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Jo sé A ma uri Dimárzio
P re sid e n te
Clayton Campanhola
V ic e -P re s id e n te
Diretoria-Executiva da Embrapa
Clayton Campanhola
D ire to r-P re s id e n te
Mudanças cCímátícas
0 Co6ais e doenças cCe
p Cantas
Raquel Ghini
Comitê de Publicações:
Cláudio Cesar de Almeida Buschinelli, Geraldo Stachetti Rodrigues (Presidente),
Heloísa Ferreira Filizola, Jo sé Maria Guzman Ferraz, Manoel Dornelas de Souza,
Marcelo Augusto Boechat Morandi, Maria Amélia de Toledo Leme, Maria Lúcia
Sai to, Sandro Freitas Nunes.
T o d o s o s d ir e ito s re s e rv a d o s .
A reprodução não autorizada d esta p ublicação, no todo
ou em parte , c o n s titu i violação dos d ire ito s a uto rais (Lei n .° 9 6 1 0 )
É p e rm itid a a re p ro d u ç ã o p a rc ia l d o c o n te ú d o
d e s te liv ro d e s d e que c ita d a a fo n te
G h in i, R aq u e l.
M u d a n ç a s c lim á tic a s g lo b a is e d o e n ç a s de p la n ta s / R a
q uel G h in i. — J a g u a riú n a , SP : E m brapa M e io A m b ie n te ,
2005.
1 0 4 p . : il. ; 2 2 c m .
IS B N 8 5 - 8 5 7 7 1 - 3 2 - 1
1. D o e n ç a de p la n ta . I. T ítu lo .
C D D : 6 3 2 .3
CENA / USP
Sum ário
í. I n t r o d u ç ã o ................................................................................... 11
6 . M étodos de e x p e r im e n ta ç ã o .............................................. 75
g. L ite r a tu r a c it a d a .................................................................... 93
M u d a m as c í r i n á l n as fjí o b a is e d o e n ç a s de p l a n t a s
1. Introdução
11
.'M u d a n ç a s c f i m á l i x as j j l o è a i s e d o e n ç a s d e p l a n t a s ___________________
(CO), óxido nitroso (N O), óxidos de nitrogênio (NO ), ozônio (0 3) e outros gases
na atmosfera (Fig. 1). Tais acréscimos na concentração desses gases,
conhecidos como "gases de efeito estufa", propiciam a ocorrência de
mudanças climáticas. Dentre elas, destacam -se o aquecimento global,
modificações nos padrões de ventos, pluviosidade e circulação dos oceanos
(Lima et a i, 2001). Apesar dos intensos esforços de comprometimento de
diversos países em atingir as metas ambientais propostas nos acordos
internacionais, as mudanças climáticas constituem uma das principais
ameaças ao planeta no futuro próximo.
Segundo Marengo (2001), alguns dos principais efeitos adversos
sinalizados e já percebidos nos dias atuais são: aumento do nível do mar, alteração
no suprimento de água doce, fortes e mais freqüentes tempestades de chuva e
neve e ressecamento rápido do solo devido a períodos secos mais intensos. As
temperaturas médias da superfície da Terra estão mais altas que em qualquer
época dos últimos 600 anos, tendo sido a década de 1990 a mais quente do
milênio.
A agricultura é uma atividade econômica que depende
diretamente dos fatores climáticos. Qualquer mudança no clima pode afetar
o zoneamento agrícola, a produtividade das diversas culturas e as técnicas
de manejo. Tais alterações podem representar sérias conseqüências
econômicas, sociais e ambientais (EPA, 1989). À proteção de plantas cabe
o objetivo de reduzir os danos causados pelos problemas fitossanitários,
permitindo que o potencial de aumento de produção seja alcançado. Por
esse motivo, a análise dos possíveis efeitos das alterações climáticas sobre
as doenças de plantas é fundamental para a adoção de medidas mitigadoras,
com a finalidade de evitar prejuízos mais sérios. No passado, diversas
epidemias que ocorreram na agricultura brasileira poderiam ter sido evitadas
ou os danos reduzidos se estudos tivessem sido realizados para a adoção
de medidas preventivas.
12
Mudanças atmosféricas
íl
Composição química Radiação solar
- Aumento da concentração de - C F C s e N2O m igram p ara a
Atividades Antrópicas
Queima de com bustíveis fósseis
Desmatamento
Agricultura
Áreas urbanas
Mudança climática
- Aumento da temperatura
- Mudanças na precipitação e nos ventos
Fig. 1. Origem das mudanças clim áticas devido às atividades humanas desde a Revolução Industrial, com base em
Manning & Tiedemann (1995).
