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TRANSFERÊNCIA

DE CALOR EM
SOLDAGEM

Sandro Rosa Corrêa


Engenheiro Metalúrgico
Objetivo

Estudar os efeito do fluxo de calor em soldagem e


como pode afetar as transformações de fase
(microestruturas), propriedades mecânicas e
tensões residuais
Principais Estados da Matéria
Sólido Líquido Gás
• Forma rígida; • Forma indefinida; • Forma indefinida;
• Arranjo compacto, • Arranjo desordenado; • Arranjo totalmente
ordenado; • Volume definido; desordenado;
• Volume definido; • Partículas movem-se • Volume indefinido;
• Movimento molecular umas entre as outras. • Partículas livres para se
restrito. moverem.

Aquece Aquece
⎯⎯ ⎯ ⎯→ ⎯⎯ ⎯ ⎯→
⎯ ⎯⎯⎯ ⎯ ⎯⎯⎯
Re sfria Re sfria
Temperatura: Noção intuitiva
Grandeza física que indica o estado (grau de agitação) das
partículas de um corpo, caracterizando o seu estado
térmico.

T1 > T2 T1 > Teq > T2

T1 T2 T T

contato
Calor e sua propagação
Calor (uma definição):
“Calor é a energia térmica em trânsito, devido a uma
diferença de temperatura entre os corpos”.

Há transferência líquida de calor, espontaneamente, do


corpo mais quente para o corpo mais frio.
Unidades de medida de calor
caloria – cal
Joule – J
British thermal unit – Btu

O Btu é a quantidade de calor pra elevar 1 lb de


água de 63°F para 64°F.
Joule - unidade adotada pelo SI para energia.

A caloria é definida
como a quantidade de
calor necessária para se
elevar de 14,5°C para
15,5°C uma quantidade
de 1g de água.
Convenção para a Troca de calor

calor recebido Q>0

Q<0 calor retirado


Troca de Calor
Corpos em desequilíbrio térmico trocam calor para
alcançar o equilíbrio.

Em um sistema isolado, a quantidade total de calor trocado


entre os corpos é nula, ou seja, o calor total recebido pelos
corpos mais frios é igual ao calor total retirado dos corpos
mais quentes.

Q1 + Q2 + Q3 + ... + Qn = 0
• Termodinâmica:
Estuda as interações (trocas de energia) entre um sistema
e suas vizinhanças.

• Transferência de calor:
Indica como ocorre e qual a velocidade com que o calor é
transportado.
O que ocorre com a temperatura de um corpo
quando se transfere calor a ele??

A temperatura pode
aumentar ou não.
Calor sensível
Quando o calor é utilizado pela substância apenas para variar sua
temperatura, sem alterar seu estado físico.

Ex.: aquecimento da água numa panela antes da fervura.

Q = C DT = m c DT
Q = quantidade de calor trocado [J, cal, kcal, BTU
etc];
C = capacidade calorífica do corpo [J/ºC];
m = massa do corpo [g, kg];
c = calor específico da substância [J/(kg ºC)];
DT = variação da temperatura (Tfinal - Tinicial) [K, ºC].
Calor específico e capacidade
calorífica
H2O Barra de Calores específicos
ferro
(a 25ºC e 1 atm) [J/(kg ºC]:
H2O = 4200; Gelo (0ºC) =2040
Etanol = 2400;Alumínio = 900;
Cobre = 390;Latão = 380;
Ferro = 450; Vidro = 840.
Valores de c (25ºC e 1 atm)
Calor Específico Calor Específico Molar
Substância cal/(g.K) J/(kg.K) J/(mol.K)
Sólidos Elementares
Chumbo 0,0305 128 26,5
Tungstênio 0,0321 134 24,8
Prata 0,0564 236 25,5
Cobre 0,0923 386 24,5
Alumínio 0,215 900 24,4

Outros Sólidos
Latão 0,092 380
Granito 0,19 790
Vidro 0,20 840
Gelo (-10°C) 0,530 2.220

Líquidos
Mercúrio 0,033 140
Álcool etílico 0,58 2.430
Água do mar 0,93 3.900
Água doce 1,00 4.190
Fonte: Halliday
Qual a velocidade de uma Troca de Calor?
Velocidade  Fluxo de calor

T1 >
T2
Q
• Quantidade de calor que atravessa uma área A Q
q= =
Intervalo de tempo Dt

No SI, o fluxo de calor é dado em J/s ou Watt.


