Modelagem e Simulaçao em HYSYS - Modulo1 PDF

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INSTITUTO SUPERIOR DE ENGENHARIA DA LISBOA

DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA QUÍMICA

SECÇÃO 10 – TECNOLOGIA INDUSTRIAL

Modelação e Simulação de Unidades Processuais

(Módulo 1)
Introdução à Simulação de Processos

Teodoro Trindade João Miguel Silva


Valério Palmeira Paulo Anastácio

Lisboa, Setembro 2004


ÍNDICE
Módulo 1 – Introdução à Simulação de Processos

Sumário e Objectivos do Módulo

1. Introdução 1

2. Produção de Cloreto de Etilo 2


2.1. Enunciado do Problema 2
2.2. Sequência de Implementação no Simulador 3

3. Produção de Amónia 9

4. Notas sobre o Fluid Package 10


4.1. Equações de Estado 11
4.2. Modelos de Actividade 12
4.3. Modelos Chao Seader 13
4.4. Modelos de Pressão de Vapor 14
4.5. Miscellaneous 14
4.6. Parâmetros de Interacção Binários 15
4.7. Determinação de Propriedades 16

5. Criação de Componentes Hipotéticos 17

Sumário e Objectivos do Módulo:


O principal objectivo deste módulo consiste em efectuar uma introdução abrangente aos
principais comandos básicos para simulação de operações unitárias no simulador HYSYS
(versão 3.2). Este objectivo será conseguido através da implementação experimental no
simulador de um pequeno flowsheet de processo correspondente à produção de cloreto de
etilo (Capítulo 2). Partindo de um enunciado (Capítulo 2.1) que enquadra o problema e
introduz algumas restrições processuais, é implementado no simulador o layout produtivo
através de uma sequência de operações detalhadamente descritas (Capítulo 2.2).
A documentação deste módulo inclui ainda notas sobre os pacotes de propriedades
utilizados na previsão do comportamento físico das espécies químicas (Capítulo 4), assim
como o enunciado de um problema extra (Capítulo 3). Antes da realização dos módulos
seguintes, é aconselhável a leitura da informação contida no Capítulo 4, e como teste à
compreensão dos conceitos ministrados neste módulo a realização autónoma do problema
apresentado no Capítulo 3.
Módulo 1
Introdução à Simulação de Processos

1. Introdução
Os conhecimentos inerentes à Engenharia Química podem ser divididos em quatro grupos: i) as
Ciências Básicas, que tratam da descrição e da quantificação dos fenómenos naturais; ii) os
Fundamentos, que tratam da compreensão e da representação dos fenómenos que ocorrem nos
equipamentos; iii) a Engenharia de Equipamentos, que trata da concepção, do dimensionamento
e da análise dos equipamentos da indústria química; e por último iv) a Engenharia de Processos,
que compreende a concepção, o dimensionamento e a análise dos processos industriais.

Os temas relacionados aos três primeiros grupos foram há muito estruturados sob a forma das
disciplinas clássicas encontradas nos cursos tradicionais de Engenharia Química. Tem sido
publicada extensa bibliografia básica para estes cursos desde os primórdios da profissão. Por
outro lado, os temas relacionados com a Engenharia de Processos, por diferirem em essência dos
demais e por terem sido estruturados mais recentemente, não foram objecto de ensino formal e
permaneciam ausentes dos livros de texto tradicionais. Tal situação perdurou até 1968 quando
surgiu o livro Strategy of Process Engineering (Rudd & Watson), reunindo diversos resultados
até então publicados sobre estratégias de cálculo, avaliação económica, optimização e efeitos de
incerteza. Mais tarde, em 1973, surgiu o livro Process Synthesis (Rudd, Powers & Siirola),
abordando de forma sistemática a concepção de processos químicos, incluindo o estudo de
percursos químicos assim como a concepção de sequências de separadores e de redes de
permutadores de calor. A partir de então a síntese (e a análise) de processos industriais não mais
parou de crescer, evoluindo por incorporação de novas ferramentas de cálculo que em
simultâneo sofriam enorme desenvolvimento. A utilização de computadores cada vez mais
potentes veio tornar obsoleta a utilização de correlações empíricas simples, as quais foram
progressivamente substituídas por modelos numéricos mais rigorosos (e complexos).

