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EMPREENDEDORISMO E
INOVAÇÕES
PÓS-GRADUAÇÃO
NÚCLEO COMUM
MARINGÁ-PR
2012
Reitor: Wilson de Matos Silva
Vice-Reitor: Wilson de Matos Silva Filho
Pró-Reitor de Administração: Wilson de Matos Silva Filho
Presidente da Mantenedora: Cláudio Ferdinandi
“As imagens utilizadas neste livro foram obtidas a partir dos sites PHOTOS.COM e SHUTTERSTOCK.COM”.
Av. Guedner, 1610 - Jd. Aclimação - (44) 3027-6360 - CEP 87050-390 - Maringá - Paraná - www.cesumar.br
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EMPREENDEDORISMO E
INOVAÇÕES
Professor Me. Ricardo Azenha Loureiro Albuquerque
Professor Me. Juliano Mario da Silva
Professor Esp. Haroldo Yutaka Misunaga
4 EMPREENDEDORISMO E INOVAÇÕES| Educação a Distância
APRESENTAÇÃO DO REITOR
Viver e trabalhar em uma sociedade global é um grande desafio para todos os cidadãos. A busca por
tecnologia, informação, conhecimento de qualidade, novas habilidades para liderança e solução de
problemas com eficiência tornou-se uma questão de sobrevivência no mundo do trabalho.
Cada um de nós tem uma grande responsabilidade: as escolhas que fizermos por nós e pelos nossos fará
grande diferença no futuro.
Com essa visão, o Cesumar – Centro Universitário de Maringá – assume o compromisso de democratizar
o conhecimento por meio de alta tecnologia e contribuir para o futuro dos brasileiros.
No cumprimento de sua missão – “promover a educação de qualidade nas diferentes áreas do conhecimento,
formando profissionais cidadãos que contribuam para o desenvolvimento de uma sociedade justa e
solidária” –, o Cesumar busca a integração do ensino-pesquisa-extensão com as demandas institucionais
e sociais; a realização de uma prática acadêmica que contribua para o desenvolvimento da consciência
social e política e, por fim, a democratização do conhecimento acadêmico com a articulação e a integração
com a sociedade.
Diante disso, o Cesumar almeja ser reconhecido como uma instituição universitária de referência regional
e nacional pela qualidade e compromisso do corpo docente; aquisição de competências institucionais para
o desenvolvimento de linhas de pesquisa; consolidação da extensão universitária; qualidade da oferta dos
ensinos presencial e a distância; bem-estar e satisfação da comunidade interna; qualidade da gestão
acadêmica e administrativa; compromisso social de inclusão; processos de cooperação e parceria com
o mundo do trabalho, como também pelo compromisso e relacionamento permanente com os egressos,
incentivando a educação continuada.
Professor Wilson de Matos Silva
Reitor
Todas as atividades de estudo presentes neste material foram desenvolvidas para atender o seu processo
de formação e contemplam as diretrizes curriculares dos cursos de graduação, determinadas pelo
Ministério da Educação (MEC). Desta forma, buscando atender essas necessidades, dispomos de uma
equipe de profissionais multidisciplinares para que, independente da distância geográfica que você esteja,
possamos interagir e, assim, fazer-se presentes no seu processo de ensino-aprendizagem-conhecimento.
Neste sentido, por meio de um modelo pedagógico interativo, possibilitamos que, efetivamente, você
construa e amplie a sua rede de conhecimentos. Essa interatividade será vivenciada especialmente no
ambiente virtual de aprendizagem – AVA – no qual disponibilizamos, além do material produzido em
linguagem dialógica, aulas sobre os conteúdos abordados, atividades de estudo, enfim, um mundo de
linguagens diferenciadas e ricas de possibilidades efetivas para a sua aprendizagem. Assim sendo, todas
as atividades de ensino, disponibilizadas para o seu processo de formação, têm por intuito possibilitar o
desenvolvimento de novas competências necessárias para que você se aproprie do conhecimento de
forma colaborativa.
Portanto, recomendo que durante a realização de seu curso, você procure interagir com os textos, fazer
anotações, responder às atividades de autoestudo, participar ativamente dos fóruns, ver as indicações
de leitura e realizar novas pesquisas sobre os assuntos tratados, pois tais atividades lhe possibilitarão
organizar o seu processo educativo e, assim, superar os desafios na construção de conhecimentos.
Para finalizar essa mensagem de boas-vindas, lhe estendo o convite para que caminhe conosco na
Comunidade do Conhecimento e vivencie a oportunidade de constituir-se sujeito do seu processo de
aprendizagem e membro de uma comunidade mais universal e igualitária.
Prezado acadêmico!
Vamos juntos estudar um pouco mais sobre empreendedorismo, assunto em que eu, Professor Ricardo,
juntamente com os Professores Haroldo e Juliano procuramos trazer os conceitos mais modernos a
respeito do tema para que possamos despertar as características empreendedoras em você.
Em minha parte trouxe uma breve introdução a respeito do tema empreendedorismo apresentando
os conceitos do tema e pesquisa recente do GEM - Global Entrepreneurship Monitor –, que tem o
objetivo de “explorar e compreender o fenômeno do empreendedorismo e o seu papel no processo de
desenvolvimento e crescimento econômico dos países”. Em outra parte deste material irei tratar a respeito
do intraempreendedorismo, ou seja, nós iremos descobrir que colaboradores em empresas privadas e/
ou públicas também podem ser empreendedores, mesmo não sendo donos de seus próprios negócios.
Encerrando minha participação nesta obra, falarei com você sobre Franchising, mostrando que muitas
vezes o caminho para o negócio próprio é contratar uma empresa que já detenha estrutura administrativa/
operacional pronta que possa assessorar no desenvolvimento do negócio, ou seja, ser empreendedor,
necessariamente não obriga as pessoas a começar seu negócio do zero, podendo iniciar na carreira
empresarial com uma franquia.
Por fim, trago um pouco de minha experiência com constituição de diversos negócios que adquiri e
iniciei durante minha vida que espero possa contribuir com, pelo menos o despertar de uma centelha
empreendedora em você.
Caro acadêmico!
As necessidades das pessoas têm crescido e com isso crescido também a versatilidade de pequenas,
médias e grandes empresas, diante desse cenário um personagem tem grande importância, o
empreendedor. São essas figuras que têm a capacidade de organizar adequadamente os recursos
produtivos e conduzir de forma harmônica os recursos humanos nas empresas, todas essas capacidades
aliadas às características do ambiente econômico é que chamamos de empreendedorismo.
Espero que esse material possa plantar uma sementinha na fértil criatividade e iniciativa comuns a nós
brasileiros, pois empreender com conhecimento, geralmente, resulta em bons resultados.
Bom Estudo a você e sucesso empreendendo dentro de uma empresa como colaborador ou com seu
próprio negócio!
Caro acadêmico!
É uma grande satisfação poder dirigir-me a você por meio deste livro. No momento que estava escolhendo
os assuntos que seriam abordados ao longo deste material, procurei trazer, juntamente com os
professores Ricardo e Juliano, algo que pudesse contribuir para a análise, compreensão e discussão de
um tema que está em voga no atual contexto social e organizacional: o empreendedorismo. Compreender
a dinâmica desse fenômeno chamado empreendedorismo torna-se imperativo, pois trata-se de um
processo envolvendo pessoas com o objetivo de criar algo novo, diferente e com valor, não somente para
o empreendedor em si, mas para o desenvolvimento econômico e social de um local, região ou país.
Assim, meu objetivo ao escrever este livro foi o de compartilhar um pouco da experiência que adquiri
lecionando e convivendo com alunos da disciplina de Empreendedorismo nos cursos de graduação
do Centro Universitário de Maringá, além das pesquisas dos mais diversos tipos com as quais tive
oportunidade de ter contato durante meu curso de mestrado em Administração, na linha de pesquisa
Empreendedorismo, Inovação e Mercado. Espero ainda que este livro possa servir de base para novas
oportunidades de discussão sobre esse assunto tão importante para países e nações tanto no seu
contexto social como econômico.
INTRODUÇÃO AO EMPREENDEDORISMO
INTRODUÇÃO AO EMPREENDEDORISMO 13
O EMPREENDEDORISMO NO MUNDO 14
PERFIS DO EMPREENDEDOR 18
FONTES DE FINANCIAMENTO 53
FINAME 54
UNIDADE II
INTRODUÇÃO AO EMPREENDEDORISMO
FRANCHISING 81
TIPOS DE FRANQUIAS 86
UNIDADE III
EMPREENDEDORISMO NA ATUALIDADE
CONCLUSÃO 115
REFERÊNCIAS 116
INTRODUÇÃO AO EMPREENDEDORISMO
Professor Me. Ricardo Albuquerque Azenha
Professor Me. Juliano Mario da Silva
Professor Esp. Haroldo Yutaka Misunaga
Objetivos de Aprendizagem
Plano de Estudo
A seguir, apresentam-se os tópicos que você estudará nesta unidade:
• Introdução ao empreendedorismo
• Empreendedorismo: o que significa isso?
• O empreendedorismo no mundo
• O empreendedor: entendendo esse estranho ser
• Apresentação do plano de negócios
• Por que redigir um plano de negócios?
• Mas afinal, o que é um plano de negócios?
• Qual é a estrutura de um plano de negócios?
• Políticas públicas e fontes de financiamento
• As Políticas Públicas e os governos
• As Políticas Públicas no Brasil
• Fontes de Financiamento
12 EMPREENDEDORISMO E INOVAÇÕES| Educação a Distância
INTRODUÇÃO AO EMPREENDEDORISMO
Quando você caminha por uma rua comercial de uma cidade qualquer, com certeza percebe a presença
de vários pontos comerciais. Estão ali, talvez, algumas lojas de calçados, outras de eletrodomésticos,
algumas relojoarias, quem sabe até algumas lanchonetes e farmácias.
Se você sai um pouco desta área central e vai para o entorno da cidade, percebe também a presença
de indústrias de pequeno, médio e até grande porte, fabricando os mais diferentes tipos de produtos
imagináveis. Logo nas primeiras horas da manhã e no final da tarde, outro movimento também acontece:
são centenas, milhares de pessoas que se deslocam de e para essas empresas para trabalhar.
Todo esse panorama que descrevemos acima é comum em nossas cidades, pequenas ou grandes, com
menor ou maior intensidade. O fato é que as empresas estão presentes em nossas vidas, fabricando
coisas, empregando pessoas, movendo com uma velocidade fantástica as engrenagens da economia.
Isto porque não falamos de centenas de milhares de pessoas que fabricam pães, salgados, consertam,
constroem, enfim, exercem atividades das mais variadas sem ter uma empresa formalmente constituída.
Essa dinâmica que vemos acontecer é prova de um fenômeno que não tem nada de recente, mas que
está entranhado na vida das pessoas: o empreendedorismo. Talvez, meu caro aluno, conversando com
você, poderemos constatar que você é um grande empreendedor e talvez nunca tenha se dado conta
disso.
Precisamos, então, conhecer esta característica nas pessoas e, mais do que isso, compreender como
essa característica pode levar alguém a ter sucesso na sua vida pessoal e profissional, ao mesmo
tempo contribuindo também para que outras pessoas possam realizar seus objetivos por meio de um
empreendimento.
Nesta primeira sessão, então, conheceremos um pouco mais das características daquele estranho ser
que faz as coisas acontecerem: o empreendedor.
Se pesquisarmos uma obra de referência, como um dicionário, por exemplo, vamos encontrar uma
definição muito interessante da palavra “empreender”. Por exemplo, o Dicionário on line Michaellis (<www.
michaelis.uol.com.br>) a define assim: (em2+lat prehendere) 1 Resolver-se a praticar (algo laborioso e
difícil); tentar, delinear; 2 Pôr em execução; 3 Realizar, fazer. Este mesmo dicionário dá a origem com a
junção do sufixo em mais a palavra do latim prehendere.
Já o termo empreendedorismo é tido como uma tradução livre para o português da palavra inglesa
entrepreneurship. Somente com estes dois vocábulos, você já conclui vários conceitos interessantes e
reais: empreender se refere ao ato de “fazer acontecer”, por algo em curso, por em prática uma ideia,
Historicamente, se você pesquisar os países mais desenvolvidos do mundo, encontrará, via de regra,
um grande contingente de empreendedores que saíram a campo, colocaram seus planos em prática e
literalmente mudaram a realidade de onde estavam inseridos. Outro fato histórico e igualmente interessante,
se revisitarmos a literatura constataremos que os seres humanos sempre foram empreendedores, alguns
como agricultores, outros como comerciantes, ainda outros como artesãos, buscando formas de prover
os meios de subsistência para si e para suas famílias.
Este comportamento empreendedor parece ter sofrido uma redução com o advento da Revolução
Industrial que trouxe consigo a massificação do emprego formal. Este fato tornou a maioria das pessoas
apenas empregados executores de uma série de regras próprias da mecanização do trabalho humano. A
partir de então, empreender ficou restrito a um pequeno número de pessoas propensas a, elas mesmas,
iniciar um novo negócio.
Essas pessoas – empreendedoras – foram e ainda são responsáveis pelo “motor” da economia das
nações. Essa força propulsora despertou, gradativamente, o interesse de estudiosos sobre o tema, de
economistas a filósofos, de psicólogos a administradores.
O EMPREENDEDORISMO NO MUNDO
Essa força propulsora interessa aos países, o que influencia também estudos sobre o grau de
desenvolvimento da atividade empreendedora nas nações.
É bom que você saiba que iniciativas neste sentido foram formuladas, sendo que uma delas merece um
destaque especial. Trata-se da contribuição de três importantes instituições que estudam este assunto – a
Babson College dos EUA, a London Business School, da Inglaterra e a Universidad Del Desarrollo, do
Chile. Essas Instituições decidiram criar, em 1999, um projeto chamado GEM – Global Entrepreneurship
Monitor –, que tem o objetivo de “explorar e compreender o fenômeno do empreendedorismo e o seu
papel no processo de desenvolvimento e crescimento econômico dos países” (MARIANO; MAYER,
2008). Cumprindo essa finalidade, o GEM desenvolveu instrumentos que permitissem medir a atividade
empreendedora dos diversos países pesquisados.
Você pode ter acesso aos relatórios do GEM na Internet. No Brasil, as pesquisas para o GEM estão
a cargo do Instituto Brasileiro de Qualidade e Produtividade, que tem como um de seus objetivos “a
promoção e a valorização de uma cultura cada vez mais empreendedora no Brasil” (Relatório GEM,
2010). O resultado é uma melhor compreensão do perfil empreendedor do brasileiro. O SEBRAE também
é parceiro desta iniciativa no Brasil e publica a versão em português do relatório, contando com o auxílio
de renomados pesquisadores e autores do tema Empreendedorismo em território nacional.
Os critérios da pesquisa do GEM são muito interessantes. A metodologia leva em conta as três categorias
Outro critério utilizado pelo GEM é a divisão dos países pesquisados em dois grupos, segundo o PIB per
capita (considerado pela paridade do poder de compra) (MARIANO; MAYER, 2008):
a. Países de renda média: PIB per capita inferior a US$20,000.00.
b. Países de renda alta: PIB per capita superior a US$20,000.00.
O GEM desenvolveu um índice para medir a taxa de empreendedorismo nos países participantes da
pesquisa, a chamada Taxa de Empreendedores em Estágio Inicial (TEA), que representa a proporção de
pessoas na faixa etária entre 18 e 64 anos envolvidas em atividades empreendedoras na condição de
empreendedores de negócios nascentes ou empreendedores à frente de negócios novos, ou seja, com
menos de 42 (quarenta e dois) meses de existência. O cálculo é simples: se o índice TEA for de 10%,
por exemplo, basta extrair esse percentual do total da população adulta (de 18 a 64 anos) de um país.
Imaginemos uma população adulta de 120 milhões de pessoas num país que apresente TEA de 15%,
significa que 18 milhões de pessoas iniciaram empreendimentos no país.
É muito proveitoso que você conheça os resultados dessa pesquisa, até para que você tenha uma visão
do grau de desenvolvimento do espírito empreendedor pelo mundo e, em especial, no Brasil.
Os resultados do Brasil têm sido muito animadores. O relatório GEM 2010 indica que o Brasil apresentou
naquele ano, uma TEA de 17,5% que é a maior já registrada desde que a GEM começou a ser realizada no
país. O número de adultos considerados ficou em torno de 120 milhões de pessoas, valor que representa
21,1 milhões de brasileiros empreendendo em 2010. A pesquisa destaca que, em números absolutos de
empreendedores, este é menor apenas que o registrado na China. Outro fato interessante é que ao longo
dos onze anos em que o Brasil participa da GEM, o país mantém uma TEA superior a média dos países
participantes (GRECO, et al. 2010).
25%
17,5%
15,3%
13,5% 12,9% 13,5%
12,7% 12,0%
11,3% 11,7% 13,3%
0%
2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2002: 2010
Há uma preocupação de que muitas pessoas acabam por empreender unicamente pela necessidade, o
que seria um indicativo de que a pessoa não teve alternativa senão iniciar um negócio para sobreviver.
Mas é animador na pesquisa GEM 2010 que o crescimento da atividade empreendedora no país não se
deu apenas no aspecto quantitativo, mas também no qualitativo. Isto porque o empreendedorismo por
oportunidade – aquele que enxerga de fato uma possibilidade real de exploração de um novo negócio
-também registrou alta. Se comparado com o empreendedorismo por necessidade, a proporção entre os
dois foi de 2,1 empreendedores por oportunidade para cada empreendedor por necessidade (RELATÓRIO
GEM, 2010).
Para que você tenha uma ideia da diversidade de compreensão do termo empreendedor, Mariano e Mayer
(2008) trazem as palavras do professor Fernando Dolabela, que é considerado um dos percussores do
ensino sobre empreendedorismo no Brasil. Para Dolabela, há muitas definições do termo empreendedor,
principalmente porque são propostas por pesquisadores de diferentes campos, que utilizam os princípios de
suas próprias áreas de interesse para construir o conceito. (...) os economistas associaram o empreendedor
à inovação, e os comportamentalistas, que enfatizam aspectos atitudinais, com a criatividade e a intuição
(MARIANO; MAYER, 2008).
Para Robert Young (apud MARIANO; MAYER, 2008, p. 12), “não há empreendedorismo no ato de investir
em um novo empreendimento, assim como não há empreendedorismo no investimento em uma carteira
de ações na bolsa de valores ou numa caderneta de poupança”. Assim, na visão de Young, “sócios
capitalistas são investidores que trocam riscos pela expectativa de remuneração mais elevada sobre o
capital investido”.
Encontramos nos estudos de Schumpeter cinco tipos básicos de inovação, frutos de mentes
empreendedoras. Veja no Quadro abaixo a descrição de cada uma delas:
Filion desenvolveu um modelo de três categorias de visão do empreendedor, partindo de seus sistemas
de relações, aspectos de liderança, energia e percepções. Podemos analisar este modelo pelo Quadro
abaixo:
Fonte: o autor, com base em Filion (2000, apud SILVA, et al. 2008).
Então, meu caro aluno, você pode perceber a importância do tema e, principalmente, das consequências
para todos nós do trabalho dos empreendedores. Aliás, podemos agora mesmo analisar o perfil deste
profissional que realiza, faz as coisas acontecerem, que tem visões e um pensamento inovador. Ao
analisar esse perfil, procure verificar se você tem uma ou mais dessas características. Depois vamos
discutir se é possível desenvolver um empreendedor a partir de uma pessoa “comum”.
PERFIS DO EMPREENDEDOR
Talvez você sempre tenha desejado saber o que faz com que uma pessoa decida ser empreendedor.
