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Sinais precoces de transtornos neurológicos na identificação

de transtornos de desenvolvimento e de aprendizagem

Clay Brites

Resumo
As evidências científicas e clínico-pedagógicas mostram a necessidade cada vez
maior e disseminada de se detectar precocemente fatores de risco para o baixo
rendimento escolar e possíveis distúrbios de aprendizagem em crianças e adolescentes
antes que cheguem nos anos letivos. Dentre os fatores psicossociais, pedagógicos,
culturais e psiquiátricos destacam-se, neste contexto, os de ordem neurológica. A
identificação precoce de sinais neurobiológicos de alerta durante o desenvolvimento
da criança é salutar como uma das estratégias para o diagnóstico e intervenção
preventiva no tocante ao seu futuro escolar. Observar o histórico familiar, buscando
neste a existência de transtornos de desenvolvimento, psiquiátricos e de dificuldades
de aprendizado pode ser um dado muito importante, pois estas condições tem forte
componente genético. Perfil obstétrico patológico (gemelaridade, hipertensão arterial,
uso de drogas lícitas ou ilícitas e ameaças de aborto) e condições de parto
disfuncionais (prematuridade, baixo peso ao nascer, intercorrências hipóxico-
isquêmicas e necessidade de suporte ventilatório com UTI) devem sempre ser
valorizados. No exame físico, devemos estar atentos aos dismorfismos,
visceromegalias, alterações de pele e alterações nas proporções de membros e cabeça.
Durante o desenvolvimento da criança, hipotonia, atrasos motores e de linguagem e
comportamentos insuficientes de auto-regulação são sinais objetivos frequentemente
indicativos de transtornos de desenvolvimento, como o TDAH, Dislexia/Disgrafia e
Autismo. A história clínica da criança durante a fase pré-escolar pode contribuir para
a suspeita de problemas neurológicos, como levantar informações acerca de crises
febris, infecções do sistema nervoso central, distúrbios metabólicos, epilepsias,
cefaléia, encoprese, enurese, tics, tremores e problemas de equilíbrio. Estes dados,
enfim, devem ser pesquisados sempre na puericultura e por profissionais médicos e
não-médicos que convivem, atendem e, porventura, intervém em crianças e
adolescentes com o intuito de investigar melhor e implementar um manejo preventivo
para as possíveis e futuras dificuldades de aprendizagem.
Introdução
As pesquisas neurocientíficas contemporâneas e os avanços observados em
neurofisiologia, neuropsicologia, genética, psicofarmacologia e neuroimagem têm
trazido ao panorama do neurodesenvolvimento e da aprendizagem infantis a
possibilidade de buscar estratégias de abordagem diagnóstica e de intervenção
remediativa nos transtornos de desenvolvimento e nos de aprendizagem. Sabemos que
o processo de aprendizagem escolar envolve diversos fatores que podem ser genéticos
e ambientais1 e a interação entre eles permite, no cérebro, integrar complexos
mecanismos em paralelo e em sequência na direção de construir novas funções e
consolidar o conhecimento necessário e desejado de acordo com a idade cronológica.2
Integrar e consolidar informações são ações que somente se completam em condições
favoráveis, tanto na evolução cronobiológica da estrutura do sistema nervoso central,
quanto na otimização dos estímulos e das motivações do ambiente.
Este nascente paradigma - construído desde o final do século XIX, mas
exponencialmente impulsionado a partir dos anos 70 com Luria e Vygotsky e nos
anos 90 com o avanço neurocientífico - tem direcionado a avaliação clínica e as
escolas a se atentarem àquelas crianças que por diversos motivos apresentam atrasos
ou sinais de risco que podem gerar significativos prejuízos ao seu desenvolvimento
escolar. Por outro lado, a verificação recorrente de que muitas crianças com
problemas de aprendizagem já apresentavam, em idades tenras, história familiar
peculiar, antecedentes patológicos, aspectos anormais nos campos comportamentais,
cognitivos, motores e/ou de linguagem que poderiam sinalizar insuficiências
pedagógicas futuras, passaram a reforçar ainda mais a necessidade de observar sinais
ou sintomas neurológicos de risco precoce que porventura poderiam aparecer durante
a observação desenvolvimental das crianças.
O presente capítulo tem, portanto, a finalidade de: 1) expor os principais
fatores que podem levar a problemas neurológicos e neurodesenvolvimentais
prejudicando futuramente a aprendizagem escolar; 2) descrever os fatores de risco
neurológico associados às dificuldades de aprendizagem comprovados
cientificamente; 3) descrever os sinais de risco neurológicos que podem predispor a
criança e o adolescente a apresentarem tanto transtornos de desenvolvimento,
distúrbios de comportamento como de aprendizagem.
Interface entre fatores desencadeantes e função neurológica
A Neurologia é a ciência que estuda a estrutura e os mecanismos bioquímicos
e interconectivos do sistema nervoso no estado normal e patológico e sua relação com
a expressão funcional e clínica de acordo com as etapas de desenvolvimento do
indivíduo. Esta ciência aborda o estudo de todos os fenômenos genéticos, ambientais
e epigenéticos que possam influenciar a formação dos neurônios, os processos
embrionários bioprogramados, a organização e a maturação de todas as regiões
cerebrais desde a concepção. Conhecer as etapas normais do desenvolvimento infantil
e a estruturação complexa do cérebro no tempo e no espaço é tão importante quanto
desvendar os fatores desencadeantes (intrínsecos e extrínsecos) de processos que
podem desorganizá-lo e, consequentemente, alterar sua função no ciclo da vida. A
figura 1, esquematizada pelo autor do capítulo, ilustra, didaticamente e
resumidamente, as interfaces entre os processos neuroanatomofisiológicos e clínicos
de formação e desenvolvimento normal do sistema nervoso e os fatores
desencadeadores de produção de distúrbios ou doenças que podem desestabilizá-lo e
alterar sua função.
Fatores ambientais
Privação Sócio-Cultural-Afetiva, Prematuridade, Baixo-Peso ao Nascer, Drogas na
Gestação, Distúrbios Hipóxico-Isquêmicos, Traumas, etc.