Actualmente, a simulação assistida por computador é uma das mais importantes ferramentas
tecnológicas de processo, a qual é amplamente utilizada não só na fase de projecto mas também
(e principalmente) durante a fase de operação das unidades.
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2. Produção de Cloreto de Etilo

2.1. Enunciado do Problema


Uma das formas de produzir cloreto de etilo (C2H5Cl) é através da reacção em fase gasosa do
etileno (C2H4) com ácido clorídrico (HCl), na presença de um catalizador, em geral de cloreto de
cobre (CuCl2).
C2H4 + HCl ⎯→ C2H5Cl

Uma corrente gasosa de 100 kmol/h, composta por uma mistura de 50 % de HCl, 48 % de C2H4
e 2 % de N2 (base molar), a 20ºC e 15 atm, é utilizada como alimentação fresca numa instalação
de produção de cloreto de etilo (C2H5Cl). A mistura gasosa de saída do reactor é arrefecida (para
se obter condensação parcial), sendo as fases (líquida e gasosa) separadas num separador flash
que opera a 15 atm e 40ºC.

Recycle Purge

CONDENSER
2
FLASH

3
Feed 1

REACTOR

Product

Figura 1. Diagrama do processo de produção de cloreto de etilo.

Pretende-se que o cloreto de etilo na fase líquida à saída do flash (corrente Product), possua
pureza igual ou superior a 85 % (molar), e que a fracção de vapor de saída do flash (corrente 4)
seja purgada e recirculada à entrada do reactor.

O objectivo deste primeiro trabalho é simular o funcionamento desta instalação através da


implementação de um diagrama de processo, que inclua como operações unitárias
exclusivamente um reactor de Gibbs, um arrefecedor e uma coluna de separação flash (Figura 1).

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2.2. Sequência de Implementação no Simulador


Descreve-se seguidamente uma sequência para implementação (HYSYS versão 3.2) do diagrama
de processo correspondente à produção de cloreto de etilo, tendo como base as restrições
apresentadas anteriormente no enunciado.

FASE 1 : O “Simulation Basis Manager” e selecção do “Properties Package”.

1. Seleccione os menus <FILE> <NEW> <CASE>, ou (Ctrl N)

2. Na pasta Components do “Simulation Basis Manager” adicione as espécies químicas


envolvidas no processo que se pretende simular (HCl, C2H4, C2H5Cl e N2), pressionando o
botão <ADD>.

3. Na pasta Selection da “Component List View” escreva o nome de cada espécie química usando
a janela Match. Depois de cada substância ser identificada pela base de dados do simulador,
pressione o botão <ADD PURE> para adicionar o nome de cada composto à janela Selected
Components.

4. Feche a janela da “Component List View” para regressar ao “Simulation Basis Manager”, e na
pasta Fluid Pkgs pressione o botão <ADD> para adicionar o Propertie Package pretendido.
Na pasta Set Up escolha a equação de Peng Robinson (ver Capítulo 4, Notas sobre o
Fluid Package).

5. De volta ao “Simulation Basis Manager” verifique o modelo de previsão de propriedades


seleccionado (PP: Peng-Robinson) e o número de espécies químicas (NC: 4). Prossiga
primindo o botão <ENTER SIMULATION ENVIRONMENT …>

6. Esta acção dá acesso à interface PFD (Process Flow Diagram) na qual será implementado o
diagrama de processo.

NOTA:
Grave periódica e frequentemente os seus casos no disco rígido do computador, durante as
diversas fases de implementação. Para tal atribua a cada caso uma designação (nome) apropriada
que lhe permita identificá-lo posteriormente pelo nome.

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FASE 2 : Especificações para a resolução dos balanços de massa e energia no PFD.

1. Na palete de objectos (Object Palette) pisque no ícone dos General Reactors e seleccione um
reactor de Gibbs piscando duas vezes no ícone Gibbs Reactor. O simulador abre
automaticamente uma Object Window do reactor de conversão (GRB-100).

2. Na página “Connections” do “Design” especifique para a entrada (“Inlet”) a corrente 1, para


a saída de vapor (“Vapour Outlet”) a corrente 2 e para a saída de líquido (“Liquid Outlet”)
uma corrente Dummy. Note que no reactor todas as espécies são gasosas, não existindo na
realidade nenhuma corrente líquida à saída do reactor.

3. Na página “Parameters” do “Design” estabeleça uma queda de pressão (“Delta P”) nula.
Considere o funcionamento do reactor em “Single Phase”, e atribua 0 % para o
“Liquid Level”.

