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CONSTITUCIONAL
AUTORES: JOAQUIM FALCÃO, ÁLVARO PALMA DE JORGE E DIEGO WERNECK ARGUELHES.
COLABORADORES: THAMY POGREBINSCHI, BRUNO MAGRANI, MARCELO LENNERTZ,
PEDRO CANTISANO E VIVIAN BARROS MARTINS
7ª EDIÇÃO
GRADUAÇÃO
2014.1
TEORIA DO DIREITO CONSTITUCIONAL
1. ROTEIRO DE CURSO
constituição? O que mudaria, se é que algo mudaria? Busca-se com isto levar o alu-
no a identificar os fatores reais de poder como fatores constituintes. Em seguida,
trata da tensão entre constituição real e constitucional formal, que em Löewenstein
aparece como encontros e desencontros entre a realidade e as constituições nor-
mativa, semântica e nominal. Um pequeno texto de Humberto Maturana oferece
uma conotação extremamente contemporânea, ao sublinhar a importância do do-
mínio emocional e do reconhecimento da legitimidade do outro no cumprimento
e elaboração da constituição. O pluralismo analítico se amplia neste horizonte
psico-social.
Fecha-se o bloco com uma aula sobre Validade, Legalidade, Legitimidade e Efi-
cácia. Estes clássicos conceitos da doutrina jurídica ajudarão a analisar as constitui-
ções brasileiras no próximo bloco, a história das constituições. Ao mesmo tempo,
servem de tipologia sobre as diferentes maneiras pelas quais se apresenta a tensão
entre constituição como norma e constituição como realidade social. A noção de
validade decorre do conceito de sistema normativo fechado, que só pode ser aberto
através do conceito de legitimidade, que, por sua vez, necessita do conceito de efi-
cácia e, em nosso curso, do conceito de domínio emocional de Maturana. Há que
se sublinhar, pois, a seqüência destes conceitos: validade, legalidade, legitimidade e
eficácia. A constituição deverá ser analisada com recurso conjunto aos quatro. Esta
aula se desenvolve a partir de dois casos: o fechamento do Comércio no Rio de Ja-
neiro por ordem do Comando Vermelho, e o combate ao download de músicas pela
Internet no Brasil.
assumiram uma dimensão macro – interesses de classe, de grupos, etc. – agora as-
sumem dimensão micro, como interesses dos clientes, ou do autor e réu, ou ainda
do próprio juiz.
O bloco joga com um conceito simplificado de interpretação, entendida através
de seus três elementos básicos: sujeito, método e objeto. Método entendido não no
sentido cartesiano, isto é, como o conjunto de regras graças às quais os que as obser-
vam exatamente jamais tomarão como verdadeiro o que é falso, mas apenas como
conjunto de instrumentos conceituais possivelmente úteis na aplicação de normas
jurídicas, em especial das normas constitucionais. Iniciamos com uma aula que, ao
invés de enfocar o objeto, o artigo constitucional, encaminha-se para o sujeito. A
decisão sobre o que é ou não constitucional é um ato de conhecimento ou um ato
de vontade? Como ato de conhecimento, o intérprete se anularia e somente conta
o objetivo como um datum. Se prevalecer o ato de vontade, a interpretação aparece
como um constructo e múltiplas possibilidades se abrem; muitos seriam os sujeitos e
todos são muito imprevisíveis. Passa a existir uma incerteza que é o sustento de um
pluralismo interpretativo defendido pelo curso.
A primeira aula centra-se no texto legal, objeto da interpretação. Que é esta
norma? Trata-se de um “ponto fixo” a partir do qual diversos significados vão se
conflitar, sendo a própria escolha do ponto fixo matéria de disputa. Qual o artigo
a aplicar? Como interpretá-lo? Escolhido esse ponto fixo, pode ser questionado ou
ser aceito pelos participantes da argumentação. Daí porque a aula caminha para a
relação entre pensamento dogmático e pensamento zetético, conceitos com os quais
os alunos entrarão em contato através do texto de Tércio Sampaio Ferraz Jr. sobre
ensino jurídico. Em seguida, será demonstrado que o artigo constitucional – ponto
fixo dogmático a partir do qual não se tem mais uma atitude zetética – é na ver-
dade um “topos”, caixa vazia que pode acomodar várias interpretações, arena onde
brigam as interpretações concorrentes que lutam pelo bem escasso: só uma será
considerada constitucional. O caso estudado é o caso do HC 71373-4 RS, sobre a
possibilidade de coleta forçada de material genético para exame de DNA em ação
de investigação de paternidade.
A segunda e a terceira aulas do bloco dizem respeito aos instrumentos da in-
terpretação constitucional. Não mais o sujeito nem mais o objeto. Focamos agora
o método, os instrumentos à disposição dos intérpretes. O objetivo é treinar os
alunos no emprego de conceitos técnicos hoje largamente utilizados na aplicação
das normas constitucionais. Inicia com princípios de interpretação especificamente
constitucional, a partir das premissas da supremacia e da unidade da Constituição,
que pede uma interpretação sistemática e integradora, necessária para que se dê
uma coerência à constituição. Esta sistematicidade é particularmente importante se
levarmos em conta o processo genético constituinte que nos legou uma constitui-
ção analítica, prolixa e até mesmo contraditória. O fundamental não é discutir em
tese o catálogo de princípios expostos pela doutrina, mas enfatizar o caráter instru-
mental pragmático destes princípios. O caso envolve debate sobre saúde pública e
liberdade de informação em torno da questão de propaganda de cigarro, a partir de
ADIn proposta pela Confederação Nacional da Indústria.
2. ROTEIRO DE AULAS
2. NOTA AO ALUNO
A) INTRODUÇÃO
B) O CASO
A Lei do Estado do Rio de Janeiro que determina que 50% das vagas da UERJ
serão destinados a negros e pardos é constitucional?
Em 2001, o deputado estadual José Amorim (PPB) enviou à Assembléia Legisla-
tiva do Rio de Janeiro o projeto de lei n° 2490, com o seguinte artigo:
Art 1o – Fica estabelecida a cota mínima de 40% (quarenta por cento) para as po-
pulações negra e parda no preenchimento das vagas relativas aos cursos de graduação
em todas as instituições públicas de educação superior – universidades – do Estado
do Rio de Janeiro.
17,2
Branco
Negro
7,5
7,0
4,0
Por outro lado, constata-se também que o ideal de igualdade entre os cidadãos é
um ideal indispensável à democracia, inclusive inserido na própria constituição. Em
sua 14ª Emenda, a constituição norte-americana diz textualmente:
Section 1. All persons born or naturalized in the United States, and subject to the
jurisdiction thereof, are citizens of the United States and of the state wherein they
reside. No state shall make or enforce any law which shall abridge the privileges or
immunities of citizens of the United States; nor shall any state deprive any person of
life, liberty, or property, without due process of law; nor deny to any person within
its jurisdiction the equal protection of the laws.
Branco
Negro
Alegava-se, por exemplo, que a lei seria extremamente difícil de ser aplicada, diante
da tradição cultural de miscigenação brasileira. É muito difícil estabelecer em defi-
nitivo quem é negro e quem não é. Diante da reação da sociedade e da ameaça de
decisão contrária do Supremo, a lei foi modificada. O critério racial não é mais o
único para a reserva de vagas. A nova lei diz:
Pergunta-se: diante da constituição federal, o Brasil pode adotar leis que es-
tabelecem o sistema de cotas com o objetivo de promover o ideal da igualdade?