• COMPORTAMENTO
• HABILIDADES
• FORMAÇÃO DO • APRENDIZAGEM
CONSTRUCTO COGNITIVAS DIAGNOSTICO
CÉREBRO • PRE-REQUISITOS DE
GENETICA NEUROPSICOLÓ • AREAS DE AUTO- CLINICO-
• PROGRAMAÇÃO GICO PEDAGOGICO LEITURA-ESCRITA-
REGULACAO
ONTOGENÉTICA ARITMETICA
EMOCIONAL

Figura 1: Interação genético-ambiental no desenvolvimento cerebral e na correlação com aspectos


neuropsicológicos e a aprendizagem escolar ( esquematizada e organizada pelo autor do capítulo)

O desenvolvimento normal do cérebro e de todo o sistema nervoso central


depende de condições genéticas e ambientais ideais3 e a escalada para a conclusão de
todo este processo passa por etapas dependentes de programação intrínseca do
material genético e de ambiente externo propício para a implementação adequada
desta programação.4 A interação genético-ambiental nos processos cerebrais tem sido
amplamente estudada por diversos grupos multicêntricos internacionais e os
resultados tem sido agrupados nos chamados GWAS (Genomic-Wide Association
Study)5. Estes estudos mostram a interação entre determinados agrupamentos
genéticos, mutações ou alelos preditores de doenças com influências ambientais. Um
exemplo dentro dos GWAS são os estudos dos genes-candidatos do TDAH com
fatores ambientais como o tabagismo, onde se observou maior ocorrência do
transtorno em indivíduos com a mutação DAT1 gerados por mães que fumaram na
gestação6. No entanto, vários artigos têm também mostrado o maior risco de outros
distúrbios associados a dificuldades de aprendizado em indivíduos predispostos
geneticamente e expostos a maus-tratos e abusos crônicos nos primeiros anos de
vida7.
Podemos dividir os fatores desencadeantes de distúrbios neurológicos em
cinco condições: 1) Genéticas; 2) Pré-natais; 3) Perinatais; 4) Pós-natais; e 5)
Epigenéticas (onde o desencadeamento de um problema neurológico resulta de uma
predisposição genética e um gatilho ambiental, podendo ser transmitido às gerações
subsequentes). No tocante a estes fatores, a avaliação clínica e a investigação de
queixas escolares são essenciais e deve estar associada às indagações acerca de
crianças com problemas de aprendizagem e de comportamento.

