Você está na página 1de 46

SUMÁRIO

INTRODUÇÃO ................................................................................................. 93

1. DEFINIÇÃO DOS TERMOS ................................................................... 95


1.1 PLURALIDADE RELIGIOSA .......................................................................................... 97

2. PRINCIPAIS SEITAS DOS DIAS DE JESUS ................................................ 99


2.1 OS FARISEUS........................................................................................................................... 99
2.2 OS SADUCEUS ................................................................................................................. 100
2.3 OS ESSÊNIOS ................................................................................................................... 101

3. POR QUE ESTUDAR AS FALSAS DOUTRINAS ................................ 103


3.1 CAPACITA-NOS À DEFESA PRÓPRIA ...................................................................... 103
3.2 PROTEÇÃO INDIVIDUAL E COLETIVA .....................................................................103
3.3 AUXILIA-NOS NA EVANGELIZAÇÃO .........................................................................104
3.4 AJUDA-NOS A CUMPRIR A GRANDE MISSÃO ................................................... 104

4. ASPECTOS HISTÓRICOS ................................................................................ 105

5. CARACTERÍSTICAS DOUTRINÁRIAS DE UMA SEITA................... 111


5.1 TÊM OUTRAS FONTES DOUTRINÁRIAS ALÉM DA BÍBLIA ........................ 111
5.1.1 A Igreja Adventista do Sétimo Dia............................................................. 111
5.1.2 As Testemunhas de Jeová (TJ) ..................................................................... 112
5.1.3 Os Mórmons ......................................................................................................... 113
5.1.4 Os Meninos de Deus (A Família) ....................................................................... 113
5.1.5 Igreja da Unificação .......................................................................................... 113
5.1.6 Os Espíritas Kardecistas ............................................................................... 114
5.2 A TRINDADE NÃO É O CENTRO DAS ATENÇÕES ...............................................116
5.3 ENSINAM O HOMEM A DESENVOLVER SUA PRÓPRIA SALVAÇÃO....................126
5.4 DIZEM SER A ÚNICA CERTA ....................................................................................128
5.5 OUTRAS CARACTERÍSTICAS .................................................................................... 129

6. A EVANGELIZAÇÃO DOS ADEPTOS DAS SEITAS ........................................ 130

QUESTIONÁRIO .......................................................................................................... 131


REFERÊNCIAS .......................................................................................... 133
INTRODUÇÃO
Estamos vivendo numa época em que muitas pessoas estão querendo ir além,
em busca de algo novo, que ultrapasse as faixas demarcatórias do cristianismo.
Por causa dos mitos do progresso, em voga em nossos dias, a palavra “excede”
exerce certo apelo.
Qualquer coisa que seja fixa e imutável parece ser, nas mentes de alguns, algo
enfadonho e sem dinamismo. Nesta nossa época existencialista, as coisas devem
progredir incessantemente, impulsionadas pelo dinamismo de uma recém-
descoberta energia vital.
A emoção que prevalece em nossa civilização, não é o amor, o ódio ou
qualquer emoção ativa; pelo contrário, é o enfado. Exigimos novos fascínios para
alimentar as nossas áreas limitadas de interesses.
A demanda por novos fascínios tem levado muitos a tentarem avançar para
além da fé, que uma vez por todas foi entregue aos santos, para chegarem a alguma
novidade (e, portanto algo presumivelmente verdadeiro) mais excitante.
O cristianismo jamais deveria ser concebido como uma intransponível muralha
de pedra. Pelo contrário, o cristianismo é o cume mais elevado para além do qual há
uma descida, seja qual for a direção em que o indivíduo siga. Nada existe de maior,
nada existe de mais elevado e, por certo, nada existe de mais magnificente do que as
alturas da revelação de divina, nas Sagradas Escrituras e em Jesus Cristo. Tentar
avançar para além desse cume, em busca de algo melhor equivale a perder-se nas
fendas e penhascos das faldas montanhosas que se vão afastando do cristianismo
autêntico.
Para além das fendas das heresias há os atoleiros febris das seitas, onde as
serpentes e os escorpiões nos esperam. Para além da racionalidade só há
insanidade. Para além da medicina só há o veneno. Para além do sexo só há a
perversão. Para além do fascínio só há o vício. Para além do amor só há a
concupiscência. E para além da realidade só há a fantasia.
De igual modo, para além do cristianismo só há morte, a desesperança, as
trevas e as heresias.

93
HERESIOLOGIA I

Apesar disso, muitas pessoas continuam a preferir andar nas laterais do alto
cume, que só conduzem para baixo. A situação religiosa crescentemente
complicada em nossos dias está produzido uma explosão das mais estranhas
religiões forjadas pela mente humana.
Seitas e novas religiões estão surgindo em proporções sem precedentes em
toda Terra. Cada uma delas professa ser detentora da mais recente revelação da
verdade. Heresias da Antiguidade têm ressurgido em dias atuais, defendendo os
mesmos erros já dantes combatidos, como por exemplo, o gnosticismo, que
reaparece entre os teósofos, espiritualistas e esotéricos, ou o arianismo, defendido
pelas Testemunhas de Jeová e Só Jesus.
Alguns estudiosos concluíram que há cerca de 700 seitas enquanto que
outros afirmam que ultrapassou 3.000. Existem hoje espalhados pelo mundo mais
de 8,2 milhões de Testemunhas de Jeová, quase 14,1 milhões de Mórmons e
milhares de adeptos da Nova Era.
Se houve um tempo em que ler ou estudar algum texto herético era já sinal ou,
ao menos, levantavam suspeitas, de ser meio herética, à disposição da Igreja hoje
são completamente diversas. Mais aberta, mais tolerante, mais dialogante, tende a
Igreja descobrir nas heresias, eventuais aspectos positivos, mesmo se parciais, da
verdade completa. De qualquer maneira é um dado admitido por muitos que as
heresias fizeram avançar a reflexão teológica, obrigaram a precisar da doutrina e
apurar os termos ambíguos.

94
HERESIOLOGIA I

DEFINIÇÃO DOS TERMOS


Antes de apresentarmos os métodos para se identificar uma seita ou religião
falsa, saibamos o que significam as palavras seita e heresia. Ambas derivam da
palavra grega “háiresis”, que significa “escolha, partido tomado, corrente de
pensamento, divisão, escola etc”.12 A palavra “heresia” é adaptação de “háiresis”.
Quando passada para o latim, “háiresis“ tornou-se “secta”. Foi do latim que veio a
palavra “seita”.13 Originalmente, a palavra não tinha sentido pejorativo. Quando o
Cristianismo foi chamado de seita (Atos 24.5), não foi em sentido depreciativo. Os
líderes judaicos viam os cristãos como mais um grupo, uma facção dentro do
Judaísmo. Com o tempo, “háiresis” também assumiu conotação negativa, foi dito
pelo apóstolo Paulo “até importa que haja entre vós (heresias), para que os que
são sinceros se manifestem entre vós” (1 Coríntios 11.19).
Em termos teológicos, podemos dizer que “seita” refere-se a um grupo de
pessoas e que “heresias” indicam as doutrinas antibíblicas defendidas pelo grupo.
Baseando-se nessa explicação, podemos dizer que um cristão imaturo pode estar
ensinando alguma heresia, sem, contudo, fazer parte de uma seita. Há outras
definições sobre o que é seita:

1. Um grupo de indivíduos reunidos em torno de uma interpretação errônea da


Bíblia, feita por uma ou mais pessoas – Dr. Walter Martin.14

2. É uma perversão, uma distorção do Cristianismo bíblico e/ou a rejeição dos


ensinos históricos da Igreja cristã – Josh McDoweell e Don Stewart.15
12. FRAGIOTTI, Roque. Histórias das Heresias (séculos I-VII). São Paulo: Paulus. 1995. p. 6.
13. CHAMPLIN, R.N. Bentes, J. M. Enciclopédia de Bíblia, Teologia e Filosofia. Vol. 3, Vol. 6. São Paulo: Candeia, 1991.
14. MARTIN, Walter. O Império das Seitas. 2. Ed. Vol. 1. Belo Horizonte: Betânia 1992, p.11.
15. MC DOWEEL, Josh e STEWART, Don. Entendendo as Seitas, um Manual das Religiões de Hoje. São Paulo: Candeia, 1992, p.9.

95
HERESIOLOGIA I

3. Qualquer religião tida por heterodoxa ou mesmo espúria – J.K. Van Baalen.16

4. Seitas hoje são grupos isolados que expõem ensinos errados, e heresias esses
ensinos contrários às Escrituras Sagradas.17

5. Grupo religioso que se separa de uma religião estabelecida, devido ao


carismatismo e pregação de um ex-líder local, que geralmente alega ter
revelações advindas diretamente do céu.18

Façamos um breve comentário sobre o que é “doutrina”. Vem do latim


“doctrina”, que significa ensino. Referindo-se a qualquer tipo de ensino ou a algum
ensino específico.19 Existem três formas de doutrina na Bíblia:

a) Doutrina de Deus – (Atos 13.12; 2.42; Tito 2.10).


b) Doutrina de homens – (Mateus 15.9; 16.12; Colossenses 2.22).
c) Doutrina de demônios – (1 Timóteo 4.1).

A primeira é boa, as duas últimas são danosas. É preciso distinguir a primeira


das últimas, senão os prejuízos podem ser irreparáveis. A oposição entre a verdade
e a mentira é mais evidente que o contraste entre a verdade e a falsidade. Religiões
e seitas pagãs podem ser analisadas facilmente. Contudo, uma religião ou seita
que se apresente como “cristã”, mas tem suas doutrinas contrárias às Escrituras,
merecem serem inquiridas. Para tanto, forneceremos os meios adequados para se
identificar uma seita.

16. VAN BAALEN, J.K. O Caos das Seitas um Estudo Sobre os “Ismos” Moderno. São Paulo: Imprensa Batista Regular, 1986, p. 282.
17. SILVA, Esequias Soares da. Como responder às Testemunhas de Jeová. Vol. 1. São Paulo: Editora Candeia, 1995, p. 29.
18. MATHER, George A. e NICHOLS, Larry A. Dicionário de Religiões, Crenças e Ocultismo. São Paulo: Editora Vida, 2000, p. 408.
19. CHAMPLIN, R.N. Bentes, J. M. Enciclopédia de Bíblia, Teologia e Filosofia. Vol. 2. São Paulo: Candeia, 1991.

96
HERESIOLOGIA I

1.1 PLURALIDADE RELIGIOSA

A abundância religiosa não é exclusiva dos tempos de Jesus. Em nossos dias


existem milhares de seitas e religiões falsas, as quais presumem estar fazendo a
vontade de Deus quando, na verdade, não estão. Para efeitos didáticos, classificamos
as seitas de nossos dias seguindo o critério de sua origem: as secretas se originaram
de alguma revelação que somente os iniciados teriam acesso; as proféticas se
originaram de líderes que se denominaram profetas; as espíritas surgiram da busca
da comunicação com o mundo sobrenatural; as afro-brasileiras se originaram das
práticas mágicas africanas, trazidas ao Brasil pelos escravos; as orientais se
fundamentaram em princípios da religiosidade e filosofia japonesa, hindu e
iraniana; as unicistas que não aceitam a pluralidade de pessoas na unidade Divina,
qualquer referência à idéia de Trindade eles interpretam como sendo várias
manifestações de Deus ou de Jesus.

Secretas:Maçonaria, Teosofia, Rosa-crucianismo, Esoterismo, etc.

Proféticas: Mormonismo, Testemunhas de Jeová, Adventismo do Sétimo Dia,


Ciência Cristã, A Família (Meninos de Deus), etc.

