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Atualização em Reanimação Cardiopulmonar​ (RCP)

(Suporte Avançado de Vida)

Enf. Leandro Bulhões de Lemos Moraes


Enfermeiro Residente em Hematologia (R1) - HEMOPE
Especialista em Cardiologia pela UPE
Especialista em Saúde Pública - UNCISAL

Recife - 2019
Objetivos
✓Reconhecer uma parada cardiorrespiratória.

✓Executar os passos para uma ressuscitação


cardiopulmonar efetiva de acordo com
diretrizes atuais.
CONCEITO DE PCR
✓ É a interrupção súbita da atividade mecânica
ventricular útil suficiente e da respiração (Timerman,
2000);

✓ Colapso súbito, a perda de consciência e de circulação


efetiva que precede a morte biológica (Woods SL,
Froelicher ESS, Motzer SU, 2005).
EPIDEMIOLOGIA
Brasil: 209.000 PCR por ano em ambiente intra-hospitalar.

O correto atendimento da PCR, deve ser de conhecimento


e prática de toda equipe de saúde.

Necessidade de atitudes rápidas:

✓ Domínio das técnicas.


✓ Constante atualização nas diretrizes de RCP.

Zandomenighi, 2018.
CAUSAS DE PCR
“6Hs”
• Hipovolemia;
• Hipóxia;
• Hipercalemia/Hipocalemia (K+);
• Hipotermia;
• H+ (acidose);
• Hipoglicemia.

FONTE: GUIDELINE 2015. AMERICAN HEART ASSOCIATON.


CAUSAS DE PCR
“6Ts”
1. Tamponamento cardíaco;
2. Tensão do tórax (pneumotórax hipertensivo);
3. Trombose coronária - IAM;
4. Tromboembolismo pulmonar;
5. Agentes tóxicos (quimioterápicos, antidepressivos
tricíclicos, betabloqueadores, digitálicos,
bloqueadores dos canais de cálcio);
6. Trauma.

FONTE: GUIDELINE 2015. AMERICAN HEART ASSOCIATON.


Principais agentes quimioterápicos e sua
incidência de cardiotoxicidade
Incidência (%) de disfunção Frequência
Agente Quimioterápico
ventricular ou Insuficiência Cardíaca de uso
Antraciclinas:
5% a 35% dos casos
Doxorrubicina, ++++
(dose acima de 400 mg/m2)
Epirrubicina, Idarrubicina
Agentes Alquilantes: ++++
5% a 25% dos casos
Ciclofosfamida e Ifosfamida
Agentes Antimicrotúbulos:
2% a 10% dos casos +++
Docetaxel e Paclitaxel
Anticorpos monoclonais e inibidores da tirosina-quinase:

Trastuzumabe 2% a 28% dos casos ++

Bevacizumabe 2% a 10% dos casos ++

Sunitinibe 3% a 10% dos casos ++

I Diretriz Brasileira de Cardio-Oncologia da Sociedade Brasileira de Cardiologia, 2011.


Principais agentes quimioterápicos e sua
incidência de cardiotoxicidade

Quimioterápicos mais associados à isquemia miocárdica

Antimetabólitos (capecitabina e fluorouracil)

Antimicrotúbulos (paclitaxel e docetaxel)

Anticorpos monoclonais (bevacizumabe)

Inibidores de tirosina-quinase (sorafenibe, sunitinibe)

Alcalóides da vinca (vincristina, vinorelbina)

I Diretriz Brasileira de Cardio-Oncologia da Sociedade Brasileira de Cardiologia, 2011.


QUADRO CLÍNICO DA PCR
1. Inconsciência/não responsividade;

2. Ausência de respiração ou gasping;

3. Ausência de pulso central (carotídeo ou


femoral);

✓ Convulsões breves e generalizadas podem ser a


primeira manifestação da PCR.

FONTE: GUIDELINE 2015. AMERICAN HEART ASSOCIATON.


REANIMAÇÃO CARDIOPULMONAR (RCP)

✓ Conjunto de procedimentos visando


manter artificialmente a circulação de sangue arterial
ao cérebro e outros órgãos vitais até a ocorrência
do retorno da circulação espontânea.

✓ Tempo é músculo.

FONTE: GUIDELINE 2015. AMERICAN HEART ASSOCIATON.