'.M u d a n ç a s ç f i m c í l u a s ijl oüa is e d o e n ç a s cfe p l a n t a s
14
. Mudanças clim á tica s globais e doenças cie plantas
15
16
___________________ ' M u d a n ç a s c l i m á t i c a s f l í o b a i s e d o e n ç a s d e p í a n l a s
17
'M u d a n ç a s c C i m á lí c a s g l o b a i s e d o e n ç a s de p l a n t a s
18
___________________ ! M u d a n ç a s c l i m á t i c a s g l o b a i s e d o e n ç a s de p í a n t a s
19
'.M u d a n ç a s c í i m á t í c a s f j í o b a is e d o e n ç a s de p l a n t a s
20
.'Mudanças cCimáticas gCoèaís e doenças de plantas
2.1 'DíóxícCo de ca rb o n o
Ciclo do Carbono
Turfa, petróleo
e carvão
21
'M u d a n ç a s c t a n á l u a s f jl o b a is e d o e n ç a s de p l a n t a s
22
.'M u d a n ç a s c ü m á t i c a s gCoèais e d o e n ç a s de p l a n t a s
23
M u d a n ç a s c l i m d l u a s g l o b a i s e d o e n ç a s de p l a n t a s
24
'Mudanças cCimálícas globais e doenças de plantas
25
M
‘ u d a n ç a s c f i m á t i c a s g f o è a i s e cfoenças de p l a n t a s
26
M u d a nças clim á tica s gCo6ais e doenças de plantas
2.2. O z ô n i o
27
.‘M u d a n ç a s c C i m á t ic a s gC o è a is e d o e n ç a s cie p l a n t a s
Ciclo do Ozônio
C o m b u s tã o R a d ia çã o s o la r
C o m b u s tív e is fó s s e is »---------------------------- >• NO2 + O2 - 4 --------------------------► NO + O 3
28
.‘ M u d a n ç a s c C v m á lic a s f j f o b a i s e d o e n ç a s de p l a n t a s
29
_
.'M u d a n ç a s l í i m á l í c a s fjCobais e d o e n ç a s de p l a n t a s
Radiação ultravioleta
UV - C UV-B UV - A (NUV)
|--------------- 1-----------------------1----------------------------------------- 1
200 280 320 400 nm
30
.'Mudanças clim á tica s gfobais e doenças de plantas
31
'.M u d a n ç a s c f i m á l i c a s g f o è a i s e d o e n ç a s de p l a n t a s
32
.'M u d a n ç a s c í í i n á l u as g l o b a i s e d o e n ç a s d e p l a n t a s
Triângulo de doença
A m b ie n t e
33
.'M u d a n ç a s c í i m á t íc a s ffCobais c d o e n ç a s de p l a n t a s
34
' M u d a n ç a s c f í m á l i c a s flf o b a is e d o e n ç a s d e p l a n t a s
Mudanças climáticas
t
Direto Indireto Interação Direto Indireto
- ciclo de vida ■parasitismo patógeno / planta hospedeira ■crescimento ■ microrganismos
- dispersão - competição - morfologia simbiontes
- sobrevivência • suscetibilidade do hospedeiro' - fisiologia - interação com insetos
■ reprodução - competição com
sobrevivência plantas invasoras
35
.‘ M u d a n ç a s c í n n a í u a s ijlo h a is e d o e n ç a s de p la n t a s ,
36
.'M u d a n ç a s l í r i n a l n as g í o b a i s e d o e n ç a s d e p l a n t a s
37
.'M u d a n ç a s c l i m á t icas g l o b a i s e d o e n ç a s de p l a n t a s
38
M u d a n ç a s < íim c it u as fjfo b a is e d o e n ç a s d e p l a n t a s
39
M u d a n ç a s c f i m á t i c a s g l o è a í s e d o e n ç a s de p l a n t a s
4.1. D a n o s c a u s a d o s joeCas d o e n ç a s
40
.'M u d a n ça s c f i m á t i c a s g f o b a i s e d o e n ç a s d e p f a n l a s
UV-B ainda são inconsistentes (Manning & Tiedemann, 1995). Por outro lado,
um aumento de severidade de uma determinada doença, provocado por uma
mudança climática, não implica necessariamente o aumento de perdas (Luo et
a i, 1995). Em um levantamento realizado por Chakraborty etal. (1998), dos
dez patógenos biotróficos estudados, a severidade da doença foi aumentada
em seis e reduzida em quatro patossistemas, com o aumento do CCK De quinze
patógenos necrotróficos, a severidade da doença aumentou em nove, foi
reduzida em quatro e permaneceu inalterada em outros dois patossistemas.