Espíritas: Kardecismo, Legião da Boa Vontade, Racionalismo Cristão, etc.

Afro-brasileiras: Umbanda, Quimbanda, Candomblé, Cultura Racional, etc.

Orientais: Seicho-no-ie, Messiânica Mundial, Arte Mahikari, Hare-Krishna,


Meditação Transcendental, Unificação (Moonismo), Perfeita Liberdade, etc.

Unicistas: Igreja Local (de Witness Lee), Igreja Evangélica Voz da Verdade (Pr.
Carlos Alberto Moysés), Só Jesus, Tabernáculo da Fé (Willian Marrion Branham),
Adeptos do Nome Yehoshua e suas Variantes (Josué B. Paulino), Cristadelfianos
entre outros.

97
HERESIOLOGIA I

O objetivo dessa abordagem histórica é apresentar, em rápidas pinceladas,


como surgiram as diversas seitas hodiernas e como vieram para o Brasil, onde
proliferam em todos os Estados. Enquanto essas e outras seitas se multiplicam, e
seus dirigentes desencaminham milhões de pessoas, precisamos atentar para a
exortação de Judas versículo 3 que nos convoca a “batalhar pela fé que de uma
vez por todas que foi entregue aos santos”.

98
HERESIOLOGIA I

PRINCIPAIS SEITAS DOS DIAS DE JESUS


Três grupos religiosos surgiram dentro do Judaísmo no período interbíblico,
nos dias de João Hircano, da família dos Macabeus, no período asmoneu20 por
volta da metade do século II, a.C. Foram eles os fariseus, os saduceus e os essênios,
cada qual com características próprias.

2.1 OS FARISEUS

O nome fariseu, do grego “farisaios”, vem por sua vez do hebraico “prushim”,
que significa “separado”, “segregado”, “dividido”. Talvez esse nome lhes fora dado
pelos inimigos – os saduceus, ou em virtude do fariseu viver separado do povo
temendo a imundície. Eles mesmos gostavam de chamar-se de “haberim” -
“companheiros”, ou “qedosim” - “santos”.
Esdras entregou-se a sublime tarefa de ensinar a Lei ao povo. Após sua partida,
foi por seus legítimos discípulos dado prosseguimento a essa importante missão.
Aqueles que prosseguiram ensinando a Lei ao povo, foram chamados de
“hasidhim” que significa “leais a Deus”.
O Novo Dicionário da Bíblia diz que “o nome ‘fariseu’ aparece pela primeira
vez nos contextos dos primeiros reis-sacerdotes hamoneanos”.21 Apesar de ser
minoria na sociedade pré-cristã, eram ferrenhos guardiões da Lei de Moisés,
acabando no tempo de Herodes, o Grande, sendo chamados de “separados”. A este
grupo pertenciam os “escribas”, homens que copiavam, e, portanto, conheciam a
Lei, eram reconhecidos como os “separados”, os “puritanos”, os “zelotes”.
20. Após a revolta dos macabeus, a dinastia dos asmoneus passou a governar a Judéia.
21. DOUGLAS, J. D. O Novo Dicionário da Bíblia. 2ª ed. São Paulo: Edições Vida Nova, 1997, p. 604.

99
HERESIOLOGIA I

Evoluíram até chegarem ao fariseu tradicionalista e exclusivista da época de


Jesus. Atualmente a palavra fariseu tornou-se sinônimo de hipócrita e fingido, até
os dias de hoje.
O historiador judeu Flávio Josefo diz que “a maneira de viver dos fariseus não
era nem mole nem cheia de delícias; era simples. Eles se apegam obstinadamente ao
que se persuadem dever abraçar. Honram de tal modo os velhos que não ousam nem
mesmo contradizê-los. Atribuem ao destino tudo o que acontece, sem, todavia tirar
ao homem o poder de nele consentir; de sorte que, tudo sendo feito por ordem de
Deus, depende, no entanto, da nossa vontade, entregando-nos à virtude ou ao vício.
Eles julgam que as almas são imortais, que são julgadas em outro mundo e
recompensadas ou castigadas segundo forma neste, viciosas ou virtuosas; que umas
são eternamente retidas prisioneiras nessa outra vida e que outras voltam a esta. Eles
granjearam por essa crença, tão grande autoridade entre o povo, que segue os seus
sentimentos em tudo o que se refere ao culto de Deus e às orações solenes que lhe
são feitas. Assim, cidades inteiras dão testemunho de sua virtude, de sua maneira de
viver e de seus discursos”.22

2.2 OS SADUCEUS

No grego lemos “saddoukaíoi”; no hebraico “sadduquím”. O nome parece


derivar de “Sadoq” que na Septuaginta se lê “Saddouk”, nome de vários
sacerdotes, um dos quais vivia já no reinado de Davi (2 Samuel 15.24; 17.15;
19.11) e também depois com Salomão: “... e a Zadoque, o sacerdote, pôs o rei em
lugar de Abiatar” (1 Reis 2.35). A linhagem de Zadoque permaneceu no sumo-
sacerdócio até o cativeiro babilônico (1 Crônicas 6.8-12). Mesmo assim, a
identificação dos saduceus com os zadoquianos não é certa, de modo algum, e há
tradições conflitantes quanto à origem deles.
Seus pontos de vistas religiosos e teológicos resultaram do seu manuseio
conservador e literal da Lei do Antigo Testamento (o Pentateuco). Eram amargos
oponentes dos fariseus, tinham suas próprias tradições e métodos

hermenêuticos, re-
22. JOSEFO, Flávio. História dos Hebreus. Obra Completa. 5ª ed. Rio de Janeiro: CPAD, 2001, p. 415.

100
HERESIOLOGIA I

cusando os preceitos orais tradicionais dos fariseus, a recompensa como o castigo


pós-morte, a existência de anjos, espíritos e a ressurreição. Esses motivos
despertavam os saduceus à oposição contra Jesus.
No livro História dos Hebreus diz que “a opinião dos saduceus é que as almas
morrem com o corpo; que a única coisa que nós somos obrigados a fazer é
conservar a Lei e é um ato de virtude não querer exceder em sabedoria aos que no-
la ensinam. Os desta seita são em pequeno número, mas é composta de pessoas da
mais alta condição”.23

2.3 OS ESSÊNIOS

No grego “Essênoi, Essaioi, Ossaioi”; no aramaico “asên, asayyâ”, plural de


“asê, asyâ”, “curador”. O nome se justifica porque possuíam realmente um
conhecimento avançado da medicina.24 Estabeleceram-se na praia ocidental do
mar Morto, vivendo em comunidade, constituindo-se importante movimento
judaico. Provavelmente, floresceram entre o século II a.C. e o século II d.C. ou mais,
embora não apareçam no Novo Testamento, pois viviam no deserto. Eram
separatistas, no sentido radical de se considerarem os únicos verdadeiros filhos
de Israel, mantendo-se completamente isolados dos seus compatriotas.
O Novo Dicionário da Bíblia se utilizando de Plínio, declara que os essênios
vivam no lado ocidental do Mar Morto, acima de Engedi.25 Esta localização entre
Jericó e Engedi, é desértica onde se localizavam as ruínas de Qumran. A referência
de Plínio é decisiva para identificação da seita de Qumran como os essênios, na
ausência de contra-argumentos consistentes. Não se conhece nenhuma outra
seita surgida no século II a.C. que possa ser associada à comunidade do deserto. A
arqueologia não revelou nenhuma outra povoação no período em estudo.
Hershel Shanks, presidente da Sociedade Bíblica de arqueologia nos diz que “os
essênios de Qumran eram um grupo sacerdotal; seu chefe era sacerdote; o
arquiinimigo da seita era um sacerdote, usualmente designado como o Sacerdote

Ímpio.
23. JOSEFO, Flávio. História dos Hebreus. Obra Completa. 5ª ed. Rio de Janeiro: CPAD, 2001, p. 415.
24. SILVA, Esequias Soares da. Manual de Apologética Cristã. São Paulo: CPAD, 2002, p. 24.
25. DOUGLAS, J. D. O Novo Dicionário da Bíblia. 2ª ed. São Paulo: Edições Vida Nova, 1997, p. 550.

101
HERESIOLOGIA I

Existem razões para se acreditar que a seita adotava um esquema de sacrifícios em


sua comunidade de Qumran. De qualquer forma, a comunidade estava atenta às
tradições sacerdotais, às Leis cerimoniais, às ordens dos sacerdotes e ao
calendário litúrgico; muitas de suas composições refletem seu interesse quase
obsessivo pela ortopraxia sacerdotal (ou seja, a correta prática e observância
ortodoxa). A comunidade se referia aos seus sacerdotes como ‘filhos de Zadoque’,
isto é, membros da antiga linhagem de sumos sacerdotes estabelecida nas
escrituras”.26
Segundo Josefo “a terceira seita, atribuem e entregam todas as coisas, sem
exceção, à providência de Deus. Crêem que as almas são imortais, acham que se
deve fazer todo o possível para praticar a justiça e se contentam em enviar suas
ofertas ao templo, sem lá ir fazer os sacrifícios, porque eles o fazem em particular,
com cerimônias ainda maiores. Seus costumes são irreprocháveis e sua única
preocupação é cultivar a terra. Sua virtude é tão admirável que supera em muito a
de todos os gregos e os de outras nações, porque eles fazem disso todo o seu
empenho e preocupação, e a ela se aplicam continuamente. Possuem todos os bens
em comum, sem que os ricos tenham maior parte do que os pobres; seu número é
de mais de quatro mil. Não tem mulheres, nem criados, porque estão persuadidos
de que as mulheres não contribuem para o descanso da vida; quanto aos criados,
é ofender a natureza, que fez todos os homens iguais, querer sujeitá-los; assim,
eles se servem uns dos outros e escolhem homens de bem da ordem dos
sacrificadores, que recebem tudo o que eles recolhem do seu trabalho e têm o
cuidado de dar alimento a todos”.27

26. SHANKS, Hershel. Para compreender os manuscritos do Mar Morto. Rio de Janeiro: Imago, 1993, p. 27.
27. JOSEFO, Flávio. História dos Hebreus. Obra Completa. 5ª ed. Rio de Janeiro: CPAD, 2001, p. 415.