E outros tipos de ação afirmativa? Essas leis podem utilizar qualquer critério? O
critério racial? O critério da desigualdade econômica? O critério do gênero, como
por exemplo, o artigo 7°, XX da própria Constituição? O critério da nacionalidade?
O critério da deficiência física, como por exemplo, no art. 37, VIII? O critério da
idade, como na preferência de tramitação de processos de idosos na justiça?
C) MATERIAL DE APOIO
c1) Textos
I)
OBRIGATÓRIOS
Pena, Sérgio D. Pena. “Retrato Molecular do Brasil”, in Falcão, Joaquim e
Araújo, Rosa Maria Barbosa de. O Imperador das Idéias: Gilberto Freyre em
questão. Rio de Janeiro: Topbooks, 2001 (tópicos “Raízes Filogenéticas do
Brasil” e “Não existem raças”)
Merola, Ediane. “Notas baixas e critérios de cotas para negros provocam polê-
mica na Uerj”. Reportagem publicada no jornal O Globo em 11/03/04.
Gois, Antônio e Petry, Sabrina. “Na era das cotas, negro é o 1º lugar em me-
dicina”. Reportagem publicada na Folha Online em 08/02/04
O GLOBO. “Estudante ganha ação contra Uerj”. Reportagem publicada no
jornal O Globo de 17/03/04.
Trechos da petição inicial da Ação Direta de Inconstitucionalidade (ADIn) so-
bre a lei estadual do Rio de Janeiro n° 4151/03 (lei de cotas), proposta pela
CONFENEN (Confederação Nacional dos Estabelecimentos de Ensino)
UNGER, Roberto Mangabeira. “Justiça racial já”, artigo publicado no jornal
Folha de São Paulo em 13/01/04.
II)
LEITURAS ACESSÓRIAS (OBRIGATÓRIAS PARA A AULA 30 – JÚRI SIMULADO)
Kamel, Ali. “Cotas: Um erro já testado”. Artigo publicado em O Globo de
29/06/04.
__________. “UNB: Pardos só se forem negros”. Artigo publicado em O Globo
de 20/03/04.
Petição da ONG Conectas, na qualidade de Amicus Curiae (editada).
Unger, Roberto Mangabeira. O Direito e o Futuro da Democracia. (trecho sobre
ações afirmativas nos EUA).
Schwartzman, Simon. Entrevista ao jornal O Globo de 21/03/04.
Falcão, Joaquim. “Sistema de Cotas à Brasileira”. Publicado no Jornal do Brasil.
Barroso, Luís Roberto. “Cotas e o papel da universidade”. Publicado em O
Globo de 28/06/03.
Gomes, Joaquim B. Barbosa. Ação afirmativa & princípio constitucional da
igualdade: O direito como instrumento de transformação social. Rio de Janeiro:
Editora Renovar, 2001.
Vieira, Oscar Vilhena. Supremo Tribunal Federal – Jurisprudência Política. São
Paulo: Malheiros, 2001 (trecho sobre a decisão da Suprema Corte no caso
Bakke).
Dworkin, Ronald. Levando os Direitos a Sério. São Paulo: Martins Fontes, 2002
(capítulo IX - “A discriminação compensatória”).
c2) Legislação
Provão/ 2002
“A parte da natureza varia ao infinito. Não há, no universo, duas coisas iguais.
Muitas se parecem umas às outras. Mas todas entre si diversificam. Os ramos de
uma só árvore, as folhas da mesma planta, os traços da polpa de um dedo humano,
as gotas do mesmo fluido, os argueiros do mesmo pó, as raias do espectro de um
só raio solar ou estelar. Tudo assim, desde os astros, no céu, até os micróbios do
sangue, desde as nebulosas no espaço, até os aljôfares do rocio na relva dos prados.
A regra da igualdade não consiste senão em quinhoar desigualmente aos desiguais,
na medida em que se desigualam. Nesta desigualdade social proporcionada à desi-
gualdade natural, é que se acha a verdadeira lei da igualdade. O mais são desvarios
da inveja, do orgulho, ou da loucura. Tratar com desigualdade a iguais, ou a desi-
guais com igualdade, seria desigualdade flagrante, e não igualdade real. Os apetites
humanos conceberam inverter a norma universal da criação, pretendendo, não dar
a cada um, na razão do que vale, mas atribuir o mesmo a todos, como se todos se
equivalessem.” (Barbosa, Rui. Oração aos Moços. 18. ed. Rio de Janeiro: Ediouro,
2001, pp. 53-55)
A partir desse texto, analise a validade da adoção da discriminação positiva no
Brasil, oferecendo exemplos; a relação entre o princípio da igualdade e o da propor-
cionalidade, a possibilidade de o juiz decidir unicamente com base no princípio da
eqüidade.
Provão/ 2003
“(Estácio:) Eu creio que um homem forte, moço e inteligente não tem o direito
de cair na penúria.
(Salvador:) Sua observação, disse o dono da casa sorrindo, traz o sabor do cho-
colate que o senhor bebeu naturalmente esta manhã, antes de sair para a caça.
Presumo que é rico. Na abastança é impossível compreender as lutas da miséria, e a
máxima de que todo homem pode, com esforço, chegar ao mesmo brilhante resul-
tado, há de sempre parecer uma grande verdade à pessoa que estiver trinchando um
peru... Pois não é assim; há exceções. Nas coisas deste mundo não é tão livre o ho-
mem, como supõe, e uma coisa, a que uns chamam mau fado, outros concursos de
circunstâncias, e que nós batizamos com o genuíno nome brasileiro de caiporismo,
impede a alguns ver o fruto de seus mais hercúleos esforços. César e sua fortuna!
toda a sabedoria humana está contida nestas quatro palavras.” (Assis, Machado de.
Helena. Rio de Janeiro: W.M. Jackson Inc. Editores, 1962. cap. XXI: p. 221). Iden-
tifique a convergência ou divergência do pensamento do personagem Salvador ao
ideário que inspira o Estado liberal, no tocante à garantia de igualdade perante a lei
e de liberdade de agir, como condicionantes do sucesso individual.
NOTA AO ALUNO
A) INTRODUÇÃO
B) O CASO
tado – deveres que decorrem da natureza humana ou da vontade divina. Mais: para
que não existam dúvidas sobre esta doutrina, o diretor determinou também que o
único método didático possível seria a aula conferência, expositiva, ficando vedada
a realização de perguntas por partes dos alunos.
A classe será divida em dois grupos, à escolha do professor, cada um com a tarefa
de defender uma posição oralmente e por escrito.
Na leitura dos textos, procure responder as perguntas seguir. Elas o ajudarão a
realizar a atividade em sala:
t 0RVFÏSFMBÎÍPTPDJBM $JUFUSÐTFYFNQMPT
t 0RVFWPDÐFOUFOEFQPSSFMBÎÍPKVSÓEJDB $JUFUSÐTFYFNQMPT
t $PNPQPEFNPTDPOFDUBSSFMBÎÜFTTPDJBJTFSFMBÎÜFTKVSÓEJDBT
t 0RVFUSBOTGPSNBVNBSFMBÎÍPTPDJBMOVNBSFMBÎÍPKVSÓEJDB
C) MATERIAL DE APOIO
c1) Casos/Jurisprudência
c2) Textos
NOTA AO ALUNO:
A) INTRODUÇÃO
B) ATIVIDADES
1) Esta é uma competição para averiguar sua capacidade de encontrar com pre-
cisão e velocidade assuntos na constituição federal. Serão várias rodadas, com cres-
centes níveis de dificuldade. O professor pedirá a você que encontre determinados
assuntos na constituição.
