicamente viável, o que compromete a
identificação de aproveitamento de oportunidades que levam a uma atuação sustentável.
Fonte: SHUTTERSTOCK.COM

Esses desafios são identificados como derivados de:


• Aprofundamento da tendência das cadeias globais controlarem as atividades mais estratégicas, re-
passando para os países e regiões menos desenvolvidos as atividades menos complexas e deixando
poucas margens para a inserção e o crescimento de pequenas empresas locais.
• Círculo vicioso do reduzido poder político dessas empresas implicando pequeno poder econômico,
associado à predominância de um paradigma segundo o qual apenas grandes estruturas podem ser
competitivas no atual estágio do capitalismo.
• O Modo de inserção do Brasil e outros países menos desenvolvidos no cenário global.

Apesar da várias políticas voltadas ao empreendedorismo já implantadas no Brasil e em outros países,


nota-se que como em qualquer segmento de mercado atualmente, os governos também necessitam de
considerável agilidade para o acompanhamento das mudanças impostas pelo mercado. Essas mudanças
têm sido resultado das forças da globalização do mercado e da tecnologia, assim o desenvolvimento de
condições adequadas para o empreendedorismo, atualmente, requerem grande mudança na forma de
atuação do governo municipal, estadual e federal, no caso brasileiro.

POLÍTICAS PÚBLICAS E EMPREENDEDORISMO

No início do Século XXI, em consequência das transformações ocorridas nas últimas décadas, as
economias vêm experimentando novas oportunidades e desafios para o desenvolvimento econômico
mundial. Dentre estes, destacam-se a emergência e difusão de um novo padrão de acumulação e
reestruturação produtiva. No que se refere ao empreendedorismo, duas consequências associadas a

46 EMPREENDEDORISMO E INOVAÇÕES| Educação a Distância


estas transformações têm particular interesse: a maior atenção às possíveis contribuições das pequenas
empresas ao desenvolvimento econômico e social e as preocupações em reorientar e dinamizar as
políticas de sua promoção.

Os estudos que abordam o empreendedorismo no âmbito de políticas públicas são focados em problemas
tais como:
1. A criação de novos negócios (TURGOT; SAY apud BAUMOL, 1993; HISRISH, 2004).
2. A inovação (SCHUMPETER, 1983; GARTNER, 2001) e (MACHADO; CASTRO; SILVA, 2006).
3. O aproveitamento das oportunidades (KIZNER, 1997; GIFFORD, 1998); (SHANE; VENKATARAMAM,
2000, 2005).
4. A mudança no indivíduo e no ambiente (BRUYAT; JULIEN, 2000).
5. A influência de aspectos idiossincráticos no empreendedorismo (SHANE, 2000).
6. A classificação dos tipos empreendedores (GARTNER, 2001).
7. A pesquisa no empreendedorismo (DAVIDSSON, 2005).
8. A dinâmica do campo de estudo do empreendedorismo (STEARNS; HILLS, 1996).
9. O empreendedorismo e o crescimento econômico (WENNEKERS; THURIK, 1999).
10. O papel do estado na promoção do empreendedorismo (JULIEN, 2005).
11. A influência do empreendedorismo no comércio internacional (MCDONALD, 2003).
12. As desigualdades sociais relacionadas à formação do capital (MOURA et. al., 2002).
13. O empreendedorismo e gênero (MACHADO, 2003).
14. O empreendedorismo e a governança eletrônica (FREY, 2002; FERGUSON, 2002; SILVA; CORREA,
2006).
15. O empreendedorismo juvenil (MACHADO; SILVA, 2006).

Pode-se notar aumento da preocupação com fatores de maior interesse para micro e pequenas empresas.
Inicialmente percebe-se o paralelo que usualmente existe entre o desenvolvimento de novas pequenas
e médias empresas e formas de inovar, produzir e comercializar novos bem e serviços. Neste caso, o
aspecto central é que estas empresas tanto representam o potencial e a flexibilidade para aproveitamento
das novidades, como não oferecem usuais resistências à sua incorporação. Nos anos 1990 houve o
acirramento da competição internacional e as políticas voltadas ao empreendedorismo refletem a ênfase
sobre a competitividade, flexibilidade e inovatividade. O Quadro 05 apresenta as principais iniciativas de
políticas e programas brasileiros e de diversos países. Estes dados resultam de pesquisa bibliográfica
tendo como referência Stevenson & Lundsrom (2001) e Observatory of European SME’s (2003).

EMPREENDEDORISMO E INOVAÇÕES | Educação a Distância 47


Quadro 05: Políticas e programas de incentivos ao empreendedorismo nos países analisados

Fonte: SILVA , Juliano Mario; MACHADO. Hilka Vier. Políticas e programas para a promoção do empreendedorismo:
Iniciativas brasileiras e de países desenvolvidos. In: SLADE – ENCONTRO LUSO-BRASILEIRO DE ESTRATÉGIA,
2006, Camboriú- SC. Anais... Camboriú: UNIVALE

Um fator a se considerar nesse processo foram as maiores dificuldades de crescimentos econômicos


aliados a altas taxas de desemprego na transição do milênio, intensificando a busca por meios de fortalecer
o tecido econômico e gerar empregos e renda, particularmente via surgimento de micro, pequenas e
médias empresas. Outro fator apontado foi o aumento da desigualdade econômica e social entre países
e regiões (LASTRES; ARROIO; LEMOS, 2003).

Apesar de suas potencialidades e do papel que já desempenham na vida de dezenas de milhões de


brasileiros, os pequenos empreendimentos enfrentam condições nitidamente adversas, experimentando,

48 EMPREENDEDORISMO E INOVAÇÕES| Educação a Distância


na verdade, uma luta diária pela sobrevivência. Sua realidade é o convívio permanente com exigências
burocráticas e encargos que dificultam sua própria existência legal, com restrições de mercado e barreiras
intransponíveis para obtenção de créditos, além das próprias carências técnicas e gerenciais. Sem a
eliminação destes bloqueios e a existência de políticas específicas de apoio, o potencial das micros e
pequenas empresas, como geradoras de ocupações, será em grande parte desperdiçado (SILVEIRA,
1994).

O empreendedor tem um papel social muito importante, por isso, no mundo inteiro surgiram iniciativas, muitas
delas com incentivo público, para a organização de entidades que promovam o empreendedorismo social.

Conceitualmente, existem inúmeras formas de incentivo ao empreendedorismo por parte do setor público.
Recentemente, a atuação do Estado tem estimulado o empreendedorismo social, que se trata de uma
das principais tendências das novas políticas de incentivo ao empreendedorismo, os quais podem ser
entendidas de forma coletiva por intermédio de organização em forma de agências de promoção do
empreendedorismo.
Estas organizações têm contribuído para as melhorias das condições de vida das populações
onde as mesmas estão inseridas, têm gerado dezenas de empregos, renda, consciência crítica
e ambiental e geralmente surgem da incapacidade do Estado em atender estas demandas, bem
como, a indiferença de muitas empresas em relação aos problemas sociais (DUARTE; SANTOS,
2003, p. 16).

Esse incentivo ao empreendedorismo social permite, de acordo com Vidal; Farias; Moreira (2004), o
surgimento de redes de colaboração em que se objetiva a possibilidade de que os participantes, que são
pessoas excluídas das condições dignas de vida ou que não mais desejam estarem submetidos à lógica
do capital para assegurar o seu bem-viver, possam desenvolver atividades em redes de colaboração
solidária, visando não apenas à geração de trabalho e com distribuição de renda em empreendimentos
autossustentáveis, mas o desabrochar de suas diversas dimensões humanas (afetivas, cognitivas e
sociais) no exercício de sua cidadania ativa, ampliando-se o campo de possibilidades de realização de
sua liberdade, pelo incremento das condições materiais, políticas, educativas, informativas e éticas que
lhes são requeridas.

A abordagem de redes de cooperação emerge como uma ferramenta relacionada às novas propostas de
políticas públicas. Os órgãos voltados à promoção ao empreendedorismo, como o SEBRAE, investem em
redes interfirmas por acreditarem no seu poder de multiplicação. Essa forma de atuação tem evidenciado,
no caso brasileiro, melhoria nos resultados, porém ainda com uma relação de dependência com essas
instituições executoras.

EMPREENDEDORISMO E INOVAÇÕES | Educação a Distância 49


Porém, este estímulo ao ambiente empreendedor acontece pela interação dos agentes de uma economia,
entre eles aponta-se o papel do Estado. Para Shane (2003), as mudanças nas políticas voltadas ao
empreendedorismo, assim como nos sistemas normativos, dão a possibilidade para que as pessoas
realoquem recursos para um novo uso de forma que este se torne mais produtivo. Ratificando, Freitas
et al. (2004) identificam a importância do Estado por meio das políticas públicas para a promoção da
capacidade empresarial para prospecção de novos mercados como, por exemplo, a exportação.

Em relação à tecnologia, para Hisrich (2004), o governo tem grande importância no suporte ao ambiente
empreendedor, pois atua como um conduto para a comercialização dos resultados da síntese entre
necessidade social e tecnologia. O governo tem relevante papel no estímulo à pesquisa, apesar desta
atuação ainda ter muito espaço para crescer. Investir na capacitação tecnológica de pequenas e médias
empresas é um caminho seguro para melhorar sua produtividade e competitividade, aprimorando sua
capacidade de identificar oportunidades no país e no exterior e de contribuir para o desenvolvimento
econômico como um todo.

Além disso, as políticas públicas voltadas ao estímulo à tecnologia e inovação podem incluir as empresas
locais de pequeno e médio porte no cenário competitivo da cadeia de fornecedores de grandes empresas
locais e, principalmente, das empresas transnacionais que operam no Brasil (FIGUEIREDO, 2005).

Conheça o programa do BNDES para microcrédito acessando <http://www.bndes.gov.br/SiteBNDES/bndes/bn-


des_pt/Institucional/Apoio_Financeiro/Programas_e_Fundos/Microcredito/>.

Pode-se apresentar também como exemplo de políticas voltadas ao empreendedorismo os programas


de acesso ao microcrédito, como forma de fomento voltado ao pequeno empreendedor que tem
grande importância na expansão de vendas por meio da disponibilidade de recursos financeiros e
consequentemente expansão no processo produtivo desse segmento (ANDREASSI, 2003). Porém, para
Oliveira e Guimarães (2003), as políticas de microcrédito são ainda escassas, resultando em dificuldades
iniciais para implementação e consolidação dos novos negócios.

No que se refere ao empreendedorismo feminino, Machado (2001) apresenta alguns aspectos que
exprimem a relevância do empreendedorismo feminino e que justificam a adoção de políticas públicas
que visem reduzir obstáculos e criar oportunidades para o empreendedorismo feminino.
a) Estimular a adequação de estatísticas econômicas sobre empreendedoras, investigando, dentre
outros, aspectos relativos aos setores de atuação, perfi l empreendedor e perfi l gerencial.

50 EMPREENDEDORISMO E INOVAÇÕES| Educação a Distância


b) Estimular a criação de empresas por parte de jovens, criando programas de desenvolvimento de
potencial gerencial e linhas especiais de concessão de crédito.
c) Difundir preceitos de empreendedorismo nos diversos níveis escolares.
d) Estimular programas de “apadrinhamento”, nos quais empresárias mais experientes forneçam
orientações para outras com menor experiência.
e) Estimular a produção de casos sobre empreendedoras de sucesso, enfatizando as formas de su-
peração de problemas, como um instrumento de motivação e orientação às demais.
f) Estimular a participação da mulher como empreendedora em setores tradicionais, os quais sua
presença ainda é de difícil acesso, como na área agrícola e agroindustrial.
g) Criar aconselhamento e suporte para exportação para empresas dirigidas por mulheres.
h) Estimular a criação de programas de pesquisa nas universidades visando ao desenvolvimento de
estudos de gênero que busquem produzir interfaces e eliminar marginalizações.

Isso possibilita assim elencar desafios e vantagens de tais políticas e enriquecer o de base sobre novos
desenhos de estratégia que levem à superação de inadequações existentes, de forma a permitir que as
pequenas empresas venham a desempenhar um papel decisivo no desenvolvimento do país. Entre essas
ações apresentam-se as essenciais para a promoção de empresas de pequeno porte, que podem ser
divididas em quatro principais conjuntos.
1. Ações essenciais que se referem à cultura empreendedora e ao empreendedorismo, por meio da uti-
lização de programas de divulgação, demonstração e premiação – como o estabelecimento de datas
comemorativas, a realização de feiras e torneios de empreendedorismo – e também a disponibiliza-
ção de infraestrutura, logística, serviços básicos entre outros. Considera-se também a promoção à
constituição de incubadoras, empresas juniores e parques tecnológicos, bem como ao estímulo à sua
melhor operação.
2. Serviços de apoio que incluem programas de informação, capacitação e consultoria. O longo prazo
passa a ser uma preocupação das políticas que vêm procurando apoiar as empresas, fortalecendo
suas capacidades e competências centrais de forma continuada, com uma tendência à descentraliza-
ção da oferta destes serviços, assim como ao estabelecimento de instituições que atuam como uma
porta de entrada para a solução dos mais variados problemas das empresas.
3. Financiamento para criação e o desenvolvimento de MPMEs, variando desde financiamentos diretos
(com retorno ou a fundo perdido), incentivos fiscais e sistemas de venture capital ou até mesmo des-
tinações específicas de parcela do orçamento público e compras de governos.
4. Simplificação da burocracia, com esforços que visam reduzir procedimentos e prazos para facilitar a
criação de novas empresas, sua atuação e seu financiamento. Isso tem sido feito a partir da difusão
das tecnologias da informação.

EMPREENDEDORISMO E INOVAÇÕES | Educação a Distância 51


Fonte: SHUTTERSTOCK.COM

Além disso, é necessário foco na dinamização e modernização produtiva por meio da inovação e inserção
na sociedade da informação com objetivo de apoiar a geração, difusão e incorporação de conhecimento que
estimulem o crescimento e a sustentabilidade nos mais variados tipos e formatos de empresas de pequeno
porte, podendo estas estar relacionadas a empresas de base tecnológica ou a atividades tradicionais. Os
mecanismos utilizados nessas ações incluem o estímulo à pesquisa conjunta e às atividades de registro
de patentes, à conscientização sobre o papel da inovação, a disponibilização de serviços de consultora, o
intercâmbio entre pesquisadores das instituições de ensino e pesquisa e funcionários das empresas e a
organização de participação em redes.

No que se refere à legislação brasileira, em 2004, o Brasil inicia um grande debate para a promoção
do crescimento que aconteceu nos anos posteriores que foi a entrada em vigor, em 2007, da Lei Geral
da Micro e Pequena Empresa e, no ano seguinte, da Lei do Empreendedor Individual que são marcos
da regulamentação ao estímulo ao empreendedorismo brasileiro. Destaca-se nessa regulamentação
o Simples que já existia anteriormente e foi rediscutido com objetivo de deixar a tributação a micro e
pequenas empresas mais justo, reduzindo a burocracia proporcionando mais crédito e maior acesso às
compras governamentais.

Um dos componentes do juro é a inadimplência, logo uma boa gestão dos recursos fi nanceiros das empresas
poderia levar a uma sensível diminuição dos juros cobrados hoje.

52 EMPREENDEDORISMO E INOVAÇÕES| Educação a Distância


FONTES DE FINANCIAMENTO

O leitor já deve ter percebido que quando abordamos questões polêmicas acerca do empreendedorismo
aponta-se o outro lado da moeda, ou seja, as políticas públicas têm suas dificuldades na aplicabilidade
ou em sua formulação, porém o envolvimento e a articulação dos empreendedores também são limitados
ainda. Assim, também existe a similaridade em relação ao financiamento, com certeza vamos abordar as
dificuldades que empreendedores brasileiros têm de captar recursos financeiros com custos viáveis, no
entanto abordamos também como esses recursos são mal administrados dentro da empresa.

Qual é o pano de fundo desse problema? Um dos componentes do cálculo de juros é a inadimplência,
e, uma vez que o recurso é administrado com deficiência nas empresas, isso gera a inadimplência o que
leva ao aumento das taxas gerais de juros. Ou seja, quando estudamos alternativas de financiamento e
as dificuldades de captação, é plausível abordar as duas questões ou os dois lados da moeda, primeiro
os custos elevados, a burocracia interminável e a dificuldade na captação, e segundo, o pouco preparo,
principalmente dos pequenos empresários, na administração dos recursos financeiros da empresa.

Existe também, no sistema bancário brasileiro, uma dificuldade considerável em relação ao aval. Faça o
experimento, imprima um bom plano de negócios e apresente aos gerentes de agência bancária da sua
cidade. É interessante a cena, provavelmente ele vai olhar para seu plano de negócios achar ele muito
interessante, talvez até lhe falar que tem uma baita oportunidade nas mãos, mas no fim vai pedir um
imóvel, carro ou terreno em garantia para lhe conceder o valor necessário para iniciar a empresa, e isso
em geral com um juro impeditivo ao empreendimento.

As justificativas para a impossibilidade do empréstimo são as mais interessantes, empresa sem histórico
de movimentação no banco, baixo faturamento, falta de relacionamento com a instituição financeira,
enfim, um círculo vicioso no qual não se tem recurso financeiro para quem é novo e, não conseguindo o
recurso, a empresa não inicia e sempre fica na condição de empresa nova.

Alternativas existem para sair dessa situação, em algumas regiões do Brasil já existem o crédito solidário,
os Angels ou similares que são pessoas ou organizações que procuram investir em negócios promissores
para se tornarem sócios ou para permanecer temporariamente nas empresas.

Outras alternativas de crédito podem ser as relacionadas à operação da empresa como a negociação
do prazo de compra de produtos de revenda ou de matéria-prima com fornecedores, créditos mais caros
como cheque especial e cartões, que geralmente são impeditivos também e o crédito informal com
familiares ou com pessoas que emprestam dinheiro no mercado informal como o caso dos agiotas. Seja
qual for a alternativa o empreendedor deve entender qual o risco envolvido na operação e evitar se expor
demasiadamente a esse risco. A seguir, abordaremos as alternativas mais comuns de financiamento no
mercado brasileiro.

EMPREENDEDORISMO E INOVAÇÕES | Educação a Distância 53


Assista ao vídeo da Agência Sebrae que fala sobre o crédito para micro e pequenas empresas <http://www.
agenciasebrae.com.br/video_int.kmf?cod=127>.

Microcrédito

Com forte tradição na Ásia, o microcrédito tem ganhado força no Brasil na última década, pois em geral
é uma opção de captação de pequenas quantias de recursos financeiros com um grau de burocracia
relativamente menor, em alguns casos existem linhas para empresas que ainda não se formalizaram.
Entre as instituições que oferecem o microcrédito estão organizações não governamentais, órgãos
públicos, organizações sem fins lucrativos, associações locais sendo que os valores vão de R$500,00
chegando a R$20.000,00 com juros baixos, 12% ao ano, e em alguns casos com sistema de amortização
contínua ou até mesmo com juros simples.

É importante para ter acesso ao microcrédito que o empreendedor faça parte da comunidade em que o
agente de microcrédito está instalado, além disso na maioria dos casos esse empreendedor não pode ter
seu nome constando nos órgãos de proteção ao crédito.

Crédito de Bancos Públicos e Privados

Tanto bancos públicos como bancos privados têm linhas de crédito direcionadas a pequenas empresas,
essas linhas de créditos são viabilizadas em sua maioria por recursos advindos do BNDES – Banco
Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social. Para definir o que é pequena ou média empresa,
o BNDES usa critérios diferentes dos adotados na Lei Geral da Micro e Pequena Empresa. Para o
BNDES, a microempresa é aquela que aufere até 1,2 milhão ao ano, pequenas empresas entre 1,2 e 10,5
anual e média empresa acima disso.

FINAME

Uma fonte interessante de financiamento é o FINAME, sigla de Financiamento de Máquinas e Equipamentos


que tem como foco a promoção do crescimento empresarial por meio do incremento da produção e
da comercialização de equipamentos nacionais, dando acesso a recursos financeiros tanto para quem
produz como para quem compras essas máquinas e equipamentos.

O grupo de bens que podem ser financiados é bastante diversificado, desde estrutura de informática até
máquinas e equipamentos que visem ao aumento e comercialização de produtos e serviços. Existem

54 EMPREENDEDORISMO E INOVAÇÕES| Educação a Distância


subdivisões no FINAME como o Finame leasing que oportuniza o financiamento de equipamentos
importados que não têm similar nacional, e o Finame componentes que se destina a peças que constituem
o equipamento final produzido.

Ao contrário de linhas de financiamento do BNDES em que a comissão do agente financeiro é fixa, no


Finame o valor do juro pode variar de acordo com a instituição, pois o adicional que cada banco põe nas
operações é diferente. Quanto ao prazo, este também é negociado, podendo chegar até 120 meses com
carência em geral de seis meses para o início do pagamento. Já a garantia é fiduciária, ficando o bem em
nome do agente financeiro.

BNDES Automático

Quanto a necessidade de recursos para montagem de parte ou de toda a estrutura de uma pequena,
média ou grande empresa existe a opção do BNDES Automático, apesar de mais complexo o acesso
a essa linha de financiamento, ela está disponível para quem tem um bom plano de expansão ou de
montagem de um negócio. Este recurso se limita a dez milhões de reais, sendo possível incluir nessa linha
a necessidade de capital de giro da empresa.