4. Feche a Object Window do GBR-100 para visualizar o PFD (Process Flow Diagram), onde
deverá aparecer um objecto com contornos amarelos que simboliza o reactor ao qual estão
ligadas a corrente 1 (entrada), a corrente 2 (saída de vapor) e a corrente Dummy (saída de
líquido), com coloração azul claro.

5. Introduza no PFD um Mixer (misturador de correntes, MIX-100), definindo para a entrada


(Inlet) uma nova corrente Feed e para a saída (Outlet) a corrente 1 já existente. Coloque esta
unidade em posição adequada no PFD.

6. Com o rato, pisque duas vezes sobre a corrente Feed (alimentação fresca do processo) de
modo a visualizar a Object Window desta corrente. Na pasta Worksheet/Conditions, introduza
a temperatura (20°C), a pressão (15 atm), e o caudal (1 kmol/h) desta corrente. Na pasta
Composition do Worksheet coloque a composição da corrente (50 % HCl, 48 % C2H4, e 2 %
N2, percentagens molares).

7. Note que após a introdução da composição da mistura de alimentação fresca do processo


(corrente Feed), a barra inferior da Object Window ficou verde e no PFD todas as correntes
assumiram uma coloração azul escura, deixando as unidades do processo (GBR-100 e MIX-
100) de possuírem contorno amarelo.

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8. Verifique as condições em que se encontram todas as correntes do processo, abrindo as Object


Windows correspondentes.

9. Introduza no PFD um arrefecedor (Cooler) destinado a condensar (parcialmente) a corrente


gasosa de saída do reactor (corrente 2). Na pasta Design/Connections indique a corrente 2
como corrente de entrada (Inlet), a corrente 3 como corrente de saída (Outlet) e uma
corrente Energy como corrente de fornecimento de energia. Na pasta Design/Parameters
atribua uma queda de pressão (“Delta P”) nula ao longo do equipamento.

10. Da Object Palette, introduza um separador flash (Separator) no PFD. Na Object Window do
flash (V-100), pasta Design/Connections, indique a corrente 3 como corrente de entrada
(Inlet), a corrente 4 como saída da fase gasosa (Vapour Outlet), e a corrente Product como
saída da fase líquida (Liquid Outlet).

11. Uma vez que a operação de separação de fases que ocorre no flash (V-100), decorre a 40°C,
introduza este valor na Object Window da corrente 3.

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12. Registe no quadro seguinte os valores referentes a alguns parâmetros relevantes do processo
que acabou de simular.

CORRENTE 1 2 4 PRODUCT ENERGY

Caudal (kmol/h) 1,000 ―


Temperatura (°C) 20 40 40 ―
Fracção de C2H4 0,480 ―
Fracção de HCl 0,500 ―
Fracção de C2H5Cl 0,000 ―
Fracção de N2 0,020 ―
Energia (kW) ― ― ― ―

13. Verifique que a fracção de cloreto de etilo na corrente Product é bastante inferior à requerida
pelo enunciado (≥ 85 %). Experimente mudar a temperatura da corrente 3 em torno dos 40°C
e verifique a influência na composição e caudal da corrente Product.

14. Introduza no PFD um separador de correntes (Tee), ligando-lhe na entrada (Inlet) a


corrente 4, e definindo para a saída (Outlet) duas corrente, uma correspondente à purga
(corrente Purge) e a outra correspondente ao reciclo (corrente Recycle). Na pasta
Design/Parameters, defina uma divisão equitativa (Splits = 0,5) do caudal da corrente 4 pelas
duas correntes de saída (correntes Recycle e Purge).

15. Introduza no PFD uma função lógica Recycle (RCY-1), ligue na entrada (Inlet) a corrente
Recycle e crie para a saída (Outlet) uma corrente Recycle*. (As particularidades inerentes à
utilização das funções lógicas, como é o caso do Recycle, serão abordadas no Módulo 2,
Unidades de Operações Lógicas).

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NOTA:
De forma a que o processo de cálculo iterativo possua um critério de convergência mais rigoroso,
aconselha-se reduzir o parâmetro de sensibilidade (pasta Parameters/Variables) da função lógica
Recycle (RCY-1). Sugere-se alterar o valor 10 para 1 ou mesmo 0,1 em algumas variáveis.

16. Ligue a corrente Recycle* (corrente de saída da unidade lógica Recycle) à entrada do
misturador de correntes MIX-100.

