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FOTOGRAMETRIA E

FOTOINTERPRETAÇÃO
RESUMO DA UNIDADE

Esta unidade abordará a fotogrametria e a fotointerpretação, que são técnicas


importantes para a análise do território. Por meio da Fotogrametria é possível obter
um perfil da área a ser estudada sem contato direto com o objeto, de forma a
entender o seu contexto naquela região e extrair as informações necessárias para a
execução do levantamento. As interpretações das imagens aéreas são feitas através
da fotointerpretação, que tem por intuito oferecer elementos que permitam, através
da estereoscopia, a identificação dos objetos, como a textura, o padrão, as formas,
entre outros. Desta maneira, esse conjunto de ferramentas permite extrair uma série
de informações referentes aos objetos da superfície terrestre, de modo a
complementar e assegurar que as informações sobre a superfície estejam corretas e
assertivas, contribuindo para as diversas finalidades dos levantamentos.

Palavras-chave: Fotogrametria. Fotointerpretação. Sensoriamento Remoto.


Fotografia aérea. Fotografia terrestre. Estereoscopia.

Todos os direitos são reservados ao Grupo Prominas, de acordo com a convenção internacional de direitos autorais. Nenhuma
parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada, seja por meios eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou
gravações, ou, por sistemas de armazenagem e recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas.
SUMÁRIO

APRESENTAÇÃO DO MÓDULO ............................................................................... 4


CAPÍTULO 1 – INTRODUÇÃO À FOTOGRAMETRIA ............................................... 6
1.1 Conceitos iniciais e história ............................................................................ 6
1.2 Princípios da Fotogrametria ........................................................................... 9
1.3 A câmera fotográfica e a câmera fotogramétrica ......................................... 13
1.4 Fotogrametria analógica e sensores analógicos .......................................... 15
1.5 Fotogrametria analítica................................................................................. 18
1.6 Fotogrametria digital e os sensores digitais ................................................. 18
CAPÍTULO 2 – PROCESSAMENTO FOTOGRAMÉTRICO ..................................... 22
2.1 Aquisição das imagens ................................................................................ 23
2.2 Processamento fotográfico e digitalização ................................................... 27
2.2.1 Problemas na aquisição de imagens............................................................ 29
2.3 Determinação dos pontos de apoio no campo ............................................. 30
2.4 Aerotriangulação e Restituição .................................................................... 31
2.5 Processamento digital de imagens .............................................................. 35
CAPÍTULO 3 – INTRODUÇÃO À FOTOINTERPRETAÇÃO.................................... 37
3.1 Estereoscopia .............................................................................................. 37
3.1.1 Elementos básicos para a estereoscopia ..................................................... 38
3.1.2 Equipamentos e técnicas estereoscópicas .................................................. 39
3.2 Fotointerpretação ......................................................................................... 45
3.2.1 Tonalidade e cor .......................................................................................... 46
3.2.2 Forma ........................................................................................................... 46
3.2.3 Padrão.......................................................................................................... 47
3.2.4 Textura ......................................................................................................... 49
3.2.5 Associação (ou convergência de evidências) .............................................. 50
3.2.6 Sombra......................................................................................................... 50
3.3 Aplicações .................................................................................................... 51
REFERÊNCIAS ......................................................................................................... 52

Todos os direitos são reservados ao Grupo Prominas, de acordo com a convenção internacional de direitos autorais. Nenhuma
parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada, seja por meios eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou
gravações, ou, por sistemas de armazenagem e recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas.
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APRESENTAÇÃO DO MÓDULO

A fotografia, de maneira geral, faz parte do nosso cotidiano desde o século XIX
e, apesar de não ser muito difundida, em virtude da baixa disponibilidade e dos altos
custos, a capacidade de um equipamento eternizar um determinado lugar ou
momento sempre foi fascinante.
Além das utilizações de ordem pessoal, as fotografias também passaram a ser
utilizadas em outras aplicações, como em levantamentos. A técnica fotográfica
permitia que os objetos pudessem ser fotografados a distância, de forma a conhecer
a sua existência em uma determinada porção do espaço terrestre.
A fotogrametria consiste em uma metodologia que permite a obtenção de
informações confiáveis de objetos físicos e do meio ambiente, utilizando processos
de captura, medição e interpretação de imagens fotográficas e padrões da energia
eletromagnética radiante e outros fenômenos. Neste sentido, a fotogrametria pode
ser definida como uma ciência ou arte de se obter medidas quantitativas e
qualitativas através de fotografias áreas. A obtenção dessas medidas é feita por
fotointerpretação, onde é possível identificar os elementos da fotografia.
A partir desse contexto, percebemos que a fotogrametria se tornou uma técnica
essencial para os mais variados tipos de levantamento, de forma que é possível
obter uma infinidade de informações a distância, considerado as características e o
comportamento espectral dos objetos, bem como os parâmetros que os diferenciam.
No primeiro capítulo desta Unidade, “Introdução à Fotogrametria”, abordaremos
o histórico da fotogrametria, bem como a concepção dos sensores analógicos e
digitais e o funcionamento dos equipamentos, de modo a entender como as imagens
são adquiridas. Além disso, cada tipo de sensor, analógico ou digital, apresenta
peculiaridades que interferem no processamento das imagens obtidas. Ainda, serão
abordados alguns problemas relativos à aquisição das fotografias que podem
influenciar no processamento das imagens.
No segundo capitulo, “Processo Fotogramétrico”, serão discutidas as etapas
referentes a todo o processo que envolve a fotogrametria, desde o projeto, que deve
conter os objetivos da utilização da técnica, o plano de voo e o voo propriamente
dito, de modo a evitar as situações durante o sobrevoo que interferem na qualidade

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das imagens. Ainda, será debatida a aquisição e os problemas mais comuns


relativos a esta etapa, de modo que possam ser evitados ou solucionados na etapa
de processamento digital de imagens. Além disso, há também outras fases do
projeto fotogramétrico, como a determinação dos pontos de controle, a
fototriangulação e a restituição.
Por fim, o terceiro capítulo, “Introdução a Fotointerpretação”, versará sobre a
visão estereoscópica e como este fenômeno é importante para a interpretação das
imagens. Além disso, serão tratadas também as principais técnicas e equipamentos
utilizados para a estereoscopia. Ainda, serão abordados os elementos que devem
ser observados para a interpretação das imagens, de modo a contribuir na
identificação dos objetos presentes na superfície terrestre.

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CAPÍTULO 1 – INTRODUÇÃO À FOTOGRAMETRIA

1.1 Conceitos iniciais e história

A fotogrametria pode ser definida como uma metodologia que permite a


obtenção de informações confiáveis de objetos físicos e do meio ambiente,
utilizando processos de captura, medição e interpretação de imagens fotográficas e
padrões da energia eletromagnética radiante e outros fenômenos.

FIQUE ATENTO!
A Fotogrametria e o Sensoriamento Remoto são áreas correlatas e complementares,
pois ambas utilizam os princípios da fotografia aérea para a obtenção de dados
relativos aos objetos da superfície terrestre. Entretanto, a Fotogrametria apresenta,
como foco principal, a medição por meio das fotografias, enquanto o sensoriamento
remoto também utiliza números e gráficos. A origem da fotografia aérea e, por
conseguinte, da fotogrametria está associada ao surgimento do sensoriamento
remoto.

A origem da palavra fotogrametria representa a junção de três palavras de


origem grega, photon – graphos – metron, que significam, respectivamente luz,
descrição e medida. A partir desta explicação, podemos dizer que a fotogrametria
consiste em uma ciência ou arte de se obter medidas quantitativas e qualitativas
através de fotografias áreas. A obtenção dessas medidas é feita por
fotointerpretação, onde é possível identificar os elementos da fotografia.
Muitas contribuições científicas ao longo da história da Humanidade foram
incorporadas ao sensoriamento remoto e, por conseguinte, à fotogrametria, quando
os avanços da ciência e das técnicas permitiram a utilização das descobertas. Afinal,
só seria possível a utilização da Fotogrametria como a conhecemos atualmente se
houvesse o desenvolvimento do processo fotográfico.
O filósofo Aristóteles (350 a.C), descreveu o processo de projeção óptica de
imagens, o que foi aplicado na ciência fotográfica muitos séculos depois. Leonardo
da Vinci, em 1500 a.C. foi o responsável pelo primeiro desenho de um equipamento

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para fins aéreos, além de descrever o processo da câmera escura. Entretanto,


somente em 1783, um objeto para fins aéreos, um balão de ar, foi materializado
pelos irmãos Montgolfiers (Santos, 2014). Já no início do século XVIII, o Dr. Brook
Taylor publicou um tratado sobre a perspectiva linear e, alguns anos depois, J. H.
Lambert sugeriu que o princípio de perspectiva poderia ser utilizado na compilação
de mapas.
O desenvolvimento dos primeiros processos fotográficos ocorreu a partir de
1839, com Louis Daguerre, que anunciou o processo fotográfico direto. Neste
processo, a exposição foi realizada em uma placa de metal sensibilizada pela luz,
com uma porção de iodeto de prata, originando o processo fotográfico que
conhecemos atualmente (Santos, 2014).
Um dos primeiros registros práticos com câmeras fotográficas para fins
fotogramétricos e para o mapeamento topográfico foi feito pelo engenheiro Aimé
Laussedsat, em 1850. Em sua experiência, Laussedat combinou o teodolito,
instrumento utilizado em levantamentos topográficos, com uma câmera, criando o
fototeodolito, acoplado em balões. A partir do fototeodolito, em 1851, Laussedat
consolidou o estudo da fotogrametria terrestre ou estereofotogrametria em
decorrência das dificuldades encontradas para a manipulação da fotografia em
balões. Graças as suas contribuições, Laussedat é considerado o pai da
Fotogrametria.
Entre os anos de 1851 e 1900, a ciência fotogramétrica passou por grandes
evoluções, especialmente com o acoplamento de câmeras aerofotogramétricas
panorâmicas em veículos aéreos. A primeira fotografia aérea tomada de aeronaves
foi adquirida em 1909, para fins de reconhecimento e estratégia bélica e, em 1913,
foi possível a realização das primeiras fotografias áreas com o objetivo de
mapeamento.
A partir de 1915, as primeiras câmeras com sistema cíclico para tomada de
fotografias em série foram desenvolvidas por Oskar Messer, possibilitando a
produção de fotografias na escala 1:10000 e, com isso, a cobertura de uma área de
400 km2, obtidas a uma altitude de 3000m. Em 1925 os filmes coloridos passaram a
ser introduzidos no processo e os quadros focais de 10x15 cm tornaram-se o padrão

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de filmes fotográficos usados na compilação de produtos fotogramétricos (Santos,


2014).
Até o início da Segunda Guerra Mundial, o formato padrão dos filmes foi
alterado para 18x18 cm, além da utilização de filmes infravermelhos com finalidade
bélica. No século XX, iniciaram-se os primeiros experimentos com pares
estereoscópicos de fotografias e, a partir deles, foram desenvolvidos vários
equipamentos restituidores, permitindo os processos de orientação de fotografias em
equipamentos analógicos, conferindo mais exatidão a elas.
A partir da década de 1970, com o advento das tecnologias da informação e
dos equipamentos com grande capacidade de armazenamento, os processos
manuais de compilação de mapas foram substituídos por tecnologia assistida por
computador. Em um primeiro momento, foi realizada a integração dos métodos de
ajustamento de observações às medidas fotogramétricas, aliando os modelos
matemáticos e os algoritmos computacionais aos instrumentos ópticos-mecânicos.
Essa articulação teve por objetivo relacionar as observações efetuadas no espaço
imagem (fotografias) e no espaço objeto (superfície física), para que a relação entre
os dados relativos à orientação e às medidas pudesse ser feita de forma a
possibilitar a fototriangulação de imagens (Santos, 2014).
As integrações permitiram uma grande evolução nos equipamentos para a
fotogrametria, como a associação com diversas técnicas de processamento de
imagens, visão computacional e inteligência artificial, o que permitiu a automação de
muitas tarefas. A automação da orientação interior das imagens, a geração de
modelos digitais de terreno e de ortofotos, por exemplo, promoveu o aumento da
produtividade, a melhoria da qualidade dos produtos gerados, permitindo
interpretações mais assertivas, além da redução do tempo de execução e análise.
Além disso, a disseminação das câmeras digitais de grande formato para
levantamentos topográficos permitiu a aquisição de imagens na região do espectro
eletromagnético do visível e do infravermelho próximo, com alto grau de resolução
geométrica e radiométrica, o que aumentou as possibilidades de aplicação e de
geração de novos produtos.
Nos dias atuais, uma das tecnologias mais utilizadas em mapeamentos de
médias e grandes escalas é o sistema laser scanning. O funcionamento deste

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equipamento está baseado no cálculo do tempo de emissão e de recepção do pulso


laser para determinar, juntamente com as informações coletadas pelos sistemas de
posicionamento e navegação, as coordenadas tridimensionais de objetos contidos
na superfície terrestre.
Para que possamos compreender a fotogrametria e efetuar as interpretações
de maneira objetiva e assertiva, é preciso que alguns conceitos relacionados à
aquisição de imagens sejam entendidos, de forma a ajudar nesse processo
interpretativo.

