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DIREITO INTERNACIONAL

1) O art 1º da Lei nº 9.307/96 (Lei de Arbitragem) dispõe expressamente que: "As


pessoas capazes de contratar poderão valer-se da arbitragem para dirimir litígios
relativos a direitos patrimoniais disponíveis".

Por certo responsabilidade ambiental é um tema de direito indisponível, pois o Brasil


além de previsão constitucional, tem a sua lei específica, a qual dispõe sobre as sanções
penais e administrativas derivadas de condutas e atividades lesivas ao meio ambiente.

2) A questão trata de natureza jurídica e competência. Constituição Federal de 1988:

Art. 109. Aos juízes federais compete processar e julgar:


II - as causas entre Estado estrangeiro ou organismo internacional e Município ou
pessoa domiciliada ou residente no País;

O COI e a FIFA, são associações de direito privado, sem fins lucrativos, tendo suas
sedes na Suíça, não se configurando como órgãos de direito público externo, de forma
que não se encaixam na regra de competência federal prevista no Art. 109, II, da CF.

B) na justiça estadual, pois o COI não é um organismo de direito público externo. 


O pedido deve ser feito na justiça estadual, pois o COI não é um organismo de direito
público externo. O COI é uma associação de direito privado, sem fins lucrativos, sendo
a justiça estadual competente para processar e julgar os processos referentes a esse tipo
de pessoa. 
Correta letra “B". Gabarito da questão.

C) por auxílio direto, intermediado pelo Ministério Público, nos termos do tratado
Brasil-Suíça. Código de Processo Civil: 
Art. 28. Cabe auxílio direto quando a medida não decorrer diretamente de decisão de
autoridade jurisdicional estrangeira a ser submetida a juízo de delibação no Brasil. 
O auxílio direto não é meio de solução judicial de conflitos, consubstanciando-se em
medidas de cooperação jurídica direta, devendo ser solicitadas de maneira direta, não
envolvendo carta rogatória, uma vez que não estão relacionadas a decisões judiciais. 
Assim, para a cobrança, o pedido deve ser feito na justiça estadual, pois o COI está fora
da competência prevista no art. 109, II da CF. 
Incorreta letra “C". 

D) na justiça federal, por se tratar de uma organização internacional com sede no


exterior. 
O pedido deve ser feito na justiça estadual, ainda que se trata de uma organização
internacional, pois o COI não é um organismo de direito público externo, de forma que
não se aplica a regra de competência prevista no art. 109 da Constituição Federal, sendo
competente, portanto, a justiça estadual. 
Incorreta letra “D".

3) A respeito do direito internacional, quanto aos tribunais internacionais:

Dentre as alternativas propostas, a dúvida paira sobre as alternativas B e C.


É importante saber que o Tribunal Penal Internacional é o responsável pelo julgamento
de pessoas físicas, em casos principalmente de grave violação aos direitos
humanos, enquanto a Corte Internacional de Justiça julga Estados e Organizações
internacionais. No caso apresentado, como a disputa envolve dois Estados (Brasil e
Uruguai), o tribunal internacional competente é a Corte Internacional de Justiça.

Em relação às demais alternativas:

O Tribunal Permanente de Revisão do Mercosul tem a função de conhecer e resolver em


matéria principalmente de opiniões consultivas e  revisão de laudos dos tribunais
arbitrais ad hoc dos Estados partes do Mercosul.

O Tribunal Internacional do Direito do Mar tem a função de resolver conflitos


marítimos, a partir da interpretação e aplicação das normas da Convenção das Nações
Unidas sobre o Direito do Mar de 1982.

4) A) por carta rogatória ativa.  

A carta rogatória é a expedida por autoridade judiciária brasileira para a realização ou


cumprimento de diligências em outros países.

É admitida a solicitação de colheita de provas por meio de carta rogatória ativa.

Incorreta letra “A".

B) por carta rogatória passiva. 

A carta rogatória passiva é a expedida por autoridades judiciárias estrangeiras, tendo por
objeto a prática de ato processual no Brasil, após a concessão da execução pelo STJ.

É admitida a solicitação de colheita de provas por meio de carta rogatória passiva.

Incorreta letra “B".

C) a representantes diplomáticos ou agentes consulares. 

Os representantes diplomáticos representam o Estado, além de informar e negociar,


também em nome do Estado. Já os agentes consulares tem por designação exercer
funções consulares e funções notariais ou de registro, e a exercem em cidades menores,
geralmente sob a jurisdição de um cônsul geral. Nenhum desses dois tem como função a
colheita de provas.

Não é admitida a solicitação de colheita de provas a representantes diplomáticos ou


agentes consulares.

Correta letra “C". Gabarito da questão.

D) pela via do auxílio direto. 


Código de Processo Civil:

Art. 28.  Cabe auxílio direto quando a medida não decorrer diretamente de decisão de
autoridade jurisdicional estrangeira a ser submetida a juízo de delibação no Brasil.

Art. 30. Além dos casos previstos em tratados de que o Brasil faz parte, o auxílio direto
terá os seguintes objetos:

II - colheita de provas, salvo se a medida for adotada em processo, em curso no


estrangeiro, de competência exclusiva de autoridade judiciária brasileira;

O auxílio direto é um meio de cooperação internacional para a comunicação de atos


processuais, obtenção de provas, e em alguns casos, medidas cautelares e decisões de
tutela antecipada.

É admitida a solicitação de colheita de provas pela via do auxílio direto.

Incorreta letra “D".