Como comentamos acima, muitos se tornam empreendedores por exclusiva necessidade da vida:
encontramos neste grupo adultos, geralmente, responsáveis por uma família, que ficam desempregados
Falando um pouco mais sobre este perfil de empreendedor, Filion (1999 apud OLIVEIRA; GUIMARÃES,
2006) argumenta que iniciou-se nos anos 90 este novo tipo de empreendedor: “o involuntário”. Filion
designa que empreendedores involuntários são formados por “jovens recém-formados e pelas pessoas
que foram demitidas em função dos processos de fusões, privatizações e reengenharia, os quais, não
conseguindo retornar ao mercado formal de trabalho, têm na criação do próprio negócio, uma alternativa
de trabalho e renda”. Outra observação desse autor é que esse tipo de empreender faz a opção pelo
autoemprego, ou empreendimento, mas não são empreendedores no sentido geralmente aceito do termo.
Criam uma atividade de negócio, mas não são movidos pelo aspecto da inovação.
Mas um contingente importante – e que ficou demonstrado pelo relatório GEM 2010 – é composto por
pessoas que enxergam uma oportunidade real de negócios e lançam-se à ação, a realizar o que a
oportunidade lhes trouxe à porta, o que muitos chamam de “cavalo encilhado”.
Mas independente do motivo que os fez empreender, todos querem que seus ideais se realizem. Por isso,
precisamos compreender o perfil do empreendedor, aquilo que eles deveriam minimamente apresentar
para que possam ser bem-sucedidos.
Ao revisitar a literatura sobre o perfil do empreendedor, encontramos algumas linhas comuns a todos eles.
Vamos analisar algumas?
Fonte: o autor, com base em Silva, et al. (2008) e Greco, et al. (2010)
Um dos autores mencionados acima, McClelland, ainda lista dez competências pessoais empreendedoras
(CPEs), presentes no empreendedor:
1. Busca de oportunidades e iniciativa.
2. Persistência.
3. Aceitação de riscos.
4. Exigência de eficiência e qualidade.
5. Comprometimento com o trabalho.
6. Estabelecimento de metas.
7. Busca de informações.
8. Monitoramento e planejamento sistemático.
9. Persuasão e rede de contatos.
10. Independência e autoconfiança (MARIANO; MAYER, 2008).
Silva (et al., 2008) destacam que dificilmente os empreendedores que atingem o sucesso possuem todas
as características mencionadas pelos autores acima, por si mesmos. Na verdade, um fator importante
para seu sucesso está na equipe ou no meio organizacional em que o empreendedor está inserido, que
Poderíamos resumir algumas colocações que estudamos até agora na figura abaixo, em que vemos
demonstrado o que faz alguém empreender e abrir uma empresa.
Diante da dessa descrição do perfil do empreendedor e da constatação de que eles não são super-
humanos, porém manifestam certas qualidades individuais ou em conjunto que favorecem a expressão de
seu desejo de empreender. Reflita: você é esse tipo de pessoa? Afinal, é possível formar um empreendedor?
A resposta à pergunta de: é possível formar um empreendedor ou se eles já nascem prontos, não é tão
simples de responder. É bom que você saiba que existem debates ferrenhos sobre o assunto. Os que
acreditam que os empreendedores já “vêm prontos”, ou seja, nascem com as habilidades necessárias –
como as que descrevemos anteriormente – são bastante persuasivos na defesa desta posição. Afinal,
dizem eles, não é verdade que existem pessoas que jamais empreendem, que mesmo que recebam
Por outro lado, os que defendem que é possível aprender a empreender argumentam – com igual
capacidade argumentativa – que qualquer pessoa, ou pelo menos a maioria, se treinada, preparada, se
realmente se dedicar com afinco, pode sim desenvolver as habilidades necessárias de um empreendedor
com sucesso.
Afinal, quem está com a razão? Apesar de que, ao revisitarmos as estatísticas sobre negócios bem-
sucedidos, encontraremos a informação de que a experiência anterior pesa mais do que os estudos
– num percentual acima de 50%, de acordo com pesquisas do Sebrae – este argumento é falho, pois a
experiência anterior é uma forma de aprendizado, não é verdade? A diferença é que esse aprendizado foi
adquirido ao estilo “fazendo-e-aprendendo” e não formalmente, como numa Universidade. O caso é que
esse tipo de aprendizado pode sair caro, tanto financeiramente, com a destruição de patrimônio próprio
e de pessoas que confiaram no empreendimento, como emocionalmente: não é nada glamuroso ver um
empreendimento fracassar.
Portanto, por que não aproveitar-se de todo o conhecimento acumulado, na experiência prática, na
pesquisa, na absorção de competências técnicas e desenvolvimento de habilidades pessoais por meio de
uma formação continuada? É isso que as principais Instituições de ensino procuram fazer. Esse repositório
de conhecimento está disponível para quem desejar formar-se como empreendedor de sucesso.
É evidente que não podemos ser ingênuos e acreditar que somente a qualificação profissional é o
bastante. Há vários outros fatores que contribuem para o sucesso de um empreendimento, tais como
políticas governamentais, fatores externos como taxa de câmbio, taxa de juros, a existência ou não de
agências de apoio, o próprio mercado. No entanto, sem a preparação individual, o jogo nem começa. É
preciso ter competência para se estabelecer.
Entretanto, basear-se apenas naquilo que se sabe ou conhece não é suficiente para garantir a concretização
do sonho do empreendedor, bem como a sua continuidade. É necessário, além disso, buscar outros
meios que ajudem-no a sustentar esse sonho. Caso contrário, tal sonho pode transformar-se em um
verdadeiro pesadelo!
Desta maneira, esta seção irá dedicar-se a apresentar e destacar a importância da elaboração de um bom
plano de negócios (também conhecido como business plan) que atua como ferramenta útil e necessária
Imagine que no próximo feriado, você e sua família viajarão para a cidade de Santiago, no Chile. Todos
estão bastante animados e empolgados com a viagem uma vez que ainda não conhecem a capital chilena.
Agora, basta esperar o feriado, pegar o carro, colocar todo mundo dentro e curtir a viagem... será?
Fonte: SHUTTERSTOCK.COM
A maioria das pessoas, quando sai para viajar, não procede dessa maneira. Geralmente, é necessário
planejar (lembre-se desta palavra!) a viagem. O destino já foi estabelecido, ou seja, a cidade de Santiago.
A partir disso é possível responder a perguntas como: quantos quilômetros terei que percorrer da minha
cidade até Santiago? Quanto tempo levará para percorrer essa distância? Iremos de carro? Ônibus?
Avião? Qual será o custo da viagem? Temos dinheiro suficiente para arcar com tais custos? Onde
ficaremos hospedados? Quanto tempo ficaremos na cidade? Quais lugares visitaremos? Onde faremos
nossas refeições? Enfim, são várias questões que deverão ser analisadas e respondidas, para que a
viagem possa acontecer de forma tranquila e segura e também diminuir o risco de que algo saia errado
e prejudique o passeio da família.
Da mesma forma, empreender exige planejamento e preparação. Assim, o plano de negócios se mostra
como a ferramenta principal que o empreendedor pode utilizar para realizar o planejamento das atividades
e das ações do seu empreendimento. Aidar (2007) destaca que grande parte dos empreendedores inicia
o seu empreendimento sem a elaboração de um plano de negócios. De acordo com esse autor, muitos
empreendedores acabam por concordar que a realização de um planejamento, como o oferecido pelo
plano de negócios teria sido útil principalmente no que diz respeito a evitar erros e possíveis armadilhas
encontradas no início de um negócio.
O plano de negócios atua como uma ferramenta no auxílio a empreendedores que pretendem iniciar um
negócio e também para empresas já estabelecidas que planejam ampliar suas atividades com vistas à
sua consolidação junto ao mercado no qual atuam. Nesse sentido, Birley e Muzika (2004) afirmam que
o plano de negócios se mostra útil também para empresas que planejam uma mudança de rumo ou
estabelecer uma nova fase com crescimento para a empresa. Para Hisrich, Peters e Shepherd (2009), um
plano de negócios caracteriza-se como um documento elaborado pelo empreendedor em que o conteúdo
descreve todos os possíveis elementos internos e externos considerados relevantes para o início de um
novo negócio. Além do que, conforme Dornelas (2003), o plano de negócios se caracteriza como um
documento cuja finalidade é descrever um empreendimento e o modelo de gestão que irá sustentá-lo.
Complementando esta ideia, Pizo, Pereira e Tubino (2001) salientam que o plano de negócios é um
documento capaz de permitir o amplo conhecimento de um negócio como um todo, bem como permitir
a análise dos riscos e custos envolvidos na execução de qualquer empreendimento. Pierantoni (2012)
destaca que um plano de negócios objetiva auxiliar o empreendedor ou o executivo a planejar e direcionar
suas ideias, considerado aquilo que foi imaginado e pensado para a sua empresa, e, ao mesmo tempo,
atuando como um meio de acompanhamento e estabelecimento de metas e gerenciamento de riscos.
Baron e Shane (2011) afirmam que o plano de negócios deve explicar o que o novo empreendimento irá
tentar realizar e de que forma alcançará as metas que foram estabelecidas para tal negócio, ou seja, o
plano de negócios deve converter as ideias do empreendedor em realidade.
Entretanto, Viesti (2011) alerta que o plano de negócios não deve ser visto como uma “camisa de força”,
ou seja, não deve ser tratado como algo rígido composto por regras que não podem ser alteradas ou
ajustadas. Esse autor destaca que o plano deve servir como um guia cujo conteúdo deve abordar as
principais ações e estratégias de um novo negócio com a flexibilidade necessária para que o empreendedor
(e o empreendimento) possa reagir às ações impostas pelo mercado na qual está atuando. Baron e Shane
(2011) afirmam que o planejamento realizado por meio do plano de negócios deve ser cuidadoso, mas ao
mesmo tempo flexível com vistas a atender às necessidades específicas do novo empreendimento.
Na verdade, um plano de negócios, conforme destaca Dornelas (2005), deve ser o meio pelo qual o
empreendedor possa expressar suas ideias, em uma linguagem acessível e que possibilite o amplo
e completo entendimento por quem irá lê-lo. Além disso, o principal aspecto a ser evidenciado no
plano, conforme esse autor, é mostrar a viabilidade e, principalmente, a possibilidade de sucesso do
empreendimento que está sendo descrito. Hisrich, Peters e Shepherd (2009) salientam ainda que o plano
de negócios serve como ferramenta útil para a captação de recursos para financiamento do negócio.
Por fim, depois de compreender do que se trata um plano de negócios e a sua importância para os
empreendedores que pretendem iniciar um negócio, você deve estar se perguntando: mas como elaborar
o plano de negócios? O que o plano de negócios deve contemplar exatamente? Quem deve ser o
responsável pela elaboração do plano de negócios? A resposta para essas perguntas serão apresentadas
na seção a seguir. Confira!
Se você está ansioso à espera de uma “receita” de como elaborar o plano de negócios, lamento informar,
mas tal “receita” não existe! O que existe é uma estrutura que pode ser utilizada e ajustada conforme as
necessidades impostas pelo futuro empreendimento. Isso deve ser feito principalmente devido ao fato
de que as realidades nas quais os empreendedores e seus empreendimentos estão inseridos não são
exatamente iguais.
Fonte: SHUTTERSTOCK.COM
A preparação de um plano de negócios exige trabalho árduo sendo necessário uma grande quantidade
de horas de pensamento cuidadoso seguidas por uma quantidade equivalente ou superior de horas para
converter tais pensamentos em um documento escrito (BARON; SHANE, 2011). Hisrich, Peters e Shepherd
Hisrich, Peters e Shepherd (2009) recomendam que, antes de destinar tempo e energia na elaboração
do plano de negócios, o empreendedor realize um rápido estudo de viabilidade envolvendo o conceito do
negócio com o intuito de verificar a existência de possíveis barreiras ao seu sucesso. Complementando,
Birley e Muzyka (2004) indicam que a forma mais fácil de elaborar um plano de negócios é, em primeiro
lugar, reunir informações para em seguida escrever o plano. Levando em consideração o país ou a região
na qual você vive, esses autores afirmam que a elaboração do plano de negócios poderá encontrar
informações por meio da combinação de bibliotecas, bases de dados do governo que são disponibilizadas
ao público, contadores, advogados, bem como contatos pessoais do empreendedor. Além disso, outras
fontes de informação úteis, de acordo com esses autores, são os clientes e fornecedores em potencial
que poderão ser entrevistados e, assim, garantir uma maior credibilidade ao plano.
Em se tratando de fontes de pesquisa, Dolabela (2008) destaca duas fontes: primárias e secundárias.
Fontes primárias, de acordo com o autor, caracterizam-se por informações que foram produzidas no
decorrer da própria pesquisa, ou seja, oriundas da coleta e análise realizadas pelo empreendedor. Já
as fontes secundárias são definidas pelo autor como sendo dados e informações que foram coletados
por terceiros e, em seguida, disponibilizados para o público em geral. Tais dados são coletados por
instituições como o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o Serviço Brasileiro de Apoio às
Micro e Pequenas Empresas (Sebrae), prefeituras, governos estaduais, associações de classe, sindicatos
etc. As fontes secundárias de dados e informações se mostram vantajosas uma vez que o empreendedor
irá economizar tempo e, principalmente, recursos financeiros com a realização da coleta de dados uma
vez que esses dados já foram coletados e tabulados estando disponíveis agora para uso.
De acordo com Degen (2009), o plano de negócios representa a descrição, em um documento escrito,
da oportunidade de negócio almejada pelo empreendedor. Tal descrição, conforme esse autor, deve
considerar o conceito do negócio, os riscos envolvendo o empreendimento, bem como as formas de
gerenciamento de tais riscos, a potencial lucratividade e expansão do negócio, projeção de fluxo de
caixa, estratégias competitivas envolvendo marketing e vendas, dentre outras informações importantes e
valiosas para a concretização do negócio. Além disso, para Ferreira, Santos e Serra (2010), o plano de
negócios deve incluir itens como a explicação do modelo de negócio, a identificação de possíveis clientes
e concorrentes, a demanda de pessoal (funcionários) e o montante necessário de investimento financeiro
e também, elementos operacionais.
Confira a seguir uma estrutura do plano de negócios sugerido por Ferreira, Santos e Serra (2010) que
contempla os seguintes elementos:
Pode não parecer, mas a capa é uma das partes de maior importância do plano de negócios. Trata-se da
primeira parte do plano que será visualizada pelo seu leitor. Portanto, deve ser feita com a maior seriedade
possível devendo apresentar informações pertinentes e necessárias. Ferreira, Santos e Serra (2010)
recomendam incluir os dados de contatos da empresa: nome, endereço, telefone, endereço eletrônico e,
o principal, informações para contato com o(s) empreendedor(es).
Em se tratando do sumário executivo, Baron e Shane (2011) descrevem-no como sendo a parte do plano
de negócios que deve ser breve e ir direto ao ponto, apresentando uma visão geral, concisa e clara sobre
o que é o empreendimento apresentado pelo plano. Por isso, o sumário executivo sendo a “porta de
entrada”, é uma das partes essenciais do plano de negócios, pois sintetiza a essência do negócio e tem
o objetivo de despertar o interesse do leitor nas demais partes do plano. Ferreira, Santos e Serra (2010)
destacam que, no sumário executivo, o empreendedor deve dar ênfase no modelo de negócio que se
pretende implementar, a oportunidade de mercado que se pretende conquistar e o motivo pelo qual tal
oportunidade surgiu, do investimento necessário e as possíveis vantagens competitivas. Hisrich, Peters
e Shepherd (2009, p. 231) apresentam quatro questões que podem nortear a elaboração do sumário
executivo: (1) Qual é o conceito ou modelo do negócio? (2) Até que ponto esse conceito ou modelo de
negócio é único? (3) Quem são as pessoas que estão iniciando esse negócio? (4) Como o capital será
obtido e qual é o montante necessário?
Na apresentação do negócio, o empreendedor deve explicar a oportunidade que foi identificada como
sendo passível de gerar uma aplicação comercial a um determinado produto ou serviço. Para Ferreira,
Santos e Serra (2010), nessa etapa, o empreendedor deve descrever o problema a ser resolvido ou a
necessidade a ser satisfeita e como o empreendimento contribuirá para a resolução desse problema ou
satisfação dessa necessidade. O empreendedor deve ater-se a explicar, conforme Baron e Shane (2011),
Quem são os empreendedores? Essa é a principal questão feita por possíveis investidores do novo
negócio. É necessário, de acordo com Ferreira, Santos e Serra (2010), detalhar todas as informações
sobre os fundadores do negócio bem como da equipe responsável pela gestão do empreendimento. Se
os investidores entenderem que a equipe e os empreendedores não são suficientemente competentes ou
confiáveis, certamente não depositarão o seu valioso dinheiro no negócio e podem preferir mantê-lo, por
exemplo, investido em uma caderneta de poupança cuja rentabilidade e retorno são garantidos. “Muitos
capitalistas de risco observam que é melhor investir em uma equipe de primeira classe com uma ideia de
segunda classe do que em uma equipe de segunda classe com uma ideia de primeira classe” (BARON;
SHANE, 2011, p. 194). Por isso, apresentar informações básicas e verídicas tais como os dados pessoais,
a formação acadêmica e experiência profissional são importantes na descrição da equipe fundadora e de
gestão.
Fonte: SHUTTERSTOCK.COM
A apresentação da empresa e de sua estrutura deve enfatizar aspectos relevantes como: classificação
jurídica do empreendimento, composição societária, nome ou denominação jurídica da empresa, logotipo,
organograma da empresa etc. Ferreira, Santos e Serra (2010) alertam que essa parte do plano de negócios
é essencial, mas que deve ser breve e incluir apenas itens relevantes como os descritos anteriormente.
É imprescindível colocar o futuro empreendimento em um contexto adequado. Para que isso seja
possível, é necessário fazer um estudo aprofundado sobre o ambiente e o setor no qual o novo negócio
irá atuar. O objetivo principal da análise do ambiente, de acordo com Hisrich, Peters e Shepherd (2009),
é a identificação de tendências e modificações ocorridas tanto em nível nacional como internacional e
que poderão, de alguma forma, exercer influência sobre o novo empreendimento. Ferreira, Santos e Serra
(2010) indicam algumas variáveis ambientais que devem ser observadas e analisadas pelo empreendedor:
Como você irá comercializar o seu produto? Tal pergunta deve direcionar a elaboração do plano de
marketing e a análise de mercado. Identificar e analisar a aceitação do produto ou serviço comercializado
pelo futuro empreendimento torna-se questão essencial para o empreendedor, pois será a comercialização
do produto ou serviço que garantirá a entrada de dinheiro no caixa da futura empresa. Investidores ficam
bastante atentos para a capacidade de conversão de uma ideia em um produto que as pessoas queiram
comprar. Quanto maior a capacidade de realizar tal conversão, maior será a possibilidade de sucesso
do negócio. Mas, mais importante do que explicar como o futuro empreendimento pretende conquistar
clientes, é o empreendedor se preocupar em explicar também como pretende mantê-los consumindo
seus produtos ou serviços. Para Ferreira, Santos e Serra (2010), o empreendedor deve apresentar qual
será sua estratégia para o composto (mix) de marketing: produto, preço, promoção e ponto de distribuição
(praça).