Fonte: <http://pt.wikipedia.org/wiki/Banco_Nacional_de_Desenvolvimento_Econ%C3%B4mico_e_Social>.

Apoio à Exportação

Quando a opção do empreendedor é pela exportação, existem várias opções de financiamento para este
fim, para pequenas empresas, o Pré-embarque Empresa Âncora (BNDES, 2012) em que se tem a opção
de um grupo de empresas, geralmente formados em núcleos setoriais, juntarem-se e exportarem por
intermédio de uma terceira empresa. Neste casos, o financiamento já é estabelecido, podendo ser de seis
a doze meses antes do embarque, como é o caso do Programa Embarque Ágil. Os produtos nacionais
que se enquadram nessa modalidade estão apresentados no site do BNDES.

EMPREENDEDORISMO E INOVAÇÕES | Educação a Distância 55


Cartão BNDES

Crédito de até R$1milhão de Reais, pré-aprovados, com juros que geralmente são os mais baixos do
mercado financeiro em que podem ser adquiridos máquinas e equipamentos e em alguns seguimentos
específicos insumos para a atividade fabril. Os fornecedores e distribuidores que pretendem adquirir
equipamento ou insumos deverão ser cadastrados no site do cartão BNDES.

O banco atua como avalista das operações e permite o parcelamento das compras em até 48 vezes
e todas as operações acontecem por intermédio de bancos comerciais nacionais e por meio das duas
principais operadoras de cartões de crédito do Brasil Cartão (BNDES, 2012).

Vários portais na Internet têm o objetivo de auxiliar os empreendedores na busca de uma maior qualifi cação. Nos
endereços abaixo, você encontrará informações preciosas sobre o assunto:
<www.endeavor.org.br>.
<www.portaldosempreendedores.com.br>.
<www.empreenderparatodos.com.br>.
<www.sebrae.com.br>.
<www.empreendedor.com.br>.

No fi lme O HOMEM QUE MUDOU O JOGO (Moneyball, 2012), o ator Brad Pitt interpreta a história real de Billy
Beane, gerente do time de baseball Oakland Athletics. Na história, Beane, com pouco dinheiro em caixa, desen-
volve um sofi sticado programa de estatísticas para o clube, que fez com que fi casse entre as principais equipes
do esporte nos anos 80. Assista ao fi lme que, apesar de não tratar de um esporte muito praticado por aqui, é uma
lição do que um empreendedor pode fazer com criatividade e persistência.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Nesta unidade, trabalhamos com os conceitos sobre o empreendedorismo, o surgimento e significado

56 EMPREENDEDORISMO E INOVAÇÕES| Educação a Distância


desta palavra que tem raízes no latim. Complementamos esta parte com informações a respeito do
empreendedorismo no mundo apresentando dados do GEM - Global Entrepreneurship Monitor.

Pôde-se estudar a respeito do empreendedor, suas características, qualidades pessoais e comportamentais


comuns aos empreendedores, mas que podem ser desenvolvidas por qualquer pessoa, desde que
esta tenha realmente desejo nisso, sendo capaz de desenvolver o perfil necessário para se tornar um
empreendedor de sucesso.

Foi possível conhecer também a importância da elaboração de um plano de negócios. Conhecemos os


principais aspectos na elaboração do plano, bem como a importância dessa ferramenta no que tange ao
planejamento do novo empreendimento.

Mais do que um simples documento escrito, o plano de negócios se mostra como um instrumento essencial
para a captação de recursos, conquista de sócios e investidores além de servir como “cartão de visitas”
do empreendedor.

Apesar dos esforços conjuntos dos governos Federal, Estadual e Municipal em conjunto com organizações
como o Sebrae e Associações Comerciais, empreender no Brasil ainda é uma tarefa complexa, seja pela
burocracia, seja pelo pouco acesso ao crédito. Diante disso, a importância do estudo do empreendedorismo
e suas facetas como o estudo do ambiente empreendedor.

É nesse ambiente empreendedor que se estudam as políticas públicas voltadas à promoção do


empreendedorismo, bem como suas aplicações como o crédito e as leis específicas.

Assim, concluímos esta unidade com os conceitos que achamos serem de grande importância no processo
de estudo sobre o empreendedorismo.

ATIVIDADE DE AUTOESTUDO
1 - Explique qual é a importância de um plano de negócios no que diz respeito à redução nos índices de
mortalidade prematura de micro e pequenas empresas.
2 - De acordo com o que foi apresentado nesta unidade, o empreendedorismo é bastante discutido e
assume posição de destaque na sociedade uma vez que proporciona desenvolvimento econômico e
social a regiões, países e nações. Sendo assim, pesquise na sua cidade como está o desenvolvimen-
to do empreendedorismo: quantas empresas foram abertas no último ano? Qual é o ramo de atuação
dessas empresas? Quem é o empreendedor? Quem são os sócios? Existem estatísticas oficiais so-
bre a abertura de novas empresas na sua cidade?
3 - Analisando os pontos levantados no texto de políticas públicas voltadas ao empreendedorismo, você
vê seu município como um ambiente que promove o empreendedorismo? Por quê?
4 – Pesquise com dois ou três empresários da sua cidade quais são as fontes de financiamento que eles
conhecem, com isso compare com as apresentadas no livro.

EMPREENDEDORISMO E INOVAÇÕES | Educação a Distância 57


DOLABELA, Fernando. O segredo de Luísa. São Paulo: Sextante, 2008. 301 p.

Novo relatório do Global Entrepreneurship Monitor coloca Brasil no topo do ranking mundial de empre-
endedorismo feminino
Desde que tiveram início no Brasil as pesquisas do Global Entrepreneurship Monitor (GEM) abordando a evolu-
ção da atividade empreendedora no país, no ano 2000, os resultados não haviam sido tão bons quanto os que
fi guram entre os apresentados esta semana, em relação a 2009.
Realizada em 54 países e representada no Brasil pelo Instituto Brasileiro de Qualidade e Produtividade, a pes-
quisa estuda, entre outros aspectos, a quantidade de cidadãos, na faixa dos 18 aos 64 anos, envolvidos em
atividades empreendedoras em negócios com menos de 42 meses de existência. A taxa nacional, que em 2008
era de 12%, subiu em 2009 para 15,3%. Um aumento expressivo, que garantiu ao Brasil a 14ª colocação no
ranking mundial.
Uma tendência animadora dá conta do fato de que o índice de empreendimentos desenvolvidos por oportunidade
estão se distanciando, com margem positiva, daqueles criados por necessidade. No entanto, negócios inova-
dores ainda são minoria. Perguntados sobre a intenção que tinham de inaugurar um empreendimento inovador,
os brasileiros favoráveis à ideia eram apenas 8,2%. Índice muito distante, por exemplo, dos 48% de chineses
que responderam favoravelmente à pergunta. Boa parte das iniciativas brasileiras ainda está destinada ao con-
sumidor fi nal, geralmente em atividades rudimentares, como confecções ou produtos alimentícios, por conta da
tendência à informalidade.
O Brasil ainda se destaca pelo empreendedorismo feminino: somos, em todo o mundo, o país com o maior nú-
mero proporcional de iniciativas desenvolvidas pelo público feminino, que domina 53% dos empreendimentos.
Ao nosso lado, apenas Guatemala e Toga têm mais mulheres no comando dos negócios, em detrimento dos
homens.
A crise econômica de 2008-2009, responsável por uma queda signifi cativa nas atividades empreendedoras de
países desenvolvidos como os Estados Unidos, não teve impacto expressivo no Brasil. Ao contrário do que se
pode notar na maior economia mundial, aqui, apesar dos efeitos sobre o Produto Interno Bruto (PIB), a atividade
empreendedora cresceu acima da média. Uma explicação pode ser o aumento na taxa de desemprego, que
serviu como pontapé inicial para milhares de pessoas que decidiram investir no próprio negócio.
Especialistas chegaram à conclusão de que fatores como políticas governamentais ainda escassas e a baixa
escolaridade do brasileiro são os principais entraves para o desenvolvimento de iniciativas empreendedoras no
país. Por outro lado, somos benefi ciados pela dinâmica do mercado interno e a infraestrutura física de telecomu-
nicações e internet.
Extraído de: <http://cooperblog.com.br/blog/uncategorized/novo-relatorio-do-global-entrepreneurship-monitor-
-coloca-brasil-no-topo-do-ranking-mundial-de-empreendedorismo-feminino/ >. Acesso em: 18 abr. 2012.

58 EMPREENDEDORISMO E INOVAÇÕES| Educação a Distância


O BRILHO DA OUSADIA
Casos de sucesso — como Natura, Microsiga, Gol, TAM, Grupo Ultra — deveriam ser mais comentados e discu-
tidos. São lições de empreendedorismo que valem a pena conhecer. Quando João Hansen Júnior resolveu optar
pelo PVC em tubos e conexões para sistemas hidráulicos no fi nal da década de 1950, sua atitude foi conside-
rada coisa de maluco. Sua empresa, Tigre, localizada em Joinville, Santa Catarina, estava apenas começando.
Hansen precisou vencer forte resistência, pois não se acreditava nem se aceitava que o PVC pudesse substituir
o ferro usado nas tubulações, em uma época em que tinha início o processo de urbanização do país. Hansen foi
para Hannover, na Alemanha, para participar de uma feira de plástico na qual adquiriu os equipamentos neces-
sários para sua fábrica. Acreditou em sua visão e partiu decisivamente para o empreendimento. Hoje, a Tigre é
uma empresa de grande porte, responsável pelo saneamento básico, principalmente em residências, em 90%
dos municípios do país.
Fonte: CHIAVENATO. Empreendedorismo: dando asas ao espírito empreendedor: empreendedorismo e viabili-
dade de novas empresas: um guia efi ciente para iniciar e tocar seu próprio negócio. 2.ed. rev. e atualizada. - São
Paulo: Saraiva, 2007.

EMPREENDEDORISMO E INOVAÇÕES | Educação a Distância 59


60 EMPREENDEDORISMO E INOVAÇÕES| Educação a Distância
UNIDADE II

INTRODUÇÃO AO EMPREENDEDORISMO
Professor Me. Ricardo Albuquerque Azenha
Professor Me. Juliano Mario da Silva
Professor Esp. Haroldo Yutaka Misunaga

Objetivos de Aprendizagem

• Entender a importância da propriedade intelectual.


• Estudar os principais tipos de proteção da propriedade intelectual.
• Conhecer o conceito de inovação.
• Analisar a relação entre inovação, mudança e negócios.
• Definir criatividade e a sua importância para a inovação.
• Conhecer o conceito de franchising.
• Analisar o franchising como um modelo de negócio.

Plano de Estudo
A seguir, apresentam-se os tópicos que você estudará nesta unidade:

• Proteção da propriedade intelectual


• Patentes
• Marcas
• Direitos autorais
• Criatividade, inovação e empreendedorismo
• Inovação e empreendedorismo
• Tipos de inovação
• Criatividade e inovação
• Fases da criatividade
• Franchising - conhecendo um pouco mais sobre o termo
• Franchising - a dimensão do modelo de negócios
• Tipos de franquias
62 EMPREENDEDORISMO E INOVAÇÕES| Educação a Distância
INTRODUÇÃO

PROTEÇÃO DA PROPRIEDADE INTELECTUAL

Certamente você, em algum momento da sua vida, deve ter tido uma ideia para tentar resolver algum
problema do dia a dia que foi vivenciado por você ou por alguém que você conheça. Todos nós já tivemos
ideias, algumas mais “geniais” e outras nem tanto para esse tipo de situação. A grande maioria delas
passa despercebida, sem pretensão alguma de se tornar realidade. Ficam confinadas no imaginário de
quem as teve, reservadas a uma simples representação mental de uma situação real ou abstrata.
Fonte: SHUTTERSTOCK.COM

Entretanto, algumas ideias consideradas realmente “boas” acabam por se tornar “realidade” concretizando-
se na forma de um novo negócio. De acordo com Ferreira, Santos e Serra (2010, p. 47), “o empreendedor
deve ter uma boa ideia de negócio, porque, de início, uma boa ideia facilitará o sucesso”. Alguns
empreendimentos irão surgir no mercado graças a uma ideia nova, seja ela relacionada com um produto
inovador e totalmente novo ou então um produto resultante de novas formas de fabricá-lo ou comercializá-
lo.

Sendo assim, uma vez que a ideia que irá sustentar o novo negócio foi identificada e desenvolvida,
torna-se importante o empreendedor tentar proteger tal ideia, com vistas a evitar que essa ideia seja
apropriada por um concorrente ou mesmo que seja utilizada de forma indevida. Proteger a ideia garantirá
ao empreendedor a posse da propriedade intelectual originada por tal ideia.

Assim, nesta seção você conhecerá e aprenderá sobre o conceito de propriedade intelectual e as formas
de sua proteção. Entenderá como se dá o processo envolvendo as patentes, o direto autoral e a proteção
de marcas, que representam as principais formas jurídicas de proteção da propriedade intelectual.

EMPREENDEDORISMO E INOVAÇÕES | Educação a Distância 63


Então, antes de tratarmos a proteção da propriedade intelectual, é importante compreendermos do
que trata a propriedade intelectual, ou seja, conhecer a sua definição. De acordo com Hisrich, Peters e
Shepherd (2009), a propriedade intelectual é representada por ativos importantes para o empreendedor,
mas que por não saberem exatamente do que se trata a propriedade intelectual, ignoram as etapas
consideradas vitais para proteger esses ativos. Para Ferreira, Santos e Serra (2010), a propriedade
intelectual é “intelectual”, pois é fruto de uma invenção, da criatividade e da imaginação resultante de uma
atividade intelectual, sendo considerada como produto do intelecto humano que possui características
intangíveis, mas com valor comercial no mercado.

Desta maneira, torna-se importante conhecer e compreender as principais formas jurídicas de proteção
da propriedade intelectual: as patentes, as marcas e os direitos autorais, bem como a legislação que trata
desse assunto (no Brasil, a Lei de Propriedade Intelectual - Lei 9.279/96).

Patentes

Para Teh, Kayo e Kimura (2008), conferindo exclusividade de exploração pelo autor, o registro de
patente impede que um produto seja produzido e tenha seus processos utilizados por terceiros por um
determinado período de tempo. Ferreira, Santos e Serra (2010) consideram a patente como sendo um
benefício concedido pelo governo, no qual o empreendedor adquire o direito de excluir outros na produção,
comercialização e uso de uma invenção enquanto a patente durar. Esse direito, conforme esses autores, é
concedido por um período de cerca de vinte anos dependendo do tipo de patente.

Baron e Shane (2011) afirmam que a patente representa um direito jurídico concedido por um governo
nacional no qual é garantido o direito de exploração de uma invenção pelo seu inventor por um período
de vinte anos mediante a divulgação completa de como tal invenção funciona. Revelar detalhadamente
todo o conteúdo técnico do que está sendo protegido pela patente contribui, segundo a Agência USP
de Inovação (2012), para o desenvolvimento tecnológico mundial, tornando a patente um importante
instrumento com vistas a divulgar informações tecnológicas bem como estimular novas formas de
desenvolvimento científico.

Em contrapartida, Hisrich, Peters e Shepherd (2009) consideram que a patente concede aos seus
proprietários uma espécie de direito negativo, uma vez que impede que qualquer outra pessoa passe a
produzir, usar ou comercializar a invenção definida no registro de patente.

No Brasil, a Lei de Propriedade Intelectual (Lei 9.279/96) irá regular sobre o registro de patentes. De
acordo com essa lei, é patenteável a invenção que atenda, os requisitos de novidade, atividade inventiva
e aplicação industrial. Conforme a Agência USP de Inovação (2012), a novidade existe quando o invento
não está compreendido no estado da técnica. Por estado da técnica entende-se tudo aquilo que estava
acessível ao público antes da data em que o pedido de patente foi feito, por meio de uma solicitação
escrita ou oral, no Brasil ou no exterior. Em relação à atividade inventiva, trata-se de um quesito subjetivo
uma vez que necessita que o ato inventivo deve ser oriundo de trabalho intelectual. Já em relação à

64 EMPREENDEDORISMO E INOVAÇÕES| Educação a Distância


aplicação comercial, deve haver garantia de que a invenção tenha uma aplicação comercial e que seja
passível de produção em escala industrial.

A reportagem de Lígia Formenti e Felipe Recondo, publicada no jornal Estado de São Paulo em sua versão on-
line, trata do gasto de R$ 123 milhões pelo governo brasileiro para a compra de medicamentos para distribuição
no sistema público de saúde. Esse valor, segundo a reportagem, refere-se ao dinheiro que o governo poderia
economizar se pudesse comprar os mesmos medicamentos, mas na sua versão genérica. Isso não é possível
devido a um mecanismo chamado pipeline, de acordo com a reportagem. Leia a reportagem disponível no
link: <http://www.estadao.com.br/noticias/impresso,lei-de-patentes-fez-pais-gastar-r-123-milhoes-a-mais-com-4-
-medicamentos,682272,0.htm>. (FORMENTI; RECONDO, 2012).
Fonte: PHOTOS.COM

De acordo com a Lei 9.279/96, não é considerado invenção:


• descobertas, teorias científi cas e métodos matemáticos;
• concepções puramente abstratas;
• esquemas, planos, princípios ou métodos comerciais, contábeis, fi nanceiros, educativos, publicitários,
de sorteio e de fi scalização;
• as obras literárias, arquitetônicas, artísticas e científi cas ou qualquer criação estética;

EMPREENDEDORISMO E INOVAÇÕES | Educação a Distância 65


• programas de computador em si;
• apresentação de informações;
• regras de jogo;
• técnicas e métodos operatórios ou cirúrgicos, bem como métodos terapêuticos ou de diagnóstico,
para aplicação no corpo humano ou animal;
• todo ou parte de seres vivos naturais e materiais biológicos encontrados na natureza, ou ainda que
dela isolados, inclusive o genoma ou germoplasma de qualquer ser vivo natural e os processos bioló-
gicos naturais.
Além disso, conforme o artigo 18 da Lei 9.279/96, não é patenteável:
• o que for contrário à moral, aos bons costumes e à segurança, à ordem e à saúde públicas;
• as substâncias, matérias, misturas, elementos ou produtos de qualquer espécie, bem como a modifi-
cação de suas propriedades físico-químicas e os respectivos processos de obtenção ou modificação,
quando resultantes de transformação do núcleo atômico;
• o todo ou parte dos seres vivos, exceto os micro-organismos transgênicos que atendam aos três re-
quisitos de patenteabilidade - novidade, atividade inventiva e aplicação industrial - previstos no art. 8º
e que não sejam mera descoberta.

Destaca-se aqui a atuação do Instituto Nacional da Propriedade Industrial (INPI), órgão vinculado ao
Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio que, de acordo com a Lei 9.279/96, será o órgão
responsável por receber os pedidos de patente e publicar/divulgar os registros concedidos.

Os passos para solicitar o registro de patente no Brasil, conforme Ferreira, Santos e Serra (2010) são
descritas a seguir (quadro 6):

66 EMPREENDEDORISMO E INOVAÇÕES| Educação a Distância


Quadro 6 - Passos para solicitação de registro de patente

Etapa Descrição
1 - Verificar se o produto é patenteável. É necessário, antes de requerer a patente, verificar se
há viabilidade para patentear o produto. Tal verificação
pode ser feita junto ao INPI e também consultando-se a
lei 9.279/96.
2 - Realizar uma busca para A invenção deve apresentar o caráter de novidade e
constatar se a ideia do produto atividade inventiva.
que se pretende patentear é nova.
3 - Verificar o tipo de registro. A patente pode ser obtida sob forma de invenção,
modelo de utilidade ou desenho industrial.
4 - Preencher o pedido de patente. Documentação exigida para que seja possível o
depósito de patente junto ao INPI. Dentre os
documentos estão o relatório descritivo, os desenhos
(se for o caso) e o comprovante de pagamento de
retribuição relativa ao depósito.
5 - Efetuar o depósito do O depósito do pedido de patente deve ser realizado
pedido de patente. junto à sede do INPI, situada no Rio de Janeiro.
6 - Solicitar o pedido de exame. Permanecendo 18 meses sob sigilo, então o processo é
publicado e ganha conhecimento do grande público. O
pedido de exame deve ser feito então, após essa
publicação e em até 36 meses após o depósito.
7 - Acompanhar os despachos. O processo deve ser acompanhado através das
publicações disponibilizadas pelo INPI: Revista de
Propriedade Intelectual (RPI) disponibilizada na
biblioteca e no site do INPI.
8 - Responder pareceres. Responder aos questionamentos oriundos do exame
técnico.
9 - Solicitar carta-patente. O registro de patente será concedido mediante o pedido
deferido bem como comprovação do pagamento da
retribuição de patente. O pagamento deve ser feito no
prazo de 60 dias contados do deferimento.

Fonte: Adaptado de Ferreira, Santos e Serra (2010, pp. 66-67)

De acordo com o Instituto Nacional de Propriedade Intelectual (2012), o pedido inicial de patente, em papel,
custa R$ 235,00. Esse valor diminui para R$ 95,00 nos casos de pessoas naturais, microempreendedores
individuais, microempresas, empresas de pequeno porte e cooperativas assim definidas em lei, instituições
de ensino e pesquisa, entidades sem fins lucrativos, bem como por órgãos públicos, quando se referirem
a atos próprios. Mas o processo de patente inclui outras taxas entre elas, a taxa do pedido de exame de
invenção, certidões de busca, serviços de expedição de carta-patente dentre outras.