a) Fatores Genéticos
Nossas características físicas, comportamentais, afetivas e cognitivas são
originariamente influenciadas pela identidade genética. Somos gerados por uma
imbricada rede de reações bioquímicas comandadas por nosso DNA o qual foi
resultado da união das redes genéticas de nossos pais. Buscar dados referentes à
história familiar e da possível presença de distúrbios e transtornos nas gerações
anteriores dos integrantes das famílias de nossos pais pode auxiliar no diagnóstico,
especialmente de condições como TDAH, Autismo, Deficiência Intelectual,
Transtornos de Aprendizagem (especialmente a Dislexia) e Distúrbios Psiquiátricos,
com forte influência genética e prejuízos neuropsicológicos, como a esquizofrenia e o
transtorno bipolar.8

b) Fatores Pré-Natais
Avaliar cuidadosamente como transcorreu o período gestacional de uma
criança e o histórico de problemas, intercorrências ou a utilização de drogas lícitas ou
ilícitas durante este processo é extremamente importante. O uso de drogas lícitas
(álcool e fumo) e ilícitas (maconha, cocaína, heroína, LSD e crack) durante a gravidez
está associada a inúmeros problemas na criança, tais como: distúrbios motores,
atencionais, de memória, de baixo rendimento nas atividades sociais e acadêmicas,
além de predispor a transtornos psiquiátricos.9 Informações ultrassonográficas pondo-
estaturais evolutivas e de possíveis malformações são valiosas. Os exames de rotina
realizados durante os meses de gestação rastreiam infecções, distúrbios metabólicos e
doenças que porventura podem colocar em risco todo o processo de desenvolvimento
fetal. A história de trabalho de parto prematuro, sangramentos e alterações de
comportamento do bebê podem sinalizar sinais de inviabilidade biológica ou de
alguma doença genética ou síndrome em andamento. Mesmo que este feto venha a
concluir o processo gestacional, pairará sobre ele suspeitas de que tenha alguma
anormalidade. É comum no histórico de crianças com transtornos de
neurodesenvolvimento gestação irregular, instável ou de risco10.

c) Fatores Perinatais
O parto é um momento decisivo da vida de qualquer criança. Este processo é
organicamente traumático, pois sela a transição entre o ambiente intrauterino -
dependente do aporte sanguíneo da mãe para a sobrevivência – em direção ao
ambiente extra-uterino, onde o bebê terá que respirar, se alimentar e se defender de
infecções ativamente para se manter. Este momento deve ocorrer sob cuidados e
observação especializada, pois qualquer atraso no andamento da aquisição da
autonomia respiratória, circulatória e neurológica ao nascer pode lesionar
inexoravelmente o parênquima cerebral. Verificar a idade gestacional e peso ao
nascer, o aspecto vital da criança e fatores de risco para uma boa adaptação a este
processo permite adiantar-se e proteger a integridade de seu desenvolvimento porque
condições como anóxia perinatal, hipoglicemia, crises convulsivas, distúrbios hidro-
eletrolíticos e abstinência de drogas podem levar a consequências clínicas altamente
arriscadas e sequelas neurológicas.11