O empreendedor deve estabelecer quais serão os objetivos no curto, médio e longo prazo que pretende
alcançar. Definir a estratégia da empresa mostra ao empreendedor quais são os “caminhos” que deverá
seguir para a implementação e consolidação do negócio. De acordo com Ferreira, Santos e Serra (2010),
deve ser contemplado, no plano de negócios, uma seção sobre a estratégia a ser seguida pelo futuro
empreendimento. Esses autores afirmam que tal estratégia deve contemplar a visão (direção que a
empresa pretende seguir) e a missão (qual a razão de ser da empresa) empresarial, os objetivos da
empresa, a análise dos pontos fortes e fracos, possíveis forças e fraquezas do empreendimento (análise
SWOT) além da estratégia adotada para atingir o mercado-alvo e lidar com os concorrentes.
“Gerenciar pessoas é o maior desafio” é o que afirmam Birley e Muzika (2004, p. 108). De acordo com
esses autores, gerenciar pessoas é uma das tarefas mais difíceis e demoradas uma vez que é necessário
liderança para fazer com que outras pessoas aceitem a visão do empreendedor, sendo necessário
motivar e sustentar o comprometimento dessas pessoas para com o ideal da empresa fazendo-as
trabalharem em conjunto visando à consecução do objetivo estabelecido para o novo empreendimento.
Desta maneira, o plano de organização e de recursos humanos deve contemplar o planejamento das
formas de gerenciamento do capital humano do futuro empreendimento. De acordo com Ferreira, Santos
e Serra (2010), é necessário planejar as necessidades de recursos humanos, as competências inerentes
e que estejam relacionadas com o negócio e as tarefas a serem realizadas.
Descrever como se dá o processo de fabricação do produto ou a forma como será prestado o serviço pelo
novo empreendimento é tarefa do plano de produção ou de operações. Nesta etapa do plano de negócios,
é necessário descrever o processo de fabricação do produto que será comercializado bem como todos
os agentes envolvidos em tal processo. O empreendedor não deve se restringir em detalhar apenas o
Incluir como anexo todos os documentos e informações adicionais considerados como sendo relevantes
para uma melhor compreensão do plano de negócios. De acordo com Dornelas (2005), é possível anexar
documentos como fotos de produtos, mapas de localização, resultados de pesquisas, bem como os
roteiros utilizados para a sua realização, material de campanha publicitária, catálogos, estatutos, contrato
social da empresa, demonstrativos financeiros detalhados etc.
Degen (2009) apresenta uma divisão do plano de negócios com o intuito de auxiliar e orientar o
candidato a empreendedor (vide figura 1). O autor classifica as divisões do plano de negócios em três
categorias, considerando para tal classificação os objetivos e os públicos de cada parte. A primeira parte
é representada pelo sumário do plano de negócios. De acordo com o autor, essa parte deve ter no
máximo dez páginas e representa a apresentação completa e autossustentável do novo empreendimento,
OBJETIVOS PÚBLICOS
A segunda parte, conforme Degen (2009), é o plano do negócio. Conforme o autor, a parte representada
pelo plano do negócio deve ter entre trinta e no máximo cinquenta páginas e deve abranger todos os
aspectos relacionados com o novo empreendimento, fazendo uma análise e avaliação mais elaborada
da oportunidade de negócio. A terceira parte é o plano operacional e é composto por mais de cinquenta
páginas além de um cronograma detalhando as tarefas, os responsáveis, custos e prazos a serem
executados com o plano, caracterizando-se como um roteiro para o desenvolvimento do novo negócio.
Ainda com relação à elaboração do plano e sua estrutura, Baron e Shane (2011) fazem algumas
recomendações com vistas a evitar o que eles chamam de “Sete pecados capitais dos Planos de Negócios
de novos empreendimentos” (veja a tabela 1). Conforme esses autores, os leitores do plano levam menos
de cinco minutos para avaliar o trabalho que você pode ter demorado semanas para concluir e, erros,
mesmo que pequenos, podem condenar todo o trabalho e fazer com que seja completamente descartado.
“Pecado” Consequência
A preparação do plano foi feita Por exemplo, uma capa mal-elaborada, com falta de
de maneira deficiente e não informações ou erros de formatação. Isso faz com que o
possui aparência profissional. leitor/investidor do plano reaja considerando: “Estou lidando
com amadores”.
O plano é muito pretensioso Por exemplo, uso excessivo de recursos como gráficos
extravagantes, papel da impressão de qualidade exagerada-
mente superior, etc. O leitor/investidor do plano pode
considerar: “O que está tentando se esconder sob esses
fogos de artifício?”.
O sumário executivo se mostra O leitor/investidor do plano pode analisar tal fato da seguinte
muito extenso e desconexo, forma: “Não perderei tempo com pessoas que sequer
não indo “direto ao ponto”. conseguem descrever o a própria ideia e a empresa de forma
sucinta”.
Não há clareza quanto ao “Não é possível concluir se de fato trata-se de algo real ou se é
desenvolvimento do produto, uma ideia impraticável. Por isso, passarei para o próximo
se ele existe ou não e se ele plano”, conclui o leitor/investidor.
pode ser produzido
imediatamente.
“Por que alguém iria querer Alguns empreendedores presumem que o seu produto seja tão
comprar isso?” - não são for- bom que será capaz de vender a si mesmo, desconsiderando,
necidas respostas claras para por exemplo, a importância de um planejamento de marketing.
essa pergunta. “Esses realmente são amadores!”.
Não há uma clara apresenta- “Provavelmente não possuem experiência relevante nesse tipo
ção das qualificações da de negócio e talvez nem saibam o que é ter experiência
equipe administrativa. relevante”, conclui o leitor/investidor do plano.
As projeções financeiras se “Eles não fazem ideia do que realmente é uma empresa e seu
mostram em grande parte funcionamento e me consideram ingênuo ou estúpido”,
como um exercício de conclui o leitor/investidor do plano.
imaginação.
Por fim, um dos fatores críticos de sucesso na estruturação e redação de um bom plano de negócios
é considerar quem irá lê-lo. Evitar utilizar linguagem demasiadamente técnica, bem como considerar
possíveis dúvidas que possam surgir durante a leitura são fatores importantes que devem ser levados em
consideração no momento da redação do plano. Além disso, quanto mais claras forem as informações
apresentadas no plano, além da boa aparência do documento final, maiores serão as chances de o leitor/
investidor do plano levar a sério o que está sendo apresentado. Não se esqueça também de utilizar
sempre fontes confiáveis e dados e informações que serão levantadas e utilizadas no plano. Ademais,
não deve haver preocupação excessiva com a quantidade de páginas do plano, ou seja, não elabore
um “romance” para deixar o leitor/investidor simplesmente entediado ou entretido com o que está sendo
apresentado.
Após lido o plano, os interessados no que foi apresentado na parte escrita certamente solicitarão uma
apresentação oral para esclarecimento de dúvidas, aprofundamento de pontos específicos identificados
durante a leitura além da avaliação do candidato a empreendedor.
Fonte: SHUTTERSTOCK.COM
Caso isso ocorra, sinal de que o empreendedor obteve êxito na descrição por escrito do futuro negócio.
Mas fique atento: ser convidado para uma apresentação não garante a conquista do leitor, seja ele um
sócio, investidor ou possível financiador do projeto. A condição principal agora é fazer uma apresentação
com qualidade, que expresse o conhecimento do futuro empreendedor em relação ao negócio que está
sendo proposto e principalmente que seja convincente o suficiente para que o negócio possa sair do
papel.
Degen (2009) afirma que a apresentação do plano de negócios não é a simples apresentação do
conteúdo resumido do documento escrito tampouco a realização de um discurso decorado. Para esse
autor, a apresentação é o momento em que os interessados no negócio (o empreendedor e seus possíveis
investidores) irão se reunir e interagir para analisar tudo que poderá dar certo e dar errado no futuro
empreendimento. Para Baron e Shane (2011), os empreendedores devem encarar as oportunidades para
apresentação do plano de negócios como sendo uma chance para se destacar ao invés de uma situação
estressante em que ficarão acuados e sob pressão dos possíveis interessados no negócio.
Verificar quem estará presente na apresentação e, se possível, conseguir informação detalhada sobre
Outra dica importante é utilizar recursos computacionais tais como softwares na elaboração da
apresentação. Degen (2009) destaca que a apresentação deve ser feita de forma simples, curta e sem
excessos de cores e animações. Além disso, sempre que possível, de acordo com esse autor, apresentar e
demonstrar o produto garante maior atenção à apresentação e gera entusiasmo naqueles que a assistem.
Por fim, a apresentação do plano de negócios merece atenção e cuidados especiais. Uma boa apresentação
poderá garantir o sucesso do plano de negócios.
O relatório GEM (Global Entrepreneurship Monitor), uma pesquisa mundial sobre o empreendedorismo,
divide a intenção de empreender em empreendedorismo por necessidade ou por oportunidade (GEM,
2011). Você já deve ter ouvido falar dessa divisão, mas que questões basilares envolvem estas intenções
de se empreender?
Vamos entender um ponto! Muitos de nós conhecemos ou já ouvimos falar de pessoas que mesmo sem
estudo algum apresentaram uma capacidade de gestão admirável e tem empreendimentos de sucesso,
e outras com muito estudo não conseguem seguir empreendendo. O que estas duas situações têm em
comum é o empreendedorismo nato e as condições que permitiram que essas capacidades aflorassem,
ou seja, o ambiente empreendedor, porém, está é uma área pouco estudada no campo de estudos do
empreendedorismo. Alguns autores analisam o ambiente empreendedor, no entanto, não se aprofundam no
estudo no que se refere a sua constituição e aos responsáveis pela criação desse ambiente empreendedor.
Boa parte desse ambiente é criado a partir dos próprios empreendedores, porém, como você já deve ter
estudado nas disciplinas de economia, um dos pontos que motivam um agente econômico (empresário)
são as expectativas quanto ao mercado, ou seja, havendo condições favoráveis ao investimento, os
agentes econômicos o fazem caso contrário não existe interesse em investir neste mercado.
Assim pensam os empreendedores, por isso o estudo das políticas públicas voltadas ao empreendedorismo
é tão importante para entender o ambiente empreendedor. Aí chegamos à importância do governo para
o empreendedorismo, entendendo que os poderes legislativo, executivo e judiciário são quem permitem
a elaboração, execução e cumprimento das leis de mercado e a criação de um ambiente propício ao
desenvolvimento das empresas.
Considerando este raciocínio, o objetivo desta unidade é o aprofundamento do estudo das políticas públicas
e suas relações com o empreendedorismo, mais especificamente com o ambiente empreendedor.
No que se refere às origens do termo política pública, em seus primórdios, a Ciência Política considerava
Fonte: SHUTTERSTOCK.COM
Na sua origem, a expressão portuguesa “Políticas Públicas” vem do inglês public policy. Assim, policy não
se confunde com politics, esta última corretamente traduzida para política em português. De acordo com
Carvalho (2005), referenciado pelo Professor Paulo Calmon, o termo policy não possui tradução direta na
língua portuguesa. Policy seria sim “um princípio, um plano ou um curso de ação seguido por um governo,
uma organização ou um indivíduo”. Uma política pública seria, então, algum tipo de ação governamental
que tenha reflexos na sociedade, ou em partes dela.
As políticas públicas são as ferramentas utilizadas pelo Estado para tomar ações com o objetivo de
garantir os direitos fundamentais (individuais e coletivos) da sociedade. No entanto, para Sampaio (2003),
as políticas públicas não surgem de geração espontânea a partir da pura intenção dos representantes do
Estado. Elas são, sim, o resultado de um conjunto de decisões de ações do poder público, motivado por
lutas de interesses relacionados a questões de poder demandadas por parte do atores sociais, ou seja, “As
políticas públicas têm sido criadas como resposta do Estado às demandas que emergem da sociedade e
do seu próprio interior, sendo expressão do compromisso público de atuação numa determinada área em
longo prazo” (CUNHA;CUNHA, 2002 p. 12).
Para a ciência política e para a análise sociológica trata-se de investigar a política como resultante de
interações (barganhas, conflitos ou consensos) entre diferentes grupos, segmentos ou classes sociais
(MONTEIRO, 1982). Se o termo “política pública” encerra um grande conteúdo polissêmico, para muitos
ainda, pode parecer uma redundância, na medida em que toda política é, em essência, pública, uma vez
que desde sua origem esta palavra só faria sentido, e só se construiria seu significado pleno no âmbito
das relações entre indivíduos em sociedade, expressando a dimensão coletiva da vida social.
Constantemente observamos empresários reclamando das políticas públicas, esquecendo que podem e devem
participar ativamente do processo de melhoria ou de constituição dessas políticas. As federações empresariais
têm ocupado parte desse importante papel de participação ativa nas questões políticas do país.
Políticos e suas políticas podem decidir mudanças em como a sociedade é organizada e introduzir
regulamentações ou outras mudanças institucionais na qual criam oportunidades no mercado e
consequentemente no incremento do comportamento competitivo que direciona o processo de mercado.
Não são os políticos os únicos responsáveis pelo incentivo ao empreendedorismo e sim os agentes que
tomam decisões que possam facilitar condições ao empreendedorismo por meio de mudanças políticas,
porém, esse processo deve ser organizado de tal forma que se torne sustentável.
Isso se caracteriza cada vez mais como um desafio, enfatizado por Peci e Costa (2002), em que a
complexidade das políticas públicas relaciona-se à própria natureza dos problemas correntes, podendo
intensificar a ampliação da sociedade civil na gestão de políticas públicas acompanhadas por um Estado
regulador, colocando o desafio da perspectiva integrada de formulação e implementação das políticas
públicas.
Tem crescido, na visão dos governos, a importância de pequenas empresas para o desenvolvimento
econômico. Muitos países desenvolvidos e em desenvolvimento estão agora intervindo, em algum sentido,
com o objetivo de promover a habilidade dos empresários, incentivando novos empreendedores, assim
aumentando o autoemprego e se preocupando com a informalidade (BRIDGE, O´NIELL; CROMIE, 2003).
No entanto, em estudo feito em países europeus, desde a década de 1970, muitas políticas, programas
e instituições para a promoção do empreendedorismo existiram ou existem, porém, a grande questão
centra-se em objetivos, metas, estratégias de implantação e a adequada forma de medição dos resultados
destes mecanismos.
Leia sobre o empreendedorismo brasileiro na maior pesquisa mundial sobre o assunto. <http://www.gemconsor-
tium.org/docs/download/451>.
Diante disso, passam a ter cada vez mais importância as alternativas de mensurações dessas políticas
Stokey e Zeckhauser (1978) apresentam uma estruturação prévia da análise de políticas públicas,
necessária segundo os autores, a um exame mais aprofundado, com objetivo de definir as etapas a serem
realizadas. As etapas para a análise de políticas públicas, segundo os autores, seriam:
1. A análise do contexto: estabelecer qual o problema com que se vai lidar, e quais seriam os objetivos
específicos que serão buscados ao enfrentar o problema a fim de melhorar os resultados da implan-
tação da política pública.
2. Identificação e listagem das alternativas: quais seriam as alternativas de ação dentro dos recursos
disponíveis, e como é possível se conseguir as informações sobre as alternativas que se pretende
listar e estudar.
3. A Previsão de consequências: listadas as alternativas, quais seriam as consequências de cada uma
das ações implementadas, e quais as técnicas que poderiam ser utilizadas para se prever as conse-
quências.
4. Atribuição de valores aos resultados: quais serão os critérios adotados para mensuração de suces-
so dos objetivos das políticas públicas implantadas, reconhecendo quais alternativas serão superiores
às outras e quais as combinações que podem ser feitas.
5. Tomada de decisão: a partir da comparação, desenhar e definir todos os aspectos relacionados
à análise decidindo qual será o sentido da ação preferido a partir da comparação dos modelos de
implantação e resultados esperados.
Fonte: SHUTTERSTOCK.COM
De acordo com Frey (2001), no Brasil, estudos sobre políticas públicas são recentes. Nesses estudos, ainda
esporádicos, deu-se ênfase ou à análise das estruturas e instituições ou à caracterização dos processos
de negociação das políticas setoriais específicas. Predominam micro abordagens contextualizadas,
porém dissociadas dos macros processos ou ainda restritas a uma única aproximação e limitadas no
tempo. Normalmente, tais estudos carecem de um embasamento teórico que deve ser considerado um
pressuposto para que se possa chegar a um maior grau de generalização dos resultados adquiridos.
Além disso, em consequência da maior interação entre o setor público e privado nacional e internacional,
atualmente os modelos tradicionais têm se mostrados incapacitados para explicar de forma completa a
elaboração das políticas públicas (FARIA, 2003).
Historicamente, a capacidade empresarial brasileira teve influência dos programas e políticas dos governos
em diferentes épocas, seja no período colonial, no Império ou após a proclamação da república. Segundo
Hardman e Leonardi (1991), no período colonial existiu grande influência dos interesses portugueses no
tardio desenvolvimento da indústria brasileira, e posteriormente o empresariado brasileiro teve grande
influência das pretensões da burguesia britânica, consequência dos acordos bilaterais entre Portugal e
Inglaterra naquele período. A indústria brasileira somente inicia seu desenvolvimento a partir de 1889,
em decorrência da expansão cafeeira que geraria superávits que permitiram o investimento na indústria
nacional.
Entre o final do século XIX e início do século XX, prevaleciam as ideias liberais do Estado, trazendo
grandes limitações aos indivíduos na sociedade, somente mudando essa realidade após a crise
econômica de 1929. Além disso, segundo Cunha (2002), o desenvolvimento do capitalismo monopolista
determinou novas relações entre capital e trabalho e entre estes e o Estado, levando as elites dominantes
da economia a admitir os limites do mercado como autorregulador e admitindo o papel do Estado como o
mediador e o civilizador dessa dinâmica de mercado.
O Estado, então, toma para suas responsabilidades a formulação e execução das políticas econômicas
e sociais, tornando-se arena de interesses, uma vez que as políticas públicas envolvem conflitos de
interesses entre classes sociais, e as respostas do Estado para essas questões podem atender a
interesses de um em detrimento do interesse de outros.
No livro 1808, Laurentino Gomes relata as negociações comerciais feitas entre portugueses e ingleses devido
aos interesses militares daquele momento, o interesse dos ingleses no comércio com o novo império (Brasil)
contribuiu para a falta de estímulo da industrialização brasileira.
Na década de 1970, apesar do crescimento em sua fase inicial, as crises do petróleo vividas nesse
período reformularam o papel do Estado, reduzindo sobremaneira a capacidade fiscal dos governos,
de modo que os investimentos em infraestrutura até então realizados foram reduzidos drasticamente no
final desse período. Uma das soluções para manter o fluxo de investimentos e garantir o crescimento
econômico foi a transferência de ativos de infraestrutura ao setor privado, bem como a concessão para a
exploração de novos serviços de infraestrutura (ARAÚJO, 2003).
O último programa importante de políticas de desenvolvimento no Brasil foi o II PND (Plano Nacional
de Desenvolvimento 1974-1979), que proporcionou um contexto favorável para a substituição de
importações, em especial de bens de capital e de Indústria intermediária. Tal estratégia, apesar de
garantir a convergência com o padrão tecnológico industrial da época, não teve êxito no que se refere
à competitividade e diversificação da base industrial brasileira. Com o início da década de 80, esse
modelo não possibilita a adaptação das indústrias às novas tecnologias, evidenciando o esgotamento
de um padrão de desenvolvimento. Assim, desde o final da década de setenta, o Brasil não tem utilizado
políticas públicas específicas voltadas para a utilização de instrumentos que visem à alocação adequada
de recursos no meio empresarial.