Embora as patentes ofereçam muitas vantagens, Baron e Shane (2011) alertam que, em muitas
situações, as desvantagens podem superar as vantagens (tabela 2), fazendo com que nem sempre os
empreendedores patenteiem suas invenções.

EMPREENDEDORISMO E INOVAÇÕES | Educação a Distância 67


Tabela 2 - Vantagens e desvantagens das patentes

Vantagens Desvantagens
Ajuda a levantar o capital Exige a divulgação da invenção.
demonstrando a existência de
uma vantagem competitiva.
Aumenta o custo da imitação Oferece monopólio temporário: 20 anos.
por parte da concorrência.
Oferece direito de monopólio, Pode ser contornada se a concorrência realizar a
impedindo que outras pessoas mesma meta esquivando-se da proteção por patente.
façam a mesma coisa.
Evita que outra parte use a Requer exigências jurídicas rigorosas para serem
invenção como segredo válidas e mostrarem infração, o que torna difícil e
comercial. caro proteger uma patente, em especial contra
grandes empresas.

É menos efetiva do que outros mecanismos na


proteção de propriedade intelectual da maior parte
das tecnologias.
Pode ser irrelevante no momento em que a patente
for concedida se a tecnologia ficar obsoleta
rapidamente.
Exige um pedido de patente em todos os países do
mundo, caso contrário, as pessoas podem usar a
divulgação feita no Brasil para saber como utilizar a
invenção em outros países.

Fonte: Adaptado de Baron e Shane (2011, p. 313).

Marcas

É possível que na sua cidade ou em alguma que você tenha ido para trabalhar, visitar ou simplesmente
passear você tenha se deparado com uma letra “M” na cor amarela, bem grande, com estilo a formar
dois arcos. Bastou olhar para isso e você imediatamente identificou se tratar de uma rede de lanchonetes
conhecida internacionalmente e que vende sanduíches (hambúrgueres) dos mais variados tipos. Outra
situação semelhante diz respeito aos postos de combustíveis: você já deve ter abastecido o seu veículo
ou ao menos passado em frente de um posto cuja identificação é feita pelas letras “BR”. Bastou olhar para
essas letras e identificar se tratar de uma rede de postos de combustíveis.

68 EMPREENDEDORISMO E INOVAÇÕES| Educação a Distância


Fonte: SHUTTERSTOCK.COM

Ao observar o símbolo acima, você e muitas pessoas podem associá-lo com eventos esportivos uma vez
que tal símbolo representa uma empresa fabricante de artigos esportivos mundialmente conhecida.

Usada como forma de identificação da fonte ou a procedência dos produtos ou serviços, bem como forma
de distinguir produtos ou serviços das outras empresas, a marca pode ser representada por qualquer
palavra, símbolo, nome ou instrumento (FERREIRA; SANTOS; SERRA, 2010). Além disso, Hisrich, Peters
e Shepherd (2009) afirmam que uma marca pode ser representada por um slogan ou um som específico
que possibilite a identificação da fonte ou o patrocínio de alguns produtos ou serviços. De forma diferente
das patentes, a marca (marca registrada) pode durar por tempo indeterminado desde que continue a
desempenhar a função indicada (HISRICH; PETERS; SHEPHERD, 2009).

Dornelas (2005, pp. 218-219) apresenta algumas classificações da marca:

Quanto à origem: a marca pode ser brasileira (quando foi depositada no Brasil por pessoas domiciliadas
no país) ou estrangeira (depositada tanto no Brasil como no país de origem que esteja vinculado a um
tratado ou acordo do qual o Brasil também seja participante).

Quanto ao uso: a marca pode ser de produtos ou serviços (uso destinado à distinguir produtos e serviços
semelhantes ou afins), coletivas (função de identificar produtos ou serviços oriundos de membros de uma
determinada entidade) e de certificação (marcas destinadas a atestar a conformidade de um produto ou
serviço).

Quanto à apresentação: considerando a apresentação, a marca pode ser classificada como nominativa

EMPREENDEDORISMO E INOVAÇÕES | Educação a Distância 69


(composta por uma ou mais palavras do alfabeto romano e abrangendo também novas palavras -
neologismo além de combinações de letras e/ou algarismos), figurativa (a proteção neste caso recai sobre
o símbolo ou ideograma representado pela marca e não sobre a palavra ou termo que a representa sendo
composta assim por uma imagem, desenho, figura ou qualquer tipologia estilizada de letra e número de
forma isolada, bem como qualquer forma de ideogramas de língua como, por exemplo, japonês, árabe
etc.), tridimensional (composta pela conformação física - forma plástica, de produto ou de embalagem) e
mista (combinação entre elementos figurativos e nominativos).

De acordo com o Instituto Nacional de Propriedade Intelectual (INPI), é necessário definir o uso e a
natureza da marca uma vez que no momento do registro tal definição será solicitada. Já em relação aos
itens da marca passíveis de proteção, Ferreira, Santos e Serra (2010, p. 67) destacam:

Palavras, números e letras: representadas pela combinação de palavras, números e letras sejam elas
soltas, frases curtas e slogans.

Designs e logos: os designs e logotipos que compõem uma marca.

Sons: apesar de mais raro, esse tipo de registro abrange os sons distintivos associados à marca.

Fragrâncias: é passível de registro somente se o reconhecimento e identificação do produto não for


possível sem a fragrância.

Formas: o registro é possível, nesse caso, se o formato do produto não exercer impacto sobre a sua
função.

Cores: o registro da cor é possível desde que a cor não afete a funcionalidade do produto/serviço (leia na
seção “Saiba mais” o caso da disputa entre empresas pela cor vermelha do solado de sapatos femininos).

Aparência: consiste no registro da embalagem, do design e da configuração do produto.

70 EMPREENDEDORISMO E INOVAÇÕES| Educação a Distância


Fonte: SHUTTERSTOCK.COM

Recentemente a indústria brasileira de calçados femininos Carmen Steffens envolveu-se em uma disputa judicial
com o designer francês de calçados Christian Louboutin. Laboutin alega que a indústria brasileira cometeu o cri-
me de plágio ao copiar a cor vermelha do solado dos sapatos que, segundo o designer, é a marca registrada dos
seus calçados. Leia a reportagem de Leandro Martins publicada no jornal Folha de São Paulo sobre o assunto.
Disponível no link: <http://www1.folha.uol.com.br/mercado/909299-industria-brasileira-e-processada-por-pla-
gio-em-sola-de-sapato.shtml>. (MARTINS, 2012).

Além disso, Ferreira, Santos e Serra (2010, p. 68) destacam também um conjunto de itens que não são
passíveis de proteção: aqueles considerados imorais ou escandalosos, enganosos, descritivos (não é
passível de registro as expressões que apenas representem a descrição de um produto ou serviço) e
sobrenomes (o sobrenome, por exemplo, “Silva” poderá ser registrado somente se estiver combinado com
outras palavras que distingam um produto ou serviço).

No Brasil, a lei número 9.279/96 irá tratar da questão do registro de marcas. De acordo com o artigo 133
dessa lei, o registro de marca terá vigência de dez anos, contados a partir da data em que o registro foi
concedido além de haver a possibilidade de prorrogação por período igual e sucessivo.

Para proceder com o registro da marca, o interessado deve realizá-lo junto ao INPI. Além da apresentação
dos documentos exigidos pelo INPI, é necessário fazer o pagamento da retribuição relativa do depósito

EMPREENDEDORISMO E INOVAÇÕES | Educação a Distância 71


cujo valor atualmente é de cerca de R$ 355,00 para depósito inicial (INPI, 2012). Esse valor diminui
para R$ 140,00 para pessoas físicas, microempreendedores individuais, microempresas, empresas de
pequeno porte e cooperativas além de instituições de ensino e pesquisa, entidades sem fins lucrativos e
órgãos públicos (INPI, 2012).

Direitos autorais

Também conhecidos como copyrights (representado pelo símbolo ©), os diretos autorais caracterizam uma
forma de proteção da propriedade intelectual na qual é concedido ao autor o direito legal à “paternidade”
da obra com o intuito de assegurar sua genuinidade e integridade (FERREIRA; SANTOS; SERRA, 2010).
O direito autoral concede autorização ao seu proprietário e às pessoas por ele designadas de reproduzir,
copiar ou exibir aquilo que foi protegido. De acordo com Baron e Shane (2011), o direito autoral torna ilegal
a publicação do material todo ou parte dele por outra pessoa ou o uso desse material de qualquer outra
maneira.

Conforme Baron e Shane (2011), a partir do momento que uma obra é produzida, tal obra já possui direitos
autorais. No Brasil, a lei número 9.610/98 trata da questão dos direitos autorais. Conforme essa lei em
seu artigo 19, é facultado ao autor o registro de sua obra em órgão público. Ainda de acordo com essa lei,
caso o autor queira assegurar seus direitos, poderá proceder com o registro da obra, de acordo com sua
natureza nos seguintes órgãos (descritos no caput e no § 1º do art. 17 da Lei nº 5.988/73): na Biblioteca
Nacional, na Escola de Música, na Escola de Belas Artes da Universidade Federal do Rio de Janeiro, no
Instituto Nacional do Cinema, ou no Conselho Federal de Engenharia, Arquitetura e Agronomia.

Os itens passíveis de proteção pelos direitos autorais são, de acordo com o quadro 7:

Quadro 7 - Itens protegidos pelos direitos autorais

Fonte: Adaptado de Ferreira, Santos e Serra (2010, p. 69)

As ideias, de acordo com Ferreira, Santos e Serra (2010), não são cobertas pela proteção dos direitos
autorais. Conforme esses autores, a ideia não é passível de proteção, mas, em contrapartida, a sua
expressão específica sim. Por exemplo, o empreendedor tem a ideia de criar uma máquina para vender na

72 EMPREENDEDORISMO E INOVAÇÕES| Educação a Distância


praia água de coco engarrafada. Essa ideia propriamente dita não pode ser protegida pelo direito autoral.
Ao contrário disso, a descrição completa e minuciosa de como será constituída essa máquina bem como
se dará o seu funcionamento é possível de ser protegida. Ferreira, Santos e Serra (2010) denominam tal
princípio de “dicotomia ideia-expressão”.

CRIATIVIDADE, INOVAÇÃO E EMPREENDEDORISMO

Antes de iniciarmos esta seção, imagine a situação apresentada por Baron e Shane (2011, p. 73), conforme
descrito abaixo:

“Dois indivíduos, um professor universitário e um empreendedor, estão caminhando na floresta quando


avistam um urso pardo feroz avançando em sua direção. O professor, cuja especialidade era a física,
estimou a velocidade que eles poderiam alcançar na fuga. Ele então afirma: “Pare de correr. Não há jeito
de conseguirmos escapar desse urso. Ele nos alcançará em 15 segundos”. O empreendedor, entretanto,
continuou correndo. Quando o professor perguntou por que, o empreendedor gritou para trás, sobre os
ombros: “Você está certo - eu jamais poderei correr mais que o urso. Porém, eu não tenho que correr mais
que ele: tudo o que preciso é correr mais que você!”.
Fonte: SHUTTERSTOCK.COM

E você, o que faria? Ficaria conformado à espera do urso ou pensaria em algo para tentar salvar a
sua vida? Talvez a grande maioria das pessoas ficasse ali aguardando o triste desfecho da história,
esperando ser devorado pelo urso. Outras, pelo contrário, tentariam descobrir uma forma diferente, nova,
para sobreviver ao eminente ataque do urso pardo.

EMPREENDEDORISMO E INOVAÇÕES | Educação a Distância 73


E assim é o que acontece no atual cotidiano organizacional, seja de micro, pequenas, médias e grandes
empresas. A cada dia as empresas se veem na constante necessidade de “fugir do urso pardo que as
perseguem”. Perceber e compreender o que acontece à nossa volta, identificar problemas e oportunidades
e descobrir formas de sobreviver a esses problemas e aproveitar as oportunidades, torna-se um imperativo
almejado pelas empresas.

No que tange a empreendedores, Fabrício e Machado (2010) afirmam que os empreendedores


procuram identificar oportunidades de negócio consideradas novas, por meio de um processo visionário,
combinando habilidades e recursos de maneira inovadora, possibilitando transformar uma simples ideia
em algo concreto. Assim, conseguirão sobreviver e se manter competitivas no mercado aquelas empresas
cujo seus empreendedores e gestores forem capazes de fazer com que a empresa responda de maneira
rápida às mudanças ocorridas no seu ambiente.

Desta maneira, trataremos, nessa seção, a inovação como forma diferente de criar algo novo, de
promover transformações no ambiente no qual um empreendimento atua ou irá atuar. Além do que,
também trataremos da criatividade, importante aspecto para o processo de inovação. A criatividade,
segundo Ferreira, Santos e Serra (2010), figura como a capacidade de olhar as mesmas necessidades ou
problemas a partir de pontos de vista diferentes. E essa nova maneira de enxergar as coisas certamente
influenciará e contribuirá para o desenvolvimento de inovação eficiente.

Inovação e empreendedorismo

A dinâmica atual do mundo dos negócios, de acordo com Chér (2008), é patológica. Conforme esse autor,
torna-se necessário criar-se e recriar-se a todo tempo. Os ciclos de vida dos produtos e serviços foram
encurtados, houve uma popularização das tecnologias tornando-as acessíveis a uma maior quantidade
de pessoas, além da necessidade constante de rever as estratégias do negócio, não deixando que o
negócio no presente seja superado por um futuro incerto. A constante necessidade de diferenciar-se dos
demais faz com que o empreendedor redefina constantemente o seu negócio. “Para manter o seu negócio
no presente e no futuro, você precisará transformá-lo algumas vezes isso porque para ser superado não
é preciso parar. Para ser atropelado basta se manter na mesma velocidade, no mesmo ritmo, na mesma
estratégia” (CHÉR, 2008, p. 190).

“Como então enfrentar esta nova realidade de se fazer negócios com as mesmas premissas, metodologias,
ferramentas e estratégias de antigamente?” é a questão que Chér (2008, p. 191) coloca em pauta para
que empreendedores novos e já atuantes possam refletir sobre as mudanças constantes que afetam os
negócios. Tudo isso, acaba por indicar uma necessidade óbvia: inovação permanente (CHÉR, 2008).

O conceito de inovação, bem como sua prática, não é novo, afirma Dornelas (2003). Para esse autor, a
inovação relacionada com a criação de um produto novo ou um serviço diferente, a inovação de processos
produtivos ou formas de gestão sempre estiveram presentes no cotidiano organizacional. De acordo com
esse autor, a inovação refere-se a mudanças, ou seja, realizar as coisas de maneira diferente, proporcionar
a criação de algo novo, de promover a transformação do ambiente no qual se está atuando. Além disso,

74 EMPREENDEDORISMO E INOVAÇÕES| Educação a Distância


Bessant e Tidd (2009) afirmam que a inovação não implica necessariamente em comercializar apenas
grandes invenções, algo totalmente novo, mas também pequenas alterações ou explorar com sucesso
novas ideias.

“A inovação é o instrumento específico dos empreendedores, o meio pelo qual eles exploram a mudança,
como uma oportunidade para um negócio diferente [...] os empreendedores precisam buscar, de forma
deliberada as fontes de inovação” (DRUCKER, 2003, p. 25).

Existe uma grande variedade, e até certa falta de consenso sobre a definição de inovação. É necessário,
entretanto, diferenciar inovação de invenção. Para Leite e Moori (2008), invenções dizem respeito
a descobertas, sejam elas formas de tecnologias, patentes ou fórmulas. Em se tratando de inovação,
esses autores afirmam que a inovação possui uma dimensão mais ampla e pode ocorrer tanto no
desenvolvimento de novos produtos como em processos. Complementando essa ideia, Dornelas (2003)
salienta que a diferença entre o empreendedor e o inventor está pautada no fato de que o empreendedor
alia criatividade às suas habilidades gerenciais e conhecimento dos negócios de forma a possibilitar a
identificação de oportunidades de inovar. Em contrapartida, destaca o autor, o inventor almeja apenas a
criação e a descoberta, não objetivando a criação de algo com finalidade econômica.

Inovação é a criação de um produto ou de um processo melhor, através da criação de valor pela exploração de
alguma forma de mudança, a saber: técnica, materiais, preços, taxação, demografi a e até geopolítica. Ou ainda,
a geração de novas demandas ou de novas maneiras de explorar um mercado existente” (SALIM; SILVA, 2010,
p. 213).

Os empreendedores, de acordo com Dornelas (2003), estão constantemente buscando algo novo,
sempre querendo ir além, motivando-os para a busca da inovação. Assim, para esse autor, a busca da
inovação sistemática, ou a prática de inovação, torna-se comum como atividade relacionada com os
empreendedores, tanto para aqueles que se lançam no mercado com um novo empreendimento como
para aqueles que já possuem ou trabalham em organizações já estabelecidas.

Tipos de inovação

Quando pensamos em inovação, a primeira coisa que nos vem à mente é aquele tipo de inovação voltada
apenas para o produto, em que será aplicado algum tipo de modificação a um produto existente ou a criação
e incorporação de um produto totalmente novo. Realizar algum tipo de alteração das características ou
função a que se destina o produto, bem como a criação de algo totalmente novo, certamente são formas

EMPREENDEDORISMO E INOVAÇÕES | Educação a Distância 75


de inovar. Mas de acordo com Chér (2008), não são essas as únicas maneiras de pensar e implementar
a inovação. Para esse autor, existem modelos e formas menos tangíveis de inovar, porém, não menos
importantes.

Um fator a ser considerado na classificação da inovação, de acordo com Bessant e Tidd (2009), é o
grau de novidade envolvido. Para esses autores, níveis diferentes de novidade existem e caracterizam-se
desde melhorias incrementais menores (inovação incremental - “fazer o que já se faz, só que melhor”)
até mudanças de grande porte, radicais e de certa forma difíceis e que podem alterar a própria base da
sociedade (inovação radical - “fazer o que fazemos de forma diferente”).

Segundo Dornelas (2003), para que seja possível para empresas definirem qual o grau de inovação
devem promover, é necessário que utilizem de ferramentas que possam auxiliá-las com a avaliação dos
riscos e retornos da oportunidade de inovar, bem como quais são os tipos de inovação correspondentes.
Um método apresentado por esse autor diz respeito à classificação das oportunidades de inovação em
três categorias, diversificando assim o portfólio de produtos da empresa para os quais serão destinados
recursos com objetivo de novos desenvolvimentos na área.

As categorias de classificação das ideias e oportunidades de inovação, segundo Dornelas (2003) são:

Ideias derivadas - caracterizada como uma adaptação ou extensão de produtos e/ou serviços que são
oferecidos atualmente cujo resultado representará uma nova versão desse produto e/ou serviço com
possível redução de custos. Os riscos relacionados com essa categoria de inovação são consideravelmente
baixos, mas igualmente baixo é também o retorno proporcionado. Referem-se ao conjunto de competências
essenciais da empresa e possuem caráter de aprovação mais fácil internamente pelas gerências de
inovação.

Nova plataforma - a oportunidade de inovação é representada pela possibilidade de lançar-se em


mercados e negócios totalmente novos. O risco dessa categoria de inovação é bastante alto, mas o
retorno garantido por ela possui um potencial considerável. Tal tipologia de inovação requer da empresa
mudança de processos e de produtos/serviços que serão ofertados no novo mercado almejado pela
empresa.

Avançadas - estão muito além das competências essenciais da organização, pois requerem muito mais
esforço, tempo e recursos, essa categoria de inovação envolve um alto risco, mas com altos retornos
potenciais. Esse tipo de inovação diz respeito a produtos e/ou serviços totalmente novos e, devido a isso,
acabam por serem criadoras de mercados considerados inexistentes até então.

Esse método de classificação da inovação, de acordo com Dornelas (2003), proporciona auxílio para que
a organização possa tomar a decisão de como irá direcionar seus recursos para as oportunidades de
inovação, tentando balancear os riscos e obter o maior retorno possível.

Outro tipo de classificação de inovação é apresentado por Bessant e Tidd (2009). Esses autores
consideram a dimensão da mudança e apresentam os 4P’s de inovação: produto, processo, posição e

76 EMPREENDEDORISMO E INOVAÇÕES| Educação a Distância


paradigma. De acordo com esses autores, a inovação do produto diz respeito à mudança nos produtos/
serviços que uma empresa oferece. Recentemente foi lançada no Brasil a garrafa de cerveja de 1 litro.
Essa garrafa é tradicionalmente vendida em países como a Argentina, em que o consumo da cerveja
geralmente é feito em casa (as pessoas preferem comprar a bebida e levar para consumir no conforto e
na privacidade da sua casa), diferentemente do Brasil, onde a maioria dos consumidores prefere beber a
cerveja em bares, restaurantes e lanchonetes. A mudança, nesse caso, diz respeito à forma de como o
produto será armazenado e posteriormente comercializado nessa nova embalagem.

Já em relação à inovação de processo, Bessant e Tidd (2009) destacam que nessa dimensão as
mudanças acontecem na forma como os produtos/serviços são feitos e ofertados/apresentados para o
consumidor. Vamos considerar como exemplo de inovação de processo a venda de passagens aéreas.
Nas décadas de 1980 e 1990 as passagens aéreas eram emitidas “em papel” pelas companhias aéreas
e agências de turismo. Atualmente, praticamente não há a impressão de nenhum documento relacionado
com a passagem aérea. Toda a transação de compra até o check-in se dá por meio eletrônico com uso
de computadores, telefones celulares e internet.