SAIBA MAIS
Quer conhecer mais sobre a história da fotogrametria no Brasil? Acesse este link:
https://www.researchgate.net/publication/315956116_Evolucao_da_Fotogrametria_n
o_Brasil e leia o artigo “Evolução da Fotogrametria no Brasil”.

1.2 Princípios da Fotogrametria

Aprendemos, em sensoriamento remoto, que a radiação eletromagnética ou


energia eletromagnética pode ser definida como uma energia que se movimenta por
meio de ondas magnéticas, na velocidade da luz (300.000km/segundo) e que não
precisa de um meio material para se propagar. O Sol e a Terra são as duas
principais fontes naturais de energia eletromagnética utilizadas pela fotogrametria
para detectar os alvos da superfície terrestre (Moraes, 2002).
Desta forma, a capacidade de um objeto refletir a energia eletromagnética vai
depender da natureza do objeto, já que as interações entre a radiação e o alvo
ocorrem em função de suas características físicas, químicas e biológicas. A energia
radiante emitida pelo Sol, ao atingir a superfície terrestre interage com os objetos
presentes, e esta interação resulta em fenômenos como a reflexão, a transmitância
e a absorbância em proporções variadas.
Além disso, cada tipo de superfície irá reagir de uma forma à interação com a
energia incidente, resultando em um padrão de espalhamento. As superfícies
especulares ou “planas”, como os corpos d’água, áreas desérticas, entre outras,
provocam um espalhamento total da energia incidente e com o mesmo ângulo de

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incidência. Já as superfícies rugosas geram um espalhamento com ângulos


variados.
A energia, ao atingir um corpo, transfere-se entre os corpos em quantidades
fixas, irradiando a energia por meio de pulsos. Desta forma, quando um átomo que
compõem um objeto na superfície terrestre é atingido pela radiação eletromagnética,
ele absorve a energia, que altera o seu estado inicial, ocasionando o salto
energético de um elétron do referido átomo. O salto energético resulta em uma
perturbação no estado de equilíbrio do átomo, provocando uma oscilação gerada
pela propagação da energia, que nada mais é, do que uma onda de energia. Esta,
por sua vez, apresenta um determinando comprimento de onda, que está
relacionado com a quantidade de energia, ou seja, quanto menor o comprimento de
onda maior a quantidade de energia liberada e vice-versa.
A energia irradiada pelo Sol gera uma radiação da faixa do espectro visível,
que é a região do espectro eletromagnético que pode ser vista pelo sistema visual
humano. O olho humano é sensível à luz e enxerga três cores, vermelho, verde e
azul, que são denominadas de cores primárias, e a partir de suas combinações
origina-se qualquer outra cor conhecida. Esse trio de cores é chamado de sistema
RGB (red – vermelho; green – verde; blue – azul) e as cores complementares são o
amarelo, o magenta e o ciano, que são originadas pela subtração das cores
primárias da cor branca (Figura 1).

Figura 1: Sistema RGB com as cores primárias, vermelho, verde e azul; e as cores
complementares amarelo, magenta e ciano.

Fonte: Andrade, 1997.

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SAIBA MAIS
O sistema RGB é usado em televisores e monitores de computador, bem como nos
sistemas de impressão. No caso das impressoras, as cores complementares são
utilizadas como primárias, de forma que as cores primárias são formadas pela
combinação das complementares, sendo o sistema denominado de CMYK (Ciano,
Magenta, Yellow – amarelo and black – preto). O preto é resultante da subtração das
três cores que compõem o sistema CMYK.

No caso dos objetos presentes na superfície terrestre, que apresentam uma


temperatura média de 300K ou 27ºC, o comprimento de onda da radiação emitida
encontra-se na região do infravermelho térmico, já que ela possui relação com a
temperatura dos corpos.
A energia eletromagnética incide sobre os objetos na superfície terrestres de
três modos: por absorção, por transmissão e por reflexão, além da emissão, que é
uma capacidade natural de todos os objetos. Para o Sensoriamento Remoto e por
conseguinte para a Fotogrametria, a reflexão é a energia incidente mais importante,
já que ela é capaz de sensibilizar os filmes ou os dispositivos CCD das câmeras.
O fenômeno da reflexão ocorre de maneira especular e difusa. Na reflexão
especular, parte da luz incidente (que não é absorvida nem transmitida) é refletida
com um ângulo igual ao de incidência, comportando-se como um espelho. Já na
reflexão difusa ou Lambertiana, parte da luz incidente, que não absorvida nem
transmitida, é refletida em diversos ângulos e em diversas intensidades, sendo este
o fenômeno de maior interesse no processo de aquisição de imagens.
Neste sentido, sabendo que cada objeto da superfície terrestre reage de forma
diferente a radiação, de acordo com as suas características físicas, químicas e
biológicas, ou seja, absorvem diferentes comprimentos de onda, o que resultará em
diferentes intensidades refletidas e/ou emitidas. Essas intensidades diferenciadas
são as responsáveis pelo conceito de cores, isto é, se enxergamos um corpo como
verde, significa que o objeto reflete e/ou emite (de forma difusa) a radiação na faixa
do verde. A partir dessas informações sobre o comportamento dos objetos mediante
as diversas manifestações da radiação eletromagnética, é possível obter um padrão
de resposta espectral (ou assinatura espectral) para cada objeto.

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SAIBA MAIS
Você já ouviu falar da técnica de camuflagem? Durante os conflitos, muitos exércitos
utilizaram essa tática para se “esconder” entre a vegetação e, assim, não serem
descobertos pelo inimigo. Entretanto, na Segunda Guerra Mundial, os aliados
passaram a utilizar filmes que detectavam a radiação na faixa do infravermelho,
justamente para “refinar” a observação dos alvos e a movimentação dos inimigos
mediante a camuflagem. Na região do visível, a camuflagem da folhagem artificial se
apresentava com a mesma coloração que a vegetação natural, mas no
infravermelho, a vegetação viva reflete com mais nitidez devido à clorofila e à
estrutura interna das folhas. Graças a essa alteração do filme, foi possível identificar
com mais facilidade abrigos e casamatas inimigas camufladas.

Além disso, devemos considerar outros aspectos importantes, como a


interferência da atmosfera na radiação solar. A camada de ozônio impede a chegada
da radiação ultravioleta na superfície terrestre, de modo que as outras radiações,
como visível, infravermelho e micro-ondas (radar) atravessam a atmosfera graças as
janelas atmosféricas, que são zonas do espectro que a atmosfera permite a sua
passagem. A radiação visível e a infravermelha são captadas por sensores passivos,
a partir da energia gerada e refletida pelos objetos na superfície terrestre. Já a
energia na faixa de micro-ondas é gerada uma parte pelo objeto e a outra parte pelo
sensor ativo, pois a quantidade de energia natural nesta faixa é muito baixa.
Ainda, os fenômenos de espalhamento da atmosfera, como o de Rayleigh, não
seletivo, também interferem no comportamento das ondas eletromagnéticas, de
forma a reduzir a qualidade da imagem adquirida de uma determinada área. Para
atenuar estes problemas, pode-se utilizar filtros nas câmeras e/ou podem ser
tratadas durante o processamento digital de imagens
Na fotogrametria, portanto, a energia radiante pode ser registrada de modo
analógico, analítico e digital e por diferentes sensores. Cada sensor apresenta
características de registro que podem ser importantes no processo de aquisição,
análise e interpretação de imagens.

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1.3 A câmera fotográfica e a câmera fotogramétrica

O processo fotográfico tem sido desenvolvido desde 1839, a partir do princípio


da câmera escura, que ainda é utilizado atualmente, tamanha a simplicidade e
eficiência. O funcionamento de uma câmera escura envolve o que será fotografado e
a câmera, que é um objeto oco, com um furo onde passa a luz, e com todas as
paredes internas escuras, com exceção de uma, onde um dispositivo que pode ser
sensibilizado pela luz, pode ser um filme ou uma matriz de CCD's, fica alocado. A
imagem, nesse sistema, é formada de maneira invertida, em uma distância que
depende da distância do objeto ao furo.
Entretanto, a câmera escura, apesar de seu princípio ainda ser utilizado,
naquela época, ela não era muito funcional já que, para o filme ser sensibilizado,
eram necessárias muitas horas de exposição. Para resolver o problema, foi instalado
um sistema de lentes na frente da câmera, o que reduziu o tempo de exposição. O
arranjo do sistema permite relacionar a distância focal (f), a distância imagem (i) e a
distância objeto (o) de acordo com a Lei de Gauss.

IMPORTANTE!
Para você aprender mais sobre os princípios físicos de funcionamento de uma
câmera fotográfica e a relação com a Lei de Gauss, acesse este vídeo
https://www.youtube.com/watch?v=1fwpa7NU5TE e amplie o seu conhecimento.