102
HERESIOLOGIA I

POR QUE ESTUDAR AS FALSAS DOUTRINAS


Muitos julgam desnecessário o estudo dessa matéria e perguntam por que se
devem estudar as falsas doutrinas, afirmando que não lhes interessa estudar
heresias, mas apenas a Palavra de Deus. Não queremos criticar os que agem dessa
forma, todavia julgamos necessário, dentre muitos outros motivos algumas
razões para o estudo das falsas doutrinas:

3.1 CAPACITA-NOS À DEFESAPRÓPRIA

Inúmeras entidades religiosas capacitam seus adeptos para ir ao campo à


procura de novos adeptos. Algumas se especializaram em trabalhar com os
evangélicos, principalmente os recém convertidos. Os cristãos necessitam se
informar acerca do que os vários grupos ensinam, para assim poder refutá-los
biblicamente (Tito 1.9);

3.2 PROTEÇÃO INDIVIDUAL E COLETIVA

O cristão é individualmente responsável pela busca do conhecimento da


verdade e pelo combate à mentira. Um rebanho bem informado e instruído não
dará problemas. Necessitamos investir tempo e recursos na preparação dos
membros da Igreja. Escolas bíblicas bem administradas ajudam nosso povo a
conhecer melhor a Palavra de Deus. Um curso bíblico mais extensivo, abrangendo
detalhadamente as principais doutrinas, refutando as argumentações dos sectários
e expondo-lhes a verdade, será útil para proteger os novos convertidos dos
ataques das seitas;

103
HERESIOLOGIA I

3.3 AUXILIA-NOS NA EVANGELIZAÇÃO

Não sabemos quais os tipos de pessoas que iremos encontrar, o fato de


sabermos de antemão seu credo e suas doutrinas nos facilita a apresentar-lhes a
verdade de que necessitam. Um fator essencial é que o cristão procure “apresentar-
te a Deus aprovado, como obreiro que não tem de que se envergonhar, que maneja
bem a palavra da verdade” (2 Timóteo 2.15). Existem entre os sectários várias
pessoas sinceras que precisam se libertar e conhecer a Palavra de Deus. Os
adeptos das seitas em sua maioria desconhecem a Palavra de Deus, seguindo os
ensinos de sua denominação ou líder. Se estivermos preparados para abordá-los e
demonstrar a verdade em sua própria Bíblia, poderemos com a ajuda do Espírito
Santo ganhá-los para reino de Deus;

3.4 AJUDA-NOS A CUMPRIR A GRANDE MISSÃO

Fazer o trabalho de missões requer muito mais que se deslocar de uma região
para outra ou de um país para outro. Precisamos estar capacitados teologicamente
e também culturalmente para melhor semear a Palavra de Deus. Conhecer a
cultura onde vamos semear o Evangelho é de suma importância, pois em cada
país existe a religiosidade nativa. Conhecer de antemão tais elementos nos dará
condições para alcançá-los com adequação.

104
HERESIOLOGIA I

ASPECTOS HISTÓRICOS
As seitas e suas devidas heresias de hoje como bem disse o Dr. Van Baalen
“são as contas vencidas da Igreja”. Todo instrumental teológico, para se entender a
questão da heresia no seio da Igreja de ontem e de hoje, é fornecido pela história
da mesma, que deixou um legado para se detectar que a confusão que reina hoje,
no tocante a heresias (seitas), muitas vezes não passa de uma repetição de idéias
que no passado surgiram no transcurso da Igreja.
A história da teologia cristã, portanto, é a história da reflexão sobre a
natureza de Deus e da revelação que Ele fez de si mesmo, na pessoa de seu filho
Jesus Cristo, e sobre muitas outras crenças ligadas à salvação.
Essa preocupação com a salvação ficou evidente principalmente nas etapas
formativas e reformativas do desenvolvimento da doutrina cristã. Os grandes
debates sobre o que se deveria crer em relação a Deus, Jesus Cristo, ao pecado e à
graça que consumiam a atenção dos primeiros pais da Igreja, entre
aproximadamente 330 e 500, basicamente visavam resguardar e proteger o
evangelho da salvação.
Desde o apóstolo Paulo, houve a necessidade de um confronto dos cristãos
com os judeus e gregos legalistas. Na cidade de Corinto, Paulo se confrontou com
os gnósticos, o que representou a primeira grande crise interna que a
comunidade cristã-gentia teve de enfrentar.
Nos primeiros séculos, a Igreja teve que se confrontar como montanismo,
donatismo, pelagianismo, arianismo, iconoclastia e outros movimentos
considerados heréticos e contrários à sã doutrina.
Foi a partir do segundo século que começaram as maiores divergências ou
controvérsias em relação às doutrinas sobre Deus, Jesus Cristo e o Espírito Santo. O
primeiro herege mencionado em Atos 8.9-25 foi Simão, o mago, que quis comprar
105
HERESIOLOGIA I

a força do Espírito Santo, atitude que deu origem a simonia, 28 sempre condenada.
Após Simão aparece Marcião (ou Marción), que pretendia a reforma da Igreja
judaizada. Repudiava o Antigo Testamento, constatando que o mesmo não
apresentava os traços de misericórdia do Deus anunciado por Jesus Cristo,
distinguiu então, o Deus benévolo e Pai de Jesus, que salva livremente e por amor,
do Deus vingador e iroso do Antigo Testamento, Senhor deste mundo. No esforço
de afastar e eliminar do cristianismo todos os elementos judaicos das Escrituras
do Novo testamento, com o objetivo de “desjudaizar” a religião cristã, Marcião
depura dos escritos neotestamentários, os Evangelhos de Marcos, Mateus e João.
Elabora pessoalmente um cânon e contextos selecionados de Lucas e da tradição
paulina. De seu contato com os gnósticos, aceitou dois deuses. Marcião impôs
uma moral rígida, austera, interditando o matrimônio, o vinho e o uso de carne.
Desprezou também a criação, a matéria e o corpo, repudiando a ressurreição dos
mortos.
Outro movimento herético surgido nos primórdios do cristianismo foi o
gnosticismo, cujo objetivo foi confundir a fé dos primeiros cristãos, pois objetivava
transformar o cristianismo em mistérios sincretistas, reunindo elementos
filosóficos e religiosos, oriundos do Oriente, e os fundido com o cristianismo. O
nome provém da palavra grega “gnosis”, que significa “conhecimento” ou
“sabedoria”.
Em resumo acreditavam ser a matéria, incluindo o corpo, uma prisão
inerentemente limitante ou até mesmo um obstáculo maligno para a boa alma ou
espírito do ser humano e que o espírito, essencialmente divino, uma “centelha de
Deus”, habitava o túmulo do corpo. Para todos os gnósticos, a salvação significava
alcançar um tipo especial de conhecimento que não seria geralmente conhecido
pelos cristãos comuns nem sequer estaria à sua disposição. Tal gnoses ou
conhecimento implicava reconhecer a verdadeira origem celestial do espírito, sua
natureza divina essencial, como uma parte do próprio ser de Deus (como afirmam
hoje os adeptos da Nova Era).
O montanismo surgiu na Frígia, no segundo século, cujo líder chamava-se
Montano, identificado como o “parácleto”. Seus adeptos chamavam esse movimento
de
28. Tráfico de coisas sagradas ou espirituais, tais como sacramentos, dignidades, benefícios eclesiásticos, etc. Dicionário Aurélio.

106
HERESIOLOGIA I

Nova Revelação e Nova Profecia e seus oponentes de Montanismo.


Montano reuniu em volta de si um grupo de seguidores em Papuza e construiu ali
uma comunidade. Duas mulheres, Priscila e Maximila, uniram-se a ele e o trio passou
a profetizar. A característica mais excêntrica do montanismo foi sua mensagem
escatológica: o breve retorno de Cristo e a inauguração de Jerusalém celestial. Aqui fica
uma advertência: sempre e onde quer que for que a profecia de um líder espiritual for
elevada a uma posição igual ou superior às Escrituras, lá estará o montanismo em
ação.
O donatismo foi outra heresia que surgiu no seio da Igreja nascente e que
provocou um verdadeiro cisma na Igreja em 312. O líder principal e o teólogo
incentivador chamavam-se, ambos, Donato. Julgavam-se, assim, os donatistas, como
sendo os autênticos herdeiros da verdadeira Igreja. Isso os tornava conservadores em
termos litúrgicos, nomeando seus próprios bispos, incentivavam o martírio voluntário
como meio eficaz de apagar os pecados cometidos após o batismo. Opunham-se ao
monarquismo e continuavam usando a Bíblia africana, enquanto a Igreja romana já lia
a Vulgata.
Por essas razões a verdadeira Igreja era donatista, pois só ela se conservava
“santa e imaculada”. Faz-te lembrar de algumas denominações da atualidade? Por
exemplo, as Testemunhas de Jeová, os Mórmons, os Adventistas do Sétimo Dia, etc.
O pelagianismo surgiu para se contrapor ao gnosticismo maniqueísta. Seu
principal expoente foi Pelágio, para quem o homem sozinho podia praticar o bem;
não existia pecado original; era contra o batismo e a remissão dos pecados. Para
ele o sacrifício de Cristo não teve objetivo. No século dezoito, essas idéias foram
tomadas pelo jansenismo.
Doutrina atribuída a Pelágio e a seu discípulo Celéstio:
1. Adão foi criado mortal e teria morrido com pecado ou sem pecado;
2. O pecado de Adão prejudicou somente a ele, e não à estirpe humana;
3. A Lei conduz ao reino tão bem quanto o Evangelho;
4. Houve homens sem pecados antes da vinda de Cristo;
5. As crianças recém-nascidas estão nas mesmas condições de Adão antes
da queda;
6. Não é através da queda ou morte de Adão que morre toda a raça humana,
107
nem é através da ressurreição de Cristo que ele ressurgirá.
Ainda outros pontos foram levantados contra ele, sob fiança de seu próprio
nome:
- que o homem, querendo-o, pode estar sem pecado;
- que as crianças, mesmo morrendo sem batismo, gozam a vida eterna;
- que os ricos, ainda que batizados, não terão méritos em qualquer caridade
que façam, a menos que abandone tudo o que possuem; do contrário, não
entrarão no Reino de Deus.29

Celéstio foi combatido no Sínodo de Cartago, em 412 d.C., e condenado.


Pelágio foi combatido na Palestina por Jerônimo, mas dois sínodos, em 415 d.C.,
aprovaram sua doutrina. A Igreja Africana negou seu reconhecimento às decisões
da Palestina. Dois sínodos, em 416 d.C., novamente condenaram Celéstio, no que
foram aprovados por Inocêncio I. Mas, morrendo o Papa Inocêncio, seu sucessor, o
Papa Zósimo, deu apoio a Pelágio e Celéstio. O concílo de Cartago, porém,
definitivamente condenou as idéias pelagianas. Mais uma vez conseguiram-se
editos imperiais contra os hereges e, finalmente, Zósimo concordou com o ponto
de vista africano. Muitos bispos, no entanto, subscreveram com reticências, e
dezoito foram depostos.
O arianismo perturbou o cristianismo por muitos anos e foi muito perigoso. Seu
fundador foi Ário, pormenores de sua vida são desconhecidos, talvez tenha nascido
na região da África do Norte onde atualmente está a Líbia.
A controvérsia surgiu na cidade de Alexandria, quando Licínio ainda
governava no leste e Constantino no oeste. Tudo começou com uma série de
desacordos teológicos entre Alexandre, bispo de Alexandria, e Ário, um dos
presbíteros de mais prestígio e popularidade na cidade.
Ário tinha a idéia dominante que era o princípio monoteísta, ou seja, há um só Deus
eterno que não é criado, não gerado, não originado. Para Ário, o  (logos)30 era uma
espécie de energia divina que encarnara no homem Jesus, e esse  teve um
princípio, um começo, uma criação. O verbo, numa certa altura da história, foi criado por
29. BETTENSON, H. Documentos da Igreja Cristã. São Paulo: Aste, 1998, p. 104.
30.  (logos) é traduzido por Verbo em João 1.1: “No Princípio era o Verbo (logos)”.

