São maneiras de pensar, sentir e agir que existem fora das consciências
individuais e que, além disso, são carregadas de coerção, toda vez que resiste as
regras a coerção se faz presente, mas se as pessoas se submetem as
convenções a coerção perde a utilidade. Para Durkheim a maneira como as
crianças são educadas serve de exemplo para demonstrar a característica
coercitiva do fato social. A educação realiza o papel de moldar o ser social
produzindo uma coerção que vai deixando de ser sentida à medida que se torna
um hábito e pratica comum. É importante para Durkheim, explicar que não se trata
apenas de mera repetição de maneiras de ser, fazer e sentir, mas sim das
''crenças, tendências e as práticas do grupo formado coletivamente'‘.
No segundo tópico do capítulo dois ele irá elencar três principais regras
para se fazer uma sociologia que atenda os pré-requisitos de uma ciência: 1.o
abandono sistemático das pré-noções como base de todo o método. Para
problematizar sobre os conceitos pressupostos anteriores a construção cientifica
podemos nos perguntar o que devemos realmente fazer com essas pré-noções, a
resposta seria para Durkheim não empregar esses conceitos, se libertar das falsas
evidências, no entanto ao recorrer a elas por necessidade entender que elas são
pré-noções, ou seja, admitir que elas estão sobrepostas por um véu. 2. A segunda
regra diz como se deve apoderar-se dos fatos para estudá-los de forma objetiva.
Até agora Durkheim disse o que não era fato social e por que não era estudar algo
de forma sociológica e como agir em relação às noções vulgares.
Após definir o que vai ser estudado e saber bem o que está em questão é
necessário reconhecer as propriedades inerentes a esse fato, e a natureza dele
com objetivo de delimitar o objeto de pesquisa sendo ele um grupo de fenômenos
que atende a característica de exterioridade e cujas definições se aplicarão a
outros fenômenos dessa mesma natureza. Num determinado ponto dessa
segunda regra a um retorna a problemática do manejo das pré-noções. 3.
Durkheim mostra que o sociólogo deve ser o mais objetivo possível, deixando de
lado suas opiniões pessoais já que a possibilidade de subjetividade é grande
diante das sensações, para ele é mais fácil os fatos sociais serem tratados com
objetividade quando o objeto é consolidado, criar um ponto de referência, um
padrão que não dá oportunidade para a subjetividade do observador. Durkheim de
certa forma reconhece um sentido da subjetividade da vida coletiva, mas para ele
a ciência deve ser construída em cima de coisas concretas e de forma metódica e
dessa forma se aproximar do real.
Nesse capítulo IV, Durkheim nos aponta uma noção de espécie social e sua
classificação. De início ele comenta que a noção de espécie social é uma
vantagem já que aprovisiona um meio termo entre a filosofia e a história. Durkheim
acredita que para o historiador as sociedades dificilmente podem se
generalizadas, já que as sociedades são incomparáveis entre si e tem
individualidades heterogêneas. E para os filósofos só o que é real é a humanidade
e não existem agrupamentos. Para constituir as espécies é utilizado o método
experimental, substituindo os fatos vulgares (conclusões suspeitas), por fatos
decisivos (valor científico). Para classificar a espécie social é necessário nos
basear na natureza do número dos elementos componentes e seu modo de
combinação, seria a morfologia social.
É retratada a prática dos fatos sociais, pois para ele não existem nem fins
nem meios que se aplique a todos, mesmo que estejam na mesma circunstância.
Ademais para explicar um fenômeno social é necessária uma pesquisa separada
da causa e da função do fenômeno. O que precisa ser assentado é se existe
câmbio entre o fato e as necessidades do ‘’organismo social’’.
Durkheim fala do método seguido pelos sociólogos, para ele esse método
tem tendência tanto finalista quanto psicológica. Além disso, ele diz que a
explicação para a vida coletiva incide em indicar como ela ‘’decorre da natureza
humana, seja por dedução direta, por observação prévia, seja por associação a
natureza humana depois de feita a observação’’.
Na conclusão do trabalho tudo fica tão claro, que parece que só era necessário ler
essas poucas últimas páginas, mas vê-se logo em seguida que está tudo tão
simples depois de exaustivas explicações e negações que o autor faz durante todo
o livro para tornar a sociologia independente da filosofia, apesar de dever muito a
ela, e que tenha em seu desenvolvimento o princípio de causalidade aplicado aos
fenômenos sociais, assim como é aplicado em outras áreas do conhecimento. Há
uma categorização do pensamento de Durkheim como positivista, mas basta
pouco ler de um de seus livros que é possível ir contra isso, na medida em que ele
não propõe que se apaguem e ignorem as questões práticas, mas entendo que
propõe o que ele acredita existir, uma verdade sobre as coisas, que só é
encontrada através do método científico livre de paixões e de decisões e escolhas
pessoais, fazendo com que dentro dessa verdade possa se perceber o que é
necessário, o que é provisório, o que é essencial.