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Diplomacia 360o – Módulo Atena – Direito Interno – Aula 18

Prof. Ricardo Macau – 03.12.2018

DIREITO ADMINISTRATIVO

PRINCÍPIOS EXPLÍCITOS DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA: artigo 37, caput, da CF/88.

“CF/88. Art. 37.

A administração pública direta e indireta de


qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do
Distrito Federal e dos Municípios obedecerá aos
princípios de legalidade, impessoalidade,
moralidade, publicidade e eficiência (...).”

A Administração Direta e Indireta da União, Estados, DF e Municípios deve observar 5 (cinco)


princípios previstos explicitamente no artigo 37, caput, da CF/88.

L – Legalidade
I – Impessoalidade
M – Moralidade
P – Publicidade
E – Eficiência

1) PRINCÍPIOS DA LEGALIDADE: de início, é importante diferenciar o princípio da legalidade


privada do princípio da legalidade pública ou administrativa.

A legalidade privada está prevista no artigo 5o, inciso II, da CF/88, e significa que o particular
pode fazer tudo, exceto o que a lei proibir. Já a legalidade pública ou administrativa no artigo
37, caput, da CF/88, e significa que o Estado poderá fazer o que a lei autorizar.

“CF/88. Artigo 5o. (...)

II - ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer


alguma coisa senão em virtude de lei; (...)”

*IMPORTANTE: o princípio da legalidade não se confunde com o princípio da reserva legal, que
é uma especialização do princípio da legalidade.

PRINCÍPIO DA LEGALIDADE PRINCÍPIO DA RESERVA LEGAL

A lei em sentido amplo (ex. lei ordinária, Deve-se empregar a LEI FORMAL (lei
medida provisória, resolução, etc.) deve ordinária e lei complementar apenas) para
autorizar a Administração a atuar e proibir os autorizar a Administração a atuar e proibir a
particulares de atuar. atuação dos particulares.

Em síntese, o princípio da reserva legal impede a aplicação de outros atos normativos que não
tenham forma de lei.
2) PRINCÍPIO DA IMPESSOALIDADE: decorre do fato de que a Administração Pública deve atuar
com o propósito de sempre atender os interesses da coletividade.

Essa constatação impõe 2 (dois) deveres principais de conduta aos agentes públicos:

a) o agente público não pode favorecer seus simpatizantes, nem impor dificuldades em relação
aos seus desafetos;
b) o agente público não pode atuar buscando sua autopromoção.

3) PRINCÍPIO DA MORALIDADE: impõe padrões éticos de conduta para a Administração Pública.

4) PRINCÍPIO DA PUBLICIDADE: tem, em sua essência, a diretriz de promover o controle da


Administração Pública por parte dos administrados que são informados das medidas
promovidas pela Administração por meio da divulgação dos atos administrativos na Imprensa
Oficial ou em portais de transparência na Internet.

*PEGADINHA: o artigo 5o, inciso XXXIII, da CF/88, prevê que o Estado não publicará,
excepcionalmente, informações imprescindíveis à segurança do Estado e da sociedade.

“CF/88. Artigo 5o. (...)


XXXIII - todos têm direito a receber dos órgãos
públicos informações de seu interesse particular,
ou de interesse coletivo ou geral, que serão
prestadas no prazo da lei, sob pena de
responsabilidade, ressalvadas aquelas cujo sigilo
seja imprescindível à segurança da sociedade e do
Estado; (...)”

5) PRINCÍPIO DA EFICIÊNCIA: foi introduzido na CF/88 por emenda constitucional. Trata-se da


EC 19/98, responsável pela Reforma Administrativa do Estado. Esse princípio exige que a
Administração Pública atue de modo racional, buscando o equilíbrio entre os recursos
empregados e os resultados obtidos.

PRINCÍPIOS IMPLÍCITOS DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

Os princípios implícitos da Administração Pública Direta e Indireta não constam no artigo 37,
caput, da CF/88, mas decorrem da interpretação sistemática da própria Constituição e da
legislação infraconstitucional.

