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Demolidas e descaracterizadas
Depois de uma fase escrevendo textos na coluna Geleia Geral do jornal Última Hora Vias
YouTube 999+
Na capital piauiense entrou em contato com um grupo de artistas que lhe
ajudou na feitura de Adão e Eva: do Paraíso ao Consumo. Os realizadores da
película em questão seriam Edmar Oliveira, Carlos Galvão, Antônio de Noronha
Filho e Arnaldo Albuquerque, muitos deles conhecidos por produzir o jornal FACEBOOK
alternativo Gramma(2).
Teresina Antiga
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Teresina Antiga
na segunda
Para o elenco estava escalado o próprio Torquato Neto, como Adão. Para a Pontão do Poty Velho
personagem de Eva estavam atrás de uma atriz. Noronha Filho cursava Filoso a Sanatório Meduna
na antiga Faculdade Católica de Filoso a (FAFI), que antes de ser absorvida
Primeiras exibições
pela Universidade Federal do Piauí (UFPI) cava em um prédio atrás da Igreja
cinematográ cas de Teresina
(1901-1902)
das Dores (Praça Saraiva). Elegeu para o papel sua colega de faculdade, recém- Os perigos da Agenda 2030
chegada da cidade de São Raimundo Nonato: Claudete Miranda Dias, hoje para Teresina
professora aposentada do curso de História da UFPI.
O local escolhido para as gravações foi uma das coroas do rio Poti,
ONDE ESTAMOS NO BRASIL
especi camente na região próxima à Ponte Ferroviária, inaugurada em 1969
pelo 2° Batalhão de Engenharia de Construção. Até o início da década de 1990,
as coroas do Parnaíba e do Poti eram visitadas por muitos teresinenses que aos
domingos iam tomar banho nas águas límpidas, jogar peladas e consumir
bebidas alcoólicas. Nos anos 1970 eram, ao lado das partidas dos principais
clubes de futebol da capital (River, Flamengo, Piauí e Tiradentes), uma opção de
lazer que entrou em declínio devido ao surgimento de novos hábitos de
entretenimento, à instalação dos shoppings centers e à alta concentração de
poluentes nos rios.
Até que o lme chega ao seu clímax: Eva aponta para a ponte e incentiva Adão
a cruzar para a outra margem do rio. Os dois escalam o terreno e a câmera foca
na frase “Brasil: Ame-o ou deixe-o” adesivada em um Fusca (O veículo era, na
verdade, propriedade de Noronha Filho e servia para transportar elenco e
equipe técnica).
Cena do lme “Adão e Eva: do Paraíso ao Consumo”.
(1972 / Acervo de Arnaldo Albuquerque / Acervo digital Teresina Antiga / Foto por: Antônio de
Noronha Filho)
(Clique na imagem para ampliar)
Outro bloco e Eva está grávida e ao mesmo tempo entendiada das atividades
domésticas. Adão chega em casa após um dia cansativo de trabalho. Os dois
discutem, brigam e atiram comida um no outro, não se recordando mais dos
momentos felizes que viviam na coroa do rio Poti. A câmera muda o foco para os
dizeres nais: “Toda sociedade tem o m que merece”.
Adão e Eva: do Paraíso ao Consumo foi gravado em super-8 mm, bitola fílmica que se
popularizou no Brasil antes do lançamento por aqui dos primeiros vídeos analógicos (VHS).
Como os fotogramas desse formato eram pequenos, se tornava difícil a edição motivo pelo
qual o filme foi feito direto, sem cortes.
Após a gravação pretendia-se inserir músicas do álbum The Dark Side of the
Moon, do grupo britânico Pink Floyd(3), para servir de plano de fundo uma vez
que o formato originalmente não capturava áudio. Curiosamente algumas trilhas
desse álbum, como Time e Breathe, foram usadas posteriormente no lme David
Vai Guiar (1972).
No entanto, a inserção das músicas no lme jamais aconteceu. Isso porque ele
desapareceu, adicionando mistério e várias histórias para seu sumiço. Segundo
Noronha Filho, o lme foi enviado aos correios para ser copiado nos Estados
Unidos e inexplicavelmente foi extraviado. Outra dá conta que uma amiga de
Torquato Neto levaria uma cópia para receber efeitos sonoros adequados e esta
teria sumido dentro de uma mala em uma das conexões do voo Rio-Londres. Já
outra história diz que o original fora enviado de navio – também para inserção
de som – e se perdera na Península Ibérica.
Cena do lme “Adão e Eva: do Paraíso ao Consumo”.
(1972 / Acervo de Antônio de Noronha Filho / Acervo digital Teresina Antiga / Foto por: Antônio de
Noronha Filho)
(Clique na imagem para ampliar)
Como o álbum do Pink Floyd só foi lançado em março de 1973, é muito provável
que a única cópia do lme se perdeu após esse período e passou o ano de 1972
e boa parte de 1973 intacta. Isso explica porque alguns privilegiados chegaram
a assistir a produção. Noronha Filho, por exemplo, exibiu sessões privadas em
sua casa e no antigo Centro de Ciências da Saúde (Antigamente localizado na
Avenida Frei Sera m) uma vez que era também professor de Medicina.
Notas:
(4) A história da ausência das 10 imagens foi contada pelo pesquisador Guga
Carvalho. Porém, se a memória não falha, muitas das imagens referentes às
últimas cenas do lme chegaram a ser vistas no anexo da tese de doutorado
(Versão impressa em capa dura azul escura) de propriedade do professor Edwar
de Alencar Castelo Branco titulada “Todos os dias de Paupéria: Torquato Neto e
uma contra-história da Tropicália” (Recife: Universidade Federal de Pernambuco,
2004).
Cinema
SH A R E
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