17. Altere o caudal de purga do sistema (Splits do TEE-100, para o qual atribuiu anteriormente o
valor de 0,5) até obter uma percentagem molar de cloreto de etilo na corrente Product, igual
ou superior a 85 %. Registe no quadro seguinte os valores assumidos pelas correntes.

PERCENTAGEM DE PURGA: ____ %

CORRENTES 1 2 4 PRODUCT ENERGY

Caudal (kmol/h) ―
Temperatura (°C) ―
Fracção de C2H4 ―
Fracção de HCl ―
Fracção de C2H5Cl ―
Fracção de N2 ―
Energia (kW) ― ― ― ―

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18. Analise os resultados obtidos por comparação das situações com e sem reciclo. Identifique e
verifique a influência de parâmetros como a percentagem de purga, temperatura da corrente 3
e pressão do sistema no consumo energético, rendimento global do processo, caudal e
composição da corrente Product.

0.55 1.00

0.50 0.95

0.45 0.90

0.40 0.85

0.35 0.80

0.30 0.75
0 0.1 0.2 0.3 0 0.1 0.2 0.3
FRA CÇÃ O DE P URGA FRA CÇÃ O DE P URGA

Figura 2. Variação do caudal da corrente Figura 3. Influência da purga na fracção


de produto relativamente à fracção purgada. de C2H5Cl da corrente de produto.

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3. Produção de Amónia
Considere a simplificação do processo de produção de amónia representado na figura seguinte. A
transformação reactiva ocorre num reactor de Gibbs a 200 atm e 450°C.

3 H2 + N2 ―→ 2 NH3

A alimentação fresca do processo (corrente 1) possui um caudal de 100 kmol/h (74,3 % H2,
24 % N2, 0,6 % Ar e 1,1 % CH4), a 200 atm e 50°C. Antes de entrar no reactor (GBR-100), a
mistura reaccional é pré-aquecida (HEATER), até uma temperatura suficiente para que a reacção
decorra a 450°C (corrente 4). O efluente do reactor (corrente 4) é arrefecido (COOLER) até à
temperatura de – 30°C, sendo as fases resultantes da condensação separadas num flash. A
fracção gasosa (corrente 6) depois de sofrer purga (corrente Purga) recircula à entrada do
reactor (corrente 7/8). Considere perdas de carga nulas em todas as unidades do processo.

Pretende-se produzir uma solução de amónia (corrente Amónia) em fase líquida, com teor em
NH3 igual ou superior a 95 %.

1. Construa no simulador o diagrama do processo (figura anterior).

2. Definindo uma purga correspondente a 10 % do caudal da corrente 6, encontre a


temperatura da corrente 3 que garante que a reacção decorre a 450°C (corrente 4).

3. Investigue a dependência entre a fracção de purga, a temperatura reaccional (corrente 4),


o caudal de amónia produzida (corrente Amónia) e a concentração de NH3 nessa
corrente.

4. Construa um gráfico (ou tabela) que relacione a fracção de purga com o quociente entre
a quantidade de energia necessário no processo (E1 + E2) e o caudal de NH3 na corrente
de produto (corrente Amónia). Para este estudo utilize somente a gama de condições
para as quais a concentração de NH3 na corrente Amónia é igual ou superior a 95 %.

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4. Notas sobre o Fluid Package


No Simulation Basis Manager, ao se carregar no botão <ADD> o simulador abre a página
“Fluid Pakage” onde o utilizador tem de seleccionar o “Property Package” de base. Neste
pacote de base para a estimativa de propriedades, tem-se acesso a uma lista de métodos para a
estimativa das propriedades dos compostos disponíveis na base de dados do HYSYS. O
“Property Pkg Filter” permite filtrar a lista de métodos disponíveis, baseado no critério
apresentado no quadro seguinte.

FILTRO DESCRIÇÃO

All Todos os “Property Packages”.


EOSs Só equações de estado.
Activity Models Só os modelos de actividade de líquidos.
Exclusivamente os métodos semi-empíricos
Chao Seader Models
baseados na equação de Chao Seader.
Somente modelos de pressão de vapor
Vapour Pressure Models
baseados no parâmetro K.
Modelos que não se enquadrem em nenhuma
Miscellaneous Types
das quatro categorias anteriores.