A Lei de Gauss, quando é descrita a partir de sua fórmula, mostra uma


determinada distância imagem e distância objeto rígidas para que o sistema
permaneça focado. Entretanto, é permitido um intervalo de tolerância para as
mudanças feitas no objeto possam ser realizadas sem perder a nitidez da imagem, o
que é chamado de profundidade de campo. No caso de fotografias aéreas ou
terrestres visando longas distâncias, a distância-objeto assume valores muito
maiores.
Outro conceito importante para as câmeras fotográficas é a exposição em
qualquer ponto do plano focal e a velocidade das lentes ou f-stop. A velocidade das
lentes é dada pela relação entre a distância focal da câmara e o diâmetro da lente, e

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quanto maior a velocidade, menor a exposição. Desta forma, quanto maior a


abertura das lentes, mais luz chega no filme, diminuindo a exposição. Por outro lado,
pequenas aberturas de lentes exigem um tempo maior de exposição, aumentando a
profundidade de campo.
As câmeras fotográficas podem ser classificadas em analógicas, que são
aquelas onde o filme é sensibilizado e, ao ser revelado, gera uma imagem
analógica; e em digitais, onde a imagem é obtida diretamente por meio digital. Além
disso, as câmeras fotográficas também são categorizadas em câmera métrica, que
são utilizadas em fotogrametria, e câmeras não-métricas ou câmeras amadoras.
As câmeras fotogramétricas ou câmeras métricas apresentam uma série de
características que as diferenciam, dentre elas o maior rigor métrico na definição dos
parâmetros que regem a câmera, o que permite a extração da informação sobre a
aquisição das imagens.
As câmeras métricas usadas em fotogrametria são aéreas, mas também
existem as câmeras terrestres, que são utilizadas em levantamentos arquitetônicos
ou na aquisição de imagens obliquas. Entretanto, é importante observar que, no
caso das câmeras terrestres, a distância focal não é constante, o que obriga o
respeito aos valores de profundidade de campo. A câmera fotogramétrica é
composta pelo cone e pelo magazine. No cone encontra-se o sistema de lentes da
objetiva, o diafragma, o obturador, o suporte de filtros e a esquadria de registros.
O sistema da objetiva é um conjunto de lentes que tem por função direcionar os
raios luminosos vindos do exterior em direção à imagem que será formada no plano
focal. O obturador atua na abertura do diafragma, de forma que ela seja do tamanho
adequado para que se obtenha a exposição desejada. O suporte de filtros é para
alocar o filtro, que deve ser utilizado somente em casos extremos.
Já a esquadria de registros é responsável por reter alguns dados que serão
impressos nas fotografias aéreas, como as marcas fiduciais, que definem um
sistema rígido de coordenadas da imagem, além de outras informações como o
número da foto, a empresa contratante, o voo, entre outras. No magazine está
alocado o sistema de aderência a vácuo e de troca de filmes para as câmaras
analógicas.

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Além das partes que compõem as câmeras fotográficas, também é importante


salientar que toda câmera fotogramétrica vem acompanhada de um certificado de
calibração, que tem por objetivo atestar os valores precisos de parâmetros
fundamentais da câmera, e que são utilizados nos processos fotogramétricos
posteriores. Os parâmetros fundamentais são o tipo de câmera e de lente; a
distância focal; e o ângulo de abertura. O tipo de câmera e o tipo de lentes,
descrevem informações como o nome do fabricante e o modelo da câmera, bem
como das lentes utilizadas. A distância focal está relacionada à equação/lei de
Gauss, onde o seu valor é constante e igual à distância-imagem, assumindo valores
de 88 mm, 150 mm ou 300 mm. E, por fim, o ângulo de abertura, que pode ser
ângulo normal, grande angular e supergrande angular.
Apesar de boa parte dos processos serem automatizados, muitas vezes é
necessária a utilização de recursos analógicos, especialmente em estudos de
ocupação do solo, revisão de limites e divisas para o cadastro de imóveis urbanos e
rurais, bem como o Cadastro Ambiental Rural. No caso de fotos obtidas por
sensores analógicos, por exemplo, é importante saber de que forma as imagens
foram adquiridas, bem como as informações sobre a aquisição, pois estas podem
contribuir no processo de interpretação. Ainda, permitem a adequação dos
equipamentos atuais para que os produtos obtidos possam ser os mais próximos
possíveis, para fins de comparação.

1.4 Fotogrametria analógica e sensores analógicos

Os sensores analógicos referem-se às câmeras fotográficas, que gravam a


informação através do registro rápido e indireto dos objetos presentes na superfície
terrestre. Esses sensores são capazes de registrar informações de ordem
geométrica, radiométrica, semântica e temporal.
As câmeras analógicas apresentam os seguintes componentes: o sistema de
lentes, o obturador, a distância focal (f) e o filme, que permite gravar a energia
eletromagnética incidente sobre o sistema de lentes da câmera. O processo de
gravação e registro da energia eletromagnética funciona da mesma maneira que o
nosso sistema visual (Santos, 2014).

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Ao comparamos o sistema de gravação realizado por sensores analógicos e o


sistema de visão humano, percebemos que o sistema de lentes de uma câmera tem
a mesma funcionalidade que a córnea do olho humano, assim como a distância focal
tem o mesmo princípio de funcionamento do cristalino. Ainda, o obturador funciona
como a íris, isto é, controla a quantidade de luz que incide sobre o filme fotográfico
ou o sensor CCD, possuem, portanto, a mesma função da retina ocular.
Atualmente, os sistemas sensores mais utilizados no processo de gravação e
registro da energia eletromagnética em fotogrametria são baseados em dispositivos
de carga acoplada, conhecidos como CCD de varredura linear ou quadro e CMOS
(Complementary Metal-Oxide-Semicondutor) (Santos, 2014). Entretanto, apesar da
existência de dispositivos mais modernos, as câmeras métricas convencionais de
precisão cartográfica baseadas na emulsão de papel fotográfico ainda são usadas, o
que torna necessário o conhecimento de seu funcionamento básico.
O processo fotográfico funciona conforme o esquema apresentado na figura 2:

Figura 2: Esquema de funcionamento do processo fotográfico.

Exposição
Processamento Revelação
fotográfica

Fonte: Autora, 2020.

Na etapa de exposição fotográfica, ocorre a exposição da emulsão fotográfica


para um determinado tempo de luz. Para que haja uma imagem ao final do
processo, é necessário que uma certa quantidade de energia radiante incida sobre o
sistema de lentes da câmera, que expõe a emulsão em função do diafragma do
sistema de lentes da câmera e do tempo de exposição à luz.
A interação da emulsão com a energia radiante varia de acordo com o tipo de
filme, que pode ser preto e branco, colorido ou falsa cor. O filme colorido, que é o
mais utilizado atualmente, é sensível às irradiações do espectro eletromagnético na
região do visível. A primeira camada que interage com a radiação eletromagnética é

Todos os direitos são reservados ao Grupo Prominas, de acordo com a convenção internacional de direitos autorais. Nenhuma
parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada, seja por meios eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou
gravações, ou, por sistemas de armazenagem e recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas.
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o vermelho (R-RED), em seguida com a camada verde (G-Green) e por último a


camada azul (B-BLUE).
No decorrer da exposição do filme, a luz branca incide sobre o filme fotográfico
e a porção da luz que corresponde ao vermelho é absorvida pela camada do filtro
vermelho, sendo transmitidas as porções correspondentes à luz verde e azul. Na
segunda camada (filtro verde) a porção da luz correspondente ao verde é absorvida,
sendo transmitidas as porções correspondentes à luz vermelha e azul. E, finalmente,
na terceira camada (filtro azul) a porção da luz correspondente ao azul é absorvida e
as componentes vermelha e verde da luz são transmitidas (Santos, 2014).
A revelação fotográfica, que corresponde à terceira etapa, corre o inverso em
relação à etapa de processamento. neste momento, a camada vermelha (R) torna-
se transparente à luz vermelha, sendo vista como ciano; a camada verde (G) é vista
como magenta devido ao processo de subtração da cor branca com a verde; e a
camada azul (B) é vista como para amarelo. As imagens obtidas podem apresentar
quatro tipos de resolução, que representam os parâmetros básicos para avaliar a
sua capacidade de aquisição de dados, e correspondem a resolução espacial,
resolução radiométrica, resolução espectral e resolução temporal. A resolução
espacial refere-se à capacidade de captar objetos de tamanhos variados e diminutos
de acordo com o tipo de filme utilizado.

SAIBA MAIS:
A resolução de 1m significa que os objetos passíveis de detecção devem ter um
tamanho de até 1m, e objetos menores que este valor não serão visualizados. A
resolução é dada em função do tamanho dos grãos de haleto de prata da emulsão,
em que grãos maiores geram uma menor resolução espacial, mas sua
sensibilização é mais rápida. Isso é importante para as câmeras aéreas, cujo tempo
de exposição deve ser o menor possível em decorrência dos efeitos da
movimentação da aeronave na aquisição das imagens.

A resolução espacial é determinada pela quantidade de linhas que podem ser


identificadas em um milímetro (l/mm) ou pares de linhas por milímetro (lp/mm). A
quantidade de linhas pode ser identificada de modo visual ou pelo densitômetro, que

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gravações, ou, por sistemas de armazenagem e recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas.
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tem por objetivo identificar até que ponto a imagem obtida mantém os padrões
regulares de transição “branco para preto”.
A resolução radiométrica refere-se à capacidade de detecção das menores
variações possíveis de incidência de energia sobre o filme. A resolução espectral
consiste no número de bandas e na espessura de cada banda que o filme é capaz
de cobrir. E a resolução refere-se ao tempo que o sensor gasta para passar pelo
mesmo ponto.

1.5 Fotogrametria analítica

A fotogrametria analítica consiste na determinação das coordenadas terrestres


de um determinado ponto a partir de Equações de Colinearidade, com o apoio de
softwares como o CAD (Desenho Assistido por Computador).

IMPORTANTE!
As Equações de Colinearidade ou também chamada de equação básica da
fotogrametria, baseia-se no princípio de que, independentemente da posição da
câmera no espaço (ω, ϕ, k) no momento da exposição, o feixe não descreve uma
reta entre o centro de projeção (XF, YF, ZF) e o ponto P no terreno (XP, YP, ZP).
Para ajustar os desvios, são utilizadas as equações de colinearidade, obtendo-se,
desta forma, uma relação geométrica entre a imagem e o objeto.

Desta forma, as imagens analógicas ainda são utilizadas, mas as equações de


colinearidade são usadas durante todo o tratamento matemático, através de um
computador ligado ao restituidor.

1.6 Fotogrametria digital e os sensores digitais

A fotogrametria digital refere-se à aquisição de dados referentes ao objetos que


estão na superfície terrestre por meio de sensores digitais, que também são capazes
de adquirir informações tridimensionais dos objetos. Os sensores digitais são
capazes de gerar dois tipos de imagem, a vetorial e a matricial. A imagem vetorial

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refere-se à imagem onde ocorre a delimitação de objetos pelos pontos que os


determinam.
Para compreendermos a imagem vetorial, é importante a retomada de alguns
conceitos. A imagem digital pode ser definida como uma matriz composta por
células quadradas, chamadas de pixels (picture elements). Dentro de cada pixel, há
somente uma coloração sólida, definida por um número digital, que corresponde a
uma determinada coloração (Figura 3).

SAIBA MAIS
Quando ampliamos as imagens digitais obtidas por câmeras amadoras, é possível
perceber os pixels, ao mesmo tempo em que quanto maior a ampliação, menor é a
resolução da foto.

Figura 3: os pixels, quando ampliados, evidenciam que cada um apresenta uma coloração
específica.

Fonte: Santos, 2014.

Desta forma, podemos dizer que qualquer imagem digital é formada por uma
matriz, onde cada um dos seus elementos apresentam um valor ou número digital
equivalente. Da mesma maneira que para as imagens analógicas existem as
resoluções, elas também se aplicam para as imagens digitais. Entretanto, há uma
variação nos conceitos em decorrência das diferenças existentes entre sistemas

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analógicos e sistemas digitais. Para a imagem digital, a resolução espacial está


relacionada ao tamanho do pixel, ou seja, por meio do seu tamanho é possível
identificar os objetos na superfície terrestre.

SAIBA MAIS
Um pixel na imagem equivale a um quadrado de 1m x 1m no terreno. Desta
maneira, podemos utilizar como exemplo uma imagem de 32 X 32 pixels, que
equivale, na superfície terrestre, a uma área de 32 X 32 metros. No entanto, como
dentro de um pixel só pode haver uma coloração, podemos afirmar que o pixel
representa uma mistura das tonalidades dos diferentes objetos e representados
naquele pixel.

