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A avaliação é clínica, pela classe médica é a partir da anamnese, o exame físico e com
solicitação de exames laboratoriais de sangue ou de neuroimagem, mas, estes exames atuam
mais como excludentes de lesões, não como a confirmação de alguma alteração cerebral que
defina o TEA, são para diagnóstico diferencias de sinais de cromossopatias ou anomalias
genéticas possíveis. As pesquisas genéticas estão em processo evolutivo para maior
compreensão do TEA que identificaram marcadores genéticos para a patologia.
A avaliação é realizada inicialmente com uma anamnese1 com os pais, no caso se for
uma criança, colhendo dados referentes ao seu desenvolvimento e relacionando-os com a
queixa que os motivaram a procurar o atendimento médico.
Após a conversa inicial, inicia-se o processo de avaliação, que ocorre na presença dos
pais, se a avaliação for realizada pelo médico neurologista ou psiquiatra. E quando a avaliação
é realizada pelos terapeutas pode ser ou não na presença dos pais, pois é avaliado as relações e
interações comportamentais sem o auxílio dos mesmos. Além das (in) capacidades dos mesmos,
seguindo os critérios dos protocolos, em que, segundo Orrú (2016), os critérios estão presentes
nos manuais de diagnóstico da área médica que tem a finalidade de nomear, identificar a falta
de capacidade das coisas ou dos fatos difíceis de explicar, qualidades do que é normal. Este
termo representa a capacidade de distinguir o que é verdadeiro do falso, o bom do mau, é
autoridade. Qualifica os indivíduos por categorias.
Os terapeutas têm por regra a realização de visitas extra clínicas, nos espaços de
interação e convívio se o paciente for criança, como no espaço escolar e espaço de lazer. Faz-se
necessária a observação dos comportamentos extra sala clínica, pois segundo o DSM-V (2013) a
criança deve apresentar as alterações apontadas em todas as instâncias que possam se
relacionar, como segue o modelo:
1
Anamnese: (do grego ana, trazer de novo e mnesis, memória) é uma entrevista realizada pelo profissional de
saúde um questionário para saber o histórico de todos os sintomas narrados pelo paciente ou seus tutores, no caso
de crianças, sobre determinado caso clínico, dados não somente refentes à queixa, mas ao processos que estariam
relacionados à esta.
ideologia o fato de que há um já-dito que sustenta a possibilidade de todo dizer”, como
observaremos nas falas:
Depois do laudo: então aquele passado antes pra mim não importa, o
que importa o hoje, o dia de hoje, ensinar ele e ver que ele tem
melhora, ver que ele tem (pausa) e ver que ele tem ensinamento no
dia a dia, tem interação, consegue se comunicar com as crianças,
consegue brincar com as crianças do jeito dele, do jeito dele, então
tem algumas brincadeiras que ele, como qualquer outro menino
também que consiga se desenvolver normal, ele também faz
normalmente mas algumas coisas ele.
A materialização do laudo diagnóstico teve seu real papel representado, em que sua
maior função é identificar, classificar e nomear a patologia específica. Como refere Foucault
(1999, p. 156) a escrita serve para esta classificação. Mas para o pai em questão, o laudo não
apareceu como um vilão para estigmatizar seu filho, mas sim despontou o deslocamento,
impelindo a uma fronteira, à um novo mundo, se posicionando como novos sentidos que a nova
linguagem lhe deu de aceitar e posicionar como pai, cuidador e orientador de seu descendente.
Para o sujeito mãe, o deslocamento fronteiriço agiu de forma à aceitar que seu
filho não faz parte de uma sociedade homogeneizada, onde todos ao receberem uma medicação
se apresentaram da mesma forma comportamental e formular os sentidos que o laudo não
definiu os limites reducionistas de aprendizagens, mas sim, o colocou participativo e integrado
ao convívio não somente escolar, mas na sociedade como um todo.
Para os discursos escolares, o laudo diagnóstico, nesse caso, não trouxe o estigma de
tornar o aprendiz em aluno autista. Como a coordenadora afirmou, há a possibilidade do laudo
tornar-se um meio de rotular a criança, pois, para ela, o maior empecilho da inclusão se
estabelecer são as barreiras humanas que consistem em coisificar as pessoas diferentes.
Embora como Pêcheux nos afirma, é necessário o deslocamento para outro mundo para
que se estabeleça uma nova linguagem compreensível à todos, e na inclusão faz-se necessário
por hora muitas quebras de barreiras invisíveis.