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"ShOPPing & Fucking"


de Mark Ravenhil/
traduÇão de Laer1e Mello

Apartamento .. Parece ter sido Um tanto quanto cheio de estilo, porém agora
está quase Completamente vazio, sem qualquer decoração.
Cena 1

Lu/u e Robbie
embalagem estão
para tentando fazer Mark COmer, Eles têm a comida em uma
viagem.

Lulu .. Vai.
(pausa) Olha,Experrmenta
por favor Taum
umaPOuquinho,
delícia . Não(pausa)
tá? Vai Você precisa cOmer

RObbie - Uma deli eia

Lulu .. AqUI tOdo mundo tem que comer, Vai, vamos. Só um Pouquinho. Faz
,..•.
. . ..':'If"
'"
-..'-'
. _.
(Mark vomita .)

•."•lW4
Robble - Merdal Meída r
. .,.
•• essa
Lulu ..surelra
O que é que ta acontecendo? Querido .. você PO,ji3? .. Vamos i:mpar
• '"
•... ",1ar~
.~
. ,."\ -
I
v, fa""
;:J.,. . ~ r'
v,r
,

.~
.- Lu'u .. Sera que .. Tá tudo bem . (Dando a Mark um copa d'agua.)

.'
.-
Ma'k .. Olha pcr favor (Pega o copo e bebe)

..- Passo:...' .
.
-. -.--C_":
. , ..
.
". Lulu .. Obclgada (Pega o copo de volta.) Ta vendo? Passando .. Passando ..
.---- ".." ."

e--.:
.. ......
•• •
Robbie - TUdo bem? Você tá cem?

•• • Lulu - Cfaro. Claro . Ele tá legal agora .


•• Mark .. Olha '. Vao pra cama Vocês dois.

...•
. .
--:'
-.
.-
- ~ .-~'
- . : .,
"

-
Lulu - t:: c'e ,;xar VOcê assim?

•• Ma" ' Et: qUero f'car um pouca sozinho.

•• RobblE - \,jo cê lá esperando alguém?

•.- Lu!u - TZi .creC,'sanc:!o de grana?

••
•• 1

• -.-- .' . ---- ~


\

,
Mark - Não. Não estou esperando ninguém nem tô precisando de nada. Agora
vão para a cama

Lulu - E o que você vai fazer?

Mark - Vou ficar aqui sentado. Só sentado e pensando. Minha cabeça tá uma
bagunça. Olhem prá mim. Tô fodido.

Robble - Calma, daqui a pouco cê tá legal de novo .



•• Mark - Eu tô cansado. Não controlo mais nada. Minhas". diarréias Minha
cabeça. Tá fada

• Robbie - Pense nos nossos bons momentos. A gente tem bons momentos; não

"• tem?

•• Mark - Claro que tem. Não tê falando disso.

.-- Robbie - Momentos legais Nós três juntos. Festas. Entrando e saindo de taxis_

••-_.-
Na cama.

Mark - Mas faz tempo que não rola nada disso. Parece coisa do passado.
•• Lulu - Você até falou assim uma vez: amo vocês dois e quero cuidar de vocês

•• para sempre, para o resto da minha vida.

•• Mark - Olha eu_

l ui!.: - Conte 2 ~istoíla das compras.


•• rv1ark - Por favor, eu quero ...

•• Robbie - Isso, vai Você ainda se lembra da história das compras.

• , (pausa)

••J.• Mark - Tá bem Estou olhando vocês fazendo compras.

,.
'Co-,
Lulu - Não Não começa assim.

••
••,
• Mark - Começa sim

'.•
Robbie - Não, não começa. Começa com "É verão ... ".
'.te

Mark - Ta legal Ta certo. É. verão. Tô no supermercado. Tá quente. Tô suando.



'. •

Encharcado E eu estou olhando esse casal fazendo compras. Estou olhando

\.I vocês fazendo compras E os dOIS estão sorrindo. Vocês me oiham e no ato
me bate urr,a cOisa aSSim" e eu sinto que eu vou ter vocês. Sabe, uma coisa

t· ass:m que vccê não escolhe. Fora de controle. Aí vem esse cara Um gordo

f· Gordo, cabelo aSSim, calça de tergal, camisa e diz: "Tá vendo aqueles dois ali

to'te, 2

,.
I.
cam os yogUr1es? Pois é, São meus, Sou dono dos dois, Sou dono mas nao
quero mais Porque, quer saber" São lixo. Lixo e odeio os dOIS Você quer
comprar eles? Quanto? "DoIs bostas que nem eles? Vamos ver.. Vinte? Vinte
você leva" Então eu faço o negócio. Tipo uma transferência de bens E levo
vocês E eu não preciso explicar nada porque vocês sabem o que esta
acontecendo Vocês viram a transação. Levo Vocês embora para minha casa
E ai quando vocês vêem a casa, parece que já conhecem o lugar. E é Como se
eu estivesse há tempos guardando aquele quarto para vocês. E eu entro Com
vocês no quarto Tem comida la. Está quente. E a partir de então nós
passamos nossos dias ali engordando, não querendo nada além daquilo e
muito felizes
Estou !ndo (pausai Escutem, Eu não queria dizer isso, Mas tenho que dizer

Lu lu . Você só ama aq uela porra

Mark. Não tô usando mais

Robble . Ama aquela porra mais do que a gente,

Mark - Olha Escutem agora Isso não é justo. Eu odeio o ácido

Lulu - tv1as ainda Vive comp,rando, não é?

Mark - Não Eu t6 fora Dez dias sem uma pedra sequer E eu tô caindo fora
daqUI

Lu',u . Pra ar,de você vaO

MarK - Eu quero me tra:ar Eu preciso de ajuda, Alguém tem que tratar de mim

RObo',e· [\,'ãc faz ISSO Você nào precisa disso Nós estamos te ajudando

• , '.' I~uic; - Es;amos CUldanoo de você_

•• ,

, Ma,k - Nào o SUfiCiente Eu preCISo de algo mais


.!
• Rot;'Dle - \Jo:ê ta S2 n.::Jo fora? Ta nos deixando?

•'e-·:
"

'" c,, ",' "

,::_~j

•• RObol" . '/cee ta d'zecoc que a geo',e não faz nada? Nós fazemos SIIn O que
voce acha que a g801e ',em fazendo? Todo esse tempo? A gente limpando
•• CUénjo 'jo':e 'jCCe

Lu u - Prj onoe \/cCÊ Va,11

••
•• "
"
•., -. ' - ._---,.-
,

Mark - Pra um lugar aL

Lulu - Onde?

Mark - Uma clínica. Para tratamento.

lulu - Você volta?

Mark - Claro que sim.

Robbie - Quando?

Mark - Não
meses Bem,sei.tudo depende de corno eu respondo ao tratamento. Alguns

Robbie - E aonde é? A gente vai te visitar.

Mark. - Não.

Robbie - A gente vai te ver.

MarK. - Tenho que me afastar de vocês.

Robbie - Eu achei que você me amasse. Você não me ama.

Mark - Nào dl98 isso. Isso é bobagem.

l~'!~, - Me;, r,Ci, olha Se você tá indo, então vai.

Rcbble - Você não me ama.

luiu - Olha o que você fez. Olha o que você fez com ele. O que é que você
esta esperando? Um taxi? Ouer que eu chame um taxi? Ou sera que você la
Sem grana? Você vai me pedir algum? Ou vai simplesmente arrumar algum por
ai? Você vendeu alguma coisa? Você roubou?

Mark - Tá bem É isso ai. Não funcionamos mais. Por isso estou indo.

Lulu - É ISSO ai Acho mais é que você tem que ir mesmo Nós vamos ficar bem
aqUi Nós vamos nos dar muito bem. E eu acho que você nem precisa voltar.
Nós nao vamos querer você de volta.

Mark - Vamos ver

Lulu - Você nao é nosso dono. Não Somos sua propriedade Nós somos gente
FORA
A gente Pode se Virar sozinhos. Vai. Fora. Vai ;j merda. Vai se foder rora.

Mark - Alé mais

•• •
,
... 4

---- ..
(Mark sai.)
j
Robble - Não deixe ele ir Diz pra ele ficar Fala que eu amo ele.
j
Lulu - Ele se fOI agora Vamos. Ele se foi. A gente vai ficar bem. Não
precisamos dele. A gente vai se virar sozinhos.

Cena 2
j
Sala de Entrevistas - Brian e Lulu estão sentados frente a frente. Bdan tem a
sua frente Um prato de plástico todo decorado. j
Brian - E aí Chega esta cena. Essa cena que é realmente demais.
Provavelnlente a melhor cena. Porque olha, você POde imaginar, o pai dele
j
mono. O paí eSmagado por uma boiada gigante e Selvagem Você
transbordaria de tristeza.Tudo acontece muito rápido. Segundos antes ele era
o senhor daquelas terras todas. E daí ... uma brisa. um sopro de ar. e de j
repente o estampido de cem patas e lá se vai. Ele está morto. Só que não foi
um acidente. Alguém planejou, entende?

Lulu - Não diga" j


falar
Bnan - Alguma pergunta? Nenhuma dúvida até aqUi? Não. porque se tiver é só j
Lu!u - Não, nenhuma.

C
ruer
j
D i2:1 - PO , eu qce;C) que você acompanhe a história.
• LuJu - Sem dúvida.
. -.. j

j
8rian - Entào nós estávamos .. ,

Lulu" Esmagado POí Uma boiada selvagem. j


Bnan . Esmagado pOr lima boiada Selvagem, isso.
j
Lulu - Só que não foí um acidente.

Bnan - Bom
aClden1e Excelente Exatamente Não foi um aCidente. Devia parecer um
mas não
j
-'
FDi pianejado pelo tio. Porque .. _
LulU - Porque ele queria se tornar Rei.
j
·.,

Bnan - Ache, que linha escutado você dizer que não tinha Visto esse filme
-
, j
Lulu - Não I'i rnstinto. Tenho um bom instinto. E.. Uma das minhas
•, •
qualrfrcaçàes SouEuma pessoa instintiva.

U j
L

!
\ ~ 5
j
,

Bnan - E mesmo? (Brian escreve em um papel sobre uma prancheta


"Instintiva") Bom Instintiva. Pode ser útil.

Lulu - Mas é claro que também sei usar meu lado racional quando necessário.

8flan - Então vQcé diria que aprecia uma boa organização?

Lulu - Organização? Sim. Absolutamente. Cada coisa no seu lugar.

Brlan - (Escreve "aprecia organização".) Muito bem. Então o pai está morto.
Assassinado. Pelo tiO. E o pequeno cresce. E você precisa ver _ parece com o
pai Exatamente a cara dele. E um dia essa espécie de macaco aparece pra
eie E esse macaco diz. "É chegada a hora de você falar com seu pai morto" E
eie corre atrás deste macaco até chegar em um riacho, olha pra dentro desse
riacho e vê

Lulu - Seu próprio reflexo na agua.

8.'ian. Seu própr:o reflexo na água, Você não viu mesmo esse filme?

LI..'iu - Nunca

Brl3n - Então Olhando seu reflexo na água, pequenas ondas se formam,


embaralham sua visão E ai ele vê um fantasma. Um fantaSrTI3 úu uma especle
ce 'T.2.g,.:;:n ú!nando para ele Seu ...

"JeS='~jlp~ rV1a3 aquI


cOisa vai te pegar Eu sinto um nó na garganta Porque
d

a',j ele '.lê seu pai O meu caçula quando vê essa parte .. , E.le fica com
lágrimas enor~es nos olhos, Ele sente tanto quanto eu, Porque agora a
:m2gem do pai diZ "E chegada a hora. Já é tempo de você Ocupar seu lugar
"',ç. CIC',O da EXistência - palavras de efeito - Lembre-se de quem você é Você
e me'c. filho, o verdadeiro ReI." E ai sim ele sabe o que tem que fazer Ele sabe
c;uem quem ele tem que matar, E é isso, Esta é a nossa cena favonta

Lul,,", - Dá prá perceber De verdade.,

Brlan - Você diria que se parece Com seu pai?

LL;,' U - Nao Ilao mU!lo

1._'Jll.' . T 2 !vc:': De vez em quando, Pode ser,

B~'3'1 - \/ce?:: sabe ql..'em são seus pais?

L',Jlu - Ciaro Nós ainda Nós ainda passamos o Natal Juntos,

Brlan - (Escreve "passa o Natal com a Familia".) Muitos jovens estão perdidos
';-.cle eT, dia, você nao acha?

.. _" .. " ..
,

Lulu - Acho sim.

Brian - Alguns deles vêm aqui. Olham para mim ... Você está me olhando, nao
está? Está, não está?

Lulu - Sim, claro. Estou olhando para você.

Brian - (Entrega o prato.) Ta aqui. Segure. Segure assim ao lado do seu rosto.
Deixe ver como você faria. Sorria. Parece interessante. Porque isso é especial.
Você pode fazer aquele olhar? (Lulu olha.) Assim. Muito bom. Nossos
espectadores têm que acreditar que estamos mostrando algo especial. Por um
preço justo, sua vida fica mais fácil, você fica rico, e mais cheio de si. E você
tem que acreditar nisso também. Você acha que pode fazer isso? (Lulu muda o
jeito.) Bom. Muito bom. Nós não temos muitas garotas Como você nesse meio.

Lulu - Sério?

8rian - Sério. É realmente muito ... Muito difícil de achar alguém assim entre as
meninas do seu tipo.

Lulu - Que bom. Obrigada. Obrigada mesmo.

Brian - E agora diga: "Só restam poucas unidades. Portanto ligue já:'

LuilJ - Sé> íest2,!~ [")::Jucas ;;!lidades. Portanto ligue já!

Bíian - Excelente. Natural. Profissional. Excelente.

Lulu - Eu estudei

Brlan - Então você e. ?

Lulu - AtflZ formada.

8rian - (Escreve "atllz formada".) Eu não conheço você.

Lulu - Não? É, provavelmente não mesmo.

8rian - Faça alguma cena para mim agora.

Lulu - Voce quer que eu ... ?

Brian - Quero que você interprete alguma coisa.

Lulu - Eu não sabia que ... Eu não preparei nada.

Brlan . Ora vamos Você é uma atriz. Você tem que estar pronta para atuar
quanoo chamada Uma atriz se não pode interpretar quando é solicitada, o que
pOde se espera~ dela então? Nada. Não se pode esperar nada.

7
Lulu - não
dizer, Estáfizbern. (Levanta-se)
na frente Na verdade eu nunca fiz essa cena antes. Quer
de ninguém.

8rian ~ Nao faz mal Vai fazer agora.

Lulu - "Um dia as pessoas saberão para que tudo isso servIu. Todo esse
sofrimento"

Brian - Tire a jaqueta.

Lulu - Como?

Brian - Estou te pedindo para tirar a jaqueta. Não dá para atuar com eSsa
Jaqueta

Lulu - Na verdade eld me ajuda

Brlan ' De Gue maneira?

LulU - No pe,'sonagem

Brran
ai - Pra
de pé COr"'1vocé
essaNão pra mim. Estou aqui para assesSorar seu talento e você
Jaqueta

LLJlu - Eu rreko ficar Com E>la.

6r,0,1 - (Levanta) ()k er;tão Chamo outra garota. Você sabe onde é a saida?
Lulu - Nao

8rran - O C;'...:e \lacé quer dizer Com Não?

Lulu - Eu qUero esse emprego Quero pelo menos ser testada

Brran - Entoo contrnuaremos Sem a iaqueta, esta bem? (LUlu trra a jaqueta e
caem dos '"nduie'r"s embrulhados para viagem) Olhe o que descobrimos
(Os de,s abaixam para pegar mas Brian pega-os primeirO) ExótiCO

Lulu - Nós v'vemos d<sso Isso é o que geralmente COmemos É nosso jantar
8rian ' Vocé pagou por ISSO?