Desta forma, podemos afirmar que quanto menor é o tamanho do pixel maior é
a resolução espacial da imagem digital. Além disso, para que uma parte da
superfície terrestre seja alocada em uma matriz de pixels de dimensões definidas, é
necessária a realização do processo de discretização. Esse processo refere-se à
redução de um conjunto de unidades de medidas complexas em um conjunto
discreto de elementos arrumados em uma matriz. Quanto mais pixels estiverem
cobrindo a área, mais realista será a imagem, mas também o tamanho do arquivo.
A resolução radiométrica consiste na diferenciação e na quantificação dos tons
em uma banda do espectro eletromagnético e nas imagens digitais. Tal ação é
facilitada em função da imagem ser composta por uma certa quantidade de tons.

IMPORTANTE!
O sistema usado em informática é o binário, o que significa que a quantidade de
tons de uma imagem digital está relacionada a uma potência de 2. Por exemplo,
quando trabalhamos com uma imagem de 256 tons de cinza, 256 = 28, ou seja, 8
bits (dígitos binários) por pixel. Isso representa que cada pixel deve ser expresso por
oito dígitos binários, de modo a permitir 256 variações numéricas diferentes,
evidenciando a multiplicidade de tonalidades desejada. Desta maneira, uma imagem
de 1 bit por pixel só vai evidenciar 21 = 2 variações de tonalidade, a chamada
imagem binária, que vai apresentar somente tons em preto e branco. Assim, a

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imagem terá uma menor resolução radiométrica que a imagem de 256 tons de cinza,
o que nos conduz à afirmação de que quanto maior a quantidade de tonalidades em
uma determinada banda, maior é a resolução radiométrica.

No caso da conversão de imagens analógicas para imagens digitais, é


importante a realização do processo de quantificação. A quantificação refere-se a
um procedimento em que todas as respostas espectrais de uma determinada área
da superfície terrestre são alocados na banda desejada, onde há um número de
tonalidades pré-determinado, e as resoluções espectral e temporal funcionam da
mesma maneira relatada para as imagens analógicas.

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CAPÍTULO 2 – PROCESSAMENTO FOTOGRAMÉTRICO

O processamento fotogramétrico pode ser definido como um conjunto de


etapas que envolvem desde a aquisição das imagens, as etapas de restituição, a
observância de problemas na aquisição da imagem, até o produto propriamente dito,
que será interpretado. A figura 4 resume as principais fases do processamento
fotogramétrico:

Figura 4: Etapas do processamento fotogramétrico

Projeto Processamento
Voo e aquisição
fotogramétrico e fotográfico e
das fotografias
plano de voo digitalização

Determinação de
Restituição Aerotriangulação
apoio de campo

Edição, plotagem
e exportação

Fonte: Autora, 2020.

O projeto fotogramétrico refere-se aos objetivos do levantamento


fotogramétrico, ou seja, avaliar a necessidade de aquisição de imagens aéreas.
Neste momento do projeto devem ser verificado se existem imagens da área a
serem estudadas e, em caso positivo, se elas não podem ser aproveitadas no
projeto. Essas recomendações são importantes pois a aquisição de imagens aéreas
é muito custosa, o que aumenta o valor da prestação de serviço. No caso da não
existência de imagens ou se elas não forem adequadas em virtude do tempo de
aquisição, metodologia, entre outros, avança-se para a etapa do planejamento do
voo.
O planejamento do voo e o voo devem ser realizados após o planejamento e a
definição dos objetivos, para que as imagens adquiridas sejam assertivas e que

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possam contribuir no desenvolvimento do projeto. Além disso, existem algumas


partiularidades relacionadas ao voo aerofotogramétrico.

2.1 Aquisição das imagens

A aquisição de imagens aéreas envolve basicamente uma câmera


fotogramétrica e uma aeronave. Apesar de parecer uma operação simples, existem
alguns parâmetros que devem ser observados na aquisição das imagens. A altura a
ser voada é definida de acordo com a escala da fotografia, com o intervalo de curvas
a ser usado e com a distância focal da câmara.
Além disso, o tipo e a condição da aeronave também são relevantes para a
aquisição das imagens e para a cobertura fotográfica, pois deve desenvolver a
velocidade prevista para o projeto, além de teto de voo suficiente, estabilidade e raio
de ação necessário para que não haja interrupções durante a aquisição de imagens.
Ainda, cada linha de voo fotográfico deve seguir a mesma direção, isto é, todas as
faixas de fotografias resultantes devem ser paralelas entre si. A direção da linha de
voo é influenciada pelo tipo de relevo a ser fotografado; pela configuração da área;
da quantidade de horas disponíveis para o imageamento; e da orientação dos
estereomodelos em relação à topografia e à posição do Sol.
Além desses detalhes relacionados a linha de voo, eles também são relevantes
para o cumprimento das taxas de superposição, para que os objetos na superfície
terrestre possam ser identificados de forma correta. Deste modo, as linhas de voo
são traçadas no mapa de maneira que as faixas vizinhas tenham uma região de
superposição comum.
No caso de aquisição de fotografias para mapeamento, as taxas de
superposição variam de 25 a 30%, sendo denominada de superposição lateral ou
entre faixas, e tem por objetivo garantir que toda a área estudada seja recoberta.
Ainda, cada fotografia na linda de voo cobre uma área que se superpõe com as fotos
anteriores em 60%, sendo denominada de superposição longitudinal.

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FIQUE ATENTO!
Comumente, são estabelecidos 60% de superposição longitudinal e 30% de
superposição lateral ou entre faixas, para garantir o recobrimento total da região.
Essas porcentagens de superposição são importantes para garantir, pelo menos,
uma área de superposição longitudinal ou entre fotos consecutivas mínima de 50%,
para não comprometer a visão tridimensional.

A superposição longitudinal apresenta três objetivos: (1) possibilitar a cobertura


da área sob dois pontos de vista distintos, o que permite a produção de
estereopares para a observação e medição estereoscópica; (2) possibilitar a
construção de mosaicos, através do aproveitamento da porção central de cada
fotografia, para a geração de pontos de apoio por métodos fotogramétricos; (3)
permitir a fototriangulação ou a aerotriangulação (Tommaselli, 2009).
As imagens verticais também apresentam uma escala. A escala, de maneira
geral, pode ser definida pela razão entre uma distância medida em um mapa ou
desenho e a distância correspondente no terreno. Por exemplo, se 1cm no mapa
representar 100m no terreno, teremos uma escala de 1:10.000.
Um mapa é uma projeção ortográfica da superfície do terreno, tendo todos os
seus pontos em suas verdadeiras posições horizontais, o que implica em afirmar que
a escala de um mapa é uniforme em qualquer posição. No caso de uma fotografia
aérea ou vertical, se ela não for inclinada e o terreno da foto for plano, podemos
dizer que a foto é dimensionalmente semelhante ao mapa (Tommaselli, 2009).
No entanto, como a fotografia é uma projeção perspectiva, as áreas do terreno
que estiverem mais próximas da câmara, no momento da exposição, aparecerão
maiores do que as correspondentes que estiverem mais distantes da câmara. Desta
maneira, devido ao relevo, os objetos estão inclinados em relação ao observador
(câmera fotográfica), ou seja, apresentam uma inclinação aparente em relação ao
centro da foto, sendo chamada de deslocamento.
As fotografias aéreas apresentam algumas características que estão
relacionadas ao seu processo de aquisição, como centro de projeção, distância
focal, altura de voo, escala da fotografia, paralaxe, e as dimensões da fotografia.

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 O centro de projeção consiste no centro geométrico da imagem,


correspondendo ao ponto de interseção das linhas retas que ligam o
objeto à imagem em uma projeção central. Isso significa que uma
fotografia é uma projeção central do terreno, ao contrário de uma carta ou
de um mapa que são uma projeção ortogonal.
 A distância focal ou distância principal refere-se a medida sobre o eixo
principal da lente, em milímetros, desde o centro ótico até ao plano focal.
 A altura do voo (H) consiste na medida média da altura da aeronave e
que interfere nos resultados da aquisição, devido à própria variação ou
ondulação da área a ser imageada.
 A escala da fotografia é uma das características mais importantes, pois
evidencia algumas informações sobre a fotografia aérea. Para a
compreensão desse conceito, observe a figura 5:

Figura 5: Perfil esquemático de uma fotografia aérea e as informações relevantes para o


cálculo da escala vertical.

Fonte: Tommaselli, 2009.

Conforme pode ser observado na figura 5, que mostra um corte em uma


fotografia aérea vertical com o centro perspectivo da câmara (lentes) em L,
denominada estação da câmara. A altitude da câmara sobre o datum vertical é
chamada de altitude de voo (H). O terreno é considerado plano com uma altitude h
em relação ao datum. O ponto o refere-se ao ponto principal da fotografia, enquanto
a distância Lo, da foto até as lentes, é chamada de distância focal.
Desta maneira, a escala da fotografia é a relação entre as distâncias ab/AB,
pois, a partir dos triângulos semelhantes temos: ab/AB = f/(H-h) (1), que resulta em:

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Eh = f / (H-h) (2), onde: Eh é a escala para a altitude h, f é a distância focal e H é a


altitude de voo (Tommaselli, 2009).
A escala fotográfica, portanto, é obtida em função da distância focal da câmara
e da altura de voo, alterada pela altitude do terreno. A altura de voo é estimada a
partir da distância da estação da câmara até o plano médio local do terreno
(Tommaselli, 2009).

FIQUE ATENTO!
A escala pode ser aumentada com a manutenção da altura de voo fixa e com a
utilização de uma câmara com uma distância focal maior, ou usando a mesma
câmara e reduzindo a altura de voo. É importante observar que se a fotografia não
for perfeitamente vertical, a escala também será afetada pela inclinação; e mesmo
com o terreno plano, a escala também sofrerá variação em função da posição da
foto.

 A paralaxe pode ser definida como o deslocamento aparente de um


referencial, provocado pelo deslocamento do observador, isto é, quando
uma câmera fotogramétrica obtém uma imagem e momentos depois
adquire a mesma imagem em uma posição diferente. Este deslocamento
da câmara levará a uma mudança da posição dos objetos de uma
fotografia para a outra.
 As dimensões da fotografia referem-se ao tamanho da foto, cujas
dimensões de uma fotografia aérea analógica são, habitualmente, 230 x
230 mm. A dimensão pode contribuir também no cálculo da área coberta
pela imagem, a partir dos dados da dimensão e da escala.
 As marcas fiduciais são marcações impressas na fotografia aérea, na
altura da exposição, e que tem por objetivo referenciar e definir o sistema
de coordenadas da fotografia. Cada fotografia pode ter de quatro a oito
marcas fiduciais, que ficam dispostas nas laterais das fotos e são de
grande importância para a obtenção de medidas precisas a partir das
fotografias aéreas.

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SUGESTÃO DE LEITURA
Para conhecer as metodologias mais modernas na aquisição de imagens
fotogramétricas, leia o artigo “Modernas Tecnologias de Aquisição de Imagens em
Fotogrametria”, disponível neste link:
https://revistas.ufpr.br/bcg/article/view/63042/36905 e amplie o seu conhecimento.

2.2 Processamento fotográfico e digitalização

As imagens coloridas são formadas por três imagens separadas,


representadas por uma imagem vermelha, uma verde e uma azul, mas que podem
equivaler a quaisquer combinações de bandas do espectro.
De maneira geral, podemos comparar essa imagem a três dispositivos em tons
de cinza, que expressam três bandas do espectro e que são projetadas sobre uma
mesma superfície através dos filtros vermelho, azul e verde, ou seja, um filtro para
cada imagem. Assim, uma imagem colorida de 16 milhões de cores (16.777.216
cores) seria a combinação de três imagens de 256 cores cada, ou ainda, uma
imagem de 8 bits por banda, exibindo três bandas.