Mudanças no contexto em que produtos/serviços são introduzidos representam a inovação de posição,


de acordo com Bessant e Tidd (2009). Exemplo de inovação de posição é o uso de veículos utilitários,
em especial caminhonetes, nas cidades. A priori, os veículos utilitários possuem a função de trabalho,
ou seja, carregar e transportar uma grande quantidade de carga, geralmente na zona rural ou em
empresas. Entretanto, nos últimos anos, percebe-se a utilização de tais veículos também na cidade,
como veículo de passeio. Nesse caso, houve mudança na função a qual o veículo se destinava talvez não
pelo direcionamento do fabricante do veículo, mas pelo fato dos consumidores utilizarem tal veículo como
veículo de passeio ao invés de transporte de cargas. Perceba que a finalidade inicial para qual o produto
foi destinado foi alterada.

Sobre a inovação de paradigma, Bessant e Tidd (2009) afirmam que nessa dimensão as mudanças
ocorrem nos modelos mentais básicos que irão nortear o que a empresa faz. Como exemplo, vamos
considerar o período pré e pós-Revolução Industrial (ocorrida no século XVIII). No período pré-Revolução,
a tradição empresarial estava baseada na produção artesanal de bens. Com o advento da Revolução, a
produção deixa o caráter artesanal e passa a ser de larga escala, principalmente com o uso de grandes
máquinas, esteiras - linha de produção.

É preciso esclarecer, de acordo com Chér (2008), que nem toda inovação é igual e nem sempre a
inovação é boa. Conforme esse autor, é necessário estabelecer um objetivo claro ou optar por um modelo
de inovação para que não ocorram distorções no processo de inovação. Além do que, é necessário que
o empreendedor demonstre sempre ações efetivas colocando em pauta a prioridade que a inovação
enseja e quais serão as vantagens oriundas delas com vistas a comprometer todos os envolvidos, desde
funcionários até o mercado, alerta Chér (2008).

Percebe-se na realidade brasileira, conforme Leite e Moori (2008), que pequenas empresas, apesar de
perceberem a importância de implementação de um processo de inovação, a gestão do negócio, em certa

EMPREENDEDORISMO E INOVAÇÕES | Educação a Distância 77


medida, amadora e alguns entraves tais como falta de recursos financeiros, acabam por impedir que os
empreendedores realizem ações mais elaboradas do tipo de contratação de consultoria, realização de
pesquisa de mercado, testes de mercado etc., com vistas a apoiar o processo de inovação.

Por fim, para Leite e Moori (2008), não é esperado das pequenas empresas o uso de estratégias
semelhantes das grandes, mas acredita-se que a questão da inovação deve ser repensada por seus
gestores.

Criatividade e inovação

Uma das pré-condições da inovação é a criatividade. Chér (2008, p. 203) afirma que “para haver
inovação é preciso criatividade”. Para Ferreira, Santos e Serra (2010), é a criatividade que possibilita ao
empreendedor a criação de novos negócios a partir da combinação e recombinação de partes que já
existem, criando assim novos modelos de negócio, novos produtos e serviços, enfim, olhar para aquilo
que já está sendo ofertado e enxergar algo que os outros ainda não detectaram. Além do que, para Baron
e Shane (2011), a criatividade é importante, pois leva à descoberta de novos conhecimentos, produtos
além de poder contribuir com a qualidade de vida das pessoas.

A criatividade é a criação e a comunicação de novas conexões importantes que nos permitem pensar em muitas
possibilidades, experimentar formas variadas e utilizar diferentes pontos de vista; que nos permite pensar em
possibilidades novas e incomuns; e que nos leva a gerar e selecionar alternativas [...] resultando em algo valioso
para o indivíduo, o grupo, para a empresa ou sociedade (BESSANT; TIDD, 2009, p. 60).

Chér (2008) afirma que a palavra criatividade tem origem na palavra “criar”, cujo significado remete a
“dar origem a”, “produzir”, “inventar”. Conforme esse autor, a criatividade representa o processo cujo
resultado é um produto novo, comportamento ou serviço, que é aceito como sendo algo de utilidade,
satisfatório ou que terá valor em um dado momento. Além do que, esse autor afirma que haverá sempre
uma possibilidade para inovação onde houver um padrão e costume passíveis de serem quebrados e,
também, haverá possibilidade de inovação onde houver conhecimento, pois há a possibilidade de seu
rearranjo.

Em se tratando de conhecimento, é possível afirmar que, conforme Chér (2008), o conhecimento atua
como fonte das novas ideias. Assim, de acordo com esse autor, o indivíduo criativo é aquele que possui
uma “bagagem de conhecimento”, mas que além disso, possui atitudes as quais irão definir se é mais ou
menos criativo. Além disso, o preço de ser criativo é o de não ser aceito uma vez que passamos por um

78 EMPREENDEDORISMO E INOVAÇÕES| Educação a Distância


processo de domesticação que nos leva a pensar nas coisas simplesmente como elas são e não como
poderiam ser (CHÉR, 2008).

Alguns estudos indicam que os adultos utilizam menos percentagem do potencial criativo que as crianças. Em
parte, isso pode acontecer porque, com o crescimento, os indivíduos encontram maiores restrições aos seus
comportamentos e estas diminuem o espaço para o processo criativo. Alguns autores questionam o papel da
educação formal sobre a criatividade, porque o modelo de aprendizagem atual é baseado em uma lógica de
repetição de estereótipos, relegando o potencial criativo (FERREIRA; SANTOS; SERRA, 2010, p. 51).
E você, concorda ou discorda com o que foi mencionado?

Seguir as normas e agir conforme os padrões aceitos não conduzirão à inovação. De acordo com Chér
(2008), romper com as normas estabelecidas não necessariamente culmina em ideias criativas, mas é
uma possibilidade. Conforme esse autor, é necessário perguntar-se constantemente: “e se?”, arriscando
e buscando possibilidades de ideias criativas.

Fases da criatividade

“É possível gerenciar o processo criativo? É possível guiá-lo? Podemos nos conduzir por suas diferentes
etapas de modo a produzir deliberadamente atos criativos ao seu final?” Essas questões são discutidas
por Chér (2008, p. 213) no que diz respeito às fases da criatividade. De acordo com esse autor, talvez não
seja possível conduzir o processo de criatividade obedecendo a fases distintas e que acontecem de forma
organizada, mas que conhecer essas fases e como elas se desenvolvem pode se tornar uma vantagem.

Assim, Kneller (1999) define as etapas da criatividade: (1) Insight - funciona como um alerta no qual
o pensamento predomina e surge a inspiração para uma ideia que poderá resolver um determinado
problema. (2) Preparação - aqui investiga-se as possibilidades geradas pela ideia obtida durante o insight.
Surgem ponderações acerca das vantagens e desvantagens da implementação da ideia. (3) Incubação -
depois de realizar a investigação e o estudo da ideia, é nesta fase que a ideia será maturada, desenvolvida,
incubada a espera do momento exato para ser implementada. (4) Iluminação - esta fase se dá por meio
do uso de estratégias para estimular e complementar a cadeia de ideias que haviam sido incubadas, ou
seja, é o momento da inspiração, momento no qual a imaginação toma conta e delineia a solução de certo
problema. (5) Verificação - é a fase na qual se prepara para comunicar a ideia criativa e assim verificar a
reação das pessoas que serão comunicadas de tal ideia.

Já para Baron e Shane (2011), a abordagem da confluência (figura 4) é responsável pelo estímulo à
criatividade. De acordo com esses autores, a abordagem da confluência considera que a criatividade surge
devido à convergência (confluência) de diversos fatores tais como habilidades intelectuais, uma ampla e

EMPREENDEDORISMO E INOVAÇÕES | Educação a Distância 79


rica base de conhecimento, estilo apropriado de pensamento, atributos de personalidade, motivação e
ambiente que dê apoio a ideias criativas.

Habilidades intelectuais - habilidade de


enxergar problemas de novas maneiras.

Ampla e rica base de conhecimentos -


amplo arquivo de informações relevantes e
úteis ao pensamento criativo.

Estilo de pensar e flexível - pensar global


e localmente, deixando de lado círculos CRIATIVIDADE
viciosos mentais.

Atributos de personalidade - assumir


riscos e tolerar ambiguidade são
características que ajudam o indivíduo a
considerar ideias e soluções descartadas
pelos outros.

Motivação focada em tarefas - pessoas


criativas gostam do que fazem e
encontram recompensas inerentes no seu
trabalho.

Ambiente favorável a ideias criativas -


ambiente que incentiva mudanças e não
impõe barreiras ao pensamento nem
qualquer tipo de uniformidade.

Figura 4 - Criatividade: a abordagem da Confluência.


Figura 4 - Criatividade: a de
Fonte: Adaptado abordagem da(2011,
Baron e Shane Confluência.
pp. 75-76).

Fonte: Adaptado de Baron e Shane (2011, pp. 75-76).

Outra forma de delinear as fases do processo criativo, de acordo com Bessant e Tidd (2009), é pautada
em três etapas: compreensão da oportunidade, geração de novas ideias e planejamento para a ação. A
compreensão da oportunidade, de acordo com esses autores, é o primeiro estágio do processo criativo,
sendo caracterizado pela formulação de um problema ou estabelecimento de metas ou objetivos. Essa
etapa envolve um processo de construção ativa pautada no indivíduo ou em grupos para a estruturação
do problema que necessita de solução por meio de ideias criativas. Tais ideias podem ser obtidas por
meio de ferramentas tais como a análise de Pareto e o diagrama de causa e efeito (ou diagrama de
Ishikawa - figura 5).

Figura 5 - Diagrama de Causa e Efeito também conhecido como Diagrama de Ishikawa.


Fonte: o autor, com base em Siqueira (2009)

80 EMPREENDEDORISMO E INOVAÇÕES| Educação a Distância


O efeito (ou o problema) identificado diz respeito às reclamações feitas por clientes de um restaurante.
A partir disso, identifica-se causas e subcausas de tal problema. Solucionando-se as causas,
consequentemente, o problema será solucionado.

O segundo estágio é representado pela geração de novas ideias. Bessant e Tidd (2009) afirmam que
nesta etapa ideias que possam promover solução para o problema identificado são geradas. Além de
gerar, é preciso focalizar e escolher dentre as muitas ideias geradas com o intuito de agrupá-las, revisá-
las e posteriormente selecionar aquelas consideradas mais promissoras.

O planejamento para a ação representa o terceiro e último estágio. Nessa fase, conforme Bessant e Tidd
(2009), é necessário que se reconheça quais ideias, dentre as diversas geradas, não serão úteis ou que
não irão produzir resultados valiosos ou válidos. Critérios podem ser estabelecidos para definir o que é
e o que não é promissor uma vez que a partir das ideias promissoras é que será formulado um plano de
ação para desenvolvimento e implementação de tais ideias.

Por fim, de acordo com Chér (2008), praticamente todos os grandes avanços conquistados pela
humanidade aconteceram quando alguém resolveu questionar as normas vigentes e tentou um outro
caminho. Para esse autor, o indivíduo inovador não é satisfeito com o que vivencia e por isso sempre
questiona as regras atuais do jogo e busca resultados fora delas. Além do que, o autor complementa
que o pensamento criativo é também destrutivo uma vez que rompe com os padrões atuais e estabelece
novas regras para o jogo.

FRANCHISING

Empreender é ao mesmo tempo fascinante e desafiador. O desejo de empreender que move muitas
pessoas tenazes às vezes é sufocado pelas dificuldades que se apresentam no caminho desses
realizadores.

Você talvez – se ainda não fez isso – também pode se lançar a um novo negócio, buscando a realização
pessoal, a independência financeira e, num objetivo nobre, contribuir para o desenvolvimento da sociedade
em que vive. Neste caso, os mesmos obstáculos que todos os empreendedores enfrentam também
estarão no seu caminho.

O Sebrae - Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas – num relatório de 2005, computou
que, das 4,9 milhões de empresas comerciais e de serviços existentes no Brasil, 99,2% são micro e
pequenas empresas. Esse relatório ainda mostrou que o índice de empresas que fecham as portas até
o terceiro ano de funcionamento gira em torno de 55% a 73%, e 60% das restantes não passam dos
quatro anos. Pelo estudo do Sebrae, pode-se atribuir as causas desta mortalidade a fatores como: falta
de capital, deficiência de gestão e as crises econômicas que afetam o acesso ao crédito, à tecnologia e,
por consequência, ao mercado.

Certamente, você não gostaria de engrossar essas estatísticas, não é verdade? Que caminho você

EMPREENDEDORISMO E INOVAÇÕES | Educação a Distância 81


poderia seguir para evitar esse destino fatídico? Pode ser que você já tenha pensado numa alternativa: o
franchising.

Por mais popularidade que o termo tenha obtido nos últimos anos, ainda é muito mal compreendido pelas
pessoas em geral. Alguns acreditam que uma franquia é um passaporte para o sucesso. Outros afirmam
que o franqueado nada mais é do que um funcionário de luxo.

Precisamos conhecer mais profundamente essa ferramenta para o empreendedor, para que possamos
formar nossa própria convicção sobre o assunto antes de cogitarmos uma parceria como essa.

FRANCHISING – CONHECENDO UM POUCO MAIS SOBRE O TERMO

Mas, afinal, o que são franquias? De acordo com Luiz et al. (2006), as franquias podem ser definidas como
contratos em que uma empresa (franqueador) concede o direito de uso de um ou mais elementos do seu
negócio a outra empresa (franqueado). Em troca o franqueador recebe um fluxo de receita.

Siqueira (2009, p. 21) define que franchising é o termo em inglês que é traduzido para o português como
franquia. Este autor define Franchising como um “método para a distribuição de produtos e/ou serviços
cujo sucesso depende, fundamentalmente, da capacidade de se reproduzir, em diferentes locais e sob a
responsabilidade de diferentes pessoas, um mesmo conceito de negócio”. Um elemento sempre presente
e essencial para o modelo é a formalização por meio de um contrato entre as duas pessoas jurídicas
envolvidas.

FRANCHISING – A DIMENSÃO DO MODELO DE NEGÓCIOS

A atratividade do modelo de franchising explica em parte o grande sucesso deste modelo de negócios
no Brasil e no mundo. Ao avaliarmos a evolução do setor, também constatamos os setores que mais
se desenvolveram. Além disso, comprovamos a força do modelo para a economia e para a geração de
emprego e renda.

Vamos analisar um pouco destes números?

82 EMPREENDEDORISMO E INOVAÇÕES| Educação a Distância


No Gráfico 1 abaixo, veremos o faturamento por segmento, em 2010:

Gráfico 1: Faturamento por Segmento - 2010

LEGENDA
ACE: ACESSÓRIOS PESSOAIS E CALÇADOS
ALIM: ALIMENTAÇÃO
EDUC: EDUCAÇÃO E TREINAMENTO
ESP: ESPORTE, BELEZA, SAÚDE E LAZER
FOTO: FOTOGRAFIAS, GRÁFICAS E SINALIZAÇÃO
HOTEL: HOTELARIA E TURISMO
INFO: INFORMÁTICA E ELETRÔNICOS
LIMP: LIMPEZA E CONSERVAÇÃO
MOV: MÓVEIS, DECORAÇÃO, PRESENTES E IMOBILIÁRIAS
NEG: NEGÓCIOS, SERVIÇOS E OUTROS VAREJOS
VEIC: VEÍCULOS
VEST: VESTUÁRIO

Fonte: Portal do Franchising – disponível em: <www.portaldofranchising.com>.

EMPREENDEDORISMO E INOVAÇÕES | Educação a Distância 83


No Gráfico 2, veremos a distribuição de redes de franquias por segmento de atividade:

Gráfico 2: Redes de Franquias por segmento de atividade – 2010

LEGENDA
ACE: ACESSÓRIOS PESSOAIS E CALÇADOS
ALIM: ALIMENTAÇÃO
EDUC: EDUCAÇÃO E TREINAMENTO
ESP: ESPORTE, BELEZA, SAÚDE E LAZER
FOTO: FOTOGRAFIAS, GRÁFICAS E SINALIZAÇÃO
HOTEL: HOTELARIA E TURISMO
INFO: INFORMÁTICA E ELETRÔNICOS
LIMP: LIMPEZA E CONSERVAÇÃO
MOV: MÓVEIS, DECORAÇÃO, PRESENTES E IMOBILIÁRIAS
NEG: NEGÓCIOS, SERVIÇOS E OUTROS VAREJOS
VEIC: VEÍCULOS
VEST: VESTUÁRIO
Fonte: Portal do Franchising – disponível em: <www.portaldofranchising.com>.

84 EMPREENDEDORISMO E INOVAÇÕES| Educação a Distância


O gráfico 3, nos informa sobre a evolução do faturamento do setor de franquias:

Gráfico 3: Evolução do faturamento do setor de Franchising

Fonte: Portal do Franchising – <www.portaldofranchising.com.br>.

A geração de empregos também é um item que nos interessa muito, pois mostra a força do franchising na
economia e na absorção de mão de obra.

O gráfico 4 nos informa sobre a situação da geração de empregos no setor.

Gráfico 4: Evolução na geração de empregos diretos no sistema de franchising

Fonte: Portal do Franchising – <www.portaldofranchising.com.br>.

EMPREENDEDORISMO E INOVAÇÕES | Educação a Distância 85


FRANCHISING – COMO FUNCIONA O SISTEMA?

Como funciona um sistema de franquias na prática? É bom saber que o sistema exige investimentos
do empreendedor, no caso o franqueado, assim como em qualquer outro tipo de negócio. No caso das
franquias, o franqueado investe recursos em seu próprio negócio, que será operado sob a marca do
franqueador e de acordo com todos os padrões estabelecidos e supervisionados por ele. O outro lado
da parceria – o franqueador, este também um empreendedor - recebe royalties do franqueado como
forma de remuneração pelo uso da marca e de tecnologias para a administração da unidade franqueada
(SIQUEIRA, 2009).

Como funciona o pagamento dos royalties? Via de regra é um percentual sobre o faturamento da
unidade franqueada. Em outros casos esse percentual incide sobre compras de produtos ou serviços do
franqueador.

TIPOS DE FRANQUIAS

Há vários níveis de franquias. Pode iniciar-se com a utilização do nome e do logotipo da empresa e incluir
também práticas de gestão como gestão de suprimentos e distribuição.

Os tipos de franquias podem ser classificados de acordo com quatro critérios. No Quadro abaixo, temos
detalhado os critérios para esse tipo de classificação.

86 EMPREENDEDORISMO E INOVAÇÕES| Educação a Distância


Quadro 8: Tipos de Franquias

Critério de Tipo de Franquia Característica


Classificação
Não há divisão de espaço com outros negócios ou
Franquia Individual mesmo outras franquias. A franquia utiliza sozinha o
ponto comercial.
A vivência comercial do franqueado será repassada
para o franqueador, muitas vezes o ramo de atividade
Franquia de que o franqueado está montando com o franqueador é
conversão o mesmo que ele tem na atualidade só que não tem o
respaldo de uma marca franqueada por trás. O
franqueado passará as experiências obtidas naquele
ponto comercial onde está instalado para que o
franqueador absorva as dificuldades reais.
1. Quanto à Um mesmo franqueado vai gerenciar mais de uma
modalidade franquia num mesmo espaço comercial. São estilos de
de negócio negócios de franquia que são normalmente
complementares ou não conflitantes. Busca vantagens
Franquia combinada no intuito de somar, em um mesmo espaço, serviços
que atendam à necessidade do mesmo público alvo e
divide os custos operacionais para um resultado mais
seguro de cada um dos negócios.
Também conhecida como Corner (Esquina) essa
modalidade de franquia é voltada a negócios que
comportam colocar um espaço de uma unidade
franqueada dentro de uma unidade de negócio já em
Franquia shop funcionamento. É a loja dentro da loja. A redução de
in shop custo é o principal fator de sucesso dessa modalidade,
uma vez que não há necessidade de abertura de um
negócio e sim associar ao negócio existente. São
pequenas unidades que funcionam dentro de lojas
maiores.

EMPREENDEDORISMO E INOVAÇÕES | Educação a Distância 87


O franqueado recebe do franqueador o direito de montar
Franquia unitária uma unidade do negócio, sendo que o franqueador
exige que aquela unidade seja específica, não cedendo
o direito de abrir novas unidades sem consulta prévia
ao franqueador.
Há um acordo prévio de que o franqueado poderá abrir
Franquia múltipla novas unidades, dentro do limite para o perfil do público
de cada região e sempre sob o controle do franqueador.

O franqueado negocia um espaço geográfico específico


com o franqueador que dará um tempo limite para
Franquia regional abertura de novas unidades naquelas áreas determina-
das. Normalmente, o pagamento das taxas de franquias
são negociadas conforme a abertura de novas regiões.
2. Quanto à O franqueado adquire o direito de abrir unidades próprias
atuação geográfica Franquia de
da franquia ou unidades em parceria dentro do espaço
desenvolvimento
negociado como franqueador. Os contratos de franquia
de área
são assinados conforme os negócios forem surgindo,
sempre assinados como franqueador.
Dá direito a subfranquias por parte do franqueado, e é
negociada por áreas geográficas. A Màster pode criar
outras unidades individuais, até mesmo franquias
Franquia máster
internacionais. Tudo é sempre estabelecido em contrato
entre o franqueado principal e a franquia Máster. A Máster
Franquia fica com a responsabilidade de ter uma
estrutura de suporte aos novos franqueados que vai
ceder o negócio.
O franqueado tem a responsabilidade de prestar serviços
Franquia de aos novos franqueados com: treinamentos, supervisão,
representação comunicação. E tem o papel de vender a franquia para
o franqueador.