A selecção do property package mais adequado a um dado processo está dependente do i) tipo
de espécies químicas envolvidas, ii) condições (pressão e temperatura) a que estão sujeitas ao
longo do processo, e iii) tipo de transformações que ocorrem (condensação, vaporização,
dissolução, etc.).

Não existe nenhum método numérico universal que permita reproduzir rigorosamente o
comportamento de todas as espécies, em todas as condições e para todas as transformações.
Assim, na selecção do fluid package mais adequado é necessário ter em consideração as
especificidades particulares de cada método e ponderar a sua aplicabilidade ao processo que
pretendemos construir.

Seguidamente apresentam-se algumas das principais características dos métodos numéricos


disponíveis para a previsão de propriedades das substâncias. A informação contida neste
Capítulo deverá ser considerada sempre que se pretenda seleccionar um fluid package.

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4.1. Equações de Estado


Para óleos, gases e aplicações petroquímicas, a equação de estado Peng Robinson (PR) é
geralmente o “Property Package” recomendado numa larga gama de condições. Esta equação
descreve rigorosamente a maior parte dos sistemas mono, bi e trifásicos com elevado grau de
eficiência e rigor.

Todos os métodos baseados em equações de estado e suas aplicações específicas são descritos no
quadro seguinte.

EOS DESCRIÇÃO

Este modelo é uma modificação da equação de


estado SRK, de modo a melhorar as estimativas do
Kabadi Danner equilíbrio vapor-líquido-líquido para sistemas de
água-hidrocarbonetos, em particular para elevadas
diluições.
Este modelo é o método geral mais rigoroso para
Lee-Kesler Plocker
substâncias não polares e suas misturas.
Este modelo é ideal para cálculos de equilíbrio
líquido-vapor assim como para o cálculo de massas
específicas de líquidos em sistemas de
hidrocarbonetos. Vários melhoramentos ao modelo
Peng Robinson original PR têm sido efectuados para alargar a sua
gama de aplicação e para melhorar as previsões de
alguns sistemas não ideais. No entanto, em situações
em que existem sistemas altamente não ideais, é
recomendado a utilização de modelos de actividade.
Esta é uma modificação da equação de estado PR a
PRSV qual alarga a aplicação do método PR original para
sistemas moderadamente não ideais.
Em muitos casos produz resultados comparáveis
com a PR, mas a sua gama de aplicação é
SRK
significativamente mais limitada. Este método não é
fiável para sistemas não ideais.
Combina a equação de estado de PR e o modelo de
Sour PR
Wilson API-Sour aplicável a sistemas com água.
Combina os modelos de Soave Redlich Kwong e de
Sour SRK
Wilson API-Sour.
É uma modificação da equação de estado Redlich
Kwong. Este modelo foi criado para melhorar a
Zudkevitch Joffee
previsão do equilíbrio líquido-vapor em sistemas de
hidrocarbonetos, e sistemas contendo hidrogénio.

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4.2. Modelos de Actividade


Embora os modelos baseados em equações de estado tenham provado a sua aplicabilidade na
previsão das propriedades da maior parte dos fluidos constituídos por hidrocarbonetos numa
larga gama de condições operatórias, a sua aplicação tem sido limitada a componentes
essencialmente não polares ou pouco polares. Para sistemas altamente não polares ou muito
polares, devem usar-se preferencialmente modelos de actividade. Os modelos de actividade
listados no quadro seguinte estão disponíveis no Property Package do simulador.

MODELOS DE ACTIVIDADE DESCRIÇÃO

Fornece uma plataforma consistente para aplicação


dos modelos de actividade baseados em interacções
Chien Null
binárias. Permite a selecção do melhor modelo de
actividade para cada par de espécies.
Esta variação do modelo NRTL permite introduzir
valores para os parâmetros Aij, Bij, Cij, Alp1ij e
Alp2ij usados na definição dos coeficientes de
actividade dos componentes. Recomenda-se a
aplicação deste modelo a sistemas: i) com uma gama
Extended NRTL de pontos de ebulição muito extensa entre os
compostos; e ii) onde é necessário resolver
simultaneamente os equilíbrios líquido-vapor e
líquido-líquido, e existe uma grande diferença de
pontos de ebulição ou gamas de concentração
alargadas entre os componentes.
Esta variação do modelo NRTL permite a selecção do
formato da equação para os parâmetros τ e α.
Recomenda-se a aplicação deste modelo a sistemas:
i) com uma gama de pontos de ebulição muito extensa
General NRTL entre os componentes; e ii) onde é necessário resolver
simultaneamente os equilíbrios líquido-vapor e
líquido-líquido, existindo uma grande diferença de
pontos de ebulição ou gamas de concentração
alargadas entre os componentes.
Este modelo representa o primeiro desenvolvimento
da energia de Gibbs em excesso. A equação não
Margules
possui nenhuma base teórica mas é muito útil para
estimativas rápidas e interpretação de resultados.
Esta é uma extensão da equação de Wilson. Utiliza a
mecânica estatística e a teoria da célula líquida para
NRTL representar a estrutura da fase líquida. É capaz de
representar o comportamento dos equilíbrios de fases
líquido-vapor, líquido-líquido e vapor-líquido-líquido.
(Continua)