108
HERESIOLOGIA I

Deus, se bem que antes de toda criação. Jesus não tinha essência divina, pois o 
encarnou no homem Jesus que é uma criatura, sendo a primeira criatura feita por Deus
Pai, e portanto uma criatura não pode ter a mesma essência/substância do Criador.
Para Ário Jesus é um ser mutável e foi chamado Filho de Deus devido à sua glória
futura, à qual foi escolhido. O Filho não tem como ser igual ao Pai, mas está acima de
todas as outras criaturas inclusive o homem, por isso não é errado venerar o Filho. Ário
via em Jesus um ser intermediário entre Deus e os homens, mas Deus é somente o Pai
que é Uno e Indivisível. Ele abalou a época com suas idéias, porém não fora com
argumentos vazios, mas fundamentou-se nas Escrituras para apoiar a sua idéia.
Assim estava formado o conflito e se tornou público quando Alexandre,
reunido no sínodo em Alexandria em 318, condenaram Ário e seus ensinos a
respeito de Cristo como heréticos e depuseram de sua condição de presbítero. Foi
ele obrigado a deixar a cidade. Inconformado buscou consolo de seu antigo amigo
Eusébio de Nicomédia, que já era bispo influente. Ambos começaram a persuadir
os bispos que não compareceram ao sínodo de Alexandria.
Logo houve protestos populares na cidade de Alexandria, onde o povo
marchava pelas ruas cantando as máximas teológicas de Ário. Os bispos a quem
havia escrito responderam que Ário estava com a razão e que Alexandre estava
ensinando falsas doutrinas.
O imperador Constantino resolveu intervir enviando o bispo Ósio de Córdoba,
seu conselheiro em assuntos eclesiásticos, para que tentasse reconciliar este
conflito. Ósio constatou que as raízes teológicas do conflito eram profundas e que
a questão não poderia ser resolvida individualmente.
Diante desse fato, o Imperador ordenou que todos os bispos cristãos
comparecessem para deliberar a respeito da pessoa de Cristo e a Trindade, em uma
reunião que ele presidiria em Nicéia, em 325. A grande assembléia realizou-se com a
presença de 318 bispos católicos e, somente 22 eram declaradamente arianos desde o
início.31 O próprio Ário não obteve licença para participar do Concílio por não ser
bispo. Foi representado por Eusébio de Nicomédia e Teogno de Nicéia. Alexandre de
Alexandria dirigiu o processo jurídico contra Ário e o arianismo sendo auxiliado por
seu jovem assistente
31. AGOSTINHO, Santo. A Trindade. São Paulo: Editora Paullus. 2ª ed. 1994, p. 11.

109
HERESIOLOGIA I

Atanásio, que viria a sucedê-lo no bispado de Alexandria poucos anos depois.


Neste Concílio chegou-se a seguinte fórmula, conhecida como Credo de Nicéia:
Cremos em um só Deus, Pai onipotente, criador de todas as coisas visíveis e
invisíveis; e em um só Senhor, Jesus Cristo, o Filho de Deus, gerado pelo Pai,
unigênito, isto é, sendo da mesma substância32 do Pai, Deus de Deus, Luz da Luz,
Deus verdadeiro do Deus verdadeiro, gerado não feito, de uma só substância33 com
o Pai, pelo qual foram feitas todas as coisas, as que estão no céu e as que estão na
terra; o qual, por nós homens e por nossa salvação, desceu, se encarnou e se fez
homem34, e sofreu e ressuscitou ao terceiro dia, subiu ao céu, e novamente deve
vir para julgar os vivos e os mortos; e no Espírito Santo.
E a todos que dizem: “Ele era quando não era”, e
“Antes de nascer, Ele não era”, ou que
“foi feito do não existente”,35
bem como aqueles que alegam ser o Filho de Deus
“de outra substância ou essência”, ou
“feito”, ou “mutável”,36
ou “alterável “37
a todos esses a Igreja Católica e Apostólica anatematiza.38

Com este credo, que depois foram acrescentadas diversas cláusulas – e foram
tirados os anátemas do último parágrafo – se tornou a base do que hoje chamamos
de Credo Niceno, o credo cristão universalmente mais aceito.

32. Ek tes oysías toy patrós – “do mais intímo ser do Pai” – unido inseparavelmente.
33. Homooysion to patrí – ser único intimamente com o Pai; embora distintos em existência, estão essencialmente unidos.
34. Enanthôpésanta – tomando sobre si tudo aquilo que faz homem ao homem, alargando sarkôthénta, “fez-se carne”; ou, talvez, “viveu
como homem entre os homens”, alargando e salvaguardando o credo de Cesaréia “viveu entre os homens”, em anthrôpis politeysámenon.
Mas isto parece menos provável.
35. Eks oyk óntôn –“do nada”.
36. Isto é, moralmente mutável.
37. Isto é, moralmente mutável.
38. BETTENSON, H. Documentos da Igreja Cristã. São Paulo: Aste, 1998, p. 62.

110
HERESIOLOGIA I

CARACTERÍSTICAS DOUTRINÁRIAS
DE UMA SEITA
Existem várias características comuns às seitas falsas, destacaremos alguns
que entendemos serem essenciais:

5.1 TÊM OUTRAS FONTES DOUTRINÁRIAS ALÉM DA BÍBLIA

Em algumas seitas a Bíblia é respeitada, mas sempre acrescentada de


interpretações de seu profetas ou fundadores. A evidência é que a Bíblia apenas não
basta, o grupo acrescenta algo à Bíblia. Os escritos de seus líderes tornam-se regras de
fé igualmente os escritos sagrados da Bíblia, negando a autoridade única das
Escrituras. Porexemplo:

5.1.1 A Igreja Adventista do Sétimo dia

As visões de Ellen Gould White constituem o cânone do Adventismo; suas


revelações são consideradas como o “dom de profecia”. Seus adeptos acreditam
que os escritos de Ellen Gould White são inspirados tanto quanto os livros da
Bíblia o foram. Afirmam: “Cremos que: Ellen White foi inspirada pelo Espírito Santo,
e seus escritos, o produto dessa inspiração, têm aplicação e autoridade especial para
os adventistas do sétimo dia. Negamos que a qualidade ou grau de inspiração dos
escritos de Ellen White sejam diferentes dos encontrados nas Escrituras Sagradas”.39
Essa declaração é altamente comprometedora. Várias profecias proferidas e
escri-
111
39. Revista Adventista (fevereiro/1994), p. 37.

HERESIOLOGIA I

tas por Ellen White não se cumpriram. Certo escritor adventista de renome assim
se pronunciou sobre Ellen Gould White: “Tudo quanto disse e escreve foi puro,
elevado, cientificamente correto e profeticamente exato. A irmã White jamais
escreveu uma inverdade nem fez predições que não se cumprissem”.40

Vejamos uma dessas predições para verificarmos se estão elas dentro do


padrão do escritor mencionado:

A Porta da Graça Fechada

“Por algum tempo depois da decepção de 1844, mantive, juntamente com o


corpo do advento, que a porta da graça estava para sempre fechada para o mundo.
Este ponto de vista foi adotado antes de minha primeira visão. Foi à luz a mim
concedida por Deus que corrigiu o nosso erro, e habilitou-nos a ver a verdadeira
atitude”.41

5.1.2 As Testemunhas de Jeová (TJ)

Acreditam que somente com a interpretação do Corpo Governante (diretoria


das Testemunhas de Jeová, formada por um número variável entre 9 e 14 pessoas,
nos Estados Unidos da América), a Bíblia será entendida. Afirma o “Canal de
comunicação de Jeová” (o Corpo Governante): “Meramente ter a Palavra de Deus e
lê-la não basta para adquirir o conhecimento exato que coloca a pessoa no caminho
da vida”.42 “A menos que estejamos em contato com este canal de comunicação
usado por Deus, não avançaremos na estrada da vida, não importa quanto leiamos
a Bíblia”.43 Com estas palavras, acreditam que a Bíblia não pode ser entendida sem
a revista A Sentinela e sem a Sociedade Torre de Vigia.

40. Subtilezas do Erro, p. 30, 42.


41. Mensagens Escolhidas,. Vol I, p. 63.
42. A Sentinela, de 1º de setembro de 1991, p. 19.
43. NETO, Paiva. LIVRO DE DEUS, P. 213.

112
HERESIOLOGIA I

5.1.3 Os Mórmons

Em suas regras de fé (nº 8) afirmam: “Cremos ser a Bíblia a palavra de Deus,


desde que esteja traduzida corretamente; também cremos ser o Livro de Mórmon a
palavra de Deus”. Embora isso pareça dar entender que os mórmons confiam na
Bíblia, na verdade eles acreditam que ela foi adulterada e corrompida. Asseveram
que o Livro de Mórmon é a palavra de Deus enquanto que a Bíblia contém a
palavra de Deus. Outros livros também são considerados inspirados como: Pérola
de Grande Valor e Doutrinas e Convênios. Ouçamos o que Talmage, um dos apóstolos
mórmons, declarou: “a Igreja Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias aceita a
Bíblia como o principal de seus livros canônicos, o primeiro entre os livros que foram
proclamados, como sua norma escrita quanto à fé e doutrina. Quanto à santidade
com que consideram a Bíblia, os Santos dos Últimos Dias professam o mesmo que as
denominações cristãs em geral, porém se distinguem delas por também admitirem
como autênticas e santas outras Escrituras que concordem com a Bíblia e servem
para apoiar e fazer ressaltar seus fatos e doutrinas”.44

5.1.4 Os Meninos de Deus (A Família)

Chegaram ao Brasil em 1973. Suas escrituras básicas são as Cartas de Mo


escritas por seu líder cujo nome é David Brandt Berg, nascido em 1919 nos
Estados Unidos. Suas doutrinas enfatizam Berg como o único profeta e afirmam
que o Apocalipse já chegou; o amor livre é natural.

5.1.5 Igreja da Unificação

Moon, fundador da Igreja da Unificação e escritor do livro “O Princípio Divino”


afirma ser seu livro a última revelação de Deus para a humanidade. Neste livro
está escrito que “talvez desagrade os crentes religiosos, especialmente aos cristãos,

44. TALMAGE, James E. Um Estudo das Regras de Fé. São Paulo: Missão Brasileira, 1958, p. 220.

113
HERESIOLOGIA I

aprenderem que deve surgir uma nova expressão da verdade. Acreditam que a
Bíblia que agora têm é perfeita e absoluta em si mesma. A verdade, logicamente, é
única, eterna, imutável e absoluta. A Bíblia, porém, não é a própria verdade, senão
um livro de texto que ensina a verdade”.45 Se a Bíblia não é a própria verdade como
o Rev. Moon afirma então a que deve ser comparada a Bíblia? O Princípio Divino
responde: “A escritura pode ser comparada a uma lâmpada que alumia a verdade.
Sua missão é espalhar a luz da verdade. Quando uma luz mais brilhante aparece,
extingue-se a missão da antiga. Todas as religiões de hoje falharam em conduzir a
presente geração do vale escuro da morte para o brilho da vida, de forma que deve
agora surgir uma nova verdade, que possa espalhar uma nova luz”.46 De novo surge
outra dúvida: Qual será o fim da Bíblia? Interpretando Mateus 24.29, o livro
responde: “o sol escurecerá, a lua não dará a sua luz, as estrelas cairão do
firmamento...” explica: “Naturalmente, aqui a luz do sol significa a luz das palavras
de Jesus, e a luz da lua significa a luz do Espírito Santo, que veio como o Espírito de
verdade (João 16.13). Por isto, o fato de que o sol e a lua perderam sua luz significa
que as Palavras do Novo Testamento faladas por Jesus e o Espírito Santo perderão a
sua luz”.47 “Os cristãos de hoje, que são prisioneiros das palavras da Sagrada
Escritura, certamente criticarão as palavras e a conduta do Senhor do Segundo
Advento”.48 O Rev. Moon se intitula como sendo o Messias prometido nas Escrituras
e que suas palavras registradas no livro “Princípio Divino” são as novas revelações
de Deus para a humanidade.