Temperatura (uma definição):
“Grandeza física que indica a direção e permite o cálculo da
intensidade do fluxo de calor trocado entre dois corpos”.
Processos de Transferência de Calor
• Condução
• Convecção
• Radiação térmica

Condução Convecção Radiação térmica


Condução
Transferência de energia de partículas
mais energéticas para partículas
menos energéticas por contato direto.

Necessita obrigatoriamente de meio


material para se propagar.

Característico de meios Fonte:


www.terra.com.br/fisicanet

estacionários.
Condução de Calor
Condução
Calor

Condução de calor ao longo de uma


barra.

T1 > T2

Condução de calor ao longo de gás confinado.


A transmissão de calor ocorre, partícula a partícula, somente
através da agitação molecular e dos choques entre as
moléculas do meio.
Fluxo de Calor na Condução
• “Lei de Fourier”:
• A  (T1 − T2 )
qcond =k
L

k é a condutividade térmica [W/(m ºC)]


k (Fe a 300K) = 80,2 W/(m ºC)
k (água a 300K) = 5,9 x 10-1 W/(m ºC)
k (ar a 300K) = 2,6 x 10-2 W/(m ºC)
Convecção
Transmissão através da agitação
molecular e do movimento do próprio
meio ou de partes deste meio;

Movimento de partículas mais


energéticas por entre partículas menos
energéticas;

É o transporte de calor típico dos


meios fluidos.
Fonte: www.achillesmaciel.hpg.ig.com.br
Convecção natural e forçada
Na convecção natural, ou livre, o escoamento do fluido é
induzido por forças de empuxo, que vem de diferenças de
densidade causadas por variação de temperatura do fluido.

Transporte natural de fluidos

Convecção natural
Convecção natural e forçada
Na convecção forçada o fluido é forçado a circular sobre a
superfície por meios externos, como uma bomba, um
ventilador, ventos atmosféricos.

Transporte forçado
de fluidos

Convecção forçada
Fluxo de Calor na Convecção
• “Lei de Newton do Resfriamento”:

qconv = h  A  (Ts − T )

Área A

- h é o coeficiente de transferência convectiva de


calor ou coeficiente de película [W/(m2 ºC)]
Coeficiente de transferência
de calor por convecção - h
Processo h [W/(m2 K)]
Convecção natural
Gases 2 – 25
Líquidos 50 – 1.000

Convecção forçada
Gases 25 – 250
Líquidos 50 – 20.000

Convecção com mudança de fase


Ebulição ou condensação 2.500 – 100.000
Fonte: Incropera
Irradiação ou radiação térmica
- Toda a matéria que se encontra a uma temperatura acima
do Zero Absoluto (0 K) irradia energia térmica.

- Não necessita de meio material para ocorrer, pois a


energia é transportada por meio de ondas
eletromagnéticas.

- É mais eficiente quando ocorre no vácuo.


Radiação Térmica ou Irradiação
Ondas eletromagnéticas
Processos de Transferência de Calor

Os diferentes mecanismos de
troca térmica ocorrem
simultaneamente nas mais
diversas situações.

Trocador de Calor
Introdução

Na maioria dos processos de soldagem é feito um


aquecimento da junta até uma temperatura
adequada.
Introdução

Os efeitos são decorrentes dos ciclos térmicos


e das temperaturas que a zona da solda
atingem.

IMPORTÂNCIA

•Entender os fenômenos térmicos;


•Controle das variáveis que afetam o
processo.
Fatores no estudo da transferência de
calor em juntas soldadas

•Aporte de energia ou de calor a uma junta


soldada, insumo de calor ou energia;
•Rendimento térmico do arco elétrico;
•Distribuição e picos de temperatura (ciclo
térmico) durante a soldagem;
•Tempo de permanência nessas temperaturas;
•Velocidade de resfriamento da zona de solda.
Energia disponível

•Dissipação para atmosfera sob a forma


de calor irradiante;
•Perda por convecção no meio gasoso
que protege a poça de fusão;
•Realmente utilizada para a execução da
soldagem.
Intensidade da fonte de energia ou
potência específica
Soldagem por fusão: fontes de energia de alta temperatura:
1.000 a 20.000 K

PROCESSO DE SOLDAGEM INTENSIDADE DA FONTE (W/m2)


Eletrodo revestido (SMAW) 5 x 106 - 5 x 108
MIG/MAG (GMAW) 5 x 106 - 5 x 108
Plasma (PAW) 5 x 109 - 5 x 1010
Feixe eletrônico (EBW) e LASER 5 x 1010 - 5 x 1012

➢ Portanto, a maioria dos processos de soldagem por fusão é


caracterizada pela utilização de uma fonte de calor intensa
e localizada.
Welds in 13 mm-thick; 2219 aluminum: (a) electron beam weld; (b) gas-tungsten arc weld.
Laser beam welding with CO2; (a) process; (b) weld in 13 mm-thick A633 Steel.