Lulu - Sla;o

Bnan - Enf,ôC!c desse lerto na jaqueta Você pagou por 'sso?


LUlu - Claro

Bn3n . Ü'he ncs rnf;,_'s olhos Você Pagou Por isso?

8
~,

•~ Lulu ~ Não.

• 8rian - Mercadoria roubada.

•• Lulu - Nós temos que comer. Nós temos que nos virar. Eu não gosto disso.

•• Não sou uma trombadinha por natureza. Meu instinto é para o trabalho. Eu
preciso desse emprego. Por favor.

•.. Brian - Você é uma atriz por instinto mas urna ladra por necessidade. Será que
você consegue me convencer que realmente preciso de você? Tudo bem.
•e Vamos continuar Atue um pouco mais. Tire a camiseta.

Lulu - Não
•e ?

Brian - Continue sem a _ O que é isso? .. Uma blusinha???


,
•• ~

Lulu - (Tira a camiseta.) "Um dia as pessoas saberão para que tudo isso ser.;iu.

••

Todo esse sofrimento. Não haverá mais mistério. Mas até lá nós temos que
continuar trabalhando Nós temos que trabalhar. É tudo que podemos fazer

•• Estarei Indo sozinha amanha.,,"

Brian - (Chupando o nariz como se chorasse) Deus do céu.


•e Lulu - Descuipe Quer que eu pare?
e
••
LU,lu - 'Estarei indo sozinha amanhã. Oarei auias em uma pequena escola e
e VOu devotar toda minha vida àqueles que necessitam de ajuda. t:. outono
•• agora. Logo chegará o inverno e a neve estará por todo lado. Mas eu estarei
trabalhando" É isso (Coloca sua camiseta e sua jaqueta de volta.)

•• Brtan - (Limpando uma lágrima,) Perfeito. Brilhante. Você mesma escreveu?

•• Lulu - Não, eu decorei É uma peça.

e Bnan - Brilhante. Então você acha que pode vender?

•e Lulu - Eu tenho certeza que posso.

e Brlan - Por ser uma atriz?

•e Lulu - Isso ajuda

•~ Brian - Você parece bastante confiante.

,., Lulu - É estou

S
t'•
1;. 9
te
.~~------
- --_.~-_.
Brian - Então está bem. Ao julgamento. Alguma coisa para que possa testá-Ia.
Vou te dar algo para vender e veremos como você se sai. Está claro?

Lulu - Completamente.

8rian - Vocé percebe que estou confiando em você?

Lul'J - Sim. claro

Bnan - Estou confiando em você para um teste muito importante.

Lulu - Nao vou te decepcionar.

Brléln - MUito bem. (Pega sua maleta e começa a abri-Ia.)

Cena 3
Apartamento - Robbie está sentado usando uniforme tipo MacOona/d's. Lulu
em pf.-" em frente dele

Robble - E eu digo "Com queijo. senhor?" E aí ele olha bem prá mim O rosto
pal,do r',~,e encara profundamente, E eu sinto aquele". medo Tento de novo
"O seflhor gostaria do seu hambúrguer com queijo?" E aí é demais para ele
Seus labiaS tremem Seus olhos enchem de ódio .

.Roue'le - ,6.I~lJcrn ll:lha que" Se você estivesse lá você então eu decidi que
8'--! rT',eSiT,Q teíla que falar, e ai eu digo: "Olhe, neste lugar você escolhe. Pelo

menos uma vez na vida você tem a chance de fazer sua própria escolha, então
caralhc, aproveite esta chance da melhor maneira possível"

L'~lu - E então eles te despediram

Robole - E então ele pega o gario, Cata esse gario, pula o caixa e vem para
Cima de ,TlIm

Lul'~ - CO'll o garfo?

Ro~:;:) e . Vem para cima de mim com o gario. Me joga no chão e me fura

Robb'e - Nao exatamente.

L'c.:lv - Vocé ta fe~ldo Voce devia ter me falado

R08b e - Nao Não fOI nada.

1(',
,~
., (- I
, .
(',

•• o -Robbie - Quebrou antes de me ferir.

•• .

-.
_ ...
_".,,---,
-"-,,,,,,,
,
Lulu - Como?

••

,,, ,<obbie - O gano Era um gano de plástico. Quebrou antes de penetrar em


,
•• ,'oausa)

• é7
-"ulu - E agora da onde vira nosso dinheiro? Quem vai pagar as contas?

•• ,•
~obbie - Você vai arranjar alguma coisa.
('Jlu - Eu?
• ,
;
.
"

,cc ! t)pbbie
-.
,. - É. Você sempre arranja alguma coisa. Como foi SUa tarde?
'LU!U - Minha tarde?

,: Jbble - O emprego que você foi ver? O emprego na TV?


, ·
l(,'}u ~ Bem .. , ConseguI. Es10u em experiência.
,• r\-~bbie
,
{ .~ Fantástico. Isso é brilhante,
c ,c - Eles n,e ofereoer'lm l.er,e '''pileie de centrato telTlp"rário
, -. - Sim, que tipO de. (Lulu trra
. trezentos ""'''se-em
0-,\"1\"1 saquinhos
. ..
t~~~ÇlSparentes,) Você tem que vender isso?
F( bblo platlcos
••

,"•
••

L~"u
C~,lta,
- NÓS vamos vender Você Pode ser últl lambém. Tem que ler trezentos
por favor
--. .
nf~
(/::'u
- o Sal Robble
vê atE: começa
que Mark a Contar os table!es. Mark entra e olha Robbie. que
fala.)

M~r'k
,
, - Você está lidando Com isso agora?

Rebie - Vá se foder Você me fez .. Há quanto tempo você ...

Mí.:.) - Cheguei agora Você está nesse ramo agora?


("

•• Rchble ' Isso não (pausa) Entao eles deixaram vOcê Sarr?

•• Mó.. " , - MaiS Ou menos

(p2: ;a)

••
•• ,

•.. ,
,
11
,

Robbie - minhas?
saudades Achei que você tivesse dito que seriam alguns meses, Sentiu

Mark - De vocés dois

Robble -aSenti
sentisse minha.sua faita, Então ache;'" Tive uma certa esperança que você

Mark - É,senti,

(Robbie vai ale Mark e se beijam, Robbie vai beija-lo de novo)


Mark - Nilo,

Robbie - Não?

Mark - Desculpe

Robble - Nilo, Tudo bem,

Mark - Não Desculpe O que eu quero dizer é que .. , É que na verdade eu


deCidi que nrlo vou cair nessa mais, Eu realmente não quero que ISSO
aCOnteça Me comprometer tão rapidamente. tão ... intimamente.
Robbie - Tá legal

Mark - E L.n-,a coiSa (I~:e eu to trabalhando na minha cabeça.


Robbie - Trabalhando na sua cabeça?

Mark - E Tipo AqUI dentro Nós falamos muito sobre dependência lá na


clínica COisas que Você fica dependente.

Robbie - Heroína.

Mark - Heroina, Sim, heroína Mas gente também, Você fica dependente de
pessoas lambem. TIpO" dependência emocional. Que vicia também.
(pausa)

Robbie - Entao você tá decidido?_

Mark - Não

Robbl'2 - Está terminado?

Mark - Não
I
Robbie. Vocé quer dizer "Adeus,"")

12
Mark - Eu não disse isso. Não. Não é "Adeus",

Robbie - Então ... me beija.

Mark - Olha .. (da as costas)

Robbie - Vá se foder.

Mark - Enquanto eu estiver trabalhando isso ...

(pausa)

Robbie - Você usou?

Mark - Não.

Robbie - Tá bom. Você usou e eles te puseram prá fora.

Mark - Não. Eu tô limpo.

Robbie - Então ..

(pausa)

Mark - Eles têm reg ras, entende? Eles fazem você assinar, e ai você concorda
com aque!a I;sta de regras. Uma deias eu quebrei. Tá bom assim?

Robbie - OL!éil delas?

Mark - COisa à toa

Robble - COisa à toa')

Mark - Eu disse a eles Não fOI exatamente como eles pensam que foi. Eu dei
minha versão, mas.

Robbie - Me conta .
.,
....
• •
(pausa)

.-•
Mark - Não houve nenhum envolvimento.

Robble - Foda-se


••

Mark - Você não vai ficar achando ... ?

Robble - Jã estou entendendo

Mark - Não aconteceu ...

•,.
•.. 13
,

Robble - Por isso você nào vai me beijar mais.

Mark - Não houve nenhum envolvimento.

(pausa)

Robble - Se você ao menos fosse honesto. A gente combinou que seriamos


honestos um com o outro.

Mark - Não aconteceu nada. Eu disse a eles "Vocês não podem chamar aquilo
de envolvimento pessoa!."

Robbie - O q ue foi então?

Mark - FOI mais um .. negócio Eu paguei pra ele. Eu dei dinheiro a ele. E
quando você paga você não pode chamar de envolvimento pessoal, pode?
Como você chamaria isso?

Robble - Você nao pode me beijar Você trepa com alguém mas nao pode me
beijar

Mark - Significaria alguma coisa com você.

Robble - Com quem foi?

Mark - Alguem

Robblc - Diga quern

Mark - Ele se chamava Wayne.

Robb,e - Ele te comeu?

Mark - Eu apenas Você sabe.. No chu,Velro Tomando banho eu ... Eu vi


aquela bunda Vi aquele cú, você sabe. Eu senti. .. Eu senti que eu queria.,
Lamber aquele cú,

(pausa)

Robble - FOI só?

Mark - Nós
significou fizemos um trato. Eu paguei A gente foi pro banheiro. Não
nada

Robb:e - Não te\!e: mais nada?

Mark - r,,·1a!s nada

Robb!e - 50 uma lambida?

"14
,

Mark - Nada emocional.

Robbie - (Baixando sua calça.) Se você não pode beijar minha boca.

Mark - Não Com você tem todo um passado.

Robbie - Desculpa. Eu tenho só que amadurecer isso em mim. (Levanta as


calças. pausa.)

Mark· Desculpa

Robbie - Desculpa? Nada disso. Desculpa não funciona. Desculpa nao é o


suficiente (pausa)

Mark - Você quer o que, negociar?

Robbie - Nao tõ interessado.

Mark - Não é o que parece.

Robole - Escuta. ISSO aqui é felicidade. Um tempo no Paraíso. E se eu dosar


um pouco disso por vez, eu não preci$o de uma puta foda carregada de
felicidade, não, tá legal?" (pausa - Robbie fica segurando uma pedra de
êxtase entre o polegar e o indicador.)

f,1ark - ,ISSO n;30 é real

RobblG - Escuta, se você, se isso, isso ... O planeta é reaL .. (Toma um êxtase)
I
Esperando por você. Você sabe o que isso significa: "Esperar"? Esperando par
esse ala, por você .. E você. Fada-se, foda-se todo mundo. (Toma outro
êxtase. Lulu entra com uma bandeja com dois pratos de comida comprados
fora e requentados no microondas.)

Lulu - ELJ Deixaram você sair? Tao rápido ...

Mark - E. me deixaram sair. Voltei prá ver se VQcC, estavam bem. (pausa)

Lulu - Só temos comida pra dois.

Mark - Não faz mal

Lulu - E que é difíc!1 diVidir esses pratos. São individuais.

Mark - TUdo bem

Lulu - Então 011

t\·1ark - 0·,1

Lulu - Eles mandam tudo dentro de caixinhas. Uma porção em cada caixinha

15
Robble - (para Mark) Ela tá demais, não tá? (para Lulu) Vai prá IV, não vae
Mark - Você arrumou um emprego?

Lulu. Eles ainda estão estudando. É uma coisa pequena ainda

Robble - Isso é o que ela diz. Coisa pequena ... Não interessa, é TV

Mark - Que maravilha.

RObble - Tá vendo? A gente tá se virando. (para LUlu) Não tamos?

Lulu - E isso ai

Robble - Estamos trabalhando. Crescendo.

Mark - Eu também. Só preciso me reintegrar para ficar bem de novo,

LUl'u - Eles não fazem para dividir mesmo. É tão dificl\.

Mark - Tudo bem Eu VOu dar uma saida.

RObb:e - Vai voltar para o \I\layne?

Mark - Nao S6 uma saida Vou ver se eu acho alguma COISa prá Comei

RO'Jb',e - N~o k:;ue não fique ai de pé só julgando a gente, não.

Mark - Vou ver se eu acho um cheesburguer Ou um chocolate

RC8ble - Quero que você faça parte disso.

Ma,', . Te machuque, T6 vendo ISSO, mas, por favor, me deixa s6 Eu tenho


q'Je a'ar um passo de cada vez, ta legal? (sai)

RObble. Filho da puta, filho da puta, filho da puta,

R:::j~le . OdeiO esse fiiho da puta.

Lu:u . Isso calma 2;ora. Calrr.a.

RebCle . Acora eu odeio ele


o

Lu:u . Isso, ISSO. ISSO

RObc'le - OcJero que ele sofra. (pausa)

16

~_r_=__________ _
Lulu - Você cOntou? (o êxtase)

Robbie - Hum?!? Ah, Contei, Contei.

Lulu - E quantos tem? Exatamente trezentos?

Robbre - E. Trezentos. Exatamente.

Cena 4

Uma klflnele - Gary esla sentado em uma cadeira de braços, Mark em pé

Gary - É claro que um dia vai "sé" virtual. É o que dizem por ai.
Mark, Eu também acho.

Gary - Eu venho me preparando prá isso, Pensando num jeito de investir nisso,
Uma cadela, uma rede, ou sei lá o que Você já trepou desse jeito?
Mark - Não. Nunca I

.. '
Gary - Talvez a gente nunca ia se vê se vocé tivesse me ligado daqui um ano
ou dOIS Acho que a gente ia "sé" uma espéCie de holografia ou COisa do tipo A
~'
gente 'a podê' parecer com quem quisesse, e então 2 gente nunca la se
fé enCOntrar pessoalmente, porque fiO encontro ia aquela halograDa que não la
te "té' nada a ver Co", a cosso COrpo de verdace, Vocé tá C''lendendo'' Eu
Qf.;riSC 13n1(j Il;~::o que fico até de saco cheio. (pausa)
-.,
'. E Do,", vDcé':;abé" que nào é para todo mundo que eu ligo de volta não, viu?

••• Mark - Obrigado.

Gari - Por que Você se interessou por mim?


)' --
t,
'.'
'.-o, .'.,
Mark - Gostei da sua Voz.

•• Gary - Ela lem aJguma coisa de especial?

,
• Marx - So achei que você tinha uma voz interessante

••
,

"e,a"~
Gary fiSicamente?
Quantos anos VOcê
Quero achou
em que eu "tinha"? Como VOcê imaginou que eu
detalhes.
.... Mark - Eu nao fiquei imaginando nada .

• GarI' - Quantos anos você queria que eu tivesse?


•• Mark - Para mim tanto faz.

•• " Gary, TOdo mundo tem uma idade que prefere .

••
• 17
.'
~
.'
It-C Mark - Eu queria Que você fosse o que você é.
.~
Gary - Essa é nova,
lIt'
_f
.. Mark - Eu gosto de deixar as coisas bem claras .

..te Gary - Você é quem está no comando. "Cê" tá em casa. Quer que eu ponha
um filme porná? Se bem que a maioria só tem homem com "mulhé"
te (Mostrando uma caIxa de fita de video) Ela é bem puta, nê? Você Comia?
.- Mark - Não Vamos deixar pra lá eSSe pornõ.
•• Gary - A gente podia dar uma ... enlouquecida, sei la. (Tira papelotes de coca
te do bolso., Posso dividir com você.
t.
I.' Mark - Não, obrigado.

• • Gary - Tá no preço Não vai ter nem um extra por isso.


•• Mark - Eu não quero.