5.1.6 Os Espíritas Kardecistas

Os espíritas têm os ensinos codificados por Hippolyte Léon Denizard Rivail


(Allan Kardec) como sendo a última revelação de Deus, como ele escreveu: “A lei
do Antigo Testamento teve em Moisés a sua personificação; a do Novo Testamento a
tem no Cristo. O Espiritismo é a terceira Revelação da Lei de Deus, mas não tem a
personificá-la nenhuma individualidade, porque é fruto do ensino
45. O Princípio Divino. p. 7.
46. O Princípio Divino. p. 7.
47. Princípio Divino. p. 91
48. Princípio Divino. p. 398.

114
HERESIOLOGIA I

dado, não por um homem, mas pelos Espíritos”.49 Continua ele: “Todas as verdades se
encontram no Cristianismo. Os erros que nele se arraigaram são de origem humana”.50
Segundo Kardec quando seus ensinos concordam com a Bíblia ela é a Palavra de Deus,
quando ao contrário, o erro foi daqueles que a interpretaram erroneamente.
A Palavra de Deus nos dá uma definição clara quanto às atividades espíritas e
suas origens: “Ficarão de fora os cães, os feiticeiros, os adúlteros, os homicidas,
os idólatras, e todo aquele que ama e pratica a mentira” (Apocalipse 22.15; 21.8;
Êxodo 22.18; Isaías 47.9; 2 Crônicas 33.6; Deuteronômio 18.10-11).

Resposta Apologética – A maioria das seitas afirmam respeitar os


ensinamentos da Bíblia. Muitas delas chegam a afirmar a inspiração divina das
Sagradas Escrituras como nós lemos acima, mas os ensinos da Bíblia são apenas
uma parcela da revelação de Deus, e que Ele tem falado, ou continua falando de
uma forma extrabíblica, à parte das Escrituras, não levando em consideração a
admoestação do apóstolo João em Apocalipse que diz: “Porque eu testifico a todo
aquele que ouvir as palavras da profecia deste livro que se alguém lhes
acrescentar alguma coisa, Deus fará vir sobre ele às pragas que estão escritas
neste livro; E, se alguém tirar quaisquer palavras do livro desta profecia, Deus
tirará a sua parte da árvore da vida, e da cidade santa, que estão escritas neste
livro” (Apocalipse 22.18-19). Os adeptos das seitas por não conhecerem a Bíblia,
acreditam nas doutrinas heréticas, aceitando as supostas revelações extrabíblicas.
Algumas vezes estas revelações acontecem por intermédio de um anjo, de um
sonho ou de uma visão, cujas palavras têm a mesma autoridade, ou maior
autoridade do que as Santas Escrituras. Porém, para nós cristãos, a Palavra de
Deus é a revelação final e completa de Deus e não pode ser substituída por
qualquer outra revelação. O apóstolo Paulo preocupado com a igreja da Galácia
escreveu: “Maravilho-me de que tão depressa passásseis daquele que vos chamou
à graça de Cristo para outro evangelho, o qual não é outro, mas há alguns que vos
inquietam e querem transtornar o evangelho de Cristo. Mas, ainda que nós
mesmos ou um anjo do céu vos anuncie outro evangelho além do que já vos tenho

anunciado, seja anátema” (Gálatas 1.6-8). Preci-


49. Kardec, Allan. Evangelho Segundo o Espiritismo.Obra Completa. São Paulo: Editora Opus, p. 534.
50. Kardec, Allan. Evangelho Segundo o Espiritismo.Obra Completa. São Paulo: Editora Opus, p.564.
samos dedicar-nos ao estudo sistemático da Palavra de Deus para podermos estar
“... sempre preparados para responder com mansidão e temor a qualquer que vos
pedir a razão da esperança que há em vós” (1 Pedro 3.15). A Bíblia nos chama a
apresentarmos “a Deus aprovado, como obreiro que não tem do que se
envergonhar, que maneja bem a palavra da verdade” (2 Timóteo 2.15).
Questionar a Bíblia é questionar a autoridade e a fidelidade de Deus e de nosso
Senhor Jesus (Números 23.19; Isaías 55.11; Jeremias 1.11-12; Mateus 22.29; 24.35).

5.2 A TRINDADE NÃO É O CENTRO DAS ATENÇÕES

As seitas não dão o devido valor à doutrina da Trindade, ou chegam mesmo a


negá-la inteiramente. O grupo subtrai algo da pessoa do Espírito Santo, do Senhor
Jesus, e de Deus Pai.

A. O Espírito Santo

Igreja da Unificação (do Rev. Moon)

No livro “Princípio Divino” da Igreja da Unificação se lê: “Contudo, somente


um pai não pode ter filhos. Deve haver uma Verdadeira Mãe com o Verdadeiro Pai, a
fim de darem renascimento aos filhos decaídos como filhos do bem. Ela é o Espírito
Santo. É por isso que Jesus disse a Nicodemos que quem não nascer de novo pelo
Espírito Santo não pode entrar no Reino de Deus (João 3.5). Há muitos que
recebem revelações indicando que o Espírito Santo é um Espírito feminino”.51

Testemunhas de Jeová

Ensina a Sociedade Torre de Vigia: “Quanto ao Espírito Santo, a suposta


terceira Pessoa da Trindade, já vimos que não se trata duma pessoa, mas da força
ativa de Deus. João, o Batizador, disse que Jesus batizaria com espírito santo, assim
como João batizava em água. Portanto, assim como a água não é pessoa, tampou-

51. Princípio Divino. p. 162. 116


HERESIOLOGIA I

co o espírito santo é pessoa”.52 Dizem que o Espírito Santo não é uma pessoa
inteligente, mas sim uma força impessoal, invisível e ativa. Assim, o Espírito Santo
nada mais é do que um poder ou influência de Deus para executar a sua vontade.

Legião da Boa Vontade

O que é a LBV? Responde Paiva Neto: “é a Religião de Deus, trazida


pessoalmente por Jesus e confiada ao Espírito Santo – os Espíritos que já se
santificaram e são os Guias Espirituais da Humanidade”.53 E quem é o Espírito
Santo? Ele também responde: “Já sabeis que, sob a designação simbólica de
ESPÍRITO SANTO, se compreende o conjunto dos Espíritos do Senhor”.54 Diz ainda
que o Espírito Santo é uma falange “dos Espíritos Puros que formam o Espírito
Santo...”.55 Para a LBV o Espírito Santo são vários espíritos que passaram por várias
reencarnações para se cheguem ao estado de “Espírito Puro” e depois a reunião
coletiva deles formam o “Espírito Santo”.

Espiritismo Kardecista

Observe esta declaração de Kardec: “Reconhece-se que o Espiritismo realiza


todas as promessas do Cristo a respeito do Consolador anunciado. Ora, como é o
Espírito de Verdade que preside ao grande movimento da regeneração, a promessa
da sua vinda acha-se por essa forma realizada, porque, de fato, ele é o verdadeiro
Consolador”.56 Para Kardec o “consolador é... a personificação de uma doutrina
soberanamente consoladora”.57 Ele entendia que os ensinos de Jesus não foram
completos e que o Espiritismo sendo o “consolador” suplantou o cristianismo e
ainda “tendo raízes em todas as crenças converterá a humanidade”.58

52. Poderá Viver para Sempre no Paraíso na Terra. STV. p. 40.


53. NETO, Paiva. O LIVRO DE DEUS, p. 114.
54. NETO, Paiva. A Saga de Alziro Zarur II, p. 197.
55. NETO, Paiva. LIVRO DE DEUS, p. 213.
56. Kardec, Allan. A Gênese. Obras Completas. São Paulo: Editora Opus, p. 888.
57. Kardec, Allan. A Gênese. Obras Completas. São Paulo: Editora Opus, p. 1042.
58. Kardec, Allan. A Gênese. Obras Completas. São Paulo: Editora Opus, p. 1042.

117
HERESIOLOGIA I

Ciência Cristã (Mary Baker Eddy)

“Nas palavras de S. João: ele vos dará outro Consolador, a fim de que esteja
para sempre convosco. Esse Consolador, no meu entender, é a Ciência Divina”.59 A
declaração de que o Espírito Santo é a Ciência Cristã se assemelha ao ensino
espírita sobre o prometido Consolador.

Igreja Apostólica “Vó Rosa”

A Igreja Apostólica surgiu depois de 1954, em São Paulo, através de um


trabalho do missionário norte-americano William Scheiffer. Posteriormente
substituído por Eurico Mattos Coutinho, que se auto-proclamou bispo e começou a
dar ênfase à Virgem Maria, por causa de muitos católicos interessados. Sua
Conselheira, Sra. Rosa, proclamou-se profetisa sendo mais tarde identificada com
o próprio Espírito Santo. Seus seguidores afirmam, com muita ênfase, que o
CONSOLADOR prometido é a pessoa da “Santa Vó Rosa”. Desde quando esta
faleceu num acidente de trânsito na cidade de Poá, Estado de São Paulo no dia 26 de
outubro de 1970, com 76 anos de idade, os líderes interpretam sua morte como
um “arrebatamento” 60 e ensinam que: “Jesus cumpriu sua promessa enviando o
Consolador, a Santa Vó Rosa, que, através da Igreja Apostólica, tem convencido a
muitos a respeito da verdade, da justiça e do juízo divinos”.61 “A Santa Vó Rosa
nasceu nesta terra para se tornar o Espírito Consolador enviado pelo Pai”.62 Nada
se pode falar contra a “Santa Vó Rosa, o Consolador”, pois abrir a boca ou escrever
criticando seus ensinos é cometer o pecado imperdoável: a blasfêmia contra o
Espírito Santo. “Um pregador, por exemplo, que não creia na doutrina tal qual nós
ensinamos nesta igreja, se ele não abrir a sua boca para combatê-la, e se não tomar
atitude de oposição, não chegará a blasfemar; mas se o fizer, ainda que seja com o
intuito de defender seu povo de vista, irá blasfemar contra o Espírito Santo que
nos ensina a pregá-la. Se pregar contra a Santa Vó Rosa, peca contra o Espírito

Santo a quem Ela representa”.63


59. EDDY, Mary Baker. Ciência e Saúde com a Chave das escrituras, p. 55.
60. Igreja Apostólica, Nossa história, Nossas vitórias. p. 71
61. O Espírito Santo de Deus e o Consolador, p. 60.
62. Igreja Apostólica, Nossa história, Nossas vitórias. p. 13.
63. O Espírito Santo de Deus e o Consolador, p. 152.
118
HERESIOLOGIA I

Resposta Apologética: É essencial que os crentes reconheçam a importância


do Espírito Santo em suas vidas. Ele convence-nos do pecado (João 16.7-8),
revela-nos a verdade a respeito de Jesus (João 14.16,26), realiza o novo
nascimento (João 3.3-6), e faz-nos membros do corpo de Cristo (1 Coríntios
12.13). Na conversão, os cristãos recebem o Espírito Santo (João 3.3-6; 20.22) e se
torna co-participantes da natureza divina (2 Pedro 1.4). O Espírito Santo passa a
habitar no crente, influenciando sua vida de modo a viver uma vida santa
(Romanos 8.9; 1 Coríntios 6.19), longe do pecado (Romanos 8.2-4; Gálatas 5.16-
17; 2 Tessalonicenses 2.13). Ele testifica que somos filhos de Deus (Romanos
8.16), ajuda-nos na adoração a Deus (Atos 10.45-46; Romanos 8.26-27) e na nossa
vida de oração, e intercede por nós quando clamamos a Deus (Romanos 8.26-27).
Nos guia em toda a verdade (João 16.13; 14.26; 1 Coríntios 2.10-16), nos consola e
ajuda (João 14.16; 1 Tessalonicenses 1.6). Examinaremos agora alguns
ensinamentos bíblicos a respeito da pessoa do Espírito Santo:

Ao atribuir-lhe personalidade, verifica que Ele não é uma energia impessoal, é


um ser pessoal, inteligente, com vontade e determinação próprias. Que o Espírito
Santo é uma pessoa, fica evidente pelas atribuições que a Palavra de Deus faz a
Ele, como lemos:

Ele sonda as coisas profundas de Deus Pai – 1 Coríntios 2.10;


Ele fala – Mateus 10.20; Atos 8.39; Atos 10.19-20; Atos 13.2; Apocalipse 2.7;
Ele ensina – Lucas 12.12; João 14.26; 1 Coríntios 2.13;
Ele conduz e guia – João 16.13; Romanos 8.14;
Ele intercede – Romanos 8.26-28;
Ele dispensa dons – 1 Coríntios 12.7-11;
Ele chama homens para o seu serviço – Atos 13.2; Atos 20.28;
Ele se entristece – Efésios 4.30;
Ele dá ordens – Atos 16.6-7;
Ele ama – Romanos 15.30;
Ele pode ser resistido – Atos 7.51.

