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Artigo Comentado
O Artigo Comentado é um material elaborado pelo COGNITIVO
e enviado periodicamente aos alunos dos Cursos de Especialização. Um
artigo de relevância é escolhido e comentado por um Professor, sendo
os materiais em inglês ou espanhol apresentados em tradução livre na
forma de resenha, com os comentários em destaque, bem como trechos
ou figuras consideradas importantes.
Autor da Tradução Livre e Comentários: Neri Maurício Piccoloto
Autores do Artigo Original: Back, B.; Lee, C., Mortensen, E.L. & Simonsen, E.
HOW DO DSM‐5 PERSONALITY TRAITS
O Artigo
ALIGN WITH SCHEMA THERAPY CONSTRUCTS ? (COMO OS
TRAÇOS DE PERSONALIDADE DO DSM‐5 ALINHAM‐SE COM OS
CONTRUTOS DA TERAPIA DO ESQUEMA ?, em tradução livre), dos
autores Bach, Lee, Mortensen e Simonsen/Universidade de
Copenhague, publicado em 2015 no Journal of Personality Disorders
trata de como os 25 traços de personalidade descritos no DSM‐5 se
alinham com construtos da Terapia do Esquema de Jeffrey Young.
A Seção III do DSM‐5 oferece um modelo dimensional dos
Transtornos da Personalidade como uma alternativa às 10 categorias
diagnósticas clássicas do DSM‐IV‐TR, preservadas na Seção II do novo
manual, enquanto a Sessão III apresenta o modelo de pesquisa proposto
pelo Grupo de Trabalho da Personalidade e Transtornos da
Personalidade do DSM‐5.
A Seção III foi desenvolvida para resolver alguns dos problemas
empíricos do DSM‐IV e, além de mensurar o funcionamento geral da
Personalidade, esse novo modelo dimensional descreve 25 facetas de
traços patológicos organizados em 5 Domínios (Afetividade Negativa,
Distanciamento, Antagonismo, Desinibição e Psicoticismo). Os 4
primeiros Domínios são semelhantes ao modelo proposto para a
próxima edição da CID (CID‐11), sendo o quinto domínio da CID o
Anancástico/Obsessivo, divergindo do Psicoticismo descrito no DSM.
O sistema de Traços de Personalidade do DSM‐5 foi desenvolvido
a partir de modelos e instrumentos existentes, juntamente com
discussões em grupos de trabalho e revisões de literatura, resultando
Tendência à depressão
Ver Distanciamento.
Desconfiança
Ver Distanciamento.
Afetividade restrita (ausência de)
A ausência dessa faceta caracteriza baixos níveis de Afetividade Negativa.
Ver Distanciamento para definição dessa faceta.
DOMINIO DISTANCIAMENTO (vs. Extroversão)
Evitação da experiência socioemocional, incluindo retraimento das interações
interpessoais (variando de interações casuais cotidianas até
amizades e relacionamentos íntimos) e experiência e expressão afetiva
restritas, capacidade de obtenção de prazer particularmente limitada.
Retraimento
Preferência por estar sozinho a estar com outras pessoas; reticência nas
situações sociais; evitação de contatos e atividades sociais; ausência de
iniciativa no contato social.
Evitação da intimidade
Evitação de relacionamentos íntimos ou amorosos, vínculos interpessoais
e relacionamentos sexuais íntimos.
Anedonia
Falta de prazer, envolvimento ou energia para as experiências de vida; déficits
na capacidade de sentir prazer e ter interesse nas coisas.
Tendência à depressão
Sentimentos de estar desanimado, infeliz e/ou sem esperança; dificuldade
de se recuperar desses humores; pessimismo quanto ao futuro; vergonha
e/ou culpa difusas; sentimentos de desvalia; pensamentos de suicídio
e comportamento suicida.
Afetividade restrita
Pouca reação a situações emocionalmente estimulantes; experiência e
expressão emocionais restritas; indiferença e distanciamento em
situações normalmente atraentes.
Desconfiança
Expectativas de – e sensibilidade a – sinais de más intenções ou dano
interpessoal; dúvidas quanto à lealdade e à fidelidade dos outros;
sentimentos de ser maltratado, usado e/ou perseguido pelos outros.