•• Gary - E de qualidade Ele não me dá lixo, não.

•• Mark - T ó fora

•• Gary" Não VOu te 2nvenen,3r.

•• Mark - Porra, tlfa essa lT,erda da minha frente.

Ta
• Gary - legal Tá legal Não precisa ficar nerJosinho.

•• Mark - (pausa) Vou ter que ir

•• Gary - Nem chegou_

Mark - Não posso flCé. com alguém que ta cheirando.


•• Gary - Tedo bem Olha Tó tirando fora. (Põe os papelotes no bolso) Tá
•• vendo? Sumiu Você ta tentando "pará"?

•• Mark - Desculpa Desculpa de verdade. t: que eu tava me sentindo ameaçado


por você Pelo seu Jeito de lidar com a coisa. E o meu medo me levou a ser

•• estup'd-: Mas.la passou. É que é muito importante para mim ficar longe disso
Eu quero te agradecer por você ter guardado.

• Gary - Você é da TFP? Tipo emissário de Deus?

• Mark - Você me deSculpa?


, ••
•• 18
,- - •-
Gary . Eu}á Ilve com um deles. Enquanto a gente trepava ele falava que era
um le'Java
eu cordeiro do rebanho do senhor. Me batia e eu devolvia do mesmo }elto que

Mark - Não Nào sou da TFP. nao

G3(Y - Só teve problema Com a branca?

Mark - I"ão E toda uma história de abuso no uso de substâncias impróprias


Gary - "Cê" é VICiado?

Mark - Tô rne tratando do uso abusivo.

GarI" . En:ão não é viciado?

Mark - Já fui

Gary. E agora O que vai ser?

Mark - \iccê ta d!ze'lOo

Garj - Sexual'Tlen:e

1,1ark - Sexual'T',ente ? Não sei ... O normal.

I~ Mark Norrné'I sei la O Importante para mim agora, para as minhas

•• neces"cacJes, e que isso não signiRque nada, entende? Nenhum


envolvlmenlo O que eu quero é que seja apenas uma transação Um negócio
Porace eu acho que se eu pago nao vai significar nada, Você acha que é legal

,:"".
r
aSSI'T'? Q!.;e CIL:er, ria sua experiência. __ ?

•• Gar,! - Aero

'i Mark. é um dia mUito imponante para mim Desculpa eslar le


fazende,Poroue
esccJta'esse
•• iSSO mas

••

Ga:,/ - TOdos auerem ser escutados .

•.. Mar', - Ceêo EI,lao Ho}e ê o meu pllmello dia de uma Vida nova Eu tive longe
para
o l1'e 'ecupeear quee dizer. prá conhecer minhas próprias necessidades. e
as l2 estou COC1eçan,jo de novo. e queria começar expellmenlando Com você
•• essa CO-sa Oe uma 'ntera"ao Somenle sexual, sem envolVimento. ou pelo
menos Ser")' ,55'J ceniO oC\Jetivo. entende? (Som de moedas C31ndD )

•• e~,ba"o
Gari - Isse e 12 O Arcádia. Alguém acaba de ganhar "Cê" tem que

(
• sabé Jogar senao tudo que cal prá você "ê" brindes A sane tá sempre
CC:I' co ;::- e t,on' esse som, né? (Imita som de moedas caindo)

••
",


, .
..!.._---~
19
.'.J
i _,
I ..
~.
iI I
~ ..,
cu.
Mark. Eu acno que eu quero .. Acho que o que eu quero mesmo é lamber seu
ft' •
,,•

'-'
.'
Gary . Só ISSO?
,

• Mark· t Só iSSO

•• Gary. Ta bem Podemos começar ,


•., •
Mark - Quanto você quer?
I

•• Gary . Cem

•• Mark - Cem? Não. desculpa, nElQ dá.

•.'
. .
'

Gary - Ta bom, vai Se é só "lambê" ... Cinquenta .

Mark - Oíha, eu posso te dar vinte.


•• C:lary . \..I'nte que "cê" tava achando que eu ia fazer por vinte?
••
'QUI"

tAark. E c que eu tenho Tem que me sobrar dez para o taxi.

•• GarJ' - "Cé" ta tirando uma da minha cara, não tá?

•• r-AéJr'o; - T.;l :2;:;;': l/OU a pé Tílntê. Agora é tudo mesmo.

•• Gari' Eu deVia da um Chute no teu rabo sabia? Eu não tinha que perder meu
tempo com um fodldo que nem você. Olha pra você. Um drogado com (rrnta

•• 'pau' ro bolso Tenho que me valorizar. Eu não tenho que fazer nada por essa
:T"ISerl;:l se 8'.J r'.ão "qUisê"

..
'~n·.
•• Eu ter,nc cara ta legal? Um cara rrco. Ele tem uma puta casa Vive
clan'ance pr e'. mora' COm ele Agora me diZ Por que é que eu tenho que
deixa cé lan~be rTieu cli por trinta "pau"?

•• M'rk . Pcr que você nao fica pensando no cara enquanlo te lambo? VOcê

•• podia abarxar ai e ficar pensando nele. Coisa rápida, vai? Tnnta paus É só
minha ;rngua erreulando. prá Cima, prá baixo e você pensando no cara. eln?
Nada pessoal So um [leaOcIO, tá bom,

•• ',Gari oarxa as calças e depOIS


.'

il cueca Mark começa lamber o cu de Gary)

•• Gacl' E:e e 'Oro puta ca'a Parece durao, mas na verdade. na verdade mesmo
:~e
•• e uma meça liga e diZ 'Adoro OUVir você. Quero CUIdar de voce .. (Som de
moedas; <'xe OU'iru? (, galera tá ganhando legal essa nOite. Acho que eu vau


••
Oer umo csseda "ao amanha eu vOu (Mark levanta e tem sangue no rosto
Sangue err vo l la de seus lábiOS,) I
••

Mark. Sangue?!') (pausa} VOcê está sangrando

•• 20
..
•.. , I
I
I
I
.. Gao; , AcCer oue rao raacontece" de novo. Olha. ACher que eu tava cura'jo
j
.... e
Não ache. OV'E PC'dess 'acontece mais. Eu não tó contamrnado Vru? Um
ClrcOCe cne Ceu wn remécJro Ta POr aqUi em algum lugar Lrmpa rsso IMark 'lar
,
,. meu
pegarcúCjrnherco
e cê" lambeu
Oe VOlia I Não mexe nesse dinherro "Cé pedru Para lamber j
,•
"•
" •• Gary, Lreroa a boca A gente "Combiná" trinta,

..
..
••,
Gar)' ,Terei"
embarxQ
Me
Olha. eu preCrso deSse dinheiro, por faVor Eu devo prá ele la
NãQ posso
Ca Os trinta .orornefeunada COm os brindes que eu ganho na máquina
Você comprar

'.,
•• T Oíl2 Os trinta, caralho
(Mark dá o dinheiro a Gary.i

••
"
Gae; . Fica
c aqur l,mpa a boca 'Cê' vai ficar melhor
c"arepash ,a de1110 iGary sar. lvIalk senra ) .
}a !a Eu tenho

•• Cena 5

•• ROOe'e dá urn Cinnk Paía Lulu.

••
PCl~,e
Chequer c. "r"",'e I,i Cu ;.la"OOr 'Pode ser o nome certo. n'i" o bar errado

•• PCOe 'e, oeis ['ales COcn " mesmo nome, mas murro drircrrmente na
r,",,71ô 'va oe'iao erraquer o nome da rua TUdo ceNa Ai eu pensei POdem
ha"el Dias ruas corre o mesmo nome Então eu pedi o gUia Dro caca Comecer a
•,. r
,
r~
vOeé VIU ISSO? Sangue

c" - '-T-

•~.ld~ - Eu êCI'!ê:! Ou:.'


\i;)c;e esta

1ava
com sangue na cara
rnesmo Tira

•.oC!>~ . t:sss sar:gue e 50U?

:u ~"ancQ
'c . i c , CrO
e
?


••
••

. .
• ,
••
l.ie .. Saiu. Era sangue teu?

- - ----

•. Não. Acho que espirrou em mim. ,c--_-~~-_"',,0,-z·.,-À' .,y~,- "i:
- , -~,'
!- o

.ie .. Oe quem era?


, . Por que é que tem que ser desse jeito?

le - Eu sabia que tinha acontecido alguma coisa.

• Que tipo de planeta é eSse que você não pode comprar nem uma barra
.colate?


lW .. Por isso que ando cada vez mais encanado.

,e E
•• a,nda a gente se sente culpado Como se pudesse ter feito alguma

te . Atacaram você?

• Eu nao. O Seven-Eleven. Eu tava passando e resolvi comprar um


Então eu entrei mas não consegui decidir logo qual eu queria. São
escolher. Tantos. E eu acho que eles fazem isso de propósito. Eu
ciente disso, e ache que meio ciente basta, prá que ser informada ••
"
.do? /,-\i começou um;;! discussão no caixa. Um côra. Sujo, fedendo ... I

c. - 6õbado?

•Je-
·.rovavelmente, Meio alto discutindo Com essa mina ...

Estudante?
!
I


-.ma estudante atras de um balcão. O bêbado levantando a voz com ela.
3...Ql3is um cara comprando. Eu, chocolate. Ele, guia de TV. E agora eles
)~l fazem tantos guias diferentes que é uma porra você decidir qual você
? r E o bêbado gritando "Você me deu um maço de vinte. Eu pedi um
)~m dez e você me deu um com vinte, cara\ho." E aí eu não vi direito.
r . alguma COisa que podia ser uma navalha. Acho que ele cortou alguma
'W ela
Porque t'nha sangue prá todo lado. ,, . .

le- Que merda l


'.e dando ca'Jal.'ladas, e eu e o cara dos guias de TV começamos a sair ,·
,

.dando. . Em ,•
? d1reções diferentes. E eu não cOnsegui ajudar a mina Por
·.os aSSim. ,,
. :
, , .
I~ Olha. a90:3 ja foi. , !
,•
f,
a Podia ter ficado lá Eu tô limpa?
••
·•

•• 22

II .. . .'.. .
Robbie - Saiu tudo.

Lulu - Eu devia ler me meUdo Devia ler parado o Cara. FOI fOda
Robble - Eu sef.

Lulu - É Como se não estivesse acontecendo ... Na hora e no lugar que você
eslá. Você aqui A coisa ali. E você s6 olha. Eu vou voltar la.

Robbie - Prá que?

Lulu - Será que alguém chamou uma ambulância? Ela pOde estar caida lá.

Robbíe - Não, alguém deve ter chamado.

Lulu - Eu POdia descrever o cara.

RObbie - Você viu a Cara dele?

Lulu - Não, não vi. Mas se) que era um bêbado.

Robble - Um bêbado? Como é que vão achar um bêbado no meio de lanlos.


Lulu - Não sei

Robble
E(es têm- ()Olha, eles lêm o video. Sempre lem uma cârnera nesses lugares
C;âfCl de'e gravada.

Lulu· E eu ainda. Ainda peguei, tá vendo? (Tira o chOColate do balsa) Roubei


o chocolale. Ela sendo alacada e eu pegando o ChOCOlate, porque na hora eu
pensei Eu posso pegar agola que ninguém vai me enchei o saco." Por que
eu ÍiZ iSS07 Que tipo de pessoa eu sou? (pausa)

Robble
poae - Isso deve
esperar? aconlecer
Vai prá casa, direto. Trabalhando à noite numa loja. o que se

Lulu· Não posso.

Robble " Você sofreu um Choque muito grande. Precisa descansar.

Lulu - Nós temos que vender a mercadoria.

Lulu ~ Não podemos atrasar mais.

Robbie . Você náo esta em estado de vender nada. Vai dormir.

lUlU - ~,'2;c c'cJE::Q dormir. Quero acabar logo Com isso

23
"
,

Robbie - Eu faço isso.

Lulu - Nós vamos íuntos.

Robbie ~ Você acha que eu não tenho a manha?


Lulu - Claro que tem,

RObbie - Eu quero fazer o serviço,

LUlu - No meio da selva? Sozinho?

RObble -Vai
manha Sou casa. VaiLiprá
práestudado, muito, Levo Os papelotes e é só vender, Eu tenho a
cama.

Lulu - Você tã certo. Tô morta.

Robbie ' Então vai dormir.

Lulu - Eles têm a minha imagem no video, Com o chocolate,

Hobbie ~ Eles Vão estar atrás do cara, não de VOcê.


Rabble)
lUlu - Imagina Se fosse aqui (Lulu dá uma bolsa de amarrar na cintura a

RObbi'2 - Ent90 :~

Lulu - Olha Só lem uma regra, É assim que eles dizem que funCiona, VOcê 'Ia,
o

usa.
lá neaoclando, E ex;sle eSsa regra que é a numera um, Aquele que vende não

Robble - Faz sentido

Lulu - Certo. Portanto."

RObb;e - ~jao se preocupe Regra número Um, E eu já Sou crescido,

Lulu - (Dá um caHáo a RObbie) Mosl ra isso na porta.


RObble - .A.mo vocé

Lulu - Faz;. tempo que Você nãa dizia isso, Eu ló lOuca vá vollar ao que era
antes. Só nós dois Você acha que eu tõ gostosa?

RObbie - Conforme a luz e com o vento a favar...

lUlu - E Com um par de êxtase na cabeça?

24

. '>.

Robbie - É melhor eu ir.

(RObble sa, Lulu


compulsivamente. ) olha para a barra de chocOlate, abre e come

Cena 6

Quarto - Gary da a Mark Uma garrafa de champagne.

Gary - Horrivel, né? Uma criança "co" cú sangrando.

Mark - Desculpa, mas eu tenho que ir.

Gary - Um cú que nem uma ferida jorrando pús.

Mark - Nào é por isso.

Gary - Achei que "tava" curado.

Mark - Eu 58!

d
Gary - Ele vlnh no meu quarto depois do Jornal da Noite.
M&.'t . Para, por favor.

Gary - Semere depoIs do Jornal ,ja Noite. E o jeito de e'e me charcar'I';lhn'


fu cÔlava aqcela porra POlque eu não era fI!ho deie T entcl lelar ConLa ele
urnu oÊi Je \/<2zes. 3'.:her que se eu lutasse ele ~éJia
fora.

Mark, Eu sei, eu entendo.

Gary - Ai comecei sangrar.

Mar'" - Cnega

Gary, Mas eu acheI.. Que agora ... Eu tivesse ... curado.

Mark - PARA. CARALHorrr CALA A PORRA DESSA BOCA, TÁ LEGAL?


Gar;/ . '<iace (2 falando que nem ele agora

Pa~e
Mar, - ESCuta Quero que VOcê entenda. Eu tenho esse tipO de personalidade.
en/ende? Uma de mim completamente dependente Eu tenhe uma
tendéncla eC', me defln" puramente em termos do meu relaCionamento com as
peSSoas ":ào con5:go me definir estando sozinho. Então eu me agarro a
alguém cem o que para afastar qualquer Possibilidade de saber exatamente
quem eu se'e Q que é na verdade altamente destrutivo. Prá Inim ... Destrutivo
prá n"Cl cu n<io Sei se você consegue acompanhar, mas entenda, se eu não
me ContrOlo Corneço oulra vez Com multa emoção. Me agarro às pessoas com
Uma carga ce Sentimentos e ai vou ter que começar o tratamento deSde o

2S
•• .' .

••'.
PilflC,p,O de nove Eu Se' que Pode parecer que nào tá nem
eu len"o C··o " \locé va, f'car bem? Desculpa, é Só que
ai COm VOCê, mas

•• he, I,e
'.,00 te", ~ oGo oe", agora
liar" abraça Gary) Espera ai Nào é nada d'ssa Olha
(GaryPor
\lace
favor
ChO'êl Ta
) Hei
não 10m que dezer naaa
Gari· EL: quero

•• urn pai Quero alguém pra "cuida' de


\/oce rne enterlde?
m)TY',

o tempo tOdo

•• Mark

•.< ,
Voce acha que lem ma,s gente que se sente aSSim?