Segundo Chakraborty etal. (2000a), há necessidade imediata da realização de
análises detalhadas sobre as alterações resultantes de mudanças climáticas
nas perdas ocasionadas por doenças.
Para Coakley & Scherm (1996), as culturas perenes localizadas
em regiões marginais sofrerão um período de estresse crônico, levando ao
aumento da predisposição à ocorrência de doenças. Nesse tipo de cultura é
mais difícil adotar medidas de manejo a curto prazo, devido ao alto custo de
substituição das plantas.
4 . 2. M u d a n ç a s n a d i s t r ib u iç ã o g e o g r á f ic a
das doenças
41
'.M u d a n ç a s i T i m d l i i as g l o b a i s e d o e n ç a s d e p l a n t a s
42
. 'M u d a n ç a s c l i m á t i c a s g l o b a i s e d o e n ç a s de p l a n t a s
43
M u d a n ç a s c t i m á t n a s ijíoh a ts c d o e n ç a s d c p l a n t a s
44
'M u d a n ç a s c ín n c íl n as fjío b a i s i> d o e n ç a s d e p l a n t a s
45
46
.'M u d a n ç a s c l i m á t i c a s f l f o b a is c d o e n ç a s d e p l a n t a s
47
'.M u d a n ç a s <h r n a t was tjlobais e d o e n ç a s d c p l a n t a s
5.1. J u n g o s fíto _ p a to g ê n íc o s
48
.'Mudanças clim á tica s ff (bba is e doenças de pCantas
49
M u d a n ç a s cfím á tíca s flCoèais e d o e n ç a s cie p l a n t a s
50
.'M u d a n ç a s l í n n á l t i as g l o b a i s e d o e n ç a s d e p l a n t a s
51
'. M u d a n ç a s c f i m á t i c a s y l o b a i s e cfo enças de p l a n t a s
52
.’Mudanças cdm áticas flCoèais e doenças de plantas
53
.'M u d a n ç a s c ( i m á t i c a s f f lo è a is e d o e n ç a s d e p l a n t a s
54
.M u d a n ç a s c C im á tic a s fjfo b a is e d o e n ç a s de p l a n t a s
foi estudado por Tiedemann & Firsching (2000), em combinação com o aumento
55
.'Mudanças l íimálícas f/fobaís e doenças de plantas
56
M u d a n ç a s c l i m a l t c a s tjloba is e d o e n ç a s de p f a n l a s
57
.'M u d a n ç a s c l i m á t i c a s g l o è a i s e d o e n ç a s d e p l a n t a s
58
M udanças clunal iças fltoBais e doenças dc pfanias
59
_
M u d a n ç a s c f i n u í l u a s g l o b a i s e d o e n ç a s de p l a n t a s
60
.'M u d a n ç a s c í i m a i n a s tfío b a is e d o e n ç a s d e p l a n t a s
5.3. y í r u s
61
.'M u d a n ç a s c f i m a l n a s ijlo b a is e d o e n ç a s de p l a n t a s
5 .4 . 'EncCofítícos
62
'M u d a n ça s cínnál u as çjíobais e doenças de pfantas
63
.'Mudanças c l im á t ic a s fjtobais e doenças dc p lantas
64
: M u d a n ç a s c l i m á t i c a s fffo b a is e d o e n ç a s de p l a n t a s
65
M u d a n ç a s c lim á t ic a s glo b a is c doenças de p la n ta s
700 |iL,L \ quando comparado com 400 nL.L'\ tanto na presença quanto na
ausência do endofítico Acremonium coenophialum. A lagarta teve sua taxa de
crescimento relativo reduzida na presença do endofítico, como esperado. O
aumento de C 0 2 e a presença do endofítico reduziram a eficiência de conversão
de alimento ingerido pela lagarta, isto é, a relação entre a biomassa consumida
e a efetivamente produzida. Houve inclusive interação entre a presença do
endofítico e o C 0 2, resultando na mais baixa taxa de conversão. Isto significa
que os insetos foram negativamente afetados pelo endofítico em presença de
maior concentração de C 0 2, o que pode ser de grande importância na nova
condição climática. Com aumento do C 0 2 pode ter ocorrido diluição do alcalóide
tóxico produzido pelo endofítico, mas isto pode ter sido compensado pelo maior
consumo de folhas. Não se verificou alteração no teor de N das folhas.