d) Fatores Pós-Natais
Passado o processo de formação intra-uterina e a complexidade do parto e
período neonatal, inicia-se o período lactente e infantil da criança – anos pré-escolares
– e vários fatores colocam em risco o desenvolvimento cerebral e podem prejudicar a
aprendizagem escolar. Doenças infecciosas do sistema nervoso central (meningites e
encefalites) e doenças auto-imunes ou inflamatórias são altamente mórbidas e podem
levar desde a paralisia cerebral até distúrbios cognitivos e senso-perceptivos
significativos. Outras situações acidentais como quase-afogamentos, broncoaspirações
e traumatismos cranianos com histórico de comprometimento da consciência e/ou
crises convulsivas podem resultar em sequelas neurológicas e possíveis problemas de
aprendizagem.
Neste contexto, a epilepsia é uma condição que merece atenção especial, pois
a maioria das doenças ou síndromes epilépticas da infância tem associação frequente
com distúrbios motores e cognitivos, transtornos de atenção, deficiência intelectual e
autismo.12
Crianças ou adolescentes vítimas de maus-tratos (como abusos físicos ou
psicológicos, ou de severas restrições afetivas e de experiências com o mundo), por
serem criados por cuidadores inadequados, nos primeiros anos de vida compõem
grupo de alto risco para o desenvolvimento de distúrbios psiquiátricos e dificuldades
escolares. Além disso, pode reduzir suas habilidades sociais e impedir frequentemente
uma boa adaptabilidade frente às adversidades do ambiente. 13
O período pós-natal, desde o nascimento, deve incluir, além do
acompanhamento pondo-estatural, alimentar, higiênica, vacinal apanágio da boa
14,15,16
prática em puericultura, a observação do desenvolvimento neuropsicomotor .
Inúmeros trabalhos e artigos científicos associam atrasos observados no
neurodesenvolvimento como associados a sinais de risco para problemas pediátricos
gerais, neurológicos e para a aprendizagem escolar17,18,19. Outrossim, mesmo sendo o
atraso no desenvolvimento um quase sinônimo de patologia neurobiológica esta
também pode sinalizar condições anormais de afetividade, pouco estímulo ambiental,
desnutrição severa e doenças pediátricas específicas, sendo sua observação
sistemática fundamental e recomendada por consensos médicos especializados, redes
de pesquisa e organismos internacionais respeitados e de referência20,21. Várias
escalas de desenvolvimento neuropsicomotor foram desenvolvidas e normatizadas
para as mais variadas culturas com a finalidade de tornar esta linha de avaliação uma
conduta generalizada e regular na avaliação de crianças e adolescentes22.
A observação do desenvolvimento neuropsicomotor envolve a avaliação
clínica de aspectos motores, de linguagem, sócio-pessoais, adaptativos e
comportamentais e deve ser analisado de acordo com o que se espera para uma
determinada idade cronológica. Saber diferenciar imaturidade de atraso é muito
importante e desvios significativos devem ser valorizados e investigados com a
finalidade de chegar a um diagnóstico, bem como permitir intervenção tanto para
remediar como para reabilitar a tempo de evitar maiores prejuízos a médio e longo
prazos, prevenindo maiores problemas quando esta criança chegar na fase escolar.
Obviamente, avaliar a gravidade e o grau de generalização deste atraso permitirá
definir o prognóstico e delinear as estratégias a serem implementadas, assim como
levantar suspeitas quanto às possíveis etiologias.
Por fim, outras condições somente observáveis durante o ciclo de vida pós-
natal da criança também podem interferir na aprendizagem escolar e devem ser
identificadas por terem comorbidade ou serem confundidos com os transtornos de
aprendizagem, como: cefaléias, encoprese, enurese, tics, obesidade, TDAH,
Transtornos do Espectro Autista, Distúrbio Específico de Linguagem e Deficiência
Intelectual. Em sua maioria, estes possuem sintomas e sinais de identificação precoce
os quais serão descritos mais adiante.

e) Fatores Epigenéticos
A epigenética consiste no estudo das mudanças hereditárias na expressão
gênica que independem de mudanças na sequência primária do DNA. Este fenômeno
induz a alterações no genoma, fazendo com que características ou interferências
adquiridas durante experiências com o ambiente no ciclo da vida do indivíduo sejam
“internalizadas” na sua carga genética e transmitidas aos seus filhos biológicos. Os
mecanismos epigenéticos abrangem metilações do DNA, modificações pós-
traducionais em histonas, alterações de posicionamento de nucleossomos e de micro-
RNA.
Comumente, estas modificações podem ocorrer em doenças neoplásicas,
distúrbios psiquiátricos (como esquizofrenia e autismo), doenças auto-imunes e
síndromes (como Prader-Willi e Angelman), conferindo aos afetados características
mais leves ou severas de acordo com a influência ambiental23. O mesmo ocorre no
desenvolvimento motor, o qual pode se modificar com a emergência de novas
habilidades ou recursos de acordo com a interferência do meio ambiente (contexto)
que o rodeia24.