A palavra hebraica para Espírito é “ruach” que pode ser traduzida por “Espírito
de Deus”, “Espírito de YAHWEH”, “teu Espírito”, “Espírito Santo”, “espírito do
119
9
homem”, “vento”, “sopro” e “respiração”. A Septuaginta, versão grega do Antigo
Testamento, traduziu “ruach” pela palavra grega “pneuma”, que é um substantivo
neutro. Logo, ele não pode ser considerado uma mulher como afirma o Rev Moon.
Ele é revelado com sua própria individualidade (2 Coríntios 3.17-18; Hebreus 9.14;
1 Pedro 1.2). O Espírito Santo é uma Pessoa Divina como o Pai e o Filho como
afirma as Escrituras: “... para que mentiste ao Espírito Santo, retendo parte do
preço da propriedade?... Porque formaste este desígnio em teu coração? Não
mentiste aos homens, mas a Deus” (Atos 5.3-4), não é mera influência ou poder.

b. Jesus Cristo

As Testemunhas de Jeová

Acreditam que Jesus seja o arcanjo Miguel, como se lê em uma de suas


literaturas: “Jeová criou querubins, serafins e muitos outros anjos para fazerem a
sua vontade nos céus. Jesus Cristo é o Arcanjo sobre e acima de todos esses”.64

64. Poderá Viver Para Sempre no Paraíso na Terra. STV. p. 40.

120
9
HERESIOLOGIA I

Maçonaria

Vê Jesus simplesmente como mais um fundador de religião, ao lado de


personalidades mitológicas, ocultistas ou religiosas, tais como, Orfeu, Hermes,
Trimegisto, Krishna, (o deus do Hinduísmo), Maomé (profeta do Islamismo), entre
outros. Se negarmos o sacrifício de Jesus Cristo e sua vida, estaremos negando
também o Antigo Testamento, que o mencionava como Messias. Ou cremos
integralmente na Palavra de Deus como revelação completa e, portanto, nas
implicações salvíficas que há em Jesus Cristo, ou a rejeitamos integralmente. Não
há meio termo.

A Legião da Boa Vontade (LBV)

Subtrai a natureza humana de Jesus, dizendo que Jesus possui apenas um


corpo aparente ou fluídico, além de negar sua divindade, dizendo que ele “jamais
afirmou que fosse Deus”.65

Espíritas Kardecistas

No livro Obras Póstumas, Allan Kardec fez um estudo sobre a natureza de Cristo
de quatorze páginas, com a intenção de provar que Jesus não era Deus. Ao final ele
afirma: “Se Jesus ao morrer, entrega sua alma nas mãos de Deus, é que ele tinha uma
alma distinta da de Deus, subordinada a Deus e, portanto ele não era Deus”.66

Resposta Apologética: Saber quem é Jesus Cristo é algo tão importante quanto
o que Ele fez. Muitos acreditam que ele esteve na terra, fez muitos milagres e muitas
outras coisas. A dificuldade para alguns é quem é Cristo? Que tipo de pessoa Ele é?
A Bíblia afirma ser a autoridade final na determinação de questões doutrinárias (2
Timóteo 3.16-17). A Palavra de Deus não permite novos ensinamentos que possam
alterar seu conteúdo ou fazer-lhe acréscimos. O apóstolo Paulo disse: “Mas, ainda
que nós mesmos ou um anjo do céu vos anuncie outro evangelho além do que já
vos anunciamos, seja anátema” (Gálatas 1.8). Ao considerar a divindade de Cristo,

121
65. ZARUR, Alziro. Doutrina do céu da LBV. p. 108, 112.
66. KARDEC, Allan. Obras Póstumas. Ed. Opus. Obras Completas. p. 1146.

a questão não reside em “se é fácil crer nessa divindade, ou mesmo compreendê-la”,
mas se ela é ensinada na Palavra de Deus. A Bíblia ensina que Deus não pode ser
compreendido pela mente humana (Jó 11.7; 42.2-6; Salmos 145.3; Isaías 40.13; 55.8-
9; Romanos 11.33). Assim sendo devemos permitir que Deus dê a ultima palavra a
respeito de si mesmo, quer possamos ou não compreendê-la inteiramente. A Bíblia
ensina que Jesus é Deus: “No princípio era o Verbo, e o Verbo estava com Deus, e o
Verbo era Deus. Ele estava no princípio com Deus. Todas as coisas forma feitas por
meio dele, e sem ele nada do que foi feito se fez” (João 1.1-3; 20.28; Tito 2.13; 1 João
5.20). Jesus Cristo conferiu para si os nomes e títulos dados a Deus no Antigo
Testamento e também permitiu que outros assim o chamassem. Quando Jesus
reivindicou esses títulos divinos, os principais dos judeus ficaram tão irados que
tentaram matá-lo por blasfêmia. Ele reivindicou para si o nome mais respeitado
pelos judeus, tido como tão sagrado que eles sequer o pronunciavam: YHWH.
Deus revelou pela primeira vez o significado desse nome ao seu povo. Depois de
Moisés haver lhe perguntado por qual nome deveria chamá-lo, “ E disse Deus a Moisés:
EU SOU O QUE SOU. Disse mais: Assim dirás aos filhos de Israel: EU SOU me enviou a
vós” (Êxodo 3.14). “EU SOU” não é a tradução de YHWH. Todavia, trata-se de um
derivado do verbo “ser”, do qual também deriva o nome divino YAHWEH (YHWH) em
Êxodo 3.14. Portanto, o título “EU SOU O QUE SOU” indicado por Deus a Moisés é a
expressão mais plena de seu ser eterno, abreviado no versículo 15 para o nome
divino YHWH. A Septuaginta, a versão grega do Antigo Testamento hebraico, traduziu o
primeiro uso da expressão “EU SOU” em Êxodo 3.14 por “ego eimi” no grego.
Em várias ocasiões Jesus empregou o termo “ego eimi” referindo-se a si mesmo, na
forma unicamente usada para Deus. Um exemplo claro é aquele em que “disseram- lhe
pois os judeus: Ainda não tens cinqüenta anos, e viste Abraão? Disse:lhe Jesus:: Em
verdade, em verdade vos digo que antes que Abraão existisse eu sou. (no grego: “ego
eimi”). Então pegaram em pedras para lhe atirarem; mas Jesus ocultou-se, e saiu do
templo, passando pelo meio deles, e assim se retirou.” (João 8.57-59). Jesus atribuiu esse
título a si mesmo também em outras ocasiões. Neste mesmo capítulo Ele declarou: “Por
isso vos disse que morrereis em vossos pecados, porque, se não crerdes que eu sou (no
grego: “ego eimi”), morrereis em vossos pecados” (João 8.24). Disse ainda: “Quando

122
HERESIOLOGIA I

levantardes o Filho do homem, então conhecereis quem eu sou, (no grego:“ego eimi”) e
que nada faço por mim mesmo; mas falo como o Pai me ensinou.” (João 8.28). Quando os
guardas do templo, juntamente com os soldados romanos foram prendê-lo na noite
anterior à crucificação, Jesus perguntou-lhes: “A quem buscais? Responderam-lhe: A
Jesus Nazareno. Disse-lhes Jesus: Sou eu (no grego: ego eimi”). Quando Jesus lhes disse:
Sou eu (no grego: “ego eimi”), recuaram e caíram por terra” (João 18.4-6).
Não resta dúvida quanto a quem os líderes judaicos pensavam que Jesus estava
proclamando ser. Fica, portanto bem claro que, na mente daqueles que ouviram essa
afirmação, não havia qualquer incerteza de que Jesus tivesse dito perante eles que
Ele era Deus. Essas afirmações foram consideradas blasfêmias pelos líderes
religiosos, e resultaram em Sua crucificação “porque se fez filho de Deus” (João
19.7).
Os atributos divinos que são dados a Deus Pai também o são encontrados em
Jesus, o que evidencia sua divindade, portanto o Filho é Deus como o Pai e o Espírito
Santo (Mateus 28.19; 2 Coríntios 13.13; Efésios 4:4-6, 1 Jo 5.7). Veja na tabela:

Espírito
Atributos Pai Filho Santo
Onipresença Jr 23.24 Ef 1.20-23 Sl 139.7

Onipotência Gn 17.1 Ap 1.8 Rm 15.19

Onisciência At 15.18 Jo 21.17 1 Co 2.10


Capacidade de
criar Gn 1.1 Jo 1.3 Jó 33.4

Eternidade Rm 16.26 Ap 22.13 Hb 9.14


Santidade Ap 4.8 At 3.14 1 Jo 2.20

Santificador Jo 10.36 Hb 2.11 1 Pe 1.2


Fonte de vida
Rm 6.23 Jo 10.28 Gl 6.8
eterna
Inspirador dos
Hb 1.1 2 Co 13.3 Mc 13.11
profetas
Salvador 2 Ts 2.13 Tt 3.4-6 1 Pe 1.2

Deus Ex 20.2 Jo 20.28 At 5.3-4

123
c. Deus Pai

Os Mórmons

Ensinam que Deus Pai já foi um homem antes de progredir até tornar-se Deus.
Segundo este ensino, Deus agora é um homem exaltado, e o próprio homem pode
se tornar um Deus. Um dos problemas que os mórmons têm com a afirmação de
que Deus uma vez já foi homem é: se Deus uma vez já foi homem, antes de se
tornar Deus, então o homem, de fato torna-se o criador, ou pelo menos o precursor
em evolução de Deus, em vez de Deus ser o criador do homem. Para deixarmos
bem claro qual é a verdadeira crença dos mórmons com relação à natureza de Deus,
damos a seguir uma série de citações tiradas de fontes reconhecidamente
mórmons, que revelam plenamente o que eles querem dizer quando falam de
“Deus”.

“O próprio Deus já foi como nós somos agora – ele é um homem exaltado,
entronizado em céus distantes! Esse é o grande segredo. Se o véu se rompesse
hoje, e o grande Deus que mantém este mundo em sua órbita, e que sustenta
todos os mundos e todas as coisas por seu poder, se fizesse visível – digo se vós
pudésseis vislumbrá-lo hoje, vê-lo-eis em forma de homem – como vós em toda
pessoa, imagem e na própria forma de um homem; pois Adão foi criado à própria
imagem e semelhança de Deus, e dele recebia instruções e com ele andava, falava
e conversava, exatamente como um homem fala e conversa com outro”.67

“Lembrai-vos de que Deus, nosso Pai Celestial, já uma vez talvez tivesse sido
uma criança, e mortal como nós somos e se elevou um passo na escala do
progresso, na escola do adiantamento”.68

“O Senhor criou a ti e a mim para o propósito de nos tornarmos Deuses como

67. SMITH, Joseph. Ensinos do Profeta José Smith. São Paulo: SUD, p. 336.
68. HYDE, Orson. Journal of Discourses. Vol. 1, p. 123; publicado por F. D. e S. W. Richards, Liverpool, 1854; edição reimpressa, Salt Lake
City, Utah, 1966.