Weld penetration in GMAW and laser-assisted GMAW using CO2 laser at 5.7kW.
Considerações

➢A energia concentrada pode gerar, em pequenas


regiões, temperaturas elevadas, altos gradientes
térmicos (102 a 103 oC/mm), variações bruscas de
temperatura (de até 103 oC/s)

➢Extensas variações de microestrutura e


propriedades em um pequeno volume de material.
Considerações
➢Estas alterações de temperaturas causam, além da
fusão e solidificação do cordão de solda,
variações dimensionais e alterações
microestruturais localizadas que podem resultar em
efeitos indesejáveis:

a) tensões residuais e distorções;


b) alterações nas propriedades mecânicas
(resistência mecânica, tenacidade, etc.);
c) formação de trincas devido: a) e b);
d) mudanças de propriedades físicas, químicas, etc.
Considerações

➢O fluxo de calor na soldagem pode ser dividido:

- fornecimento de calor à junta;


- dissipação deste calor pela peça.
Fornecimento de calor à junta

Energia de Soldagem ou Aporte de Térmico

H= q/L H= P/v H= kJ/mm

Soldagem a Arco

E = V.I / v E =  V.I / v

 - rendimento térmico do processo


Eficiência Térmica
Eficiência Térmica
 = Energia transferida para a peça
Energia gerada pela fonte de calor

PROCESSO DE SOLDAGEM 
Eletrodo revestido (SMAW) 0,70 - 0,85
MIG/MAG (GMAW) 0,75 - 0,95
Arco Submerso (SAW) 0,85 - 0,98
TIG (GTAW) – CA 0,20 - 0,50
– CC- 0,50 - 0,80
Feixe eletrônico (EBW) 0,80 - 0,95
LASER (LBW) 0,003 - 0,70

Por que um processo a laser tem baixa eficiência térmica e alta


velocidade de soldagem ou corte?
Eficiência Térmica

•A energia de soldagem é um parâmetro cuja medida é


simples, sendo utilizado em normas e trabalhos
técnicos para especificar as condições de soldagem.
•Sua utilização deve ser feita com alguma cautela.
•Nem sempre existe uma relação direta entre a energia
de soldagem e seus efeitos na peça, pois os parâmetros
de soldagem (corrente, tensão e velocidade de
deslocamento) afetam de modo diferente a intensidade
do arco e o rendimento térmico do processo.
Eficiência Térmica
•Assim, embora utilizando o mesmo processo e energia
de soldagem, é possível obter soldas de formatos
completamente diferentes pela variação individual dos
parâmetros de soldagem.

Geometria de cordões de solda depositados com uma energia de


soldagem de aproximadamente 1,8 kJ/mm (esquemático).
Condições de soldagem: (a) 800A, 26V e 12mm/s e (b) 125A, 26V
e 1,7mm/s.
Melting efficiency; (a) lower at lower heat input and welding speed; (b) higher at higher heat input and
welding speed; (c) variation with dimensionless parameter EIV/(H).
Eficiência Térmica
Calorímetro

W – Taxa de vazão da água


C – Calor específico da água

Measurement of arc efficiency in GTAW; (a) calorimeter; (b) rise in cooling water temperature as a function of time.
110A, 10V 15 IPM, Water flow rate= 495 ml/min, welding time= 23,1 sec
Eficiência Térmica

Eficiência do arco como uma função do teor de Ar-He no gás de proteção. Os


números em mm indicam o comprimento do arco na soldagem GTA. De Kou
e Lu.
Plasma arc. Gas tungsten arc.
Comparison between a gas–tungsten arc and
a plasma arc.

Arc efficiencies in GTAW and PAW.

Arc efficiencies in GMAW and SAW.


Energia de Soldagem
É uma medida da quantidade de calor cedida à peça, por
unidade de comprimento da solda:

Na 2a etapa, a dissipação do calor ocorre principalmente


por condução na peça, das regiões aquecidas para
o restante do material. A evolução de temperatura em
diferentes pontos, devido à soldagem, pode ser estimada
teórica e experimentalmente.
Balanço Térmico na Soldagem por Fusão

ESCOAMENTO DE CALOR EM SOLDAGEM


➢Entradas de calor:
•Fonte de calor utilizada (chama, arco, resistência de contato, etc);
•Reações metalúrgicas exotérmicas.