•• E

C Que: '.'osC> quer?



•• ,~

'-.") a ri -
, • :en· O',e quere alguma co'sa TOdo mundo que' alguma coesa
••
';-

f-'" r"·),:es anos lUdO que eu lenho senl,do fo, qUim,camenle ,nduzcdo
:J~Z~r (cJe:!,,: que \locé sente 'lO ce pensa será que é efeito da
••
••
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Pense' eXiste algum :,:;enllrnenlo puro ainda aquI dentro,

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S F~"~'("' ~'n
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e
sabe?
"d'co , Quero descob,,,. quero saber se resla a'''da algum

• ::;2'/

••
,

sa1oad1nhos diferentes) Cheetos Ou fandangOSí

.Cena /
e
iI-"·"
.C , , s:";~"
'" ""'" '." O"~ ,. _<.1"0
___"i",-l-:,, ___ "'Cn'c"00corro
oe rnerflOlate RobbJe scnraao maohucado ""'9 ando
c'.

." c ce';. ,"e cd'c c enfermecra e ela d'sse que tUdo bem \Ia, arder, mas
."'c ccce 'cc CCT esse sangue ai em c'ma Isso POde 'nfecclonar Gangrenar

.~,
.'" cc e,c, >, " T"CJ'Te ern RObb,e) Não se mexa VO não quer acabar


.crc " C'" C,5,
r
""""'"mrnrn rFazendo uma careta) eeSe bem que nae
~"_<

'
'-,-


••

Robbre - Você acha? I
Lulu - E, fica bem em você. Te faz parecer, assim ... duro.
Robbie - Isso e bom.

Lulu - E séno Em algumas pessoas uma mancha, uma cicalriz não nca bem.
Robble - Não

lulu - Mas em vocé - Cai bem. Parece que nasceu ai. (Lulu enfia a mão nas
ca(ças de Robbie e brinca COm o pinto dele.) Tá bom assim?
Robble - Ta

Lulu - Isso Vem. Isso. Me fala deles.

Robbre - De quem?

lulu - Dos caras. Dos que te atacaram.

Robb:e - Dos caras?

LUlU - E os caras. Os marginais.

,. RoboiC - Sem

I.
I·,. LUlu - T,pe. me descreva COmo eles chegaram em você. Corno urna eSlóna
Robbie . Não
•• l'-"Iu - EJ quero saber,

••
,. Lulu - Não quero só imaginar.
•• Robble - Nao for Como você ta pensando.
•• lulu - Então me Conta

•• Robble - Olha

••
•• (pausa.)

RobtiJI2 - ;: o: SÓ um
•• Lulu - VocÊ 'lão falou que foí uma gangue?

•• 27

Robbie - Nào Só um cara

Lulu - Com uma faca?

Robbie - Não

Lulu - Oh Entào ele te agarrou?

Robbie" Não.

Lulu - Te tomou o dinheiro.

Robble . Nilo. Nilo tinha dinheiro nenhum, tá bom? Eu nilo tinha dinheiro
nenhum

Lulu - Voce não vendeu?

Robble - Não.

Lulu - Então antes de você chegar lá esse cara ... Com essa faca ...

Robble - Não tinha faca nenhuma.

lulu - te atacou e levou o êxtase.

Robbie - ,~3C. Eu lava lá. Eu tavó] iá carn o êxtase.

L~!I'U - E.1t307

Robble - Então

(pausa)

Lu!u - Você perdeu (t"\ ereção)

Robbie - E

Lulu - O que houve então?

(pausa)

Robble - Eu ta\/2 !a. Tava pronto, Pronto prá negociar.

Lu!u - Certe E ai

Robble· Enteo r6 Ij Tá cheio de passadores. Todos em pé em volta da pista J


Torno meu lugar To pronto E ai esse cara vem até onde eu tô Um cara
cemalS. demaiS. realmente demais. E diz: "Você tá vendendo?" Eu digo que

28

-
e- - - - - -
sim "Trinta cada viagem," E do jeito que ele me olha, eu percebo que ele tá a
fim de mim, sabe? E ai ele procura nos bolsos, e ... Merda Que estúpido,

Lulu - Tlfa 3 faca?

Robble - Não tinha faca nenhuma,

Lul'...' " Revólver?

Robble - Ele Olha Procura no bolso da jaqueta e diz: "Que merdal EsquecI
minha grana na outra jaqueta, Que merda! Como é que eu vou curtir agora,
Como é que eu vou fazer a cabeça, cara?"

Lu~u-:a,eal ?

Robble - E ai ele me olhou tão ... Que eu tive pena dele, tá legal? E então ele
diZ "Oue tal?? Que tal você me dar essa droga? Me dá esse ácido e mais
taroe, no fim da nOite você vem comigo até minha casa, eu pego a grana na

I_'JIU - E",tendl Ela lava tentando te atrair para a casa dele,

, ,
\e atrair para a casa deie onde ele pod~a tiíar 3 arma, ou o que fosse
L'J ,.,. .

c tOmar de vocé ° aCido.


Ko[)ble - Nada diSSO Não fOI nada disso,

Lu I:.,.' - Nao?

RODb'C - Nao Então eu digo "Tá bom, Negócio fechado," E dou o êxtase para
eie tcr:lO uni, e fico assistindo ele dançando, ele suando, e sOrflndo e ele me
secanco - " ai - elE:: lindo - e 31 - mUito, muito feliz,

Rooble - O que?

Lulu - Você quebrou a primeira regra, não fOI? Não foi?

,,_u,u - Q :Jantas o/

Rob~le - Eu tô',!ô ''/Iôjando


J4!P
~.
Lulu - Quantos? I
••
.~

I
-- _.
Robbie - Três, talvez quatro.
I
••
~ <"':',

·- "

Lulu - Merda. Eu te disse. Regra número um.


••• RObbie • Eu sei. Mas daí Um minuto depois. Vem outro cara. Melhor que o
I

•• primeiro, é sério, mais gostoso ainda que o primeiro. E diz: "Olha, você deu pro
meu chegado umas pedras, e eu tava pensando, Se eu podia te pagar no fim
da semana? Eu le dou meu telefone, e você me da Umas pedras."
•• Lulu - Você não deu?

• Robble - Dei.
•• Lulu - Caralno.


••• --
entende?
Robbie - E eu me senti bom, me senli bem, dislribuindo sem cobrar, você

•• Lulu - Nàa, nào entendo.

•• Robble
se - Mas Imagine Se você tivesse lá. Imagine você lá, como você eSlaria
Sentindo

•• Lulu - Não

•• - E er':2\o - aquela COISa Ioda se fOI corno Se desaparecesse SOZinha.

•• Lulu - Seu porra. Trezentos.


•• Robble e- Sorm,
dançar TOdos aqueles caras, todos eles pedindo e eu dando prá lodo mundo

•• lUlu - Trezentas pedras. Seu bicha de merda.

•• RObble - Escula. me escula. Foi assim que eu me senti.

• Lulu - Eu náo quero saber Você deu trezenlas pedrasprá eles.

••• Robbfe - Me senl: Irnpor1ante,

•• lUlu - Seu porra Se', merda. Imbecíl.

•• Robble - Me eseula um pouco Escuta que eSsa parte é imponante Se você


cair eu caio com você Eu tava vendo esse planeta de Cima. SPaceman Sobre

•• a lerra E ai eu VI eSsa criança em Ruanda Chorando sem saber por que. E


aquela Senhora em Kiev vendendo absolutamente tUdo que tinha aCumulado
na Vida E esse preSidente em Bogotá Ou... Na Ameflca do Sul E VI o
••
• 30
sO'r:rn'?!',::) E as guerras E as pessoas tomando, tomando, tomando '-.Jr:':a das
Outras E CeJ ,')e,'Iso Fada-se O dinheiro, Fada-se Nada de vender Nada de
cOrT'íyar \,'adél ce sistema Fada-se essa porra desse mundo e vélmas ser
lindos Lln,dQS Felizes Você entende? Você me entende? Mas ai veja beM
mas ,;1 Cv se, tc~,n,o cuas pedras e um outro cara chega e diz "E você que :3
C,SI' cu,~dc ex12se?" E e'-.J dOL: as duas ultimas e ele diZ, . O que? Duas? Duas?
Duas ~,lG r:'le faze'n merda nenhuma, Você tem que ter mais" E começa a me
Dater 2 me car porrada.

:_L.'lv - SeU iler~a merda


Cuzão da porra Porra Sua bicha estúpida (Ba!e
r,ele ''-=:3'J,r,c c.'e rrecda (Bate relei Meninos Crescem sabia Cresce';- e pa:a~
OE:" ~)t ""':élr =c~r- o ;)ntQ dos oL;lros Homens e mulheres é que fazem o 'uturo
?esscas r,c"na,s cue trepam quando querem, E Os meninos? Uns fodendo
1
aos o'J ros O sc.fwnen:o vai sendo distribuído Eu não posso fazer parte diSSO
Voce :a íodendo lias dOIS Isso não é Justo É? Você tá parecendo um monte
de Dosta agora Tomara que seu corpo todo gangrene (Joga o vidro de
rr:en,::;'dte na cara ,jele e sal)

Cena 8

n '_ "To .e,e


·--::"'''1 _'c,'1,
r'P J
FL.I at~ L;mél JSS ster~:2 sc::-cla

S(~':s'-':, ,::. \>~r--, r'~, mPlI qcJélr:O Acuele pLrta homelil Me segl.':a e (n~ fG,:je
C;

C'v:;'-:~, >2"-C~ ;~12 IS:-,'))' E',a pergunta "DOIS anos" Eu digo E digo c:ue ele se
rl'~J:::",; :ara 12 e ses rT',eses deools tudo começou, e entao e!,a d'z "Ele usa

,.
.
11:-".- ~ '- ..
r'-,,~
,~
.-
,

va, ."
~

i=sso I.'es:no Ela pergunta "Ele usa preservativo'?" Vocé acha que
case' cesse é normal alguém usar camisinha? Então eu dlÇJo "Ele: so
'OS"';:"
~ ~-
Ur'" pl)'JCO de CUSP[, " ,
i
, , ~ c
I
, ç ,

/~' __ ,r,
" -

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~
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•••
'n
,
c,_ C ,",'
"r'~""'r-
c.' ~,) -

1"::0'"
.~
I
:::."] ~17 :=,c;~,o aue te:1ho um folheto por aqui Você 1130 q',Je c :P\'é-,:r pr,,]



,

1 Mark - Porra

Gary - Isso. Ela diz: "oê a ele esse folheto."


Mark - E aP .. _

Gary - "Não, não quero Um folheto, O que é que pode resolver a porra de um
fOlheto?" Ele não sabia ler porra nenhuma, "cê" entende?
Mark - Claro

ai ela me olha ... com pânico nos olhos, e diz: "O que é que você quer
Garyeu- Efaça?"
que

Mark - Sei

Gary - "Me diga o que você quer que eu faça,"

Mark - E você, ?

Gary - Eu digo "Bem. n<io Sei InJele algo nele, lire ele de lá, corte o pau dele
fora Faça alguma COisa" E ai eu começo a me desconlrolar Um ódio Imenso
começa aa Odiar
Começo S311 de dentro de mim, aparece na frenle dos meus olhos E eu
aque:a "mulhé",

Gar;_ Eu gnto'''rCda_se. Fada-se."

t-l1ark - Com urna faca, ou coisa parecida?

Gary - So grito, e grito. "Fada-se."

Mark - I/ ace atacou ela?

Gary - Ec!ão Naquela porra daquela sala, naquela sala branca minúscula, eu
SUDo na mesa e grrlo'Será que vocês não entendem? lO: muito simples Ele é
meu padraslo Esculem. Meu padrasto ta me currando." Então sai. entre, ,CUrT,
ónibus 'JirJ; para cá, e nunca mais vcltei, Quelia aChar algo olalS Porque lefTl
sua
essema,'lsao
cara que lá me prOcurandc Ele vai Vim me "pegá", e vai me "levá' prá
I
'.
•• r-..1ark - Olha essa pessoa que vG,:.,ê tá procurando ...

'.'. Gary - Que tem?

Mark - ,~Jão sou eu


'.
I.
'.
•• 32

.'-"- -
Mark - Nao.

Gary, - Você não achou que ... ? Não. Não quis dizer você. Nunca qUIs dizer
voce,

Mark - Isso é bom,

Gary , 'Tamo" procurando coisas diferentes.

Mark" Cena.

Gary - Amigos?

Mark - Amigos.

Gary - E ai - amigo - quer ficar por aqui?

Mark - Não sei

Gary - Se quiser pode "ficá". Dorme no chão. Tem alguém te esperando?

~j,ark - Não exatamente.

G<Jry - ~ic.ue quanto quiser .

• L'r..: - ''l"r'''"''''o
'''''0" _ _ )~ ':j'~w
"

Gary - Fique por aí. Você pode ajudar a gente pegando recados, fazendo
limpeza, expulsando débeis mentais, Quer saber, fique o quanto você pUder
(Gar; pega uma bolsa atrás de uma cadeira, abre e tira várias moedas de
Clnque~:a centavos Faz uma cachoeira com elas entre os dedos.) Tá vendo?
Sou um vencedor E não quero saber de brindes. Posso "comprá" tudo que
"quisê" Fica por ai e depois a gente pode sair pr'umas compras.

Mark - Nào sei

Gari' Só urnas compras.

Mail\. - :2 legal. Isso, Vamos as compras.

Gary - Escuta isso O melhor som do mundo. (Eles escutam as moeda:;, caindo
entre c-s dedos de Gary )

Cena 9
Apartamento - Bnan , Lulu e Robbie, Brian caraca uma fita o'e vídeo.

33
Brlan - Ass,stam Quero que vocês vejam isso. (Eles assistem um garoto
tocando cello Sentam por algum tempo em silêncio. 8rian começa a chol-ar )
Descc.:loern Desculpem

Lulu - Voce quer alguma COisa para .. se enxugar?

Brlan - Que fldicul'o Um homem deste tamanho.

Lu lu - T2,!vez um lenço?

Brlan - Não Não (Ele passa a mão nos olhos, Eles continuam assistindo por
mais ~m tempo, e ele chora outra vez,)

Brian - Oh meu Deus Me desculpem. Sinto muito mesmo,

Lulu - Tudo bem Tudo bem.

5rlan - ê que e tão bonito Isso é de uma beleza

Brlan - :: como ',Jma lebrança. compreende. Uma lembrança de algo que .


perce~nos nos

L',-,'II~ - \I'Jcé tem ce:1eza que não quer" ?


I
i
~l,"U - " ~IC-C;' C0rn (Para Robble,) Será que vocé poa'erla ?
I
lK.obblC sa,; Eles Continuam vendo o vídeo RO~blc vo~;a

I. Re'80'é:' . E para suas Para você enxugar suas

I-•
~
Bílan . ':::u te perguntei ° que e ISSO,

••
••• ° que é ISSO, O que é
,.
~
Srlarl - PC:1anto me diga isso nas suas milos7

,.• I "I, r, _, r.c,

c.
-~,~ '-~',,'.:' '~"

•••
••
••

••
••-
e_ Brlan - PaDel hlg,ênico Exatamente. Papel higiénico. Que você trouxe do Seu

•e Robble . Banheiro

Brian - Exatamente.
•• Lulu - Querido, eu não quis dizer ... isso.
•-
•• 8rian - Que você costuma usar para ,.?

•• Robbie .. Prá limpar o cu.

•• Brian - Exatamente Limpar o cú, Enquanto eu (limpa os olhos_) o que é isso?

llJlu . Eu não ped~ papel higiénico

• Robble - E uma lágrima


•••
•• Bnar, . U;na lágrima Uma pequena gota de pura emoção. O que exige um,_ ?

