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BASEADO NO FORMATO DE PROVA APLICADO PELA BANCA CEBRASPE

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SUGESTÕES DE TEMAS PARA PROVA DISCURSIVA


PF/2020

• Nesta prova, faça o que se pede, usando, caso deseje, o espaço para rascunho indicado no presente caderno. Em seguida, transcreva
o texto para a FOLHA DE TEXTO DEFINITIVO DA PROVA DISCURSIVA, no local apropriado, pois não serão avaliados frag-
mentos de texto escritos em locais indevidos.
• Qualquer fragmento de texto que ultrapassar a extensão máxima de linhas disponibilizadas será desconsiderado.
• Na folha de texto definitivo, identifique-se apenas no cabeçalho da primeira página, pois não será avaliado texto que tenha qualquer
assinatura ou marca identificadora fora do local apropriado.

Prof.ª Tereza Cavalcanti


TEMA 1
Jovem de 23 anos, que faz parte de grupo de caçadores de pedófilos, conta passo a passo da operação
Anônima*, de 23 anos.
Eu sou a isca viva de um grupo de caçadores de pedófilos. Isso significa que não apenas converso com suspeitos de pedo-
filia na internet: vou pessoalmente encontrá-los. Faço parte de um grupo chamado Guardians of the North (Guardiões do Norte, em
tradução livre), criado há quase três anos.
Nossas investigações sempre começam online. Tenho conta em várias redes sociais diferentes. Meu perfil é sempre público
para que qualquer pessoa consiga visualizá-lo e me enviar mensagem.
Em um deles, me passo por uma garota de 14 anos. Uso um nome falso, mas as fotos são minhas. São imagens normais – geralmente
só de rosto. Minha idade real é 23 anos, mas posso fazer isso porque pareço mais nova. Sou pequena e tenho cara de menina. Acho
que ajuda o fato de parecer mais jovem quando falo também, porque converso com as pessoas pelo telefone quando necessário.

www.bbc.com.br

O rumoroso caso da menina de 10 anos, do Espírito Santo, que foi estuprada seguidamente e engravidou do tio trouxe de volta
ao noticiário nacional a pedofilia, tragédia recorrente no Brasil. Nesse tipo de crime, a criança muitas vezes é vítima de um adulto que
parece insuspeito. Pode ser um parente, como no caso recente que emocionou o país, ou algum figurão, desses com autoridade para fazer
cumprir a lei que eles mesmos transgridem.

www.noticiasuol.com.br

Considerando que os textos acima têm caráter meramente motivador, redija uma dissertação sobre o tema

O PAPEL DA POLÍCIA FEDERAL NO COMBATE À PEDOFILIA

Ao elaborar o seu texto, aborde necessariamente os seguintes aspectos:


1. Atuação de pedófilos na Internet e dificuldade de rastreá-los
2. A importância da atuação da Polícia Federal no combate ao crime de pedofilia
3. O papel da família e da sociedade para evitar que crianças e adolescentes se exponham a pedófilos

SUGESTÃO DE ABORDAGEM
Aspecto 1

O comportamento dos pedófilos na Internet costuma apresentar dois perfis. No primeiro, navegam sozinhos à procura de
fotos e vídeos e evitam grupos, pois têm medo de serem identificados. No segundo, a outra forma de pedofilia virtual é mais ousada,
pois os abusadores buscam contato direto com as vítimas, o que ocorre em redes sociais e jogos que permitem conversas entre os
participantes.
Pedófilos atuam na web com contas falsas ou na Dark Web, ambiente cuja arquitetura impossibilita a identificação do ponto
de acesso (IP), ocultando o real usuário que acessa a rede, o que dificulta o rastreamento.
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Aspecto 2

Monitoramento de suspeitos por meio de atividades de inteligência.


Apoio à polícia civil.
Parceria com outros países por meio da Interpol.
Deflagração de operações, como Darknet, Ártemis e Toca da Onça.

Aspecto 3

Crianças e adolescentes podem ficar vulneráveis a tentativas de aliciamento na internet, principalmente nas plataformas de
jogos on-line, redes sociais e chats. Para garantir a autoproteção da criança ou adolescente, é importante que a família (ou a escola, por
meio de educadores) fale com eles sobre segurança na Internet, limites do corpo mesmo em ambiente virtual, conceitos relativos ao que
é privado e ao que é público e o que fazer caso sinta que tem alguma coisa errada acontecendo.
Os familiares devem ficar atentos e supervisionar as atividades “on-line” das crianças.
A sociedade deve ficar atenta a cenas ou indícios de abuso sexual e procurar canais de denúncia.
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TEMA 2
Art. 225. Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia qua-
lidade de vida, impondo-se ao poder público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras gerações.

Constituição Federal do Brasil

Enquanto o Pantanal queima e a Amazônia registra índices de degradação cada vez maiores, o Brasil sofre a ameaça de ficar
para escanteio na economia. Além dos alertas já emitidos por fundos de investimentos e bancos brasileiros e da ameaça de que o acordo
comercial entre a União Europeia e o Mercosul não se conclua, nesta terça (15) o vice-presidente Hamilton Mourão recebeu uma carta
assinada pelos embaixadores de oito países europeus - Alemanha, Reino Unido, França, Itália, Holanda, Noruega, Dinamarca e Bélgica.
O recado da carta é claro: enquanto a questão do desmatamento e da preservação são foco dos governos e das empresas do continente,
o “Brasil está tornando cada vez mais difícil para empresas e investidores atender a seus critérios ambientais, sociais e de governança”.

www.elpaisbrasil.com – 16/9/2020

PRESERVAÇÃO AMBIENTAL: IMPORTÂNCIA PARA A MANUTENÇÃO DA VIDA

No seu texto, aborde necessariamente os aspectos 1 e 2, e responda, claro e analiticamente, ao que se pergunta no aspecto 3.
1. Queimadas em regiões do Brasil e seus impactos na saúde
2. Questões ambientais no Brasil e suas relações com a economia
3. Existe forma de conciliar crescimento econômico do Brasil e preservação ambiental?

