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organização da publicação Fernanda Accioly Moreira, Raquel Rolnik e Paula Freire Santoro
mapeamentos Aluízio Marino (coord.), Pedro Henrique Rezende Mendonça,
Ulisses Alves de Castro, Isabella Berloffa Alho, Julia do Nascimento de Sá,
Luciana Alencar Ximenes, Maurício Lage, Breno Holanda
projeto gráfico e diagramação Rita M.da Costa Aguiar e Eliana Kestenbaum
revisão de texto Mariana Pires, Fernanda Lobo
apoio administrativo Bianca Fires
pesquisa
apoio
ISBN 978-65-00-07667-7
1. Cartografia 2. Geografia histórica - Mapas 3. Planejamento
urbano 4. Políticas públicas
I. Moreira, Fernanda Accioly. II. Rolnik, Raquel. III. Santoro, Paula
Freire.
20-42205 CDD-526
LEHAB UFC
Laboratório de Estudos da
Habitação
Universidade Federal do Ceará
Fortaleza - CE
| coordenador
Renato Pequeno
| pesquisadores
Breno Holanda
Kedna Lopes Alexandre
Laryssa Figueiredo
Marcelo Mota Capasso
Valéria Pinheiro
Vinícius Barreto Saraiva
Sumário
1. Apresentação, 7
CARTOGRAFIAS E METODOLOGIAS
UM OLHAR INTERSECCIONAL
TERRITÓRIOS
Introdução
A perspectiva interseccional surge do movimento feminista negro estadunidense, a partir das múltiplas experiên-
cias vivenciadas por mulheres negras – também como uma crítica ao feminismo hegemônico, pautado, majorita-
riamente, na experiência de mulheres brancas e de classe média (AKOTIRENE, 2019; GONZALEZ, 1984; CRENSHAW,
1989; 1994). O termo foi cunhado pela primeira vez por Kimberlé Crenshaw que, a partir de seu trabalho como
advogada ativista pelos direitos humanos e seu envolvimento com o movimento que ficou conhecido como Black
Feminism,e faz uma crítica às políticas formuladas baseadas em narrativas essencialistas e universalistas, que
não alcançam todas as vivências dos diferentes grupos de mulheres que se encontram no entrecruzamento de
opressões, especialmente das chamadas “mulheres de cor”. Para a autora, as estruturas de gênero e raça confor-
mam uma maneira concreta de viver a pobreza (CRENSHAW, 1989; 1994).
Entre as críticas feitas por atores engajados na luta contra as remoções nos Esta-
dos Unidos (AIELLO et al., 2018) ao laboratório, destaca-se o pouco ou nenhum
9 Através da combinação
diálogo com grupos ativistas de base e de advocacy, dedicados a essa pauta, bem
de métodos quantitativos e como a pouca clareza nas medidas de proteção de dados adotadas – algo espe-
qualitativos aplicados em
Milwaukee, nos Estados Unidos,
cialmente importante pelo caráter sensível das informações coletadas. Ainda, são
o autor chamou atenção para o feitas acusações a respeito de números errôneos divulgados pelo laboratório por
fato de mulheres negras serem
mais removidas do que homens.
conta da metodologia utilizada, bem como a não atribuição de crédito ao traba-
Diferentemente do Observatório lho coletivo de grupos ativistas quando a plataforma do Eviction Lab faz uso de
de Remoções, que se debruça
particularmente sobre os processos
tais dados em suas análises. Para uma visão mais aprofundada das críticas à meto-
coletivos de deslocamento forçado, dologia utilizada pelo Eviction Lab em contraposição aos grupos que fazem trabalho
Desmond estava olhando para os
despejos que, no caso estudado
de base de resistência às remoções, ver Aiello et al., 2018. No entanto, o próprio Evic-
pelo autor, assumem contornos tion Lab, laboratório coordenado por Desmond na Princeton University, reconhece as
massivos, dada sua dimensão:
em média, 16 famílias eram
lacunas na metodologia usada, que se concentra nos registros formais de remoção
removidas por dia na cidade de do judiciário e em estatísticas locais de litígio entre locador-inquilino – e, mesmo as-
Milwaukee anualmente. Por meio
da aplicação de survey, combinado
sim, não em todos os estados dos EUA. Ao focar os dados estatísticos oficiais, o Evic-
ao acompanhamento da trajetória tion Lab assume deixar de lado as remoções que chama de “informais”– quando
de vida de 11 famílias, no período
de 2003 a 2007, Desmond (2014)
os locadores pagam para que os inquilinos saiam do imóvel ou, ainda, no caso de
observou que as famílias nas quais remoções ilegais, admitindo que há evidências de que as remoções informais são
a responsável pela casa eram
mulheres negras eram as mais
mais numerosas do que as que ocorrem pelas vias judiciais (EVICTION LAB, 2020).