•• Robble - E Um Dano

•• Bnan - Um lenço

••
RObbie - Um ienço.
I,
,
I
~u!u - Fc.~) cn..:e éU qUIs dizer, um lenço.

••
• L'JIIJ - En~ão Sl;ra que você poderia trazer um. ?
.,• Brlan. 1::-50 r-r8 ollacera, sabia?

•• LUlU - S'esculoe

•• Bnan . Isso não é._ Nào estamos em um supermercado ou, Ou em um nlght

••
-,- --
ck.'b Líúslca como essa, você escuta.

ll~'L;
- Caro :"o,estam atençao no video de novo Depois de um tempo Brlar:
•• começ2 Ci'orar de novo, COM mais emoçào desta vez.)
,I
• Br'êl,n - D" Ot.:lJS do ceu Deus do ceu, Meu Deus. I
I
•• lulu - i='e e IIJ TC bom

•• B(,'3" - 520:, TCCél as pessoas como Como algo que você Já conheCia Algüna
:0:52 ~d::::' ,,','!ca que você perdeu mas tinha esquecido que tinha perdido MI:

••
•• .35

-
Lulu - Você deve se orgulhar muito.

Bnan - '. escuta isso e reconhece o que você ' .. perdeu. (chora pesadamente)
Lulu - Olha, acho que eu tenho um ...

Robbie - Um lenço?

Lulu - É Um lenço No quarto.

RObbie - Quer que eu pegue?

lulu - Sim. Sim. eu acho melhor você pegar. (Robbie sai)

Bnan - Porque no prinCipIo era o Paraiso, sabe? E você Podia ouvir.. Os ceus
cantanoo para você. certo? Havia o paraíso cantando para seus ouvidos. Mas
nós pecamos, fomos lá e pecamos, você me entende? E Deus nos trrou isso.
nos tlCOU essa música até que nós esquecessemos o que tínhamos ouvido,
mas de vez em quando ele nos dá uma pequena mostra de musica ou poesia _
e ISSOo le
com faz lembrar
lenço.) de cama era, de Como era antes do pecado. (Robbíe entra
Está limpo?

Robble - Esta.

•• 8r:2n - Outra vez Estâ limpo?

•• Rübblt? - Esta

•• Brlar. - O.he nos meus olhos Bem dentro dos meus olhos. Está?

• Robb:e - (Olhando tEstá.

•• Brlan - E mais uma vez Está limpo?

•• Robble - Não

•• 8r:an - Então por que você está me oferecendo?

•• RcbrJIE - É que

•• Brlan - L.;:il ',enç,o sUJo tAe oferecendo um lenço sujo.

Lulu - Querido


•• Berae " - So se for para o seu nariz. (Brran dá um soco em Robble que cal no
ch~o

•• RObble - Desculpe.

••
•• 36
Lulu - Leve daqui

Robble - Claro. Desculpe. (Brian volta para o vídeo. Os demais o


acompanham.)

Brian - E o professor dele diz - e é uma escola religiosa, uma escola bastante
religiosa - e o professor diz: "É um presente de Deus!" E eu acho que só pode
ser. Só posso pensar que ele esta certo, porque a!guém assim não pode ter
vindo de nós. Não pode ter saido de mim e da mãe dele. Então da onde pode
ter vindo se não de Deus, ein? Uma criança que nem essa, uma criança
maravilhosa - meu filho - e o instrumento não tem nada de especial, é só pegar
um pedaço de madeira. umas cordas e - então - um homem maduro, deste
tamanho .. chora. (Robbie entra, Brian pega um lenço impecavelmente limpo,
dobrado e novo do bolso e cuidadosamente limpa suas lagrimas. Para Robbie.)
Veja Você não limpa suas lágrimas com algo que você limpou o cú ou o nariz,
certo?

Robble - Sim. claro. (Eles continuam assistindo o vídeo.)

8rian - Vocês Ja pensaram na vida que esse menino vai ter? Pensem nisso.
(pausa) Ele não sabe disso agora. Mas quando estiver mais velho, quando ele
tiver idéia do pecado, de tudo isso, aí ele vai agradecer a Deus que ele pôde
ter essa oportunidade, não vai? Esse pequeno pedaço de pureza .


Lulu - E demais. não é?

Lulu - E parece que ele nem precisa se esforçar para isso,

Bnan - Mas há uma dedicação

Lulu - Claro

Brian - Por trás disso tudo há uma dedicação.

Lulu - Tem sempre que estar ensaiando, não é?

Brian - Uma declcaçao por parte dele. - CiaíO.

Luiu - Tipo Horas por dia,

Brian - uma aedlcação por parte dele, claro. mas hã tambem uma dedicação
da m,nlla par:e

Bnan - Porque, no fim do dia, no reconhecimento final, por trás de toda essa
beleza, por trás de Deus. por trás do Paraíso, quando você tira toda essa

37

•• casca o que há, o que você encontra afinal? (Para Robbie.) Fiir':,
i

•• perguntando.

Robbie, É ...
estou te


•• Brian - E então, filho.

•• Robble ' É. !
i

•• Brlan ' Responda a pergunta.

Robbie ' É... Um pai


t

•• 8rian - Como?

•• Robbie - Você não pode ter nada disso sem esse tipo de pai.

•'. Brian - Não Não. Pense de novo. Tente outra vez.

•• Robbie - E que

•• Bnan - Pense

Robble - Não posso.


•• 8fl3n - Não. não. Você rlao tentou suficiente, náo, Atrás dessa t(~ -:- =::~:::, atrás
••
C)
de Deus êltr3s do paraiS;) ..

•• Robbie - Dinheiro

•• 8rian - Isso. Muito bem. Excelente. Dinheiro. Leva um tempinho ::=:_ .-:.__ := sacar,
não é filho? Mas é isso. E quando nós temos isso com a 98:---- _ ai sim
aprendemos as regras. Dinheiro. Porque você tem as taxas de mei:- - ::...;;a5, os
•• uniformes. o instrumento, as partituras ... Por isso é que eu vivo cor~r:::--=:: como
um louco. você me compreende? Por isso é que eu tenho que mar-:--:-,,- _ :J caixa
sempre no azul, você entende o que eu quero dizer? Por isso é C"~::--'- -::.-0 não

•• ,")0550 de!xar que gente como vocês ME FaDAM POR Ai
entendem?
---==.§s me

•• Lulu - Claro

•• Brlan - Por
Ta claro?
ISSO é que agora eu
me sinto triste. COm uma espécie a~
- ,a até.
f

• Lulu - Ta

•• Brian - Não gosto de erros. Não gosto de cometer erros. E vocês :- ~3:ao me
~': ~'----:jo
•• dizendo que
minha alma
eu cOmeti um erro. E eu me odeio tanto. AqUi dentro.
(pausa) Nós temos um problema. Um problema de três -
da
::::Jras)
a solução? (Sentados eles se entreolham por um te,----~ _ _ 3rian
•• Mas qual e

•• 38
então levanta, tlfa a fita e poe na sua maleta.) Podemos estar diante de um
Impasse A menos que um de nós faça uma concessao. Mas quem faria ISSO?
Vocês gostartam de ceder em algum ponto?

Lulu - Não

Brian - O que voce está querendo dizer? Você está pedindo que eu faça a
concessão')

Lulu - E

Bflan - Vocês adiam que eu deveria ceder? (pausa longa) Sete dias. Sete dias
para vocês arranjarem o dinheiro,

Lu!u - Obngado

Brlan - Você entendeu, filho? Se não crack. Crack

Robble - Sim Arrumar a grana. Certo. (Pausa. Brian coloca outro vídeo)

Brlan - Gostaria que vocês dessem uma olhada nisso A câmera balança um
POuca I)'~':.;r:s dlr,an~ até que é uma prOdução rUim Mas. o que é uma
produçãc rUir:,? P r OOUÇc30 rUim é aquela que não tem um bom assunto Essa
tem U,'ll t,o,,, assunto, um bom exemplo. Foi gravada meses atrás, 11 h53 de
<..'rna C;:.;arti'l-:e"ca !Da play no vídeo. Som de furadelra.) Não dá orá ver o rosto
claro, 1:r~0S eSSiJ r:!3o dE unl Cara do meu grupo (Vide o mostrs um homr~m
e
(':::''";'1 J t"::C>J c;c,aj:, ~'C' :Jr;l,3 rltc: : O cara com a fita na boca falhou no seu
teste '~'j ScJ~~ c~\rX'r'éllcla (/\, furadell"a passa no rosto do cara) E ta'lto medo
tanto C~,'t-;CC." t.Yda vontade de Viver Mas estamos todos procurando
Procurando nãc estamos? (Brlan sai Lulu e Robble ficam vendo o vídeo)

Cena 10
APJr7ancento . Rot;cle no telefone.

"Robb,e - Van:o la ~ pegar Ou largar, Isso é uma, E uma Oportunidade de


oure Nos poderr·,os mudar o curso da história, (Toca um celular e Lulu entra)
E ISSO CL.e eu o:go Em pé no jardim e é para toda a humanidade. o curso da

).,
história

'.•
, ~:...I,; - 'I\C cei:... I;.;,' ,: f:-Ic~, a'o Terry? Nàáão Ligue o quanto \/océ qUiser

Rotb'e - (:U1d estc~j te oferecendo porque nós somos os primeiros, nós SOmos
•• o:, 'Jn,c:Js E:.. ("<'L:era c;ue VOCE fique com ele,

•• 1
L.Ulu . '"lwnrn ';:;93 Grande Idé:a Uma corda presa na cama Lega! Agora. rlle
,jé o flUfT'Iero eJo SElJ C31130 outra vez É E a data de validade Isso E agora
•• eu \/OU te le";a, pa'2 Ull OU;fO lugar Quero falar com você Sozinha de dentro
co rre'~ '=:'~.a"lO 15al;

••
•• 39

-

••
•.-.- ."
Robble - Tá aquI na minha mão Na pele. O sumo. Vermelho Pele vermelr,a E
ai vem o suco E você vê o suco, a essência e quer morder (Outro celular
toca,l r\,'1orde Isso A liflgua agora A maçã Isso A fruta proibida (A~ende o

• outro celular) Alo? Para ? Se você puder. __ ? Ela Já está Isso Ela esta a

•• caminho Isso (No telefone) E agora ele esta como você nunca VIU antes (No
ce:ular) Se você puder esperar, se você puder ficar na linha Porque nós
Claro, claro. Dois minutinhos (No telefone) ~,.'1eu,
•• somos ,ealmente mUito
meu pinto Ouro E o que você vê entre suas pernas",? Isso. Você vê que
quê O~1e você lem um Igual ao meu. E você nunca tinha notado Isso seu
O

, 4111, proprlo pln:o bem grande (No celular,) Você ta aí ainda? Tá esperando?
Fechado r'Aals tarde??? Claro. (No telefone.) Querido, você me quer e eu

•• que,co você. e ~lomem em cima de homem, e eu Sou Adão e você é Adão


e
também (O ce!ular toca de novo.) E você quer tirar a fruta lá de Cima. ISSO.

• ISSO. e :10S nos batendo. fodendo contra o tronco da Árvore da Sabedoria


(Luiu entra COm o primeiro celular)

••
=
LUlu· IOel)OS no :eiefone ) Isso Isso. Assim, assim. (Desliga o primeiro ce!ular

• e 3\e:,oe o secJndo) Alá? Nome. por favor E o seu número Ah Garanhão


~

•• Que Don; \/er,:n,3 rneu garanhão. galope com seus pés fogosos por sobre
minhas :llontanhas ate a pousada de Febo. Passe Como a carruagem
COr.lClncada por Faetonte chicoteando sobre nossos corpos
1

ASSim Se
•• h
esoal ,,: ,'sso isso ~lesmo Vem noite servil Vem nOite gentil Ve"l :es:a
:,eg'él :::::a ,"Ol:ê \/er~\ f~orneu (Escuta por um segundo) O que tá serto?

•• i.~ecor'~cçc COr~1 ~1a1S força) Oh. eu comprei a mansão do amor. mas ,31:lCa
:130 rT.e él[)OSStõ:. oela. fUI compradé'l mas ninguém desfrutou de r:;II'l Vérn
Rc,r:',e·~ ::e,." fcc:ecC!í de boceta s,~ja iSSQ. Assim. Bom. r'i'u',to hor:-, T:hau
••
•• KC~~::E: tc·e:or.e j Isso c. escuta o que eu te digo. ISSO é o paraíso Is:.;o e
- : \J.:.;.
o ·:e,. ;:, é! '.:·Ta E as esferas estão Circulando firmemente Bom Isso E

• agora nos estar'lOS na ? Torre de .. Sim, sim claro Torre de Babel. Todas as
Ij~g'...Jas do rl'.ur~.do Splach. kabrunch. bam bam bam. pashka. pashka TL:do
•• ben' er.:ão FOI pra você? Isso é mUito bom. Muito bom Se CUide Até (Para
Lul'~) F:Sl.3'i1CS co~,segulndo Novecentos e setenta e oito e quarenta
•• c C nl a "y" (y:.;

•• L~I~ - j·;or que [',a ia.~lta gente louca nesse mundo?

Rc'"8ble - r\cs estamos conseguindo a grana.


••
••

•• Cena 11
iei a
no provacior de roupas Mark está experimentando um blalser
•• care-

r: .. , •

••
~d,

••

Mark - Legal

Gary - "Qué vê" outro tamanho?

Mark - Não Esse aqui tá bem legal.

Gary - Então ta.

Mark Vem ver se você gosta. (Gary entra transformado Todo


extravagantemente vestido e com sacolas de lojas caras.)

Gary - Uaul

Mark - Você gostou?

Gary - Claro. É prá você. Cai super bem. Você "qué"?

Gary - Se "quisê", "cê" leva.

~. .1ark - Não sei, não é o tipo de roupa que eu uso.

Gari - "Cê" ainda não sabe. Mas "cê" só vai andar assim agora

l"iêJik - Eu r:)Om que ia gostar.

Gary - Nova vida. novos trajes. Faz sentido. Vai.

Mark - \jocê tem certeza que você pode pagar?

Gary - O que você "quisê".

Mark - Então tá.

Gary - Legal. Então agora ... (Abre um leque de cartões de crédito.) Pegue uma
carta, qualquer uma. (Mark tira uma. Lê o nome.)

l\-1ark - P Harmsden.

Gary - Lembra? Noite passada. Velhaco se batendo todo?

Mark - Ah P Harmsden.

Gary - Esse mesmo. O canão em troca do que ele quisesse. Foi o trato

Mark - Espera lá fora.

Gaiy - Eu não ~ICO


~

41

•f,
"',-,
.,
r~) Mark - Vire de costas Eu levo s6 uns minutos.

Gary - Tarde demais. Já vi,


~)
~, Mark - Viu??
.- . ,
"-tt"., Gary " Vi ele de pé,

Mark" É. Tá duro,
~,
.-
•• Gary " Deve tá até doendo, Em pé a dia todo, "Foi" as compras que
provocaram
que ISSO?
é por minha Você tem algum tesão especial em "fazê" compras? Ou sera
causa?
•• Mark - t: isso mesmo. É por sua causa.

•• Gary - Quantos anos "cê" acha que eu tenho?

•• Mark - ~lao sei

•• Gary " Ouando 'cê" me conheceu, quantos anos "cê" achou que eu tinha?

•• Mark - Sei Já, tipo dtozesseis, dezessete.

•• Gary" Til bom O oue 'á passando pela Sé'a cabeça? [u sei G
na de baiXO, enas na de Cima?", O que "cê" tá querendo? Fala, vai.
qu~
tá passando

•• Mark - Nada Olha_ E só uma coisa tisica.