Para Santos (1985), neste período, a matriz de Estrato-Central já apresentava sinais de desgaste lenta e
gradual, em consequência das profundas mudanças desencadeadas pelos projetos desenvolvimentistas
postos em prática pela ditadura militar, cujo êxito levou ao declínio da ordem regulada e ao desenvolvimento
de uma sociedade complexa e diferenciada. No entanto, a desarticulação desta matriz ainda não se
constituíra em objeto de uma política deliberada do governo, na qualidade de condição necessária para o
ingresso numa nova fase.
Seguindo os anos 1980, caracterizados pela falta de investimento, em 1988 a dinâmica administrativa
brasileira muda, como se referem Santos e Ribeiro (2004), “uma mudança inconsequente”, visto que, ao
Entenda mais sobre as privatizações no Brasil e o impacto sobre a economia nacional <http://pt.wikipedia.org/
wiki/Privatiza%C3%A7%C3%A3o_no_Brasil>.
Nesse contexto, para Diniz (2003), os anos 90 representaram efetivamente uma década de mudanças
desencadeadas por um conjunto de políticas voltadas para a liberação das forças do mercado, como
a privatização do patrimônio público, a abertura para o exterior, o estreitamento dos vínculos com o
mercado internacional, além das reformas constitucionais. Tais mudanças levaram a um profundo corte
com o passado, com impacto sobre a sociedade, a economia e a ordem política. Desta maneira, as
alterações atingiram o modelo econômico, o tipo de capitalismo, a modalidade de Estado, as formas de
articulação Estado-sociedade e o regime político. Desestrutura-se o chamado modelo do tripé, sustentado
pelo pacto desenvolvimentista, representado pela ênfase nas empresas de capital nacional, estatal e
estrangeira, com a drástica redução do setor estatal, o enfraquecimento do segmento privado nacional e
o fortalecimento da empresa estrangeira, promovendo-se um acentuado processo de desnacionalização
da economia.
Considerando as mudanças ocorridas nos anos 80, após 1988, a desarticulação do modelo de formulação
e implementação de políticas públicas no Brasil passa a exigir dos gestores públicos vinculados às esferas
municipais e estaduais maiores esforços de racionalidade e probidade no processo de gerenciamento
dos recursos públicos, consequência dessa menor solidariedade do governo federal com as políticas
regionais, estaduais e municipais. Segundo Pacheco (1999), isso impõe aos municípios um novo desafio,
devendo estes ser mais competitivos, utilizando-se de estratégias que não se baseiem na guerra fiscal,
pois esta leva a um jogo sem resultados, sendo o mais importante estabelecer um sistema virtuoso em
que os resultados sejam positivos, com competição, com objetivos de desenvolvimento e, principalmente,
com colaboração entre municípios e seus atores sociais.
Para Junqueira (1998), o processo de levar a decisão sobre políticas públicas para o âmbito do município,
portanto, para seus cidadãos, exige, para sua operacionalização, a presença e a participação da sociedade
civil. No entanto, esse processo vem promovendo reflexões nos analistas de políticas públicas, no que se
Nesse cenário, Pacheco (1999) ressalta que na busca por estes investimentos, a atuação pública, seja em
qual for o nível, federal, estadual ou municipal, tem sido levada a repensar sua própria organização. Isso
tem ocorrido principalmente no governo local, por meio de redes de relacionamentos de agentes capazes
de impulsionar novas soluções. No entanto, Hastenreiter-Filho e Souza (2005) afirmam que, apesar de
existirem políticas públicas no Brasil direcionadas a pequenas e médias empresas, essas políticas estão
ainda desconsiderando as diferenças entre os vários setores em que serão implementadas. Para Tendler
e Amorim (1996), as políticas públicas no Brasil têm maior preocupação com demandas sociais como
a desigualdade, a pobreza e o desemprego do que efetivamente com o impacto que pode causar no
desenvolvimento econômico, o que as torna, de certa forma, paternalistas.
Esta imperfeição poderia ser amenizada com o estudo das políticas públicas a partir da introdução da
Além dessa necessidade, o despreparo de grande parte das pequenas e médias empresas brasileiras
pode levá-las ao fracasso caso as mesmas não estejam atentas às transformações do ambiente externo.
Isso porque desde a Administração Clássica até os dias de hoje as empresas deixaram de competir numa
economia mais fechada para uma economia globalizada. Assim, a competitividade das organizações
está intimamente ligada à sua capacidade de perceber os estímulos do ambiente externo a ela e prover
as adaptações necessárias, que devem ser potencializadas por políticas regionais de desenvolvimento,
como estratégia de posicionamento global (LOPES, et al., 2003).
Quanto à forma de implantação, para Biderman e Barberia (2005), não existe uma regra geral para
implantação de políticas públicas relacionada às esferas, seja Federal, Estadual ou Municipal. Verificam-
se resultados satisfatórios na implantação de políticas públicas, ora na esfera Municipal, ora Estadual e
ora Federal. Porém, nota-se uma maior eficiência das políticas públicas quando a esfera municipal está
envolvida no projeto, seja de forma isolada ou em parceria com o Estado ou com a Federação.
Existem articulações políticas com objetivo de estímulo ao segmento empresarial nas esferas Federal e Estadu-
al, mas onde tudo acontece mesmo são nos municípios, por isso a importância de empreendedores organizados
viabilizando investimentos nos respectivos municípios.
Oliveira (2005) argumenta que a dificuldade na implantação de políticas públicas não é um privilégio
brasileiro, ocorre em todo o mundo, porém tem se mostrado um problema recursivo no Brasil. Na tentativa
de responder o porquê costuma-se falhar na implantação de políticas públicas, a resposta estaria
relacionada à ênfase que se dá no Brasil ao planejamento como forma de se tentar o controle da economia
e da sociedade, em vez de vê-lo como um processo de decisão construído politicamente e socialmente
com os diversos sujeitos interessados e afetados pela decisão. Essa construção deveria ser baseada em
informações precisas e capacidade de articulação e compreensão do processo e dos temas debatidos
pelos diversos atores envolvidos.
Além disso, para Westphal e Ziglio (1999), existe grande dificuldade na realidade brasileira em motivar
atores governamentais a assumirem uma nova racionalidade governamental intersetorial no município.
Um agravante dessa realidade poderia estar no fato da própria consciência dos empresários quanto às
políticas públicas. Para Castanhar (2005, p.167), cabe observar que:
o sucesso de uma política pública setorial dependerá tanto da qualidade e consistência das políticas
propriamente dita quanto da capacidade das empresas para: a) tomar conhecimento de que essas
políticas existem; b) saber quais são os instrumentos disponíveis e como utilizá-los; c) qualificar-se
para ter acesso aos benefícios dessas políticas; d) utilizar com eficácia e competência os recursos
(financeiros ou de qualquer outra natureza) obtidos através dessas políticas.
Dessa forma, tem-se como uma possível alternativa para melhorar os resultados das políticas públicas o
investimento na capacitação empresarial, mas é necessário o reconhecimento da realidade empresarial
para que a política pública mude a realidade. Esse investimento na capacidade empreendedora pode
gerar retorno, não só pelos resultados diretos que se podem obter, como também pela melhoria de outras
políticas governamentais que dependem de empresários mais qualificados para serem bem-sucedidas.
Outro obstáculo, no caso brasileiro, em relação às políticas públicas, são as dificuldades com a
grande dimensão territorial, diversidade e contrastes regionais; a falta ou inadequado planejamento; o
desconhecimento da real necessidade e potencialidade e problemas de ordem administrativa nos próprios
ministérios que elaboram as políticas públicas. Paralelo a isso, de acordo com Carvalho (2005), a análise
de políticas públicas é ainda pouco utilizada no Brasil, seja devido ao seu alto custo de formulação ou pela
falta de informação de métodos para aquele fim.
Núcleos setoriais não organizacionais, geralmente incentivadas pelo SEBRAE, que trazem grandes benefícios
às empresas que participam. Entenda como funcionam com um exemplo da cidade de Blumenau. <http://www.
ampeblumenau.com.br/portal/2011/como-funcionam-os-nucleos-setoriais/>.
Um exemplo disso é a comparação entre políticas públicas para a promoção de empreendimentos para
o comércio eletrônico no Brasil e nos Estados Unidos. Vieira-Filho e Marcelino (2001) descrevem que a
posição do Estado brasileiro tem sido de perplexidade, em que existe muita discussão e pouca ação sobre
as políticas públicas, ou seja, há uma política de não intervenção, a realidade apresenta uma dinâmica
muito acelerada, as tendências observadas beneficiam visivelmente a liderança econômica dos EUA.
Destaca-se ainda aqui a necessidade de reconhecer e tratar adequadamente os desafios colocados tanto
ao desenvolvimento dessas empresas quanto às políticas para a sua promoção, os quais incluem:
• A falta de estatística e mesmo conceitos que captem a realidade destas empresas e particularmente
as MPEs.
• O problema de as MPEs serem numerosas, heterogêneas, dispersas e pequenas demais.
No início do Século XXI, em consequência das transformações ocorridas nas últimas décadas, as
economias vêm experimentando novas oportunidades e desafios para o desenvolvimento econômico
mundial. Dentre estes, destacam-se a emergência e difusão de um novo padrão de acumulação e
reestruturação produtiva. No que se refere ao empreendedorismo, duas consequências associadas a
Os estudos que abordam o empreendedorismo no âmbito de políticas públicas são focados em problemas
tais como:
1. A criação de novos negócios (TURGOT; SAY apud BAUMOL, 1993; HISRISH, 2004).
2. A inovação (SCHUMPETER, 1983; GARTNER, 2001) e (MACHADO; CASTRO; SILVA, 2006).
3. O aproveitamento das oportunidades (KIZNER, 1997; GIFFORD, 1998); (SHANE; VENKATARAMAM,
2000, 2005).
4. A mudança no indivíduo e no ambiente (BRUYAT; JULIEN, 2000).
5. A influência de aspectos idiossincráticos no empreendedorismo (SHANE, 2000).
6. A classificação dos tipos empreendedores (GARTNER, 2001).
7. A pesquisa no empreendedorismo (DAVIDSSON, 2005).
8. A dinâmica do campo de estudo do empreendedorismo (STEARNS; HILLS, 1996).
9. O empreendedorismo e o crescimento econômico (WENNEKERS; THURIK, 1999).
10. O papel do estado na promoção do empreendedorismo (JULIEN, 2005).
11. A influência do empreendedorismo no comércio internacional (MCDONALD, 2003).
12. As desigualdades sociais relacionadas à formação do capital (MOURA et. al., 2002).
13. O empreendedorismo e gênero (MACHADO, 2003).
14. O empreendedorismo e a governança eletrônica (FREY, 2002; FERGUSON, 2002; SILVA; CORREA,
2006).
15. O empreendedorismo juvenil (MACHADO; SILVA, 2006).
Pode-se notar aumento da preocupação com fatores de maior interesse para micro e pequenas empresas.
Inicialmente percebe-se o paralelo que usualmente existe entre o desenvolvimento de novas pequenas
e médias empresas e formas de inovar, produzir e comercializar novos bem e serviços. Neste caso, o
aspecto central é que estas empresas tanto representam o potencial e a flexibilidade para aproveitamento
das novidades, como não oferecem usuais resistências à sua incorporação. Nos anos 1990 houve o
acirramento da competição internacional e as políticas voltadas ao empreendedorismo refletem a ênfase
sobre a competitividade, flexibilidade e inovatividade. O Quadro 05 apresenta as principais iniciativas de
políticas e programas brasileiros e de diversos países. Estes dados resultam de pesquisa bibliográfica
tendo como referência Stevenson & Lundsrom (2001) e Observatory of European SME’s (2003).
Fonte: SILVA , Juliano Mario; MACHADO. Hilka Vier. Políticas e programas para a promoção do empreendedorismo:
Iniciativas brasileiras e de países desenvolvidos. In: SLADE – ENCONTRO LUSO-BRASILEIRO DE ESTRATÉGIA,
2006, Camboriú- SC. Anais... Camboriú: UNIVALE
O empreendedor tem um papel social muito importante, por isso, no mundo inteiro surgiram iniciativas, muitas
delas com incentivo público, para a organização de entidades que promovam o empreendedorismo social.
Conceitualmente, existem inúmeras formas de incentivo ao empreendedorismo por parte do setor público.
Recentemente, a atuação do Estado tem estimulado o empreendedorismo social, que se trata de uma
das principais tendências das novas políticas de incentivo ao empreendedorismo, os quais podem ser
entendidas de forma coletiva por intermédio de organização em forma de agências de promoção do
empreendedorismo.
Estas organizações têm contribuído para as melhorias das condições de vida das populações
onde as mesmas estão inseridas, têm gerado dezenas de empregos, renda, consciência crítica
e ambiental e geralmente surgem da incapacidade do Estado em atender estas demandas, bem
como, a indiferença de muitas empresas em relação aos problemas sociais (DUARTE; SANTOS,
2003, p. 16).
Esse incentivo ao empreendedorismo social permite, de acordo com Vidal; Farias; Moreira (2004), o
surgimento de redes de colaboração em que se objetiva a possibilidade de que os participantes, que são
pessoas excluídas das condições dignas de vida ou que não mais desejam estarem submetidos à lógica
do capital para assegurar o seu bem-viver, possam desenvolver atividades em redes de colaboração
solidária, visando não apenas à geração de trabalho e com distribuição de renda em empreendimentos
autossustentáveis, mas o desabrochar de suas diversas dimensões humanas (afetivas, cognitivas e
sociais) no exercício de sua cidadania ativa, ampliando-se o campo de possibilidades de realização de
sua liberdade, pelo incremento das condições materiais, políticas, educativas, informativas e éticas que
lhes são requeridas.
A abordagem de redes de cooperação emerge como uma ferramenta relacionada às novas propostas de
políticas públicas. Os órgãos voltados à promoção ao empreendedorismo, como o SEBRAE, investem em
redes interfirmas por acreditarem no seu poder de multiplicação. Essa forma de atuação tem evidenciado,
no caso brasileiro, melhoria nos resultados, porém ainda com uma relação de dependência com essas
instituições executoras.
Em relação à tecnologia, para Hisrich (2004), o governo tem grande importância no suporte ao ambiente
empreendedor, pois atua como um conduto para a comercialização dos resultados da síntese entre
necessidade social e tecnologia. O governo tem relevante papel no estímulo à pesquisa, apesar desta
atuação ainda ter muito espaço para crescer. Investir na capacitação tecnológica de pequenas e médias
empresas é um caminho seguro para melhorar sua produtividade e competitividade, aprimorando sua
capacidade de identificar oportunidades no país e no exterior e de contribuir para o desenvolvimento
econômico como um todo.
Além disso, as políticas públicas voltadas ao estímulo à tecnologia e inovação podem incluir as empresas
locais de pequeno e médio porte no cenário competitivo da cadeia de fornecedores de grandes empresas
locais e, principalmente, das empresas transnacionais que operam no Brasil (FIGUEIREDO, 2005).
No que se refere ao empreendedorismo feminino, Machado (2001) apresenta alguns aspectos que
exprimem a relevância do empreendedorismo feminino e que justificam a adoção de políticas públicas
que visem reduzir obstáculos e criar oportunidades para o empreendedorismo feminino.
a) Estimular a adequação de estatísticas econômicas sobre empreendedoras, investigando, dentre
outros, aspectos relativos aos setores de atuação, perfi l empreendedor e perfi l gerencial.
Isso possibilita assim elencar desafios e vantagens de tais políticas e enriquecer o de base sobre novos
desenhos de estratégia que levem à superação de inadequações existentes, de forma a permitir que as
pequenas empresas venham a desempenhar um papel decisivo no desenvolvimento do país. Entre essas
ações apresentam-se as essenciais para a promoção de empresas de pequeno porte, que podem ser
divididas em quatro principais conjuntos.
1. Ações essenciais que se referem à cultura empreendedora e ao empreendedorismo, por meio da uti-
lização de programas de divulgação, demonstração e premiação – como o estabelecimento de datas
comemorativas, a realização de feiras e torneios de empreendedorismo – e também a disponibiliza-
ção de infraestrutura, logística, serviços básicos entre outros. Considera-se também a promoção à
constituição de incubadoras, empresas juniores e parques tecnológicos, bem como ao estímulo à sua
melhor operação.
2. Serviços de apoio que incluem programas de informação, capacitação e consultoria. O longo prazo
passa a ser uma preocupação das políticas que vêm procurando apoiar as empresas, fortalecendo
suas capacidades e competências centrais de forma continuada, com uma tendência à descentraliza-
ção da oferta destes serviços, assim como ao estabelecimento de instituições que atuam como uma
porta de entrada para a solução dos mais variados problemas das empresas.
3. Financiamento para criação e o desenvolvimento de MPMEs, variando desde financiamentos diretos
(com retorno ou a fundo perdido), incentivos fiscais e sistemas de venture capital ou até mesmo des-
tinações específicas de parcela do orçamento público e compras de governos.
4. Simplificação da burocracia, com esforços que visam reduzir procedimentos e prazos para facilitar a
criação de novas empresas, sua atuação e seu financiamento. Isso tem sido feito a partir da difusão
das tecnologias da informação.
Além disso, é necessário foco na dinamização e modernização produtiva por meio da inovação e inserção
na sociedade da informação com objetivo de apoiar a geração, difusão e incorporação de conhecimento que
estimulem o crescimento e a sustentabilidade nos mais variados tipos e formatos de empresas de pequeno
porte, podendo estas estar relacionadas a empresas de base tecnológica ou a atividades tradicionais. Os
mecanismos utilizados nessas ações incluem o estímulo à pesquisa conjunta e às atividades de registro
de patentes, à conscientização sobre o papel da inovação, a disponibilização de serviços de consultora, o
intercâmbio entre pesquisadores das instituições de ensino e pesquisa e funcionários das empresas e a
organização de participação em redes.
No que se refere à legislação brasileira, em 2004, o Brasil inicia um grande debate para a promoção
do crescimento que aconteceu nos anos posteriores que foi a entrada em vigor, em 2007, da Lei Geral
da Micro e Pequena Empresa e, no ano seguinte, da Lei do Empreendedor Individual que são marcos
da regulamentação ao estímulo ao empreendedorismo brasileiro. Destaca-se nessa regulamentação
o Simples que já existia anteriormente e foi rediscutido com objetivo de deixar a tributação a micro e
pequenas empresas mais justo, reduzindo a burocracia proporcionando mais crédito e maior acesso às
compras governamentais.
Um dos componentes do juro é a inadimplência, logo uma boa gestão dos recursos fi nanceiros das empresas
poderia levar a uma sensível diminuição dos juros cobrados hoje.
O leitor já deve ter percebido que quando abordamos questões polêmicas acerca do empreendedorismo
aponta-se o outro lado da moeda, ou seja, as políticas públicas têm suas dificuldades na aplicabilidade
ou em sua formulação, porém o envolvimento e a articulação dos empreendedores também são limitados
ainda. Assim, também existe a similaridade em relação ao financiamento, com certeza vamos abordar as
dificuldades que empreendedores brasileiros têm de captar recursos financeiros com custos viáveis, no
entanto abordamos também como esses recursos são mal administrados dentro da empresa.
Qual é o pano de fundo desse problema? Um dos componentes do cálculo de juros é a inadimplência,
e, uma vez que o recurso é administrado com deficiência nas empresas, isso gera a inadimplência o que
leva ao aumento das taxas gerais de juros. Ou seja, quando estudamos alternativas de financiamento e
as dificuldades de captação, é plausível abordar as duas questões ou os dois lados da moeda, primeiro
os custos elevados, a burocracia interminável e a dificuldade na captação, e segundo, o pouco preparo,
principalmente dos pequenos empresários, na administração dos recursos financeiros da empresa.