➢Saídas de calor:
•Condução através da peça;
•Condução através do eletrodo;
•Perdas por radiação e convecção e
•Reações endotérmicas.
Balanço Térmico na Soldagem por Fusão
ESCOAMENTO DE CALOR EM SOLDAGEM
VALOR VALOR
ENTRADAS DE CALOR SAÍDAS DE CALOR
(%) (%)
1. Arco elétrico 94 1. Perdas no arco e 20
2. Reações 6 no eletrodo
exotérmicas 2. Condução através 78
da peça
3. Perdas na 2
superfície da peça
Cordão de solda
Eletrodo revestido de 3,2mm de diâmetro
Velocidade de 2,5mm/s
Corrente de 150A
Tensão de 23V
Área do cordão: 25mm2 (seção transversal)
Repartição Térmica

É a representação da máxima temperatura


atingida em cada ponto, em função da
distância deste ponto ao centro do cordão
de solda

Extensão máxima é
determinada pela mínima
temperatura que afeta a
microestrutura
Repartição Térmica

TIG – Perde temp. devido a vareta.


MIG – Arame aquecido pelo efeito Joule.
TIG e MIG – Perda pelo contato do bico de cobre e pelo gás de
proteção.
ER – Perda devido a fusão do revestimento e da alma do eletrodo.
Repartição Térmica
Ciclo Térmico de Soldagem

O processo de aquecimento e resfriamento da


zona de solda é conhecido como Ciclo Térmico
de Soldagem (CTS).
Os CTS podem ser divididos na prática pela
medida direta a partir de termopares inseridos
sob o cordão de solda e acoplados a
registradores x-t, ou então calculados
teoricamente.
Obs.: A abordagem teórica pode ser vista no trabalho pioneiro
sobre fluxo de calor, de ROSENTHAL,
D. – Welding Journal Res. Sup., v.20, no 5, 1941, p.220. .
Ciclo Térmico de Soldagem
Fluxo de Calor na Soldagem

EQUAÇÃO FUNDAMENTAL DE TRANSFERÊNCIA DE CALOR


Fluxo de Calor na Soldagem

Alumínio: 6061 1,6 mm.

•Coordenadas move com a fonte de calor a uma


velocidade constante.
•Fluxo de calor estacionário ou quase-estacionário.
Fluxo de Calor na Soldagem

Fluxo de calor, de ROSENTHAL,


D. – Welding Journal Res. Sup., v.20, no 5, 1941, p.220. .
Fluxo de Calor na Soldagem

Considerações:
1. Fonte de calor pontual;
2. Não ocorre fusão e o calor de fusão é
negligenciado;
3. Propriedades térmicas constantes,
4. Não há perda de calor na superfície da
peça;
5. A peça é infinitamente larga.
Rosenthal
Fluxo de Calor na Soldagem

Alumínio: 6061 3,2 mm.


Fluxo de Calor na Soldagem

Tridimensional

R=
Fluxo de Calor na Soldagem
Fluxo de Calor na Soldagem
Fluxo de Calor na Soldagem

Christensen et al, derivaram relações teóricas entre a


geometria do cordão de solda e a as condições de
soldagem utilizando parâmetros adimensionais
U - Velocidade Q – Heat input

D – Profundidade adimensional da solda


n – Parâmetro operacional adimensional
d – profundidade da solda
Tm – Ponto de fusão do material da peça
W = 2d
Fluxo de Calor na Soldagem
Fluxo de Calor na Soldagem

1. Temperatura no centro
próximo ao infinito,
apesar da potência da
fonte ser finita.
Considera fonte pontual.
Fluxo de Calor na Soldagem

2. Propriedades
térmicas não são
constantes, mas
tendem a variar com
a temperatura.
Fluxo de Calor na Soldagem

3. Negligência do calor
de fusão da poça.
Ciclo Térmico de Soldagem

Métodos Experimentais
A análise experimental do fluxo de calor é dificultada pelas
grandes variações de temperatura, em um pequeno volume
e em um pequeno intervalo de tempo, que
caracterizam a maioria dos processos de soldagem.

a) Medidas através de termopares (especiais)