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MSUP (Módulo 1)

(Continuação)

Utiliza a mecânica estatística e a teoria “quasi-


chemical” de Guggenheim para representar a
estrutura líquida. A equação é capaz de representar os
UNIQUAC equilíbrios de fases líquido/líquido, líquido/vapor e
vapor/líquido/líquido, com um rigor comparável ao da
equação NRTL, mas necessitando de recorrer a menos
parâmetros.
Esta equação ajusta-se perfeitamente a muitos
sistemas, particularmente para distribuições
resultantes do equilíbrio líquido/líquido dos seus
componentes. Pode ser usada em sistemas que exibam
Van Laar
desvios positivos ou negativos à lei de Raoult. No
entanto, geralmente, possuem um fraco
comportamento em sistemas com hidrocarbonetos
halogenados e álcoois.
É a primeira equação de coeficientes de actividade a
utilizar o modelo da composição local para obter a
expressão da energia de Gibbs em excesso. Oferece
uma abordagem termodinamicamente consistente na
Wilson
previsão do comportamento multicomponente a partir
de parâmetros de equilíbrio binário. No entanto o
modelo de Wilson não pode ser usado para sistemas
com duas fases líquidas.

4.3. Modelos Chao Seader


Os métodos Chao Seader e Grayson Streed são velhos métodos empíricos. A correlação Grayson
Streed é uma extensão do método Chao Seader com especial aplicabilidade para o hidrogénio.
No HYSYS somente são usados os valores de equilíbrio produzidos por estas correlações. O
método Lee-Kesler é usado para determinar a entalpia e entropia do líquido e vapor.

MODELO
DESCRIÇÃO
CHAO SEADER

Utilize este método para hidrocarbonetos pesados, onde a


Chao Seader pressão é inferior a 10 342 kPa (1 500 psia), e gama de
temperaturas entre – 17,78ºC e 260ºC.
Recomendado para simular sistemas de hidrocarbonetos
Grayson Streed
pesados com um elevado conteúdo em hidrogénio.

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4.4. Modelos de Pressão de Vapor


Os modelos de pressão de vapor podem ser usados para misturas ideais a baixas pressões.
Misturas ideais incluem sistemas de hidrocarbonetos e misturas tais como cetonas e álcoois,
onde o comportamento da fase líquida é aproximadamente ideal. Estes modelos podem também
ser usados como uma primeira aproximação para sistemas não ideais.

MODELOS DE
DESCRIÇÃO
PRESSÃO DE VAPOR

Este modelo é aplicável a sistemas de baixa pressão que se


Antoine
comportam idealmente.
Este modelo é estritamente aplicável a sistemas de
hidrocarbonetos pesados a baixa pressão. O modelo utiliza
Braun K10 o método Braun de convergência da pressão onde, dado o
ponto de ebulição normal do componente, o valor de K é
calculado à temperatura do sistema e 10 psia (68,95 kPa).
Este modelo é estritamente aplicável a sistemas de
hidrocarbonetos a baixa pressão. O modelo utiliza uma
Esso Tabular
modificação do modelo de pressão de vapor de Maxwell-
Bonnel.

4.5. Miscellaneous
O grupo “Miscellaneous” contém “Property Packages” únicos e que portanto não se enquadram
em nenhum dos grupos mencionados anteriormente.

PROPERTY
DESCRIÇÃO
PACKAGE

Contem modelos termodinâmicos desenvolvidos por


D. B. Robinson & Associates para o simulador
Amine Pkg (AMSIM) da sua unidade de produção de aminas.
Recomenda-se a utilização deste pacote para
simulações no HYSYS envolvendo aminas.
Restrito a um único componente, a água. Usa os
ASME Steam
valores constantes nas ASME 1967 Steam Tables.
Restrito a um único componente, a água. Usa os
NBS Steam
valores constantes nas NBS 1984 Steam Tables.
Esta é uma versão modificada da equação original
de Benedict-Webb-Rubin. Este modelo de equação
MBWR de estado de 32 termos é aplicável somente a um
conjunto específico de componentes e condições
operatórias.