IMPORTANTE!
Embora a imagem colorida tenha mais tons que uma imagem pancromática comum
de 256 tons de cinza, sua resolução radiométrica é igual, pois para cada banda, a
quantidade de tons é a mesma que a da imagem pancromática, e ainda a
capacidade de captação de energia eletromagnética também. No entanto, ela
apresentará uma resolução espectral maior em decorrência de uma maior cobertura
das bandas. Ainda, deve-se estar atento ao afirmar que uma imagem colorida
apresenta 24 bits/pixel. Na verdade, ela continua a ser uma imagem de 8 bits, mas
com três bandas.

A imagem fotogramétrica digital pode ser obtida de duas formas: por meio da
digitalização de imagens matriciais ou imagens analógicas e através da aquisição
direta por meio de câmaras fotogramétricas digitais.

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A digitalização de imagens matriciais ou analógicas envolvem a utilização de


um scanner, onde é colocada a imagem analógica e a matriz de CCD's (charge
coupled devices) percorrerá a imagem para a frente e para trás, gravando os valores
dos números digitais dos pixels que compõem o arquivo digital.

SAIBA MAIS
O CCD (charge coupled devices) consiste em um conjunto de pequenos diodos
sensíveis a uma determinada radiação, que neste caso é a luz, que convertem
fótons em elétrons, gerando uma pequena corrente em cada um dos detectores.
Quanto maior a quantidade de energia que chega a um detector, maior é a corrente
gerada no mesmo.

Os scanners usados para a conversão de fotografias analógicas em digitais


são os scanners a vácuo e o drum scanners, que utilizam a tecnologia PMT (photo
multiplier tube). Independentemente do equipamento, o documento a ser digitalizado
é posicionado em seu interior, onde um sensor separa a luz refletida pelo documento
em três raios. Cada raio é enviado a um filtro colorido onde a luz é transformada em
um sinal elétrico correspondente, de modo semelhante aos scanners de mesa.
Os scanners possuem um programa de configuração, onde é permitido definir
os parâmetros radiométricos como a digitalização em tons de cinza ou colorida, a
quantidade de bits por pixel, entre outros.

IMPORTANTE!
No processo de digitalização sempre haverá alguma perda de informação em função
do processo de conversão de imagens analógicas em imagens digitais, já que não é
possível para um dispositivo captar a integridade e a complexidade das informações
radiométricas. Desta forma, a atuação do profissional é essencial para estabelecer
os limites de discretização e quantificação, de modo a permitir o tratamento preciso
dos dados, preservando as informações das imagens originais.

A aquisição de imagens aéreas por câmeras fotogramétricas digitais apresenta


um princípio de funcionamento semelhante ao de uma câmara a filme, mas em vez

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de a gravação ser feita no filme, há uma matriz de CCD's. Além dos problemas
relativos à conversão das imagens analógicas em imagens digitais, há também
outros problemas associados à fase de aquisição das imagens, independentemente
da tecnologia utilizada, que interfere na interpretação das imagens.

2.2.1 Problemas na aquisição de imagens


Os problemas relacionados à aquisição de imagens podem gerar uma série de
aberrações de ordem técnica, cromática e atmosférica. As aberrações técnicas
referem-se aos equipamentos, especialmente relacionadas às lentes e ao formato
do conjunto de lentes que compõem o sistema da câmera. Entre as principais
aberrações, podemos citar as aberrações de esfericidade, de coma, de
astigmatismo, de curvatura de campo e de distorção.
A aberração da esfericidade ocorre devido à curvatura da superfície da lente,
afetando a formação das imagens de objetos situados no eixo óptico. Como
consequência, a imagem não é clara e nítida, além da redução de contraste da
imagem, o que atrapalha a observação de detalhes (Andrade, 1997).
A aberração de coma acontece em decorrência da forma da lente, afetando as
imagens de objetos situados fora do eixo óptico, sendo eliminada através da
alteração da superfície dos elementos componentes do sistema óptico e limitando-se
a abertura do diafragma (Andrade, 1997).
O astigmatismo é responsável por afetar a qualidade das imagens, a partir da
produção de imagens definidas por linhas retas perpendiculares entre si, de um
ponto objeto, o que diminui a qualidade da imagem. Este fenômeno pode ser
reduzido a partir da instalação do plano focal no círculo de confusão mínima, onde o
astigmatismo pode ser minimizado (Andrade, 1997).
A curvatura de campo acontece quando os objetos situados em um mesmo
plano no objeto a ser imageado não possuem seus círculos de confusão mínima
situados no mesmo plano, o que torna o plano-objeto paraboloide, não totalmente
plano. Este problema pode ser contornado a partir da diminuição da abertura do
diafragma (Andrade, 1997).
A distorção afeta a posição dos objetos imageados, e pode ser classificada em
dois tipos: a distorção radial simétrica e a distorção descentrada. A distorção radial

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simétrica acontece em função da refração sofrida por um raio de luz ao atravessar


uma lente, afetando os pontos da imagem, a partir do ponto principal de simetria. Já
a distorção descentrada é provocada pelo não-alinhamento dos eixos ópticos dos
componentes da objetiva de uma câmara (Andrade, 1997).
A aberração cromática está relacionada à decomposição da luz que, ao passar
por um sistema de lentes, se decompõe em diversos comprimentos de onda, de
modo semelhante a um prisma. A distribuição de tal aberração é independente da
abertura do diafragma, sendo também uma constante para todas as áreas do plano-
imagem. Ainda, há também os fenômenos relacionados à distribuição de luz no
plano focal, que pode provocar o escurecimento das bordas ou cantos das imagens.
O arrastamento da imagem é uma aberração provocada pelo movimento da
plataforma durante o tempo de aquisição e exposição, que pode ser identificada com
a redução da nitidez na imagem final.
Os efeitos atmosféricos referem-se ao fenômenos que podem causar alguma
interferência na aquisição e, consequentemente, no produto. Entre eles, podemos
citar o sol, a umidade, a névoa e a variação do índice de refração nas camadas
atmosféricas.
Os dias ensolarados são responsáveis pelas sombras, geralmente muito
compridas em determinados horários, sendo relevante a realização dos voos quando
o sol está alto. Além disso, a umidade presente na atmosfera pode acentuar a
reflexão da luz solar nas camadas atmosféricas nas regiões tropicais, provocando o
efeito hot-spot, que reduz o contraste da imagem final.
A névoa atmosférica, por refletir o azul em decorrência do espalhamento de
Rayleigh, deixa a imagem mais azulada. E, por fim, a variação do índice de refração
nas camadas atmosféricas, que, devido aos diferentes índices de refração, os raios
ópticos não são exatamente retos, cujas deformações promovem, na imagem, o
deslocamento dos pontos referentes a sua verdadeira posição.

2.3 Determinação dos pontos de apoio no campo

Os pontos de controle ou pontos de apoio no campo referem-se às


coordenadas que são utilizadas para referenciar a imagem ao contexto real da

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superfície terrestre. Esses pontos de controle podem ser objetos presentes na


superfície, como cruzamentos de estradas e de ruas, confluências de rios, forma de
relevo representativa, entre outros. A obtenção das coordenadas desses objetos
pode ser realizada através dos seguintes processos:
 Por meio de levantamento topográfico amarrado à rede geodésica
fundamental, que confere maior precisão, mas também são mais
custosas.
 Por meio de receptores de sinais de satélites do sistema GPS;
 Por meio de cartas topográficas do mapeamento sistemático, que são
menos precisas, mas possuem um custo reduzido de realização.

2.4 Aerotriangulação e Restituição

A fototriangulação, que também pode ser denominada aerotriangulação,


triangulação aérea ou triangulação espacial, é uma técnica fotogramétrica para
determinação de coordenadas de pontos em um referencial específico. Neste
sentido, o objetivo maior da fototriangulação é o fornecimento das coordenadas
precisas para os pontos, que são necessários para a orientação absoluta de
modelos fotogramétricos para restituição ou para a elaboração de ortofotos
(Andrade, 1997).
Em um processo de fototriangulação, três pontos são essenciais para a
determinação das coordenadas: marcas fiduciais, pontos de controle e pontos
fotogramétricos. As marcas fiduciais consistem em sinais bem definidos e com a
localização bem conhecida em uma imagem, enquanto os pontos de controle
consistem nas feições naturais ou alvos artificiais de diferentes formas e tamanhos
que são facilmente identificados na superfície terrestre e que não são passíveis de
modificação. E, por fim, os pontos fotogramétricos, que são pontos selecionados por
um operador ou escolhidos de modo automático, com o intuito de conferir um bom
nível de qualidade à imagem.
A restituição tem por objetivo reconstruir a área da superfície terrestre que foi
fotografada, transformando um produto tridimensional (chamado de estereomodelo
ou modelo estereoscópico) para um produto bidimensional (Andrade, 1997). Mas,

Todos os direitos são reservados ao Grupo Prominas, de acordo com a convenção internacional de direitos autorais. Nenhuma
parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada, seja por meios eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou
gravações, ou, por sistemas de armazenagem e recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas.
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para que este estereomodelo seja formado, é necessária a realização das


orientações interior e exterior do par de aerofotos.
A orientação interior refere-se à reconstrução do feixe perspectivo, através do
referenciamento da imagem em relação à câmara. Ou seja, a orientação interior na
fotogrametria digital consiste no cálculo dos parâmetros de transformação entre o
sistema de coordenadas de imagem digital, que são representados pelas linhas e
colunas do pixel, e o sistema fotográfico.
Esta operação é necessária, pois as imagens obtidas encontram-se isoladas
uma das outras e salvas como arquivos digitais, somente com o sistema de
coordenadas em pixels, próprio das imagens digitais. Desta maneira, torna-se
necessário a reconstituição do sistema interno câmara-imagem que corresponde ao
momento em que as fotografias foram obtidas, possibilitando medições mais
precisas sobre as fotografias.

SAIBA MAIS
Atualmente, existem softwares de fotogrametria digital que realizam as medições
das coordenadas das marcas fiduciais no sistema de pixel, nos modos manual,
semiautomático e automático. Desta forma, os valores constantes do certificado de
calibração e o ajustamento para a definição dos parâmetros de transformação entre
um sistema e outro podem ser realizados.