Fatores de risco neurológicos


Dedicarei a citar e descrever nesta seção as condições cientificamente
comprovadas e bem documentadas que aumentam o risco de desenvolvimento de
problemas neurológicos. A extensa literatura descreve como fatores de risco
principais: uso de drogas lícitas ou ilícitas na gestação, prematuridade, baixo peso ao
nascer, insultos hipóxico-isquêmicos, síndromes genéticas, atraso no desenvolvimento
neuropsicomotor, transtornos de desenvolvimento e malformações cerebrais. Além
disto, no Quadro 1, estão listados, na sua quase totalidade, outras condições que: 1)
podem desencadear variados problemas neurológicos que, provavelmente, afetarão o

Causas Pré-Natais Causas Perinatais Causas Genéticas Condições associadas de


risco

Prematuridade Insultos Hipóxico- Síndromes ou


Baixo Peso ao Nascer Isquêmicos Sequências Epilepsias
Drogas Lícitas ou Hipoglicemia Neonatal Hipotonia Neonatal Cefaléias
Ilícitas Distúrbios Hidro- Malformações Encoprese
Aborto Provocado eletrolíticos Cerebrais Enurese
Doença Hipertensiva Crises Convulsivas Dist. de sucção TDAH
Específica Atraso de Tics Crônicos
da Gravidez (DHEG) Desenvolvimento (Sindrome de Tourette)
Diabetes Gestacional História familiar de Transtornos do espectro
Estresse Emocional dificuldades de autista

desempenho na aprendizagem escolar e 2) estão associados às dificuldades de


aprendizado e, o aparecimento destes, devem ser valorizados como situações de risco.
Materno aprendizado Deficiência Intelectual

Quadro 1: Fatores presentes na história clínica ou nos antecedentes familiares e/ou pessoais de
crianças e adolescentes com dificuldades de aprendizagem associados a problemas neurológicos

Dentre os principais fatores, ressaltam-se a prematuridade, tanto pelo


expressivo papel desencadeador de problemas de desenvolvimento, quanto pela
grande quantidade de estudos evidenciando a relação deste com transtornos
atencionais25, de memória espacial26 e de comportamento motor27.

Sinais precoces de transtornos neurológicos


Seguindo a velha máxima de que “prevenir é melhor do que remediar”, uma
grande parte dos transtornos de natureza neurobiológica com consequências na
aprendizagem escolar apresentam sintomas, sinais e perfil comportamental desde
idades iniciais da vida da criança. A identificação precoce destes sinais são muito
importantes, pois permitem, num cérebro em fase de construção e desenvolvimento,
intervenções e manejos remediativos que modificam e alteram a intensidade e a
magnitude destes transtornos para níveis administráveis e até leves, aumentando a
chance de viabilidade para o contexto social e acadêmico.
A despeito dos mecanismos puramente acadêmicos, a vida escolar é
complexa e exige também prontidão e preparo do indivíduo para desafios sociais e
institucionais além de ser um ambiente permeado por regras, prazos e de constante
absorção de conteúdos e conceitos.28 O desenvolvimento adequado de habilidades
neuropsicomotoras é, dentre vários pré-requisitos, fundamental para obter um
rendimento escolar satisfatório pois permite que o indivíduo possa assumir tarefas e
relacionamentos neste cotidiano de forma adequada, comprometida e auto-regulada.
Dentre estas habilidades, listam-se as funções executivas (planejamento, decisão,
controle inibitório, sequenciação, análise de prioridades), atenção, memória de
trabalho, linguagem, organização espacial, percepção visual e auditiva,
comportamento e organização motoras.29,30
O desenvolvimento inadequado, incompleto ou patológico, destas habilidades
pode ser percebido e observado pelo clínico e por profissionais afins desde os
primeiros anos de vida, especialmente dos 0 aos 5 anos. Estes sinais precoces
podem expressar possíveis problemas neurológicos. Favorecido esquematicamente
pelo uso de escalas de avaliação do desenvolvimento consolidadas na literatura e nos
consensos internacionais como Denver31, Bayley32, QNST-II33, e pela observação
clínica comparativa da normalidade entre crianças da mesma idade nos mais diversos
ambientes, destaca-se verificar o controle e o comportamento motor, habilidades de
integração sensório-perceptivo e sensório-motor, comportamentos reflexos,
lateralidade, linguagem e habilidades sociais (atenção compartilhada, imitação e
adequação às regras e rotinas).
Neste capítulo, destacaremos os transtornos neurológicos mais relacionados à
escola que podem apresentar sinais precoces de anormalidade clínica durante o
desenvolvimento da criança, tais como as síndromes genéticas, TDAH, transtorno do
espectro autista, dislexia e a deficiência intelectual.