124
HERESIOLOGIA I

ele próprio”.69

“Como o homem é, Deus foi; como Deus é, o homem poderá vir a ser”.70

“... vou contar-vos como Deus veio a ser Deus. Temos imaginado e suposto que
Deus é Deus desde o todo sempre. Eu refutarei esta idéia e retirarei o véu, para que
possais enxergar”.71

“Aqui, então, está a vida eterna – conhecer o único Deus sábio e verdadeiro; e
tereis que aprender como vos tornar deuses vós mesmos, e como serdes reis e
sacerdotes para Deus, da mesma forma como todos os deuses fizeram antes de vós,
isto é, passando de um pequeno degrau para outro, de outro, de uma capacidade
menos para outra maior; de graça em graça, de exaltação em exaltação, até que
consigais ressuscitar os mortos e sejais capazes de habitar em fulgores eternos e
de assentar-vos em glória, como aqueles que estão entronizados em poder
infinito”.72

Os Mórmons acreditam que Deus tem corpo físico. Além de ensinarem que
Deus é um homem exaltado, os mórmons e a doutrina mórmon afirma que Deus
tem corpo visível e material. A afirmação mórmon de que Deus é um homem
exaltado e que tem corpo físico tem levado os mórmons à cegueira espiritual
seguindo “seu profeta” Brigham Young que “profetizou”: “Adão... é nosso Pai e
nosso Deus, e o único Deus com quem devemos lidar”. De novo diz ele: “Jesus
Cristo não foi gerado pelo Espírito Santo”.73
Para corroborar esses ensinos citaremos ainda mais algumas autoridades
mórmons, quanto ao assunto proposto:

“O Pai possui um corpo de carne e ossos tão tangível como o do homem; o


69. YOUNG, Brigham. Journal of Discourses. Vol. 3, p. 93.
70. TALMAGE, James E. Um Estudo das Regras de Fé. São Paulo: Missão Brasileira, 1958, p. 389.
71. SMITH, Joseph. Ensinos do Profeta José Smith. São Paulo: SUD, p. 337.
72. SMITH, Joseph. Ensinos do Profeta José Smith; São Paulo: SUD, p. 338.
73. YOUNG, Brigham. Journal of Discourses. Vol. 1, p. 50-51.

125
HERESIOLOGIA I

Filho também; mas o Espírito Santo não possui um corpo de carne e ossos; mas é
um personagem de Espírito...”.74
“Cremos em Deus, o Pai Eterno, e em seu filho, Jesus Cristo, e no Espírito Santo.
Aceitamos esses três personagens como o supremo conselho governante nos
céus. O Pai e o Filho possuem tabernáculos de carne e ossos”.75
Poderíamos continuar citando passagens de muitos outros livros e
publicações oficiais mórmons, mas entendemos que essas bastam para provar o
fato.

Resposta Apologética – De acordo com a Bíblia, Deus jamais progrediu até


ser Deus; Ele sempre foi Deus. Está claro que o homem não existiu antes de Deus.
Claro também está que, visto como Deus declara que jamais haverá nenhum outro
Deus, os homens nunca se tornarão deuses. As Escrituras nos ensinam: “Antes que
os montes nascessem e se formassem a terra e o mundo, de eternidade a
eternidade [isto é, o passado para sempre, e para sempre futuro], tu és Deus”
(Salmo 90:2); com Deus “não pode existir variação, ou sombra de mudança” (Tiago
1:17); “Porque eu, o Senhor, não mudo” (Malaquias 3:6); “No princípio criou
Deus...” (Gênesis 1:1); “Assim, ao Rei eterno, imortal, invisível, Deus único, honra e
glória pelos séculos dos séculos. Amém” (1 Timóteo 1:17).

5.3 ENSINAM O HOMEM A DESENVOLVER SUA PRÓPRIA SALVAÇÃO

Ensinam os homens a se salvarem ou a desenvolverem sua própria salvação,


ou seja, pregam a auto-salvação. Crer em Jesus é importante, mas não é tudo. A
salvação é concebida por esforços humanos.

Seicho-No-Iê

Iniciada por Taniguchi Masaharu. Era adepto da seita Omotokio e se desiludiu


com o movimento, depois de crer em uma profecia da restauração da terra que
não se cumpriu em 1922. Nesse mesmo ano lançou a revista Seicho-No-Iê.
74. Doutrinas e Convênios. 130.22
75. SMITH, Joseph Fielding. Doutrinas de Salvação. Vol. 1.SUD, 1994, p. 1.

126
HERESIOLOGIA I

A obra básica do movimento contém 40 volumes, escrita por Tanaguchi,


intitulada Simei no Jissô (Verdade da Vida). Em 1940 o movimento foi registrado
como religião. Chegou ao Brasil em 1930 com os imigrantes japoneses, mas
fortaleceu-se depois de 1951, com sede na capital paulista, desde 1955. Negam a
matéria, a eficácia da obra redentora de Jesus e o valor de seu sangue para
remissão de pecados, chegando a dizer que “se o pecado existisse realmente, nem
os Budas todos do Universo conseguiriam extingui-lo, nem mesmo a cruz de Jesus
Cristo conseguiria extingui-lo”.76

Espíritas Kardecistas

Leon Dennis “o filósofo” do espiritismo moderno escreveu: “Não, a missão do


Cristo não era resgatar com o seu sangue os crimes da Humanidade. O sangue,
mesmo de um Deus, não seria capaz de resgatar ninguém. Cada qual deve
resgatar-se a si mesmo, resgatar-se da ignorância e do mal”.77 Kardec escreveu:
“Fora da caridade não há salvação”.78

Os Mórmons

Joseph Fielding Smith escreveu: “NÃO HÁ SALVAÇÃO SEM ACEITAÇÃO DE


JOSEPH SMITH”.79

Outras seitas pregam deter o monopólio da salvação como a Igreja da


Unificação do Rev. Moon, que despreza os cristãos por acharem que foram salvos
pelo sangue de Jesus que verteu na cruz.80 As Testemunhas de Jeová ensinam ser
impossível fazer a vontade de Deus fora da Sociedade Torre de Vigia. Uma de suas
obras diz: “Trabalhamos arduamente com o fim de obter nossa própria salvação”.81
Os adventistas crêem que a vida eterna só será concedida aos que guardarem a lei.
76. Taniguchi, Masaharu Kanro no hoou I-II-II. Chuvas de nectá-reas doutrinas. São Paulo: Igreja Seicho-No-Iê do Brasil, 1979 (sem
numeração de páginas).
77. DENNIS, Leon. Cristianismo e Espiritismo. Federação Espírita Brasileira. p. 85.
78. KARDEC, Allan. Evangelho Segundo o Espiritismo. Obra Completa. Federação Espírita Brasileira. p. 608.
79. SMITH, Joseph Fielding. Doutrinas de Salvação. Vol. 1. SUD, 1994, p. 206.
80. KIM, Young Moon. A teologia da Unificação. São Paulo: AES – UCM, 1986, p. 276.
81. Nosso Ministério do Reino (dezembro de 1984, p. 1). 127
HERESIOLOGIA I

A guarda obrigatória do Sábado é essencial para a salvação como escreveu Ellen


G. White: “Santificar o sábado ao Senhor importa em salvação eterna”.82

Resposta Apologética: A eficácia do sangue de Cristo para cancelar os


pecados nos é apresentado como a mensagem central da Bíblia (Efésios 1.7; 1
João 1.7-9; Apocalipse 1.5). Com respeito à salvação pelas obras, a Bíblia é clara
ao ensinar que “Porque pela graça sois salvo, por meio da fé; e isto não vem de
vós; é dom de Deus. Não vem das obras, para que ninguém se glorie” (Efésios 2.8-
9). Praticamos boas obras não para sermos salvos, mas porque somos salvos em
Cristo Jesus, nosso Senhor. As obras são o resultado da salvação, não o seu agente.
O valor das obras está em nos disciplinar para a vida cristã (Hebreus 12.5-11; 1
Coríntios 11.31).

5.4 DIZEM SER A ÚNICACERTA

Uma das principais características das seitas falsas é esta, não se submeter à
organização ou à igreja equivale a desobedecer a Deus. O pseudocristianismo, em
muitas de suas formas, com freqüência têm anunciado que “não existe salvação fora
do seu sistema religioso”, significando, naturalmente, a sua própria organização
religiosa.
A maioria das religiões e seitas alega terem restaurado alguma coisa do
cristianismo primitivo que os discípulos de Cristo, na atualidade deixaram de praticar,
e por isso se apostataram do verdadeiro evangelho. Realmente torna-se tão
fundamental essa alegação que desempenha um papel relevante na estrutura
doutrinária das seitas e religiões. Acreditam que, numa determinada data, o
movimento apareceu por vontade divina para restaurar o que foi perdido. O
mormonismo diz ter restaurado o evangelho, o adventismo afirma ter restaurado a
guarda do sábado, a igreja internacional de cristo (movimento de Boston) diz ter
restaurado a metodologia do discipulado, a igreja católica apostólica romana afirma
ter restaurado a autoridade apostólica, o moonismo afirma ter restaurado a missão
messiânica. Daí a ênfase de exclusividade.

5.5 OUTRAS CARACTERÍSTICAS


128
82. WHITE, Ellen Gould. Testemunhos Selectos – III. 2º Edição, 1956, p. 23.

Teologia em constante mutação – Charles Taze Russel (Testemunhas de


Jeová), Ellen Gould White (Adventista), Joseph Smith (Mórmon), William Marrion
Branham (Tabernáculo da Fé) e outros já proclamaram o fim do mundo para datas
específicas.

Profecias falsas – Outro distintivo das seitas, com freqüência, promulgam


profecias falsas. Isso ocorre, por exemplo, com as Testemunhas de Jeová que por
várias vezes profetizaram a volta de Cristo a terra nos anos de 1914, 1925, 1975,
todas falharam! Sem nos esquecermos também que os precursores adventistas
afirmam que Cristo voltaria também em 1844 e também William Marrion
Branham nessa mesma linhagem, em 1977.

Negam a ressurreição corporal de Jesus – admitem que Jesus tenha


ressuscitado apenas em espírito. Testemunhas de Jeová, Ciência Cristã, Igreja da
Unificação, Kardecismo, outros, dizem que nem sequer ressuscitou (LBV), e ainda
outros não acreditam que tenha morrido na cruz (Rosa Cruz, Islamismo etc).

Lideranças fortes – Considerando-se mensageiro de Deus, seus líderes


fascinam seus ouvintes afirmando possuir informações exclusivas da parte de
Deus. Com isso, exercem enorme influência sobre seu grupo. Essa liderança
inexorável deixa os adeptos das seitas em total dependência a elas, quanto às suas
crenças, comportamento e estilo de vida.

Proselitistas – Buscam adeptos não entre os necessitados, aflitos,


desesperados, mas entre aqueles que iniciam a vida cristã. As seitas não medem
esforços na conquista de adeptos para suas crenças ou idéias. Jesus condenou
essa atitude dizendo “Ai de vós, escribas e fariseus, hipócritas! pois que percorreis
o mar e a terra para fazer um prosélito; e, depois de o terdes feito, o fazeis filho do
inferno duas vezes mais do que vós” (Mateus 23:15).