Existe também, no sistema bancário brasileiro, uma dificuldade considerável em relação ao aval. Faça o
experimento, imprima um bom plano de negócios e apresente aos gerentes de agência bancária da sua
cidade. É interessante a cena, provavelmente ele vai olhar para seu plano de negócios achar ele muito
interessante, talvez até lhe falar que tem uma baita oportunidade nas mãos, mas no fim vai pedir um
imóvel, carro ou terreno em garantia para lhe conceder o valor necessário para iniciar a empresa, e isso
em geral com um juro impeditivo ao empreendimento.
As justificativas para a impossibilidade do empréstimo são as mais interessantes, empresa sem histórico
de movimentação no banco, baixo faturamento, falta de relacionamento com a instituição financeira,
enfim, um círculo vicioso no qual não se tem recurso financeiro para quem é novo e, não conseguindo o
recurso, a empresa não inicia e sempre fica na condição de empresa nova.
Alternativas existem para sair dessa situação, em algumas regiões do Brasil já existem o crédito solidário,
os Angels ou similares que são pessoas ou organizações que procuram investir em negócios promissores
para se tornarem sócios ou para permanecer temporariamente nas empresas.
Outras alternativas de crédito podem ser as relacionadas à operação da empresa como a negociação
do prazo de compra de produtos de revenda ou de matéria-prima com fornecedores, créditos mais caros
como cheque especial e cartões, que geralmente são impeditivos também e o crédito informal com
familiares ou com pessoas que emprestam dinheiro no mercado informal como o caso dos agiotas. Seja
qual for a alternativa o empreendedor deve entender qual o risco envolvido na operação e evitar se expor
demasiadamente a esse risco. A seguir, abordaremos as alternativas mais comuns de financiamento no
mercado brasileiro.
Microcrédito
Com forte tradição na Ásia, o microcrédito tem ganhado força no Brasil na última década, pois em geral
é uma opção de captação de pequenas quantias de recursos financeiros com um grau de burocracia
relativamente menor, em alguns casos existem linhas para empresas que ainda não se formalizaram.
Entre as instituições que oferecem o microcrédito estão organizações não governamentais, órgãos
públicos, organizações sem fins lucrativos, associações locais sendo que os valores vão de R$500,00
chegando a R$20.000,00 com juros baixos, 12% ao ano, e em alguns casos com sistema de amortização
contínua ou até mesmo com juros simples.
É importante para ter acesso ao microcrédito que o empreendedor faça parte da comunidade em que o
agente de microcrédito está instalado, além disso na maioria dos casos esse empreendedor não pode ter
seu nome constando nos órgãos de proteção ao crédito.
Tanto bancos públicos como bancos privados têm linhas de crédito direcionadas a pequenas empresas,
essas linhas de créditos são viabilizadas em sua maioria por recursos advindos do BNDES – Banco
Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social. Para definir o que é pequena ou média empresa,
o BNDES usa critérios diferentes dos adotados na Lei Geral da Micro e Pequena Empresa. Para o
BNDES, a microempresa é aquela que aufere até 1,2 milhão ao ano, pequenas empresas entre 1,2 e 10,5
anual e média empresa acima disso.
FINAME
O grupo de bens que podem ser financiados é bastante diversificado, desde estrutura de informática até
máquinas e equipamentos que visem ao aumento e comercialização de produtos e serviços. Existem
BNDES Automático
Quanto a necessidade de recursos para montagem de parte ou de toda a estrutura de uma pequena,
média ou grande empresa existe a opção do BNDES Automático, apesar de mais complexo o acesso
a essa linha de financiamento, ela está disponível para quem tem um bom plano de expansão ou de
montagem de um negócio. Este recurso se limita a dez milhões de reais, sendo possível incluir nessa linha
a necessidade de capital de giro da empresa.
Fonte: <http://pt.wikipedia.org/wiki/Banco_Nacional_de_Desenvolvimento_Econ%C3%B4mico_e_Social>.
Apoio à Exportação
Quando a opção do empreendedor é pela exportação, existem várias opções de financiamento para este
fim, para pequenas empresas, o Pré-embarque Empresa Âncora (BNDES, 2012) em que se tem a opção
de um grupo de empresas, geralmente formados em núcleos setoriais, juntarem-se e exportarem por
intermédio de uma terceira empresa. Neste casos, o financiamento já é estabelecido, podendo ser de seis
a doze meses antes do embarque, como é o caso do Programa Embarque Ágil. Os produtos nacionais
que se enquadram nessa modalidade estão apresentados no site do BNDES.
Crédito de até R$1milhão de Reais, pré-aprovados, com juros que geralmente são os mais baixos do
mercado financeiro em que podem ser adquiridos máquinas e equipamentos e em alguns seguimentos
específicos insumos para a atividade fabril. Os fornecedores e distribuidores que pretendem adquirir
equipamento ou insumos deverão ser cadastrados no site do cartão BNDES.
O banco atua como avalista das operações e permite o parcelamento das compras em até 48 vezes
e todas as operações acontecem por intermédio de bancos comerciais nacionais e por meio das duas
principais operadoras de cartões de crédito do Brasil Cartão (BNDES, 2012).
Vários portais na Internet têm o objetivo de auxiliar os empreendedores na busca de uma maior qualifi cação. Nos
endereços abaixo, você encontrará informações preciosas sobre o assunto:
<www.endeavor.org.br>.
<www.portaldosempreendedores.com.br>.
<www.empreenderparatodos.com.br>.
<www.sebrae.com.br>.
<www.empreendedor.com.br>.
No fi lme O HOMEM QUE MUDOU O JOGO (Moneyball, 2012), o ator Brad Pitt interpreta a história real de Billy
Beane, gerente do time de baseball Oakland Athletics. Na história, Beane, com pouco dinheiro em caixa, desen-
volve um sofi sticado programa de estatísticas para o clube, que fez com que fi casse entre as principais equipes
do esporte nos anos 80. Assista ao fi lme que, apesar de não tratar de um esporte muito praticado por aqui, é uma
lição do que um empreendedor pode fazer com criatividade e persistência.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Mais do que um simples documento escrito, o plano de negócios se mostra como um instrumento essencial
para a captação de recursos, conquista de sócios e investidores além de servir como “cartão de visitas”
do empreendedor.
Apesar dos esforços conjuntos dos governos Federal, Estadual e Municipal em conjunto com organizações
como o Sebrae e Associações Comerciais, empreender no Brasil ainda é uma tarefa complexa, seja pela
burocracia, seja pelo pouco acesso ao crédito. Diante disso, a importância do estudo do empreendedorismo
e suas facetas como o estudo do ambiente empreendedor.
Assim, concluímos esta unidade com os conceitos que achamos serem de grande importância no processo
de estudo sobre o empreendedorismo.
ATIVIDADE DE AUTOESTUDO
1 - Explique qual é a importância de um plano de negócios no que diz respeito à redução nos índices de
mortalidade prematura de micro e pequenas empresas.
2 - De acordo com o que foi apresentado nesta unidade, o empreendedorismo é bastante discutido e
assume posição de destaque na sociedade uma vez que proporciona desenvolvimento econômico e
social a regiões, países e nações. Sendo assim, pesquise na sua cidade como está o desenvolvimen-
to do empreendedorismo: quantas empresas foram abertas no último ano? Qual é o ramo de atuação
dessas empresas? Quem é o empreendedor? Quem são os sócios? Existem estatísticas oficiais so-
bre a abertura de novas empresas na sua cidade?
3 - Analisando os pontos levantados no texto de políticas públicas voltadas ao empreendedorismo, você
vê seu município como um ambiente que promove o empreendedorismo? Por quê?
4 – Pesquise com dois ou três empresários da sua cidade quais são as fontes de financiamento que eles
conhecem, com isso compare com as apresentadas no livro.
Novo relatório do Global Entrepreneurship Monitor coloca Brasil no topo do ranking mundial de empre-
endedorismo feminino
Desde que tiveram início no Brasil as pesquisas do Global Entrepreneurship Monitor (GEM) abordando a evolu-
ção da atividade empreendedora no país, no ano 2000, os resultados não haviam sido tão bons quanto os que
fi guram entre os apresentados esta semana, em relação a 2009.
Realizada em 54 países e representada no Brasil pelo Instituto Brasileiro de Qualidade e Produtividade, a pes-
quisa estuda, entre outros aspectos, a quantidade de cidadãos, na faixa dos 18 aos 64 anos, envolvidos em
atividades empreendedoras em negócios com menos de 42 meses de existência. A taxa nacional, que em 2008
era de 12%, subiu em 2009 para 15,3%. Um aumento expressivo, que garantiu ao Brasil a 14ª colocação no
ranking mundial.
Uma tendência animadora dá conta do fato de que o índice de empreendimentos desenvolvidos por oportunidade
estão se distanciando, com margem positiva, daqueles criados por necessidade. No entanto, negócios inova-
dores ainda são minoria. Perguntados sobre a intenção que tinham de inaugurar um empreendimento inovador,
os brasileiros favoráveis à ideia eram apenas 8,2%. Índice muito distante, por exemplo, dos 48% de chineses
que responderam favoravelmente à pergunta. Boa parte das iniciativas brasileiras ainda está destinada ao con-
sumidor fi nal, geralmente em atividades rudimentares, como confecções ou produtos alimentícios, por conta da
tendência à informalidade.
O Brasil ainda se destaca pelo empreendedorismo feminino: somos, em todo o mundo, o país com o maior nú-
mero proporcional de iniciativas desenvolvidas pelo público feminino, que domina 53% dos empreendimentos.
Ao nosso lado, apenas Guatemala e Toga têm mais mulheres no comando dos negócios, em detrimento dos
homens.
A crise econômica de 2008-2009, responsável por uma queda signifi cativa nas atividades empreendedoras de
países desenvolvidos como os Estados Unidos, não teve impacto expressivo no Brasil. Ao contrário do que se
pode notar na maior economia mundial, aqui, apesar dos efeitos sobre o Produto Interno Bruto (PIB), a atividade
empreendedora cresceu acima da média. Uma explicação pode ser o aumento na taxa de desemprego, que
serviu como pontapé inicial para milhares de pessoas que decidiram investir no próprio negócio.
Especialistas chegaram à conclusão de que fatores como políticas governamentais ainda escassas e a baixa
escolaridade do brasileiro são os principais entraves para o desenvolvimento de iniciativas empreendedoras no
país. Por outro lado, somos benefi ciados pela dinâmica do mercado interno e a infraestrutura física de telecomu-
nicações e internet.
Extraído de: <http://cooperblog.com.br/blog/uncategorized/novo-relatorio-do-global-entrepreneurship-monitor-
-coloca-brasil-no-topo-do-ranking-mundial-de-empreendedorismo-feminino/ >. Acesso em: 18 abr. 2012.
INTRODUÇÃO AO EMPREENDEDORISMO
Professor Me. Ricardo Albuquerque Azenha
Professor Me. Juliano Mario da Silva
Professor Esp. Haroldo Yutaka Misunaga
Objetivos de Aprendizagem
Plano de Estudo
A seguir, apresentam-se os tópicos que você estudará nesta unidade:
Certamente você, em algum momento da sua vida, deve ter tido uma ideia para tentar resolver algum
problema do dia a dia que foi vivenciado por você ou por alguém que você conheça. Todos nós já tivemos
ideias, algumas mais “geniais” e outras nem tanto para esse tipo de situação. A grande maioria delas
passa despercebida, sem pretensão alguma de se tornar realidade. Ficam confinadas no imaginário de
quem as teve, reservadas a uma simples representação mental de uma situação real ou abstrata.
Fonte: SHUTTERSTOCK.COM
Entretanto, algumas ideias consideradas realmente “boas” acabam por se tornar “realidade” concretizando-
se na forma de um novo negócio. De acordo com Ferreira, Santos e Serra (2010, p. 47), “o empreendedor
deve ter uma boa ideia de negócio, porque, de início, uma boa ideia facilitará o sucesso”. Alguns
empreendimentos irão surgir no mercado graças a uma ideia nova, seja ela relacionada com um produto
inovador e totalmente novo ou então um produto resultante de novas formas de fabricá-lo ou comercializá-
lo.
Sendo assim, uma vez que a ideia que irá sustentar o novo negócio foi identificada e desenvolvida,
torna-se importante o empreendedor tentar proteger tal ideia, com vistas a evitar que essa ideia seja
apropriada por um concorrente ou mesmo que seja utilizada de forma indevida. Proteger a ideia garantirá
ao empreendedor a posse da propriedade intelectual originada por tal ideia.
Assim, nesta seção você conhecerá e aprenderá sobre o conceito de propriedade intelectual e as formas
de sua proteção. Entenderá como se dá o processo envolvendo as patentes, o direto autoral e a proteção
de marcas, que representam as principais formas jurídicas de proteção da propriedade intelectual.
Desta maneira, torna-se importante conhecer e compreender as principais formas jurídicas de proteção
da propriedade intelectual: as patentes, as marcas e os direitos autorais, bem como a legislação que trata
desse assunto (no Brasil, a Lei de Propriedade Intelectual - Lei 9.279/96).
Patentes
Para Teh, Kayo e Kimura (2008), conferindo exclusividade de exploração pelo autor, o registro de
patente impede que um produto seja produzido e tenha seus processos utilizados por terceiros por um
determinado período de tempo. Ferreira, Santos e Serra (2010) consideram a patente como sendo um
benefício concedido pelo governo, no qual o empreendedor adquire o direito de excluir outros na produção,
comercialização e uso de uma invenção enquanto a patente durar. Esse direito, conforme esses autores, é
concedido por um período de cerca de vinte anos dependendo do tipo de patente.
Baron e Shane (2011) afirmam que a patente representa um direito jurídico concedido por um governo
nacional no qual é garantido o direito de exploração de uma invenção pelo seu inventor por um período
de vinte anos mediante a divulgação completa de como tal invenção funciona. Revelar detalhadamente
todo o conteúdo técnico do que está sendo protegido pela patente contribui, segundo a Agência USP
de Inovação (2012), para o desenvolvimento tecnológico mundial, tornando a patente um importante
instrumento com vistas a divulgar informações tecnológicas bem como estimular novas formas de
desenvolvimento científico.
Em contrapartida, Hisrich, Peters e Shepherd (2009) consideram que a patente concede aos seus
proprietários uma espécie de direito negativo, uma vez que impede que qualquer outra pessoa passe a
produzir, usar ou comercializar a invenção definida no registro de patente.
No Brasil, a Lei de Propriedade Intelectual (Lei 9.279/96) irá regular sobre o registro de patentes. De
acordo com essa lei, é patenteável a invenção que atenda, os requisitos de novidade, atividade inventiva
e aplicação industrial. Conforme a Agência USP de Inovação (2012), a novidade existe quando o invento
não está compreendido no estado da técnica. Por estado da técnica entende-se tudo aquilo que estava
acessível ao público antes da data em que o pedido de patente foi feito, por meio de uma solicitação
escrita ou oral, no Brasil ou no exterior. Em relação à atividade inventiva, trata-se de um quesito subjetivo
uma vez que necessita que o ato inventivo deve ser oriundo de trabalho intelectual. Já em relação à
A reportagem de Lígia Formenti e Felipe Recondo, publicada no jornal Estado de São Paulo em sua versão on-
line, trata do gasto de R$ 123 milhões pelo governo brasileiro para a compra de medicamentos para distribuição
no sistema público de saúde. Esse valor, segundo a reportagem, refere-se ao dinheiro que o governo poderia
economizar se pudesse comprar os mesmos medicamentos, mas na sua versão genérica. Isso não é possível
devido a um mecanismo chamado pipeline, de acordo com a reportagem. Leia a reportagem disponível no
link: <http://www.estadao.com.br/noticias/impresso,lei-de-patentes-fez-pais-gastar-r-123-milhoes-a-mais-com-4-
-medicamentos,682272,0.htm>. (FORMENTI; RECONDO, 2012).
Fonte: PHOTOS.COM
Destaca-se aqui a atuação do Instituto Nacional da Propriedade Industrial (INPI), órgão vinculado ao
Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio que, de acordo com a Lei 9.279/96, será o órgão
responsável por receber os pedidos de patente e publicar/divulgar os registros concedidos.
Os passos para solicitar o registro de patente no Brasil, conforme Ferreira, Santos e Serra (2010) são
descritas a seguir (quadro 6):
Etapa Descrição
1 - Verificar se o produto é patenteável. É necessário, antes de requerer a patente, verificar se
há viabilidade para patentear o produto. Tal verificação
pode ser feita junto ao INPI e também consultando-se a
lei 9.279/96.
2 - Realizar uma busca para A invenção deve apresentar o caráter de novidade e
constatar se a ideia do produto atividade inventiva.
que se pretende patentear é nova.
3 - Verificar o tipo de registro. A patente pode ser obtida sob forma de invenção,
modelo de utilidade ou desenho industrial.
4 - Preencher o pedido de patente. Documentação exigida para que seja possível o
depósito de patente junto ao INPI. Dentre os
documentos estão o relatório descritivo, os desenhos
(se for o caso) e o comprovante de pagamento de
retribuição relativa ao depósito.
5 - Efetuar o depósito do O depósito do pedido de patente deve ser realizado
pedido de patente. junto à sede do INPI, situada no Rio de Janeiro.
6 - Solicitar o pedido de exame. Permanecendo 18 meses sob sigilo, então o processo é
publicado e ganha conhecimento do grande público. O
pedido de exame deve ser feito então, após essa
publicação e em até 36 meses após o depósito.
7 - Acompanhar os despachos. O processo deve ser acompanhado através das
publicações disponibilizadas pelo INPI: Revista de
Propriedade Intelectual (RPI) disponibilizada na
biblioteca e no site do INPI.
8 - Responder pareceres. Responder aos questionamentos oriundos do exame
técnico.
9 - Solicitar carta-patente. O registro de patente será concedido mediante o pedido
deferido bem como comprovação do pagamento da
retribuição de patente. O pagamento deve ser feito no
prazo de 60 dias contados do deferimento.
De acordo com o Instituto Nacional de Propriedade Intelectual (2012), o pedido inicial de patente, em papel,
custa R$ 235,00. Esse valor diminui para R$ 95,00 nos casos de pessoas naturais, microempreendedores
individuais, microempresas, empresas de pequeno porte e cooperativas assim definidas em lei, instituições
de ensino e pesquisa, entidades sem fins lucrativos, bem como por órgãos públicos, quando se referirem
a atos próprios. Mas o processo de patente inclui outras taxas entre elas, a taxa do pedido de exame de
invenção, certidões de busca, serviços de expedição de carta-patente dentre outras.
Embora as patentes ofereçam muitas vantagens, Baron e Shane (2011) alertam que, em muitas
situações, as desvantagens podem superar as vantagens (tabela 2), fazendo com que nem sempre os
empreendedores patenteiem suas invenções.
Vantagens Desvantagens
Ajuda a levantar o capital Exige a divulgação da invenção.
demonstrando a existência de
uma vantagem competitiva.
Aumenta o custo da imitação Oferece monopólio temporário: 20 anos.
por parte da concorrência.
Oferece direito de monopólio, Pode ser contornada se a concorrência realizar a
impedindo que outras pessoas mesma meta esquivando-se da proteção por patente.
façam a mesma coisa.
Evita que outra parte use a Requer exigências jurídicas rigorosas para serem
invenção como segredo válidas e mostrarem infração, o que torna difícil e
comercial. caro proteger uma patente, em especial contra
grandes empresas.