2) Agora que você aprendeu como manusear a Constituição, vamos aprender a
utilizar Internet para buscar artigos, assuntos, jurisprudências e súmulas que serão
úteis em seu dia-a-dia como advogado. Seu professor lhe dará uma lista de assuntos
que devem ser encontrados nos sites abaixo.
BRASIL
t www.stf.gov.br – Supremo Tribunal Federal
t www.planalto.gov.br – Presidência da República do Brasil
t www.senado.gov.br – Senado Federal
t www.camara.gov.br – Câmara de Deputados
INTERNACIONAIS
t www.findlaw.com
t www.supremecourtus.gov
t www.wto.org (http://docsonline.wto.org)
t http://www.wipo.int/
t http://europa.eu.int/eur-lex/
t http://www.parlement.fr/
t http://www.conseil-constitutionnel.fr/
C) MATERIAL DE APOIO
a) Texto Complementar
b) Legislação
NOTA AO ALUNO
A) INTRODUÇÃO
t BTSFMBÎÜFTFUFOTÜFTEFOUSPFGPSBEPPSEFOBNFOUPKVSÓEJDP
t PNÏUPEPEFJOUFSQSFUBÎÍPTJTUFNÈUJDBFEBBOBMØHJDB
t PDPODFJUPEFBOUJOPNJBEBTOPSNBTFEFMBDVOB
B) O CASO
Leonardo acordou eufórico na sexta-feira. Após 4 longos anos, sua banda final-
mente iria tocar na grande final do Concurso Nacional de Bandas. Passou o dia
inteiro ensaiando para não cometer nenhum engano na hora do show. De tão con-
centrado que estava, Leonardo acabou perdendo a noção do tempo. Quando caiu
em si, faltavam apenas 20 minutos para o início da competição. E o pior! Apesar do
show estar marcado na Barra da Tijuca, ele ainda estava em sua casa, em Botafogo.
Esquema 1
Esquema 2
Conflito, Decisão
Divergências Sociais Lei
Sentença
Contrato
Declaração
Tratado
Etc...
Leo não pensou duas vezes. Mesmo com a habilitação vencida, colocou o equipa-
mento no carro de seu pai e partiu levando seus colegas de banda.
Dirigia como um louco! Cortava carros pela direita, cantava pneus nas curvas,
fechava os outros motoristas e quase atropelou uma senhora que vagarosamente se
esforçava para atravessar a rua. E Leo continuaria seu ritmo louco até o show não
fosse um outro motorista como ele. Ao avistar o sinal, Leo desacelerou um pouco,
mas continuou, confiante que ninguém atravessaria seu caminho. Mas Leo estava
errado. Ao passar pela esquina da rua, ele colide seu veículo com outro. Para sua sor-
te, ambos os veículos estavam em baixa velocidade, o que evitou que alguém saísse
machucado. Mas não evitou o grande prejuízo: dois faróis quebrados, um pára-cho-
que amassado, radiador e pneus furados, capô empenado, e por aí vai. Leonardo,
que sempre foi violento, sai de seu carro furioso. Sua expressão era clara. Ele iria
agredir o motorista do outro veículo. Ao perceber que o motorista do outro veículo
também era seu amigo, Dudu, um dos integrantes da banda, saiu do carro e disse:
– Calma Leo, isso não vai levar a nada. Há um policial ali perto. Nós podemos
tentar resolver isso de outra maneira.
Tendo perdido suas chances de participar da competição, Leonardo estava deses-
perado e não sabia o que fazer. Não estava nem certo de quem estava com a razão.
Como ele iria resolver isso? Nesse momento, Carlos, um outro amigo, que estava no
carro e o mais calmo de todos, sugeriu uma alternativa: uma negociação amigável.
Ele se dispôs a conversar com o dono do outro carro e tentar obter um justo valor
pelos danos causados. Dudu discordou. Disse que o sujeito dificilmente aceitaria
pagar. Como conhecia ambos e tinha presenciado o acidente, Dudu propôs ser o
árbitro para resolução do acidente. Dessa forma, uma terceira pessoa imparcial ao
caso daria a decisão.
Mas isso foi antes de Marcelo sair do carro. Marcelo, como a maioria dos estu-
dantes de direito, só pensava em processar o motorista. Seus olhos brilhavam com
a possibilidade de obter uma gorda quantia, não só para reparar o carro do amigo,
como também para compensar a perda da competição.
O que você faria no lugar de Leonardo?
C) MATERIAL DE APOIO
c1) Textos
I)
OBRIGATÓRIOS
Verbete “Sistemas” – Enciclopédia Mirador.
PARSONS, Talcott. “Papel e sistema social”, in IANNI, Otávio e CARDOSO,
Fernando H. (orgs.). Homem e Sociedade.
II)
ACESSÓRIOS
Ferraz, Tércio Sampaio. Introdução ao estudo do Direito. Pp.172-174 e 249-
250.
NOTA AO ALUNO
A) INTRODUÇÃO
Você está andando pela orla de Copacabana, em uma tarde ensolarada de do-
mingo. Ao parar para descansar em um quiosque, vê uma família inteira – um casal
e três filhos adolescentes – jogar na areia todos os cocos que tinham acabado de
tomar. Ninguém em volta parece ter ficado muito incomodado com o gesto. Infe-
lizmente, você pensa, esse tipo de desrespeito parece ter se tornado banal demais em
nossa cidade. Logo, porém, repara não ter sido o único a prestar atenção na cena.
Um Agente de Fiscalização de Limpeza Urbana, que estava passando pelo local,
prontamente saca do bolso um bloco e preenche alguma coisa em uma folha, que
então destaca e entrega à família.
– “Isso é um Auto de Infração”, diz o Agente. “Os senhores acabaram de violar o
Art. 83 da Lei Municipal de Limpeza Urbana e, por isso, devem pagar uma multa,
que estou fixando provisoriamente em R$ 300,00. Se os senhores quiserem contestar a
multa, sugiro seguir os procedimentos do Decreto 21.305/01 da Prefeitura. O Decreto
pode ser encontrado na página da COMLURB na Internet. Alguma dúvida?”1.
A família fica atônita. O pai se levanta, revoltado. Começa a discutir com o
Agente. Curioso, você se aproxima disfarçadamente para ouvir a discussão. Logo
percebe que o argumento principal do pai para não pagar a multa é a suposta falta
de autoridade do Agente. Quem ou o que lhe conferiu esse poder de aplicar multas?
A família parecia não ver razão alguma para obedecê-lo. “Até porque”, argumenta
o pai, “ninguém nunca ouviu falar de agentes da COMLURB aplicando multas
por alguém ter jogado lixo no chão”. Você repara que boa parte dos curiosos que
acompanham a discussão parece concordar com a afirmativa. A aquiescência é ainda
maior quando ele arremata: “Todo mundo faz isso e não é multado. Por que você
acha que nós deveríamos te obedecer? Essa é uma lei que ‘não pegou’; se ninguém
obedece, você não pode aplicá-la.”
O Agente de Limpeza está um pouco desorientado. Ele é novo nesta área e
ninguém havia questionado sua autoridade antes. A impressão é de que ele mesmo
começa a duvidar da validade do seu ato. O Decreto 21.305/01 da Prefeitura con-
fere aos Agentes de Limpeza a responsabilidade de aplicar as multas e penalidades
previstas na Lei Municipal de Limpeza Urbana – isso foi tudo que lhe disseram
durante o seu treinamento, concluído há alguns meses. Mas por que o Decreto e
a Lei Municipal devem ser obedecidos? De onde vem, em última instância, a sua
autoridade, se não dessas duas leis? É uma questão que nunca tinha passado pela
sua cabeça.