Obs.: Os termopares devem ser adequados para temperaturas elevadas e terem pequeno diâmetro
( 0,01 mm), para acompanhar as variações bruscas de temperatura.
Ciclo Térmico de Soldagem
Ciclo Térmico de Soldagem

b) Análise metalográfica

A identificação metalográfica das regiões onde


ocorrem algumas transformações de fase
(fusão, austenitização, etc.) permite determinar
as regiões que foram submetidas a
temperaturas superiores à temperatura de
ocorrência da transformação considerada.
Ciclo Térmico de Soldagem

b) Análise metalográfica
Ciclo Térmico de Soldagem

c) Simulação
Os CTS podem ser simulados de maneira controlada em um CP com o
uso de máquinas especiais.
Um ex. deste tipo de equipamento é a máquina “Gleeble”, onde um
CP, geralmente com as dimensões de um CP Charpy, preso por
garras de cobre refrigeradas a água, é aquecido pela passagem de
corrente elétrica. A temperatura do centro do CP é medida por um
termopar e controlada por um programa.

Representação esquemática da câmara de vácuo de uma Máquina Gleeble.


Ciclo Térmico de Soldagem

Gleeble 3500 thermomechanical


simulator
Ciclo Térmico de Soldagem
d) Medidas calorimétricas
Permitem obter informações como, por ex., a
quantidade de calor absorvida pela peça. Estas
medidas são feitas em CPs especiais, refrigeradas a
água. A quantidade de energia absorvida pela peça é
considerada como igual à energia absorvida pela água,
medida pela sua vazão e variações de temperatura.
Calores específicos
H2O Barra de
(a 25ºC e 1 atm) [J/(kg ºC]:
ferro
H2O = 4200; Gelo (0ºC) =2040
Etanol = 2400; Alumínio = 900;
Cobre = 390; Latão = 380;
Ferro = 450; Vidro = 840.
Ciclo Térmico de Soldagem

Características importantes do CTS:

Ciclo térmico na soldagem em um só passe.

a) Temperatura de pico (Tp)


b) Tempo de permanência (tp)
c) velocidade de resfriamento:
Ciclo Térmico de Soldagem

a) Temperatura de pico (Tp)


Temperatura máxima atingida em um dado ponto. Tp
diminui com a distância ao centro da solda, e indica a
extensão das regiões afetadas pelo calor de soldagem.

Esta temperatura depende das condições de soldagem, geometria e


propriedades térmicas da peça, temperatura inicial da peça e distância do
ponto considerado à fonte de calor.
Ciclo Térmico de Soldagem
Ex.: Para a soldagem de topo, em um passe com
penetração total, esta dependência pode ser estimada
pela seguinte expressão:

1 k ρc h y 1
= +
T −T E T −T
p o f o
k - constante adimensional (4,13)
ρ - densidade do material
c - calor específico do material
h - coeficiente de transmissão de calor por convecção e radiação
y - distância do ponto considerado à linha de fusão
E - energia líquida de soldagem
Tf - temperatura de fusão do material
To - temperatura inicial (ambiente)
Ciclo Térmico de Soldagem
A figura abaixo mostra esquematicamente a variação de Tp
com a distância da linha de fusão e a energia de soldagem:
Ciclo Térmico de Soldagem
b) Tempo de permanência (tp)
Tempo em que o ponto fica submetido a temperaturas
superiores a uma temperatura mínima para ocorrer uma
alteração de interesse, chamada de temperatura crítica
(Tc).

Este parâmetro pode ser de interesse em materiais onde a


dissolução de precipitados e crescimento de grão podem
ocorrer.
Ciclo Térmico de Soldagem
c) velocidade de resfriamento:
Este parâmetro é importante na determinação da
microestrutura em materiais que podem sofrer
transformações de fase durante o resfriamento como, por
ex., aços estruturais comuns.
Definida pelo valor da velocidade de resfriamento a uma determinada
temperatura T, ou pelo tempo necessário (Dt) para o ponto resfriar de
uma temperatura (T1) a outra (T2).

A velocidade de resfriamento (VR) em uma dada temperatura é igual à


inclinação do ciclo térmico nesta temperatura.
Ciclo Térmico de Soldagem
c) velocidade de resfriamento:
Ciclo Térmico de Soldagem
Conceitos de chapas

Chapa Fina – Escoamento bidimensional

Solda TIG Alumínio 6061


Ciclo Térmico de Soldagem
Conceitos de chapas
Chapa Grossa – Escoamento tridimensional

Solda TIG Alumínio 6061


Ciclo Térmico de Soldagem
Conceitos de chapas

CHAPA GROSSA OU FINA???