• Gary , Entáo 00- que


beiJar? ce' n<ia diZ o qUe "cê" ta querendo? Você qu", me

•• Mark - Quero

•• Gary - Então vem

•• Mark - EScute, se nós fizermos"


entendeu?
qualquer coisa, nao vai significar nada,

•• Gary" Falou

•• Mark, Se eu achar quP está começando alguma cOIsa eu paro

Gar; - \lo c!..' r'ode beijar


••
fT;e
carinhoso (Mark bé!Jél Gary) carinhosamente. Minha mãe tinha um beije


• Mar'..; _ ,r=o

••
•- 42
Gary - MaiS um pouquinho?

Mark - Mais um pouquinho. (Mark beija Gary outra vez. Dessa vez mais
sexualmente. De repente Mark larga Gary.)

Mark - Não. Não quero assim.

Gary - Sabia. Se apaixonou por mim.

Mark - Vá se foder. Eu achei que tinha acabado com isso, porra.

Gary - Você me ama? Ê isso? Amor?

Mark - Não sei. Como você define essa palavra? Tem uma coisa física, sim.
Um tipo tesão que não é amor? Não. Talvez, desejo, isso. Mas, depois, sim, há
um envolvimento, suponho. Tem isso também. E ai eu quero ficar com você,
porque quando você está comigo, eu me sinto Como se fosse alguém, mas
quando você não está eu me sinto um ser inferior.

Gary - Então é amor. Pode falar.

Mark - E. Eu te amo

Gary - Tá vendo.

Mark· rv1as o que eu queria - agora que eu disse essa porra cornp,letamenté
infantl! - o que eu queria fazer era ir além desse ponto e tentar desenvolver um
relacionamento que fosse mútuo, no qual houvesse respeito, um

,. , reconhecimento das necessidades de cada um de nós.

Gary - Eu não senti nada.


~:
",' Mark - Não?
..I. Gary - Ouando você me beijou. Nada.
I.,.

Mark - Sei

,.
, Gary - O que significa .. que quem comanda sou eu, certo? Deixa eu te falar
uma COisa "Cê" não é o que eu procuro. Eu não quero nada parecido Com
•• ,
ISSO.

•• Mark - t'J1as por um certo tempo ..

Gary - Não.


•• Mark - Veja bem, se você nunca foi amado.

••
•• 43
."
:.
.', Garj - Nao tá procurando um amor. Eu quero ser propfledade de alguem
-c"
-,' Quero alguem para cUidar de mim. E quero que ele me foda Realmente me
" - 'I fOda Njo como no passado nao como ele fazia Vai machucar tambem eu
~,; sei, mas ai vai mactlucar de um jeito bom. ,I
. ,
•• ,'
• Mark. - Mas se você tivesse uma escolha.

•I. Gary - Eu nao escolhefla você. Quero que me levem. Alguem que me entenda.

.•. ,
c~
rvlar~ . Não tem ninguÉm assim lá fora .
'

•• Gary -Cê' acha que porque você nao me "que" desse Jeito ninguém vai
qcere? Ta cheiO de gente que me entende. E alguem vai querer fazer ISSO
por ri1lrn T 6 Indo agora


•• Mark - Fica por favor Por favor, eu (Mark beija Gary que o empurra)

.' Gal\, - Cu menti sobre minha mae Eu nao deixava ela me beijar Ela e umo
vaca Vai prá casa agora Vai pro teu lugar
•• Mark - Quero ficar Com Você Me da um dia, tá bom? Mais um dia
•• Gary - Não perde seu lernpo comigo.

•• iv~ark . \'crê DC8C Olha, pode Vem pra casa corn:gG

••
•• Oc:ero rrostrar üflde eu moro, corn quem eu moro


•• , , So r"alS ~m dia Me dá um dia.

•• Gar/ll.;a
pra Cc" vai me ievaf prá tua casa e me "comê"? Então tá Um dia Me leva
- casa

•• j'Aark - Chupa meu pau

• ,
Garv· \feee nao tá me levando pra casa?
•• i'.~Jrk . Chu~J meu ;Ja~, a901-3 Te levo prá casa depois

••
•• ".'1 a r ~ '\::J~ ,<:1
. '1"-" f,,? n'"'
'o'

V~JC~
•.- Gary - CéJ:::xze er'ou Tenho catorze anos,

••
••
Cena 12
Apartamento - Robble e Lulu olham para os telefones,

Robble - Vamos Toca, toca. Isso não podia ta acontecendo. Por que é que
isso tá acontecendo? Nós estamos tão perto. Mais de dois mil. Ta bom, n<lo
tá? A gente tá perto, mUito perto A gente trabalhou pra isso. A gente ganhou
essa grana. A gente fez bem isso, ne? Você não acha? Fala alguma coisa.

Lulu - Eu acho que sim.

Robble - Então não pode parar agora. Eles tinham que tá tocando Toca seu
filho da auta, toca. Merda. Não acredito.

Lulu - Caima Deu uma parada, Acontece,

RObble - Não tinha acontecido antes,

Lulu - Senta e relaxa,

Robble - Não dá

Lulu· Já, Ja começa outra vez

RODOle - A gente Mo tem tempo Nós n<lo vamos consegurr pagar deSse leito

Lci'J - ~ su ue, Momento de paz A, uente 12 conseguIU a malar pene Oa grana


c
Rlít,':::::e f':: .' Cll;é'ru fiCé:H viVO Eu quero sobreviver, você não quer?

Lulu - Njc sei

Roco;e - \./:]C8 quer morrer?

fJt Lulu· Não eu quero ser livre Não quero viver desse jeito,
..
.. Robble . Ta legal Mais um dia, tá?

~ Lulu - Tá

~
.. Robb'e - Só mais r.;m dia e a gente vai ta livre .
..
.. Lulu - Ta borr.

..e- RObb:e - isso se corr:eçar a tocar de novo (Toca o sinal do microondas)

,. Lu!u - j:, :C'n:da ta prcnta

.e
..
••
.- Lulu - O.Jer um pouco?

••
..-- 45
~
Robble Ocelo (L'"lu sal) Vamos, vamos, por favor. (Pega um telefone e fala
nele) POI que e que você nao tá,,? (Percebe que não dá sinai, Checa o fio e
vê que está desligado da parede, Vê o celular e percebe que está deslrgado
Senta. Lulu entra com a comida e oferece um prato a RObbie)

Robbie - Não, obrigado.

Lulu - Come alguma coisa.

Robble - Não. obrigado.

Lulu - Varnos

Lulu - Elitao ta (pausa) Nem um pouco?

RObble - Nem um pouco.

Lulu - Você devia aproveitar para comer enquanto tá calmo.

Robble - Você acha?

Lulu - Vai recomeçar num minuto.

R::.>b:::ll':' - Vac estar tarJos tocando'?

'U'I'
" ~ 1'10'0
~,--",

R,ot'CI~ - E,.J 1;30 acho. Você acha?

Lulu - C'aro que vão

Rct.'~,e - NjCJ Eu acho que não E acho que amanhã nós estaremos mortos

Lulu - Cla.ro que não

Robble - Porque eu acho que um de nós quer morrer.

Lul'J - Néia

ROb82 - Fr11.;],:) rrc d'Z por que você desconectou os telefones

~vlv S:) r=n, ',.:T, :empo Eu só queria alguns minutos de paz

45
Robbie - E eu quero viver. É isso que eu quero.

Lulu - Eu só queria fazer uma refeição sem ... tudo aquilo.

Robbie - Nós teremos muito tempo depois.

Lulu - Eu não consigo. Na minha cabeça.

Robble - E eu? Nós temos que estar nisso juntos. (Começa reconectar os
telefones)

Lulu - Não. por favor. Ainda não.

Robbie - Nós temos que continuar.

Lulu - Assim que eu terminar com isso. Dez, cinco minutos.

Robbie - Vamos,

Lulu - ECl recebi um telefonema, Vinte minutos, meia hora atraso Um jovem
Falando bem até. E eu". você sabe ... "Onde você esta? Na sala Você tá
mexendo no seu pau? Isso. Bom. Muito bom" Então aí ligo o piloto-automático,
e de repente ele diz "Tô vendo um vídeo" "Que legal!" E então ele começa,
começa a descrever" diz que tinha ganhado essa fita de um amigo, que tinha
copiado de um outro amigo, e que ele copiou e dadada, dadada, E ele diz que
está se masturbar,do Com esse vídeo de Ufila muiher, urna est'.Jdan1e que es~á
em !.Jt'n SC\icn-Eleven. trabalnando no caixa. E que entr3 um bêbado e .. enta'J,

Robble - Caralhol

Lulu - E. Ele ta se masturbando com esse vídeo. Será que nós não podemos,
só por uns minutos

Robble - Não vamos acabar Com isso

Lulu - Vamos comer algo antes.

Robble - Não temos tempo.

Lulu - Come Come Come primeiro. Só alauns minutos.


-
Robbie - Não VOu Comer,

Lulu - Vamos você pode ter o mundo aquI. TOdos os sabores do mundo, Você
tem um HT1pérlo sob este celofane. Olha, Chi·na. Indonésia, India. No passado
você tinha qLJe Invadir. você tinha que ocupar um pais só para ter sua comida e
agora você tem (Lulu segura RObbie para ele não replugar os telefones,)
Coma Coma Cerna

Robble - E:ssa r:lerda?

47
,

••
• Lulu - Agora. Come agora.

•• Robbie - Não. Isso? Isso é uma merda, Isso? Eu não alimentaria nem um bosta
de um aleijado com câncer Com uma merda desta.
•• Lulu - Come. (Lulu empurra a cara de Robbie no prato. Entram Gary e Mark)

•• Mark· Oill


.; Robbie - Onde você tava? Saiu prá comprar um chocolate. Uma semana atrás.

•• Um chocolate ou um cheesburguer. E agora o que tá fazendo aqui?

Mark - Vim mostrar onde eu moro.


•• Robbie - Teve fazendo compras? Como é que você pagou por isso?

Mark - Ele pagou.



•• Gary - É ISSO aí Paguei.

•• Mark - VIVO com eles

•• RObbie - E aqui estamos. Eu sou Barnei, ela é Betty. Sam 8am está brincando
lá fora E você deve ser o VVayne.

•• GaL): - Waine? Nao S0u Wayne. Quem é \'v'ayne?

•• Lulu - A ger:le la comer alguma coisa. Sentem aí prá acompanhar a gente. Ê


muito difícil de dividir na verdade, porque esses pratos são muito bem

• preparados para uma pessoa só, porções individuais, mas podemos tentar

•• Mark - Não Não. Não. Nós não estamos com fome.

•• Robbie - Nós? Nós? Você ouviu isso? Nós?

tV,'Hk - E acho que nós não estamos com fome.


•• Robbie - Você é algum tipo de oferta especial?


•• Gary - Tipo o que?

Robbie - Mais barato que um Chokito?


•• Gary - Ele nao tem que me pagar.

•• Robbie - É n-:éSniO?

•• Lulu - Ta mela bagunçado

••
•• 48

..
t..1ark - Essa é a Lulu.

Lulu - As coisas saíram um pouco do controle.

Robbie - Ele vai pagar. Ele é o tipo que paga. Faz parecer um negócio.

Gary - Não comigo.

Lulu ~ Vamos sentar. Vamos sentar todos. (Sentam.) Então. Olha só que
bagunça. Se você não se policia, você fica que nem criança no jardim da
infância. Brigando por causa de comida. Não é muito, mas eu acho que ainda
dá para dividir essa porção. Alguém quer? Querido?

Mark ~ Nilo.

RObbie - Então, você é especial?

Gary - Ele acha que sim.

Robble - Ele disse ISSO? Ele te disse isso?

Mark - Vamos. deixe ele em paz.

Gary - O:sse Ele disse isso.

,
Mark - (Para Robble ) Deixe ele em paz.
\

Lulu - p, sobremesa vai ser uma surpresa. Eu tô louca por uma sobremesa. I
I,
••

Robble - t·/ie diz o que ele te falou.

Gary - Ele disse: "Eu te amo.!

Mark - Não foram essas as palavras.

Gary - FOI FOI. "Eu te amo. Fico perdido sem você"

Mark - 1'\unca disse nessas palavras.

Robble - (Para Gary.) Você tá mentindo. Seu porra mentiroso. (Pula para cima
de Gar:,-' entrangulando-o )

Gary - E V8rCaJe. E verdade. Ele me ama.

Mark - Ú";IX::l e:'e em paz Sal Sai dai. (Mark ataca Robbie. que ataca Gary.
Lulu tenta pro~eger os pratos, mas a maior parte da comida vai para o chão.)

49
Lulu .)- Parem Para com isso agora . (Mark consegue tirar Robbie de cima de
Gary

Gary - Louco . Você é doente mental.

Lulu - Chega com isso.

Gary - Um porra de doente mental.

Lulu - Ssssssh ' " Calma .... Calma ... (pausa longa)

Robbie - 'Eu te amo."

Lulu - Chega .

Robbie - É isso que você disse que ele disse?

Mark - Eu nunca disse isso porque não é verdade. (Sai.)

Lulu - Que Zona . Olha prá isso . Por que tudo é uma puta zona prá nós? (Limpa
o máximo que pOde e sai , Robbie e Gary se olham em silêncio .)

Gary - Ele me ama Ele disse isso.

Robble - Ele te pediu para. Pediu prá você lamber o saco dele enquanto ele
9 "7-:'\13'1
.... " .... L U " ~

,. G~:y - Pediu Pré você tarnbem,


te
,.
,. : RObb:e - Muitas vezes Eu sou namorado dele ,

..
... '
Gary - Prá mim ele não significa nada, sabia?

Robbie - Não? Ele não faz seu tipo?


)e ',

,.•• Gary - Ele pega mUlto macio , (pausa) Você "ama ele"?

•• Robble - Amo , (pausa)

t.•
'

Gary - Ele é cheio de gentilezas. Não é isso que eu tã procurando. Eu tenho


~
.• ','
que achar um do meu tipo , Eu sei que ele tá por aí. Só tenho que "achar ele" ,

~. RObbie - Alguém q:.ie não seja gentil?


t.). Gari - Isso, Alguém forte , Firme, sabe?

t. Robb ie - Se!
I.
I •

••
'. • 50
'.
Gary - "Cê' pode achar que um cara assim é cruel, mas não, ele tá e
cUidando
oe voce Eu 5el que um dia eu "vã" tá por aí, Dançando Fazendo compras O
que seja E ele vai me pegar e me levar embora,

Robble - Se e que ele existe mesmo.


Gary - Cê" ta falando que eu nao consigo um cara assim? Que ele não eXiste?
Oue eu t6 mentindo?

Robo!e - Nao disse isso. Eu acho, Eu acho que tudo que nós precisamos são
estórias Nós inventamos estórias para podermos continuar tocando, Eu acho
qL.'e te~Clos atrás ti:lham grandes estórias, Estórias tão grandes que você
pod,a passar a vida toda só acreditando nelas. A "Poderosa Força das Maos
de DeL.'s e seu Destino'" "A Viagem do Esclarecimento", '"A Marcha do
SOCialismo" rAas todas elas morreram ou foram consumidas, envelhecidas ou
esqueCidas pelo mundo, e então nós agora estamos inventando nossas
próprias estórias, Pequenas estórias. Mas cada um de nós tem a sua

RODbie - E a sol:dão Eu entendo. Mas você não está sozinho. Posso te ajudar
Este," ((; oferecendo ajuda Por onde você quer começar? t~cho c;ue eu sei o
que você es1á procurando?

Gary - U:rl preço?

Robb e - E Você me paga e eu arranjo o que voce quer Eu tenho um bom


Instinto 1= ,. corJ',eço esse tipO que você quer Você paga?