SUGESTÃO DE ABORDAGEM
Aspecto 1

As pessoas que vivem nessas regiões sofrem diretamente os impactos das queimadas intensas e podem ser expostas a níveis de poluição
do ar acima do limite recomendado pela Organização Mundial da Saúde.
Além disso, a fumaça e as partículas liberadas pelos incêndios são levadas pelo vento a outras regiões.
São consequências da inalação de fumaça de queimada: pneumonia, doenças respiratórias, infarto agudo do miocárdio, aci-
dente vascular cerebral e, quando a exposição é crônica, câncer de pulmão e peso baixo ao nascer.
O aumento das queimadas torna ainda mais dramática a situação do sistema de saúde da região, atacando o sistema respiratório
de pacientes e um sistema hospitalar já fragilizado com a Covid-19.

Aspecto 2

- Desmatamento para produção agropecuária – otimização da produção e crescimento econômico.


- Desmatamento e queimadas – afastamento de investidores internacionais.

Aspecto 3

Neste tópico, espera-se uma resposta clara à pergunta, com fundamentação em argumentos. É um tópico com liberdade opina-
tiva e, portanto, sem padrão de resposta esperado.
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TEMA 3
A educação virtual é uma arma importante para detectar informações falsas no noticiário, segundo especialistas. Essa “alfabeti-
zação” deve contar com esforços de vários setores da sociedade, para evitar que as chamadas “fake news” tumultuem o debate público,
como ocorreu na corrida eleitoral americana e na votação pela saída do Reino Unido da União Europeia.

(www.infograficos.estadao.com.br)

Hoje em dia tudo é verificável e, portanto, não é fácil mentir. Mas essa dificuldade pode ser superada com dois elementos bási-
cos: a insistência na asseveração falsa, apesar dos desmentidos confiáveis; e a desqualificação de quem a contradiz. E a isso se soma um
terceiro fator: milhões de pessoas prescindiram dos intermediários de garantias (previamente desprestigiados pelos enganadores) e não
se informam pelos veículos de comunicação rigorosos  , mas diretamente nas fontes manipuladoras (páginas de Internet relacionadas e
determinados perfis nas redes sociais). A era da pós-mentira fica assim configurada.

www.elpaisbrasil.com - Alex Grijelmo - A arte de manipular multidões Técnicas para mentir e controlar as opiniões se aperfeiçoaram na era da pós-
-verdade

Em 2016, o termo “pós-verdade” foi eleito pelo dicionário britânico Oxford como a palavra do ano. Segundo a entidade, o
termo é um adjetivo “que se relaciona ou denota circunstâncias nas quais fatos objetivos têm menos influência em moldar a opinião
pública do que apelos à emoção e a crenças pessoais”.

www.uolnotícias.com.br

Considerando que os textos têm caráter meramente motivador, redija uma dissertação sobre o seguinte tema:

DESINFORMAÇÃO NA ERA DA INFORMAÇÃO – O COMPARTILHAMENTO DE MENTIRAS E BOATOS


NA INTERNET

Ao elaborar seu texto, aborde necessariamente os seguintes aspectos:


1. A facilidade de acesso à informação na Internet
2. Um lado negativo da Internet: as fake news e suas consequências nas mais diversas áreas
3. Formas de prevenção do usuário da Internet contra as fake news e ações do poder público para enfrentar o problema

SUGESTÃO DE ABORDAGEM
Aspecto 1

Uma informação gera conhecimento, ajuda a pessoa a construir uma opinião sobre determinado assunto e aprimora o debate
público. O surgimento da Internet possibilitou o compartilhamento de informações, fato considerado positivo.

Aspecto 2

Estudos divulgados pelo MIT, centro de tecnologia americano, indicam que as fake news se propagam com uma rapidez 70%
maior do que as notícias verdadeiras e atingem um público 100 vezes maior.
A divulgação de histórias falsas pode ter consequências diversas, tais como: prejuízos financeiros (no comércio, a dissemina-
ção de fake news é estratégia comumente usada para conseguir dados pessoais e aplicar golpes, afetando consumidores e empresas);
constrangimentos, injúria e difamação de pessoas, empresas e organizações (há casos de pessoas que foram agredidas e até mortas em
decorrência de notícias falsas); influência política (polarização do discurso ideológico, sobretudo em época eleitoral; acirramento do
discurso de ódio).

Aspecto 3

Cabe ao usuário proceder à checagem de informações por meio de serviços que verificam a veracidade de dados e declarações
públicas de políticos e personalidades. No Brasil, são exemplos a Agência Lupa e os sites Aos Fatos, Detector de Mentiras e o projeto
Truco, da Agência Pública. Boatos populares da internet também são desmentidos por sites como Boatos.org e E-farsas e a importância
da imprensa (checagem e divulgação acerca da veracidade da informação).
O poder público pode cobrar a responsabilização de redes sociais (como Facebook e WhatsApp) no combate a perfis falsos,
redes de calúnia e robôs (os chamados bots). O Estado também pode regular e fiscalizar, mas com cuidado para não ultrapassar os limi-
tes e cair na censura, desrespeitando os direitos individuais e a liberdade de imprensa.
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TEMA 4
De caráter estrutural e sistêmico, a desigualdade entre brancos e negros na sociedade brasileira é inquestionável e persiste com
a fragilidade de políticas públicas para o seu enfrentamento. Se realmente queremos construir uma sociedade igualitária, é necessário
compreender qual o papel que cada estrutura socioeconômica desempenha na reprodução do racismo, a fim de desenhar estratégias
eficazes para o seu enfrentamento. Nesse cenário, o combate à desigualdade racial na educação é essencial, enquanto elemento indis-
pensável para qualquer mudança, de modo que sem uma educação efetivamente antirracista não é possível pensar em uma sociedade
igualitária.

www.geledes.org.br/10/7/2020

Considerando que o texto tem caráter meramente motivador, redija uma dissertação sobre o seguinte tema:

RACISMO ESTRUTURAL NO BRASIL: UM PROBLEMA A SER COMBATIDO

1. Construção e institucionalização do racismo no Brasil


2. O papel da mobilização social no combate a práticas racistas
3. A importância das ações afirmativas no enfrentamento ao racismo

SUGESTÃO DE ABORDAGEM
Aspecto 1

Origem do racismo confunde-se com a origem da colonização do país. A população negra é mais suscetível à pobreza e à
exclusão social. De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), por exemplo, os negros representam 75,2% do
grupo formado pelos 10% mais pobres no Brasil.  
Diferentemente do racismo individual, que se relaciona ao preconceito racial, quando uma pessoa se considera superior a outra
por conta da cor de sua pele, o racismo institucional acontece quando estruturas e instituições, públicas e privadas, atuam de forma
diferenciada em relação a determinados grupos, em função de suas características físicas ou culturais. 