 = h  C(T − T0 ) H
Onde, T0 – temperatura de pré-aquecimento (inicial)
T – temperatura de interesse
 – densidade do material
 > 0,9  “Grossa”
C – calor específico do material  < 0,6  “Fina”
h – espessura
HL – energia de soldagem Portanto,  > 0,75 – Chapa grossa
<= 0,75 – Chapa fina

Equação de Adams – Critério aproximado


Ciclo Térmico de Soldagem
Conceitos de chapas

Exemplo
Chapa de 10mm – Aço carbono
TIG: H= 400 J/mm MAG: H= 700 J/mm
C= 4,44 106 J/m3K
T= 550 ºC

 = h  C(T − T0 ) / H
Onde, T0 – temperatura de pré-aquecimento (inicial)
T – temperatura de interesse
 – densidade do material
C – calor específico do material
h – espessura Portanto,  > 0,75 – Chapa grossa
HL – energia de soldagem <= 0,75 – Chapa fina
Ciclo Térmico de Soldagem
Velocidade de resfriamento

Para um sistema de coordenadas x, y, z pode-se provar


que a VR, em um dado instante, para um ponto qualquer
da peça sendo soldada é dada por:

.. T T
T = = −v
t x
Ciclo Térmico de Soldagem
Velocidade de resfriamento

Nestas condições, pode-se demonstrar que a VR ao longo de


um eixo de soldagem (y = 0 e z = 0), para uma fonte pontual de
calor na superfície de um sólido semi-infinito é dada por:

.
2  k (TC − Tpré ) 2 (chapa espessa)
. Equação de Adams
T =
H
Ciclo Térmico de Soldagem
Velocidade de resfriamento
Para a soldagem de penetração total, com fluxo de calor
essencialmente bidimensional (chapa fina), tem-se:
.
. e 2
T = 2 k  C ( ) (TC − Tpré ) 3

H
(chapa fina)
Tpré – temperatura de pré-aquecimento (inicial) Equação de Adams
TC – temperatura de interesse ou crítica
 – densidade do material
C – calor específico do material
k – condutividade térmica
e – espessura
H – energia de soldagem
Ciclo Térmico de Soldagem
Velocidade de resfriamento
Em termos gerais, a microestrutura na solda e regiões
adjacentes de uma liga transformável (ex. aço carbono), será
determinada em parte pela VR após a soldagem. Esta entretanto
varia com a temperatura na qual foi determinada.
Assim, um parâmetro para o estudo das transformações durante
a soldagem de aços ao carbono e aços de baixa liga pode ser a
VR a uma temperatura fixa, tipicamente 300°C.
Atualmente, é mais comum a adoção do parâmetro tempo de
resfriamento entre duas temperaturas (Dt), comumente entre 800
e 500°C (Dt800-500), ou entre 700 e 300°C (Dt700-300), para
representar a VR após soldagem.
O parâmetro Dt é inversamente proporcional a VR, isto é, quanto
maior for esta, menor será Dt.
Fluxo de calor bi-dimensional (chapa fina) durante a soldagem.

Fluxo de calor tri-dimensional (chapa grossa) durante a soldagem.


Ciclo Térmico de Soldagem
Velocidade de resfriamento

Exemplo
Aço carbono 1018
Processo: TIG
Velocidade= 2 mm/s .
Corrente=200A
. 2  k (TC − Tpré ) 2

Tensão= 10V T =
TC= 500ºC H
Calcular T pre= zero e 250ºC ?
Rendimento= 70%
k= 35W/mºC
Temperatura ambiente= 25ºC
Ciclo Térmico de Soldagem
Efeito dos Parâmetros Operacionais

As diversas variáveis de uma operação de soldagem podem


afetar o fluxo de calor na peça e, portanto, os ciclos térmicos
com ele associados.

a) Condutividade térmica da peça;


b) Espessura da junta;
c) Geometria da junta;
d) Energia de soldagem;
e) Temperatura de pré-aquecimento.
Efeito dos Parâmetros Operacionais

a) Condutividade térmica da peça

Materiais com menor condutividade térmica dissipam mais


lentamente o calor por condução, tendendo a apresentar
gradientes térmicos mais abruptos e menores velocidades de
resfriamento.