atingidas por processos de despejo.
Despossessão, violências e a potência transformadora: um olhar interseccional sobre as remoções 151
Publicado em 1960, “Quarto de Despejo”, trouxe o diário de Carolina Maria de Jesus, um relato da vida miserável da
catadora de papel na Favela do Canindé, em São Paulo. Pereira (2019) conta que Carolina, uma mulher negra, neta de
negros escravizados e nascida no interior de Minas Gerais, chegou a São Paulo no final da década de 1930, após su-
cessivos deslocamentos em busca de trabalhos com os quais pudesse se sustentar dignamente. Mas a vida na cidade
grande era diferente do que imaginava e ela foi parar na Favela do Canindé, após ser removida do cortiço onde vivia.
“Quarto de Despejo” revelou a precariedade da vida na favela de forma inédita por meio da narrativa do cotidiano de
Carolina – falando sobre a fome, a insalubridade, os conflitos entre vizinhos, a insegurança sobre o futuro, as dúvidas
em relação à criação dos filhos, entre tantos outros temas.
“Becos da Memória” é um romance memorialista escrito por Conceição Evaristo nos anos 1980, mas publicado apenas
em 2006, que narra a história dos moradores de uma favela, alvo de um plano de desfavelamento. A partir do olhar de
Menina-Nova, a narradora de 13 anos, o livro se desenvolve em torno das vidas e cotidianos dos moradores da favela
sob a constante tensão das ameaças de despejo, que se efetivam pouco a pouco, com a demolição de uma parte da
área por vez.
Figura 1
Prestes Maia derruba
simbolicamente o último
barraco da Favela do Canindé,
de onde Carolina Maria de
Jesus havia se mudado no ano
anterior.
Prefeitura do Município de
São Paulo, 1962.
mento, mas também já enfrentava um processo judicial de reintegra- 13 Nome fictício. Entrevista realizada
em pesquisa do LabCidade (2019).
ção de posse –o que só descobriu sobre a ameaça depois de ter gastado 14 Para mais informações sobre a
remoção da ocupação Torrinha, ver:
todo o seu dinheiro na casa. <http://www.labcidade.fau.usp.br/
Esta não era, ademais, sua primeira tentativa de se estabelecer acao-de-reintegracao-de-posse-
na-zona-norte-deixa-1200-familias-
em uma ocupação. Antes, passou por outra área ocupada, também pró- sem-casa/>. Acesso em 30 abr. 2020.
158 | CARTOGRAFIAS DOS TERRITÓRIOS POPULARES
xima dali, mas por conta de uma cena de tráfico e uso de drogas no local,
Laura fez os cálculos dos riscos e optou por mudar-se para a Torrinha.
O medo da violência, vindo do tráfico ou da polícia, foi maior que o da
perda da moradia – mas a sensação de insegurança, atrelada à preca-
riedade das formas de morar, seguiu acompanhando Laura. Como nos
relatou, a incerteza em torno da moradia a estava deixando doente. Há
meses só dormia com medicamentos controlados, tendo sido acompa-
nhada por um psiquiatra. No dia da remoção da Torrinha, 9 de dezem-
bro de 2019, encontramos Laura passando com sua mudança no carro
de um amigo, trocamos rápidas palavras e ela seguiu seu caminho para
mais uma parada na longa e extenuante busca por moradia.