Vejamos: a Lei Municipal de Limpeza Urbana (Lei 3273/01) estabelece em seu
artigo 83 a penalidade que foi aplicada à família no quiosque. Indiretamente, esta 1
http://www.rio.rj.gov.br/
lei confere validade ao auto de infração celebrado pelo Agente de Limpeza, pois comlurb/
ele recebe sua competência para aplicar multas por meio do Decreto Municipal
21.305/01, que regulamenta a Lei de Limpeza Urbana.
Uma questão, porém, permanece em aberto: de onde a Lei de Limpeza Urbana
retira sua autoridade? Certo, ela dá validade ao decreto, que dá validade à multa
aplicada pelo Agente. Mas confere validade à Lei 3273/01?
Refletindo sobre a questão e pesquisando um pouco na Internet, você pensa ter
encontrado uma solução para a questão. A Lei de Limpeza Urbana é válida por ser
um ato legislativo conforme os parâmetros e a competência estabelecidos na Lei
Orgânica do Município do Rio de Janeiro, cujo artigo 30 e seus incisos I e VI esta-
belecem ser competência do Município “legislar sobre assuntos de interesse local”
e “organizar e prestar (...)”, entre outros, os serviços de “limpeza pública, coleta
domiciliar” e “remoção de resíduos sólidos”. Como estudante de Direito, você sabe
que a Lei Orgânica do Município do Rio de Janeiro tem previsão constitucional.
Diversos dispositivos da Constituição conferem aos Municípios a prerrogativa e o
dever de se organizarem para cumprir suas tarefas junto à população, especialmente
os artigos 23, VI, 29 e 30, I, que dispõem:
Art. 23. É competência comum da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos
Municípios:
VI – proteger o meio ambiente e combater a poluição em qualquer de suas formas;
Art. 29. O Município reger-se-á por lei orgânica, votada em dois turnos, com o
interstício mínimo de dez dias, e aprovada por dois terços dos membros da Câmara
Municipal, que a promulgará, atendidos os princípios estabelecidos nesta Constitui-
ção, na Constituição do respectivo Estado e os seguintes preceitos (...)
Art. 30. Compete aos Municípios:
I – legislar sobre assuntos de interesse local;
V – organizar e prestar, diretamente ou sob regime de concessão ou permissão,
os serviços públicos de interesse local, incluído o de transporte coletivo, que tem
caráter essencial;
?
Art. 23, VI, art. 29 e art. 30, I da Consti-
tuição Federal de 1988.
B) ATIVIDADES
Após a leitura dos textos, imagine que o ordenamento jurídico brasileiro possa
ser representado graficamente pela pirâmide abaixo. Estabeleça suas divisões inter-
nas (camadas), indicando a posição de diferentes normas das quais você já ouviu
falar. Não esqueça de indicar o que se encontra no vértice da pirâmide: seria a
Constituição ou a norma fundamental? Caso você ache que seja a Constituição,
onde você situaria a norma fundamental neste esquema gráfico?
2
Segundo Raul Machado Horta,
“O poder constituinte é o respon-
sável pela elaboração da Cons-
tituição. A função constituinte é
a atividade desse poder criador
da Constituição. Em qualquer
de suas denominações – As-
sembléia Nacional Constituinte,
Congresso Constituinte, Conven-
ção Constituinte -, que servem
para identificar o órgão, o poder
constituinte originário é sempre
o autor da Constituição.” (Direito
Constitucional. 4a ed. Belo Hori-
zonte: Del Rey, 2003. P. 51)
Após completar o gráfico – que será discutido pelo professor – procure pesquisar
e trazer para a sala de aula as “cadeias de validade” referentes a:
1) Multa de trânsito;
2) Nota “Zero” atribuída por um professor da DIREITO RIO a um aluno,
como sanção por comprovada utilização de “cola” durante a prova.
Utilize como parâmetro para realizar estas tarefas a “cadeia de validade” que tra-
çamos para a multa do agente de Limpeza Urbana.
C) TEXTOS
i) Obrigatórios
ii) Acessórios
Kelsen, Hans. Teoria Pura do Direito. São Paulo: Editora Martins Fontes, 1994,
pp. 215 a 232 e pp. 246 a 263.
Hart, Herbert L. A. O Conceito de Direito. Lisboa: Fundação Calouste Gul-
benkian, 2a edição, 1994.
Heller, Hermann. Teoria do Estado. São Paulo: Ed. Mestre Jou, 1968 (trad.
Lycurgo Gomes da Motta). Pp. 318 a 327 (“A constituição escrita”).
Warat, Luis Alberto. Quadrinhos Puros do Direito. Buenos Aires: ALMED.
NOTA AO ALUNO
A) INTRODUÇÃO
O tema desta aula são as antinomias constitucionais. Mas o que são antino-
mias constitucionais? Segundo o prof. Tércio Ferraz, “podemos definir, portanto,
antinomia jurídica como a oposição que ocorre entre duas normas contraditórias
(total ou parcialmente), emanadas de autoridades competentes num mesmo âm-
bito normativo, que colocam o sujeito numa posição insustentável pela ausência
ou inconsistência de critérios aptos a permitir-lhe uma saída nos quadros de um
ordenamento dado”. É importante notar que existem critérios previstos pelo or-
denamento jurídico para a resolução de simples conflitos entre normas. Esses
critérios são os da temporalidade, da especialidade e da hierarquia.
A importância da antinomia para o Direito Constitucional é múltipla. Por um
lado, explica a existência de normas contraditórias, hierarquicamente situadas no
mesmo patamar, esta contribuição sendo filha direta do processo constituinte radi-
calmente democrático e da sociedade plural e conflitante como é a brasileira. Por
outro, ao impor ao intérprete a constituição como obra aberta, deixa-lhe espaço
interpretativo para sintonizar sua decisão aos valores, princípios e objetivos de sua
época. A pergunta desta aula é: como resolvemos os conflitos entre normas, quando
os critérios tradicionais, que estão dentro do sistema, não os resolvem?
B) O CASO
Em 1999, o jornalista Ruy de Castro, que já havia publicado dois best sellers,
“Chega de Saudade”, sobre a bossa nova, e “O anjo Pornográfico”, sobre Nelson
Rodrigues, pela editora Companhia das Letras, lançou pela mesma editora uma
biografia independente e não oficial da vida de Garrincha. Esse livro teve também
imediato sucesso de vendas por ser Garrincha ídolo nacional, e sua história sempre
despertar grande interesse do público. O livro narra sua infância em Pau Grande, as
dificuldades que sofreu, e depois sua performance como jogador do Botafogo e da
seleção responsável pelas Copas de 58 e 62, tido como igual a Pelé. A vida pessoal
de Garrincha sempre foi conturbada. Ele sempre deu entrevistas ao lado de suas na-
moradas, mesmo estando casado legalmente. Seu desempenho sexual era conhecido
por todos os seus colegas e jornalistas mais próximos. Durante a copa do mundo de
1962, no Chile, ele conhecera a cantora Elza Soares, que estava no país como repre-
sentante do Brasil. O romance ficou conhecido e Garrincha não fez muito esforço
para escondê-lo, mesmo tendo uma esposa e oito filhas. Elza era sua amante publi-
camente e inclusive tinha acesso aos vestiários, onde todos os jogadores trocavam
de roupa. Garrincha teve sucesso absoluto, várias namoradas e era unanimemente
reconhecido como um grande namorador.