Marcas
É possível que na sua cidade ou em alguma que você tenha ido para trabalhar, visitar ou simplesmente
passear você tenha se deparado com uma letra “M” na cor amarela, bem grande, com estilo a formar
dois arcos. Bastou olhar para isso e você imediatamente identificou se tratar de uma rede de lanchonetes
conhecida internacionalmente e que vende sanduíches (hambúrgueres) dos mais variados tipos. Outra
situação semelhante diz respeito aos postos de combustíveis: você já deve ter abastecido o seu veículo
ou ao menos passado em frente de um posto cuja identificação é feita pelas letras “BR”. Bastou olhar para
essas letras e identificar se tratar de uma rede de postos de combustíveis.
Ao observar o símbolo acima, você e muitas pessoas podem associá-lo com eventos esportivos uma vez
que tal símbolo representa uma empresa fabricante de artigos esportivos mundialmente conhecida.
Usada como forma de identificação da fonte ou a procedência dos produtos ou serviços, bem como forma
de distinguir produtos ou serviços das outras empresas, a marca pode ser representada por qualquer
palavra, símbolo, nome ou instrumento (FERREIRA; SANTOS; SERRA, 2010). Além disso, Hisrich, Peters
e Shepherd (2009) afirmam que uma marca pode ser representada por um slogan ou um som específico
que possibilite a identificação da fonte ou o patrocínio de alguns produtos ou serviços. De forma diferente
das patentes, a marca (marca registrada) pode durar por tempo indeterminado desde que continue a
desempenhar a função indicada (HISRICH; PETERS; SHEPHERD, 2009).
Quanto à origem: a marca pode ser brasileira (quando foi depositada no Brasil por pessoas domiciliadas
no país) ou estrangeira (depositada tanto no Brasil como no país de origem que esteja vinculado a um
tratado ou acordo do qual o Brasil também seja participante).
Quanto ao uso: a marca pode ser de produtos ou serviços (uso destinado à distinguir produtos e serviços
semelhantes ou afins), coletivas (função de identificar produtos ou serviços oriundos de membros de uma
determinada entidade) e de certificação (marcas destinadas a atestar a conformidade de um produto ou
serviço).
Quanto à apresentação: considerando a apresentação, a marca pode ser classificada como nominativa
De acordo com o Instituto Nacional de Propriedade Intelectual (INPI), é necessário definir o uso e a
natureza da marca uma vez que no momento do registro tal definição será solicitada. Já em relação aos
itens da marca passíveis de proteção, Ferreira, Santos e Serra (2010, p. 67) destacam:
Palavras, números e letras: representadas pela combinação de palavras, números e letras sejam elas
soltas, frases curtas e slogans.
Sons: apesar de mais raro, esse tipo de registro abrange os sons distintivos associados à marca.
Formas: o registro é possível, nesse caso, se o formato do produto não exercer impacto sobre a sua
função.
Cores: o registro da cor é possível desde que a cor não afete a funcionalidade do produto/serviço (leia na
seção “Saiba mais” o caso da disputa entre empresas pela cor vermelha do solado de sapatos femininos).
Recentemente a indústria brasileira de calçados femininos Carmen Steffens envolveu-se em uma disputa judicial
com o designer francês de calçados Christian Louboutin. Laboutin alega que a indústria brasileira cometeu o cri-
me de plágio ao copiar a cor vermelha do solado dos sapatos que, segundo o designer, é a marca registrada dos
seus calçados. Leia a reportagem de Leandro Martins publicada no jornal Folha de São Paulo sobre o assunto.
Disponível no link: <http://www1.folha.uol.com.br/mercado/909299-industria-brasileira-e-processada-por-pla-
gio-em-sola-de-sapato.shtml>. (MARTINS, 2012).
Além disso, Ferreira, Santos e Serra (2010, p. 68) destacam também um conjunto de itens que não são
passíveis de proteção: aqueles considerados imorais ou escandalosos, enganosos, descritivos (não é
passível de registro as expressões que apenas representem a descrição de um produto ou serviço) e
sobrenomes (o sobrenome, por exemplo, “Silva” poderá ser registrado somente se estiver combinado com
outras palavras que distingam um produto ou serviço).
No Brasil, a lei número 9.279/96 irá tratar da questão do registro de marcas. De acordo com o artigo 133
dessa lei, o registro de marca terá vigência de dez anos, contados a partir da data em que o registro foi
concedido além de haver a possibilidade de prorrogação por período igual e sucessivo.
Para proceder com o registro da marca, o interessado deve realizá-lo junto ao INPI. Além da apresentação
dos documentos exigidos pelo INPI, é necessário fazer o pagamento da retribuição relativa do depósito
Direitos autorais
Também conhecidos como copyrights (representado pelo símbolo ©), os diretos autorais caracterizam uma
forma de proteção da propriedade intelectual na qual é concedido ao autor o direito legal à “paternidade”
da obra com o intuito de assegurar sua genuinidade e integridade (FERREIRA; SANTOS; SERRA, 2010).
O direito autoral concede autorização ao seu proprietário e às pessoas por ele designadas de reproduzir,
copiar ou exibir aquilo que foi protegido. De acordo com Baron e Shane (2011), o direito autoral torna ilegal
a publicação do material todo ou parte dele por outra pessoa ou o uso desse material de qualquer outra
maneira.
Conforme Baron e Shane (2011), a partir do momento que uma obra é produzida, tal obra já possui direitos
autorais. No Brasil, a lei número 9.610/98 trata da questão dos direitos autorais. Conforme essa lei em
seu artigo 19, é facultado ao autor o registro de sua obra em órgão público. Ainda de acordo com essa lei,
caso o autor queira assegurar seus direitos, poderá proceder com o registro da obra, de acordo com sua
natureza nos seguintes órgãos (descritos no caput e no § 1º do art. 17 da Lei nº 5.988/73): na Biblioteca
Nacional, na Escola de Música, na Escola de Belas Artes da Universidade Federal do Rio de Janeiro, no
Instituto Nacional do Cinema, ou no Conselho Federal de Engenharia, Arquitetura e Agronomia.
Os itens passíveis de proteção pelos direitos autorais são, de acordo com o quadro 7:
As ideias, de acordo com Ferreira, Santos e Serra (2010), não são cobertas pela proteção dos direitos
autorais. Conforme esses autores, a ideia não é passível de proteção, mas, em contrapartida, a sua
expressão específica sim. Por exemplo, o empreendedor tem a ideia de criar uma máquina para vender na
Antes de iniciarmos esta seção, imagine a situação apresentada por Baron e Shane (2011, p. 73), conforme
descrito abaixo:
E você, o que faria? Ficaria conformado à espera do urso ou pensaria em algo para tentar salvar a
sua vida? Talvez a grande maioria das pessoas ficasse ali aguardando o triste desfecho da história,
esperando ser devorado pelo urso. Outras, pelo contrário, tentariam descobrir uma forma diferente, nova,
para sobreviver ao eminente ataque do urso pardo.
Desta maneira, trataremos, nessa seção, a inovação como forma diferente de criar algo novo, de
promover transformações no ambiente no qual um empreendimento atua ou irá atuar. Além do que,
também trataremos da criatividade, importante aspecto para o processo de inovação. A criatividade,
segundo Ferreira, Santos e Serra (2010), figura como a capacidade de olhar as mesmas necessidades ou
problemas a partir de pontos de vista diferentes. E essa nova maneira de enxergar as coisas certamente
influenciará e contribuirá para o desenvolvimento de inovação eficiente.
Inovação e empreendedorismo
A dinâmica atual do mundo dos negócios, de acordo com Chér (2008), é patológica. Conforme esse autor,
torna-se necessário criar-se e recriar-se a todo tempo. Os ciclos de vida dos produtos e serviços foram
encurtados, houve uma popularização das tecnologias tornando-as acessíveis a uma maior quantidade
de pessoas, além da necessidade constante de rever as estratégias do negócio, não deixando que o
negócio no presente seja superado por um futuro incerto. A constante necessidade de diferenciar-se dos
demais faz com que o empreendedor redefina constantemente o seu negócio. “Para manter o seu negócio
no presente e no futuro, você precisará transformá-lo algumas vezes isso porque para ser superado não
é preciso parar. Para ser atropelado basta se manter na mesma velocidade, no mesmo ritmo, na mesma
estratégia” (CHÉR, 2008, p. 190).
“Como então enfrentar esta nova realidade de se fazer negócios com as mesmas premissas, metodologias,
ferramentas e estratégias de antigamente?” é a questão que Chér (2008, p. 191) coloca em pauta para
que empreendedores novos e já atuantes possam refletir sobre as mudanças constantes que afetam os
negócios. Tudo isso, acaba por indicar uma necessidade óbvia: inovação permanente (CHÉR, 2008).
O conceito de inovação, bem como sua prática, não é novo, afirma Dornelas (2003). Para esse autor, a
inovação relacionada com a criação de um produto novo ou um serviço diferente, a inovação de processos
produtivos ou formas de gestão sempre estiveram presentes no cotidiano organizacional. De acordo com
esse autor, a inovação refere-se a mudanças, ou seja, realizar as coisas de maneira diferente, proporcionar
a criação de algo novo, de promover a transformação do ambiente no qual se está atuando. Além disso,
“A inovação é o instrumento específico dos empreendedores, o meio pelo qual eles exploram a mudança,
como uma oportunidade para um negócio diferente [...] os empreendedores precisam buscar, de forma
deliberada as fontes de inovação” (DRUCKER, 2003, p. 25).
Existe uma grande variedade, e até certa falta de consenso sobre a definição de inovação. É necessário,
entretanto, diferenciar inovação de invenção. Para Leite e Moori (2008), invenções dizem respeito
a descobertas, sejam elas formas de tecnologias, patentes ou fórmulas. Em se tratando de inovação,
esses autores afirmam que a inovação possui uma dimensão mais ampla e pode ocorrer tanto no
desenvolvimento de novos produtos como em processos. Complementando essa ideia, Dornelas (2003)
salienta que a diferença entre o empreendedor e o inventor está pautada no fato de que o empreendedor
alia criatividade às suas habilidades gerenciais e conhecimento dos negócios de forma a possibilitar a
identificação de oportunidades de inovar. Em contrapartida, destaca o autor, o inventor almeja apenas a
criação e a descoberta, não objetivando a criação de algo com finalidade econômica.
Inovação é a criação de um produto ou de um processo melhor, através da criação de valor pela exploração de
alguma forma de mudança, a saber: técnica, materiais, preços, taxação, demografi a e até geopolítica. Ou ainda,
a geração de novas demandas ou de novas maneiras de explorar um mercado existente” (SALIM; SILVA, 2010,
p. 213).
Os empreendedores, de acordo com Dornelas (2003), estão constantemente buscando algo novo,
sempre querendo ir além, motivando-os para a busca da inovação. Assim, para esse autor, a busca da
inovação sistemática, ou a prática de inovação, torna-se comum como atividade relacionada com os
empreendedores, tanto para aqueles que se lançam no mercado com um novo empreendimento como
para aqueles que já possuem ou trabalham em organizações já estabelecidas.
Tipos de inovação
Quando pensamos em inovação, a primeira coisa que nos vem à mente é aquele tipo de inovação voltada
apenas para o produto, em que será aplicado algum tipo de modificação a um produto existente ou a criação
e incorporação de um produto totalmente novo. Realizar algum tipo de alteração das características ou
função a que se destina o produto, bem como a criação de algo totalmente novo, certamente são formas
Um fator a ser considerado na classificação da inovação, de acordo com Bessant e Tidd (2009), é o
grau de novidade envolvido. Para esses autores, níveis diferentes de novidade existem e caracterizam-se
desde melhorias incrementais menores (inovação incremental - “fazer o que já se faz, só que melhor”)
até mudanças de grande porte, radicais e de certa forma difíceis e que podem alterar a própria base da
sociedade (inovação radical - “fazer o que fazemos de forma diferente”).
Segundo Dornelas (2003), para que seja possível para empresas definirem qual o grau de inovação
devem promover, é necessário que utilizem de ferramentas que possam auxiliá-las com a avaliação dos
riscos e retornos da oportunidade de inovar, bem como quais são os tipos de inovação correspondentes.
Um método apresentado por esse autor diz respeito à classificação das oportunidades de inovação em
três categorias, diversificando assim o portfólio de produtos da empresa para os quais serão destinados
recursos com objetivo de novos desenvolvimentos na área.
As categorias de classificação das ideias e oportunidades de inovação, segundo Dornelas (2003) são:
Ideias derivadas - caracterizada como uma adaptação ou extensão de produtos e/ou serviços que são
oferecidos atualmente cujo resultado representará uma nova versão desse produto e/ou serviço com
possível redução de custos. Os riscos relacionados com essa categoria de inovação são consideravelmente
baixos, mas igualmente baixo é também o retorno proporcionado. Referem-se ao conjunto de competências
essenciais da empresa e possuem caráter de aprovação mais fácil internamente pelas gerências de
inovação.
Avançadas - estão muito além das competências essenciais da organização, pois requerem muito mais
esforço, tempo e recursos, essa categoria de inovação envolve um alto risco, mas com altos retornos
potenciais. Esse tipo de inovação diz respeito a produtos e/ou serviços totalmente novos e, devido a isso,
acabam por serem criadoras de mercados considerados inexistentes até então.
Esse método de classificação da inovação, de acordo com Dornelas (2003), proporciona auxílio para que
a organização possa tomar a decisão de como irá direcionar seus recursos para as oportunidades de
inovação, tentando balancear os riscos e obter o maior retorno possível.
Outro tipo de classificação de inovação é apresentado por Bessant e Tidd (2009). Esses autores
consideram a dimensão da mudança e apresentam os 4P’s de inovação: produto, processo, posição e
Já em relação à inovação de processo, Bessant e Tidd (2009) destacam que nessa dimensão as
mudanças acontecem na forma como os produtos/serviços são feitos e ofertados/apresentados para o
consumidor. Vamos considerar como exemplo de inovação de processo a venda de passagens aéreas.
Nas décadas de 1980 e 1990 as passagens aéreas eram emitidas “em papel” pelas companhias aéreas
e agências de turismo. Atualmente, praticamente não há a impressão de nenhum documento relacionado
com a passagem aérea. Toda a transação de compra até o check-in se dá por meio eletrônico com uso
de computadores, telefones celulares e internet.
Sobre a inovação de paradigma, Bessant e Tidd (2009) afirmam que nessa dimensão as mudanças
ocorrem nos modelos mentais básicos que irão nortear o que a empresa faz. Como exemplo, vamos
considerar o período pré e pós-Revolução Industrial (ocorrida no século XVIII). No período pré-Revolução,
a tradição empresarial estava baseada na produção artesanal de bens. Com o advento da Revolução, a
produção deixa o caráter artesanal e passa a ser de larga escala, principalmente com o uso de grandes
máquinas, esteiras - linha de produção.
É preciso esclarecer, de acordo com Chér (2008), que nem toda inovação é igual e nem sempre a
inovação é boa. Conforme esse autor, é necessário estabelecer um objetivo claro ou optar por um modelo
de inovação para que não ocorram distorções no processo de inovação. Além do que, é necessário que
o empreendedor demonstre sempre ações efetivas colocando em pauta a prioridade que a inovação
enseja e quais serão as vantagens oriundas delas com vistas a comprometer todos os envolvidos, desde
funcionários até o mercado, alerta Chér (2008).
Percebe-se na realidade brasileira, conforme Leite e Moori (2008), que pequenas empresas, apesar de
perceberem a importância de implementação de um processo de inovação, a gestão do negócio, em certa
Por fim, para Leite e Moori (2008), não é esperado das pequenas empresas o uso de estratégias
semelhantes das grandes, mas acredita-se que a questão da inovação deve ser repensada por seus
gestores.
Criatividade e inovação
Uma das pré-condições da inovação é a criatividade. Chér (2008, p. 203) afirma que “para haver
inovação é preciso criatividade”. Para Ferreira, Santos e Serra (2010), é a criatividade que possibilita ao
empreendedor a criação de novos negócios a partir da combinação e recombinação de partes que já
existem, criando assim novos modelos de negócio, novos produtos e serviços, enfim, olhar para aquilo
que já está sendo ofertado e enxergar algo que os outros ainda não detectaram. Além do que, para Baron
e Shane (2011), a criatividade é importante, pois leva à descoberta de novos conhecimentos, produtos
além de poder contribuir com a qualidade de vida das pessoas.
A criatividade é a criação e a comunicação de novas conexões importantes que nos permitem pensar em muitas
possibilidades, experimentar formas variadas e utilizar diferentes pontos de vista; que nos permite pensar em
possibilidades novas e incomuns; e que nos leva a gerar e selecionar alternativas [...] resultando em algo valioso
para o indivíduo, o grupo, para a empresa ou sociedade (BESSANT; TIDD, 2009, p. 60).
Chér (2008) afirma que a palavra criatividade tem origem na palavra “criar”, cujo significado remete a
“dar origem a”, “produzir”, “inventar”. Conforme esse autor, a criatividade representa o processo cujo
resultado é um produto novo, comportamento ou serviço, que é aceito como sendo algo de utilidade,
satisfatório ou que terá valor em um dado momento. Além do que, esse autor afirma que haverá sempre
uma possibilidade para inovação onde houver um padrão e costume passíveis de serem quebrados e,
também, haverá possibilidade de inovação onde houver conhecimento, pois há a possibilidade de seu
rearranjo.
Em se tratando de conhecimento, é possível afirmar que, conforme Chér (2008), o conhecimento atua
como fonte das novas ideias. Assim, de acordo com esse autor, o indivíduo criativo é aquele que possui
uma “bagagem de conhecimento”, mas que além disso, possui atitudes as quais irão definir se é mais ou
menos criativo. Além disso, o preço de ser criativo é o de não ser aceito uma vez que passamos por um
Alguns estudos indicam que os adultos utilizam menos percentagem do potencial criativo que as crianças. Em
parte, isso pode acontecer porque, com o crescimento, os indivíduos encontram maiores restrições aos seus
comportamentos e estas diminuem o espaço para o processo criativo. Alguns autores questionam o papel da
educação formal sobre a criatividade, porque o modelo de aprendizagem atual é baseado em uma lógica de
repetição de estereótipos, relegando o potencial criativo (FERREIRA; SANTOS; SERRA, 2010, p. 51).
E você, concorda ou discorda com o que foi mencionado?
Seguir as normas e agir conforme os padrões aceitos não conduzirão à inovação. De acordo com Chér
(2008), romper com as normas estabelecidas não necessariamente culmina em ideias criativas, mas é
uma possibilidade. Conforme esse autor, é necessário perguntar-se constantemente: “e se?”, arriscando
e buscando possibilidades de ideias criativas.
Fases da criatividade
“É possível gerenciar o processo criativo? É possível guiá-lo? Podemos nos conduzir por suas diferentes
etapas de modo a produzir deliberadamente atos criativos ao seu final?” Essas questões são discutidas
por Chér (2008, p. 213) no que diz respeito às fases da criatividade. De acordo com esse autor, talvez não
seja possível conduzir o processo de criatividade obedecendo a fases distintas e que acontecem de forma
organizada, mas que conhecer essas fases e como elas se desenvolvem pode se tornar uma vantagem.
Assim, Kneller (1999) define as etapas da criatividade: (1) Insight - funciona como um alerta no qual
o pensamento predomina e surge a inspiração para uma ideia que poderá resolver um determinado
problema. (2) Preparação - aqui investiga-se as possibilidades geradas pela ideia obtida durante o insight.