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Para realizar as simulações deveremos ter em conta as seguintes considerações:

APLICAÇÃO Margules van Laar Wilson NRTL UNIQUAC

Sistemas Binários A A A A A
Sistemas Multicomponente AL AL A A A
Sistemas Azeotrópicos A A A A A
Equilíbrio Líquido-Liquido A A NA A A
Sistemas Diluídos Q Q A A A
Polímeros NA NA NA NA A
Extrapolações Q Q B B B

A : aplicável; NA : não aplicável; AL : aplicação limitada; B : boa; Q : questionável.

4.6. Parâmetros de Interacção Binários


No Fluid Package teremos de seleccionar a(s) correlação(ões) que serão usadas para modelar o
sistema. Por exemplo, num processo no qual estão presentes água e acetona, escolha para o
sistema o modelo de actividade UNIQUAC e a idealidade para o comportamento do vapor.

Visualizando a pasta “Binary Coeffs” poderemos ver os valores assumidos para os parâmetros de
interacção do modelo de actividade, correspondentes ao sistema água-acetona. O facto deles
aparecerem aqui representados, indica que estão referenciados na base de dados do simulador,
caso não apareçam teremos de os obter por outra via, como por exemplo através de modelos de
previsão como o UNIFAC.

Nalguns casos, existem os parâmetros para umas espécies mas para outras não. Isto é sinal que a
base de dados do simulador não contém todos os parâmetros obtidos por via experimental (ou
tendo como base determinações experimentais), mas permite utilizarmos os que temos mediante
a opção “Unknows Only” (só desconhecido). Também é possível utilizar a estimativa UNIFAC,
mas neste caso teremos de distinguir entre equilíbrios líquido-líquido e líquido-vapor (desafia-se
o aluno a descobrir que os parâmetros são diferentes para ambos os casos).

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4.7. Determinação de Propriedades


Através do Fuid Package poderemos entrar na base de dados do simulador e obter os valores
correspondentes aos parâmetros das propriedades dos diferentes compostos. Para isso teremos de
entrar na pasta “Tabular” e piscar na opção Enable Tabular Properties.

Em Option/All Properties, veremos uma lista de propriedades físicas e termodinâmicas,


podendo-se seleccionar a(s) pretendida(s). Activando por exemplo a entalpia e o calor latente,
poderemos, na opção Information, ter acesso aos parâmetros e coeficientes correspondentes a
essas propriedades. Se pretendermos visualizar o ajuste do modelo seleccionado, o substitui-lo
por outro modelo, poderemos piscar no botão Cmp. Prop. Detail. Na pasta Variables pode-se
mudar o tipo de equação que queremos que defina a propriedade. Na pasta Plots veremos uma
representação gráfica onde a vermelho estão os valores experimentais e a verde os resultados da
regressão pela equação seleccionada para o modelo numérico.

Como exemplo criemos no HYSYS um sistema formado por dois componentes típicos na
fabricação de cumeno, como são o cumeno e o AMS (alfa-metil-estireno). No Fluid Package
escolhendo a equação UNIQUAC, veremos que os coeficientes binários possuem os campos
vazios (em branco), não existem valores. Isto deve-se ao facto de não constarem na base de
dados do simulador e portanto é necessário estimá-los. Isto é efectuado através da opção
ALL Binaries, tendo anteriormente seleccionado a opção UNIFAC VLE.

Já temos o sistema definido através de parâmetros de interacção entre espécies, e assim já


poderemos ver as propriedades que necessitemos dos componentes puros, tal como se

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MSUP (Módulo 1)

exemplificou anteriormente. Tente alterar a equação que descreve uma dada propriedade e
avaliar (através da representação gráfica da pasta Plots) o grau de concordância entre os valores
de referência (experimentais) e os numéricos produzidos pelo modelo.