a) Síndromes Genéticas
O paciente acometido por alguma síndrome ou sequência malformativa
apresenta, na maioria das vezes, algum comprometimento neurológico. Estas
patologias representam um grupo de apresentação clínica heterogênea e extensa com
transtornos, epônimos e denominações das mais diversas origens, mas que tem em
comum alguma anormalidade estrutural no seu genoma. Podem ser de origem
cromossomial (mais severas) ou microdeleções (mais leves). Estes pacientes tem no
seu quadro clínico alterações somáticas (físicas) e neurodesenvolvimentais e, em
algumas situações, distúrbios endocrinológicos, ortopédicos, cardio-respiratórios e
renais.34,35
Dentro do que interessa a este capítulo, os pacientes que apresentam
síndromes genéticas podem expressar desde leves disfunções cognitivas até severa ou
profunda deficiência intelectual associados ou não a transtornos neuropsiquiátricos,
sempre levando a algum prejuízo no contexto escolar. Dentro de cada síndrome
também existe extensa variabilidade de perfis cognitivos e de níveis intelectuais,
sendo necessário avaliação neuropsicológica e fonoaudiológica adequada em cada
caso suspeito assim que possível e necessário.36,37
Desde o nascimento é importante observar sinais físicos na criança, como
alterações pondo-estaturais, desproporções entre membros e cabeça, perímetro
cefálico, deformações cranianas, manchas ou deformidades cutâneas,
visceromegalias, alterações oculares, etc, os quais podem sinalizar – associados a
atrasos de desenvolvimento e/ou problemas comportamentais – alguma síndrome ou
sequência genética.
Seria natural o atendimento clínico pediátrico ou programas estratégicos de
saúde da família identificarem precocemente estas crianças, mas ainda é frequente
estas chegarem sem um diagnóstico na escola e ser esta a instituição que levantará a
suspeita e encaminhará para uma avaliação especializada. A identificação mais
precoce possível destes casos tem as seguintes finalidades: 1) permitir intervenções
precoces no atraso de desenvolvimento; 2) sendo uma síndrome de alta morbidade ou
mortalidade, implementar ações preventivas e de rastreamento de imunodeficiências,
distúrbios onco-hematológicos e epilepsias; 3) permitir ações de planejamento
familiar, orientando os pais sobre os riscos de recidiva em outros filhos; 4) preparar,
de forma adequada e em tempo hábil, a família e a escola para as estratégias que serão
necessárias.
Dentre os sinais neurológicos precoces podemos citar: hipotonia neonatal,
sucção inadequada ou deficiente, atraso ou anormalidade nos reflexos arcaicos,
comportamento e controle motor desorganizado, atraso na aquisição de habilidades
motoras e de linguagem em relação à idade cronológica, problemas de equilíbrio e
postura, hiperatividade e comportamento autístico. Ainda é frequente a história de
gestação com perdas sanguíneas recorrentes, ameaças de trabalho de parto prematuro,
consanguinidade, baixo peso ao nascer, dificuldade para ganhar peso, hemorragias
peri-ventriculares, anóxia neonatal e crises convulsivas.38
b) Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH)
O TDAH é um distúrbio de desenvolvimento caracterizado por sintomas-alvo
mais frequentes o déficit de atenção, a hiperatividade e a impulsividade, com
aparecimento antes dos 12 anos e com evolução crônica e persistente na adolescência
39,40
(80% casos) e na fase adulta (50% casos). Em grande parte dos casos, estes
sintomas já estão presentes antes dos 5 anos e a identificação precoce é possível por
apresentar sintomas e sinais sugestivos, especialmente naqueles onde há evidente
história familiar, antecedentes de prematuridade e baixo peso ao nascer além de
histórico gestacional de tabagismo materno, os quais são hoje considerados fatores de
risco ambientais para desenvolver o transtorno. 41, 42
Dentre os sinais neurológicos precoces, temos: atraso motor e/ou de fala;
agitação extrema e significantemente superior às demais crianças da mesma idade;
criança que a todo momento os pais tem que se desdobrar para cuidar dela nos mais
diversos ambientes; inabilidade motora para atividades lúdicas que exigem menor
velocidade e maior precisão, evidenciando dificuldades para implementar ritmo,
controle inibitório e persistência motora para cumprir uma tarefa motora;
impulsividade; dificuldade para lidar com o erro e corrigir após repetitiva intervenção
dos pais ou cuidadores; reincidência nos traumas e perigos do ambiente; teimosia e
aversão às frustrações, regras e rotinas do cotidiano; irritabilidade e labilidade
emocional; desorganização para atividades sequenciais e/ou aquelas que exigem
colaboração e flexibilidade; pouca fixação ocular durante diálogos e atividades
sociais; necessidade de cobrança constante e repetição de comandos para cumprir
tarefas que exigem tempo e prazo; desrespeito ao tempo alheio durante atividades
compartilhadas e sofrimento dos pais e da escola/creches, associado a estas queixas
com problemas de socialização e dificuldades de ritmo de sono.43
A avaliação destas crianças nos primeiros anos de vida deve passar por
observação nos mais diversos ambientes e levar em consideração seu comportamento
durante atividades comuns como as refeições, hora de brincar, ao se deitar para
dormir. Deve-se verificar se vive em ambiente onde esteja sofrendo quaisquer tipos de
maus tratos físicos ou psicológicos. Na pré-escola, estas crianças costumam ter mais
dificuldades para memorizar regras e rotinas, são muito impulsivas, agitadas, pouco
persistem em atividades de roda, historinhas e jogos que exigem esforço mental
prolongado, desistindo fácil e procura estímulos diversos ao seu redor, tendo que ser
frequentemente recrutadas e reengajadas pelos seus cuidadores. Os pais passam a
evitar sair de suas casas para lazer ou compromissos sociais pela dificuldade de
administrar o seu comportamento, pois além da excessiva inquietude, estas são
explosivas e irritadas quando conduzidas e enquadradas. Estas crianças caem e se
machucam mais, expõem-se mais a traumas graves e hospitalizações e demoram mais
para aprenderem a evitar situações de perigo iminente.44
No seu histórico familiar é comum relatos de TDAH, transtorno bipolar,
autismo e deficiência intelectual e transtornos de aprendizagem45, além de atraso de
desenvolvimento neuropsicomotor nos primeiros anos de vida, especialmente nas
habilidades motoras, de linguagem e no cognitivo social, onde se observa risco maior
de 2 a 7 vezes de aparecer estes déficits em pacientes com TDAH em comparação
com crianças normais.46 Tais condições, portanto, devem ser pesquisadas na
anamnese de antecedentes familiares.
Diversas pesquisas e evidências mostram que o diagnóstico precoce permite
intervenção com terapia cognitiva comportamental, diminuindo com o tempo os
sintomas, o que aumenta as chances de bom desempenho escolar e ambiental47.