A precariedade é construída em um processo considerado como
“espoliação e o saqueio de terras e recursos comuns” (GAGO, 2020,
p. 83) ou “roubo e contaminação de sua terra por parte do neoliberalis-
mo” (FEDERICI, 2019, p. 9). Também é tida por Çaglar e Schiller (2018)
como “despossessão”, que a descrevem, utilizando Harvey, como con-
fisco das terras comunais, de recursos preciosos e espaços públicos. O
termo “expropriação” é trazido para o tema por Nancy Fraser. Trazen-
do a discussão para o Brasil, foram encontrados várias reflexões sobre
o tema que partem dos territórios dos quilombos, por exemplo.
Nancy Fraser (2019) diferencia exploração de expropriação do trabalho. Afirma que as sociedades capitalistas
sempre se ancoraram na “exploração” (exploitation) do trabalho pelo qual não pagavam a mais-valia. Mas há
outros vários outros tipos de trabalho, em especial o reprodutivo, que sempre foram tidos como sem recom-
pensas, ou cuja recompensa foi muito pequena e não corresponde a seu valor – Fraser considera estes “expro-
priação” (expropriation). Ela exemplifica com o período da escravidão, quando a maior parte do trabalho foi
mais expropriado que explorado. Coloca, ainda, que, com a industrialização, assistiu-se a um massivo desen-
volvimento e expansão da exploração do trabalho sem pagar seus custos de reprodução. Para Fraser, houve
uma divisão geográfica e racial: trabalhadores brancos eram explorados e a periferia, negra, teve seu trabalho,
terra, ferramentas, crianças etc. expropriados. É o que chama de “linha geográfica de cores nítidas”: a cor da
exploração e da expropriação.
Em direção parecida, Thiago Hoshino narra o processo de despossessão na remoção do terreiro de candomblé
Abassá de Xangô e Caboclo Sultão, na Operação Urbana Águas Espraiadas em São Paulo, como não sendo apenas
a remoção da propriedade – uma vez que a ideia de propriedade nesses processos é aquela que é “performada”
ao ser cercada, reiterando regimes de subjetividade como espaço do capital. No entanto, neste caso, é o Orixá
que é “dono” de um terreiro. Assim, não há como se dar uma despossessão que não seja apenas física e objetiva
deste espaço, e a própria noção de propriedade parece limitada. Hoshino apresentou o caso no “Seminário Pro-
priedade como estrutura da urbanização periférica no séc. XXI” realizado na FAU-USP em 07 de agosto de 2019,
gravado em vídeo. Disponível em <https://www.facebook.com/guilherme.petrella/videos/2739800286038686/>.
Acesso em 04 jun. 2020.
“Se tem uma remoção, é sempre pior pras mulheres. Os homens resol-
vem a vida, colocam as coisas na mala, acham qualquer canto. A gente
não, né? Tem a gente e as crianças. Não tem como ficar pulando de galho
em galho” (Fala de participante em oficina realizada na ocupação Hele-
nira Preta, em 15 de fev. 2020).
160 | CARTOGRAFIAS DOS TERRITÓRIOS POPULARES
É um risco sair todo dia pra trabalhar e não saber se vai voltar. Não saber
se nossas filhas vão voltar. Os serviços são longe, muitos fora de Mauá.
(Fala de participante em oficina realizada na ocupação Helenira Preta,
em 15 fev. 2020)
No trecho acima, ele conta como foi sua saída do bairro da Ar-
mênia, na região central da cidade, por volta de 2005. Durante a en-
trevista, não fica claro se a mulher realmente deixou a casa naquele
18 Nome fictício. Entrevista de
pesquisa do LabCidade (2019).
momento, mas ele afirma que logo depois deixou a região central e foi
19 Nome fictício. morar em Cotia, cidade da região metropolitana de São Paulo, porque
Despossessão, violências e a potência transformadora: um olhar interseccional sobre as remoções 167
e entulhos para que fossem carregados como mudança de morador. 23 Nomes fictícios. Entrevista da
pesquisa LabCidade (2019).
Uma ação simples, mas que expressava a revolta das duas mulheres, 24 Ver artigo “Conflito, produção e
que, em nenhum momento, deixaram de dar suporte às demais famí- gestão dos territórios populares:
repertórios do extremo norte de
lias que estavam sendo removidas. São Paulo” nesta publicação.