Surgem ponderações acerca das vantagens e desvantagens da implementação da ideia. (3) Incubação -
depois de realizar a investigação e o estudo da ideia, é nesta fase que a ideia será maturada, desenvolvida,
incubada a espera do momento exato para ser implementada. (4) Iluminação - esta fase se dá por meio
do uso de estratégias para estimular e complementar a cadeia de ideias que haviam sido incubadas, ou
seja, é o momento da inspiração, momento no qual a imaginação toma conta e delineia a solução de certo
problema. (5) Verificação - é a fase na qual se prepara para comunicar a ideia criativa e assim verificar a
reação das pessoas que serão comunicadas de tal ideia.
Já para Baron e Shane (2011), a abordagem da confluência (figura 4) é responsável pelo estímulo à
criatividade. De acordo com esses autores, a abordagem da confluência considera que a criatividade surge
devido à convergência (confluência) de diversos fatores tais como habilidades intelectuais, uma ampla e
Outra forma de delinear as fases do processo criativo, de acordo com Bessant e Tidd (2009), é pautada
em três etapas: compreensão da oportunidade, geração de novas ideias e planejamento para a ação. A
compreensão da oportunidade, de acordo com esses autores, é o primeiro estágio do processo criativo,
sendo caracterizado pela formulação de um problema ou estabelecimento de metas ou objetivos. Essa
etapa envolve um processo de construção ativa pautada no indivíduo ou em grupos para a estruturação
do problema que necessita de solução por meio de ideias criativas. Tais ideias podem ser obtidas por
meio de ferramentas tais como a análise de Pareto e o diagrama de causa e efeito (ou diagrama de
Ishikawa - figura 5).
O segundo estágio é representado pela geração de novas ideias. Bessant e Tidd (2009) afirmam que
nesta etapa ideias que possam promover solução para o problema identificado são geradas. Além de
gerar, é preciso focalizar e escolher dentre as muitas ideias geradas com o intuito de agrupá-las, revisá-
las e posteriormente selecionar aquelas consideradas mais promissoras.
O planejamento para a ação representa o terceiro e último estágio. Nessa fase, conforme Bessant e Tidd
(2009), é necessário que se reconheça quais ideias, dentre as diversas geradas, não serão úteis ou que
não irão produzir resultados valiosos ou válidos. Critérios podem ser estabelecidos para definir o que é
e o que não é promissor uma vez que a partir das ideias promissoras é que será formulado um plano de
ação para desenvolvimento e implementação de tais ideias.
Por fim, de acordo com Chér (2008), praticamente todos os grandes avanços conquistados pela
humanidade aconteceram quando alguém resolveu questionar as normas vigentes e tentou um outro
caminho. Para esse autor, o indivíduo inovador não é satisfeito com o que vivencia e por isso sempre
questiona as regras atuais do jogo e busca resultados fora delas. Além do que, o autor complementa
que o pensamento criativo é também destrutivo uma vez que rompe com os padrões atuais e estabelece
novas regras para o jogo.
FRANCHISING
Empreender é ao mesmo tempo fascinante e desafiador. O desejo de empreender que move muitas
pessoas tenazes às vezes é sufocado pelas dificuldades que se apresentam no caminho desses
realizadores.
Você talvez – se ainda não fez isso – também pode se lançar a um novo negócio, buscando a realização
pessoal, a independência financeira e, num objetivo nobre, contribuir para o desenvolvimento da sociedade
em que vive. Neste caso, os mesmos obstáculos que todos os empreendedores enfrentam também
estarão no seu caminho.
O Sebrae - Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas – num relatório de 2005, computou
que, das 4,9 milhões de empresas comerciais e de serviços existentes no Brasil, 99,2% são micro e
pequenas empresas. Esse relatório ainda mostrou que o índice de empresas que fecham as portas até
o terceiro ano de funcionamento gira em torno de 55% a 73%, e 60% das restantes não passam dos
quatro anos. Pelo estudo do Sebrae, pode-se atribuir as causas desta mortalidade a fatores como: falta
de capital, deficiência de gestão e as crises econômicas que afetam o acesso ao crédito, à tecnologia e,
por consequência, ao mercado.
Certamente, você não gostaria de engrossar essas estatísticas, não é verdade? Que caminho você
Por mais popularidade que o termo tenha obtido nos últimos anos, ainda é muito mal compreendido pelas
pessoas em geral. Alguns acreditam que uma franquia é um passaporte para o sucesso. Outros afirmam
que o franqueado nada mais é do que um funcionário de luxo.
Precisamos conhecer mais profundamente essa ferramenta para o empreendedor, para que possamos
formar nossa própria convicção sobre o assunto antes de cogitarmos uma parceria como essa.
Mas, afinal, o que são franquias? De acordo com Luiz et al. (2006), as franquias podem ser definidas como
contratos em que uma empresa (franqueador) concede o direito de uso de um ou mais elementos do seu
negócio a outra empresa (franqueado). Em troca o franqueador recebe um fluxo de receita.
Siqueira (2009, p. 21) define que franchising é o termo em inglês que é traduzido para o português como
franquia. Este autor define Franchising como um “método para a distribuição de produtos e/ou serviços
cujo sucesso depende, fundamentalmente, da capacidade de se reproduzir, em diferentes locais e sob a
responsabilidade de diferentes pessoas, um mesmo conceito de negócio”. Um elemento sempre presente
e essencial para o modelo é a formalização por meio de um contrato entre as duas pessoas jurídicas
envolvidas.
A atratividade do modelo de franchising explica em parte o grande sucesso deste modelo de negócios
no Brasil e no mundo. Ao avaliarmos a evolução do setor, também constatamos os setores que mais
se desenvolveram. Além disso, comprovamos a força do modelo para a economia e para a geração de
emprego e renda.
LEGENDA
ACE: ACESSÓRIOS PESSOAIS E CALÇADOS
ALIM: ALIMENTAÇÃO
EDUC: EDUCAÇÃO E TREINAMENTO
ESP: ESPORTE, BELEZA, SAÚDE E LAZER
FOTO: FOTOGRAFIAS, GRÁFICAS E SINALIZAÇÃO
HOTEL: HOTELARIA E TURISMO
INFO: INFORMÁTICA E ELETRÔNICOS
LIMP: LIMPEZA E CONSERVAÇÃO
MOV: MÓVEIS, DECORAÇÃO, PRESENTES E IMOBILIÁRIAS
NEG: NEGÓCIOS, SERVIÇOS E OUTROS VAREJOS
VEIC: VEÍCULOS
VEST: VESTUÁRIO
LEGENDA
ACE: ACESSÓRIOS PESSOAIS E CALÇADOS
ALIM: ALIMENTAÇÃO
EDUC: EDUCAÇÃO E TREINAMENTO
ESP: ESPORTE, BELEZA, SAÚDE E LAZER
FOTO: FOTOGRAFIAS, GRÁFICAS E SINALIZAÇÃO
HOTEL: HOTELARIA E TURISMO
INFO: INFORMÁTICA E ELETRÔNICOS
LIMP: LIMPEZA E CONSERVAÇÃO
MOV: MÓVEIS, DECORAÇÃO, PRESENTES E IMOBILIÁRIAS
NEG: NEGÓCIOS, SERVIÇOS E OUTROS VAREJOS
VEIC: VEÍCULOS
VEST: VESTUÁRIO
Fonte: Portal do Franchising – disponível em: <www.portaldofranchising.com>.
A geração de empregos também é um item que nos interessa muito, pois mostra a força do franchising na
economia e na absorção de mão de obra.
Como funciona um sistema de franquias na prática? É bom saber que o sistema exige investimentos
do empreendedor, no caso o franqueado, assim como em qualquer outro tipo de negócio. No caso das
franquias, o franqueado investe recursos em seu próprio negócio, que será operado sob a marca do
franqueador e de acordo com todos os padrões estabelecidos e supervisionados por ele. O outro lado
da parceria – o franqueador, este também um empreendedor - recebe royalties do franqueado como
forma de remuneração pelo uso da marca e de tecnologias para a administração da unidade franqueada
(SIQUEIRA, 2009).
Como funciona o pagamento dos royalties? Via de regra é um percentual sobre o faturamento da
unidade franqueada. Em outros casos esse percentual incide sobre compras de produtos ou serviços do
franqueador.
TIPOS DE FRANQUIAS
Há vários níveis de franquias. Pode iniciar-se com a utilização do nome e do logotipo da empresa e incluir
também práticas de gestão como gestão de suprimentos e distribuição.
Os tipos de franquias podem ser classificados de acordo com quatro critérios. No Quadro abaixo, temos
detalhado os critérios para esse tipo de classificação.
Que vantagens existem no sistema de franquias? São apontadas algumas vantagens bastante significativas:
ganhos de escala em marketing e na adoção de tecnologia, a obtenção de capital para ampliação do
negócio e a redução do custo de monitoramento e controle quando comparado com a expansão do
negócio com lojas próprias (LUIZ, et al. 2006).
No quadro abaixo, podemos observar mais algumas vantagens para o franqueado e franqueador no
sistema de franquias:
VANTAGEM CARACTERÍSTICAS
Os ganhos de escala em marketing se traduzem nos benefícios do valor da
Franqueado marca e no acesso à propaganda. A utilização compartilhada de uma marca
permite investimentos difíceis de serem alcançados isoladamente
Compartilha custos para consolidação e propaganda da sua marca.
Franqueador Desenvolvimento de novas práticas gerenciais e tecnológicas permite o
acesso a pequenos empreendimentos. Mediante a cobrança de taxas de
franquias, pode realizar investimentos necessários em tecnologia.
Obtenção de capital para ampliação do negócio permite a produção de
Franqueador produtos/serviços por terceiros, permitindo sua expansão no mercado sem o
dispêndio de capital necessário para a sua ampliação.
Redução dos custos de monitoramento e controle do negócio. Não é
Franqueado/
necessário o desenvolvimento de outros mecanismos de incentivo e controle
Franqueador
sobre os empreendimentos, além dos próprios contratos.
Um atrativo muito forte no modelo de negócios de franquia é que “os pequenos já nascem grandes”, em
razão de poderem contar com o suporte de toda uma rede de lojas de franqueados ou, ao menos, poder
contar com o sucesso do franqueador que conseguiu superar as dificuldades e sabe como gerir o negócio
(SIQUEIRA, 2009).
Alguns candidatos a empreendedor costumam acreditar que o sistema de franquias, por ser um modelo
mais consolidado de negócios, não ofereçe riscos e que garante um retorno sobre os investimentos
realizados.
Essa afirmação é tão verdadeira quanto afirmar que não existem riscos nos jogos de cassino ou em
aplicações financeiras, ou seja, é totalmente infundada. Porém, ao contrário de jogos de azar que
contam exclusivamente com a sorte para o sucesso, as franquias contam com fundamentos bastante
comprovados de seu modelo que, se não garantem, pelo menos conferem probabilidades bem melhores
de que o empreendimento prospere. De fato, Leite e Campos sugerem que há uma taxa de sucesso 80%
maior para franquias do que num empreendimento convencional (LEITE; CAMPOS, 2009).
É claro que os riscos não devem ser ignorados. Aliás, não só não devem ser ignorados, mas devem ser
conhecidos em profundidade.
Para começar, devemos nos lembrar que as duas partes envolvidas estão sob condições de risco, e
ambos são empreendedores. O franqueador é, pelo menos em a princípio, um empreendedor mais
experiente. Afinal, foi ele quem formatou o negócio, testou o produto, passou pela avaliação do mercado,
enfim, adquiriu o know how necessário para que o negócio tenha chances de prosperar. Na outra ponta,
temos o empreendedor franqueado, que, além de seus sonhos, conta com muita disposição e algum
Assim, tendo claro que os riscos são de ambas as partes, para os franqueadores, existe um risco
elevado de perda de valor da marca relacionado com produtos, processos ou serviços fora dos padrões
especificados. Considerando este fato, entendemos a razão das exigências impostas e o controle exercido
em toda a cadeia de suprimentos, especialmente naquelas do ramo alimentício. Ainda há o fato de que
ex-franqueados podem utilizar e até transferir o conhecimento adquirido à época da parceria.
Pelo lado do franqueado, o risco pode advir pela abertura indiscriminada de unidades de uma mesma
franquia em uma mesma área geográfica, com impacto direto no aumento da concorrência e redução
dos lucros. Alguns franqueados também sofrem quando o franqueador não investe em marketing e no
desenvolvimento de novos produtos, o que leva a estagnação do negócio e perda do posicionamento
competitivo ao longo do tempo (LUIZ, et al. 2006).
Para resumir os desafios do sistema de franchising, o Quadro 10 abaixo traz as vantagens e desvantagens,
sob a ótica do franqueador e do franqueado, o que pode auxiliar um futuro empreendedor interessado
neste modelo de negócios.
FRANQUEADO
VANTAGENS DESVANTAGENS
Know-how adquirido Riscos inerentes à má escolha do franqueador
Maior garantia de sucesso Menos liberdade de ação
Marca conhecida Risco vinculado à performance do franqueador
Facilidade de instalação Risco vinculado à imagem da marca
Assessoria na escolha do ponto Limitações à venda do negócio
Limitações na escolha de produtos e de
Projeto para instalação da Unidade
fornecedores
Assessoria na aquisição dos materiais,
instalações, estoques e insumos
Treinamento e orientação quanto a práticas
administrativas e comerciais
Propaganda e marketing cooperados
Desenvolvimento Contínuo
Maior poder de negociação
Desenvolvimento de novos métodos e produtos
FRANQUEADOR
VANTAGENS DESVANTAGENS
Expansão veloz Perda de controle sobre os pontos de venda
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Nesta unidade foi possível conhecer a necessidade da proteção da propriedade intelectual, principalmente
aquela originada a partir da criação de novos negócios.
Compreendemos como a patente, o direito autoral e a marca registrada atuam como ferramentas de
proteção da propriedade intelectual, assegurando ao “autor” da propriedade intelectual o direito de
explorá-la comercialmente e por um determinado período de tempo. Além disso, foram descritos os
principais aspectos e as etapas que devem ser cumpridas para o registro da propriedade intelectual no
Brasil e a atuação do Instituto Nacional da Propriedade Industrial (INPI) como um dos principais agentes
depositários dos direitos de propriedade intelectual no país.
Também trabalhamos os conceitos de inovação e criatividade que estão intimamente ligados à atividade
empreendedora. A necessidade de criar e recriar sempre faz com que empreendedores busquem em
novos produtos e serviços a renovação de estratégias de negócios e mercados. Os tipos de inovação
abordados nesta unidade podem abrir caminhos para análises mais aprofundadas e refinadas acerca
dos novos produtos e serviços a serem desenvolvidos por empreendedores com vistas a explorar uma
oportunidade de negócio diferente daqueles já existentes e atuantes no mercado. A adoção de um
processo criativo se mostra bastante útil ao desenvolvimento de inovações.
Por fim, encerramos esta unidade falando a respeito do Franchising, no qual apresentamos os caminhos
para aqueles que desejam iniciar no mundo corporativo. As Franquias podem ser um bom negócio uma vez
que oferecem estrutura de apoio operacional. Analisadas com cautela, existe uma grande chance de abrir
um negócio utilizando uma Franquia, é possível minimizar os erros que normalmente empreendedores
iniciantes cometem.
SCHERER, F. O.; CARLOMAGNO, M. S. Gestão da inovação na prática: como aplicar conceitos e ferramentas
para alavancar a inovação. São Paulo: Atlas, 2009. 150p.
EMPREENDEDORISMO NA ATUALIDADE
Professor Me. Ricardo Albuquerque Azenha
Professor Me. Juliano Mario da Silva
Professor Esp. Haroldo Yutaka Misunaga
Objetivos de Aprendizagem
• Entender o conceito de intraempreendedorismo.
• Conhecer as formas de desenvolvimento do intraempreendedorismo nas empresas.
• Analisar a influência da globalização no empreendedorismo local.
• Identificar as tendências e desafios do empreendedorismo.
Plano de Estudo
A seguir, apresentam-se os tópicos que você estudará nesta unidade:
Crescer é o desejo de dez entre dez empreendedores. O sucesso de suas empresas é a realização de
sonhos acalentados durante anos. O próprio desafio de empreender, agora superado, parece coroado
quando a empresa expande suas fronteiras, ganha mercados e se consolida em sua área de atuação.
Este sonho, no entanto, traz um grande paradoxo: crescer, agigantar-se, pode ser o garrote que sufoca o
processo de inovação e agilidade que fez com que a empresa crescesse. Como assim?
Num mercado mundial, cada vez mais acirrado, as grandes corporações sofrem com a concorrência de
outras grandes empresas e, ao mesmo tempo, de pequenas empresas que abocanham pedaços de seu
mercado. Lutar nas duas frentes não é fácil. É evidente, como você talvez já tenha concluído, que o fato
de serem grandes facilita a utilização de recursos, que elas têm em abundância. No entanto, a agilidade e
a inovação apresentadas pelas pequenas empresas – mesmo carentes de recursos como as grandes – é
de fato uma ameaça bem real. São muitos os relatos de pequenas empresas que acabaram por superar
as gigantes corporações por meio de suas competências em agilidade e inovação.
No entanto, uma vez que elas conseguem também se agigantar, começam a padecer dos mesmos males
das anteriores concorrentes: o gigantismo torna a reação aos pequenos concorrentes lenta e difícil.
Buscando vencer estas dificuldades que se apresentam ao longo do caminho, é interessante observar um
artigo publicado na revista Director em 2005 e citado por Chieh (2007), em que se conclui por estudos
que simplesmente converter o estilo organizacional, adotando o das empresas “.com”, não é suficiente – e
muitas vezes nem viável – para que as grandes corporações ganhem agilidade. Os especialistas autores
desse artigo, no entanto, afirmam que essas empresas devem incentivar os empreendedores internos
para assumirem riscos calculados para inovar. Aliado a isso, devem também acompanhar o progresso
dessas iniciativas e tomar ações para mitigar os riscos e as dificuldades que um empreendedor externo
enfrentaria. Ou seja, eles também concluíram que o incentivo ao intraempreendedorismo seja uma
alternativa concreta para a sobrevivência das grandes corporações engessadas. Chieh (2007) cita ainda
um comentário de Ronald Jonash, diretor da consultoria Monitor: “Coisas espantosas acontecem quando
as pessoas se sentem valorizadas por suas ideias e podem exercitar o próprio julgamento e sabedoria”.
Então, as perguntas: o que fazer para que as empresas, não importa o seu tamanho, continuem a ser
ágeis e inovadoras? Como preservar aquela “fome” por vencer, por acreditar, por inovar? - já têm uma
resposta: o intraempreendedorismo.
De alguns anos para cá, principalmente com o foco das empresas voltado para a inovação, ganhou
força a ideia do intraempreendedorismo. O termo parece autoexplicativo: ser empreendedor dentro das
organizações. Você talvez já tenha concluído isso somente pelo título desta unidade, não é mesmo?
No entanto, apesar de guardar a ideia central, esta interpretação do termo não pode ser tão reducionista
assim. A própria ideia de intraempreendedorismo tem vertentes muito amplas de definições. Vamos olhar
um pouco do desenvolvimento do entendimento deste termo.
Outros autores, ampliando nosso conhecimento sobre o assunto, explicam que “o empreendedorismo
corporativo, empreendedorismo interno ou intraempreendedorismo, é o empreendedorismo praticado em
organizações já existentes, independentemente de seu tamanho ou mercado em que atua” (FERRAZ
et al., 2008). Dessa forma, o intraempreendedorismo relaciona-se, além da criação de novos negócios
corporativos, também a outras atividades inovadoras, por exemplo, o desenvolvimento de novos produtos,
serviços, tecnologias, práticas administrativas, estratégias e posturas competitivas.