c) Dislexia
A dislexia é um transtorno de aprendizagem do tipo verbal, de origem
neurobiológica, caracterizada por significativa dificuldade de compreensão,
memorização e raciocínio por meio da leitura e da escrita, onde a etiologia principal
parece estar associada a problemas do processamento fonológico, devido a distúrbios
interconectivos entre várias regiões cerebrais. Resulta em baixo rendimento na
aprendizagem sem que haja comprometimento intelectual ou história de privação
significativa do acesso à vida escolar-acadêmica.48 Várias pesquisas têm mostrado a
importância de se identificar crianças com sinais precoces de dislexia em crianças
menores de 5 anos com histórico familiar de dislexia com o intuito de se aplicar
terapias remediativas e intervenções nos déficits identificados, a fim de reduzir a
intensidade do quadro quando chegar na fase escolar. Alguns estudos mostram a
possibilidade de até 40% de chance de se minimizar o quadro ao se aplicar este
manejo. 49
Os sinais precoces que podem ser observados em crianças de até 5 anos e
estimulados sua identificação por consensos internacionais50 e políticas educacionais
de alguns países europeus51 são: história familiar de dislexia; atraso de fala; fala com
omissões e trocas; dificuldade para memorizar rimas e aliterações, canções, parlendas;
pouco interesse por material impresso; dificuldade com quebra-cabeças; disnomia;
dificuldade com sequências motoras e aprendizagem de símbolos gráficos; e atraso
de coordenação motora.