.'\o'8b:e - Dinhe'ro VIVO Tem que ser '''rn dinheiro

Ga;\ - '1 er'ho Tenho grana. Então o que a gente tem que fazer? Corno "cê" vai
me 01
, '-' ,r~-")r?
L.~CJ

Rebele - \iaMC'3 jazer um Jogo

Cena 13
tv'e;, 30ôriarnento algum tempo depois. - Mark, Gary, Lulu e RotJblc
Mark - Por que nós vamos jogar?

Robbie - Porque ele quer.

Mark - Esse jogo é estúpido.

RObbie - (para Mark) É seu amigo, não é?

Gary - Sou.

Mark - Prá que é que você jogar isso?

Gary - Vi essa cena na minha cabeça, tá bom assim?

Lulu - Tá

Gary - Vi essa cena como se fosse uma estória, sabe?

Robble - Sei

Gary - Tipo uma estória com quadros.

). Lulu - Um filme.
,
,
•• Gary - É uma estória que nem um filme.

•• R.obb,e - Vocé tá nele?

•• Gary - T6

• Lu!!..! - Você tá no filme?

•• .. Gary-T6

•• Robble - Você é o herói?

• Gary - Bem ..

•• Lulu - Você é o protagonista - você é o personagem principal do filme?

•• Gary - É tipa isso.

•• Robbie - Certo

•• Gary - Então tem eu e. tem essas escadas ... (pausa)

Robbie - E ai?

•• Gary - Não Olha. não tá mais a fim ...

••
,
•• 52
Lulu - Você não tá a fim de ..

Gary - Achei que eu podia mas não posso, falou? Eu so tava querendo.
Desculpa.

Robbie - Tava querendo fazer a gente perder nosso tempo?

Gary - Desculpa.

Robbie - Oevia ter feito você dar a grana antes.

Mark - Que grana.

Lulu - Você não vai querer continuar mesmo?

Gary - Não sei.

Robble - Você tem que pagar a gente.

Mark - Pagar o que?

Robbie - Pagar para jogar,

Lulu - Então vai continuar Ou não?

Robble - ~Jào faz sentido. Tomando nosso tempo. Quantos allos você tem')
Quem e você? Uma criança tomando nosso tempo?

Gary - Não sou criança.

Robble - Você não sabe o que quer.

Gary - Eu sei o que eu quero.

Lulu - Então??

Gary - É que eu não sei as palavras prá contar a estória.

Mark - Tá legal. Depois a gente faz com ele.

Robbie - Agora. Eu sou o juiz. Eu é que decido.

Mark - Comigo. Faz comigo. Pode perguntar.

Robble - Isso não é Justo Isso não tá na regra.

Mark - Mas se ele não está pronto ainda ...

53
RObbie - Então tá. Vai ser punido por isso. O que devemos fazer cam ele Como
punição?

Mark - Deixa o cara, tá legal?

Gary - Que merda, não quero.

Robble - (Para Lulu.) O que você acha que seria uma boa punição?

Mark - (Para Gary.) Tudo bem. Tudo bem.

Gary - Porra. (prestes a arrebentar em lágrimas.)

Mark - Eu vOu jogar. Voltamos em você depois. Agora perguntem.

Robbie - Não.

Mark - Vamos. vai - Perguntem.

Lulu - Tá legal

Robble - É trapaça.

Lulu - Eu sei. Minha pergunta é ... Minha pergunta é: Quem é a pessoa mais
famosa que você já comeu?

~..~ark· A pessoa mais famosa?


~
Lulu - A pessoa mais famosa.
fi'
~
,. Mark - Tá bem. Tá legal.

,• Robble - Se você vai Tem que ser verdade

••
I. Mark - Claro. Claro

•• Robble - Senão nãú vale.

•• Mark - Eu sei.

•• Lulu - Vai. A pessoa mais famosa.

•• Robble - É porque da última vez ...

Lulu - Vai.

•• Robble - Não. porque da outra vez.

•• Lulu - Deixa ele falar

••
• 54


I. c. 1,
•• Robbie - Da última vez ele inventou. ,,II
• ••• Mark - Eu sei, eu sei. I.

• I

•• Robbie - O que eu tá dizendo é que ...

Mark - Eu sei o que você tá dizendo.


•• Robbie - Eu tô dizendo que tem que ser de verdade.
4t,.
." Mark - Certo. (tempo)

•• Robbie - Entoo .. (tempo)

• . ..
Lulu - E então __ ?

•é' Mark - Então Eu tá em Tramps, certo? Tramps ou Annabel, certo?

•• Robble - Onde?

•• Mark - Não lembro.

•• Robbie - Olha você tem que ...

Lulu - Vai
•• r/l'Jrx. - T~amps, f\nllabei Ou Gild~ quer qu~ seja, tá bom?
,


•• Robble - Se você não sabe onde foi ... ,

• Mark - Não interessa onde foi, tá lega\?

•• Robbie - Se é verdade ...

•• Mark - O lugar, o nome, não interessa.

•• Lulu - Nac. NJO interessa.

Robbie - Eu acho que você tinha que saber.


•• Mark - Que porra de diferença faz?


•• Lulu - Tudo bem.

Mark - A sua pergunta foi com quem.


•• Lulu - Isso Ouem? Ouem? Quem?

••
••
• 55

••
rv1ark - T'amps Ou Annabel Ou algum outro lugar, Qualquer lugar, porque o
lugar não
,"lesse é 'mportante, tá bom? Porque o lugar não interessa Então eu tô
I~ga'

RObb'e - Ouar:co?

Mark - ?L':a cue o pariu

R8bb:e - Quero saber quando

LUlu - Faia, então você tá nesse lugar.

~O~ble· ~u Quero saber quando

Mar~ - Oual:::]uer epoca No passado

r
RODb c - Se n2na passada? Ano passado? Na sua infãncia')

?ara que
~
",. ta legal

I' Rcc:J:e - \/erJCld2cc:

).
I·I· -ia
',a bom?

~
\.o. r..1ark . Ent2c L, ~esse lugar - que pode ser Tramps
pode nao ser - e

•,.
,

\.,.
,.,.
,.,.
.,c
,. " .
,c

•,.
).

~..
~.

~
•~ Mark - Eu tava curtindo, tava muito legal é isso.

••• Robbie - Por que você tinha ...

Mark - Nao necessariamente.


•• Robble - Mas você tinha?

•• Mark - Não sei. ,,

•• Robbie - Ah. vai, 84, 85. Você tinha que ter tomado alguma coisa.
,
,

••
I

,i
Mark - Tá legal. Tinha tomado.
,•
• Robbie - Tinha?
,,i
•• Mark - Provavelmente.

I
••
I
Robbie - Ouando você pode dizer que não tinha".

•• Mark - O que? Fala, o que?

•• Robble - É ISSO mesmo, quando você pode dizer que não tinha tomado aiguma
cOisa 7

•• ~.~ar!<, - /\aerú
.'

•• RObb'e - E mesmo?

• Lulu - Vamos Vamos.

•• RObb!e - Tem certeza? Tem certeza que você nao._.

•• Mark - Tenho

•• Lulu - Vamos a estória.

Mark - Eu tã com a porra da cara limpa, tá legal?



•• Lulu - Vai 84 85 Tramps. Annabel

•• Robt'le . Vai Tá bom

•• Mark - Que porra que você acha que eu tenho que tá sempre ... Tô limpo, tá
legal?

•• Lulu - Po' favor, quero saber quem.

•• Mark - Ta le;;al Então não me" Ta certo Tramps. 84 Tô curtindo.

•• 57

-•
Robble - Viajando?

Mark - Não. E ai tenho que mijar, certo?

Lulu - No banheiro?

Mark - É dar uma mijada no banheiro.

Lulu - Estória de banheiro.

Mark - Entào tã Indo pro banheiro, certo? E tem essa mulher, tá bom? Essa
mulher q ue tá me secando.

Lulu - Ouem? Quem? Quem?

Mark - Claro que eu tinha que ter reconhecido de cara. Eu tinha que saber
quem era ela

Lulu - Ouem?

Mark - Mas eu tava. Eu tava tao ...

Robble - Tão louco.

Maík - Não

nobbie - Você tlrlll O que ter reconhecido ela, mas você tava viajando.

Mark - Olha. eu não tava viajando.

Robbie - Você não reconheceu essa mulher porque você tava completamente
louco.

Mark - Tá, tá eu tava completamente louco.

Lulu - E você tava indo pro banheiro.

Mark - Louco Tudo que eu sei é que nos olhos dessa mulher estava escrito:
"Me dá esse caralho pontudo cheio de veias, dá?"

Lulu - CUidado com as palavras.

Mark - Então. tô mi}anvJ. Mictórios. Tã mijando no mictório e pelo espelho eu


vejo a pona, ta bom? Então tá. Mijando e a porta abre. Abre e é ela.

Lulu - f=ntão você tá ollue - no das mulheres?

Robbie - rv1ictõrio no de mulheres?

58
Mark - Não.

RObbie - Então o que?

Mark - Mictório no dos homens.

Robbie - Então, ela ...

Mark - Ela entra no dos homens, tá bom? Em pé no banheiro dos homens me


vendo mijar, tá legal? E ai, nós estamos debaixo de uma puta luz _ uma luz
fosforescente.

Lulu - Ouem? Quem? Ouem?

Mark - Ainda não.

Robble - Por que não?

Mark - Porque eu tô louco, tá bom. Como você diz, eu tô viajando Eu devia


saber quem era, mas não consigo reconhecer, tá legal?

Lulu - Então sob a forte luz você vê ... ?

Mark
polícia.- Vejo o que ela tá usando. Um uniforme Ela tá usando um uniforme de

~uiu - Porra, quem') Ouem? Ouem 7

Robble - Um uniforme de homem ou .. ?

Mark - PoliCia Militar Feminina. Os catumas, as meias, a jaqueta,o cacetete, o


chapéu. E ela olha nos meus olhos

Gary - Uma mulher?

Robbie - E você mijando?

Mark - Olha nos meus olhos, pelo espelho olha nos meus olhos, tá bom?
Robbie - Tá, tá

Gary - Você trepou com mulher?

Mark - Ela 01'1a. ela me encara e "ai para dentro de um dos cublculos, mas
sem deixar de Olhar prá mim o tempo todo, sabe? Vai prá dentro de um dos
cubículos e deixa a porta entreaberta. Eu quero correr lá prá dentro, sabe?
Entrar la. e mas eu conto até dez. Conto até dez e então como quem não
quer nada Como quem não quer nada dou uma olhada para os lados, e Como
quem
uau! I não quer nada entro no cubículo, cubículo com a porta entreaberta e _

59
Lulu - Uau??

Mark - Uau, A saia tá na cintura. A saia tá na cintura e ela já tá sem calcinhas,


talvez ela nem tivesse usado calcinha nunca, quem sabe? Mas a saia tá na
cintura e ela tá mostrando aquela beleza, e eu louco para cair matando,
morrendo de vontade, tá bom?

Gary - Você tinha dito que nunca tinha comido mulher.

Robbie - Olhando pra você?

Lulu - Quem era?

Mark - Então eu tê lá. Tê Já e me ajoelho. Começo chupar. Minha língua •


vai
lambendo aquela boceta como se fosse uma deusa. E aí então quando
fala. Ouando ela fala eu consigo saber quem é ela. ela

Lulu - Ouem?

Mark - Ela diz: Humm, Hummm. Oh, humm.

Lulu - Não,

Robble - O que?

Lulu - Não, não pode ser,

Robb!e - Eu te disse,

Lulu - Essa porra é inacreditável.

Robbie - Isso mesmo

Mark - É.

Lulu - Diana, Diana?

Mark - Reconheço a voz, Dou uma olhada na cara dela. Isso Sim, é ela

Rob'o',e . Ta bOr:1

t\/iark - DepoIs de uns minutos, eu tê lá, tê lá fodenda Com a Diana, bombando


contra a cisterna da privada,

Robbie - Você não quer que a gente acredite nisso.

60
••

Mark - Bambando e a porta abre, a porta do cubiculo começa abrir.

Robbie - Isso é ridículo.

Mark - Não tranquei a porta, sabe,

Robbie - Nós dissemos estória verdadeira. Tinha que ser verdade

Mark - Regra numero um. Sempre tranque a porta.

Robbie - Nlng uêm acredita nisso.

Mark - A porta abre e outra mulher aparece. Outra policial se espreme no


cublculo De cabelo vermelho

Robble - Pode parar.

Lulu - O que? Fergie?

Robble - Ah, não

Mark - Fergle

Lulu - Puta merda

Lulu - Não sei

Robbie - Como você pode acreditar nisso?

Mark - Fergle tá tipo "Deixa eu feder também." Fergie se abaixa. Fergie tá


pronta pra engolir o que Vier, sabe? Quer dizer, tudo que eu tiver pra gozar tem
que ser pra ela

Robbie - Para Para.

,. Mark - Então aquI ta a Fergie. aqui ta a Diana E eu com o pau duro A Fergie
me chuoa~,oo e eu fazendo aquele trabalho na Diana toda molhada,

~
= RObb'e

(pausa}
CALA A BOCA. CALA A PORRA DESSA BOCA

= Ulark - O ']\.Je? ~u acr,el que vocês quenam saber ...

=
..
..
.. Mark - FOI aSSI'll que

te
,. 61

..
-
.i ,

••
.;., Robble ' Nilo (Para Lulu,) Você acredita nele? (Para Gary) E você? (pausa)
Regra némero um Nunca acredite num viciado, Porque um vIciado é sempre
• um porra nenhuma E quando um junkie te olha nos olhos e diz "Eu te amo"

•• Você Ja sabe que ele vai encher teu ouvido de merda. (pausa)

Gary - Por que você não me disse que tinha saído com mulher?
••
,
••., Robble ' (para Gary) Voltamos prá você,

•.'
'" Gary, Tudo bern,

• Robble - Sua vez agora.

•• tAark - Você nào tem que

•.. Gary " Eu quero

.-.- Lulu - Nós te ajudamos .

.. Gary - AJuoarr:?

•• Lulu . A~I~'darncs você a achar as palavras.

•.- R.abble - iuco bem então Tudo bem. Sua estóriô. Seu filme, tá?

• G (l ry' ~ ,
I ~-l

•• RODDle . ,~cr,:) '..1ue e',-,' se! o que é Eu entendo. Te compíeendo

••
•• Robble - t,~esmo
Essas Imagens na sua cabeça Então se eu ajudar
ajudar 3 passar as imagens que você tem na cabeça, então
Se eu te

•• Gary - Ta legal

•• Robble, Tudo bem Tudo bem, Tem você sim, e você tá


uma musica, né?
Eu te veJo Tem

••
•• RObb'E . f'.'1us':::a z'ta Dl:m, dum, dum Que nem techno

• Gary - i.1us,ca techno IssO

•• Robble - rh':'slca tecr,,'lQ e você se mexendo que nem. Você ta dançando, nê?
•• Gary - Isso. cançando

••
••
,~

••
•i!:::' Robbie - Dançando na pista. Dançando na pista de um night club.

Gary - Isso Isso num night club.


•• Robbie - E você tá dançando com esse cara.

Gary - Não, não. Ele tá lá só.


•• Robb,e - Dançando sozinho. Mas agora.

", Gary - Me assistindo.

•• Robbie - Um cara que tá vendo você dançar.

• Gary - Eu lÕ dançando.

•.'
,

Lulu - Ele te olhando.

,•• '
Gal)' - Isso, ele me olhando.

•• Lulu - E você sorri

•• Gary - Não E,~ rlão.

Rob,~ic - Mas você sélbe, você pensa' "Não tenho escolha."



••
•• Gary - Fora de controle.

,
• Robbl8 - Porque ele tá

J: Lulu - Porque ele tá _

•• Gary - Porque ele tá querendo me levar dali.

•• Robble - Te comer EU tá querendo te Comer.

Luiu - Ele ta querendo te comer.