REANIMAÇÃO CARDIOPULMONAR (RCP)
✓A cada minuto transcorrido do início do
evento arrítmico súbito, sem desfibrilação, as
chances de sobrevivência diminuem em 7% a 10%;

✓Com a RCP, essa redução é mais gradual, entre 3% a


4% por minuto de PCR;

✓Minutos iniciais são críticos.

✓Desfibrilação precoce.

FONTE: GUIDELINE 2015. AMERICAN HEART ASSOCIATON.


ETAPAS DA RCP
Checar responsividade e respiração da vítima
Chamar por ajuda
Checar o pulso da vítima
Compressões

Abertura das vias aéreas,

Boa ventilação

Desfibrilação.
Diagnóstico diferencial: pesquisar, detectar e tratar
causas reversíveis da PCR e fatores contribuintes.
FONTE: GUIDELINE 2015. AMERICAN HEART ASSOCIATON.
RECONHECIMENTO DA PCR
1) Verificar responsividade:
Tocar os ombros e chamar o paciente em voz alta.
Inconsciência - não responsivo.

2) Verificar respiração:
Expansão torácica - enquanto avalia responsividade.

FONTE: GUIDELINE 2015. AMERICAN HEART ASSOCIATON.


RECONHECIMENTO DA PCR
3) Verificar pulso:
Sem pulso central, palpado em 10 segundos.
(apenas profissionais de saúde)

4) Solicitar ajuda + carro de parada:


Desfibrilador, drogas e material para via aérea avançada.

5) Iniciar manobras de RCP.

FONTE: GUIDELINE 2015. AMERICAN HEART ASSOCIATON.


RESSUSCITAÇÃO CARDIOPULMONAR (RCP)
Iniciar a sequência C-A-B
✓ Posicionar paciente em decúbito dorsal em superfície
plana e rígida;
✓ Iniciar compressões torácicas antes das ventilações;
✓ Motivo: fornecer fluxo sanguíneo.

1) Frequência de compressão torácica:


✓ De 100-120/min.
✓ Motivo: se a frequência de compressões aumenta e
ultrapassa 120/min, a profundidade das compressões
diminui.
FONTE: HAZINSKI MF et al, 2015. GUIDELINE 2015. AMERICAN HEART ASSOCIATON.
POSICIONAMENTO DAS
MÃOS
POSICIONAMENTO DAS MÃOS
FONTE: GUIDELINE 2015. AMERICAN HEART ASSOCIATON.
2) Profundidade da compressão:
✓ Adultos: No mínimo, 2 polegadas (5cm) e não superior
a 2,4 polegadas (6cm).
✓ Motivo: Fluxo cardíaco – Oxigênio para o Coração e
Cérebro.

3) Retorno da parece torácica:


✓ Permitir retorno total entre as compressões;
✓ Evitar apoiar-se no tórax entre as compressões;
✓ Motivo: Retorno incompleto - aumenta a pressão intra-
torácica, reduz o retorno venoso, a perfusão
coronariana e o fluxo sanguíneo do miocárdio.
FONTE: GUIDELINE 2015. AMERICAN HEART ASSOCIATON.
RESSUSCITAÇÃO CARDIOPULMONAR (RCP)
4) Interrupções nas compressões
• Revezar a cada 2 min.
• Minimizar interrupções nas compressões torácicas;
• Limitar a menos de 10 segundos;
• Motivo: As interrupções reduzem a sobrevivência da
vítima de PCR.

FONTE: GUIDELINE 2015. AMERICAN HEART ASSOCIATON.


TÉCNICA PARA
ABERTURA DE
VIAS AÉREAS E
VENTILAÇÃO
SILMULTÂNEAS
5) Abertura de Vias Aéreas
✓ Inclinação da cabeça-elevação do queixo;
✓ Na suspeita de trauma: anteriorização da mandíbula.
Manobra de Inclinação da Manobra de Elevação
Cabeça e Elevação do Modificada da Mandíbula
Mento (Chin Lift). (Jaw Thurst).

FONTE: GUIDELINE 2015. AMERICAN HEART ASSOCIATON.


Ventilação Adequada
Posicionamento do reanimador manual (ambu):
• Mão em "C"
• Cada ventilação 1 seg
• Elevação do tórax - escapamento de ar

FONTE:Recomendações 2017. AMERICAN HEART ASSOCIATON.


Ventilação Adequada
Relação compressão – ventilação: 30:2 (aceitável)

• Até a colocação da via aérea avançada:


1 ventilação a cada 6 segundos assíncrona durante
compressões contínuas.
(Por equipe de serviço médico de emergência)2017

• 10 ventilações por min.