88 EMPREENDEDORISMO E INOVAÇÕES| Educação a Distância


O franqueado não tem custos com royalties ou taxa inicial de
Franquia de franquia com esse tipo de negócio. O franqueador é
distribuição remunerado no momento que vende seus produtos ou
presta algum serviço.
O franqueador não fornece produtos para a venda ou mesmo
3. Quanto à sobre serviços terceirizados. O franqueado é quem produz e
Franquia pura comercializa diretamente com o cliente. Nesse tipo de franquia
remuneração
a transferência de know how é remunerada ao franqueador por
meio de royalties e taxas sobre as vendas ou rentabilidade
do negócio.
O franqueador tanto é remunerado pelos serviços de
Franquia mista transferência de tecnologia como também na cobrança de
royalties e taxas.
Há a concessão de produto e/ou serviço para comercialização
além da marca para que o franqueado seja reconhecido como
participante daquele negócio. O nível de profissionalização
Franquia de desse estágio de franquias é baixo e a tendência de mercado
para franquias de primeira geração é que elas venham a
primeira geração desaparecer. Em função do baixo nível de profissionalização,os
riscos tanto para o franqueado quanto para o franqueador são
grandes. Nesse estágio de franquia é comum não haver um
contrato formal entre as partes. Não há exclusividade na
4. Quanto ao distribuição dos produtos do franqueador.
estágio Tem características muito próximas das franquias de primeira
Franquia de
geração, a principal diferença está na questão da distribuição,
segunda geração
onde as franquias de segunda geração têm exclusividade da
distribuição dos produtos.
O franqueador tem um maior controle sobre o negócio. O
produto, serviço e a marca são concedidos para que a comer-
Franquia de cialização seja feita. Além do projeto arquitetônico há um estu-
terceira geração do para verificar a viabilidade do espaço quanto ao ponto
escolhido. Nesse tipo de franquia a unidade é o único canal
de distribuição existente. A profissionalização é média/alta e
os riscos baixos.

EMPREENDEDORISMO E INOVAÇÕES | Educação a Distância 89


Também conhecida como franquia de aprendizado contínuo. O
nível de profissionalização é alto. As regras do dia-a-dia são
menos rígidas (naquilo em que a rigidez não é essencial). A
padronização está menos baseada no típico esquema de
Franquia de "comando e controle" e mais na conscientização e na motivação
quarta geração da rede. O funcionamento e a padronização da rede estão
fundamentados mais no senso de Missão e em Valores (estes
sim, bastante rígidos, especialmente naquilo que afete a
"essência competitiva" da organização), em objetivos claros e
compartilhados e em relacionamentos fundados no respeito
mútuo.
Também conhecidas como franquias sociais. Se é possível
fazer um negócio economicamente rentável repetir o modelo,
Franquia de também é possível fazer um negócio com resultado social repetir
o modelo. Desde uma ONG até mesmo uma idéia de cunho
quinta geração
social de uma organização pode ser contemplada com as
ferramentas da franquia para que a replicação seja feita e os
resultados sejam colhidos conforme seu crescimento.
Na franquia de sexta geração as redes de negócios fazem uso
Franquia de das ferramentas e técnicas utilizadas no sistema de franquia para
gerir seus negócios. Não são franquias, são empresas que
sexta geração
operam em rede que pegam o modelo de franquia para gerir
o negócio.

Fonte: o autor, com base em Siqueira (2009)

FRANCHISING – VANTAGENS E RISCOS

Que vantagens existem no sistema de franquias? São apontadas algumas vantagens bastante significativas:
ganhos de escala em marketing e na adoção de tecnologia, a obtenção de capital para ampliação do
negócio e a redução do custo de monitoramento e controle quando comparado com a expansão do
negócio com lojas próprias (LUIZ, et al. 2006).

No quadro abaixo, podemos observar mais algumas vantagens para o franqueado e franqueador no
sistema de franquias:

90 EMPREENDEDORISMO E INOVAÇÕES| Educação a Distância


Quadro 9: Vantagens do Sistema de Franquias

VANTAGEM CARACTERÍSTICAS
Os ganhos de escala em marketing se traduzem nos benefícios do valor da
Franqueado marca e no acesso à propaganda. A utilização compartilhada de uma marca
permite investimentos difíceis de serem alcançados isoladamente
Compartilha custos para consolidação e propaganda da sua marca.
Franqueador Desenvolvimento de novas práticas gerenciais e tecnológicas permite o
acesso a pequenos empreendimentos. Mediante a cobrança de taxas de
franquias, pode realizar investimentos necessários em tecnologia.
Obtenção de capital para ampliação do negócio permite a produção de
Franqueador produtos/serviços por terceiros, permitindo sua expansão no mercado sem o
dispêndio de capital necessário para a sua ampliação.
Redução dos custos de monitoramento e controle do negócio. Não é
Franqueado/
necessário o desenvolvimento de outros mecanismos de incentivo e controle
Franqueador
sobre os empreendimentos, além dos próprios contratos.

Fonte: o autor, com base em Luiz et al. (2006)

Um atrativo muito forte no modelo de negócios de franquia é que “os pequenos já nascem grandes”, em
razão de poderem contar com o suporte de toda uma rede de lojas de franqueados ou, ao menos, poder
contar com o sucesso do franqueador que conseguiu superar as dificuldades e sabe como gerir o negócio
(SIQUEIRA, 2009).

Alguns candidatos a empreendedor costumam acreditar que o sistema de franquias, por ser um modelo
mais consolidado de negócios, não ofereçe riscos e que garante um retorno sobre os investimentos
realizados.

Essa afirmação é tão verdadeira quanto afirmar que não existem riscos nos jogos de cassino ou em
aplicações financeiras, ou seja, é totalmente infundada. Porém, ao contrário de jogos de azar que
contam exclusivamente com a sorte para o sucesso, as franquias contam com fundamentos bastante
comprovados de seu modelo que, se não garantem, pelo menos conferem probabilidades bem melhores
de que o empreendimento prospere. De fato, Leite e Campos sugerem que há uma taxa de sucesso 80%
maior para franquias do que num empreendimento convencional (LEITE; CAMPOS, 2009).

É claro que os riscos não devem ser ignorados. Aliás, não só não devem ser ignorados, mas devem ser
conhecidos em profundidade.

Vamos conhecer um pouco mais desses riscos associados ao negócio de franquias.

Para começar, devemos nos lembrar que as duas partes envolvidas estão sob condições de risco, e
ambos são empreendedores. O franqueador é, pelo menos em a princípio, um empreendedor mais
experiente. Afinal, foi ele quem formatou o negócio, testou o produto, passou pela avaliação do mercado,
enfim, adquiriu o know how necessário para que o negócio tenha chances de prosperar. Na outra ponta,
temos o empreendedor franqueado, que, além de seus sonhos, conta com muita disposição e algum

EMPREENDEDORISMO E INOVAÇÕES | Educação a Distância 91


capital para que seja um parceiro viável para o franqueador. Considerando então que se trata de dois
empreendedores, não devemos ter a visão míope de que o franqueado seja a parte mais frágil da relação,
pois o franqueador também deposita no franqueado sua confiança para perenizar sua marca e produto.

Assim, tendo claro que os riscos são de ambas as partes, para os franqueadores, existe um risco
elevado de perda de valor da marca relacionado com produtos, processos ou serviços fora dos padrões
especificados. Considerando este fato, entendemos a razão das exigências impostas e o controle exercido
em toda a cadeia de suprimentos, especialmente naquelas do ramo alimentício. Ainda há o fato de que
ex-franqueados podem utilizar e até transferir o conhecimento adquirido à época da parceria.

Pelo lado do franqueado, o risco pode advir pela abertura indiscriminada de unidades de uma mesma
franquia em uma mesma área geográfica, com impacto direto no aumento da concorrência e redução
dos lucros. Alguns franqueados também sofrem quando o franqueador não investe em marketing e no
desenvolvimento de novos produtos, o que leva a estagnação do negócio e perda do posicionamento
competitivo ao longo do tempo (LUIZ, et al. 2006).

Para resumir os desafios do sistema de franchising, o Quadro 10 abaixo traz as vantagens e desvantagens,
sob a ótica do franqueador e do franqueado, o que pode auxiliar um futuro empreendedor interessado
neste modelo de negócios.

92 EMPREENDEDORISMO E INOVAÇÕES| Educação a Distância


Quadro 10: Vantagens e Desvantagens do Sistema de Franquias

FRANQUEADO
VANTAGENS DESVANTAGENS
Know-how adquirido Riscos inerentes à má escolha do franqueador
Maior garantia de sucesso Menos liberdade de ação
Marca conhecida Risco vinculado à performance do franqueador
Facilidade de instalação Risco vinculado à imagem da marca
Assessoria na escolha do ponto Limitações à venda do negócio
Limitações na escolha de produtos e de
Projeto para instalação da Unidade
fornecedores
Assessoria na aquisição dos materiais,
instalações, estoques e insumos
Treinamento e orientação quanto a práticas
administrativas e comerciais
Propaganda e marketing cooperados
Desenvolvimento Contínuo
Maior poder de negociação
Desenvolvimento de novos métodos e produtos
FRANQUEADOR
VANTAGENS DESVANTAGENS
Expansão veloz Perda de controle sobre os pontos de venda

Mais eficiência Divisão da receita


Estrutura central reduzida Retorno a prazos mais longos
Possibilidades de disputa com os
Feedback
ex- franqueados
Ingresso em novos mercados Risco vinculado à atuação dos franqueados
Canal diferenciado para seus produtos/serviços
Fortalecimento da Marca
Menos riscos trabalhistas
Redução de custos

Fonte: o autor, com base em Siqueira (2009).

EMPREENDEDORISMO E INOVAÇÕES | Educação a Distância 93


Na escolha de uma rede franqueadora que possa dar o suporte necessário ao empreendedor franqueado, é
preciso obter o máximo de informações possíveis. É muito útil consultar portais especializados no assunto. Os
links abaixo vão direcioná-lo para alguns portais sobre franquias:
<http://www.portaldofranchising.com.br/>.
<http://www.franquia.com.br/>.
<http://www.suafranquia.com/>.
<http://www.revistafranquia.com.br>.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Nesta unidade foi possível conhecer a necessidade da proteção da propriedade intelectual, principalmente
aquela originada a partir da criação de novos negócios.

Compreendemos como a patente, o direito autoral e a marca registrada atuam como ferramentas de
proteção da propriedade intelectual, assegurando ao “autor” da propriedade intelectual o direito de
explorá-la comercialmente e por um determinado período de tempo. Além disso, foram descritos os
principais aspectos e as etapas que devem ser cumpridas para o registro da propriedade intelectual no
Brasil e a atuação do Instituto Nacional da Propriedade Industrial (INPI) como um dos principais agentes
depositários dos direitos de propriedade intelectual no país.

Também trabalhamos os conceitos de inovação e criatividade que estão intimamente ligados à atividade
empreendedora. A necessidade de criar e recriar sempre faz com que empreendedores busquem em
novos produtos e serviços a renovação de estratégias de negócios e mercados. Os tipos de inovação
abordados nesta unidade podem abrir caminhos para análises mais aprofundadas e refinadas acerca
dos novos produtos e serviços a serem desenvolvidos por empreendedores com vistas a explorar uma
oportunidade de negócio diferente daqueles já existentes e atuantes no mercado. A adoção de um
processo criativo se mostra bastante útil ao desenvolvimento de inovações.

Por fim, encerramos esta unidade falando a respeito do Franchising, no qual apresentamos os caminhos
para aqueles que desejam iniciar no mundo corporativo. As Franquias podem ser um bom negócio uma vez
que oferecem estrutura de apoio operacional. Analisadas com cautela, existe uma grande chance de abrir
um negócio utilizando uma Franquia, é possível minimizar os erros que normalmente empreendedores
iniciantes cometem.

94 EMPREENDEDORISMO E INOVAÇÕES| Educação a Distância


ATIVIDADE DE AUTOESTUDO
1 - São exatamente 09h da manhã de uma segunda-feira. Estão todos reunidos na sala de reunião da
“Cheirozin”, atendendo a uma convocação feita por Juliana. Todos os diretores da “Cheirozin”, geren-
tes e alguns técnicos estão presentes. Juliana exerce a função de coordenadora de P&D (pesquisa e
desenvolvimento) nesta conceituada indústria de cosméticos e agendou essa reunião para apresentar
dois produtos desenvolvidos por ela e sua equipe. O primeiro produto é um gel para barbear destinado
ao público masculino. A utilização do gel faz com que o tempo de crescimento da barba seja retarda-
do, exigindo menos “barbeares” por semana, reduzindo problemas como danifi cação da pele causada
pela lâmina de barbear. O outro produto é uma caneta hidratante e esfoliante labial voltado para o pú-
blico feminino. A caneta possui duas pontas sendo uma delas com o esfoliante para remover as célu-
las mortas e impurezas e deixar os lábios com uma textura aveludada e a outra possui hidratante para
tornar os lábios renovados após a esfoliação. Diante disso, é possível afi rmar que a forma adequada
de PROTEGER a PROPRIEDADE INTELECTUAL constituída na criação desses dois produtos é o DI-
REITO AUTORAL? Justifi que sua resposta considerando os conteúdos apresentados nesta unidade.
2 - Pesquise na sua cidade os tipos de franquias existentes. Entre em contato com o empreendedor
(franqueado) e realize uma entrevista. Algumas sugestões de questões para a entrevista:
• Qual é o tipo de franquia?
• Qual é o ramo de atuação da franquia?
• Quantas unidades dessa franquia existem na cidade?
• Desde quando essa franquia está instalada na cidade?
• Como está formatado o sistema de franchising?
• Quem são os proprietários/sócios?
• Quais foram os motivos que levaram o empreendedor a adquirir tal franquia (ou se tornar um fran-
queador)?

SCHERER, F. O.; CARLOMAGNO, M. S. Gestão da inovação na prática: como aplicar conceitos e ferramentas
para alavancar a inovação. São Paulo: Atlas, 2009. 150p.

O Franchising – como surgiu


Embora certos arranjos e práticas que deram origem ao Sistema possam ser rastreados até muito antes disso
(alguns historiadores afi rmam que o conceito nasceu na Idade Média, quando a Igreja Católica – e, mais tarde,

EMPREENDEDORISMO E INOVAÇÕES | Educação a Distância 95


os monarcas – passaram a conceder licenças ou Franquias a senhores de terras e outras pessoas para que, em
seu nome, coletassem impostos e taxas), o Franchising, tal como o conhecemos hoje, surgiu nos Estados Unidos
por volta de 1851 ou 1852, quando a Singer Sewing Machine Company, (fabricante de máquinas de costura de
que o leitor já deve ter ouvido falar), sediada na região da Nova Inglaterra, resolveu outorgar várias licenças de
uso de sua marca e de seus métodos de operação a comerciantes interessados em revender seus produtos em
lojas exclusivas situadas em cidades e vilarejos de todos os tamanhos e localizadas nos mais diversos estados
da federação norte-americana.
Alguns anos mais tarde, em 1898, foi a vez da General Motors iniciar a utilização do sistema para expandir a rede
de pontos de venda dos carros que produzia, criando o conceito de negócio que mais tarde veio a ser chamado
de Concessionária de Veículos. Até então, os carros e outros veículos eram vendidos diretamente pelas empre-
sas montadoras aos consumidores.
Em 1899, a Coca-Cola criou a primeira Franquia de Produção (também chamada Franquia de Fabricação) de
que se tem notícia, passando a outorgar licenças para empresários e grupos empresariais interessados em pro-
duzir e comercializar seus refrigerantes no âmbito de áreas geográfi cas defi nidas por contrato, mais ou menos
nos moldes do que faz até hoje, no Brasil e em outros países.
A partir do início do século XX, o uso do Franchising se difundiu nos Estados Unidos. Em 1917, por exemplo,
surgiram as primeiras Franquias de mercearias ou mercados de vizinhanças (as chamadas “grocery stores”),
que depois evoluíram para supermercados. Em 1921, foi criada a primeira Franquia de serviços puros de que se
sabe: a da locadora de veículos Hertz.
Em 1925, surgiu a primeira Franquia de fast-food, a A&W. E nos anos 1930 foi a vez das companhias de petró-
leo partirem para a adoção do sistema, convertendo em Franquias os postos de revenda de combustível que
operavam diretamente e autorizando ofi cinas de reparos a colocarem suas marcas nas respectivas fachadas e a
revender a gasolina, os lubrifi cantes e demais itens que produziam e distribuíam.
A partir dos anos 1930, o Franchising se tornou cada vez mais popular como método para a criação e expansão
de redes de negócios dos mais variados ramos da economia norte-americana.
Extraído de: <http://www.franquia.com.br/como_surgiu>. Acesso em: 10 mar.2012.

Como é um processo de seleção para comprar uma franquia


Por Marco Millitelli
Uma das coisas que as redes franqueadoras devem conhecer bem é o perfi l ideal de franqueado para sua rede.
Cada negócio tem características diferentes. Logo, esse perfi l ideal de franqueado também varia conforme o
ramo de atuação da empresa. O processo de seleção baseado em perfi s é bom para o franqueador, que mira
no alvo certo, e é bom para o candidato a franqueado, que conhece melhor a franquia antes de fechar negócio.
Redes franqueadoras mais estruturadas têm um processo seletivo mais rigoroso. Elas aprenderam que franque-
ados com perfi l adequado têm possibilidades maiores de serem mais bem-sucedidos que os outros.
Um erro comum é confundir gosto do candidato com aptidão para o negócio - uma pessoa pode adorar chocola-
tes, mas isso não signifi ca que ela tenha talento para gerenciar uma franquia de lojas de chocolate. Por isso, é
fundamental que o franqueado pesquise profundamente os detalhes operacionais da franquia que deseja com-
prar, procurando deixar de lado todos os aspectos emocionais que tenha com o produto ou serviço da franquia.
É importante que, depois de selecionar uma franquia, e fazer uma pesquisa preliminar, o candidato converse
abertamente com o franqueador. Nessa fase, não há compromisso entre as partes e, assim, há maior facilidade

96 EMPREENDEDORISMO E INOVAÇÕES| Educação a Distância


de obter informações complementares importantes para a tomada de decisão de compra.
Nas entrevistas, o franqueador deve fazer uma série de observações e testes para se certifi car de que os esco-
lhidos realmente têm maior chance de ter sucesso.
Independentemente de qual seja a rede e marca, há três fatores que se destacam:
-Capacidade de gerir uma franquia - seguindo os conceitos e padrões da franquia em questão;
-Capacidade fi nanceira de investimento do candidato, que deve ser compatível às necessidades da franquia;
-Grau de motivação que o candidato demonstra em se tornar parte integrante da sua rede.
Como cada sistema de franquia tem um procedimento específi co de seleção de franqueados, é importante que,
no primeiro contato com o franqueador, o candidato pergunte quais são os passos do processo de seleção.
Também é importante fazer uma autoanálise antes de qualquer passo para assegurar de que a decisão de ser
franqueado é a mais adequada para o seu caso. Se preferir, procure terceiros para auxiliá-lo em sua escolha.
Opiniões de fora sempre são construtivas em processos decisórios.
Extraído: de: <http://www.portaldofranchising.com.br/site/content/interna/index.asp?codA=15&codAf=20&codC=
5&origem=artigos>. Acesso em: 10 mar.2012.

EMPREENDEDORISMO E INOVAÇÕES | Educação a Distância 97


98 EMPREENDEDORISMO E INOVAÇÕES| Educação a Distância
UNIDADE III

EMPREENDEDORISMO NA ATUALIDADE
Professor Me. Ricardo Albuquerque Azenha
Professor Me. Juliano Mario da Silva
Professor Esp. Haroldo Yutaka Misunaga

Objetivos de Aprendizagem
• Entender o conceito de intraempreendedorismo.
• Conhecer as formas de desenvolvimento do intraempreendedorismo nas empresas.
• Analisar a influência da globalização no empreendedorismo local.
• Identificar as tendências e desafios do empreendedorismo.

Plano de Estudo
A seguir, apresentam-se os tópicos que você estudará nesta unidade:

• Intraempreendedorismo: entendendo o termo


• Intraempreendedorismo: como desenvolvê-lo nas empresas
• Empreendedorismo e Globalização
• Tendências e Desafios do Empreendedorismo
100 EMPREENDEDORISMO E INOVAÇÕES| Educação a Distância
INTRODUÇÃO

Crescer é o desejo de dez entre dez empreendedores. O sucesso de suas empresas é a realização de
sonhos acalentados durante anos. O próprio desafio de empreender, agora superado, parece coroado
quando a empresa expande suas fronteiras, ganha mercados e se consolida em sua área de atuação.

Este sonho, no entanto, traz um grande paradoxo: crescer, agigantar-se, pode ser o garrote que sufoca o
processo de inovação e agilidade que fez com que a empresa crescesse. Como assim?