Aspecto 2

Poder de mobilização da sociedade em cobrar do poder público ações de enfrentamento institucional ao racismo. O movimento
Vidas Negras Importam ilustra esse poder de mobilização.
Pressão de empresas sobre redes sociais, como aconteceu com a Coca-Cola Company, que está revisando suas políticas de
anúncio digital, um movimento entre marcas que exigem que as plataformas definam melhores práticas para lidar com conteúdo de ódio
online. A Coca-Cola aponta para casos de racismo não solucionados pelas empresas de tecnologia.

Aspecto 3

Exemplos de ação afirmativa: a implementação de cotas raciais na educação e no serviço público.


A representatividade pode se manifestar na política, na mídia, na publicidade, nas artes. Ocorre pelo protagonismo assumido
pelos negros. É de inegável importância na construção da identidade e da autoestima. A representatividade possibilita o reconhecimento
e a manutenção entre a igualdade e a diferença, entre direitos individuais e identidades grupais, essencial à democracia, marcada pela
pluralidade.
É necessário buscar formas de reparar o deficit de representatividade, como as ações afirmativas, por exemplo. Estas nada
mais são que políticas que visam eliminar a desigualdade, discriminação e marginalização historicamente acumuladas e originadas em
questões de gênero, etnia, religiosidade, raça.
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TEMA 5
Na era pós-fordista, como perscrutou Michel Foucault, o “poder enformador da sociedade”, vulgo capitalismo, redefiniu os
indivíduos-sujeitos. Os valores da livre-concorrência ocuparam os espíritos para transformar todos e cada um em “empreendedores de
si mesmos”, proprietários, sim, do seu “capital humano”, mas despossuídos de seu corpo e de sua mente.
Mesmo cultivado com os empenhos da educação e da formação profissional, o capital humano sofre forte desvalorização nos
mercados de trabalho contaminados pela precarização e pelo empreendedorismo das plataformas, pela continuada perda da segurança
outrora proporcionada pelos direitos sociais e econômicos. Não por acaso, a Gig Economy foi abalada pelas greves dos motoristas do
Uber na Califórnia ou pela recente rebelião brasileira dos entregadores de comida, massacrados em seus direitos e seus rendimentos
pelas manobras do “aplicativo”. Na outra ponta do espectro econômico, a rápida expansão do enriquecimento derivado da propriedade
de ativos e não de seu emprego na produção de bens e serviços demonstra que a financeirização não é uma deformação desse regime de
apropriação da renda e da riqueza, senão a expressão necessária de sua dinâmica contraditória.

https://www.cartacapital.com.br/opiniao/luiz-gonzaga-belluzzo-informalidade-formalizada

O livro de Tom Slee tem o mérito de desmistificar a aura de esperança com que a Economia do Compartilhamento foi encarada
em seus primórdios. Ele é inspirado, como diz o autor na conclusão, por um sentimento de traição. Uberização: a nova onda do traba-
lho precarizado é uma importante denúncia contra o cinismo dos que se apresentam ao grande público como promotores da cooperação
social e do uso parcimonioso dos recursos, mas que na verdade estão entre os mais importantes vetores da concentração de renda, da
desregulamentação generalizada e da perda de autonomia dos indivíduos e das comunidades no mundo atual.

— Ricardo Abramovay, prefácio do livro Uberização: a nova onda do trabalho precarizado

Considerando que os fragmentos de texto têm caráter meramente motivador, redija uma redação sobre o tema

PRECARIZAÇÃO DO TRABALHO NO MUNDO CONTEMPORÂNEO

1. Discorra sobre a economia do compartilhamento e sua relação com a precarização do trabalho


2. Apresente e analise os efeitos da precarização do trabalho
3. Indique, sob uma perspectiva opinativa, a importância do papel do Estado na proteção dos direitos do trabalhador

SUGESTÃO DE ABORDAGEM
Aspecto 1

Usar a Internet para promover o serviço peer-to-peer – pessoas colaborando umas com as outras, como uma alternativa a con-
fiar em corporações para que elas cuidem de nossas necessidades – soava como uma proposta interessante. Somava-se a isso a promessa
de sustentabilidade por meio do uso de ativos sub-utilizados, como carros.
Porém, muitas empresas da economia compartilhada estão promovendo uma forma desprotegida e vulnerável de trabalho mal
remunerado e sem garantias trabalhistas.

Aspecto 2

Podem-se mencionar os seguintes aspectos, entre outros:


Agravamento das desigualdades sociais
Diminuição da arrecadação de impostos
Problemas de saúde (física e psíquica) ao trabalhador

Aspecto 3

Este tópico tem natureza opinativa, logo não há para ele direcionamento de resposta. Vale destacar que o candidato pode
defender a interferência mais acirrada do Estado ou a intervenção mínima, dado o novo contexto histórico-social, sob a defesa da autor-
regulação dos setores. Qualquer que seja a abordagem, porém, é necessário que se respeitem os direitos humanos e os preceitos cons-
titucionais.
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Prof. Fernando Moura


TEMA 6
Leia o texto seguinte.