A orientação exterior consiste na determinação da posição e da atitude das


fotografias aéreas. A posição é conhecida quando se têm as coordenadas X, Y e Z
do centro de perspectiva, enquanto a atitude de uma fotografia aérea é conhecida a
partir da determinação dos ângulos que representam as rotações sofridas pelo
sistema local de coordenadas x, y e z de cada câmara em relação ao sistema global
do terreno X, Y e Z, sendo conhecidos como os ângulos de Euler.
A orientação exterior é dividida em orientação relativa e orientação absoluta. A
orientação relativa tem por objetivo orientar em posição e em atitude o par de
fotografias entre si, sem considerar o referencial terrestre. Desta forma, a orientação
relativa tem o propósito de determinar os parâmetros de orientação de um
estereomodelo, a fim de que os processos posteriores possam ser realizados, tais

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gravações, ou, por sistemas de armazenagem e recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas.
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como a medição e geração de modelos digitais de terreno (MDT-DTM) e a


restituição no modo estereoscópico (Andrade, 1997). Neste sentido, um par de fotos
está relativamente orientado quando ocorre a interceptação de cinco pares de raios
homólogos, ou seja, quando as paralaxes são eliminadas em cinco pontos.
A orientação absoluta refere-se à materialização do referencial cartográfico, por
meio do estabelecimento de uma relação entre o espaço imagem e o espaço objeto.
Esse processo é realizado através da utilização de pontos de controle terrestre, de
forma que esses pontos com coordenadas conhecidas no espaço objeto sejam
identificados e medidos no sistema de coordenadas do espaço imagem (Andrade,
1997). Portanto, o modelo estereoscópico orientado precisa ser colocado em
posição, altitude e escala corretos em relação ao referencial cartográfico.
A restituição atua no sentido de transformar, através de instrumentos e técnicas
específicas, a projeção cônica do par fotográfico em uma projeção ortogonal,
representada pelas cartas e mapas. Nessas representações, é possível evidenciar
os detalhes altimétricos e planimétricos das áreas imageadas após o
restabelecimento da equivalência geométrica entre as fotografias aéreas, no instante
em que foram tomadas, e o par de diapositivos que se encontra no projetor. As
transformações podem ser gráficas, analógicas, analíticas ou numéricas e digitais.
As transformações analógicas e analíticas envolvem algumas etapas de
operação no aparelho restituidor, que se referem à orientação interna, externa e
absoluta da fotografia. A orientação interna é feita a partir da determinação dos
pontos principais das marcas fiduciais presentes na fotografia, onde é realizado no
ajuste da distância focal do projetor (que deve ser proporcional à da câmara
utilizada).
A orientação externa ou relativa é realizada a partir da determinação dos
principais movimentos que afetaram a fotografia durante a sua aquisição. São seis
movimentos, sendo três movimentos de translação e três movimentos de rotação.
Ainda, é na orientação exterior que se elimina a paralaxe (distorções) dos pontos
fotografados.
A orientação absoluta refere-se à determinação da escala do modelo
estereoscópico, ou seja, a imagem 3D, que é formada pelas duas imagens

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projetadas, onde é determinada a altura do modelo de acordo com o nível de


referência pretendido.
Todos esses procedimentos são realizados para que uma série de produtos
fotogramétricos possam ser acurados para a fotointerpretação. Os principais
produtos fotogramétricos são o fotoíndice, mosaico, fotocarta e ortofotocarta.
O fotoíndice é um conjunto de fotografias aéreas de uma determinada área que
possui uma escala aproximada, no qual as fotos são ligadas e montadas umas às
outras através de suas zonas de superposição entre fotos e faixas, e reduzidas
fotograficamente. O objetivo do fotoíndice é identificar falhas existentes nos
recobrimentos, derivas do voo, quantidade de pontos de apoio existentes, entre
outros.
O mosaico é um conjunto de fotografias aéreas, em que as fotos são montadas
e ajustadas umas às outras de modo sistemático, através dos detalhes do terreno,
possibilitando uma visão completa de toda a área imageada. O mosaico é muito
utilizado em estudos preliminares de geologia, de solos, da vegetação, recursos
hídricos e naturais, entre outros.

SUGESTÃO DE LEITURA
Para aprender sobre a utilização de modelos matemáticos para a mosaicagem de
fotografias digitais, leia o artigo Um Modelo Matemático para Mosaicagem de
Imagens Digitais Baseado em uma Abordagem Ponto-a-Reta, disponível neste link:
<http://www.seer.ufu.br/index.php/revistabrasileiracartografia/article/view/48696/2758
9>.

As fotocartas também se referem um conjunto de fotos, semelhantes a um


mosaico, mas que apresentam outras informações como quadriculado ou malha de
coordenadas, moldura, nomes de rios, de cidades, de formas de relevo relevantes,
legenda, entre outros.
A ortofoto consiste na fotografia retificada, ampliada em papel indeformável e
completada com as seguintes informações: símbolos, quadriculado ou malha de
coordenadas, legenda, além de informações opcionais como a planimentria e a
altimetria ou somente a planimetria. A vantagem de se produzir uma ortofoto, em vez

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gravações, ou, por sistemas de armazenagem e recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas.
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de um mapa, está na riqueza de detalhes que a foto pode registrar e que,


necessariamente, o mapa, não tem condições de informar.

SUGESTÃO DE LEITURA
Para conhecer as aplicações dos produtos fotogramétricos, leia o artigo Avaliação
da qualidade posicional de ortofotos geradas por SISVANT com diferentes alturas de
voo para aplicações cadastrais, disponível neste link https://bit.ly/3dmRepG e amplie
o seu conhecimento!

2.5 Processamento digital de imagens

Na maioria das vezes, após a obtenção das imagens, é necessária a realização


de tratamentos com o objetivo de melhorar a capacidade de interpretação e
utilização das fotografias aéreas. Os principais métodos para o processamento
digital de imagens são: o aumento de contraste; filtragem; operações aritméticas, e a
manipulação de imagens propriamente dita.
O aumento de contraste é uma operação que envolve a alteração dos números
digitais do pixel da imagem de acordo com as novas atribuições dadas pelo usuário,
como o aumento ou a redução das cores claras ou escuras.
A filtragem consiste na manipulação de um algoritmo, possibilitando o
deslocamento de uma máscara ou janela de dimensões ímpares (3X3, 5X5 etc.).
Essas janelas apresentam valores diferentes para cada componente, que variam em
função do filtro aplicado. O procedimento de filtragem consiste em passar esta janela
sobre a imagem, pixel a pixel, multiplicando os números digitais de todos os pixels
sob a janela pelos valores contidos nela, substituindo o pixel central da imagem
original pelo resultado. Existem vários tipos de filtros, e cada um deles apresenta
uma função.
Os filtros “passa-baixa” são assim denominados em função da permissão de
passagem das baixas frequências, o que permite a eliminação de grandes
contrastes, como, por exemplo, bordas bem definidas. Além disso, também são
chamados de filtros de suavização devido ao efeito que causam na imagem original
após a sua aplicação.

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gravações, ou, por sistemas de armazenagem e recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas.
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Os filtros “passa-alta”, por sua vez, são aqueles que permitem a passagem das
altas frequências espaciais. Também são conhecidos como os filtros de realce de
bordas, pois ressaltam mudanças bruscas nos níveis de cinza que caracterizam as
bordas.
Os filtros direcionais são compostos pelos filtros passa-alta, que realçam
determinada direção e, por fim, os filtros de convolução, que têm por função eliminar
o ruído nas imagens digitais.
As operações aritméticas são procedimentos que, a partir de duas ou mais
imagens da mesma região, realizam uma operação matemática elementar nos
valores dos números digitais dos pixels de mesmo índice das imagens, de forma a
refinar as imagens, facilitando a sua intepretação.
A manipulação da imagem é feita por meio da alteração do sistema de cores,
do RGB (vermelho, verde e azul) para HSI (Hue, Saturation and Intensity – matiz,
saturação e intensidade). Essa manipulação baseia-se na relação entre a coloração,
a saturação, a ideia de tons mais puros ou mais pastéis e a intensidade associada
ao conceito de claro e escuro.
Outra operação envolvida na manipulação das fotografias é a fusão (merge)
entre imagens de resoluções diferentes cobrindo a mesma área. O objetivo da fusão
de imagens é a associação da maior resolução geométrica de uma imagem
pancromática (tons de cinza) com a maior resolução radiométrica de uma imagem
em três bandas. Para a realização desta operação, troca-se a coordenada
intensidade da imagem colorida pela da imagem pancromática, preservando as
proporções de tamanho dos pixels, resultando em uma imagem com duas
resoluções ótimas.

SUGESTÃO DE LEITURA
Para conhecer umas das muitas utilizações do processamento digital de imagens,
leia o artigo Processamento digital de imagens para estudos de dinâmicas da
paisagem, disponível neste link:
https://www.e-publicacoes.uerj.br/index.php/tamoios/article/view/45399/31459
e amplie o seu conhecimento!

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gravações, ou, por sistemas de armazenagem e recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas.
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CAPÍTULO 3 – INTRODUÇÃO À FOTOINTERPRETAÇÃO

Após a aquisição das imagens aéreas e da realização de todas as etapas de


processamento, é o momento de interpretação das imagens, que é feita a partir da
fotointerpretação. A fotointerpretação permite identificar quase a totalidade dos
objetos imageados na superfície terrestre, como as formas de relevo, os padrões de
vegetação e de drenagem, a morfologia das cidades, entre outros. Além disso, a
fotointerpretação também possibilita acompanhar e analisar as áreas para
implementação de planejamento urbano e rural, uso e ocupação do solo, problemas
de infraestrutura, parcelamento de solo etc.
Desta maneira, podemos definir a fotointerpretação como uma ferramenta de
classificação de objetos presentes na superfície terrestre através de suas feições.
Para que ela seja realizada, é importante a observação de alguns aspectos durante
o processo de interpretação, como:
 A visibilidade e a qualidade do objeto, que estão relacionadas, além das
características próprias do objeto, à escala e à qualidade das fotografias,
à qualidade do estereoscópio ou equipamento e, ainda, à experiência do
intérprete e de sua visão estereoscópica.
 A utilização de chaves de interpretação, onde é possível a interpretação
de objetos desconhecidos a partir de características de objetivos similares
já identificados, com características definidas, onde estas podem ser
estendidas para as demais fotos a serem interpretadas.

3.1 Estereoscopia

A estereoscopia é um fenômeno natural que ocorre quando uma pessoa olha


simultaneamente duas imagens que foram tiradas da mesma cena, mas de pontos
diferentes, de modo que cada imagem seja vista com um olho. O resultado é a
percepção da profundidade ou terceira dimensão.
A visão estereoscópica ocorre graças a natureza dos olhos humanos, que são
separados um do outro em aproximadamente 65mm. Assim, quando um mesmo
objeto é observado, o olho direito recebe um imagem um pouco diferente da que

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gravações, ou, por sistemas de armazenagem e recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas.
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recebe o olho esquerdo. No cérebro ocorre a fusão das duas imagens, resultando
em uma imagem única e com a sensação de profundidade.
A sensação de profundidade pode ser obtida por dois tipos de visão: a visão
monocular ou monoscópica e a visão binocular ou estereoscópica. A visão
monocular acontece por meio de elementos rudimentares que se baseiam nas leis
da perspectiva, onde o tamanho aparente dos objetos diminui à medida que eles se
afastam do observador. Assim, os objetos mais próximos acabam escondendo, atrás
de si, os objetos mais distantes que se encontram sobre o mesmo eixo de
perspectiva (Siscoutto et a. 2004).
A visão binocular ou estereoscópica nos permite ter uma visão tridimensional
do mundo. Essa visão em três dimensões é o resultado da interpretação, pelo
cérebro, das duas imagens bidimensionais que cada olho capta a partir de seu ponto
de vista e das informações sobre o grau de convergência e divergência.

SAIBA MAIS
Os olhos humanos encontram-se separados por aproximadamente 65 milímetros de
um do outro, podendo convergir, de modo a cruzarem seus eixos em qualquer ponto
a poucos centímetros à frente do nariz, ficando estrábicos; ainda, também podem
também divergir ou ficar em paralelo quando se foca algo no infinito. Todo esse
sistema permite a formação da imagem para o nosso cérebro, e ainda, ele coordena
os movimentos dos músculos dos globos oculares, recebendo informações sobre o
grau de convergência ou divergência dos eixos visuais, o que lhe permite auferir a
distância em que os olhos se cruzam em um determinado momento (Siscoutto et a.
2004).