Resposta: C

Observação:

O Decreto nº 9.039/2017, promulga a Convenção sobre a Obtenção de Provas no


Estrangeiro em Matéria Civil ou Comercial, firmada em Haia, em 18 de março de 1970,
trata da obtenção de provas por representantes diplomáticos, agentes consulares ou
comissários, trazendo as hipóteses e as ressalvas.

Porém, como no enunciado da questão não há tais ressalvas e reservas, a alternativa


incorreta, dentre as apresentadas, é a letra C.

5) A respeito das disposições da Convenção de Viena, com base no decreto 7.030/2009:

a)Tratado se refere a acordo internacional concluído por escrito entre Estados.

b) Artigo 19 - Um Estado pode, ao assinar, ratificar, aceitar ou aprovar um tratado, ou a


ele aderir, formular uma reserva, a não ser que: a)a reserva seja proibida pelo tratado; b)o
tratado disponha que só possam ser formuladas determinadas reservas, entre as quais
não figure a reserva em questão; ou c)nos casos não previstos nas alíneas a e b, a
reserva seja incompatível com o objeto e a finalidade do tratado.

c) Nos termos do artigo 27. Uma parte não pode invocar as disposições de seu direito
interno para justificar o inadimplemento de um tratado. Esta regra não prejudica o artigo
46.

Artigo 46 1. Um Estado não pode invocar o fato de que seu consentimento em obrigar-se
por um tratado foi expresso em violação de uma disposição de seu direito interno sobre
competência para concluir tratados, a não ser que essa violação fosse manifesta e
dissesse respeito a uma norma de seu direito interno de importância fundamental.
A assertiva afirma que o tratado foi devidamente internalizado, portanto não se aplica o art.
46.

d) Tratado que esteja em conflito com norma imperativa de Direito Internacional Geral é
nulo e se extingue.

Artigo 53 É nulo um tratado que, no momento de sua conclusão, conflite com uma norma
imperativa de Direito Internacional geral. Para os fins da presente Convenção, uma norma
imperativa de Direito Internacional geral é uma norma aceita e reconhecida pela
comunidade internacional dos Estados como um todo, como norma da qual nenhuma
derrogação é permitida e que só pode ser modificada por norma ulterior de Direito
Internacional geral da mesma natureza. 

Artigo 64 - Se sobrevier uma nova norma imperativa de Direito Internacional geral,
qualquer tratado existente que estiver em conflito com essa norma torna-se nulo e
extingue-se.

6) A questão trata dos direitos do estrangeiro no Brasil, de acordo com a Lei de Migração -
Lei nº 13.445/2017:

A lei elenca determinados direitos concedidos a todos os migrantes no território nacional,


em condição de igualdade com os nacionais. Dentre estes direitos, está o da saúde e o da
educação, conforme disposto no art. 4º, incisos VIII e X, respectivamente:

Art. 4º Ao migrante é garantida no território nacional, em condição de igualdade com os


nacionais, a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à
propriedade, bem como são assegurados:

VIII - acesso a serviços públicos de saúde e de assistência social e à previdência social,


nos termos da lei, sem discriminação em razão da nacionalidade e da condição migratória.

X - direito à educação pública, vedada a discriminação em razão da nacionalidade e da


condição migratória.

Portanto, estes direitos são assegurados a todos os migrantes, inclusive apátridas e


refugiados.

7) A questão trata da penhora de bens do Estado Estrangeiro para pagamento de


dívidas trabalhistas. Há entendimento pacificado sobre o tema.

AGRAVO DE INSTRUMENTO. IMUNIDADE DE EXECUÇÃO. RECLAMAÇÃO


TRABALHISTA. LITÍGIO ENTRE ESTADO ESTRANGEIRO E EMPREGADO
BRASILEIRO.

Dá-se provimento ao agravo de instrumento, para melhor exame do recurso de revista,


ante a aparente violação do art. 114, I, da Constituição da República. RECURSO DE
REVISTA. IMUNIDADE DE EXECUÇÃO. RECLAMAÇÃO TRABALHISTA. LITÍGIO ENTRE
ESTADO ESTRANGEIRO E EMPREGADO BRASILEIRO. Na linha da jurisprudência do
Supremo Tribunal Federal e do Tribunal Superior do Trabalho, a imunidade de execução
continua sendo prerrogativa institucional do Estado estrangeiro, dada a intangibilidade dos
seus próprios bens, ressalvada a existência, em território brasileiro, de bens, que, embora
pertencentes ao Estado estrangeiro, sejam estranhos, quanto à sua destinação ou
utilização, às legações diplomáticas ou representações consulares por ele mantidas em
nosso País, caso em que tais bens são suscetíveis de penhora judicial para garantia do
crédito trabalhista, o que será apurado e definido no processo de execução. Recurso de
revista de que se conhece e a que se dá parcial provimento. (TST. RR RR
1301403319915100003 130140-33.1991.5.10.0003. Órgão Julgador: 5ª Turma. Relator
Juiz Convocado Walmir Oliveira da Costa. Julgamento 31/05/2006. Publicação DJ
23/06/2006).

A) somente irá prosperar se o Estado estrangeiro tiver bens que não estejam diretamente
vinculados ao funcionamento da sua representação diplomática.

8) O asilo é um dos princípios que regem as relações internacionais do Brasil (art. 4º, X,
CF/88), concedido àqueles perseguidos em seu país de origem devido a opiniões políticas
ou religiosas. Há duas formas de asilo: o territorial, no qual o sujeito requerente está no
território brasileiro; e o diplomático, em que o sujeito está em país estrangeiro e requerer a
concessão do asilo à Embaixada brasileira.

No caso apresentado, o indivíduo requerer o asilo no consulado venezuelano localizado no


Brasil. Não há previsão para asilo consular. Portanto, o asilo diplomático não pode ser
concedido.

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