A imigração contribui para inovar e dinamizar as economias no globo. Países com políticas migratórias arrojadas estão se
valendo das habilidades dos imigrantes para se desenvolver e crescer. Além disso, os efeitos econômicos, sociais e culturais positivos,
com a troca de conhecimento e técnica devido à coabitação do nacional com o estrangeiro, são inúmeros. Estudos indicam que econo-
mias que acolhem imigrantes obtêm melhorias sob a ótica da competitividade, da inovação, do crescimento econômico e da distribuição
de renda. Do ponto de vista sociocultural, a presença do imigrante na sociedade promove a diversidade humana e cultural, e facilita o
diálogo da nação com o mundo exterior cada vez mais globalizado. Pode ainda facilitar a instalação de empresas estrangeiras no Brasil
e, com isso, a introdução de novas tecnologias no país, ou mesmo favorecer a exportação de produtos nacionais. Assim, o ordenamento
jurídico que rege a entrada, a estada e a saída do imigrante apresenta-se como dimensão de análise essencial para constatar o nível de
receptividade da sociedade ao estrangeiro.

Guilherme de Oliveira Schmitz , in PROPOSTAS PARA A ATUALIZAÇÃO DA LEGISLAÇÃO MIGRATÓRIA BRASILEIRA: PRINCÍPIOS NORTEA-
DORES, DIREITOS E GARANTIAS, DEVERES, IMPEDIMENTOS E RESTRIÇÕES, Ipea, RJ, 2016, p. 8.

Considerando que o texto acima tem caráter unicamente motivador, redija um texto dissertativo acerca do seguinte tema.

RELAÇÃO ENTRE OS PRINCÍPIOS E AS GARANTIAS DA LEI DE MIGRAÇÃO E A CONSTITUIÇÃO


FEDERAL DE 1988

Ao elaborar seu texto, trate, necessariamente, dos seguintes aspectos:


- relação entre os princípios e a prevalência dos direitos humanos; [valor: 7,00 pontos]
- o princípio da igualdade de tratamento e de oportunidade; [valor: 7,00 pontos]
- o princípio da inviolabilidade do direito à vida; [valor: 7,00 pontos]
- o princípio do direito à propriedade. [valor: 8,00 pontos]

SUGESTÃO DE ABORDAGEM
O candidato deverá elaborar texto dissertativo completo (introdução, desenvolvimento e fechamento) e atender, necessaria-
mente, aos tópicos solicitados.
Quanto ao primeiro tópico, na introdução, espera-se que o candidato mostre que a nova Lei de Migração (Lei nº 13.445, de
24 de maio de 2017) faz um liame dos seus princípios com a prevalência dos direitos humanos, que é pressuposto trazido pela Carta de
1988. Essa lei reforça o respeito aos direitos e às garantias do ser humano e tem como finalidade precípua a proteção institucionalizada
da dignidade do indivíduo contra qualquer tipo de abuso ou excesso cometido arbitrariamente pelo poder público. Os direitos e as garan-
tias não são absolutos; em regra, são limitados pela lei. Há direitos que se asseguram a todos, independentemente da nacionalidade do
indivíduo, porquanto são considerados emanações necessárias do princípio da dignidade da pessoa humana. Alguns direitos, porém, são
dirigidos ao indivíduo na qualidade de cidadão, em virtude da situação peculiar que o liga ao País. Assim, os direitos políticos pressu-
põem exatamente a nacionalidade brasileira. Os direitos sociais, como direito ao trabalho, tendem a ser também compreendidos como
não inclusivos dos estrangeiros sem residência no País.
No tocante ao segundo tópico, espera-se que o candidato evidencie que o princípio da igualdade, de base constitucional, está
no caput do artigo 5º da Constituição/1988, segundo o qual “todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garan-
tindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e
à propriedade”. Como as pessoas não são iguais, o respeito à diferença e às necessidades de cada um é um dos pilares mais importantes
do conceito. Deve haver relação direta entre a desigualdade e a diferença observada, para que essa relação tenha pertinência. O trata-
mento diferenciado, desde que razoável, não se configura como discriminação e não fere o princípio da isonomia, como, por exemplo,
a exigência de aptidão física para ser militar.
Em relação ao terceiro tópico, espera-se que o candidato explicite que, em se tratando do direito à vida, que, em sua totalidade,
inclui a integridade física e o bem-estar do indivíduo, a vida é o direito mais importante de todos, porque sem ela é impossível usufruir
dos demais. Esse direito está interligado a outros, como, por exemplo, o acesso a serviços públicos de saúde e de assistência social e à
previdência social. É o direito de estar e de permanecer vivo, com qualidade de vida. Portanto, o direito individual fundamental à vida
possui duplo aspecto: sob o prisma biológico, traduz o direito à integridade física e psíquica (desdobrando-se no direito à saúde, na
vedação à pena de morte, na proibição ao aborto e outros); em sentido mais amplo, significa o direito a condições materiais e espirituais
mínimas necessárias a uma existência condigna à natureza humana.
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No que concerne ao quarto tópico, para promover o esgotamento do texto, espera-se que o candidato mencione que também é
garantido o direito à propriedade, já assegurados aos nacionais pelo artigo 5º da Constituição Federal. Isso porque o Brasil é um Estado
capitalista, e o direito de dispor da coisa ou do bem deve ser resguardado a todos os indivíduos aptos legalmente. Ressalte-se que o
direito de propriedade assegurado na Constituição como direito fundamental abrange tanto os bens corpóreos quanto os incorpóreos.
Verifica-se que a lei em pauta é considerada uma das mais avançadas na área de migração em todo o mundo, por assegurar
princípios e diretrizes vanguardistas no campo dos direitos humanos. É inovadora no tratamento humanitário dispensado aos imigran-
tes, na não criminalização da migração, no repúdio ao racismo, à xenofobia e a qualquer forma discriminatória. Já se asseveravam,
constitucionalmente, vários desses direitos a todas as pessoas no território nacional.
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TEMA 7
Leia o texto seguinte.