66
.'M u d a n ç a s c í n n á t i c a s fjlo b a ts e d o e n ç a s d e p í a n l a s
67
.‘M u d a n ç a s c f n r u ít icas ff l o b a ís e d o e n ç a s de pCantas
strobus. Porém, para Tsuga canadensis, Pinus taeda e Pinus sylvestris não
foram observadas diferenças (Staddon & Fitter, 1998). Com carvalho (Quercus
robur), por exemplo, notou-se efeito sinergístico da presença do C 0 2 e de
ectomicorrizas no crescimento da planta. A elevação da concentração de C 0 2
levou ao aumento na quantidade de carboidratos disponíveis no sistema radicular.
Esse aumento pode ter beneficiado o fungo e, conseqüentemente, o carvalho,
porque a micorriza tem aumentada sua capacidade de absorção de nutrientes,
especialmente fósforo. Além disso, a colonização com micorrizas pode ter
aumentado a capacidade de resposta da planta ao C 0 2, pois elas podem atuar
como reservatório para o excesso de carbono fixado, o qual pode causar
problemas à fotossíntese.
Norby et al. (1987) verificaram que plântulas de Pinus
echinata, cultivadas em ambiente controlado com C 0 2 na concentração de
695 n L.L'1, não apresentaram diferenças na alocação de 14C marcado no
sistema radicular. Entretanto, houve uma alteração no modelo de alocação nas
raízes, com aumento significativo do carbono alocado nas radicelas das plântulas
tratadas com CO 2 . O resultado foi associado ao aumento da massa dessas
raízes e da quantidade de micorrizas. A exsudação de compostos solúveis
contendo 14C marcado pelas raízes também foi maior quando aplicado o C 0 2
por 34 semanas, mas os efeitos não persistiram até 41 semanas.
Quanto às micorrizas arbusculares, os resultados também têm
sido variáveis (Staddon & Fitter, 1998). A elevação do C 0 2 causou estímulo de
micorrizas vesículo-arbusculares em Bouteloua gracilis, Prunella vulgaris e
Beilschmieda pêndula; e não foi observado efeito em Pascopyrum smithii,
TnfoUum repens, Bromus madritensis, Gossypium hirsutum, Populus tremuloides
e várias gramíneas. Em solos pobres, observou-se um aumento da porcentagem
de raízes de Artemísia tridentata colonizadas e, em solos ricos em nutrientes,
um decréscimo. Assim, segundo os autores, a elevação do teor de COnpode
alterar o funcionamento das micorrizas e outros fatores do ambiente, como
68
.'M udanças cCím dtícas f/Cobais e d o en ça s de pfa.11 tas
69
'.M u d a n ç a s c l i m á t i c a s f j l o è a i s e d o e n ç a s de p l a n t a s
5.6. O u t r o s m ic r o r g a n i s m o s
70
'.M u d a n ç a s c í n n a l n a s f jío b a is e d o e n ç a s de p l a n t a s
71
M u d a n ç a s c C iin á t íc a s fll o è a i s e d o e n ç a s d e p l a n t a s
72
M u d a n ç a s c ü m á t u as cjíobais e d o e n ç a s de p í a n l a s
73
74
_______________________ .
.'M u d a n ça s c d m á t i c a s gColòais e d o e n ç a s d e p l a n t a s
75
.'M u d a n ç a s c f i m á t í c a s cjfoBaís e d o e n ç a s d e p l a n t a s
/A V
76
'.M udanças cíiinátícas fjíobais e d oenças de plantas
77
.'M u d a n ç a s c C im á lic a s ffloB a ís e d o e n ç a s de p l a n t a s
78
.'M u d a n ç a s c f i m á l i c a s g l o b a i s e d o e n ç a s tfe pCanlas
Hora
-B - outubro98 -e - março99
FACE
18m
Fig. 12. Esquema de um bloco de experimento FACE ("Free Air Carbon Dioxide
Enrichment"). Os pontos no círculo indicam locais de liberação de C 0 2. Baseado
em Meijer & Leuchtmann (2000) e Lewin et al. (1 992).
79
'M u d a n ç a s cCimáticas gCobaís e doenças cie plantas
80
'Mudanças círm a ln as ijíobais e doenças de píanlas
81
.'M u d a n ç a s c f i m . d l u as g l o b a i s e d o e n ç a s d e p l a n l a s
tubo que conduziu o C 0 2 para fora da câmara. Além disso, para minimizar
os problemas com o aquecimento, as folhas foram posicionadas na
corrente de ventilação do ar condicionado e submetidas a breves períodos
de avaliação.