25 Outros tantos foram os trabalhos
Sua ação, no entanto, foi respondida de forma violenta. Em vá- que se debruçaram sobre os
rios momentos, as duas mulheres, ambas de pele preta, ouviram in- impactos dos megaeventos
esportivos no Rio de Janeiro. Um
júrias raciais violentas, vindas de policiais e funcionários da empresa deles foi o Projeto Prata Preta,
fruto de pesquisas e ações em
responsável pelos caminhões de mudança. Em determinada altura, defesa do direito à moradia no
contexto da Operação Urbana
um dos motoristas vinha em direção a elas de forma tão agressiva que Consorciada Porto Maravilha. Com
foi rapidamente afastado pelos policiais. Sônia disse que, naquele dia, mapeamento inédito dos cortiços
na zona portuária do Rio de Janeiro,
iria “deixar o evangelho de lado” e dar uma “coça” no homem que a in- deu visibilidade à situação social
dos moradores de cortiços da
sultava. Ao fim daqueles dois dias, foram as redes mantidas pelas duas área central do Rio – identificou
54 unidades, habitadas por
mulheres que lhes garantiram uma alternativa, mesmo que provisória: cerca de 1.120 pessoas (LACERDA
Sônia foi para a casa de parentes, enquanto suas coisas ficaram guar- et al., 2017). Lançou luz, assim,
sobre uma realidade até então
dadas na garagem do pastor de sua igreja. Vilma, por sua vez, compôs invisibilizada, de uma população
majoritariamente masculina,
o grupo que organizou outra ocupação, próxima dali, dando sequên- nordestina, com significativa
presença de imigrantes, muitos
cia à disputa pela terra, que tem caracterizado essa porção da cidade24. em situação de irregularidade no
De maneira semelhante, também no contexto das remoções país, transitando entre os circuitos
do trabalho informal na região
justificadas pelos megaeventos esportivos no Rio de Janeiro25, diversos (ibidem). Ao dar visibilidade aos
diferentes grupos que moram na
trabalhos apontaram o protagonismo feminino na resistência às re- região e suas diferentes formas de
vida, expôs as consequências não
moções (NASCIUTTI, 2016; SOBRINHO, 2017). Monteiro et al. (2017) previstas, ou desconsideradas, da
investigaram os sentidos e impactos na vida de mulheres sob ameaça profunda reestruturação urbana em
curso na região com o aclamado e
da remoção e diante das dinâmicas violentas da destruição causada na controverso Porto Maravilha.
170 | CARTOGRAFIAS DOS TERRITÓRIOS POPULARES
vida e trabalho, corpo e território, lei e violência. A greve, desse modo, mais
do que uma data, se torna uma ferramenta prática de investigação política
e um processo capaz de construir transversalidade entre corpos, conflitos e
territórios radicalmente diferentes (GAGO, 2020, p. 15, grifo nosso)
to, coragem e saiu à rua, foi que aconteceram as primeiras greves, né?!
Em plena ditadura. Acho que foi um momento, um espaço muito interes-
sante (depoimento em Azevedo e Barletta, 2011, p. 140).
A principal política pública que existe para mulheres na cidade não vem
do poder público, vem do do poder popular.
A gestão não é comprometida com a população pobre e trabalhadora da
cidade. A Helenira permite que a gente faça coisas que a prefeitura não
permite. A gente estuda, a gente lê, a gente se forma.
A luta coletiva é o que vai salvar a gente. É a única coisa que pode salvar
a gente. Nossas mães, nossas irmãs, nossas amigas. Precisamos de mais
Heleniras na cidade, no mundo.
A questão da moradia deveria ser guiada de uma forma responsável.
Quem manda em Mauá não se sente responsável pelas mulheres. Os gesto-
res não olham pra juventude, pras mulheres.
A construção da alternativa popular é a saída. Principalmente liderado
pelas mulheres. (falas da oficina realizada na ocupação Helenira Preta,
em 15 de fev. 2020).
A gente fez uma creche, estuda, lê, se forma e está na luta coleti-
va, que é o que pode salvar a gente. Como elas mesmas estão dizendo,
precisamos de mais Heleniras na cidade, no mundo!
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