Os elementos dêiticos permitem identificar: - pessoas; - coisas; - momentos; - lugares. Os elementos dêiticos identificam os objetos a que se referem a partir do contexto. São associados, de modo geral: - aos pronomes demonstrativos (este, esse, aquele, aquela, isto, isso, aquilo); - aos pronomes pessoais (eu, tu, ele, nós, vós eles, você, vocês); - aos tempos verbais (pretérito, presente, futuro); - aos advérbios de tempo e lugar (ontem, hoje, aqui, ali, lá). A interpretação dos elementos dêiticos depende de informações contextuais, embora exista um caráter sistemático.
Este gato é muito bonito.
Eu adoro chocolate. Aqui é o país da impunidade.
Aquele ali, eu levo.
Esta nota foi aquém da minha
expectativa.
Alice não mora mais aqui.
Nos casos citados, a referência varia de acordo com o contexto de fala, mas o sentido permanece o mesmo. Sentido dos dêiticos é um roteiro para encontrar referentes. Palavra “eu” aponta para o falante – palavra “este” aponta para objeto próximo do falante etc. Anáfora – também identifica objetos, pessoas, momentos, lugares e ações. Mas a anáfora os identifica a partir de menção anterior no discurso ou na sentença.
Tem uma mulher aí fora. Ela quer vender
livros. Avise a Teresa que saí, se ela ligar.
O técnico insistiu que ele não achava
nada errado no computador.
As notas de Semântica não foram boas.
Elas foram excelentes. Nas frases de exemplo, há relações nítidas entre referentes e antecedentes.
Uma expressão é interpretada
anaforicamente quando sua interpretação é derivada da expressão antecedente. Algumas expressões podem ser usadas como dêiticas ou anafóricas:
Ela já saiu. (dêixis)
A Maria estava na sala, mas ela já saiu. (anáfora) Outras expressões só admitem interpretação anafórica.
Maria está orgulhosa de si mesma.
*Si mesma já saiu. As letras i, j e k são utilizadas, em geral, na literatura linguística, para indicar o antecedente e o referente. Elas são colocadas logo abaixo das palavras em situação de correferencialidade.
Tem uma mulheri aí fora. Elai quer vender
livros. Avise a Teresaj que saí, se elaj ligar.
O técnicok insistiu que elek não achava
nada de errado no computador. Há expressões que demandam análises mais complexas.
[Toda mulher]i pensa que elai dará uma
educação melhor ao [seu]i filho do que [sua]i mãe deu. “Toda mulher” quer dizer “cada mulher pertencente ao conjunto das mulheres”. [Nenhum homem]i deveria [se]i culpar pelos erros de [seus]i filhos.
“Nenhum homem” quer dizer “não é
verdade para cada homem pertencente ao conjunto dos homens”. Outros tipos de correferência:
[Quais candidatos]k votarão [neles
mesmos]k? A Ginai falou para a Mariaj que[i+j] elas saíssem. O Carlos pescou [alguns peixes]i e o Marcos osi cozinhou. Se o Joséi vir a Mariaj, elei a desculparáj. Todo falante tem conhecimento linguístico suficiente para julgar possibilidades de correferência.
Referência disjuntivas: não é possível
interpretar o referente como anaforicamente relacionado ao antecedente. *Si mesmai é orgulhosa da Mariai.
*A Teresai ai encontrou saindo do
cinema.
*Elei insistiu que [o técnico]i não achou
nada. Chomsky propõe a existência de princípios sintáticos que restringem a possibilidade de correferências.
Assim, a agramaticalidade das
sentenças anteriores poderia ser explicada por princípios válidos para qualquer língua.
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