Talvez o grande desafio das empresas seja não sufocar o espírito de empreender presente em seus
funcionários. Na verdade, esse desafio é tão grande que muitas empresas não sabem lidar com isso.
Acabam acreditando que não é possível conciliar o desejo de empreender dos funcionários com os
interesses organizacionais. Algumas até incentivam que o funcionário se desligue da empresa e passe a
ser um fornecedor ou prestador de serviços, modelo que, segundo essas empresas, atenderia ao ímpeto
empreendedor de alguns funcionários alinhando a política de controle interno da empresa.
Embora você possa achar que essa ideia tem algum fundamento – e na prática, algumas vezes funciona
– a conclusão é óbvia: a empresa estará abrindo mão de ter em seus quadros alguém com espírito
empreendedor em ebulição. Quanto vale isso?
Para quebrar a lógica cruel que mencionamos acima, em que a empresa abre mão do funcionário para
manter sua rígida estrutura de controle, vamos examinar casos de sucesso em que a promoção do
intraempreendedorismo mudou a cultura empresarial de forma definitiva.
Um dos casos mais clássicos é o “Post it” da 3M. Basicamente a inovação que resultou neste produto
revolucionário à época deu-se da seguinte forma:
1. Tolerância ao erro (um cientista da 3M precisava criar um adesivo muito forte para uma aplicação
industrial, mas acabou inventando um adesivo fraco, que não colava).
2. Gestão do Conhecimento (este insucesso foi compartilhado para que outros cientistas colaboras-
sem com a ideia e encontrassem eventualmente uma utilidade para o adesivo).
3. Paciência e Gestão de Longo prazo (Foram necessários 5 anos para que outro cientista 3M inves-
tigasse aquele adesivo e iniciasse um novo projeto).
4. Empreendedorismo (Art Fry, o cientista da 3M que criou o Post-it, tinha uma necessidade… ele
cantava num coral e sonhava com um marcador de páginas auto-adesivo que não danificasse as par-
tituras… e usou a política 3M que incentiva seus funcionários de P&D a empregar 15% do seu tempo
para projetos de sua paixão, não necessariamente solicitados por seus chefes…).
5. Perseverança e Paixão (mesmo com algumas resistências iniciais, Art Fry se dedicou a criar um bu-
siness case, mostrando o potencial da ideia ao distribuir amostras a centenas de funcionários e obter
feedback positivo para o produto em gestação).
Extraído de: <http://www.mkmconsulting.com.br/blog/gestao-do-conhecimento/gestao-do-conhecimen-
to-aplicado-a-inovacao-%E2%80%93-case-post-it-3m/>. Acesso em: 19 abr. 2012.
Agora pense: a empresa 3M teria obtido o sucesso neste produto se tivesse uma cultura rígida e sufocante?
Onde estariam os intraempreendedores da 3M se isso fosse verdade?
Outro caso muito interessante é o da Apple. Essa empresa todos nós conhecemos, especialmente pela
figura emblemática de seu recentemente falecido fundador, Steve Jobs. Falar da Apple hoje é falar de
inovação, de produtos de qualidade, de exclusividade e tecnologia. Apesar de muitas empresas terem
produtos similares hoje no mercado, basicamente podemos dizer que são “seguidoras” dos produtos
Apple. Se você possui ou conhece um iMAC, um iPod, um iPAD, você sabe do que estou falando.
Pois bem, como a Apple atingiu este nível de inovação? Incentivando seus intraempreendedores. Chieh
(2007) cita o então o Vice-Presidente da companhia, Jonathan Ive, que explica o processo desenvolvimento
da Apple, que, “em vez de passar por diversos estágios de desenvolvimento e diferentes times de forma
sequencial, as equipes de todos os departamentos da companhia trabalham simultaneamente nos
projetos”. Este executivo menciona que “o perfil da equipe de criação é de gente tão afinada que bebe
o mesmo sabor de refrigerante e tem um senso de autocrítica exacerbado em relação aos produtos que
Parece que até agora já encontramos a solução para vários problemas de que são acometidas as
empresas, ou seja, incentivar um espírito empreendedor entre seus funcionários. Se fosse tão simples
fazer isso, todos fariam, não é verdade?
O fato é que desenvolver o intraempreendedorismo passa por uma mudança radical na cultura
organizacional.
O ideal seria atingir o nível descrito por Hashimoto (2006, p. 23, apud FERRAZ, 2008): “a organização
intraempreendedora sendo a empresa que consegue recuperar o espírito empreendedor presente em
seus tempos áureos de infância, época em que era mais criativa, dinâmica, ousada, ágil, flexível, proativa
e realizadora”. Este patamar seria atingido “sem perder os benefícios que a burocracia trouxe para torná-
la mais organizada e administrável, aproveita, ao mesmo tempo, seu aprendizado em outras iniciativas,
como descentralização, terceirização, fusão e downsizing”. Para Hashimoto, “a organização intra-
empreendedora aproveita o melhor dos dois mundos, mantendo sempre vivo o desafio de se reinventar e
de se adaptar continuamente para não entrar no estágio da velhice” (HASHIMOTO, 2006, pp. 52-53 apud
FERRAZ, 2008).
O estágio a ser atingido é de uma empresa em que as barreiras à comunicação são eliminadas, em que
o fomento da inovação, a busca da identificação de oportunidades, o trabalho criativo para a organização
do trabalho e dos processos empresariais de forma mais integrada aconteçam o tempo todo. Este
comportamento deve “contaminar” todos os níveis organizacionais principalmente com foco nas pessoas
“que devem se sentir motivadas para agirem de forma empreendedora, sendo recompensadas por buscar
algo novo, muitas vezes assumindo riscos e a possibilidade de fracassar” (FERRAZ, 2008, p. 38).
Ferraz (2008) elaborou uma pesquisa em que é possível identificar as características das empresas
intraempreendedoras. O resultado pode ser analisado no Quadro 11 abaixo:
CARACTERÍSTICAS AUTORES
Isto não é uma utopia. Conforme vimos nos cases acima, é perfeitamente possível conseguir atingir este
estágio. Não é o caso somente de empresas americanas e europeias. O Brasil é também um país que
conta com muitas empresas que já apresentam estas características.
EMPREENDEDORISMO E GLOBALIZAÇÃO
Sempre que escrevo sobre globalização lembro de uma aula nos Estados Unidos em que um professor
americano apresentava a nossa turma do MBA Executivo a diferença entre empreendedores brasileiros e
americanos. Dizia ele, isso no fim da década de 90, que os empreendedores americanos quando decidem
abrir um negócio se preocupam inicialmente em ser o melhor na sua cidade, depois no seu estado, ai quer
ser o melhor no país e depois o mundo, enquanto os brasileiros que abrem uma empresa e tem algum
sucesso logo se preocupam em imobilizar o recurso da empresa, com carros de luxo, apartamentos,
propriedades rurais e por aí vai.
Por essas característica é que americanos dominavam até aquela altura grandes negócios mundiais, e o
pior, ele estava certo. Porém, passado quase quinze anos o que vemos é bem diferente. O descrédito que
o sistema americano aumentou e o Brasil fazendo sua lição de casa nas contas públicas e melhorando
as condições de formação e capacitação de empreendedores fez com que a situação hoje mudasse
consideravelmente. Hoje somos uma economia mundial e que conserva fundamentos importantes da
democracia e do bom capitalismo que é a solidez de nossas instituições, e melhor ainda, muitos dos
negócios brasileiros se tornaram mundiais.
Hoje um brasileiro que procura uma instituição de ensino superior ou instituições como o SEBRAE já são
orientados que estão abrindo um negócio no mundo, ou seja, circunstancialmente seu registro empresarial
será numa cidade brasileira, porém caso sonhe seu negócio atuará em todo o mundo.
Cabe destacar aqui o efeito de distribuição de renda que o fenômeno do empreendedorismo permite, uma
vez que o grande gerador de empregos são as pequenas empresas, atuando globalmente é provável que
a empresa venda seus produtos em várias partes do mundo e gere emprego e renda na cidade onde está
instalada.
Se voltarmos nosso olhar para a gestão do negócio o empreendedor tem que estar muito mais preparado,
segundo Garcia (2009), pois assim como a empresa pode competir em outro mercado em algum país,
outras empresas podem vir para disputar a fatia desses mercados locais e isso exige um nível de
profissionalismo da gestão muito maior que em ambientes anteriores ao fenômeno da globalização.
E por fim, a globalização exige investimentos considerando que uma nova variável surgiu nas conquistas
desses mercados que é a diferença cultural. Empresas não conseguem impor sua cultura local no mundo,
ao contrário, é necessário investir em pesquisa para entender qual nicho de mercado essa empresa pode
explorar, e na maioria dos casos adaptando sua produção às necessidades culturais de outro país.
Por outro lado, se tratando em sua maioria de pequenas empresas, o estudo do empreendedorismo
aborda os desafios que essas pequenas empresas enfrentam no mercado. Com isso, o objetivo desta
unidade não é discutir pontos importantes como os da inovação e produtividade, vamos nos concentrar
aqui em pontos mais corriqueiros da gestão empresarial, afinal, para se investir em grandes projetos de
inovação tecnológica é preciso dinheiro, e dinheiro você consegue com boa gestão ou com empréstimos,
como no Brasil empréstimo é impeditivo ao crescimento empresarial, vamos nos concentrar nos desafios
e tendências da gestão empreendedora.
Estamos agora no ano de 2012, enfatizo isso, pois esse material pode ser lido daqui a alguns anos, assim é
importante destacar o marco histórico econômico desse momento que é de economia interna estabilizada
e uma crise brutal externa que se arrasta desde 2008 com a crise de credibilidade do sistema financeiro
americano. Gosto sempre de lembrar que os grandes mentores do sistema capitalista neoliberal, os
americanos, consideravam o equilíbrio natural do mercado e a ação mínima do Estado nesse processo,
este se obrigaram em 2009 a comprar grandes corporações como a General Motors, caso contrário a GM
quebraria outras megas empresas e possibilitaria o desencadeamento de uma crise mundial catastrófica.
Enfim, mas o que interessa dessa história toda é que no momento a oferta de crédito interno em busca
de juros maiores é imensa. Desta forma, a grande tendência para empreendedores é a diminuição dos
juros de financiamento, porém, isso pode ser uma armadilha, pois o sistema bancário brasileiro é muito
profissional não permitindo amadorismos quando se trata de gestão financeira. Diante disso é necessário
que empresários antes de captar recursos financeiros verifiquem se sua gestão está preparada para isso,
caso contrário terão sérias dificuldades.
Como sempre digo, uma empresa é, em essência, a união organizada de vários recursos. Recursos
Esses software permitiram a otimização de mão de obra, num primeiro momento várias pessoas perderam
seus cargos administrativos, nos dias de hoje, com mão de obra escassa, são até importantes para o
processo administrativo. Porém, quem ficou no sistema ficou sobrecarregado, e aí está um novo desafio,
a administração do tempo. O empreendedor moderno tem que aprender otimizar seu tempo ao máximo,
existem hoje até mesmo empresas e consultores especializados em reeducar as pessoas a otimizar seu
tempo diante do novo mundo de atividades que esse mercado globalizado exige.
Fonte: SHUTTERSTOCK.COM
Atualmente, muitos empreendedores iniciais utilizam de um plano de negócios para entender melhor
o mercado em que estão ingressando, porém o famoso planejamento estratégico que só funciona em
multinacionais e empresas de grande porte vão passar a funcionar também em empresas de menor
porte, assim como a qualidade. Isso se dá em decorrência do aumento do número de empresas que têm
certificados de qualidade, e sabemos que empresas que têm certificação de qualidade têm que comprar
de fornecedores que têm também certificação de qualidade. Nos próximos anos veremos um salto ainda
maior de melhoria da gestão em empresas por todo o Brasil.
Outra tendência para os próximos anos é a visão moderna de gestão no sentido de troca de experiências.
Cada vez mais os empreendedores participarão de feira e exposição nos respectivos segmentos de
atuação, e ainda mais, como o conteúdo de empreendedorismo hoje está em todos os cantos, Internet,
Universidades, cursos de capacitação, entidades promotoras do crescimento, será mais comum a troca
de experiência entre empreendedores ou até mesmo a manutenção, principalmente em empresas de
maior porte, de conselhos consultivos que terão papel importante no direcionamento do negócio.
O processo de terceirização da década de 90 teve como principal papel a diminuição dos custos, porém
se perdeu também em qualidade. A terceirização permanece com força total, porém a qualidade tende
a se manter, vários dos que estão lendo esse material agora passaram pela situação em que a empresa
terceirizou o refeitório e hoje se serve uma comida industrial sem gosto, ou uma empresa que tinha um
lindo jardim, demitiu os jardineiros e hoje tem um jardim com um mínimo de limpeza. Essa terceirização
terá que ser feita com a racionalidade que o mercado exigirá, ou seja, a empresa se especializando no
que realmente é seu negócio e terceirizando as atividades que não são atividades fins para empresas e
profissionais altamente preparados.
A Coca-Cola, a Gerdau, a Nestle descobriram há décadas, ou a mais de um século atrás, que a marca
é um dos principais patrimônios da empresa, e é realmente. A preocupação de uma marca forte também
deve ser para pequenas empresas, claro que uma pequena empresa do interior do Paraná não será
conhecida no curto prazo em toda a América do Sul, mas o primeiro passo é se tornar líder de mercado
e com valor percebido pelo cliente da sua pequena cidade e por aí chegar a uma empresa conhecida no
estado ou no país.
Um dos fi lmes mais intrigantes dos últimos tempos é o blockbuster A Rede Social, que narra a história da criação
do Facebook. Essa rede social pode ser classifi cada como uma das maiores inovações dos últimos tempos,
embora o conceito de rede social em si não fosse novo na época de sua criação.
Polêmicas do surgimento desta rede à parte, vale a pena assistir ao fi lme (para quem ainda não fez isso) e ler a
crítica do fi lme publicada no site do UOL.
Enquanto o Facebook conecta pessoas, David Fincher isola Mark Zuckerberg em um fi lme sobre dissonâncias
Título original: The Social Network
Lançamento: EUA , 2010 - 120 minutos
Gênero: Drama
Direção: David Fincher
Roteiro: Aaron Sorkin, Ben Mezrich (livro)
Elenco: Jesse Eisenberg, Andrew Garfi eld, Justin Timberlake, Armie Hammer, Rooney Mara, Max Minghella,
Rashida Jones
A Rede Social (The Social Network) vence o espectador logo na primeira cena por exaustão, quase por W.O.,
antes mesmo dos créditos iniciais. Mark Zuckerberg (Jesse Eisenberg) fala sem parar sobre os QIs dos gênios
e as fraternidades mais exclusivas de Harvard numa velocidade que a sua namorada, à sua frente, não consegue
acompanhar. O barulho no Thirsty Scholar Pub é alto, toca “Ball and Biscuit”, e no momento em que Zuckerberg
fi nalmente leva um fora da garota nós podemos ouvir o climático solo de guitarra da música do White Stripes
ao fundo.
A trilha sonora executada como extensão do conturbado fl uxo de consciência de Zuckerberg é uma das ferra-
mentas de que o diretor David Fincher dispõe para manter o espectador conectado à sua verborrágica história
oral da criação do Facebook. Isso fi ca claro no instante seguinte, a saída do pub, os créditos do fi lme, quando
toca fora de cena a primeira faixa composta por Trent Reznor e Atticus Ross especialmente para a trilha, “Hand
Covers Bruise” (é a mesma música que fi ca ao fundo no site ofi cial). Nela, acordes simples ao piano vêm acom-
panhados de um zumbido que nos deixa ao mesmo tempo apreensivos e anestesiados.
Há um clima de urgência se instalando em A Rede Social, como se Mark Zuckerberg, depois do fora, corresse ao
dormitório por predestinação, chamado a cumprir um papel milenar que lhe cabe. O nerd não é um macho alfa,
de qualquer forma, e como o nosso narrador tem à mão a Internet, o seu fl uxo de consciência logo vira uma série
de posts rancorosos no velho Livejournal. Para se vingar das mulheres, Zuckerberg hackeia do seu quarto em
Harvard algumas redes de faculdades e cria um site que ranqueia fotos de universitárias. Começa a germinar aí
a ideia da rede social que o tornou bilionário.
O Zuckerberg real afi rma que nunca houve a tal namorada, mas para o fi lme isso não importa. Como uma advo-
gada diz mais adiante, “todo mito de criação precisa de um diabo”, e o gênio overachiever de Harvard não é muito
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Ainda nesta unidade, apresentamos argumentos para analisar e compreender o processo empreendedor
em relação à globalização, como tais aspectos se tornam importantes uma vez que servem de balizadores
para a busca e aproveitamento de oportunidades empreendedoras.
O Brasil tem evoluído no contexto econômico mundial e, para que esse crescimento se torne sustentável
é necessário que os empreendedores estejam preparados, por isso o desafio começa dentro da empresa,
em que o empreendedor tem que organizar todos os processos e gerir o negócio com planejamento e
eficiência. Aliados aos desafios internos existem os desafios externos nos quais se destacam os incentivos
ao empreendedorismo.
Espero que este material estimule as boas práticas na gestão de novos negócios ou de antigos negócios
ATIVIDADE DE AUTOESTUDO
1 – Faça uma pesquisa no site da sua prefeitura e identifi que que informações apresentadas ali são
voltadas à promoção do empreendedorismo.
2 – Qual sua avaliação quanto ao preparo da empresa em que trabalha ou trabalhou para os desafi os e
tendências apresentadas no texto?’
Compreender a dinâmica econômica atual em que mercados estão cada vez mais globalizados e
interligados torna-se essencial para empresas que almejam sobreviver e prosperar. Além disso, a
realidade social atual envolvendo povos e nações contribui para a modificação da relação entre pessoas
e o mercado.
Diante desse contexto, apresenta-se como fato importante analisar e compreender um assunto que
está em voga no momento: o empreendedorismo. Mais do que a criação de novos empreendimentos, o
fenômeno do empreendedorismo proporciona a geração de emprego e renda, fazendo com que micro e
pequenas empresas sejam verdadeiros “motores” capazes de “mover” a economia de países e também
melhorando condições sociais da sua população.
Este livro abordou de forma equilibrada as diversas facetas relacionadas com o empreendedorismo,
desde a sua essência até temas mais atuais como o franchising. Foram consideradas as características
e também as motivações pessoais que levam indivíduos a se tornarem empreendedores. A possibilidade
de transformação de um “sonho” ou uma “ideia” em algo concreto foi tratado com base em planejamento
oriundo da elaboração de um plano de negócios.
Além do que, o enfoque dado aos assuntos tratados neste livro foi o de trazer à tona o universo e
peculiaridades do ambiente empresarial brasileiro, em que as micro e pequenas empresas poderão atuar.
As fontes de financiamento apresentadas, bem como as formas de proteção da propriedade intelectual
oriunda da criação de produtos e serviços condizem com as atuais práticas realizadas no contexto
brasileiro. Com isso, buscou-se situar o pós-graduando na realidade vivenciada por grande parte das
micro e pequenas empresas em geral.
Por fim, esperamos que, ao ler e discutir os assuntos abordados por este livro, muitas dúvidas possam
ter sido esclarecidas bem como a possibilidade de tornar-se empreendedor tenha sido desmistificada.
Sabe-se que no Brasil tornar-se um empreendedor bem-sucedido não é uma tarefa das mais fáceis. É
necessário uma boa dose de criatividade, ousadia, capacidade de “aprender sempre”, mas principalmente
muita persistência. Então, as “portas” para o universo do empreendedorismo foram “abertas” para que
você possa escolher qual será o melhor caminho a trilhar. A “viagem” está apenas começando.
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