Por outro lado, materiais de elevada condutividade térmica


(ex.: Al e Cu), dissipam rapidamente o calor, exigindo em
certas situações fontes de energia mais intensas ou a
utilização de pré-aquecimento para a obtenção de fusão
adequada.
Efeito dos Parâmetros Operacionais

a) Condutividade térmica da peça


Efeito dos Parâmetros Operacionais

a) Condutividade térmica da peça

Comparação da condutividade térmica de aços ao carbono, ligas de cobre, ligas de alumínio e aços inoxidáveis.
Efeito dos Parâmetros Operacionais

a) Condutividade térmica da peça

(a) (b)
Comparação do coeficiente de expansão térmica (a) e resistividade elétrica (b) de aços ao carbono, ligas de
cobre, ligas de alumínio e aços inoxidáveis.
Efeito dos Parâmetros Operacionais

a) Condutividade térmica da peça

Distribuição teórica de temperatura no plano xz em torno da poça de fusão para (a) um metal de
alta condutividade térmica (cobre) e (b) um de baixa (aço inoxidável austenítico). Espessura:
10mm. Energia de soldagem: 0,6kJ/mm.
Efeito dos Parâmetros Operacionais
b) Espessura da junta
Para uma mesma condição de soldagem, uma junta de maior
espessura permite um escoamento mais fácil do calor por
condução. Assim, quanto maior a espessura da junta maior
será a VR após soldagem.

..
Variação da velocidade de resfriamento com a espessura de chapa.
h 2
A VR segue a equação: T = 2  k  C ( ) (T − T0 )3
HL
variando com o quadrado da espessura, enquanto o fluxo de calor bidimensional predomina,
isto é, enquanto a solda tem penetração total.
Efeito dos Parâmetros Operacionais
b) Espessura da junta
. e 2
T = 2 k  C ( ) (TC − Tpré ) 3

H
variando com o quadrado da espessura, enquanto o fluxo de
calor bidimensional predomina, isto é, enquanto a solda tem
penetração total.

.
. 2  k (TC − Tpré ) 2

T =
H
Quando a espessura da peça torna-se muito maior que as
dimensões da poça de fusão, o fluxo de calor tridimensional
predomina e a VR torna-se praticamente independente da
espessura.
Efeito dos Parâmetros Operacionais
b) Espessura da junta

800ºC-500ºC
C: 0,17%
Mn: 1,34%
Determinação
Efeito dos Parâmetros Operacionais
b) Espessura da junta
Efeito dos Parâmetros Operacionais
b) Espessura da junta
Efeito dos Parâmetros Operacionais
b) Espessura da junta

Distribuição teórica de temperatura no plano xz em torno da poça de fusão para chapas de


aço carbono de (a) 5, (b) 10 e (c) 20mm de espessura. Energia de soldagem: 0,6kJ/mm.
Efeito dos Parâmetros Operacionais
b) Espessura da junta

Ciclo térmicos no centro do cordão para a soldagem de chapas de


diferentes espessuras. Energia de soldagem: 0,6kJ/mm.
Efeito dos Parâmetros Operacionais
c) Geometria da junta
A VR será maior na soldagem de uma junta em T quando
comparada a uma junta de topo, mantidas as mesmas
condições de soldagem, inclusive a espessura das chapas.

(fluxo de calor bidimensional)

(junta em T)
Efeito dos Parâmetros Operacionais
c) Geometria da junta
Efeito dos Parâmetros Operacionais
d) Energia de soldagem
Em uma primeira aproximação, a VR no centro da solda e o
gradiente térmico diminuem com a utilização de uma maior
energia de soldagem.

Influência da energia de soldagem no ciclo térmico de soldagem.


(variação da taxa de resfriamento com o aporte térmico por unidade de comprimento da solda)
Efeito dos Parâmetros Operacionais
d) Energia de soldagem

Ciclo térmicos no centro do cordão para a soldagem de chapa grossa com diferentes
energias de soldagem.
Efeito dos Parâmetros Operacionais
d) Energia de soldagem
Efeito dos Parâmetros Operacionais
e) Temperatura de pré-aquecimento
Define-se a temperatura de pré-aquecimento a temperatura em
que toda a peça ou a região desta em que será realizada a
solda é colocada no instante da soldagem.
O pré-aquecimento tem efeito semelhante a E, causando uma
diminuição na VR e nos gradientes térmicos.

Pré-aquecimento e soldagem sem alteração de H e v Pré-aquecimento e soldagem diminuindo H e


conservando v
Efeito dos Parâmetros Operacionais
e) Temperatura de pré-aquecimento

Influência da energia de soldagem e do pré-aquecimento no ciclo térmico de soldagem.