• Interromper compressões não é indicado após VAA.2015

FONTE:Recomendações 2017. AMERICAN HEART ASSOCIATON.


Via Aérea Avançada
✓ Via aérea supraglótica avançada: máscara laríngea e
tubo laríngeo.

FONTE:Recomendações 2017. AMERICAN HEART ASSOCIATON.


Via Aérea Avançada
✓ Tubo endotraqueal (via aérea definitiva)

FONTE:Recomendações 2017. AMERICAN HEART ASSOCIATON.


Via Aérea Avançada
✓ Confirmar o posicionamento do tubo:
Exame físico - expansibilidade torácica e
ausculta pulmonar, capnógrafo, RX tórax.

✓ Fixar o tubo.

FONTE:Recomendações 2017. AMERICAN HEART ASSOCIATON.


Como realizar as ventilações?
Frequência das ventilações

Ventilação
Dispositivo de Via Ventilação
durante Parada
Aérea durante PCR
Respiratória
2 ventilações após
Com bolsa –
30 compressões
válvula - máscara 1 ventilação a cada
(30 x 2)
6 segundos
1 ventilação a cada (10/min)
Com via aérea
6 segundos
avançada
(10/min)

FONTE:Recomendações 2017. AMERICAN HEART ASSOCIATON.


Ventilação e oxigenação adequadas?
A capnografia e a saturação de oxihemoglobina estão
sendo monitoradas?

FONTE:Recomendações 2017. AMERICAN HEART ASSOCIATON.


Avalie a qualidade da RCP

Concentração de CO2 ao final da expiração:

✓ ETCO2 < 10mmHg = deve-se melhorar as


compressões.

✓ ETCO2 < 10 mmHg após 20 min de RCP com paciente


intubado = baixa probabilidade de ressuscitação.

FONTE:Recomendações 2017. AMERICAN HEART ASSOCIATON.


Desfibrilação
✓ Colocar e utilizar o Desfibrilador Manual ou Desfibrilador
Externo Automático (DEA) assim que disponível.

FONTE: GUIDELINE 2015. AMERICAN HEART ASSOCIATON.


Desfibrilação
✓ Eletrodo do lado direito: abaixo da clavícula, na linha
hemiclavicular.

✓ Eletrodo do lado esquerdo: rebordo costal, na linha hemiaxilar


(abaixo do mamilo esquerdo)

FONTE: GUIDELINE 2015. AMERICAN HEART ASSOCIATON.


Desfibrilação
✓ Reorganizar fluxo de condução elétrica normal do coração.

✓ Verificar ritmo chocável/não chocável.

✓ Desfibrilar: choque único na potência máxima do aparelho


(360 J monofásico e 200 J bifásico).

✓ Reiniciar RCP (compressões) imediatamente após cada


choque.

✓ Ciclo 2 min. - reavaliar ritmo – ritmo organizado –


checar pulso.
FONTE: GUIDELINE 2015. AMERICAN HEART ASSOCIATON.
MODALIDADES DE PARADA CARDÍACA

FONTE: GUIDELINE 2015. AMERICAN HEART ASSOCIATON.


MODALIDADES DE PCR

PCR Adulto em ambiente intrahospitalar

39% Assistolia
Atividade elétrica sem
37%
pulso (AESP)

Fibrilação Ventricular
24% (FV) e Taquicardia Ventri
cular sem pulso (TVSP)

FONTE: GUIDELINE 2015. AMERICAN HEART ASSOCIATON.


MODALIDADES DE PCR
Fibrilação Ventricular (FV)
Ausência do complexo QRS normal, substituído por ondas
irregulares em ziguezague.

FONTE: GUIDELINE 2015. AMERICAN HEART ASSOCIATON.


MODALIDADES DE PCR
Taquicardia Ventricular sem Pulso (TVSP):
Repetição de complexos QRS alargados não
precedidos de ondas P.

FONTE: GUIDELINE 2015. AMERICAN HEART ASSOCIATON.


MODALIDADES DE PCR

Atividade elétrica sem pulso (AESP)


Complexos QRS largos e bizarros, sem contração
mecânica ventricular correspondente.

FONTE: GUIDELINE 2015. AMERICAN HEART ASSOCIATON.


MODALIDADES DE PCR

Assistolia:
Linha isoelétrica.

FONTE: GUIDELINE 2015. AMERICAN HEART ASSOCIATON.


IMPORTANTE!