Num mercado mundial, cada vez mais acirrado, as grandes corporações sofrem com a concorrência de
outras grandes empresas e, ao mesmo tempo, de pequenas empresas que abocanham pedaços de seu
mercado. Lutar nas duas frentes não é fácil. É evidente, como você talvez já tenha concluído, que o fato
de serem grandes facilita a utilização de recursos, que elas têm em abundância. No entanto, a agilidade e
a inovação apresentadas pelas pequenas empresas – mesmo carentes de recursos como as grandes – é
de fato uma ameaça bem real. São muitos os relatos de pequenas empresas que acabaram por superar
as gigantes corporações por meio de suas competências em agilidade e inovação.

Conforme Chieh (2007), ao explicar esse paradoxo,


se, de um lado, há uma exigência crescente para que os gestores dessas empresas tenham mais
criatividade e assumam cada vez mais riscos, por outro lado, seus modelos de negócio/gestão
forçam os mesmos gestores a gastar uma fração cada vez maior do seu tempo lidando com as
“amarras corporativas” tais como orçamentos rígidos, elaboração de relatórios de controle semanal
e uma infinidade de outros relatórios, memorandos, justificativas e explicações (CHIEH, 2007, p.15).

No entanto, uma vez que elas conseguem também se agigantar, começam a padecer dos mesmos males
das anteriores concorrentes: o gigantismo torna a reação aos pequenos concorrentes lenta e difícil.

Buscando vencer estas dificuldades que se apresentam ao longo do caminho, é interessante observar um
artigo publicado na revista Director em 2005 e citado por Chieh (2007), em que se conclui por estudos
que simplesmente converter o estilo organizacional, adotando o das empresas “.com”, não é suficiente – e
muitas vezes nem viável – para que as grandes corporações ganhem agilidade. Os especialistas autores
desse artigo, no entanto, afirmam que essas empresas devem incentivar os empreendedores internos
para assumirem riscos calculados para inovar. Aliado a isso, devem também acompanhar o progresso
dessas iniciativas e tomar ações para mitigar os riscos e as dificuldades que um empreendedor externo
enfrentaria. Ou seja, eles também concluíram que o incentivo ao intraempreendedorismo seja uma
alternativa concreta para a sobrevivência das grandes corporações engessadas. Chieh (2007) cita ainda
um comentário de Ronald Jonash, diretor da consultoria Monitor: “Coisas espantosas acontecem quando
as pessoas se sentem valorizadas por suas ideias e podem exercitar o próprio julgamento e sabedoria”.

Então, as perguntas: o que fazer para que as empresas, não importa o seu tamanho, continuem a ser
ágeis e inovadoras? Como preservar aquela “fome” por vencer, por acreditar, por inovar? - já têm uma
resposta: o intraempreendedorismo.

EMPREENDEDORISMO E INOVAÇÕES | Educação a Distância 101


INTRAEMPREENDEDORISMO – ENTENDENDO O TERMO

De alguns anos para cá, principalmente com o foco das empresas voltado para a inovação, ganhou
força a ideia do intraempreendedorismo. O termo parece autoexplicativo: ser empreendedor dentro das
organizações. Você talvez já tenha concluído isso somente pelo título desta unidade, não é mesmo?

No entanto, apesar de guardar a ideia central, esta interpretação do termo não pode ser tão reducionista
assim. A própria ideia de intraempreendedorismo tem vertentes muito amplas de definições. Vamos olhar
um pouco do desenvolvimento do entendimento deste termo.

De acordo com Ferraz et al. (2006), o conceito de intraempreendedorismo ou intrapreneurship é


originalmente atribuído a Gifford Pinchot III, derivando do “termo empreendedorismo tradicional,
associando a inserção competitiva empresarial pela via dos processos de inovação internos” (grifo
acrescentado). O termo desenvolveu-se para abarcar a noção de competência organizacional e coletiva
que permite a identificação, desenvolvimento, captura e implementação de oportunidades de negócios
(DORNELAS, 2003, apud FERRAZ, 2006).

Podemos entender então que a ideia de intraempreendedorismo, embora tenha se desenvolvido no


incentivo à inovação por processos internos, não ficou restrita apenas a isso. Com o tempo, passa também
a integrar a noção de que a empresa pode aproveitar-se de oportunidades de negócio identificados por
empreendedores internos.

Outros autores, ampliando nosso conhecimento sobre o assunto, explicam que “o empreendedorismo
corporativo, empreendedorismo interno ou intraempreendedorismo, é o empreendedorismo praticado em
organizações já existentes, independentemente de seu tamanho ou mercado em que atua” (FERRAZ
et al., 2008). Dessa forma, o intraempreendedorismo relaciona-se, além da criação de novos negócios
corporativos, também a outras atividades inovadoras, por exemplo, o desenvolvimento de novos produtos,
serviços, tecnologias, práticas administrativas, estratégias e posturas competitivas.

Talvez o grande desafio das empresas seja não sufocar o espírito de empreender presente em seus
funcionários. Na verdade, esse desafio é tão grande que muitas empresas não sabem lidar com isso.
Acabam acreditando que não é possível conciliar o desejo de empreender dos funcionários com os
interesses organizacionais. Algumas até incentivam que o funcionário se desligue da empresa e passe a
ser um fornecedor ou prestador de serviços, modelo que, segundo essas empresas, atenderia ao ímpeto
empreendedor de alguns funcionários alinhando a política de controle interno da empresa.

Embora você possa achar que essa ideia tem algum fundamento – e na prática, algumas vezes funciona
– a conclusão é óbvia: a empresa estará abrindo mão de ter em seus quadros alguém com espírito
empreendedor em ebulição. Quanto vale isso?

102 EMPREENDEDORISMO E INOVAÇÕES| Educação a Distância


CASES DE EMPRESAS QUE “ACERTARAM A MÃO” NO INTRAEMPREENDEDORISMO

Para quebrar a lógica cruel que mencionamos acima, em que a empresa abre mão do funcionário para
manter sua rígida estrutura de controle, vamos examinar casos de sucesso em que a promoção do
intraempreendedorismo mudou a cultura empresarial de forma definitiva.

Um dos casos mais clássicos é o “Post it” da 3M. Basicamente a inovação que resultou neste produto
revolucionário à época deu-se da seguinte forma:
1. Tolerância ao erro (um cientista da 3M precisava criar um adesivo muito forte para uma aplicação
industrial, mas acabou inventando um adesivo fraco, que não colava).
2. Gestão do Conhecimento (este insucesso foi compartilhado para que outros cientistas colaboras-
sem com a ideia e encontrassem eventualmente uma utilidade para o adesivo).
3. Paciência e Gestão de Longo prazo (Foram necessários 5 anos para que outro cientista 3M inves-
tigasse aquele adesivo e iniciasse um novo projeto).
4. Empreendedorismo (Art Fry, o cientista da 3M que criou o Post-it, tinha uma necessidade… ele
cantava num coral e sonhava com um marcador de páginas auto-adesivo que não danificasse as par-
tituras… e usou a política 3M que incentiva seus funcionários de P&D a empregar 15% do seu tempo
para projetos de sua paixão, não necessariamente solicitados por seus chefes…).
5. Perseverança e Paixão (mesmo com algumas resistências iniciais, Art Fry se dedicou a criar um bu-
siness case, mostrando o potencial da ideia ao distribuir amostras a centenas de funcionários e obter
feedback positivo para o produto em gestação).
Extraído de: <http://www.mkmconsulting.com.br/blog/gestao-do-conhecimento/gestao-do-conhecimen-
to-aplicado-a-inovacao-%E2%80%93-case-post-it-3m/>. Acesso em: 19 abr. 2012.

Assista ao vídeo em no YouTube no link:<http://youtu.be/WelIo6EOPvA>, mostrando um pouco mais


desse produto inovador.

Agora pense: a empresa 3M teria obtido o sucesso neste produto se tivesse uma cultura rígida e sufocante?
Onde estariam os intraempreendedores da 3M se isso fosse verdade?

Outro caso muito interessante é o da Apple. Essa empresa todos nós conhecemos, especialmente pela
figura emblemática de seu recentemente falecido fundador, Steve Jobs. Falar da Apple hoje é falar de
inovação, de produtos de qualidade, de exclusividade e tecnologia. Apesar de muitas empresas terem
produtos similares hoje no mercado, basicamente podemos dizer que são “seguidoras” dos produtos
Apple. Se você possui ou conhece um iMAC, um iPod, um iPAD, você sabe do que estou falando.

Pois bem, como a Apple atingiu este nível de inovação? Incentivando seus intraempreendedores. Chieh
(2007) cita o então o Vice-Presidente da companhia, Jonathan Ive, que explica o processo desenvolvimento
da Apple, que, “em vez de passar por diversos estágios de desenvolvimento e diferentes times de forma
sequencial, as equipes de todos os departamentos da companhia trabalham simultaneamente nos
projetos”. Este executivo menciona que “o perfil da equipe de criação é de gente tão afinada que bebe
o mesmo sabor de refrigerante e tem um senso de autocrítica exacerbado em relação aos produtos que

EMPREENDEDORISMO E INOVAÇÕES | Educação a Distância 103


criam – mas despreza relatórios com tendências de mercado e pesquisa com consumidores” (CHIEH,
2007, p. 19).

INTRAEMPREENDORISMO – COMO DESENVOLVÊ-LO NAS EMPRESAS

Parece que até agora já encontramos a solução para vários problemas de que são acometidas as
empresas, ou seja, incentivar um espírito empreendedor entre seus funcionários. Se fosse tão simples
fazer isso, todos fariam, não é verdade?

O fato é que desenvolver o intraempreendedorismo passa por uma mudança radical na cultura
organizacional.

O ideal seria atingir o nível descrito por Hashimoto (2006, p. 23, apud FERRAZ, 2008): “a organização
intraempreendedora sendo a empresa que consegue recuperar o espírito empreendedor presente em
seus tempos áureos de infância, época em que era mais criativa, dinâmica, ousada, ágil, flexível, proativa
e realizadora”. Este patamar seria atingido “sem perder os benefícios que a burocracia trouxe para torná-
la mais organizada e administrável, aproveita, ao mesmo tempo, seu aprendizado em outras iniciativas,
como descentralização, terceirização, fusão e downsizing”. Para Hashimoto, “a organização intra-
empreendedora aproveita o melhor dos dois mundos, mantendo sempre vivo o desafio de se reinventar e
de se adaptar continuamente para não entrar no estágio da velhice” (HASHIMOTO, 2006, pp. 52-53 apud
FERRAZ, 2008).

O estágio a ser atingido é de uma empresa em que as barreiras à comunicação são eliminadas, em que
o fomento da inovação, a busca da identificação de oportunidades, o trabalho criativo para a organização
do trabalho e dos processos empresariais de forma mais integrada aconteçam o tempo todo. Este
comportamento deve “contaminar” todos os níveis organizacionais principalmente com foco nas pessoas
“que devem se sentir motivadas para agirem de forma empreendedora, sendo recompensadas por buscar
algo novo, muitas vezes assumindo riscos e a possibilidade de fracassar” (FERRAZ, 2008, p. 38).

Ferraz (2008) elaborou uma pesquisa em que é possível identificar as características das empresas
intraempreendedoras. O resultado pode ser analisado no Quadro 11 abaixo:

104 EMPREENDEDORISMO E INOVAÇÕES| Educação a Distância


Quadro 11: Características das Empresas IntraEmpreendedoras

CARACTERÍSTICAS AUTORES

Apoio dos gerentes da alta ANTONCIC (2007), BRINGHENTI et al. (2005),


administração à autonomia e CHRISTENSEN (2005), DORNELAS (2003), HASHIMOTO
participação. (2006), HISRICH E PETERS (2004), KURATKO e HORNSBY
(1996), PINCHOT III (1989), PINCHOT e PELLMAN (2004).
Transmissão da missão, da visão DORNELAS (2003), HASHIMOTO (2006), KURATKO e
e dos objetivos estratégicos HORNSBY (1996), PINCHOT e PELLMAN (2004).
para a base.
Liberdade para que os demais HASHIMOTO (2006), PINCHOT e PELLMAN (2004).
níveis estabeleçam suas próprias
estratégias de ação.
Funcionários e equipes dotados de BOM ÂNGELO (2003), DORNELAS (2003), HASHIMOTO
autonomia/empowerment. (2006), PINCHOT III (1989), PINCHOT e PELLMAN (2004).
Descentralização do processo DORNELAS (2003), HASHIMOTO (2006), PINCHOT III
decisório. (1989), PINCHOT e PELLMAN (2004).
Comunicação intensa e aberta, ANTONCIC (2007), BRINGHENTI et al. (2005), COZZI e
em todos os níveis. ARRUDA (2004), FILLION (2004), HASHIMOTO (2006),
MACHADO e ZOTTES (2005), PINCHOT e PELLMAN (2004).
Livre acesso às informações ANTONCIC (2007), BOM ÂNGELO (2003), BRINGHENTI
necessárias ao trabalho e às et al. (2005), DORNELAS (2003), FILLION (2004),
estratégias. HASHIMOTO (2006), PINCHOT e PELLMAN (2004).
Auto-seleção / Permissão para BOM ÂNGELO (2003), HISRICH E PETERS (2004),
contribuições voluntárias. PINCHOT III (1989), PINCHOT e PELLMAN (2004).
Senso de comunidade CHRISTENSEN (2005), PINCHOT III (1989), PINCHOT e
(inexistência de conflitos). PELLMAN (2004).
Reconhecimento e recompensa ANTONCIC (2007), BOM ÂNGELO (2003), BRINGHENTI et
pelas iniciativas, inovações e al. (2005), CHRISTENSEN (2005), COZZI e ARRUDA (2004),
resultados obtidos. DORNELAS (2003), DRUCKER (2005), HASHIMOTO (2006),
HISRICH e PETERS (2004), KURATKO e HORNSBY (1996),
PINCHOT III (1989), PINCHOT e PELLMAN (2004).

EMPREENDEDORISMO E INOVAÇÕES | Educação a Distância 105


Políticas de recrutamento e seleção DRUCKER (2005), FILLION (2004), HASHIMOTO
para favorecer competências (2006), PINCHOT e PELLMAN (2004).
empreendedoras.
Capacitação para reforçar ANTONCIC (2007), BOM ÂNGELO (2003), COZZI e
competências empreendedoras. ARRUDA (2004), DORNELAS (2003), DRUCKER
(2005), FILLION (2004), HASHIMOTO (2006),
HISRICH e PETERS (2004).
Políticas de retenção (carreira/ BOM ÂNGELO (2003), PINCHOT III (1989).
promoções) valorizando
competências empreendedoras.
Avaliação de desempenho levando DRUCKER (2005), FILLION (2004), HASHIMOTO
em conta competências (2006), HISRICH e PETERS (2004), PINCHOT e
empreendedoras. PELLMAN (2004).

Tolerância aos erros/aprendizado. BOM ÂNGELO (2003), BRINGHENTI et al. (2005),


DORNELAS (2003), HASHIMOTO (2006), HISRICH e
PETERS (2004), KURATKO e HORNSBY (1996),
PINCHOT III (1989), PINCHOT e PELLMAN (2004).

Fonte: Ferraz et al. (2008)

Isto não é uma utopia. Conforme vimos nos cases acima, é perfeitamente possível conseguir atingir este
estágio. Não é o caso somente de empresas americanas e europeias. O Brasil é também um país que
conta com muitas empresas que já apresentam estas características.

EMPREENDEDORISMO E GLOBALIZAÇÃO

Sempre que escrevo sobre globalização lembro de uma aula nos Estados Unidos em que um professor
americano apresentava a nossa turma do MBA Executivo a diferença entre empreendedores brasileiros e
americanos. Dizia ele, isso no fim da década de 90, que os empreendedores americanos quando decidem
abrir um negócio se preocupam inicialmente em ser o melhor na sua cidade, depois no seu estado, ai quer
ser o melhor no país e depois o mundo, enquanto os brasileiros que abrem uma empresa e tem algum
sucesso logo se preocupam em imobilizar o recurso da empresa, com carros de luxo, apartamentos,
propriedades rurais e por aí vai.

Por essas característica é que americanos dominavam até aquela altura grandes negócios mundiais, e o
pior, ele estava certo. Porém, passado quase quinze anos o que vemos é bem diferente. O descrédito que
o sistema americano aumentou e o Brasil fazendo sua lição de casa nas contas públicas e melhorando
as condições de formação e capacitação de empreendedores fez com que a situação hoje mudasse
consideravelmente. Hoje somos uma economia mundial e que conserva fundamentos importantes da
democracia e do bom capitalismo que é a solidez de nossas instituições, e melhor ainda, muitos dos
negócios brasileiros se tornaram mundiais.

106 EMPREENDEDORISMO E INOVAÇÕES| Educação a Distância


A Coreia do Sul depois de passar por períodos de guerra e de ditadura superou todas as suas difi culdades
com o empreendedorismo, inovação e tecnologia. Tudo isso foi possível devido aos investimentos que fez em
educação. De certa forma, no meio empresarial passamos pelo mesmo fenômeno, a educação transformando
a realidade.

Hoje um brasileiro que procura uma instituição de ensino superior ou instituições como o SEBRAE já são
orientados que estão abrindo um negócio no mundo, ou seja, circunstancialmente seu registro empresarial
será numa cidade brasileira, porém caso sonhe seu negócio atuará em todo o mundo.

Os empreendedores globalizados procuram alternativas para isso, seja no investimento em inovação e


produtividade, seja na junção de empresas em arranjos produtivos locais e clusters que tem um efeito
importante no início da atuação mundial. E nisso os brasileiros tiram de letra, pois somos um dos povos
mais criativos do mundo.

Cabe destacar aqui o efeito de distribuição de renda que o fenômeno do empreendedorismo permite, uma
vez que o grande gerador de empregos são as pequenas empresas, atuando globalmente é provável que
a empresa venda seus produtos em várias partes do mundo e gere emprego e renda na cidade onde está
instalada.

O ambiente empreendedor, conforme já destacamos, depende também da globalização, pois oportunidades


surgem à medida que os países decidem cooperar, seja por meio de parcerias comerciais ou num nível
muito maior caso dos blocos econômicos em que essa integração econômica é muito mais desenvolvida
permitindo maiores possibilidade aos empreendedores.

Se voltarmos nosso olhar para a gestão do negócio o empreendedor tem que estar muito mais preparado,
segundo Garcia (2009), pois assim como a empresa pode competir em outro mercado em algum país,
outras empresas podem vir para disputar a fatia desses mercados locais e isso exige um nível de
profissionalismo da gestão muito maior que em ambientes anteriores ao fenômeno da globalização.

E por fim, a globalização exige investimentos considerando que uma nova variável surgiu nas conquistas
desses mercados que é a diferença cultural. Empresas não conseguem impor sua cultura local no mundo,
ao contrário, é necessário investir em pesquisa para entender qual nicho de mercado essa empresa pode
explorar, e na maioria dos casos adaptando sua produção às necessidades culturais de outro país.

EMPREENDEDORISMO E INOVAÇÕES | Educação a Distância 107


TENDÊNCIAS E DESAFIOS DO EMPREENDEDORISMO

Sempre que estudamos empreendedorismo inevitavelmente abordamos as questões relacionadas a


tendências de mercados, isso porque, conforme destaca Schumpetter (1983), o empreendedor é um
transformador da realidade existente, logo, as tendências de mudanças ou de melhorias do ambiente
empresarial estão relacionadas ao empreendedorismo.

Por outro lado, se tratando em sua maioria de pequenas empresas, o estudo do empreendedorismo
aborda os desafios que essas pequenas empresas enfrentam no mercado. Com isso, o objetivo desta
unidade não é discutir pontos importantes como os da inovação e produtividade, vamos nos concentrar
aqui em pontos mais corriqueiros da gestão empresarial, afinal, para se investir em grandes projetos de
inovação tecnológica é preciso dinheiro, e dinheiro você consegue com boa gestão ou com empréstimos,
como no Brasil empréstimo é impeditivo ao crescimento empresarial, vamos nos concentrar nos desafios
e tendências da gestão empreendedora.

Interessante reportagem sobre o custo do crédito no Brasil


Acesse: <http://epocanegocios.globo.com/Revista/Common/0,,EMI67342-16357,00-CREDITO+NO+BRASIL+C
HEGA+A+SER+DEZ+VEZES+MAIS+CARO+DO+QUE+NO+EXTERIOR+APONTA.html>.

Estamos agora no ano de 2012, enfatizo isso, pois esse material pode ser lido daqui a alguns anos, assim é
importante destacar o marco histórico econômico desse momento que é de economia interna estabilizada
e uma crise brutal externa que se arrasta desde 2008 com a crise de credibilidade do sistema financeiro
americano. Gosto sempre de lembrar que os grandes mentores do sistema capitalista neoliberal, os
americanos, consideravam o equilíbrio natural do mercado e a ação mínima do Estado nesse processo,
este se obrigaram em 2009 a comprar grandes corporações como a General Motors, caso contrário a GM
quebraria outras megas empresas e possibilitaria o desencadeamento de uma crise mundial catastrófica.