Dos 14 filhos que Garrincha oficialmente teve, apenas duas de suas filhas foram
entrevistadas, tendo os outros tomado conhecimento do livro após a publicação.
Apesar dessas entrevistas, o livro foi feito sem uma autorização formal da família.
Os fatos narrados se sustentam em depoimentos de diversas pessoas próximas e
jornalistas.
Na ocasião de sua morte, suas filhas estavam na maior pobreza. Garrincha en-
tregou-se ao alcoolismo e teve um final de vida triste. Diante do sucesso do livro,
instruída por advogados, três delas interpuseram uma ação contra a editora, pedin-
do indenização por danos morais e materiais, tendo em vista o perfil traçado do pai,
que alegaram ser irreal, e o fato de o livro ter sido escrito sem autorização formal da
família. As informações alegadas como ofensivas à memória de Garrincha referiam-
se às seguintes passagens do livro: o capítulo intitulado “A Máquina de Fazer Sexo”
e as menções ao alcoolismo.
O juiz de primeira instância reconheceu preliminarmente esse direito e deu decisão
favorável às filhas, concedendo indenização por danos materiais e morais. Na segun-
da instância, porém, os advogados do escritor conseguiram modificar a decisão. O
Desembargador João Wehbi Dib não reconheceu o pedido de indenização por danos
morais feito pelas herdeiras, usando como argumento que o tamanho do pênis do
jogador citado no livro deveria ser motivo de orgulho para a família, e não de ofensa.
“As asseverações de possuir um órgão sexual de 25 centímetros e ser uma máqui-
na de fazer sexo, antes de serem ofensivas, são elogiosas, malgrado custa crer que um
alcoolista tenha tanta potência sexual”, justifica o desembargador. “Há que assinalar
que ter membro sexual grande, pelo menos neste País, é motivo de orgulho, posto
que significa masculinidade”, continua.
O desembargador cita ainda a foto da capa do livro para justificar seu voto e
comentar a polêmica sobre o tamanho do pênis do jogador: “Não consta que tenha
sido medido. Demais disso, na foto da capa está com as pernas abertas e não ostenta
nenhum volume”, descreveu.
Procuradas, as filhas mostraram-se inconformadas com a decisão. Era uma ver-
gonha para sua família e a memória de seu pai, ver aspectos íntimos da vida dele,
sua privacidade sendo tratados dessa forma.
Como você decidiria tal questão?
C) MATERIAL DE APOIO
c1) Jurisprudência
c2) Textos
I)
OBRIGATÓRIOS
Sarmento, Daniel. “A Unidade da Constituição e a Insuficiência dos Critérios
Clássicos para Resolução dos seus Conflitos Normativos”, extraído de A Pon-
deração de Interesses na Constituição de 1988 (pgs. 26-40).
Ferraz Jr, Tércio Sampaio. “Para que serve a Constituição Brasileira?”
II)
ACESSÓRIOS
Ávila, Humberto. Teoria dos Princípios: da definição à aplicação os princípios
jurídicos. Editora Malheiros: São Paulo, 2003.
NOTA AO ALUNO
A) INTRODUÇÃO
O que quer dizer entender a Constituição como decisão? O que é uma decisão?
Em geral, entende-se por decisão a resolução de um ato voluntário que, após avalia-
ção, forma a execução de uma solução encontrada entre várias alternativas possíveis.
Decisão é, pois, uma escolha entre alternativas incompatíveis. Ou seja, em face
de diversas soluções possíveis, deve-se escolher uma entre outras que, ipso facto, se
auto-excluem. Nas palavras de Tércio Sampaio Ferraz Jr.:
Após terminar de ler os textos e preencher o quadro acima, reflita: será que
todas as normas que têm status constitucional em nosso país se enquadram na
divisão do Prof. Barroso? Será que, além das normas consideradas indispensáveis
às Constituições (materialmente constitucionais), existem outras que estão na
Constituição tão somente por força do processo formal de elaboração da mesma
(normas formalmente constitucionais)? Você consegue pensar em artigos da nossa
Constituição que exemplifiquem esse problema?
A partir da leitura dos textos, reflita sobre os trechos abaixo, retirados de tra-
dicionais manuais de direito constitucional. Eles estão em acordo ou desacordo
entre si? O que eles dizem é compatível com o texto de Luís Roberto Barroso?
Você concorda ou discorda das teses expressas nestes trechos?
“Se há regras que, por sua matéria, são constitucionais ainda que não estejam
contidas numa Constituição escrita, nestas costumam existir normas que, rigoro-
samente falando, não têm conteúdo constitucional. Ou seja, regras que não dizem
respeito à matéria constitucional (forma de Estado, forma de governo etc)”
(FERREIRA FILHO, Manoel Gonçalves. Curso de Direito Constitucional. São
Paulo: Saraiva, 2002)
B) CASO I
enorme contingente de jovens formados, que ainda não conseguiram seu primeiro
emprego? Como podem se manter enquanto não encontrarem a primeira oportuni-
dade de trabalho de suas vidas? O que o Estado poderia fazer por eles?
Pensando bem, podemos trocar todos os “eles” e “os jovens” do parágrafo acima
por “vocês”. Já parou para pensar no que vai acontecer quando você se formar?
Apesar de sua dedicação e da excelência do ensino da FGV DIREITO RIO, as con-
dições de contratação no mercado de trabalho na área do Direito estão piorando a
cada ano. Será que haverá emprego para você quando se formar?
Foi pensando neste problema que o Deputado João Young, cujo filho aqui es-
tuda, idealizou um projeto de lei que determina que todo aluno recém-formado
poderia se beneficiar de um “Programa de Segurança Financeira para o Jovem Pro-
fissional”. Isto é, essa lei buscaria garantir que todos os recém-formados que, após
um ano de suas respectivas formaturas, não tivessem ainda conseguido um emprego
fariam jus a um seguro, ou seja, um valor mensal a ser pago pelo Estado ao recém-
formado até que ele obtenha seu primeiro emprego.
Júnior, filho do Deputado João Young, estuda na mesma sala que você. Reuni-
dos em um happy hour após o horário de aula, vocês dois e outros colegas discutem
a viabilidade da medida. Júnior comenta que, apesar de decidido a implementar o
“Programa de Segurança Financeira para o Jovem Profissional” (“JOVEM-SEF”),
seu pai não sabe ao certo que caminho tomar. Seus assessores estão divididos. Alguns
pensam que o melhor seria acionar os contatos na prefeitura ou no governo estadual,
e deixar que o Executivo produza a norma. Outros sugerem realizar uma reunião
com membros das assembléias legislativas de todos os Estados brasileiros, para que
adotem a medida dentro do seu âmbito de atuação. O Deputado está desorientado.
Não sabe qual a medida jurídica mais apropriada para realizar sua ambição de garan-
tir a todos os jovens recém-formados uma renda mínima, por tempo determinado,
até que consigam seu primeiro emprego. Sem definir a medida mais adequada, não
pode acionar os contatos necessários à aprovação do JOVEM-SEF.
Você, Júnior e seus colegas resolvem pensar em uma solução. Será que podemos
fazer essa lei? O que nos permite ou autoriza a fazê-la? Ou o que nos impede? Onde
ela provavelmente se encaixaria no ordenamento jurídico?