Ao identificar uma linha reta no monitor deve-se realizar o


“protocolo da linha reta” para evitar confusões.

✓Deve-se checar os cabos do monitor.


✓Aumentar o ganho (amplitude da onda
eletrocardiográfica).
✓Observar o ritmo em outra derivação.

FONTE: GUIDELINE 2015. AMERICAN HEART ASSOCIATON.


Desfibrilação x Cardioversão
Desfibrilação
✓ Paciente sem pulso
✓ Choque não sincronizado, de alta energia.

Cardioversão
✓ Paciente com pulso
✓ Paciente em arritmia instável: TSV, FA, Flutter
atrial, taquicardia monomórfica
✓ Choque sincronizado (modo sincronizado)

FONTE: GUIDELINE 2015. AMERICAN HEART ASSOCIATON.


Obtenha acesso – IV/IO/Endotraqueal

FONTE: GUIDELINE 2015. AMERICAN HEART ASSOCIATON.


Via endovenosa - Cuidados
✓ Preferencialmente: acesso venoso em MMSS;
✓ Administrar o medicamento em bolus;
✓ Em seguida, administre um bolus de 20 ml de
solução salina 0,9%;
✓ Eleve a extremidade acima do nível do coração por
10 a 20 segundos.

FONTE: GUIDELINE 2015. AMERICAN HEART ASSOCIATON.


Intraósseo

FONTE: GUIDELINE 2015. AMERICAN HEART ASSOCIATON.


Endotraqueal
✓ Vias IV e IO são preferíveis à
via endotraqueal;

✓ Drogas utilizadas na PCR que


podem ser administradas por
esta via: epinefrina, lidocaína;

✓ Dose: 2 a 2,5 vezes a dose IV;

✓ Dilua a dose em 5 a 10 ml de
água estéril ou solução salina.

FONTE: GUIDELINE 2015. AMERICAN HEART ASSOCIATON.


Medicamentos: Epinefrina
✓ Vasopressor (otimiza o DC e a PA)
✓ Primeira droga a ser utilizada em qualquer ritmo
✓ Epinefrina - 1mg IV ou IO + bolus SF 0,9%
✓ Elevar membro
✓ Repetir a cada 3 a 5 minutos

FONTE: DIRETRIZES 2018. AMERICAN HEART ASSOCIATON.


Medicamentos: Antiarrítmicos
✓ Usados para FV ou TV sem pulso refratárias a desfribrilação
✓ Amiodarona – primeira dose - bolus de 300mg IV/IO,
segunda dose - 150mg IV/IO
ou
✓ Lidocaína – 1 a 1,5mg/kg IV/IO
Após 5 a 10 minutos: 0,5 a 0,75mg/kg IV/IO
(dose máxima 3mg/kg). Principal indicação: via endotraqueal

FONTE: DIRETRIZES 2018. AMERICAN HEART ASSOCIATON.


Medicamentos: Antiarrítmicos

✓ Magnésio: não é recomendado como rotina 2018


✓ Pode ser considerado para TV polimórfica (torsades
de pointes) 2018

FONTE: DIRETRIZES 2018. AMERICAN HEART ASSOCIATON.


FONTE: DIRETRIZES 2018. AMERICAN HEART ASSOCIATON.
Referências
1. Análise epidemiológica dos atendimentos de
parada cardiorrespiratória. Zandomenighi RC, Martins EAP. Rev enferm UFPE on
line., Recife, 12(7):1912-22, jul., 2018.
2. I Diretriz de Ressuscitação Cardiopulmonar e Cuidados Cardiovasculares de
Emergência da Sociedade Brasileira de Cardiologia: Resumo Executivo. Gonzalez
e cols. Arq Bras Cardiol. 2015;100(2):105-113.
3. I Diretriz Brasileira de Cardio-Oncologia da Sociedade Brasileira de
Cardiologia. Arq Bras Cardiol 2011; 96(2 supl.1): 1-52.
4. American Heart Association. Destaques da American Heart Association –
atualização das diretrizes de RCP e ACE. 2015
5. Link MS, BerkowLC, KudenchukPJ, et al. Part7: Adult Advanced Cardiovascular Life
Support - 2015 American Heart Association Guidelines Update for
Cardiopulmonary Resuscitationand Emergency Cardiovascular Care. Circulation.
2017 ;132(18 suppl2):S444-6.
6. American Heart Association. Destaques da American Heart Association –
atualização das diretrizes de RCP e ACE. 2018
OBRIGADO!

leoblm@outlook.com

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