,
••,'
Mark - EI. C8!xem ele
.~

•• Robble - Não

•'. Mark - Isso la ficando" Isso tá ficando pesado.

Gary - Não
,'. ,
•,•• Robbie - Nós estamos tirando dele a verdade.

•••• 63
,. ,


Gary - Eu quero falar.

Lulu - Agora tem um outro cara, Um gordão.

Gary - É? Um gordão?

Lulu - Você é propriedade desse gordão.

Gary - Eu não lembrava dele.

Lulu - Tem você mas não te quer mais. E o gordão diz: "Ta vendo aquele ali
dançando?"

Robbie - Isso. Isso. Tê vendo ele.

Lulu - "Pois é. Ele é meu, Ele me pertence."

Mark - Caralhol.1

Lulu - Ele me pertence, mas eu não quero ele mais.

Gary - Não me quer.

Lulu - "Sabe de uma coisa. Ele é lixo e eu odeio ele,"

Rabole - Odeio ele.

Garj.' - Ceita Me odeia.

Robble - E o gordão diz:

Lulu - "Você quer comprar ele?"

Gary - Isso.

Robbie - E eu digo

Gary - E você diz'

Robbie - "Quanto?"

Lulu - "Pedaço de merda que nem esse. Digamos, vinte. Ele é seu por vinte,"

Robbie - Então você vê o dinheiro.

aGary - VeJo o dinheiro.


Lulu) Vejo você pagando ele. (Robbie tira vinte do bolso e dá

Robbl8 - Você vê 3"

64
Gary - Transaçéio. Vejo a transação.

Robbie - Transação.

Gary - É. e você vem e me leva. Não diz nada. S6 me leva embora.

Robbie - Isso. Levo você embora.

Gary - Carro grande. Passamos pelos portões de segurança e estamos na sua


casa.

Mark - (Levanta.) Ta bom, pode parar agora. Porque acho que ja vi ... Acho que
já temos a verdade agora, não é?

Gary - Agora ta escuro. Não posso ver porque ... Tô usando um, uma espécie ...
Lulu - Uma venda.

Gary - Uma venda. Isso ... Uma venda nos olhos. (Lulu venda os olhos dele.)

Mark - Não. (Empurra Lulu e abraça Gary) Ta vendo? Você pode escolher
estar assim comigo. Você deve gostar disso. Só ser amado.

Gary - O que você tá fazendo?

Mark - Só !e abr;:Jçando.

Gary - Você não me fodeu ainda. (Empurra Mark.) O que "cé" tá fazendo? Tá
mijando pra trás? Não quero isso.

Mark - Só tô querendo mostrar prá você. Porque, eu não acho - Ja.


tenha sido amado e se o mundo não tem nos oferecido na que voce
definição de amor, na prática ... prática uma

Gary - Quem é você?

Mar" - Eu posso cuidar de você,

Gary - Você não é ninguém. "Cê" não é o que eu quero.

Mar" - Você pode sair dessa armadilha agora.

Gary - Não te quero. Você me entende? Você não é nada. (Mark larga ele.)

Lulu - Você percebe o que vamos fazer com você?

Gary - Percebo.

Lulu - Você percebe e você quer que a gente faça?

65
~ ..
.e Gary . Quero, (Lulu põe a venda em Gary,)
I,

••.e. Robbie - Vendamos você e ...


:'

,. ,'
I
I

~
.. Gary - Me sobem pela escada . I

I, !
••• Robbie - Na minha casa? I i,

,.• Gary. Na Sua casa, (Lulu e RObbie rodam Gary,)


II
I'
II
••.- II
,.• Robbie - E você sente". Você conhece essa casa. Você sabe que já esteve
nela antes. II
It


,. Gary - É. Mas quando estive nela antes?

,. Lulu - Agora vem um quarto vazio. Ent~o, você é o novo escravo?

I·,
• Robbie - Isso, isso velhinha. O novo escravo.

•• Lulu - Cuidado. Cuidado. Você sabe do que morreu o último escravo?


1
I,
i
•• Gary - Não, não tem nehuma velhinha.

•• Robble - Agora.

,
•• Lu:u - Ssss 1=le verTl vindo. O mestre vem vindo. Ssssssh.

Gary - Conheço essa casa. Eu sei quem ele é.


•• Robble - A maçaneta. A maçaneta da porta vira. (Silêncio. Gary fica

• completamente parado. Robbie se aproxima dele por trás. Pausa longa.

•• Robble mede Gary de cima a baixo.)

Gary - Continue

•• Robbie - Posso?

•• Gary - Vá em frente,

,
•• Robbie - É o que você quer?

•• Gary - É (Robble começa a tirar as calças de Gary.)

••
• Gary - Pode, (Robbie abaixa as calças de Gary. Robbie cospe na mao e de
leve começa a passar a mão molhada no cú de Gary.)
,
•• Robbie - Já?

••
•• 66

,.
-
Gary - Já

Robbie - Lá vai (Robbie baixa seu ziper. Cospe no seu pinto e penetra Gary.
Silêncio enquanto come Gary.)

Lulu - Tá bom? Você gosta disso? (Continua fodendo em silêncio.)

Robble - (Para Mark) Você quer ele também?

Mark - Eu ..

Robble
pode ter- ele.
Você sabe o que ele é. Lixo. Lixo e eu odeio ele. Se você quiser, você

Mark - Quero. (Robble sai. Mark vai lá e repete os gestos de Robbie, cuspindo
e penetrando Gary. Ele fade Gary com força.)

Mark - Toma. Toma. Fada-se. Foda~se.

Lulu - Machuca? Ele tá te machucando?

Gary - Você é ele? Você é meu pai?

Mark - Não.

Géli)' - E sim Você é meu pai.

!'Aark - Eu disse que não. (Mark bate em Gary. Depois sai dele.)

Gary - Tá vendo. Tá vendo. Eu sei quem é você. Então você já terminou.

Mark - Não. (8ate mais em Gary,) Não sou seu pai.


... -
•te Lulu - Deixa ele. Deixa ele agora. Terminou. Tá tudo acabado .

Gary - Não. Não parem agora.


)
••• Robbie - Você quer continuar?

•• Gary - Quero. (Robble vai começar foder Gary de novo.) Espere Não é assim
Não tá ceno aSSim,
••-
•• Gary - Olha, minha estória não termina assim, Minha estória tem sempre mais
•• Ele me leva pro quarto, venda meus olhos. Mas ele não me come. Não ele.
Não o prnto dele É com uma faca. Ele me fade sim, mas com uma faca

•• Então .. (pausa) Vocês têm alguma coisa com vocês.

Lulu - Não

••
•• 67
Gary - Na cozinha, Um saca-rolhas ou qualquer outra coisa.
Lulu - Nào

Gary - Tem que me foder COm outra COisa. É assim que termina a estória.
(Robbie tlCa a venda de Gary)

Robble - Eu não vou fazer isso,

.... Gat)' - Você nào vai terminar do meu jeito?

..
.... Robble - Não posso fazer isso,

Lulu - Você vai sangrar desse jeito .


..iii Gary - Eu sei

.. Lulu - Pode até morrer,

•.. Gary - Não Vou ficar bem, Prometo


te
..te Robble - Pode te ma~ar .

..Ie Gaf\' - E o que eu quero

Ie
I.
,. Gary - Façam Façam essa porra agora. Seus perdedores. Vocês sao uns
porras de uns perdedores. sabiam??
,. Robble - Sabemos

••
i. Gary - Escutem Quando alguém paga, esse alguém quer algura coisa. e s~
l.
I. eu pago eu quero que vocês cheguem até o fim. Nada certo Nada .errado E
só um trato, Então façam, Achei que vocês tinham pedido algo real. E a minha
estória
'.
•• Robbie - Então Só uma estória.

•• Mark - (Para RO'Dble e Lulu) Por favor, deixem-nos a sós

•• Lulu· Precisamos do dinheiro dele.

•• Mark - Eu sei. Se vocês nos deixarem sozinhos. Eu cuido diSSO. Tá 88m?

Lulu - Vamos Vamos. (Saem Lulu e Robbie.)

••
••
•c. 68
-
-
r
Gary - "Cê" vai fazer o que eu pedi? Quero que "cê" faça. Vai "Cê" consegue
I
Porque ele r,30 ta lá cu tenho eSSa tristeza Essa puta tristeza me Inchando e I
me quelnlarldo por derltro Eu tô doente e nunca vou me curar I

Mark - Eu sei

Gary - Quero acabar com ISSO e só existe um unico fim.

rAa:-k - Entendo

Garj t= e r1ao tem rosto na estória Mas eu quero por um rosto nele Teu

Gary. Faça Faça e e'~ falo que eu te amo.

rv1ark - L:do Der~ Você esta dançando e eu te levo embora

Cena 14
,1)0 apn,r1arnen t o - Brian. Lulu a Robbie estão sentados assistindo um vídeo
':crn :...::~',I r;;~r',;,'~O t8cando Ceilo Todos têm em sua frente emhalagens de
corn,'ôa C\',;:B Viagem Brian 113m uméJ saco/a perto dele Mark está semado
"(::lS'2~'"
'.'~ , .c." n,.-·:'c,('
_~,~.)

"
~,

L'
,-~~,

'G '
- "Jc.'c,::"s S2~;erT'
a Vida
CO'llC e
dura sobre eSSe plaf'"1eta In~ratavé:
eu
eJ:r12 E,," 01';;'0 ISSO OCr(]ue Sinto na própria pele. E verdade, assim como voces,
Slntc ~,:<) ~aíli8e:11 Nos trabalhamos, lutamos e nos pegamos nos
oerglj~,lé:;~,:::c "ara c;CJê') Ha algum significado niSso')" Eu sei que vocês Eu
pCSSQ ';,",1' r'OS olr8S cie voces a mesma pergunta Vocês se perguntam da
mesma rC"llCl c,'eJe eu Neste mesmo Instante, posso ver ISSO em vocês

RObblê ~ ,'crdade

Brlan - ::-: ',.'8ce


o que e que me faz seguir ne~sa solitária Jornada atras deste

Lulu·Pese

5'iéW ~--;''::s :-)~C<:-'SJri85 Ce urr: r'o.'1e Um gUia Um talismã Uma call1~ha de


regras f\lgc que nc,s Ic;ve atraves dessa noite sem fim E nos gasté'lmos l'OSS '
e
I~"';e~:'_,(c~' rrCCUa~,:j8 esse gUia :~te que nós Alguns desistem Alguns rJlzem
aue ess(; S!';;~I 'Icad;) n30 eXiste E o caos Nascem05 no caos eXistimos no
caGS c- r'dl'llentt' somos resgatados deste caos. Mas ISSO e nao Isso e
t

r:lUI:C' oe Grosc E hmrlvel de ::;e conterl'plélr Isso n6s negamos Estou cerio?
Be,an ~ E a: eu tl'/e uma luz Maravilha, que maravilha Sinos tocaram Caos
Ou orde,~
O slgnlfloado da vida, Alguma COisa me deu finalmente o
slgo,lcado da/'eia (pausa) Meu pai uma vez me disse Meu pa, me disse e
age'd
pala<,'íJS a'adize, '~Ou
a vooês Um d,a meu pa, falou "Filho, quais são as primeiras
8:blla?"

Robb:e - No principIO

RabUle - E eX3!arnente o que diZ No principIo

Bnu"c:;~.'eI\ao,
d'go ~
'"Ião,:llho ben-;?
Estou dizendo que não E quero que voce me escute quando
ta

~ ,
b l"l ' ..:.
,~
meu pai "Quais são as primeiras oala\'ras 03
C'--"-J
,'~~, 'r"s "a
" 'Cl. ~. LJihl....,
l)'v,ICl
fv1e olhou no fundo dos olhos e disse "F1',r,cl, as
~'~'~r_ ,~, S30
~',,,_ I "
Receba o dinheiro primeiro
Receb,-~
e perfeito, nc'io posso negaí,
COClC;"COC ,1 ,cecfeçao [,1as tOl c ma's p"mmo Que PUde"lps '[cega, ',o
Slcr",,,,::: 'h ,da C'vlllzar20 é dcnnelrQ Dinhello é CIV",zaçiÍo F:;'/II;?Jçac
'J t-" ~
i ,,", ",;:..
_ Dt)'en<; ;.l,,1~3"JC~: 03 guerra, da luta. do ,naLJr Ou nlOrrer
. ~

E a ,'il>.?sr;la COisa Como obtê-lo? Oe forma u:Jel, 'Nio: o


""1 ',r -
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'-'0, ',,',_ I ICOII
o "'pausaj OIG/\r,,.1 Dinheiro é

08'a" '"yC, ISSa


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ens,no Vocês aprendem D,nhelro e CIVI'12aç30 Fc
DIG,AJJ Não tenham medo agora E Clvlli2.ação e

8rlar~ . I ~)é:l a sacola 2 eles} AqUI está Peguem

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-
Brlan - Ouando eu peço para pegar pegue. (Lulu pega a sacola)

Bnan - Isso Isso Você vê? Vocês compreendem? Estou devolvendo o


dinheiro Estão vendo?

Lulu - Por que?

Brian - Formule melhor a pergunta.

Lulu - Por que você não vai levar o dinheiro? Por que você esta nos
devolvendo o dinheiro?

Brian - Agora sim posso responder. E a resposta é: Porque vocês aprenderam.


Vocês aprenderam a lição, entende? Vocês compreenderam o que significa
isso (Mostra o dinheiro.), e vocês agora são civilizados, E então eu devolvo a
vocês Eu dou prá vocês.

Lulu - Obrigado

Brian - (Tira a fita do vídeo. Coloca outra. É Lulu na TV. Sem a camiseta
fazendo o monólogo da primeira cena dela com Brian.)

Lulu na TV - "Um dia as pessoas saberào para que tudo isso serviu. Todo esse
sofrimento Não havera mais mistério. Mas até !á nós temos que continuar
trabalhando Nos temos que trabalhar. É. tudo que podemos fazer. Estarei indo
sozinha amanhã Darei aulas em uma pequena escola e vou devotar toda
minha vida àqueles que necessitam de ajuda. É. outono agora. Logo chegará o
Inverno e a neve estará por todo lado. Mas eu estarei trabalhando."

Bnan - Nos temos que trabalhar Tudo que temos a fazer é ganhar dinheiro
Para eles Meu menino Geraçoes futuras. Nós não as veremos. e claro.
aquela pureza Eles verão. Se continuarmos ganhando o dinheiro. Nada de
misturas Drogas Impuras. Essas não são boas. As crianças morrem com elas.
E ai vêm as manchetes nos jornais, as entrevistas coletivas E ai você vê o pai.
um homem formado chorando e você pensa: "Hora de parar com a quimlca."
(da pausa na fita) Isso é o futuro. não é? Comprando. Assistindo TV. E agora
que vocês foram aprovados, passaram pela experiência, eu gostaria que vocês
se juntassem a nós Todos vocês. (Brian vai saindo.) A segunda cena que nós
mais gostamos vem no fim Quando ele já casado com filho fica sozinho sobre
uma pedra olhando para a noite, olhando para as estréias e diz: "Pai Ta tudo
bem pai Eu lembrei O Cicio da EXistência" Vocés deveriam ver. Vocês iriam
gostar (Bnan sal e Mark se levanta)

Mark· Estamos no ano 3.000. Estamos no futuro. A Terra está morta. Morta
porque nós a matamos O ozõnio, as bombas. um meteoro Não interessa.
Porém a humanidade sobreviveu. Alguns de nós ... abandonamos o barco. E lá
vamos Então são três mil e blablablá e eu tô parado na loja. numa espécie de
feira ou bazar Um pequeno satélite circunda Urano. Dia de semana Dia útil E
,
eu tõ olhando aquele mutante. Existem alguns deles, a radiação deixou eles
•• 71

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