Os principais princípios implícitos apontados pela doutrina são:

1) PRINCÍPIO DA SUPREMACIA DO INTERESSE PÚBLICO;


2) PRINCÍPIO DO INDISPONIBILIDADE DO INTERESSE PÚBLICO;
3) PRINCÍPIO DA CONTINUIDADE DOS SERVIÇOS PÚBLICOS;
4) PRINCÍPIO DA RAZOABILIDADE: entende-se por razoabilidade a adoção, por parte do
administrador público, de padrão comportamental esperado;
5) PRINCÍPIO DA PROPORCIONALIDADE: impõe a necessidade de adequação entre os meios
empregados pela Administração e os fins pretendidos.
CONTROLE DOS ATOS ADMINISTRATIVOS

Antes de analisar as possibilidades de controlar os atos administrativos, é importante definir os


2 (dois) tipos de atos administrativos quanto ao conteúdo:

1) ATOS VINCULADOS: os chamados atos administrativos vinculados apresentam FORMA e


CONTEÚDO previstos em lei. Não há, portanto, margem divisória para que a autoridade
administrativa competente decida sobre a conveniência e a oportunidade de editar o ato
vinculado.

Ex.: obtenção de CNH.

2) ATOS DISCRICIONÁRIOS: os atos administrativos discricionários têm apenas a FORMA


prevista em lei. O CONTEÚDO dos atos discricionários depende de um juízo de conveniência e
oportunidade a ser realizado pela autoridade competente para sua edição.

Logo, em relação aos atos discricionários, existe margem decisória para a autoridade
competente resolver se irá ou não praticar o ato administrativo.

Ex.: concessão de vistos.

Fixadas as diferenças principais entre atos administrativos vinculados e atos administrativos


discricionários, cabe, agora, analisar de que modo o Poder Judiciário realiza o controle desses 2
(dois) tipos de atos administrativos:

1) CONTROLE JURISDICIONAL DOS ATOS VINCULADOS: o Poder Judiciário realiza um controle


amplo em relação aos atos vinculados, uma vez que a LEI prevê tanto a FORMA quanto o
CONTEÚDO desses atos administrativos.

2) CONTROLE JURISDICIONAL DOS ATOS DISCRICIONÁRIOS: o Poder Judiciário realizar um


controle mais restrito dos atos discricionários, pois a lei prevê apenas a FORMA desses atos
administrativos.

Em relação ao CONTEÚDO dos atos discricionários, o Poder Judiciário, EM REGRA, não realiza o
controle, por força do princípio da separação dos poderes. A regra geral é no sentido de que o
Poder Judiciário não pode controlar o conteúdo dos atos discricionários (conveniência e
oportunidade), sob pena de o juiz substituir o administrador público.

Em situações excepcionais, entretanto, a atual jurisprudência do STF tem admitido o controle


do conteúdo dos atos discricionários. Caberá o controle jurisdicional acerca da conveniência e
oportunidade na edição do ato administrativo discricionário se restar evidenciado que esse ato
administrativo não foi criado com a finalidade de atender o interesse da coletividade ou
interesse público e, por isso, é NULO, por violar os princípios da razoabilidade e da
proporcionalidade.

Ex.: o gestor público não pode decidir realizar uma contratação motivado a atender um interesse
pessoal e egoístico.
ANULAÇÃO E REVOGAÇÃO DE ATOS ADMINISTRATIVOS

Os atos administrativos sofrerão controle que determinará a sua ANULAÇÃO apenas diante da
hipótese de existir vício de legalidade. Em outras palavras, somente os atos administrativos
ilegais podem ser objeto de anulação.

Como a anulação de ato administrativo ilegal decorre da aplicação da lei, a anulação poderá ser
realizada pela própria Administração Pública (princípio da AUTOTUTELA) ou pelo Poder
Judiciário (princípio da inafastabilidade da jurisdição). A anulação de ato administrativo produz
efeitos EX TUNC, ou seja, retroativos.

A REVOGAÇÃO de atos administrativos, por seu turno, ocorre apenas diante da verificação de
existência de um ato administrativo válido (isto é, conforme a lei), mas que perdeu a
conveniência e a oportunidade. A revogação de ato administrativo é realizada mediante a
edição de outro ato administrativo que seja habilitado a atender a conveniência e a
oportunidade do momento; é prerrogativa exclusiva da Administração Pública.

Logo, o Poder Judiciário não tem competência para revogar os atos administrativos válidos, mas
que deixaram de ser convenientes e oportunos. A revogação produz efeitos EX NUNC, ou seja,
não retroagem. A revogação de atos administrativos pela Administração Pública funda-se no
princípio da AUTOTUTELA.

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