Os tratos culturais, como irrigação e fertilização, são aspectos
de extrema importância na condução dos testes, pois podem ter grande
influência nos resultados obtidos. Como há efeito da irrigação, as plantas
precisam ser cultivadas com a mesma tensão de água. A irrigação não pode
ser monitorada pela quantidade total de água aplicada, pois, geralmente, as
plantas se desenvolvem mais com o enriquecimento de C 0 2e, assim, apresentam
maiores necessidades hídricas (Thompson et a i, 1993).
A "Lei do Mínimo", de Justus von Liebig, que afirma que o
recurso presente em menor quantidade determina o crescimento da planta, foi
inicialmente aplicada a fertilizantes. Tal conceito foi rapidamente ampliado
para outros recursos, incluindo-se luz e água (Norby et a i, 1986). Por esse
motivo, diversos autores alertam para o fato de que, na condução de ensaios
com enriquecimento com C 0 2, o solo precisa ser fértil para não haver falta de
nutrientes e limitar o efeito do CO, no crescimento das plantas. Entretanto,
mais de um recurso pode limitar o crescimento da planta simultaneamente, ou
o suprimento de um recurso pode aumentar o suprimento ou a deficiência de
outro. Além disso, deve ser considerada a variação temporal e espacial das
limitações dentro das necessidades das plantas.
Hibberd et a i (1996a,b) realizaram testes em culturas
hidropônicas para verificar os efeitos do aumento da concentração de C 0 2 no
crescimento de plantas de cevada. Esse método foi escolhido com a finalidade
de evitar a restrição de espaço para o crescimento de raízes, como ocorre em
vasos, e a limitação de nutrientes disponíveis. Outras alternativas são o uso de
vasos grandes, como sugerem Malmstròm & Field (1997), ou plantio no solo.
A análise estatística dos resultados é outro aspecto que deve
82
Mudanças cCímáluas fjfobais e doenças de plantas
ser observado na condução dos estudos. A maioria dos trabalhos possui apenas
dois ambientes, com e sem C 0 2, sem repetições, o que impede a realização de
testes convencionais. As concentrações de COotestadas geralmente são 350
(sem tratamento) e 700 (.iL.L1. A limitação de espaço também reduz a
possibilidade de cultivo de maior número de plantas dentro dos ambientes
controlados. Outro aspecto a ser notado é a longa duração dos testes. Segundo
Idso & Idso (1994), de modo geral, os experimentos para verificar os efeitos
do enriquecimento com C 0 2 no desenvolvimento de plantas apresentam duração
média de dois meses e meio. Assim, as avaliações destrutivas devem ser
evitadas. O longo tempo se deve à necessidade de se avaliarem os efeitos no
ciclo completo da cultura, sendo considerado o peso de matéria seca de plantas.
83
84
.'M u d a n ç a s c l i m á t i c a s g l o b a i s e d o e n ç a s d e p l a n t a s
85
'Mudanças cfim á lica s gfoèais e doenças cie plantas
86
.'M u d a n ç a s c l i m á l i c a s fjCoèais e d o e n ç a s de p l a n l a s
87
.'Mudanças cCimáticas fjfoèais e doenças de pCantas
88
M u d a n ç a s c í i r n a l u as g l o b a i s e d o e n ç a s de p l a n t a s
89
M u d a n ç a s c í i m á t i c a s gCoèais e d o e n ç a s de p l a n t a s
90
'Mudanças cíu n a lu as gfoêais e doenças de plantas
91
.'Mudanças cCimúlícas globais c doenças cfe plantas
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IMPRESSÃO- Sr~h
EM 0PI e d i t o r a e g r a f i c a
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A s m udanças clim áticas globais e suas conseqüências para o ambiente
e para o homem constituem , atualmente, um dos tem as mais polêmicos
e de maior penetração no meio acadêm ico. A s alterações ocasionadas
têm amplas proporções, afinal suas conseqüências são de escala mundial,
tanto no campo econôm ico e agrícola, como no tecnológico e científico.
Além de atual e preciso, o livro M udanças clim áticas globais e doenças de
plantas torna-se m ultidisciplinar à medida que aborda clara e objetivamente
esse rico e polêmico tema, desde as mais evidentes prem issas às menos
previsíveis conclusões, descrevendo suas relações com diversas áreas do
conhecim ento. Tal integração faz este ser leitura indispensável para
especialistas, uma vez que desfruta de primorosa bibliografia e elucida
muitas dúvidas acerca desse ainda pouco explorado assunto, certamente
merecedor de maiores e mais profundos e detalhados estudos, como
demonstra a autora.
Ministério da Agricultura,
Pecuária e Abastecimento