3.1.1 Elementos básicos para a estereoscopia


Ao obtermos uma imagem através de uma câmera fotográfica, existem alguns
efeitos que fornecem as características tridimensionais da cena. Esses efeitos são
denominados de efeitos passivos e são independentes da aparência do mundo
externo e do nosso sistema ocular, isto é, giramos o papel fotográfico e a imagem
continua estática. Os principais efeitos passivos observáveis em uma fotografia são

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a perspectiva, a iluminação, a oclusão, a sombra e o gradiente de textura (Siscoutto


et a. 2004).
A perspectiva refere-se ao fenômeno no qual os objetos de mesmo tamanho
aparecem maiores na foto quanto mais próximos estiverem da câmera. Assim,
elementos no “fundo” da imagem são maiores que elementos que estão mais “à
frente” são vistos de tamanho menor. Entretanto, é importante observar que os
termos “fundo” e “à frente” em uma foto são características impróprias, pois mesmo
a imagem parecendo tridimensional, ela é bidimensional.
A iluminação atua na imagem melhorando a sua visualização, de forma a
contribuir na melhor identificação dos objetos e no grau de realismo. Já a oclusão
pode esconder de forma parcial ou total os objetos que estiverem localizados atrás
de outros objetos.
A sombra tem por objetivo evidenciar o quão próximo um objeto está do plano,
isto é, em seu plano de apoio, ou se está mais próximo ao observador ou solto no ar.
E, por fim, o gradiente da textura, que confere, de acordo com a organização dos
pontos, noção de profundidade à imagem.
A estereoscopia é classificada como efeito ativo, pois não está presente
diretamente em uma imagem, mas sim, interpretada pelo nosso cérebro, já que é ele
que faz a fusão das duas imagens (uma para cada olho) resultando em noções de
profundidade a partir da captura de duas imagens ligeiramente diferentes relativas à
mesma cena, da mesma maneira que vemos o mundo real (Siscoutto et al. 2004).

3.1.2 Equipamentos e técnicas estereoscópicas


A estereoscopia tem por objetivo possibilitar a visualização das fotografias em
três dimensões, ou seja, notar a profundidade da imagem. O seu princípio de
funcionamento está baseado no oferecimento de imagens distintas aos olhos
esquerdo e direito do observador, proporcionando a sensação de profundidade, da
mesma maneira quando um objeto real é observado.
As principais técnicas de estereoscopia são o vídeo estereoscópico, o
estereoscópio, o anáglifo, a polarização da luz, os óculos obturadores sincronizados,
o par estéreo, o efeito pulfrich, os estereogramas de pontos aleatórios, o estéreo por

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gravações, ou, por sistemas de armazenagem e recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas.
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disparidade cromática (ChromaDepthtm) e o display autoestereoscópico (Siscoutto


et al. 2004).

3.1.2.1 Vídeo Estereoscópico


Já foi compreendido que a base para a percepção estereoscópica é a diferença
binocular do sistema visual humano, que gera duas imagens ligeiramente diferentes
quando uma cena é projetada nas retinas dos olhos. As duas perspectivas diferentes
das imagens são unificadas no cérebro, de forma a compor uma simples visão
estereoscópica, ou seja, tridimensional.
Esse processo também pode ser simulado através de duas câmeras
organizadas com a mesma distância interocular dos olhos humanos, de forma que,
alocando as câmeras separadas uma da outra com a mesma distância do olho
humano, é possível simular o nosso sistema visual. Assim, quando cada imagem
das câmeras é apresentada ao seu olho correspondente, as duas imagens se
fundem em uma única imagem pelo cérebro, produzindo a ilusão de visão
estereoscópica (Siscoutto et al. 2004).
Neste sentido, o efeito de visão estéreo com as imagens em movimento ou em
vídeo estereoscópico pode ser obtido com a utilização de duas câmeras de vídeo,
que posicionadas de maneira adequada, capta os sinais de vídeo. Para que isso
ocorra, as câmeras podem ser configuradas de duas formas: em eixo paralelo e em
eixo convergente.
Na configuração da câmera em eixo paralelo, elas são alinhadas de forma que
os eixos centrais de suas lentes estejam em paralelo. Desta maneira, a
convergência das imagens é obtida por meio de um pequeno deslocamento dos
sensores de captura das câmeras ou por meio de um deslocamento horizontal das
imagens, de forma a alterar a distância ou paralaxe entre os pontos correspondentes
das imagens do olho direito e do esquerdo, e com o corte das imagens resultantes
(Siscoutto et al. 2004).
Na configuração da câmera de eixo convergente, as duas câmeras são
rotacionadas para que seus eixos centrais sejam convergidos sobre um mesmo
ponto no plano de projeção. Em ambos os casos, as câmeras devem ser alinhadas

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horizontal e verticalmente, e a separação intereixo deve ser de, aproximadamente,


65 milímetros, para se obter a estereoscopia (Siscoutto et al. 2004).
No entanto, na configuração de câmeras convergentes, devido ao
desalinhamento vertical ou paralaxe vertical, ocorre uma distorção. O fato de os
sensores de captura de imagem das câmeras estarem localizados em planos
diferentes, promove uma diferença de perspectiva nos pontos de vista esquerdo e
direito, que são um pouco diferentes da realidade retratada na cena.
Já na configuração de câmeras com eixos paralelos não ocorre paralaxe
vertical, mas devido à necessidade de deslocamento horizontal das imagens
resultantes, estas não são perfeitamente sobrepostas. Para que o efeito seja
corrigido, é fundamental o corte nas imagens, de modo que somente um campo de
visão comum seja apresentado. Ainda, dependendo do deslocamento e do corte das
imagens, planos de convergências podem ser posicionados em profundidades com
diferentes percepções.

3.1.2.2 Estereoscópio
O estereoscópio pode ser definido como um instrumento composto por lentes
que direcionam uma das imagens do par estereoscópico para o olho direito e a outra
para o olho esquerdo, permitindo sua visualização de maneira tridimensional. Além
disso, o fato de o equipamento separar fisicamente as visões também impede que
elas se cruzem.
Consiste, portanto, em um equipamento composto por um par de lentes
convexas montadas sobre um suporte, que permite ao observador o ajuste da
distância pupilar entre as lentes, bem como ajuste da distância de visualização.

3.1.2.3 Anáglifo
O anáglifo é o nome dado às figuras planas cujo relevo se obtém por cores
complementares, normalmente vermelho e verde ou vermelho e azul esverdeado.
Neste processo, cada um dos olhos utilizará um filtro diferente, feito em papel
celofane, para visualizar as imagens do par estereoscópico.
O filtro vermelho refletirá vermelho, deixando atingir o olho apenas as partes do
anáglifo que estejam em vermelho, e o olho que estiver com o filtro verde/azul

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receberá a parte em verde/azul da imagem (Figura 6). Assim, as duas imagens são
separadas na observação e fundidas pelo cérebro em uma única imagem
tridimensional em preto e branco (Siscoutto et al. 2004).

Figura 6: Um dos equipamentos que permitem a técnica de estereoscopoia por anáglifos.

Fonte: Tommaselli, 2009.

SUGESTÃO DE VÍDEO
Para entender melhor sobre os anáglifos, acesse este vídeo
https://www.youtube.com/watch?v=brfM-yzmToE&t=1s e aprenda a gerar os
anáglifos a partir do Google Earth.

As vantagens e as desvantagens desta técnica são:


 a necessidade de poucos equipamentos, somente um projetor ou monitor;
 os resultados obtidos podem ser impressos;
 a construção do equipamento utiliza materiais de baixo custo, sendo
também facilmente confeccionados;
 a perda da qualidade da imagem em virtude da coloração.

SUGESTÃO DE LEITURA
Para conhecer a utilização dos anáglifos em estudos ambientais e sua associação
com a fotointerpretação e o geoprocessamento, leia o artigo “Impactos ambientais
de cava de mineração de calcário a partir de anáglifos e geoprocessamento”,
disponível neste link:
http://www.seer.ufal.br/index.php/revistacienciaagricola/article/view/6645/4797
e amplie o seu conhecimento.

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3.1.2.4 Polarização da Luz


A luz é um tipo de energia que se propaga de forma ondulatória, cujas ondas
vibram em todas as direções perpendiculares à direção de deslocamento.
Entretanto, dependendo das condições do meio, as ondas de luz podem ser
obrigadas a vibrar apenas em um plano, sendo denominadas de luz polarizada.
No processo de estereoscopia por polarização da luz, são utilizados filtros
polarizadores, os quais fazem com que as imagens projetadas do par
estereoscópico sejam polarizadas em planos ortogonais. Desta maneira, o
observador utiliza filtros polarizadores ortogonais correspondentes aos planos de
projeção e observam, com cada olho, apenas uma das imagens projetadas. Da
fusão das imagens vistas por cada olho, resultará a visão estereoscópica (Siscoutto
et al. 2004).

SAIBA MAIS
A visão estereoscópica por meio de luz polarizada pode ser feita mediante a
utilização de dois projetores, de forma que cada um produza uma imagem referente
a cada olho. Na frente das lentes dos projetores, são colocados filtros polarizados da
luz projetada. Os filtros são rotacionados para que a polarização da luz dos
projetores tenha orientações defasadas de 90º. O observador, por sua vez, utiliza
óculos também com lentes polarizadas, com orientações coincidentes com os filtros
dos projetores. Em seguida, as projeções dos dois projetores são sobrepostas em
uma tela prateada, que preserva a polarização da luz incidente na reflexão. Assim,
cada olho vai enxergar apenas a imagem projetada por um dos projetores, gerando
o efeito estereoscópico (Siscoutto et al. 2004).

3.1.2.5 Óculos Obturadores Sincronizados


Os óculos obturadores sincronizados são equipamentos que também permitem
a visão estereoscópica, através de óculos especiais feitos com lentes de cristal
líquido. Esses óculos são utilizados pelo observador que, ao visualizar a tela do
computador ou televisor, as lentes podem ficar transparentes ou opacas de maneira
instantânea, de acordo com um controle eletrônico. O controle é sincronizado com
sinal de vídeo, de forma a deixar uma das lentes opaca enquanto a outra fica

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transparente, variando a posição (olho esquerdo ou direito) de acordo com o que


está sendo exibido e o tempo de exposição.
O sinal de vídeo apresenta, na sequência, as imagens esquerda e direita em
sincronismo e em alta velocidade, de aproximadamente 60Hz para cada olho,
resultando na visualização, para cada olho, de uma imagem diferente, cuja fusão
resulta no efeito estereoscópico. Ainda, o processo pode ser feito de outro modo,
com o sinal de vídeo entrelaçado, onde as linhas pares mostram a imagem esquerda
e linhas ímpares mostram a imagem direita, reduzindo o cintilamento da imagem
(Siscoutto et al. 2004).

3.1.2.6 Par Estéreo


O uso do equipamento de par estéreo para a visualização estereoscópica
consiste no posicionamento das imagens de forma a respeitar a distância entre os
olhos humanos, com um deslocamento horizontal. Para a visualização de um par
estéreo, o observador converge os olhos até ver três imagens, de forma que a
imagem central apareça com profundidade.

3.1.2.7 Efeito Pulfrich


Para que a visualização estereoscópica seja realizada por meio do efeito
Pulfrich, usa-se um filtro em um dos olhos como, por exemplo, uma lente de óculos
escuros e uma animação convencional. Como o olho humano percebe a luz de
modo mais lento quando a intensidade é menor, a percepção diferenciada da
mesma animação pelos dois olhos permite enxergar o mesmo objeto em posições
diferentes com cada olho, gerando a sensação de profundidade.