C) CASO II
D) MATERIAL DE APOIO
d1) Textos
I)
OBRIGATÓRIOS
Barroso, Luis Roberto. “Uma tipologia das normas constitucionais”, extraído
de Direito Constitucional e a Efetividade de suas Normas. Rio de Janeiro: Re-
novar, 2004. Pp. 91-102 e 118 a 122.
FALCÃO, Joaquim. “O ingresso do Terceiro Setor na Pauta Legislativa”, pgs.
19-20 e 21.
II)
COMPLEMENTARES
Canotilho, Joaquim J. G. Teoria da Constituição. Pp. 65 a 84. (“Aproximação
à Problemática do Poder Constituinte”).
Teixeira, J. H. Meirelles. Curso de Direito Constitucional. Org. e Atual. por Ma-
ria Garcia. Rio de Janeiro: Forense Universitária, 1991. Pp. 316-331.
Torres Júnior, Ivan Vernon (coord.). Constituição Federal, Anteprojeto da Co-
missão Afonso Arinos, Índice Analítico Comparativo. Ed. Forense.
NOTA AO ALUNO
A) INTRODUÇÃO:
Originário – que elabora a ata-Constituição e, com isso, funda uma ordem jurídica
nova – e Poder Constituinte Derivado – que altera a redação da ata-Constituição
em um momento posterior à sua criação, dentro dos limites estabelecidos pelo Poder
Constituinte Originário. O Poder Constituinte Derivado é também chamado “Poder
Constituído”, já que, na verdade, é simplesmente uma competência constituída e
delineada pelo Poder Constituinte Originário. Em nossa Constituição, esses limites
estão previstos basicamente no artigo 60, §4º.
Não se preocupe se estes conceitos agora parecem abstratos. Nos textos selecio-
nados para esta aula, você terá apenas o primeiro de muitos outros contatos com
os conceitos de “Poder Constituinte Originário”, “Poder Constituinte Derivado”,
“Assembléia Constituinte” etc. Todos serão discutidos de forma mais detalhada ao
longo do curso.5 Para a discussão do caso desta aula, procure imaginar apenas que a
turma está reunida para exercer o “Poder Constituinte Derivado”: vocês não podem
fazer uma Constituição nova, apenas alterar a redação da Constituição existente
dentro dos limites que ela mesma prevê. Você já tentou imaginar o tipo de debates
– e o tipo de problemas – que estão envolvidos em um processo de decisão sobre o
conteúdo de uma Constituição?
B) O CASO.6
Judiciário proteger esta autonomia dos cidadãos como forma de preservação da de-
mocracia. São a favor da mudança de nome e sexo de Alexandra no Registro Civil,
mas defendem a promulgação de Lei específica que autorize tanto o procedimento
médico como o procedimento de registro civil.
MINISTÉRIO PÚBLICO
Os representantes do Ministério Público que atuaram no caso defenderam que
é impossível alterar por meio de norma jurídica a identidade biológica de cada um,
pois esta é definida cromossomicamente e de forma imutável. Argumentam que a
aceitação do pleito de Alexandra seria uma ficção jurídica tola e absurda, pois a de-
finição do sexo não é ato de vontade, mas determinação biológica. Lembram que há
limites naturais, sociais e jurídicos para o que se pretenda fazer e caso prevalecesse a
posição de Alexandra, qualquer um poderia fazer o que bem entendesse. Para evitar
tal desvario, a ação do Estado deve regrar – não cercear – o exercício dos direitos de
forma a evitar excessos e conflitos de interesses. Ainda alegam que o respeito à natu-
reza das coisas é o fundamento primeiro do Direito Natural. Irão propor represen-
tação criminal contra os médicos da cirurgia, alegando crime de Lesão Corporal.
C) MATERIAL DE APOIO
c1) Textos
I)
OBRIGATÓRIOS
Caneca, Frei. Eis Porque. (editado)
Moraes, Alexandre de. Direito Constitucional. 18a. ed. São Paulo: Atlas, 2005.
Cap. 2 (“Poder Constituinte”).
Sunstein, Cass. “Acordos Constitucionais sem Teorias Constitucionais”, in Re-
vista de Direito Administrativo, n.246, 2007 (no prelo) (editado).
II)
ACESSÓRIOS
Bonavides, Paulo e Andrade, Paes. História Constitucional do Brasil. Rio de
Janeiro: Paz e Terra, 1991.
Rodrigues, José Honório. A Assembléia Constituinte de 1823. Petrópolis: Vozes,
1974.
Morel, Marco. Frei Caneca – Entre Marília e a pátria. Rio de Janeiro: FGV,
2000.
Canotilho, Joaquim J. G. Teoria da Constituição. Pp. 65 a 84. (“Aproximação
à Problemática do Poder Constituinte”).
NOTA AO ALUNO
A) INTRODUÇÃO
B) O CASO
Art. 7º – São direitos dos trabalhadores urbanos e rurais, além de outros que
visem à melhoria de sua condição social:
(...) IV – salário mínimo, fixado em lei, nacionalmente unificado, capaz de aten-
der a suas necessidades vitais básicas e às de sua família com moradia, alimentação,
educação, saúde, lazer, vestuário, higiene, transporte e previdência social, com rea-
justes periódicos que lhe preservem o poder aquisitivo, sendo vedada sua vinculação
para qualquer fim.
270, por exemplo, os gastos com previdência aumentariam em R$ 1,5 bilhão, ar-
gumentava o governo.
Em entrevista realizada durante as comemorações do 1º de maio (Dia do Traba-
lho), o Ministro José Dirceu justificou da seguinte forma o aumento concedido:
Repórter – Ministro, quanto ao salário mínimo, não dava mesmo para dar um
aumento maior?
Ministro José Dirceu – Nós demos um salário mínimo com convicção de que
era o possível. Sabemos que é um salário mínimo abaixo do que era esperado pelo
país, mas é importante que o país crie emprego, cresça e garanta investimento. Há
um aumento real no salário mínimo, há um aumento significativo no salário família
para aquele que tem filhos menores, e é o que é possível fazer nesse momento, mas
nós vamos trabalhar para melhorar o valor do mínimo em 2005. Nós temos que
garantir a retomada do crescimento e a criação de emprego. É isso que o país quer.
E o salário mínimo foi estabelecido com base nesse farol, nesse horizonte, o hori-
zonte de fazer o país crescer, reduzir os juros, manter um superávit, manter a meta
de inflação para garantir que os investimentos voltem, mas, também, trabalhar para
reduzir os juros.
Repórter – Ficou para quem essa decisão?
Ministro José Dirceu – A decisão é do presidente da República e todos nós
apoiamos. Eu, particularmente, apóio, defendo e sustento.
Repórter – Mas como fica a promessa de dobrar o valor do salário mínimo? Do jei-
to que está indo, o senhor acha que ainda vai dar para dobrar o mínimo? É possível?
Ministro José Dirceu – Vamos trabalhar. Esse é o objetivo do governo e o ob-
jetivo do país. Nós temos que trabalhar para aumentar o valor do salário mínimo.
A CUT apresentou uma proposta para o governo e um plano para que haja uma
política definitiva para o salário mínimo, e não que todo ano se discuta qual o valor.
Nós temos o problema que todo o país sabe: o salário mínimo está vinculado à Pre-
vidência. Se você dá um aumento de R$ 300,00 no mínimo, você tem R$ 12 bilhões
que o país não tem de onde tirar na Previdência.8 (...)