Migrar e trabalhar. Quando esses verbos se conjugam da pior forma possível, acontece o chamado tráfico de seres humanos. O
tráfico de pessoas para exploração econômica e sexual está relacionado ao modelo de desenvolvimento que o mundo adota. Esse modelo
é baseado em um entendimento de competitividade que pressiona por uma redução constante nos custos do trabalho.
No passado, os escravos eram capturados e vendidos como mercadoria. Hoje, a pobreza que torna populações vulneráveis
garante oferta de mão de obra para o tráfico — ao passo que a demanda por essa força de trabalho sustenta o comércio de pessoas. Esse
ciclo atrai intermediários, como os gatos (contratadores que aliciam pessoas para serem exploradas em fazendas e carvoarias), os coio-
tes (especializados em transportar pessoas pela fronteira entre o México e os Estados Unidos da América) e outros animais, que lucram
sobre os que buscam uma vida mais digna. Muitas vezes, é a iniciativa privada uma das principais geradoras do tráfico de pessoas e
do trabalho escravo, ao forçar o deslocamento de homens, mulheres e crianças para reduzir custos e lucrar. Na pecuária brasileira, na
produção de cacau de Gana, nas tecelagens ou fábricas de tijolos do Paquistão.
O tráfico de pessoas e as formas contemporâneas de trabalho escravo não são uma doença, e sim uma febre que indica que o
corpo está doente. Por isso, sua erradicação não virá apenas com a libertação de trabalhadores, equivalente a um antitérmico — neces-
sário, mas paliativo. O fim do tráfico passa por uma mudança profunda, que altere o modelo de desenvolvimento predatório do meio
ambiente e dos trabalhadores. A escravidão contemporânea não é um resquício de antigas práticas que vão desaparecer com o avanço
do capital, mas um instrumento utilizado pelo capitalismo para se expandir.
Leonardo Sakamoto. O tráfico de seres humanos hoje.

In: História viva. Internet: (com adaptações)

Considerando que o texto acima tem caráter unicamente motivador, redija um texto dissertativo acerca do seguinte tema.

TRÁFICO DE PESSOAS NO MUNDO GLOBALIZADO

Ao elaborar seu texto, trate, necessariamente, dos seguintes aspectos:


- conceito de tráfico de pessoas; [valor: 7,00 pontos]
- principais finalidades/modalidades do tráfico de seres humanos no mundo; [valor: 7,00 pontos]
- situação do Brasil no contexto mundial desse crime; [valor: 7,00 pontos]
- relação entre direitos humanos e tráfico de pessoas. [valor: 8,00 pontos]

SUGESTÃO DE ABORDAGEM
O candidato deverá elaborar texto dissertativo completo (introdução, desenvolvimento e fechamento) e atender, necessaria-
mente, aos tópicos solicitados.
Quanto ao primeiro tópico, na introdução conceitual, espera-se que o candidato mostre que tráfico de pessoas é o recrutamento,
o transporte, a transferência, o alojamento ou o acolhimento de pessoas, recorrendo à ameaça ou ao uso da força ou a outras formas de
coação, ao rapto, à fraude, ao engano, ao abuso de autoridade ou à situação de vulnerabilidade ou à entrega ou aceitação de pagamen-
tos ou benefícios, para obter o consentimento de uma pessoa que tenha autoridade sobre outra para fins de exploração, que incluirá, no
mínimo, a exploração da prostituição de outrem ou outras formas de exploração sexual, trabalho ou serviços forçados, escravatura ou
práticas similares à escravatura, à servidão ou à remoção de órgãos.
No tocante ao segundo tópico, espera-se que o candidato evidencie que órgãos internacionais, como a OIT, afirmam que 43%
dessas vítimas são usadas na exploração sexual comercial, e 32%, na exploração econômica. As demais — 25% dessas pessoas —
são traficadas para uma combinação dessas duas formas de escravidão ou por motivos indefinidos. Para a OSCE – Organização para
Segurança e Cooperação na Europa, 2,6 milhões de pessoas são traficadas anualmente no mundo (800 mil delas para mão de obra em
trabalhos forçados). A Secretaria Federal de Polícia da Suíça, por exemplo, afirma que nesse país há entre 1.500 a três mil mulheres em
situação de escravidão, e muitas delas são brasileiras. Cada mulher chega a dar um lucro de 120 mil euros anuais para seu explorador. O
tráfico para a exploração sexual comercial incide, majoritariamente, sobre mulheres e crianças do sexo feminino, com forte conotação
na abordagem de gênero. Há, ainda, o tráfico para o trabalho escravo, como o detectado em fazendas sul-americanas. Fatos revelam
que o tráfico de órgãos e tecidos é um crime que também ocorre no mundo. O tráfico de pessoas para adoção ilegal de crianças, para
casamento servil ou o tráfico das travestis são outras modalidades desse crime.
Em relação ao terceiro tópico, espera-se que o candidato explicite que o Brasil ocupa posição relevante dentro do contexto
mundial desse crime. É considerado o maior “exportador”, nas Américas, de mulheres, adolescentes e meninas para a indústria do sexo
nos países do Primeiro Mundo. Ademais, é também “consumidor” de escravos. Na indústria de confecção brasileira, existe grande con-
tingente humano trabalhando em condições idênticas à escravidão, oriundos de outros países, como Bolívia, Peru, Paraguai e Coreia.
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É a própria Polícia Federal que denuncia o trabalho escravo com uma jornada de 16 a 18 horas por dia. A enorme extensão da fronteira
seca do Brasil facilita tanto a “importação” quanto a “exportação” de pessoas para o tráfico. Destaquese, ainda, que o Brasil é território
de transição. Muitas pessoas de outros países sul-americanos que são traficadas para Europa ou outras regiões ricas do planeta per-
manecem um tempo em nosso território, à espera de condições para poderem viajar. Mais: o tráfico interno é intenso no Brasil. E essa
modalidade de tráfico de pessoas incide grandemente sobre as crianças
No que concerne ao quarto tópico, para promover o esgotamento do texto, espera-se que o candidato mencione que o tráfico
humano é o pior desrespeito aos direitos inalienáveis da pessoa humana. Isso porque, por mais oprimida e ferida que qualquer pessoa
esteja numa situação de abandono, assim mesmo ela continua a ter sua identidade pessoal. A vítima do tráfico humano é reificada, “coi-
sificada”, passada de pessoa à condição de mercadoria. Ela tem sua identidade humana desconstruída. A abordagem correta sobre o
tráfico de pessoas oferece amplo leque de implicações desse crime que envolve todas as nações do planeta. Como o tráfico de pessoas
é um tipo de migração, está intimamente interligado às questões migratórias atuais. Uma vez que a maioria de pessoas traficadas —
sejam mulheres, adolescentes ou crianças — pertence ao sexo feminino, o tráfico humano tem profundas implicações com as questões
de gênero. No Brasil, parcela significativa das pessoas vítimas desse crime é constituída de afrodescendentes. Daí sua abordagem
vinculada também às questões de raça/etnia. O que caracteriza o tráfico humano, portanto, é seu profundo desrespeito aos inalienáveis
direitos da pessoa humana, porque explora a pessoa humana, degrada sua dignidade, limita sua liberdade de ir e vir.
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TEMA 8
Leia o texto a seguir.