3.1.2.8 Estereogramas de Pontos Aleatórios


Os estereogramas apresentam o mesmo princípio dos pares estereoscópicos,
mas as imagens são construídas sobre uma mesma cena com uma das partes
alteradas, que geralmente é aquela em que se deseja mudar a profundidade
(Siscoutto et al. 2004).

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gravações, ou, por sistemas de armazenagem e recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas.
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3.1.2.9 Estéreo por Disparidade Cromática (ChromaDepthtm)


O estéreo por disparidade cromática consiste na utilização de óculos com
lentes especiais que torna possível codificar diferentes profundidades na imagem
através de suas cores. Essas lentes são capazes de mudar a direção da luz que as
atravessa de acordo com a cor, criando o efeito estéreo. Desta maneira, todos os
objetos que se apresentem em cores quentes, ou seja, próximas ao vermelho,
causam a impressão de estarem mais perto do observador, enquanto os objetos de
cores azuis (cores frias) parecem estar mais distantes. As demais cores reproduzem
a profundidade entre as cores vermelha e azul (Siscoutto et al. 2004).

3.1.2.10 Display Autoestereoscópico


A utilização dos displays autoestereoscópicos permite que as visões esquerda
e direita sejam multiplexadas espacialmente, permitindo ao observador visualizar
uma imagem tridimensional sem a necessidade de óculos especial. Neste caso,
cada imagem do par estéreo é dividida e fica alocada sobre as colunas pares e
ímpares do monitor, sendo direcionadas para o olho do observador por meio de uma
película lenticular colocada na superfície do monitor ou pelo cálculo de distância e
posicionamento dos olhos do observador (Siscoutto et al. 2004).

3.2 Fotointerpretação

A fotointerpretação é a técnica de examinar as imagens dos objetos presentes


na superfície terrestre, em uma fotografia, e identificá-los. A fotointerpretação difere
da fotogrametria na classificação dos dados: enquanto a fotogrametria está
associada com a acurácia posicional e geométrica dos objetos, ou seja, os atributos
quantitativos, a fotointerpretação está relacionada com o significado do objeto e os
seus atributos qualitativos.
Para a realização da fotointerpretação, uma série de elementos devem ser
observados, já que são os atributos evidenciados por eles que permitem a
identificação dos objetos. As interpretações das imagens aéreas são realizadas a
partir de uma análise lógica, que envolvem os seguintes parâmetros: a fotoleitura, a
fotoanálise e a fotointerpretação.

Todos os direitos são reservados ao Grupo Prominas, de acordo com a convenção internacional de direitos autorais. Nenhuma
parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada, seja por meios eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou
gravações, ou, por sistemas de armazenagem e recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas.
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A fotoleitura envolve a identificação dos elementos da imagem com as feições


de superfície, enquanto a fotoanálise relaciona as feições da imagem. Já a
fotointerpretação tem por objetivo descobrir e avaliar o significado dos objetos e de
suas relações. Todos esses parâmetros são dependentes dos elementos de
identificação. Esses elementos são chamados de elementos de reconhecimento,
que atuam como fatores-guia no processo de reconhecimento e identificação dos
objetos na superfície terrestre através de uma fotografia aérea ou imagem de
satélite. Os elementos que devem ser avaliados para a identificação dos objetos nas
fotografias aéreas são a tonalidade e a cor; a forma e o tamanho; o padrão; a
textura; a associação e a sombra.

3.2.1 Tonalidade e cor


A tonalidade refere-se à intensidade de energia eletromagnética refletida por
um objeto na superfície terrestre, em uma determinada banda do espectro
eletromagnético, e que está relacionada, portanto, ao comportamento espectral das
diferentes coberturas da superfície terrestre. Neste sentido, cada objeto ou conjunto
de objetos, de acordo com suas características físicas, químicas e biológicas, vai
evidenciar um comportamento de tonalidade.
A cor é uma característica associada ao tipo de filme (preto e branco, colorido
normal, infravermelho preto e branco e infravermelho colorido) nas fotografias
aéreas. Na imagem de satélite, devido à reflexão seletiva dos objetos presentes na
superfície terrestre, e que resultam em distintas bandas do espectro
eletromagnético, os tons de cinza devem ser analisados individualmente, por banda,
e as cores através das composições coloridas.

3.2.2 Forma
A forma refere-se à geometria dos objetos e ao seu tamanho, que são
diretamente proporcionais à escala. A forma é um elemento importante para o
processo de fotointerpretação, pois facilita o reconhecimento de alguns objetos na
superfície terrestre, como sistemas viários e ferroviários, áreas agrícolas (Figura 7) e
de reflorestamento, reservatórios, áreas residenciais, comerciais e industriais,
estruturas geológicas e geomorfológicas, entre outros.

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gravações, ou, por sistemas de armazenagem e recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas.
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Figura 7: A forma como as culturas agrícolas são dispostas permite a sua identificação.

Fonte: UNSPLASH, 2020.

Além da forma, o tamanho dos objetos também pode contribuir para a sua
identificação, pois muitos objetos com tamanhos diferentes podem apresentar
formas semelhantes.

3.2.3 Padrão
O padrão consiste na união e na extensão das formas que podem se repetir
regularmente com variações tonais na imagem, sendo representadas por padrões
naturais e por padrões artificiais ou humanos.
O padrão natural refere-se às feições construídas pela natureza, como, por
exemplo, o padrão de drenagem (Figura 8), que pode informar sobre a estrutura
geológica e, consequentemente, o tipo de solo. Há também as formas de relevo, que
obedecem aos padrões impostos pela geologia e pela cobertura pedológica; e os
padrões vegetacionais, que permitem diferenciar núcleos naturais de núcleos
preparados pelo homem, como o reflorestamento e as culturas agrícolas.

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gravações, ou, por sistemas de armazenagem e recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas.
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Figura 8: O padrão de drenagem pode trazer informações sobre características dos solos e das
rochas da região.

Fonte: UNSPLASH, 2020.

SUGESTÃO DE LEITURA
Para conhecer uma das diversas aplicações e usos do padrão para a
fotointerpretação dos objetos da superfície terrestre, leia o artigo “Análise
fisiográfica, a partir de técnicas de fotointerpretação, aplicada ao mapeamento
geológico-geotécnico de obras rodoviárias” disponível neste link:
http://www.seer.ufu.br/index.php/revistabrasileiracartografia/article/view/44302/23386
e amplie o seu conhecimento.

Os padrões artificiais são aqueles que foram criados pelo homem, como, por
exemplo, as obras com diferentes finalidades como as residenciais, comerciais,
industriais e os sistemas de transporte; as áreas agrícolas e os diversos tipos de
cultura, que se diferenciam pelo padrão que exibem (Figura 9).

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Figura 9: Os diferentes padrões vegetacionais permitem diferenciar vegetação natural e


culturas agrícolas.

Fonte: UNSPLASH, 2020.

3.2.4 Textura
A textura pode ser definida como um arranjo dos tons em uma área da
imagem, resultando em um aspecto que vai de suave até rugoso de um objeto na
fotografia ou imagem. Desta forma, o elemento textural consiste na menor feição
contínua e homogênea distinguível em uma fotografia aérea, porém, passível de
repetição (Figura 10) e geralmente representa um conjunto de objetos similares. A
textura varia com a escala da fotografia.

SUGESTÃO DE LEITURA
Para você conhecer a aplicação da textura e do padrão na fotointerpretação, leia o
artigo “Fotointerpretação aplicada à análise das alterações do uso e cobertura da
terra e a situação das áreas de preservação permanente”, disponível neste link:
http://ocs.ige.unicamp.br/ojs/sbgfa/article/view/1797 e amplie os seus
conhecimentos.

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3.2.5 Associação (ou convergência de evidências)


A associação são as relações feitas a partir da observação dos objetos
presentes em uma imagem aérea, cujos elementos ou objetos estão comumente
associados e tendem a ocorrer em função do outro. Um exemplo de associação são
os deltas e mangues, que surgem na paisagem devido à influência flúvio-marinha.

Figura 10: Os diferentes padrões e texturas permitem a identificação dos diversos objetos que
compõem a imagem aérea.

Fonte: UNSPLASH, 2020.

3.2.6 Sombra
A sombra, ao mesmo que tempo que atua na intepretação das imagens de
satélite, no caso das fotografias, pode ser um fator restritivo, pois esconde a
informação no momento do imageamento. De modo geral, as formas de relevo
sempre provocam o sombreamento do lado oposto a incidência do sol, tornando
uma parte da imagem escura, dificultando a identificação dos objetos da superfície
terrestre.

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3.3 Aplicações

Todas as operações envolvidas na fotogrametria, desde a aquisição das


imagens, seguida das operações de conversão, correções, e de interpretação,
objetivam, na maioria das vezes, a elaboração de mapas.
Os mapas podem apresentar diversas finalidades, como, por exemplo, a
localização de áreas de interesse, de divisas e confrontantes; para a regularização e
parcelamento de áreas para o cadastro urbano e rural, além do Cadastro Ambiental
Rural; e ainda estudos relacionados à Geologia, à Geomorfologia, ao apoio na
agricultura de precisão, entre outros. Desta forma, podemos enumerar as etapas
necessárias para a elaboração de um mapa ou produto cartográfico a partir da
fotogrametria, que são:
 A eliminação dos deslocamentos da imagem devido às características do
terreno, como o relevo;
 As correções dos deslocamentos das imagens devido à inclinação lateral
e longitudinal;
 A determinação da orientação real das fotografias, bem como a ligação da
área do mapa que será confeccionado a um sistema de coordenadas.
 A compensação da escala geral de cada fotografia em relação à escala
do mapa, de forma que a escala do produto cartográfico não seja muito
diferente da escala aproximada das fotografias aéreas.

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REFERÊNCIAS

ANDRADE, Dinarte Francisco Pereira Nunes de. Fotogrametria Básica. Instituto


Militar de Engenharia. Rio de Janeiro, Brasil: 1997.

SISCOUTTO, R. A. SZENBERG, F. TORI, R. RAPOSO, A. B. CELES, W.


GATTASS. Estereoscopia. In: KIRNER, C. TORI, R. Realidade Virtual: Conceitos e
Tendências. São Paulo: Mania de Livro, 2004.

TOMMASELLI, A. M. G. Fotogrametria Básica – Introdução (2009). Disponível em


http://www.faed.udesc.br/arquivos/id_submenu/891/introducao_a_fotogrametria.pdf
Acesso em 17 jun 2020.

Figura 7: usuário: willianjusten, Spiez, Suíça, 2020. Licenciado sob CC-BY-SA-3.0,


via Unsplash. Disponível em: <https://unsplash.com/photos/2BwvnmnTMws>.
Acesso em 12 jun. 2020.

Figura 8: usuário: leowieling, Unnamed Road, 9688 Drieborg, Netherlands, Drieborg,


2018. Licenciado sob CC-BY-SA-3.0, via Unsplash. Disponível em:
<https://unsplash.com/photos/wevpkroOX0E>. Acesso em 12 jun. 2020.

Figura 9: usuário: phienix_han, Lancang, Pu'er, Yunnan, China, 2019. Licenciado


sob CC-BY-SA-3.0, via Unsplash. Disponível em:
<https://unsplash.com/photos/Nqdh0G8rdCc>. Acesso em 12 jun. 2020.

Figura 10: usuário: ninjason, [sem título], 2019. Licenciado sob CC-BY-SA-3.0, via
Unsplash. Disponível em: <https://unsplash.com/photos/UmkZ8o_LQ4I>. Acesso em
12 jun. 2020.

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