Repórter – Ministro, no Congresso fala-se em alterar a Medida Provisória do
salário mínimo. O senador Paulo Paim é um dos que afirmou que deve haver mu-
dança. O senhor acha que na prática isso é possível? Eles podem modificar o texto,
mas o problema continuará sendo fontes de recursos?
Ministro José Dirceu – Se o governo não deu o aumento o maior que R$ 260,00,
além do reajuste do salário família para R$ 20,00, é porque o Orçamento de 2004
e as condições do país e as condições internacionais não permitem um aumento
maior. É evidente que o governo teria dado, agora, o Congresso Nacional é soberano
para debater e decidir.
Repórter – Ministro, enquanto não houver decisão sobre essa desvinculação do
mínimo dos cálculos dos benefícios da Previdência, o senhor acha que não será pos- 8
Trecho obtido no site da Casa Ci-
vil da Presidência da República:
sível dar um aumento real maior para o salário mínimo? (https://www.presidencia.gov.
Ministro José Dirceu – Sempre é possível dar aumento real para o salário mí- br/casacivil/site/exec/arquivos.
cfm?cod=428&tip=ent), aces-
nimo, sempre é possível desde que a economia cresça e que o país reduza os juros, so em 13/08/04.
que você tenha o serviço da dívida menor, e que nós possamos diminuir o déficit
da Previdência, porque na Previdência o déficit é de R$ 30 bilhões. É evidente que
você não pode impunemente acrescentar 5%, 10% a mais nesse déficit, porque isso
reflete imediatamente nos juros, reflete diretamente na credibilidade do país, na
dívida pública interna. Então, o governo, quando tomou essa decisão, tomou anali-
sando todas essas variáveis. O esforço do governo nesse momento é para garantir os
investimentos em infra-estrutura, garantir os investimentos sociais e o crescimento
do país. Nós estamos buscando o crescimento. É evidente que aumentar a demanda
pode ajudar no crescimento econômico, mas você precisa pesar os prós e os contras,
o custo/benefício. Com a situação que estamos vivendo nesses últimos 30 dias de
instabilidade internacional, de possibilidade de aumento de juro nos Estados Uni-
dos, de pressões – todos aqui sabem que há pressões sobre o Orçamento da União, o
governo tem que cumprir com determinadas obrigações, principalmente garantir os
investimentos na infra-estrutura – não foi possível dar um salário mínimo maior que
R$ 260,00. Agora, o governo sempre procurará dar um aumento máximo, o maior
possível, real, para o salário mínimo. Se esse ano foi 5% foi porque não foi possível
dar maior. Tenho certeza que no ano que vem teremos uma situação melhor. Mas a
grande questão é realmente a vinculação com a Previdência.9
de 29/04/96, que dispunha sobre o salário mínimo fixado para o ano. Além disso, em
maio de 1996, o Supremo julgou a medida cautelar da ação impetrada pela CNTS.
Após uma pesquisa preliminar no site do STF e em outros sites especializados,
você encontra o relatório e o voto do Ministro Celso de Mello no julgamento da
ADI 1458 MC / DF, também referente à constitucionalidade do salário mínimo,
cuja ementa se encontra transcrita a seguir:
t $PNPQPEFNPTDMBTTJmDBSPBUVBMTBMÈSJPNÓOJNPEF3
&TUBOPSNB
contribui para a nossa Constituição ser de que tipo?
t &NRVFDBUFHPSJBWPDÐJODMVJSJBPTBMÈSJPNÓOJNPEF64
QSPQPTUP
pelo deputado João Máximo?
C) MATERIAL DE APOIO
I)
OBRIGATÓRIOS
Lasalle, Ferdinand. A Essência da Constituição. Rio de Janeiro: Editora Liber
Iuris, 1995. (ler apenas páginas 05 a 18 e 25 a 39)
Loewenstein, Karl. “A Classificação Ontológica das Constituições”, in Teoria
de La Constitución.
II)
ACESSÓRIOS
Hesse, Konrad. A Força Normativa da Constituição. Porto Alegre: Editora Sér-
gio Fabris, 1991.
Provão/ 1999
A literatura sempre foi rica de comentários, alusões e observações penetrantes em
relação ao direito e às leis. Dentre as incontáveis passagens da literatura brasileira
do século XIX a respeito das leis, tome-se como exemplo o seguinte trecho de A
CARNE, de Júlio Ribeiro:
“A fazenda paulista em nada desmerecia do solar com jurisdição da idade média.
O fazendeiro tinha nela cárcere privado, gozava de alçada efetiva, era realmente
senhor de baraço e cutelo. Para reger os súditos, guiava-se por um código único
– a sua vontade soberana. De fato estava fora do alcance da justiça: a lei escrita não
o atingia. Contava em tudo e por tudo com a aquiescência nunca desmentida da
autoridade, e, quando, exemplo raro, comparecia à barra de um tribunal por abuso
enorme e escandalosíssimo de poder, esperava-o infalivelmente a absolvição. O seu
predomínio era tal que às vezes mandava assassinar pessoas livres na cidade, desres-
peitava os depositários de poderes constitucionais, esbofeteava-os em pleno exercício
de funções, e ainda... era absolvido. Para manter o fazendeiro na posse de privilégios
consuetudinários, estabeleciam-se praxes forenses, imorais e antijurídicas”.
Abstraindo-se as questões estilísticas, temporais, históricas e o direito então vi-
gente – isto é, imaginando-se que a situação seja atual e verdadeira – analise, com
base nos postulados teóricos e filosóficos do direito da sociedade democrática, a
situação descrita por Júlio Ribeiro.
NOTA AO ALUNO
A) INTRODUÇÃO
Em seu art. 5º, a Constituição assegura que “ninguém será obrigado a fazer ou
deixar de fazer alguma coisa senão em virtude de lei” – uma das vertentes do princí-
pio da legalidade que estrutura o Estado de Direito. À primeira vista, o dispositivo
parece não suscitar maiores problemas. Mas a realidade de nosso país nos coloca
certas perplexidades na aplicação de normas constitucionais como essa.
Nas duas primeiras aulas do curso, você entrou em contato com noções básicas
de aplicação do direito e de análise jurídica de relações sociais. Muito embora as no-
ções de “fato” e “norma” sejam extremamente problemáticas, para fins deste curso
entenderemos os “fatos” como acontecimentos encontrados na realidade, e “norma”
como todo dispositivo jurídico, constitucional ou não, que seja aplicável à situação
verificada na prática.
Nesta representação simplificada da aplicação de normas jurídicas, o operador
pode se deparar com resultados contrários à pretensão da norma. É possível, por
exemplo, que uma determinada norma tenha efeitos sociais muitos distintos do
esperado, ou até mesmo que não tenha efeito algum. Assim, nesta aula, analisa-
remos alguns instrumentos para lidar com a comparação do “ser” da realidade
social com o “dever ser” pretendido pela norma, especialmente pelas normas
constitucionais.
Quando encontramos entre o ser (realidade social) e o dever ser (previsão da
norma) um espaço intransponível, e as autoridades que criam e aplicam o Direito
estão conscientes desse fato, estamos diante do fenômeno chamado por Luís Rober-
to Barroso de “insinceridade normativa”.10 Como observa Eugenio Raúl Zaffaroni,
referindo-se ao Direito Penal, se as leis já são postas com a consciência de que não
serão cumpridas (ou, pior ainda, por causa dessa consciência), não se pode falar em
legitimidade.11 Um Direito sem qualquer possibilidade de concretizar suas normas
não pode ser legítimo. Mais: será que um Estado incapaz de promover o cumpri-
mento das normas jurídicas vigentes por meio da força (isto é, através da coerção)
pode ainda ser considerado como tal?