129
HERESIOLOGIA I

A EVANGELIZAÇÃO DOS ADEPTOS DAS SEITAS


Desde os primórdios do cristianismo até os nossos dias, o surgimento de
seitas e heresias é um alerta e um desafio para os cristãos. Elas devem ser
contempladas com serenidade e precaução. O próprio apóstolo Paulo afirmou: “E
até importa que haja entre vós heresias, para que os que são sinceros se
manifestem entre vós” (1 Coríntios 11.19. Almeida, Versão Revista e Corrigida).
Um dos desafios aos cristãos é a evangelização dos adeptos das seitas, pois
aquele que deseja semear a Palavra de Deus entre prosélito deve estar sua fé
alicerçada em Jesus Cristo e nas doutrinas bíblicas.
O pesquisador Jan Karel Van Baalen afirmou: Os adeptos das seitas são as
pessoas mais difíceis de evangelizar.83 Porém não quer dizer que isso seja
impossível. Nunca devemos esquecer que os adeptos de seitas são seres humanos,
almas preciosas pelas quais Jesus Cristo sacrificou-se.

83. VAN BAALEN, J. K. O Caos das Seitas um Estudo Sobre os “Ismos” Moderno. São Paulo: Imprensa Batista Regular, 1986, p. 282.

130
HERESIOLOGIA I

AVALIAÇAO DE HERESIOLOGIA I

1. Em termos teológicos qual o significado das palavras seita e heresias?


2. Quais eram as principais seitas dos dias de Jesus?
3 Cite a origem das seitas secretas, proféticas, espíritas, afro-brasileiras, orientais
e unicistas:
4. Por que devemos estudar as falsas doutrinas?
5. Qual a relação dos Mórmons com a Bíblia?
6. Quem é o Espírito Santo para as Testemunhas de Jeová?
7. Quem é o Espírito Santo para os cristãos?
8. Quem é Jesus para as Testemunhas de Jeová?
9. Quem é Deus Pai para os Mórmons?
10. Quais são as outras características de uma seita?

131
HERESIOLOGIA I

REFERÊNCIAS
ALMEIDA, Abraão de. O Sábado, a Lei e a Graça. Rio de Janeiro: CPAD, 1997.
ANDRADE, Roque Monteiro de. A Superioridade da religião cristã. Rio de
Janeiro: Juerp, 1991.
ANDRÉ, Marco. Laços da Nova Era. Minas Gerais: Editora Betânia, 1998. AVILA,
Luis Carlos. O brasil místico: o caso rosa cruz. São Paulo: Multiletra, 1995.
BETTENSON, H. documentos da Igreja cristã. São Paulo: Aste, 1998.
BOETTNER, Loraine. catolicismo romano.São Paulo: Imprensa batista Regu- lar,
1985.
BOWMAN Jr, Robert M. por que devo crer na trindade. São Paulo: Editora
Candeia, 1996.
BREESE, Dave. conheça as marcas das Seitas. São Paulo: Editora Fiel, 1998.
BUBECK, Mark I. O reavivamento satânico. São Paulo: Editora Candeia, 1993.
CABRAL, J. religiões, Seitas e Heresias. Rio de Janeiro: Editora Gráfica Uni- versal,
1992.
CHANDLER, Russel. compreendendo a Nova Era. São Paulo: Bom Pastor, 1993.
COENEN, Lothar e BROWN, Colin. dicionário Internacional de Teologia do Novo
Testamento. Vol. II. São Paulo: Edições Vida Nova, 2000.
DENNETT, W. D. Ganhe os muçulmanos para cristo. São Paulo: Editora Se- pal,
1993.
DOUGLAS, J. D. O Novo dicionário da bíblia. 2ª ed. São Paulo: Edições Vida Nova,
1997.
FRANGIOTTI, Roque. História das heresias. São Paulo: Editora Paulus, 1995.
GEER, Thelma Granny. por que abandonei o mormonismo. São Paulo: Edito- ra
Vida, 1991.
GEISLER, Norman L. e RHODES, Ron. respostas às Seitas. Rio de Janeiro:

132
HERESIOLOGIA I

CPAD, 2000.
GONDIM, Ricardo. O evangelho de Nova Era. São paulo: Abba Press Editora,
1995.
GONZALEZ, Justo L. uma História Ilustrada do cristianismo. Vol. 2. São Paulo:
Vida Nova
HANEGRAAFF, Hank. cristianismo em crise. Rio de Janeiro: CPAD, 1996. HARRIS,
R. Laird, ARCHER Jr, Gleason L e WALTKE, Bruce K. dicionário Inter- nacional de
Teologia do Antigo Testamento. São Paulo: Vida Nova, 1998.
HEXHAM, Irving. dicionário de religiões e crenças modernas. São Paulo: Editora
Vida, 2003.
HORRELL, J. Scott. maçonaria e fé cristã. São Paulo: Editora Mundo Cristão, 1996. ICP.
curso interdenominacional de teologia. Módulo 4. São Paulo: ICP Edi- tora,
2003.
JEREMIAH, David e CARLSON, C. C. Invasão de deuses estranhos. São Pau- lo:
Editora Quadrangular, 1997.
JOSEFO, Flávio. História dos Hebreus. Obra Completa. 5ª ed. Rio de Janeiro:
CPAD, 2001.
KLOPPENBURG, Boaventura. Espiritismo. São Paulo: Edições Loyola, 1997. LEITE
FILHO, Tácito da Gama. As religiões antigas. Vol. 2. Rio de Janeiro: Juerp, 1994.
. As religiões vivas I. Vol. 3. Rio de Janeiro: Juerp, 1994.
. As religiões vivas II. Vol. 4. Rio de Janeiro: Juerp, 1995.
. Heresias, Seitas e denominações. Rio de Janeiro: Juerp, 1995.
. Origem e desenvolvimento da religião. Rio de Janeiro: Juerp, 1993.
. Seitas mágico-religiosas. Rio de Janeiro: Juerp, 1994.
. Seitas Orientais. Rio de Janeiro: Juerp, 1995.
MACARTHUR Jr, John F. Os carismáticos. São Paulo: Editora Fiel, 1995.
MAGALHÃES COSTA, Samuel Fernandes. A Nova Era. Porto Alegre: Obra Mis-
sionária Chamada da Meia-Noite.
MAGNO COSTA, Jefferson. por que deus condena o Espiritismo. Rio de Ja- neiro:
CPAD, 1997.

133
HERESIOLOGIA I

MARTIN, Walter. como entender a Nova Era. São Paulo: Editora Vida, 1999.
. mormonismo. Puerto Rico: Editorial Betania, 1982.
. O Império das Seitas. Vol. I. Minas Gerais: Editora Betânia, 1992.
. O Império das Seitas. Vol. II. Minas Gerais: Editora Betânia, 1992.
. O Império das Seitas. Vol. III. Minas Gerais: Editora Betânia, 1992.
. O Império das Seitas. Vol. IV. Minas Gerais: Editora Betânia, 1993.
MARTINS, Jaziel Guerreiro. Seitas – heresias de nosso tempo. Curitiba: Edito- ra
A. D. Santos, 1998.
MATHER, George A. e NICHOLS, Larry A. dicionário de religiões, crenças e
Ocultismo. São Paulo: Editora Vida, 2000.
MCDOWELL, Josh e LARSON, Bart. Jesus: uma defesa bíblica de sua divin- dade.
São Paulo: Editora Candeia, 1994.
MCDOWELL, Josh e STEWART, Don. Entendendo as religiões não cristãs.
São Paulo: Editora Candeia, 1996.
MCDOWELL, Josh e STEWART, Don. Entendendo as seitas. São Paulo: Edito- ra
Candeia, 1998.
. Entendendo o oculto. São Paulo: Editora Candeia, 1998. MENEZES,
Aldo dos Santos. merecem crédito as Testemunhas de Jeová? Rio de Janeiro:
Centro de Pesquisas Religiosas, 1995.
. As Testemunhas de Jeová e Jesus cristo. São Paulo: Editora Vida,
2003.
. As Testemunhas de Jeová e o Espírito Santo. São Paulo: Editora Vida,
2003.
MILTON, S.V. a verdade sobre o sábado. Curitiba: Editora A. D. Santos, 1996.
. conhecendo a congregação cristã no brasil. Curitiba: Editora A.
D. Santos, 1995.
. conhecendo os cultos afros. Curitiba: Editora A. D. Santos, 1999.
. Espiritismo. Curitiba: Editora A. D. Santos, 1996.
OLIVEIRA, Raimundo F.de. Seitas e Heresias – um sinal dos tempos. Rio de
Janeiro: CPAD, 1987.
OLSON, Roger. História da Igreja cristã. São Paulo: Editora Vida, 2001.

134
HERESIOLOGIA I

PATZIA, Arthur G e Petrotta, J. dicionário de estudos bíblicos. São Paulo: Editora


Vida, 2003.
PAXTON, Geoffrey J. O Abalo Adventista. Rio de Janeiro: Juerp, 1983. RINALDI,
Natanael e ROMEIRO, Paulo. desmascarando as Seitas. Rio de Ja- neiro: CPAD,
1997.
ROMEIRO, Paulo. Evangélicos em crise. São Paulo: Editora Mundo cristão. 1997.
SANTOS, Adelson damasceno. catolicismo: verdade ou mentira? Curitiba:
Editora A. D. Santos, 1999.
SCHNOEBELEN, William. maçonaria – do outro lado da luz. Curitiba: Editora Luz e
Vida, 1999.
SHANKS, Hershel. para compreender os manuscritos do mar morto. Rio de
Janeiro: Imago, 1993.
SILVA, Esequias Soares da. manual de Apologética cristã. São Paulo: CPAD, 2002.
. como responder as Testemunhas de Jeová. Vol. 1. SãoPaulo: Edi- tora
Candeia, 1995.
. Testemunhas de Jeová, comentário exegético e explicativo. Vol.
2. São Paulo: Editora Candeia, 1995.
SILVA, Hylarino Domingues. As doutrinas mórmons. Curitiba: Editora A. D.
Santos, 1998.
SILVEIRA, Horácio. Santos padres e Santos podres. Paraná. SMITH,
Joseph Fielding. doutrinas de Salvação. Vol. 1. SUD, 1994. SMITH,
Joseph. Ensinos do profeta José Smith; São Paulo: SUD. SOARES, R. R.
Os falsos profetas. Editora Graça.
STAMPS, Donald C. bíblia de Estudo pentecostal. Rio de Janeiro: CPAD, 1996.
TALMAGE, James E. um Estudo das regras de fé. São Paulo: Missão Brasi-
leira, 1958.
TONINI, Enéas e BENTES, João Marques. Janelas para o Novo Testamento.

135
HERESIOLOGIA I

São Paulo: Louvores do Coração. 1992.


TONINI, Enéas. O período interbíblico. 7ª edição. São Paulo: Louvores do
Co- ração. 1992
TOSTES, Silas. O Islamismo e a cruz de cristo. São Paulo: ICP Editora,
2001.
. O Islamismo e a Trindade. São Paulo: Ágape Editores, 2001.
VALE, Agrício do. porque estes padres católicos deixaram a batina?
Curiti- ba: Editora A. D. Santos, 1997.
VAN BAALEN, J.K. O caos das Seitas um Estudo Sobre os “Ismos” moder-
no. São Paulo: Imprensa Batista Regular, 1986.
WOOTTON, R. F.muçulmanos que encontraram a cristo. São Paulo:
Editora Sepal, 1987.

136

Você também pode gostar