Diante disso, a falta de cobertura
EMPREGO DOMÉSTICO: UMA
DESIGNAÇÃO
HISTORICAMENTE
VINCULADA ÀS MULHERES
NEGRAS
LT- 12- Direito do Trabalho,
Seguridade e Previdência social
Palavras-chave: Emprego doméstico.
Mulheres negras. Raça.
INTRODUÇÃO
Com a Emenda Constitucional nº 72
de abril de 2013, resultante da
chamada PEC das domésticas, houve a
alteração do parágrafo único do artigo
7º da Constituição, estabelecendo,
assim, igualdade de direitos entre os
trabalhadores domésticos e os demais
trabalhadores. Além disso, em 2015,
foi sancionada a Lei Complementar
150, que dispõe sobre o contrato de
trabalho doméstico com o intuito
formalizar as relações trabalhistas da
classe doméstica. Tais instrumentos
apontam para um horizonte de
valorização e profissionalização da
categoria. Entretanto, nos casos
práticos, o emprego doméstico ainda é
desvalorizado, sendo um centro de
desigualdade racial e legitimidade da
disparidade social, na medida em que,
de acordo com a Organização
Internacional do Trabalho (OIT), a
categoria é composta majoritariamente
por mulheres negras.. Dessa forma,
nesse trabalho, objetiva-se apontar o
perfil raça/cor das empregadas
domésticas bem como, apresentar
como o imaginário social desvaloriza a
figura da empregada doméstica, uma
vez que naturaliza a exploração da
mão de obra negra. Por fim, justifica-
se a importância do trabalho para
auxílio de um olhar mais crítico dos
profissionais da área jurídica sobre a
temática.
METODOLOGIA
Quanto ao procedimento metodológico
empregado, tem-se primeiramente a
pesquisa bibliográfica, com consulta
realizada em fontes secundárias, como
artigos científicos e livros que foram
essencial à pesquisa descritiva
qualitativa, através, também de sítios
eletrônicos
social do emprego doméstico junto
Mucama com criança no século XVII
RESULTADOS
Mesmo após a abolição da escravidão,
a mulher negra ainda continuou sendo
vista apenas como um instrumento de
trabalho, pois, mesmo libertas, essas
mulheres permaneceram excluídas da
lógica social e econômica do país. Sem
lugar, sem trabalho, sem nenhum tipo
de assistência por parte do estado para
minimamente reparar os 300 anos de
escravidão. (TOKITA, 2013). Como
consequência lógica disso, elas
passaram a realizar o chamado
trabalho doméstico ,e , atualmente, na
categoria das domésticas, o fator raça/
cor, no caso do Brasil, ressalta-se pela
concentração de pessoas negras: 61,8%
pretas/ parda s e 38% brancas (com
0,2% de “outros”) (IBGE, 2007). A
relação inversa também é alta: das
mulheres negras no Brasil, 21% são
empregadas domésticas, e dessas,
apenas 23% possuem a carteira de
trabalho assinada. Das mulheres
brancas, essa relação é de 12,5% e
26% (IBGE, 2007).
.
Cena do filme: “ Historias cruzadas” 2011
com o imaginário social de
naturalizar a servidão da mão de obra
feminina e negra contribuiram para
um relação de exploração por parte
dps empregadores. Tal relação é bem
descrita por David Evan:
As relações íntimas que muitos
brasileiros têm com suas empregadas
domésticas – àquelas que consideram as
empregadas como sendo “parte da
família” – caberiam facilmente no campo
de comportamentos afetivos. Porém, ao
mesmo tempo, esses, sistematicamente as
exploram – exigindo jornadas de trabalho
muito além do que eles esperam de seus
iguais, negando a elas férias devidas,
pagando salários baixíssimos,
hospedando-as em quartos fora dos
padrões legais para habitação humana.
(EVAN, David, 2007, p.64)
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Como observa-se dos dados
apresentados e do contexto histórico
brasileiro, o trabalho doméstico é
alimentado pela desigualdade e pela
dinâmica social criada, havendo a
racialização das relações. Dentro
disso, a raça é determinante na
posição do indivíduos na sociedade,
isso porque o preconceito e a
discriminação racial não são apenas
resquícios do passado, eles adquiriram
funções e significados novos e
passaram a integrar o funcionamento
da sociedade e do capitalismo,
resultando em uma profunda
desigualdade social e um racismo
estrutural, sendo essa a razão para as
mulheres negras ocuparem o número
de 3,7 milhões entre as 5,7 milhões
empregadas domésticas no Brasil
REFERÊNCIAS
HARRIS, David Evan. 'Você vai me servir':
desigualdade, proximidade e agência nos dois
lados do Equador. 2008. Dissertação (Mestrado
em Sociologia) - Faculdade de Filosofia, Letras
e Ciências Humanas, Universidade de São
Paulo, São Paulo, 2008.
doi:10.11606/D.8.2008.tde-04072008-152652.
Acesso em: 2019-09-08
INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E
ESTATÍSTICA. Pesquisa Nacional por Amostra de
Domicílios: PNAD 2007. 2007.
TOKITA, Márcia Figueiredo. Mulheres negras.
In: “Revoluções nas Américas: passado,
presente e futuro”, V Simpósio Internacional
Lutas Sociais na América, 2013, Londrina. GT
7- Feminismos, Sexualidades e marxismos na
América Latina. Londrina: 10 -13, set. 2013.
Anais eletrônicos: ISSN 2177-9503. Disponível
em: http://www.uel.br/grupo-
pesquisa/gepal/anais_v_GT7.html . acessos
em 08 set. 2018.