A tecnologia da informação é hoje parte fundamental da sociedade. Não é mais possível tomar uma ação sem que haja inte-
gração com a TI. Portanto, a polícia deve se tornar cada vez mais aparelhada e especializada para aproveitar a tecnologia no com-
bate ao crime.
Na era digital, as leis do País e as regras de convívio social devem ser transportadas para a internet, afinal, ela é a continuidade
da vida de todos os cidadãos. Os crimes que não são permitidos no mundo real também não podem ocorrer no mundo virtual.
A evolução tecnológica tem sido aproveitada por criminosos para fraudes ao sistema, formações de quadrilhas e exposição de
crimes. Para combater esses episódios de violência, os principais mecanismos são as bases policiais já existentes, tanto a Polícia Militar,
para fazer operações de campo e prender pessoas de fato, quanto as Polícias Civil e Federal, que têm habilidades técnicas para investi-
gações, descobrir quem são os alvos e aqueles que praticam os crimes.
Em um segundo momento, é necessário gerar as provas para que a Justiça possa prender essas pessoas. Essas ações se tornarão
mais efetivas a partir da entrega de ferramentas que potencializam a capacidade de investigação.

Folha de São Paulo, 23/8/2020 (com adpatações)

Considerando que o fragmento de texto acima tem caráter unicamente motivador, redija um texto dissertativo acerca do seguinte tema.

ERA DIGITAL E SEGURANÇA PÚBLICA

Ao elaborar seu texto, trate, necessariamente, dos seguintes aspectos:


- importância da tecnologia no combate ao crime; [valor: 10,00 pontos]
- necessidade de aplicação de metodologias e capacitação de policiais na era digital; [valor: 10,00 pontos]
- papel dos setores de inteligência policial. [valor: 9,00 pontos]

SUGESTÃO DE ABORDAGEM
O candidato deverá elaborar texto dissertativo completo (introdução, desenvolvimento e fechamento) e atender, necessaria-
mente, aos tópicos solicitados.
Quanto ao primeiro tópico, na introdução, espera-se que o candidato mostre que a segurança pública é um dos assuntos que
mais preocupam os brasileiros, haja vista os índices de assassinatos comparáveis a países em guerra. Nesse contexto, investimento em
recursos tecnológicos e capacitação de policiais é fundamental A tecnologia é eficiente no combate à criminalidade e importante instru-
mento de auxílio à defesa tanto da segurança pública quanto dos cidadãos, em virtude da capacidade de identificar suspeitos, rastreálos
e solucionar casos.
No tocante ao segundo tópico, espera-se que o candidato evidencie que o uso de recursos tecnológicos pode potencializar
o combate ao crime e ajudar a reduzir os índices de violência, mas esse objetivo será efetivo se a aplicação desses recursos for feita
com base em metodologias. É por meio delas que se assegura o planejamento bem estruturado para que as novas ferramentas atinjam
o máximo potencial que podem entregar. A metodologia não é o simples uso da tecnologia, mas a melhor forma possível de operação
com esses recursos. Por mais avançadas e modernas que sejam, as ferramentas não vêm em primeiro lugar. Estratégias bem-sucedidas
de segurança pública devem partir da observação de qual é o problema de fato para seguir os passos corretos, investigar, gerar provas
e solucionar crimes da maneira mais eficaz. Assim, A extração do máximo potencial dos recursos tecnológicos está atrelada, ainda, à
capacitação dos profissionais que serão responsáveis por sua operação. A capacitação e a atualização devem ser constantes, para que
os agentes de segurança possam acompanhar as mudanças em tecnologia e as respostas a essas alterações sejam o mais breve possível.
Policiais e os demais agentes devem se manter atualizados a respeito de questões sociais, tecnológicas e metodológicas constantemente.
Somente assim serão capazes de saber como combater as novas formas de crime que surgem na era digital.
Em relação ao terceiro tópico, espera-se que o candidato mencione o papel da criação de Núcleos de Inteligência Policial, ,
com base no Plano Nacional de Segurança Pública. Diversos órgãos de segurança pública no País já contam com áreas de inteligência.
O que deve evoluir no combate ao crime é o entendimento de que o que faz diferença para a diminuição dos índices de violência não
é a força extensiva ou o aumento do contingente em campo. Esse diferencial é a inteligência. O uso de força extensiva sem o apoio da
inteligência gera a perda de muitas vidas. Não basta criar núcleos de inteligência, mas, sim, a base para trazer os resultados esperados.
Isso somente é possível com capacitação para a análise dos dados e informações que são coletados com o auxílio da tecnologia, com
a identificação e formação de profissionais com perfil analítico. Esses agentes de segurança pública convivem diariamente com um
grande risco para suas vidas. Portanto, além de oferecer capacitação, é preciso criar as bases e fundamentos para que esses núcleos de
inteligência consigam trazer os resultados esperados. Com o uso da tecnologia fundamentada em metodologias definidas e orientadas
por profissionais bem organizados, é possível combater efetivamente o crime e melhorar a segurança pública.
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TEMA 9
Leia o texto a seguir.