Enfim, mas o que interessa dessa história toda é que no momento a oferta de crédito interno em busca
de juros maiores é imensa. Desta forma, a grande tendência para empreendedores é a diminuição dos
juros de financiamento, porém, isso pode ser uma armadilha, pois o sistema bancário brasileiro é muito
profissional não permitindo amadorismos quando se trata de gestão financeira. Diante disso é necessário
que empresários antes de captar recursos financeiros verifiquem se sua gestão está preparada para isso,
caso contrário terão sérias dificuldades.

Como sempre digo, uma empresa é, em essência, a união organizada de vários recursos. Recursos

108 EMPREENDEDORISMO E INOVAÇÕES| Educação a Distância


humanos, financeiros, materiais e tecnológicos, então outro grande desafio aqui é a harmonização desses
recursos, pois isso baixa custos e custos baixos tornam a empresa competitiva. Uma tendência forte nesse
sentido é a expansão de sistema de gestão integrada como os ERP´s (Entreprise Resoruce Planning) que
facilitam a gestão sincronizada de todos esses recursos. Anteriormente estes softwares eram restritos a
grandes corporações, hoje já existem versões completas para micro, pequenas e médias empresas.

Esses software permitiram a otimização de mão de obra, num primeiro momento várias pessoas perderam
seus cargos administrativos, nos dias de hoje, com mão de obra escassa, são até importantes para o
processo administrativo. Porém, quem ficou no sistema ficou sobrecarregado, e aí está um novo desafio,
a administração do tempo. O empreendedor moderno tem que aprender otimizar seu tempo ao máximo,
existem hoje até mesmo empresas e consultores especializados em reeducar as pessoas a otimizar seu
tempo diante do novo mundo de atividades que esse mercado globalizado exige.
Fonte: SHUTTERSTOCK.COM

Atualmente, muitos empreendedores iniciais utilizam de um plano de negócios para entender melhor
o mercado em que estão ingressando, porém o famoso planejamento estratégico que só funciona em
multinacionais e empresas de grande porte vão passar a funcionar também em empresas de menor
porte, assim como a qualidade. Isso se dá em decorrência do aumento do número de empresas que têm
certificados de qualidade, e sabemos que empresas que têm certificação de qualidade têm que comprar
de fornecedores que têm também certificação de qualidade. Nos próximos anos veremos um salto ainda
maior de melhoria da gestão em empresas por todo o Brasil.

Outra tendência para os próximos anos é a visão moderna de gestão no sentido de troca de experiências.
Cada vez mais os empreendedores participarão de feira e exposição nos respectivos segmentos de
atuação, e ainda mais, como o conteúdo de empreendedorismo hoje está em todos os cantos, Internet,
Universidades, cursos de capacitação, entidades promotoras do crescimento, será mais comum a troca
de experiência entre empreendedores ou até mesmo a manutenção, principalmente em empresas de
maior porte, de conselhos consultivos que terão papel importante no direcionamento do negócio.

EMPREENDEDORISMO E INOVAÇÕES | Educação a Distância 109


O empreendedor tem que voltar seu foco para o mercado online, logo teremos como canal de compra,
além dos computadores ligados à internet, telefones celulares, relógios e até carros e geladeiras com
tecnologia que permita o consumidor adquirir o que quiser, onde estiver, em qualquer horário do dia. Por
isso, entender isso tudo e se preparar tecnologicamente pode fazer toda a diferença.

O processo de terceirização da década de 90 teve como principal papel a diminuição dos custos, porém
se perdeu também em qualidade. A terceirização permanece com força total, porém a qualidade tende
a se manter, vários dos que estão lendo esse material agora passaram pela situação em que a empresa
terceirizou o refeitório e hoje se serve uma comida industrial sem gosto, ou uma empresa que tinha um
lindo jardim, demitiu os jardineiros e hoje tem um jardim com um mínimo de limpeza. Essa terceirização
terá que ser feita com a racionalidade que o mercado exigirá, ou seja, a empresa se especializando no
que realmente é seu negócio e terceirizando as atividades que não são atividades fins para empresas e
profissionais altamente preparados.

A Coca-Cola, a Gerdau, a Nestle descobriram há décadas, ou a mais de um século atrás, que a marca
é um dos principais patrimônios da empresa, e é realmente. A preocupação de uma marca forte também
deve ser para pequenas empresas, claro que uma pequena empresa do interior do Paraná não será
conhecida no curto prazo em toda a América do Sul, mas o primeiro passo é se tornar líder de mercado
e com valor percebido pelo cliente da sua pequena cidade e por aí chegar a uma empresa conhecida no
estado ou no país.

Um dos fi lmes mais intrigantes dos últimos tempos é o blockbuster A Rede Social, que narra a história da criação
do Facebook. Essa rede social pode ser classifi cada como uma das maiores inovações dos últimos tempos,
embora o conceito de rede social em si não fosse novo na época de sua criação.
Polêmicas do surgimento desta rede à parte, vale a pena assistir ao fi lme (para quem ainda não fez isso) e ler a
crítica do fi lme publicada no site do UOL.

110 EMPREENDEDORISMO E INOVAÇÕES| Educação a Distância


A Rede Social

Enquanto o Facebook conecta pessoas, David Fincher isola Mark Zuckerberg em um fi lme sobre dissonâncias
Título original: The Social Network
Lançamento: EUA , 2010 - 120 minutos
Gênero: Drama
Direção: David Fincher
Roteiro: Aaron Sorkin, Ben Mezrich (livro)
Elenco: Jesse Eisenberg, Andrew Garfi eld, Justin Timberlake, Armie Hammer, Rooney Mara, Max Minghella,
Rashida Jones
A Rede Social (The Social Network) vence o espectador logo na primeira cena por exaustão, quase por W.O.,
antes mesmo dos créditos iniciais. Mark Zuckerberg (Jesse Eisenberg) fala sem parar sobre os QIs dos gênios
e as fraternidades mais exclusivas de Harvard numa velocidade que a sua namorada, à sua frente, não consegue
acompanhar. O barulho no Thirsty Scholar Pub é alto, toca “Ball and Biscuit”, e no momento em que Zuckerberg
fi nalmente leva um fora da garota nós podemos ouvir o climático solo de guitarra da música do White Stripes
ao fundo.
A trilha sonora executada como extensão do conturbado fl uxo de consciência de Zuckerberg é uma das ferra-
mentas de que o diretor David Fincher dispõe para manter o espectador conectado à sua verborrágica história
oral da criação do Facebook. Isso fi ca claro no instante seguinte, a saída do pub, os créditos do fi lme, quando
toca fora de cena a primeira faixa composta por Trent Reznor e Atticus Ross especialmente para a trilha, “Hand
Covers Bruise” (é a mesma música que fi ca ao fundo no site ofi cial). Nela, acordes simples ao piano vêm acom-
panhados de um zumbido que nos deixa ao mesmo tempo apreensivos e anestesiados.
Há um clima de urgência se instalando em A Rede Social, como se Mark Zuckerberg, depois do fora, corresse ao
dormitório por predestinação, chamado a cumprir um papel milenar que lhe cabe. O nerd não é um macho alfa,
de qualquer forma, e como o nosso narrador tem à mão a Internet, o seu fl uxo de consciência logo vira uma série
de posts rancorosos no velho Livejournal. Para se vingar das mulheres, Zuckerberg hackeia do seu quarto em
Harvard algumas redes de faculdades e cria um site que ranqueia fotos de universitárias. Começa a germinar aí
a ideia da rede social que o tornou bilionário.
O Zuckerberg real afi rma que nunca houve a tal namorada, mas para o fi lme isso não importa. Como uma advo-
gada diz mais adiante, “todo mito de criação precisa de um diabo”, e o gênio overachiever de Harvard não é muito

EMPREENDEDORISMO E INOVAÇÕES | Educação a Distância 111


diferente de outros magnatas da comunicação que acabam virando arquétipos de tragédia no cinema - homens
que ligam pessoas e terminam sós, que lidam com as palavras, mas não conseguem se expressar - como o
próprio Charles Foster, o Cidadão Kane.
A Rede Social, então, funciona em dois níveis. O primeiro é o mundo como o narrador Zuckerberg vê, um bor-
rão cor de musgo cheio de eventos desinteressantes. O próprio Fincher - sempre um niilista - em cenas como
a da regata, onde o protagonista não está presente, reproduz essa visão (a mecanicidade eterna dos gêmeos
remadores é o contraponto ideal aos arroubos de articulação de Zuckerberg). O segundo nível, em oposição, é
o mundo de fato - que em seu movimento inercial não se deixa alterar pelos atos de Zuckerberg, ao contrário do
que o nosso anti-herói, na sua mania de grandeza, gosta de pensar.
Perguntas como “tenho sua atenção?” e “você está ouvindo o que estou dizendo?” surgem um par de vezes. No
fi m das contas, embora o Facebook trate de conectividade, David Fincher está fazendo um fi lme sobre a disso-
nância. É como o ruído que persiste na trilha de Reznor, literal e metaforicamente.
Nesse sentido, talvez A Rede Social esteja tão próximo de Zodíaco, o melhor fi lme do diretor, quanto de Cidadão
Kane. A impossibilidade de redenção e a estrutura temporal baseada num longo fl ashback são as mesmas do
clássico de 1941, e Zuckerberg tem seu Rosebud pessoal, evidentemente. Já a sensação de impotência é com-
parável à de Zodíaco, um fi lme com personagens que também projetam no mundo relações irreais de causa e
efeito, para preencher seus vazios. No suspense, o jornalista e o cartunista procuram pistas de um assassino que
talvez não exista mais. Em A Rede Social, Zuckerberg, desde aquela primeira cena no bar, enxerga segundas
intenções em tudo.
O Mark Zuckerberg da realidade tem todo o direito de reclamar do seu retrato fi ccional, que afi nal é simplifi cado
para se encaixar num certo perfi l, num certo arco. Mas o Zuckerberg do fi lme, embora pareça, não é uma vítima
das circunstâncias ou do seu temperamento. É, sim, vítima de seu tempo.
Extraído de: <http://omelete.uol.com.br/cinema/rede-social-critica/>. Acesso em: 19 abr. 2012.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Nesta unidade, introduzimos conceitos sobre Intraempreendedorismo no qual procuramos mostrar


que, mesmo funcionários devem desenvolver suas características empreendedoras para ajudar no
desenvolvimento da empresa. O mundo corporativo não oferece mais oportunidades para pessoas que
desejam apenas um trabalho, atualmente, as empresas procuram profissionais que consigam inovar,
serem criativas e proativas, ou seja, que antecipem problemas antes mesmo deles acontecerem. Em
suma, os colaboradores precisam ser empreendedores corporativos.

Ainda nesta unidade, apresentamos argumentos para analisar e compreender o processo empreendedor
em relação à globalização, como tais aspectos se tornam importantes uma vez que servem de balizadores
para a busca e aproveitamento de oportunidades empreendedoras.

O Brasil tem evoluído no contexto econômico mundial e, para que esse crescimento se torne sustentável
é necessário que os empreendedores estejam preparados, por isso o desafio começa dentro da empresa,
em que o empreendedor tem que organizar todos os processos e gerir o negócio com planejamento e
eficiência. Aliados aos desafios internos existem os desafios externos nos quais se destacam os incentivos
ao empreendedorismo.

Espero que este material estimule as boas práticas na gestão de novos negócios ou de antigos negócios

112 EMPREENDEDORISMO E INOVAÇÕES| Educação a Distância


que necessitam de maior profissionalismo. Porém, se você não tem interesse em abrir um negócio,
então que seja um excelente intraempreendedor, pois as organizações estão sedentas por este tipo de
profissional.

ATIVIDADE DE AUTOESTUDO
1 – Faça uma pesquisa no site da sua prefeitura e identifi que que informações apresentadas ali são
voltadas à promoção do empreendedorismo.
2 – Qual sua avaliação quanto ao preparo da empresa em que trabalha ou trabalhou para os desafi os e
tendências apresentadas no texto?’

Inovação - Envolvimento dos colaboradores é o caminho para o intra- empreendedorismo.


A afi rmação é de Antonio Carlos Teixeira Alvarez, diretor superintendente da empresa paulista Brasilata, cujo
case de sucesso foi apresentado no Diálogo Intra-Empreendedor, promovido pelo IEL e Unindus.
A busca pela abertura de canais de comunicação entre funcionários e diretoria trouxe um maior envolvimento das
pessoas, e com isso o intra-empreendedorismo aconteceu naturalmente, mostrando que não temos 900 colabo-
radores, mas sim, 900 inventores. Essa é a realidade da empresa paulista de embalagens metálicas, Brasilata,
cujo processo de implantação do empreendedorismo corporativo foi exposto pelo diretor superintendente da
organização e professor da Fundação Getúlio Vargas (FGV), Antonio Carlos Teixeira Alvarez. Ele participou nesta
segunda-feira (17), em Curitiba, do “Diálogo Intra-Empreendedor”, evento promovido pelo Sistema Federação
das Indústrias do Estado do Paraná (Fiep), por meio do IEL e da Unindus, e que integra as atividades da Semana
Global de Empreendedorismo, realizada mundialmente entre os dias 17 e 23.
“O primeiro passo foi ouvir as pessoas, envolvê-las nas decisões e proporcionar um ambiente em que elas se
sentissem à vontade e inspiradas para criar”, explicou Alvarez. Segundo ele, o ambiente inovador só foi possível
com a implantação de um programa de sugestões na empresa, denominado “Projeto Simplifi cação”, em que
cada funcionário depositava ideias de melhorias de processo e negócios. “Com isso o intra-empreendedorismo
aconteceu. Começamos a ter ideias e mais ideias, e hoje temos uma média de mais de 110 mil por ano”, disse
o empresário.
Modelo japonês
O sistema escolhido para o programa de sugestões, contou Alvarez, foi o modelo japonês, que se difere do sis-
tema americano por ter um “acúmulo gradual de pequenas ideias, enquanto que o americano apresenta grandes
ideias, porém pequenas”. A implantação do programa na Brasilata aconteceu em 1985, e atualmente, 81% das
ideias sugeridas pelos funcionários são aprovadas e colocadas em prática. “Tudo começa com o administrador.
Ele deve cuidar do ambiente de trabalho, abrindo canais de comunicação e mostrando para seus funcionários
que tem uma política de integridade, tolerância a erros, segurança, e relação de emprego a longo prazo”, pontuou
Alvarez, destacando que a empresa “acredita que sua força tem origem no seu pessoal”.
A Brasilata está entre as dez organizações brasileiras no ranking de empreendedorismo corporativo. A classifi -
cação é feita pela Revista Exame e pelo Instituto Nacional de Empreendedorismo e Inovação. De acordo com
o diretor superintendente, a organização é a primeira em seu segmento, com um faturamento anual de R$ 384
milhões.
Extraído de: <http://www.unindus.org.br/News544content61992.shtml>. Acesso em: 19 abr. 2012.

EMPREENDEDORISMO E INOVAÇÕES | Educação a Distância 113


Atitude Empreendedora – Estímulo contínuo na formação de um ambiente criativo e inovador
Durante dois anos, Roberta Lippi, coordenadora de Comunicação Corporativa da Brasilprev e atual líder do Vida
Ativa, comandou o pilar atitude empreendedora, que promove o comportamento empreendedor na empresa,
alinhado à estratégia corporativa. Antes de iniciar a implementação de ações voltadas ao empreendedorismo, o
grupo atitude empreendedora buscou compreender melhor o tema por meio de capacitação e do relacionamento
com professores e especialistas. “Esse era um assunto novo, que demandou muita dedicação do grupo, justa-
mente por não existir no mercado algo que fosse próximo ao que esperávamos implementar”, conta Roberta.
Com maior conhecimento do assunto, o time decidiu por uma atuação voltada à toda empresa, para mostrar que
todos, independentemente do perfi l, podem ser empreendedores corporativos.
No período de dois anos, o grupo divulgou para os funcionários o conceito da atitude empreendedora, incenti-
vando os colaboradores a pensar diferente, inovar, gerar valor e observar melhor o próximo. Para isso, realizou
palestras e ações de comunicação interna, além de dois importantes movimentos que obtiveram forte adesão
da empresa:
1. A campanha da Atitude Empreendedora, de 2005 a 2006, teve como meta fazer com que os colaboradores en-
xergassem atitudes empreendedoras em seus colegas. Mais de 250 atitudes foram indicadas. Além de mobilizar
a companhia em torno do tema, estimulou o reconhecimento entre os funcionários; e
2. A ferramenta Fábrica de Idéias, lançada em fevereiro de 2007, cujo objetivo é fazer com que as idéias gera-
das, que tragam melhorias e inovações, sejam registradas e efetivamente saiam do papel, por meio de ações de
equipes de trabalho.
Com esses trabalhos realizados, a Brasilprev obteve reconhecimentos importantes, como o prêmio Empreende-
dor Corporativo, realizado pela revista Exame em parceria com o Instituto Brasileiro de Intra-empreendedorismo,
por dois anos consecutivos. Além disso, a pesquisa de clima da empresa apontou resultados expressivos nos
quesitos de indicadores de inovação (considerados favoráveis por mais de 80% dos funcionários, nos últimos
dois anos).
Apesar do grande apoio e incentivo recebidos pela alta direção da Brasilprev, a equipe enfrentou algumas difi cul-
dades para implementar o projeto. “Os principais desafi os foram: Fazer as pessoas perceberem que essas ações
agregam valor aos negócios, a resistência mostrada por alguns gestores e obter o comprometimento de todos
os integrantes do grupo”, afi rma. Ela ainda ressalta o aprendizado obtido com a experiência, que surpreendeu
até os mais céticos da organização. “A grande lição foi perceber que, quando as pessoas são estimuladas, são
capazes de fazer coisas que nunca imaginaram”. A Atitude Empreendedora prova que incentivo e estímulo são
os principais ingredientes de um programa de Empreendedorismo Corporativo de verdade.
Extraído: <http://prezadoscolaboradores.wordpress.com/2009/08/04/case-atitude-empreendedora-da-brasil-
prev-empreendedorismo-corporativo-de-verdade/>. Acesso em: 19 abr. 2012.

114 EMPREENDEDORISMO E INOVAÇÕES| Educação a Distância


CONCLUSÃO

Compreender a dinâmica econômica atual em que mercados estão cada vez mais globalizados e
interligados torna-se essencial para empresas que almejam sobreviver e prosperar. Além disso, a
realidade social atual envolvendo povos e nações contribui para a modificação da relação entre pessoas
e o mercado.

Diante desse contexto, apresenta-se como fato importante analisar e compreender um assunto que
está em voga no momento: o empreendedorismo. Mais do que a criação de novos empreendimentos, o
fenômeno do empreendedorismo proporciona a geração de emprego e renda, fazendo com que micro e
pequenas empresas sejam verdadeiros “motores” capazes de “mover” a economia de países e também
melhorando condições sociais da sua população.

Este livro abordou de forma equilibrada as diversas facetas relacionadas com o empreendedorismo,
desde a sua essência até temas mais atuais como o franchising. Foram consideradas as características
e também as motivações pessoais que levam indivíduos a se tornarem empreendedores. A possibilidade
de transformação de um “sonho” ou uma “ideia” em algo concreto foi tratado com base em planejamento
oriundo da elaboração de um plano de negócios.

Além do que, o enfoque dado aos assuntos tratados neste livro foi o de trazer à tona o universo e
peculiaridades do ambiente empresarial brasileiro, em que as micro e pequenas empresas poderão atuar.
As fontes de financiamento apresentadas, bem como as formas de proteção da propriedade intelectual
oriunda da criação de produtos e serviços condizem com as atuais práticas realizadas no contexto
brasileiro. Com isso, buscou-se situar o pós-graduando na realidade vivenciada por grande parte das
micro e pequenas empresas em geral.

Por fim, esperamos que, ao ler e discutir os assuntos abordados por este livro, muitas dúvidas possam
ter sido esclarecidas bem como a possibilidade de tornar-se empreendedor tenha sido desmistificada.
Sabe-se que no Brasil tornar-se um empreendedor bem-sucedido não é uma tarefa das mais fáceis. É
necessário uma boa dose de criatividade, ousadia, capacidade de “aprender sempre”, mas principalmente
muita persistência. Então, as “portas” para o universo do empreendedorismo foram “abertas” para que
você possa escolher qual será o melhor caminho a trilhar. A “viagem” está apenas começando.

EMPREENDEDORISMO E INOVAÇÕES | Educação a Distância 115


REFERÊNCIAS

AGÊNCIA USP DE INOVAÇÃO: Construindo pontes entre os desafios da sociedade e a criatividade da


USP. Patentes. Disponível em: <http://www.inovacao.usp.br/propriedade/patentes.php>. Acesso em: 23
fev. 2012.

AIDAR, M. M.; VASCONCELOS, I. F. G. de; VASCONCELOS, F. C. de (Coord.); MASCARENHAS, A. O.


(Coord. Assistente). Empreendedorismo. São Paulo: Thomson, 2007. pp. 71-82 (Coleção Debates em
Administração ).

ANDREASSI, T. Impactos do Microcrédito junto ao Empreendedor de Pequenos Negócios: O Caso do


Bancri/SC. In: XXVIII-ENANPAD – ENCONTRO DA ASSOCIAÇÃO NACIONAL DE PÓS-GRADUAÇÃO
E PESQUISA EM ADMINISTRAÇÃO, 2003, Atibaia. Anais... Atibaia:

ARAÚJO, W. F. G. de. A parceria público-privada no project finance como estratégia de garantia de


investimentos em infra-estrutura e seu papel na reforma do estado brasileiro. In: XXVIII-ENANPAD –
ENCONTRO DA ASSOCIAÇÃO NACIONAL DE PÓS-GRADUAÇÃO E PESQUISA EM ADMINISTRAÇÃO,
2003, Atibaia. Anais... Atibaia.