d) Deficiência Intelectual
A deficiência intelectual é um transtorno de desenvolvimento no qual o
indivíduo apresenta significativos prejuízos no comportamento intelectual e
adaptativo, o que leva a restrições em seu desenvolvimento social, afetivo e
acadêmico. Esta condição predispõe a insuficiências no funcionamento autonômico
da criança em três domínios: conceitual, social e no auto-manejo. No nível conceitual,
observam-se déficits na linguagem, leitura, escrita, matemática, conhecimento e
memória. O nível social, refere-se a dificuldades de empatia, julgamento social,
habilidades de comunicação inter-pessoal e habilidades de fazer e manter amigos. E
no que tange ao auto-manejo, dificuldades significativas em dominar auto-cuidado, de
assumir e conduzir responsabilidades no trabalho ou na família, inabilidade de lidar
com dinheiro e valores e pouca criatividade.51
Os sinais precoces que podem ser observados nos primeiros três anos de vida
são53:
 Pouca iniciativa;
 Atividade exploratória reduzida;
 Déficit na utilização simbólica do objeto;
 Pouco desenvolvimento dos meios de persuasão;
 Atraso postural e motor;
 Atraso na linguagem expressiva e de comunicação;
 Interação pobre com o ambiente e pessoas.

Ressalta-se que estas características podem estar associadas a características


sindrômicas, manchas de pele congênitas, dificuldades alimentares, epilepsia,
problemas esfincterianos e comportamento autístico.
Conclusões
Frente a todas as considerações supra-citadas e às evidências de que a
aprendizagem escolar é um processo de construção de competências, onde a cada
idade se observa a obtenção e lapidação integrada de habilidades inatas e adquiridas, a
identificação precoce de sinais de risco neurológico emerge como essencial e
obrigatório. Frustrar-se com a carreira escolar é uma possibilidade que faz parte da
vida humana, mas não se precaver ou ignorar condições descritas como previsíveis e
que podem ser suavizadas por providências conhecidas é condenar a criança a uma
realidade para a qual ela não escolheu conscientemente. As medidas preventivas de
saúde e educação devem ser direcionadas para evitar sofrimento desnecessário e
permitir qualidade de vida no contexto escolar, tanto para o aluno quanto para seus
professores. Neste ínterim, a epistemiologia neurobiológica vem trazer sua
contribuição para que a vida escolar de cada criança seja mais agradável e atraente
possível, com condições plenas de escolha para o seu futuro e reduzindo, dentro do
possível, as cifras de abstinência, repetência e evasão.

Referencias
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