A sociedade moderna entende as unidades penitenciárias como locais onde se devem depositar aqueles que não se ajustam aos
padrões de convivência estabelecidos, aqueles que infringem a lei e a ordem pactuada e, por isso, merecem ser punidos com a perda do
direito à liberdade e, até mesmo, esquecidos.
No entanto, as unidades prisionais devem ser vistas como centros de ressocialização, para onde se encaminham os indivíduos
que cometeram delitos perante a lei e onde deveriam “reaprender” a viver em sociedade. Na realidade atual, diariamente veem-se casos
em que a superlotação das unidades prisionais, a falta de pessoal técnico para atendimento e a ausência de atividades trabalhistas e
educativas transformam as prisões em verdadeiras masmorras medievais. São poucas as unidades que conseguem articular ações que
efetivamente busquem ressocializar os apenados.
Segundo dados estatísticos, o número de presos tem aumentado dia após dia, e as ações realizadas pelo Estado não atacam a
causa do problema ou promovem a prevenção. O insucesso das ações educativas e de ressocialização evidencia o decaimento do sis-
tema penitenciário, no qual o apenado em reclusão deveria ter a seu dispor atividades que o levem a refletir e possibilitar a chance de se
reestruturar para o retorno à sociedade. Todas as condições fazem da prisão uma escola da criminalidade para os jovens encarcerados,
que, por falta de acolhimento, de trabalho e de possibilidades de reinserção, ao serem libertados, serão atirados no submundo miserável
da desgraça moral.
É no período em que está recluso que o apenado deveria ter acesso a palestras, trabalhos manuais e intelectuais, debates, con-
versas, oficinas, educação formal e literatura. Enfim, deveria ser apresentado aos diversos instrumentos que possam levá-lo à reflexão
sobre suas possibilidades e que possam auxiliá-lo e levá-lo a uma transformação. Nesse contexto, a leitura tem papel fundamental.

Neli Miotto, XXVII Congresso Brasileiro de Documentação e Ciência da Informação (com adaptações)

Considerando que o fragmento de texto acima tem caráter unicamente motivador, redija um texto dissertativo acerca do seguinte tema.

REMIÇÃO PELA LEITURA: LETRAMENTO LITERÁRIO PARA OS INDIVÍDUOS PRIVADOS DE LIBERDADE

Ao elaborar seu texto, trate, necessariamente, dos seguintes aspectos:


- leitura, remição e individualização da pena; [valor: 10,00 pontos]
- relação entre leitura/letramento e ressocialização do encarcerado; [valor: 10,00pontos]
- leitura, prática social e humanização no contexto prisional. [valor: 9,00 pontos]

SUGESTÃO DE ABORDAGEM
O candidato deverá elaborar texto dissertativo completo (introdução, desenvolvimento e fechamento) e atender, necessaria-
mente, aos tópicos solicitados.
Quanto ao primeiro tópico, na introdução, espera-se que o candidato mostre que a leitura pode oportunizar aos presos cus-
todiados alfabetizados o direito ao conhecimento, à educação, à cultura e ao desenvolvimento da capacidade crítica. A remição está
intimamente ligada ao princípio constitucional da individualização da pena e, dessa forma, deve levar em conta as aptidões pessoais do
trabalhador ou estudante privado de liberdade. No contexto prisional, a remição pela leitura é forma de atenuar a quantidade de pena
imposta na sentença condenatória. O instituto da remição já tinha e continuará a ter sentido de pagamento ou contraprestação. É a retri-
buição do Estado pela atividade laborativa ou educacional exercida pelo preso. Afasta-se, pois, o sentido contido no homófono “remis-
são”, revestido do significado de perdão, que, na execução penal, só pode ser concedido por ato privativo do Presidente da República,
conforme o art. 84, XII, da Constituição Federal de 1988. O conteúdo semântico e jurídico da remição é o significado de contrapartida,
e não de perdão de pena. O perdão total ou parcial da pena pode ser atingido no curso do cumprimento da pena por meios jurídicos,
como a graça, o indulto e a comutação. A remição propiciada pela leitura é medida salutar de política criminal, que advoga em favor da
adequada administração da questão penitenciária.
No tocante ao segundo tópico, espera-se que o candidato evidencie que o letramento/leitura é atividade permanente da condi-
ção humana, habilidade a ser adquirida desde cedo, exercida de várias formas. Lê-se não apenas para aprender/decodificar, conhecer e
entender o mundo, mas lê-se também para sonhar, por entretenimento, curiosidade e diversão. Por essas razões, as práticas de leitura não
devem ser vistas apenas como instrumentos que auxiliam o processo de ensino de literatura, tal qual apregoam os conteúdos curricula-
res, mas um exercício de confirmação das práticas sociais de leituras diversificadas, nas quais os espaços para experimentar formas de
participação nas práticas sociais letradas, dos múltiplos letramentos da vida social, sejam objetivos estruturantes. Oferecer oportunidade
de leitura literária em contextos de aprisionamento constitui-se forma de ampliar as condições de alcance à liberdade, de ressignificar o
tempo na prisão, de acreditar na ressocialização, de atender a um direito institucional e humano, de oferecer a possibilidade de adquirir
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diferentes habilidades de leitura e escrita nas práticas sociais e, principalmente, de promover o desenvolvimento do presidiário como
pessoa de direitos e não como sujeito sob tratamento carcerário. Assim, o letramento literário permite compreender os significados da
escrita e da leitura literária para aqueles que a utilizam e dela se apropriam nos contextos sociais.
Em relação ao terceiro tópico, espera-se que o candidato mencione a importância da leitura como objeto de promoção do
desenvolvimento cultural do educando, o que transcende a estimativa legal. Assim, o aporte do letramento literário despertará, em
cada indivíduo encarcerado, sensibilidade, curiosidade, necessidade de questionar o mundo e o seu entorno. Isso alimentará o desejo
de mudança de sua condição e despertará suas humanidades. Reflexões acerca da leitura literária e sua capacidade de humanizar são
encontradas na riqueza do texto. Nesse sentido, a leitura literária desencadeia não apenas o elemento mais óbvio que sustenta todas as
sociedades e que, de algum modo, apoia-se num contrato prévio, amplo, social, sustentado pela constante afirmação de certos modelos,
mas, também, as representações sociais que podem e devem ser notadas. É inegável seu potencial formativo. A força humanizadora,
inerente ao texto literário, não é sem razão. O leitor de literatura está em constante formação, seja, inicialmente, pelo fato de lidar com
uma malha textual que sempre se renova a cada nova expressão, seja porque, a cada representação do homem com que se depara, abre-
-se a possibilidade de instauração de novo processo de compreensão de si mesmo.
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TEMA 10
Leia o texto seguinte.