5. Criação de Componentes Hipotéticos


O HYSYS permite a criação de componentes não existentes na base de dados, ou hipotéticos, a
partir do “Hypo Manager”. Componentes hipotéticos podem ser compostos puros, misturas
conhecidas ou desconhecidas, ou então sólidos. Pode-se também converter (ou clonar)
componentes da base de dados do HYSYS em componentes hipotéticos, o que permite alterar os
valores das propriedades existentes na base de dados.
Existe uma vasta gama de métodos de estimativa para os diversos “Hypo Groups”
(hidrocarbonetos, álcoois, etc.) de modo a assegurar a melhor representação do comportamento
do componente hipotético na simulação. Adicionalmente, são fornecidos métodos de estimativa
das interacções binárias entre os componentes hipotéticos e os existentes na base de dados.

O procedimento apresentado seguidamente baseia-se num exemplo apresentado no Manual do


HYSYS. Para mais informações aconselha-se a consulta deste manual. Neste exemplo pretende
criar-se um componente hipotético (etanol), e comparar as suas propriedades com as do etanol
(puro) existente na base de dados do simulador.

1. Abra um novo caso no HYSYS e seleccione a página “Hypotheticals” no “Simulation Basis


Manager”. Na secção “Hypothetical Group”, pressione o botão “Add” para criar um novo
grupo hipotético. Imediatamente o simulador atribui a este grupo o nome “HypoGroup1”.
Pode mudar este nome mais tarde se desejar.

2. Quando se adiciona um novo grupo hipotético, o HYSYS abre uma janela “Tabular
Hypothetical Input”, onde se adiciona e definem os componentes para o grupo. Nesta janela
altere o nome do grupo para “HypoAlcool” por exemplo. Repare que o “default” do HYSYS
na célula “Component Class” são os hidrocarbonetos. Para este exemplo altere a selecção para
álcool.

3. O próximo passo é instalar um componente hipotético. Na secção “Individual Hypo Controls”,


carregue no botão “Add Hypo”. Esta acção adiciona um componente hipotético designado por
“Hypo2000”. Altere, na célula “Name”, o nome deste componente para a designação que
pretender, por exemplo, “HypoEtoh”.

4. Na célula “NBP” (“normal boiling point”), introduza a temperatura de ebulição normal do


etanol que é 78,25ºC, e na célula “Liquid Density” a sua massa específica que é 787,41 kg/m3.

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5. O simulador pode estimar para o composto hipotético, propriedades por nós desconhecidas
somente com o NBP e a massa específica. No entanto os resultados da estimativa serão mais
exactos se introduzirmos a estrutura molecular do componente. Carregue no botão “UNIFAC”
para aceder ao “UNIFAC Component Builder”.

6. A fórmula química do etanol é C2H5OH, e é composta por grupos funcionais CH3, CH2 e OH.
Seleccione o grupo CH3 da lista de “Available UNIFAC Groups”. Carregue depois no botão
“Add”. Repare que aparece 1 na primeira célula da coluna “Sub Groups” da “UNIFAC
Structure”. Por “default” o simulador atribui o valor 1 na célula da coluna “How Many”. O
número de ligações livres aumentou para 1 com a adição do grupo funcional CH3. De igual
forma adicione os grupos CH2 e OH à “UNIFAC Structure” a partir da lista de “Available
UNIFAC Groups”.

7. Uma vez completa a estrutura UNIFAC, o simulador calcula as propriedades críticas. Feche a
janela do “UNIFAC Component Builder” de modo a voltar à janela do “Tabular Hypothetical
Input”.

8. O HYSYS pode agora usar mais informação (ponto de ebulição normal, massa específica e
estrutura UNIFAC) para estimar as restantes propriedades para o composto hipotético.
Podemos examinar os métodos de estimativa utilizados pressionando o botão “Estimation
Methods” para abrir uma janela de “Property Estimation”. Se pretender pode mudar o método
de estimativa de qualquer propriedade. Neste exemplo usaremos os métodos de “default”.
Feche a janela para voltar à “Tabular Hypothetical Input”.

9. Carregando no botão “Estimate Unknown Props” o HYSYS utiliza os métodos especificados


para estimar as propriedades desconhecidas para o componente. A massa molar do composto
hipotético será igual à do etanol (46,07 g/mol), uma vez que a estrutura UNIFAC fornece essa
informação. Pode examinar todas as propriedades do composto hipotético através do
“Component Property View”, piscando duas vezes com o rato sobre o nome do composto.

10. Por fim, compare o valor das propriedades do composto hipotético criado com as
propriedades do etanol existente na base de dados do simulador (utilize por exemplo a
equação de Wilson).

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