Efeito dos Parâmetros Operacionais
e) Temperatura de pré-aquecimento

Ciclo térmicos no centro do cordão para a soldagem de chapa grossa com


diferentes temperaturas de pré-aquecimento.
Influência do ciclo térmico de soldagem na largura do grão solidificado.
Ciclos térmicos de soldas realizadas com processos: eletro-escória e a arco elétrico.
Efeito dos Parâmetros Operacionais
Resumo: Velocidade de resfriamento
Macroestruturas de Soldas Por Fusão

Representação esquemática de um ciclo térmico na região de um cordão de solda.

a) Zona Fundida (ZF)  A


Região onde o metal foi fundido e solidificado durante a soldagem. As temperaturas de pico são
superiores à temperatura de fusão (Tf).

b) Zona Termicamente Afetada (ZTA) ou Zona Afetada pelo Calor (ZAC)  B


Região do metal base não fundida, mas que teve sua microestrutura e/ou propriedades afetadas
pelo ciclo térmico de soldagem. As temperaturas de pico são superiores a uma temperatura crítica
(Tc), característica para cada metal.

c) Metal Base ou Metal de Base (MB)  C


Região da peça mais afastada da solda que não apresenta alterações devidas ao ciclo térmico.
As temperaturas de pico são inferiores à Tc.
Seção transversal de uma solda de topo por fusão (esquemática).

Algumas denominações de soldas de topo e filete.


ZTA

ZF MB

ZTA

MB

Aço API XL-65 soldado pelo processo arco elétrico com eletrodo revestido; tubulação de um mineroduto (região de reparos).
a1 a2 a3
(a) Aço C-Mn soldado com arco elétrico gás/metal – GMAW, com atmosfera de 100% CO2 (a1),
argônio + 25% CO2 (a2), argônio + 2% O2 (a2).

b1 b2 b3
(b) solda realizada com arco elétrico, processo arco submerso (SAW); aporte de calor de 90 (b1), 60 (b2) e 30 (b3) kJ/in.

Influência de parâmetros de soldagem na forma e na penetração da solda.


Gas–metal arc welds in 6.4-mm-thick 5083 aluminum made with argon (left) and 75% He–25% Ar (right).

A plasma arc weld made in 13-mm-thick AISI/SAE 304 stainless steel with keyholing.
Ciclos térmicos na soldagem em vários passes

O ciclo térmico de soldagem determina, em grande parte, as alterações estruturais que uma
dada região pode sofrer devido ao processo de soldagem. A figura abaixo mostra
esquematicamente estas alterações na soldagem de um aço doce, para um ponto situado na ZF.

Estrutura da ZF e ZTA na soldagem com um passe (a) e com vários passes (b).
Typical multipass arc welds in steels used in structural applications.; (a) Submerged Arc Weld on a 25 mm thick A36
structural steel; The mushroom shape of the last bead is typical of welds produced by this process. (b) Flux-Cored
Arc Weld on a 50 mm thick A537 steel used in pressure vessel and structure applications (the last layer was made
with several small passes to improve mechanical properties).
(a) Potência específica dos processos de soldagem TIG e MIG (1) e oxigás (2); em (b) a relação com
a extensão da ZAC (ou ZTA).
Effect of power density distribution on weld shape in GTAW of 3.2mm; 6061 aluminum with 880W and 4.23 mm/s.
Bibliografia

1. Lancaster, J.F. The Phisics of Welding, 2nd Edition, Pergamon Press, 1986,
ISBN: 0-08-030554-7
2. AWS, Welding Handbook, Vol I; Welding Technology, ISBN 0-87171-281-
4, 8th Edition, 1991;
3. AWS, Welding Handbook, Vol II; Welding Processes, ISBN 0-87171-354-
3, 8th Edition, 1991;
4. Taniguchi, Célio; Okumura, Toshie - Engenharia de Soldagem e
Aplicações- Livros Técnicos e Científicos Editora S.A;
5. Wainer, Emílio - Soldagem: processos e metalurgia - Editora Edgard
Blucher;
6. Metals Handbook. Welding, Brazing and Solderig. Ohio: ASM;
7. The Lincoln Eletric Co. The Procedure Handbook of Arc Welding. 12 ed.
Cleveland: The Lincoln Co., 1973.
8. Soldagem – Coleção Tecnologia Senai – Diversos autores
9. Adams, C.M.Jr; Weld J., 37, 210s, 1958.

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