Um dos principais problemas do sistema penitenciário brasileiro é a superlotação. Com a quarta maior população carcerária do
mundo, o Brasil possui, segundo o Ministério da Justiça, mais de 620 mil detentos, mas apenas 371 mil vagas.
A cada mês, penitenciárias de todo o País recebem 3 mil novos presos.
Especialistas ouvidos pela BBC Brasil acreditam que a solução desse problema estaria na combinação de penas alternativas ─
e mais curtas, dependendo do crime cometido ─ e julgamentos mais rápidos.
"Para melhorar a situação atual, o Brasil deve, em primeiro lugar, reduzir o número de prisioneiros, começando pelos que estão
presos aguardando julgamento. Se a prisão é um lugar para a reabilitação, elas não podem estar repletas de pessoas que ainda não foram
consideradas culpadas", diz à BBC Brasil Alessio Scandurra, coordenador do Observatório Europeu das Prisões, sediado em Roma.
"Inevitavelmente, as penitenciárias acabam se tornando lugares para estocar gente, verdadeiros armazéns humanos, e não pro-
movem a reinserção social", acrescenta.

BBC News, 9 de janeiro de 2020.

Considerando que o fragmento de texto acima tem caráter unicamente motivador, redija um texto dissertativo acerca do seguinte tema.

A SUPERLOTAÇÃO CARCERÁRIA E OS CONSEQUENTES PROBLEMAS DE SAÚDE NOS PRESÍDIOS


BRASILEIROS

Ao elaborar seu texto, trate, necessariamente, dos seguintes aspectos:


- principais características do sistema prisional brasileiro e fatores de crise; [valor: 9,00 pontos]
- dupla apenação do condenado: pena de prisão sem ressocialização e problemas de saúde preexistentes e adquiridos;
[valor: 10,00 pontos]
- medidas e ações efetivas das forças públicas para amenizar a crise do sistema prisional brasileiro. [valor: 10,00 pontos]

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O candidato deverá elaborar texto dissertativo completo (introdução, desenvolvimento e fechamento) e atender, necessaria-
mente, aos tópicos solicitados.
Quanto ao primeiro tópico, espera-se que o candidato evidencie o domínio das principais características do sistema prisional
brasileiro, em especial os fatores que contribuem para a crise instaurada nesse contexto. Numa comparação entre o que está previsto na
legislação específica e o que se dá na prática dos presídios, o contraste é alarmantemente grande e ajuda a explicar a série de problemas
e falhas que tornam a realidade da justiça e das prisões brasileiras tão caótica, o que prejudica diretamente a vida e o dia a dia da socie-
dade como um todo. Nas últimas décadas, os níveis da violência e da criminalidade no Brasil aumentaram contínua e significativamente,
especialmente nas maiores áreas urbanas. Esse fenômeno, cujas causas são diversas e, em certa medida, controversas, transformouse
num dos problemas mais discutidos pela sociedade brasileira. Todos os dias, o País assiste à multiplicação de episódios dramáticos de
violência no campo, nas favelas e nas periferias urbanas. Por corolário, adquire proporções enormes, promove a superlotação carcerá-
ria e a sensação de insegurança. Ademais, no Brasil, cadeia já não é mais sinônimo de justiça cumprida, tendo em vista que, em regra,
grande parte – senão a totalidade – dos criminosos condenados que cumprem pena por meio de um regime fechado falho não usufruem
de mecanismo capaz de garantir ou mesmo promover sua recuperação e ressocialização.
Com relação ao segundo tópico, espera-se que o candidato trate da dupla apenação do condenado: a pena de prisão propria-
mente dita e o estado de saúde dele durante a sua permanência no cárcere. A superlotação das celas, sua precariedade e insalubridade
tornam as prisões ambiente propício à proliferação de epidemias e ao contágio de doenças (inclusive a Covid-19). Todos esses fatores
estruturais, como também a má-alimentação dos presos, seu sedentarismo, o uso de drogas, a falta de higiene e toda a lugubridade da
prisão fazem com que o preso que ali adentrou saia acometido de alguma doença ou com sua resistência física e saúde fragilizadas. Os
presos adquirem as mais variadas doenças no interior das prisões. As mais comuns são as do aparelho respiratório, como a tuberculose
e a pneumonia. Também é alto o índice de hepatite e de doenças venéreas em geral, a Aids por excelência. Além dessas doenças, há
muitos presos portadores de distúrbios mentais, de câncer, hanseníase e com deficiências físicas (paralíticos e semiparalíticos). Quanto
à saúde dentária, o tratamento odontológico na prisão resume-se à extração de dentes.
Quanto ao terceiro tópico, espera-se que o candidato mostre que, enquanto permanecer a cultura característica das prisões bra-
sileiras, haverá a promoção da piora dos condenados em vários sentidos (não ressocialização e graves problemas de saúde). Embora
a lei estabeleça condições dignas de punição, a realidade é caótica. Devem-se repensar as formas de punição dos delitos, com vistas a
desestimular as práticas ilícitas como um todo, e promover a real reflexão e mudança de comportamento daqueles que ajam em desa-
cordo com as leis. Isso, também,   deve partir da conscientização e educação da sociedade e culminar, sobretudo, em ações concretas das
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autoridades competentes: melhor administração do sistema carcerário (com estrutura adequada ao atendimento de problemas de saúde
dos presidiários), aplicação de penas alternativas, desarticulação de organizações criminosas, atuação mais ágil do sistema judiciário,
mutirões carcerários para corrigir falhas e excessos, mobilização da sociedade e dos partidos políticos, aprimoramento do sistema de
segurança pública, entre outras.
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