DOMÍNIO ANTAGONISMO (vs. Afabilidade)
Comportamentos que colocam o indivíduo em divergência com outras
pessoas, incluindo um sentimento exagerado da própria importância e
concomitante expectativa de tratamento especial, bem como antipatia
insensível em relação aos outros, incluindo falta de consciência das
DISTANCIAMENTO
O Antagonismo caracteriza indivíduos que se sentem superiores
e autossuficientes, sem considerar as necessidades dos outros,
envolvendo manipulação, hostilidade, comportamento enganoso e
busca de atenção. No presente estudo também foi encontrado um
perfeccionismo rígido relacionado a esse domínio, que poderia ser
vinculado a um subtipo burocrático‐narcisista de TP obsessivo‐
compulsivo. Em outras palavras, isso frequentemente leva à dominância
social, perfeccionismo e vaidade para manter um autoconceito de
perfeito e superior. Como demonstrado na Figura 3, os indivíduos com
essas características estão comumente em um estado de atuação cruel e
egoísta (Modo Hipercompensador – Autoengrandecimento) ligado a
uma sensação de ter direitos especiais (Grandiosidade). Isso é ainda
mais acentuado pela referência excessiva a outros pela atenção positiva
(Busca de Aprovação/Reconhecimento). Além disso, indivíduos
O Psicoticismo caracteriza indivíduos com comportamentos
excêntricos e às vezes bizarros agravados por cognições e percepções
disfuncionais, juntamente com crenças e experiências incomuns. No
presente estudo também se verificou que a distratibilidade está
envolvida nesse domínio, possivelmente relacionada ao papel da
distração na disfunção cognitiva e perceptiva. Tendo em vista a terapia
do esquema ter sido projetada para os Transtornos da Personalidade
dos Grupos B e C do Eixo II do DSM‐IV, sem considerar explicitamente o
Transtorno da Personalidade Esquizotípico, não se espera que qualquer
construto da terapia do esquema seja particularmente associado a esse
domínio. No entanto, como mostrado na Figura 5, este domínio
certamente é influenciado por desconexão emocional associada à
despersonalização e ao vazio (Modo Protetor Desligado). Essa
descoberta pode aumentar a utilidade do Psicoticismo ao descrever as
experiências de dissociação, por exemplo, do Transtorno da
Personalidade Borderline. Além disso, indivíduos caracterizados por
psicoticismo são suscetíveis a se sentirem superiores (Grandiosidade)
e é improvável que se sintam inferiores (Defectividade), o que pode
O viés de amostragem pode ser um problema porque a Comentado [MP13]: Como em qualquer estudo,
algumas limitações metodológicas devem ser
configuração clínica envolveu uma alta prevalência de Transtorno da consideradas, como a alta prevalência do sexo feminino
na amostra e a alta prevalência de Transtorno da
Personalidade Borderline. No entanto, a variação nos escores da escala Personalidade Borderline no grupo clínico. Além disso, os
e as características demográficas variaram em geral, levando a uma três instrumentos aplicados são preenchidos pelos
próprios sujeitos do estudo. Pesquisas futuras poderão
amostra mista heterogênea. A maioria dos participantes era do sexo reunir outras formas de avaliação, como entrevistas com
os sujeitos e familiares.
feminino e estudantes que, não obstante, são bastante representativas
de uma população clínica com transtornos não‐psicóticos na Dinamarca.
Em segundo lugar, foram utilizadas exclusivamente formas de auto‐
relato em todas as medidas aplicadas. Assim, os autores recomendam
que se investiguem propriedades similares por meio de informantes ou
relatos clínicos de traços de personalidade do DSM‐5.
Os traços do DSM‐5 compreendem somente uma parte do modelo
alternativo do DSM para Transtornos da Personalidade. Assim, como
uma extensão do presente estudo, seria de interesse para os clínicos
examinar o valor do critério A (nível de funcionamento da
personalidade) para descrever os esquemas e modos de esquema
subjacentes. Consequentemente, a gravidade de certos esquemas e
modos pode ser melhor representada pelo nível de funcionamento da
personalidade. Comentado [MP14]: Os esquemas podem variar de
intensidade, segundo Jeffrey Young, ao longo de uma linha
de continuidade. Da mesma forma, os traços de
Vários estudos mostram que o tratamento da Terapia do Esquema personalidade do DSM‐5 são apresentados em um modelo
corresponde a mudanças em esquemas e modos. Consequentemente, dimensional, que considera fundamentalmente a
intensidade da sua expressão. O critério A desse modelo
pesquisas prospectivas destinadas a avaliar o grau em que as avalia o nível de funcionamento da personalidade e os
autores sugerem que isso pode estar relacionado à
características do DSM‐5 coincidem com mudanças nos construtos de gravidade dos esquemas subjacentes aos sintomas.
terapia do esquema seriam úteis para a exploração da viabilidade clínica
em termos de avaliação do tratamento.
Finalmente, tendo o presente estudo se concentrado apenas em
construtos de terapia de esquema, propomos que futuros estudos
investiguem como os traços do DSM‐5 se alinham com outros conceitos
e estruturas usados por psicoterapeutas, incluindo mecanismos de
defesa, estilos de enfrentamento, distorções cognitivas, desregulação
afetiva, relações de objeto internalizadas, modelos internos de trabalho,
funcionamento reflexivo e confiança epistêmica. Essas avaliações
deveriam confirmar a compatibilidade dos traços do DSM‐5, permitindo
um amplo espectro de abordagens teóricas na interpretação das escalas
correspondentes.
Referência Bibliográfica:
Back, B.; Lee, C.; Mortensen, E.L.; Simonsen, E. How do DSM‐5
personality traits align with schema therapy constructs. Journal of
Personality Disorders, 29, 2015.
www.cognitivo.com