BANCO NACIONAL DE DESENVOLVIMENTO SOCIAL – BNDES. BNDES Exim Pré-embarque Empresa


Âncora. Disponível em: <http://www.bndes.gov.br/SiteBNDES/bndes/bndes_pt/Institucional/Apoio_
Financeiro/produtos/BNDES_Exim/exim_pre_ancora.html>. Acesso em: 05 mar. 2012.

BARON, J. Thinking and deciding. New York: Cambridge University Press. 1988.

BARON, R. A.; SHANE, S. A. Empreendedorismo: uma visão do processo. Tradução All Tasks. São
Paulo: Thomson, 2011. 443p.

BAUMOL, W. J. Formal entrepreneurship theory in economics: Existence and Bounds. Journal of


Business Venturing. v.8, pp. 197-210, 1993.

BESSANT, J.; TIDD, J. Inovação e empreendedorismo. Porto Alegre: Bookman, 2009. 511 p.

BIDERMAN, C.; BARBERIA, L. Local Economic Development in Brazil: Theory, Evidence, and Implications
for Policy. In: XXIX-ENANPAD – ENCONTRO DA ASSOCIAÇÃO NACIONAL DE PÓS-GRADUAÇÃO E
PESQUISA EM ADMINISTRAÇÃO, 2005, Brasília. Anais... Brasília: UFBR.

BIRLEY, S.; MUZYKA, D. F. Dominando os desafios do empreendedor. Tradução Cláudio Ribeiro de


Lucinda. Revisão técnica David Felipe Hastings. São Paulo: Makron Books, 2001. pp. 97-125.

BRASIL. Lei n.º 9.279, de 14 de maio de 1996. Regula direitos e obrigações relativos à propriedade
intelectual. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L9279.htm>. Acesso em: 23 fev. 2012.

116 EMPREENDEDORISMO E INOVAÇÕES| Educação a Distância


________. Lei n.º 9.610, de 19 de fevereiro de 1998. Altera, atualiza e consolida a legislação sobre
direitos autorais e dá outras providências. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L9610.
htm>. Acesso em: 23 fev. 2012.

BRIDGE, S.; O´NEILL, K.; CROMIE, S. Understanding enterprise, entrepreneurship and small
business. New York – NY: Palgrave Mcmillan, 2003.

BRUYAT, C.; JULIEN, P. A. Defining the field of research in Entrepreneurship. Journal of Business
Venturing. V.16, pp. 165-180. 2000.

CARTÃO BNDES, Cartão BNDES. Disponível em: <https://www.cartaobndes.gov.br/cartaobndes/index.


asp >. Acesso em: 05 mar. 2012.

CARVALHO, M. A. Uma Introdução à Análise de Políticas Públicas: Análise Custo-Benefício, Árvores de


Decisão e Modelos de Multiatributos. In: XXIX-ENANPAD – ENCONTRO DA ASSOCIAÇÃO NACIONAL
DE PÓS-GRADUAÇÃO E PESQUISA EM ADMINISTRAÇÃO, 2005, Brasília. Anais... Brasília: UFBR.

CASTANHAR, J. C. Capacitação empresarial. In: CASTANHAR, J. C. Desenvolvimento e construção


social: Políticas Públicas. Rio de Janeiro: Editora FGV, 2005.

CHÉR, R. Empreendedorismo na veia: um aprendizado constante. Rio de Janeiro: Elsevier: Sebrae,


2008. pp. 187-221.

CHIAVENATO, I. Empreendedorismo: dando asas ao espírito empreendedor: empreendedorismo e


viabilidade de novas empresas: um guia eficiente para iniciar e tocar seu próprio negócio. 2.ed. rev. e
atualizada. São Paulo: Saraiva, 2007.

CHIEH, N. INTRA-EMPREENDEDORISMO: Um estudo de caso sobre o entendimento e a aplicação dos


fundamentos organizacionais associados ao termo. Dissertação (mestrado) - Escola de Administração de
Empresas de São Paulo da Fundação Getúlio Vargas. São Paulo, 2007.

CUNHA, E. da P.; CUNHA, E. S. M. Políticas públicas sociais. In: CUNHA, E. da P.; CUNHA, E. S. M.
Políticas Públicas. Belo Horizonte: Editora UFMG; Proex, 2002.

DAVIDSSON, P. Researching Entrepreneurship. NJ: Springer, 2005.

DEGEN, R. J. O empreendedor: empreender como opção de carreira. São Paulo: Pearson Prentice Hall,
2009. pp. 208-230.

DINIZ, E. Empresariado, Estado e Políticas Públicas no Brasil: Novas Tendências no Limiar do Novo
Milênio. In: FERRAZ; CROCCO; ELIAS. Liberalização Econômica e Desenvolvimento: modelos,
políticas e restrições. Futura, São Paulo, 2003.

DORNELAS, J. C. A. Empreendedorismo corporativo: como ser empreendedor, inovar e se diferenciar


em organizações estabelecidas. Rio de Janeiro: Elsevier, 2003. 183p.

EMPREENDEDORISMO E INOVAÇÕES | Educação a Distância 117


DORNELAS, J. C. A. Empreendedorismo: transformando ideias em negócios. 2. ed. rev. e atual Rio de
Janeiro: Elsevier, 2005. 293p.

DRUCKER, P. F. Inovação e espírito empreendedor (entrepreneurship): prática e princípios. São


Paulo: Pioneira Thomson, 2003.

DUARTE, F. R.; SANTOS, L. M. L. Empreendedorismo Social: o Projeto Londrina Mil ONGs. In: EGEPE –
ENCONTRO DE ESTUDOS SOBRE EMPREENDEDORISMO E GESTÃO DE PEQUENAS EMPRESAS.
3., 2003, Brasília. Anais... Brasília: UEM/UEL/UnB, 2003, pp. 277-293.

FABRÍCIO, J. dos S.; MACHADO, H. P. V. Exploração de oportunidades e inovação: um estudo de caso


no setor ervateiro. In: V Encontro de estudos sobre empreendedorismo e gestão de pequenas empresas.
5, 2008, São Paulo. Anais... São Paulo, 2008.

FARIA, C. A. P. Idéias, Conhecimento e Políticas Públicas: Um inventário sucinto das principais vertentes
analíticas recentes. In: Revista Brasileira de Ciências Sociais – RBCS. São Paulo. v.18, n.51, fev. 2003.

FERES, F. L. C.; KEINERT, R. Planejamento Governamental e Política Regional: O Brasil Frente ao Novo
Paradigma. In: XXV-ENANPAD – ENCONTRO DA ASSOCIAÇÃO NACIONAL DE PÓS-GRADUAÇÃO E
PESQUISA EM ADMINISTRAÇÃO, 2001, Campinas. Anais... Campinas: Unicamp.

FERRA, S. F. de S.; et. al. Práticas e modelo intra-empreendedor em uma grande têxtil brasileira. Anais.
IV Congresso Nacional de Excelência em Gestão. 31 de julho a 02 de agosto de 2008. Niterói, RJ.

FERRAZ, S. F. de S. Intra-empreendedorismo em uma Organização Financeira de Grande Porte: Um


Estudo Diagnóstico. Anais. XXXIV Encontro da ANPAD, Rio de Janeiro, 25 a 29 de setembro de 2010.

FERREIRA, M. P.; SANTOS, J. C.; SERRA, F. A. R. Ser empreendedor: pensar, criar e modelar a nova
empresa: exemplos e casos brasileiros. São Paulo: Saraiva, 2010.

FORMENTI, L.; RECONDO, Felipe. Lei de patente fez País gastar R$ 123 milhões a mais com 4
medicamentos. Estadão.com.br, São Paulo, 21 fev. 2011. Disponível em: <http://www.estadao.com.br/
noticias/impresso,lei-de-patentes-fez-pais-gastar-r-123-milhoes-a-mais-com-4-medicamentos,682272,0.
htm>. Acesso em: 23 fev. 2012.

FREY, K. Governança eletrônica: experiências de cidades européias e algumas lições para países
em desenvolvimento. In: EISENBERG, J.; CEPIK, M. (Orgs.). Internet e política: teoria e prática da
democracia eletrônica. Belo Horizonte: 2002. pp. 141-163.

GARCIA, Luiz Fernando. Pessoas de Resultado. Ed. Gente. São Paulo, 2009.

GARTNER, W. B.; SUE, B. A conceptual framework for describing the phenomenon of new venture
creation. Academy of Management Review. Washington D.C. v. 10, n. 4, pp. 696-709, 2001.

118 EMPREENDEDORISMO E INOVAÇÕES| Educação a Distância


GARTNER, W. B.; SUE, B. Introduction to the special issue on qualitative methods in entrepreneurship
reserarch. Journal Busness Venturing. New York. v.17, pp. 387-395. 2002.

GEM 2011 - GLOBAL ENTREPRENEURSHIP MONITOR. Executive Report. London, 2012.

GIFFORD, S. Limited entrepreneurial attention and economic development. Small Business Economic.
Newark, NJ v.10, pp.17-30, 1998.

GRECO, S. M. de S. S. et al. Empreendedorismo no Brasil: 2010, Curitiba, IBQP, 2010.

GUIMARÃES, T. B. C.; MACHADO-DA-SILVA, C. L. Empreendedorismo Corporativo e Comportamento


Estratégico: estudo de caso. Anais. XXIV Encontro de Gestão da Inovação Tecnológica. Gramado, RS,
17 a 20 de outubro de 2006.

HARDMAN, F.; LEONARDI, V. História da indústria e do trabalho no Brasil: das origens aos anos 20.
São Paulo: Ática, 1991.

HASTENREITER-FILHO, H. N.; SOUZA, C. M. Redes de Cooperação no Contexto das Políticas Públicas:


Aspirações e Resultados dos Principais Programas Nacionais. In: XXVIII-ENANPAD – ENCONTRO DA
ASSOCIAÇÃO NACIONAL DE PÓS- GRADUAÇÃO E PESQUISA EM ADMINISTRAÇÃO, 2005, Curitiba.
Anais... Curitiba: UEM/UEM/UFPR.

HISRICH, R. D. Empreendedorismo. In: ROBERT, D. H.; MICHAEL, P. P.; trad. Lene Belon Ribeiro. –
5.ed. – Porto Alegre: Bookman, 2004.

HISRICH, R. D.; PETERS, M. P.; SHEPHERED, D. A. Empreendedorismo. Tradução Teresa Cristina


Felix de Souza. 7. ed. Porto Alegre: Bookman, 2009. 662p.

INSTITUTO NACIONAL DA PROPRIEDADE INDUSTRIAL (INPI). Quanto custa - marcas. Disponível


em: <http://www.inpi.gov.br/index.php/marca/quanto-custa>. Acesso em: 23 fev. 2012.

________. Quanto custa - patentes. Disponível em: <http://www.inpi.gov.br/index.php/patente/quanto-


custa>. Acesso em: 23 fev. 2012.

JUNQUEIRA, L. A. P. Descentralização e intersetorialidade: a construção de um modelo de gestão


municipal. Revista de Administração Pública, v. 32, n. 2, pp. 11-22, 1998.

KIRZNER, I. M. Entrepreneurial discovery and the Competitive market process: an autrian approach.
Jounal of Economic Literature. New York. v.35, pp. 60-85. 1997.

KNELLER, G. F. Arte e Ciência da Criatividade. 14. ed. São Paulo: Ibrasa, 1999.

LASTRES, H. M.; ARROIO, A.; LEMOS, C. Políticas de apoio a pequenas empresas: do leito de
Procusto à promoção de sistemas produtivos locais. Rio de Janeiro: Relume Dumará: UFRJ, Instituto de
Economia, 2003.

EMPREENDEDORISMO E INOVAÇÕES | Educação a Distância 119


LAUFER, F. N. Managerial decision making in the laboratory. Clinical Laboratory Management Review,
pp.425-431. 1990.

LEITE, R. C.; CAMPOS, T. M. Franchising: uma oportunidade de novos negócios. Artigo. São Paulo,
2008.

LEITE, R. S.; MOORI, R. G. Estratégia de inovação de produtos nas pequenas indústrias de laticínios
para o atendimento do consumidor de baixa renda. In: V Encontro de estudos sobre empreendedorismo e
gestão de pequenas empresas. 5, 2008, São Paulo. Anais... São Paulo, 2008.

LOPES, P. C. et al. Estratégias empreendedoras para a promoção da auto-sustentação de programas


governamentais: o caso Platin. In: EGEPE – ENCONTRO DE ESTUDOS SOBRE EMPREENDEDORISMO
E GESTÃO DE PEQUENAS EMPRESAS. 3., 2003, Brasília. Anais... Brasília: UEM/UEL/UnB, 2003, pp.
328-338.

LUIZ, D. L., et al. Franchising como forma de negócio: um estudo preliminar no município de Tupã (SP).
Anais. 30º Encontro da ANPAD. 23 a 27 de setembro de 2006. Salvador, Bahia.

MACHADO, H. P. V.; CASTRO, S. C.; SILVA, J. M.; Teaching on entrepreneurship in Brazil for the establishment
of technologically-based firms. In: INT ENT 2006 – INTERNATIONALIZING ENTREPRENEURSHIP
EDUCATION AND TRAINING, 2006, São Paulo, Anais...São Paulo: FGV/GVcenn, 2006, pp. 757-771.

MARIANO, S. R. H.; MAYER, V. F. Empreendedorismo e Inovação: Criatividade e Atitude Empreendedora.


Rio de Janeiro: Fundação CECIERJ, 2008, v.1. p.350.

MARTINS, L. Indústria brasileira é processada por plágio em sola de sapato. Folha.com, São Paulo,
30 abr. 2011. Disponível em: <http://www1.folha.uol.com.br/mercado/909299-industria-brasileira-e-
processada-por-plagio-em-sola-de-sapato.shtml>. Acesso em: 23 fev. 2012.

MELAZZO, E.S.; GUIMARÃES, R.B.; ARCHANGELO, A.; ALMEIDA, A. L. J.; GOES, E. M.; GHAGAS,
E. F.; SPOSITO, E. S.; MARTIN, E. S.; PIZZOL, R. J.; NASCIMENTO, R. M.; MAGALDI, S. B. Políticas
públicas e exclusão social: a construção do debate no interior do Simespp. o IV FÓRUM DE CIÊNCIAS
DA FCT, 2003. Presidente Prudente. Anais... Presidente Prudente: UNESP.

MONTEIRO, J. V. Fundamentos da política pública. Rio de Janeiro: IPEA/INPES, 2005.

OLIVEIRA, D. C.; GUIMARÃES, L. de O. Perfil Empreendedor e Ações de Apoio ao Empreendedorismo: o


NAE/SEBRAE em questão. Revista Economia & Gestão da PUC Minas, v. 6, n. 13. BELO HORIZONTE,
Maio, 2006.

OLIVEIRA, J. A. P. Repensando Políticas Públicas: Por Que Freqüentemente Falhamos no Planejamento?


In: XXIX-ENANPAD – ENCONTRO DA ASSOCIAÇÃO NACIONAL DE PÓS-GRADUAÇÃO E PESQUISA
EM ADMINISTRAÇÃO, 2005, Brasília. Anais... Brasília: UFBR.

120 EMPREENDEDORISMO E INOVAÇÕES| Educação a Distância


PACHECO, R. S. Administração Pública Gerencial: Desafios e Oportunidades para os Municípios
Brasileiros. In: O Município no Século XXI: Cenários E Perspectivas. São Paulo: Fundação Prefeito
Faria Lima . CEPAM, ED. ESP., 1999.

PECI, A.; COSTA, F. J. L. Redes para implementação de políticas públicas: Obstáculos e condições
de funcionamento. In: XXVI-ENANPAD – ENCONTRO DA ASSOCIAÇÃO NACIONAL DE PÓS-
GRADUAÇÃO E PESQUISA EM ADMINISTRAÇÃO, 2002, Salvador. Anais... Salvador: UFBA.

PEREIRA, P. A. P. Concepções e propostas de políticas sociais em curso: tendências, perspectivas


e conseqüências. Brasília: NEPPOS/CEAM/UnB, 1994.

PIERANTONI, A. O plano de negócios (business plan). Disponível em: <http://www.endeavor.org.br/


endeavor_mag/start-up/ferramentas/o-plano-de-negocios-business-plan>. Acesso em: 14 fev. 2012.

PIZO, C. A.; PEREIRA, M. F.; TUBINO, D. F. Plano de negócios e as novas fontes de riqueza na era da
informação. In: II Encontro de estudos sobre empreendedorismo e gestão de pequenas empresas. 2,
2001, Londrina/PR. Anais... Londrina/PR, 2001, pp. 286-298.

RUEDIGER, M. A.; RICCIO, V. O novo contrato social: desenvolvimento e justiça em uma sociedade
complexa. In: Desenvolvimento e construção social: Políticas Públicas. Rio de Janeiro: Editora FGV,
2005.

SALIM, C. S.; SILVA, N. C. Introdução ao empreendedorismo: construindo uma atitude empreendedora.


Rio de Janeiro: Elsevier, 2010. pp. 202-239.

SAMPAIO, E. O. Uma Contribuição Teórica para releitura das políticas de desenvolvimento para o
nordeste do Brasil 1960-2001. Salvador – Bahia, 2003. Tese de Doutorado - Escola de Administração da
Universidade Federal da Bahia. Disponível em: <www.ufb.br>. Acesso em: 19 abr. 2012.

SANTOS, F. C. G. Empreendedorismo utópico: políticas públicas de fomento ao empreendedorismo


como uma alternativa para o desenvolvimento econômico local. In: EGEPE – ENCONTRO DE ESTUDOS
SOBRE EMPREENDEDORISMO E GESTÃO DE PEQUENAS EMPRESAS. 3., 2003, Brasília. Anais...
Brasília: UEM/UEL/UnB, 2003, pp. 249-262.

SCHUMPETER, J. A. Teoria do Desenvolvimento Econômico. São Paulo: Abril Cultural, 1983.

SHANE, S. A.; VENKATARAMAN, S. The promise of entrepreneurship as a field of research. Academy


of managemente review, 2000. v. 25, n. 1, pp. 217-226.

SILVA, S. S., et al. Características comportamentais empreendedoras: um estudo comparativo entre


empreendedores e intra-empreendedores. Revista Cadernos de Administração, Ano 1, Vol. 1, nº 02,
Julho a Dezembro de 2008.

SIQUEIRA, I. Franchising: a revolução do seu negócio começa aqui. Ito Siqueira. Recife: Do Autor, 2009.

EMPREENDEDORISMO E INOVAÇÕES | Educação a Distância 121


SIQUEIRA, M. Miranda; GUIMARÃES, L. O. Ensino na área de organizações: uma proposta
multidimensional para formação e capacitação de empreendedores de pequenas e médias empresas.
In: XXV-ENANPAD – ENCONTRO DA ASSOCIAÇÃO NACIONAL DE PÓS-GRADUAÇÃO E PESQUISA
EM ADMINISTRAÇÃO, 2001, Campinas. Anais... Campinas: Unicamp.

STOKEY, E.; ZECKHAUSER, R. J. A Primer for Policy Analysis. New York: W.W. Norton & Company.
1978.

TEH, C. C.; KAYO, E. K.; KIMURA, H. Marcas, patentes e criação de valor. Revista de Administração
Mackenzie: Universidade Presbiteriana Mackenzie, São Paulo, v. 9, n. 1, pp. 86-106, 2008.

TENDLER, Judith; AMORIM, Mônica Alves. Small firms and their helpers: lessons on demand. World
Development, v. 24, n. 3, pp. 407-426,1996.

VIDAL, F. A. B.; FARIAS, I. Q.; MOREIRA, M. V. C. Empreendedorismo Social Promovendo a Inserção


Cidadã de Famílias de Baixa Renda: o Caso da Fundesol/CE - Agência de Desenvolvimento Local e
Socioeconomia Solidária. In: EnAPG- ENCONTRO DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA E GOVERNANÇA,
2004, Rio de Janeiro. Anais... Rio de Janeiro: EBAPE/FGV.

VIEIRA-FILHO, C. A.; MARCELINO, G. F. A Formulação de Políticas Públicas para o Comércio Eletrônico


–Uma Comparação Brasil – Estado Unidos. In: XXV- ENANPAD – ENCONTRO DA ASSOCIAÇÃO
NACIONAL DE PÓS-GRADUAÇÃO E PESQUISA EM ADMINISTRAÇÃO, 2001, Campinas. Anais...
Campinas: Unicamp.

VIESTI, D. Como fazer um bom plano de negócios? Disponível em: <http://exame.abril.com.br/pme/


dicas-de-especialista/noticias/como-fazer-um-bom-plano-de-negocios>. Acesso em: 14 fev. 2012.

WESTPHAL. M.F.; ZIGLIO E. Políticas públicas e investimentos: a intersetorialidade. In: Fundação Prefeito
Faria Lima-Cepam, organizador. O município no século XXI: cenários e perspectivas. São Paulo: Fundação
Prefeito Faria Lima-Cepam, pp. 111-121, 1999.

122 EMPREENDEDORISMO E INOVAÇÕES| Educação a Distância

Você também pode gostar