Leia o seguinte trecho do jurista Miguel Reale sobre a questão:
mais certo será dizer que o Estado, no seu todo, consoante ensinamento de Laband,
tem “a competência da competência”.
O Estado, como ordenação do poder, disciplina as formas e os processos de exe-
cução coercitiva do Direito. Esta pode consistir na penhora, como quando o juiz
determina que certo bem seja retirado do patrimônio do indivíduo, para garantia de
um seu débito, se as circunstâncias legais o autorizarem. Coação pode ser a própria
prisão, ou seja, a perda de liberdade infligida ao infrator de uma lei penal. Coação
pode ser a perda da própria vida, como acontece nos países que consagram a pena
de morte. Pode chegar-se ao extremo de tirar o bem supremo, o que não nos parece
harmonizável com a natureza do Direito.
Podemos afirmar que,em nossos dias, o Estado continua sendo a entidade de-
tentora por excelência da sanção organizada e garantida, muito embora não faltem
outros entes, na órbita internacional, que aplicam sanções com maior ou menor
êxito, como é o caso, por exemplo, da Organização das Nações Unidas (ONU).
Cresce, porém, dia a dia, a importância de entidades supranacionais, que dispõem
de recursos eficazes para lograr a obediência de seus preceitos. Instituições, como o
Mercado Comum Europeu e o Mercosul, cada vez mais se convertem em unida-
des jurídico-econômicas integradas, marcando, sem dúvida, uma segunda fase no
processo objetivo de atualização das sanções. Seria, todavia, exagero concluir, à luz
desses exemplos, pela evanescência do Estado ou seu progressivo desaparecimento,
quando, na realidade, o poder estatal cresce, concomitantemente, com aqueles orga-
nismos internacionais.12
B) O CASO I
No dia 24/02/03, o comércio da capital carioca recebeu ordens para fechar suas
portas. Embora não tivessem por hábito folhear a constituição todo dia de manhã e
antes de dormir, os comerciantes não tiveram problemas em perceber que, juridica-
mente, o comando apresentava alguns problemas.
Na forma, ao contrário do que exige a Constituição, a exigência do fechamento
do comércio não veio da polícia, dos bombeiros, do exército, da saúde pública ou de
outro órgão do Estado do qual estamos acostumados a receber exigências do gênero.
A notícia simplesmente começou a correr, sem que ninguém pudesse identificar e
pedir satisfações à autoridade por trás da ordem.
No conteúdo, o comando também surpreendia – nenhuma calamidade pública
ou excepcional interesse público foi invocado para justificar os prejuízos que os co- 12
Lições Preliminares de Direito.
merciantes viriam a sofrer por aquele dia de trabalho perdido. Aliás, nenhum moti- São Paulo: Saraiva, pp. 76-77.
Nós deixaremos bem claro que nesta segunda-feira, dia 24/02/2003 aqueles que
abrirem as portas de seus comércios estarão desobedecendo uma ordem dada, e será
radicalmente punido se desobedecê-la. Pois o que queremos é que esse abuso de po-
der que esse governo e essa política hipócrita vem implantando caia por terra, porque
não tem mais como aturar esses governantes com essa política opressora e covarde
que vem praticando o terror nas comunidades carentes, mandando os seus vermes
subordinados policiais invadir as favelas e plantar o terror, causando assim a morte
de muitos inocentes e entre esses inocentes estão senhoras, idosos, crianças e jovens
adolescentes, e todo esse abuso acaba impune como se nada tivesse acontecido, então
tá na hora de darmos um basta nessa hipócrita situação porque o povo já está vendo
que os verdadeiros marginais não estão nas favelas e nem atrás das grades, e sim no
alto escalão da política, assim se colocando pra roubar, matar e destruir o povo mais
carente, que nada pode fazer a não ser pedir a Deus que protejam e conceda uma
vida digna e de paz. Então já está na hora de reagir com firmeza e determinação e
mostrar a essa política nojenta e opressora que merecemos ser tratados com respeito,
dignidade e igualdade, porque se isso não vier a acontecer não mais deixaremos de
causar o caos nesta cidade, pois é um absurdo tudo isso continuar acontecendo e
sempre ficar impune. Também o judiciário vem fazendo o que bem entende de seu
poder, principalmente a vara de execuções penais porque com total abuso de poder
está violando todas as leis constituídas e legais, e até mesmo os advogados são alvo
da hipocrisia e do abuso e nada podem fazer, então se alguém tem que dar um basta
nesta violência este alguém terá que sermos nós, porque o povo não tem como lutar
pelos seus direitos, mas sabe claramente quem está lhe roubando e massacrando e
isso é o que importa, pois já foi o tempo que bandido eram das favelas e estavam
atrais das grades de uma prisão, pois, hoje em dia, quem se encontra morando numa
favela ou está atrais das grades de uma prisão são nada mais nada menos que pessoas
humildes e pobres, e nosso presidente Luis Inácio Lula da Silva e o país só conta
com o senhor para sair dessa lama, pois será que existe violência maior que rouba-
rem os cofres públicos e matar povo a mingau, sem o salário mínimo decente, sem
hospitais, sem trabalho e sem comida, será que essa violência dará certo para acabar
com a violência, pois violência gera violência, será que entre os presos deste país
existe um que tenha cometido um crime mais hediondo do que matar uma nação de
fome e de miséria? Então BASTA, só queremos os nossos direitos e não vamos abrir
mão, pois o comércio tem que permanecer com as portas fechadas até a meia-noite
de terça-feira (25/02/2003), e aquele que ousar abrir as portas será punido de uma
forma ou de outra, não adianta, não estamos de brincadeira, quem está brincando é
a política com esse total abuso de poder e com essa roubalheira que o judiciário passe
a escravizar as prisões e agir dentro da lei antes que seja tarde. Se as leis foram feitas
para serem cumpridas, porque esse abuso? C.V.R.L.13
Como preparação para a aula de hoje, você se deve não apenas refletir sobre as
perguntas, o caso-gerador e os textos, mas também pesquisar (a) bibliografia (não
apenas jurídica) e (b) notícias de jornais que abordem o tema da legalidade/legiti-
midade/eficácia de outros ângulos. O professor pedirá a você que imagine situações
de ilegalidade e ilegitimidade bastante diferentes daquelas descritas na carta de Ro-
gério Lengruber, então procure aumentar o seu “repertório” de exemplos jurídicos.
Olhe à sua volta e reflita: onde estão os efeitos das normas constitucionais? Onde
está a própria constituição no seu cotidiano (ou no seu imaginário) e no cotidiano
de outras pessoas?
C) O CASO II
sem precisar de intermediários; por outro, justamente por permitir a troca rápida
e descentralizada de arquivos protegidos por direitos autorais, o programa tornava
muito difícil uma fiscalização precisa da destinação e utilização dos arquivos. Na
prática, era impossível saber se os direitos autorais e direitos conexos aos dos autores
(editoras, gravadoras, intérpretes etc) estavam sendo respeitados, pois todo e qual-
quer conteúdo, uma vez disponibilizado por um usuário do Napster, poderia ser – e
na maioria das vezes era – imediatamente copiado e redistribuído por milhões de
outros usuários.
Em 2000, a Recording Industry Association of America – RIAA ajuizou uma ação
na justiça americana em face dos responsáveis pelo Napster. Os motivos da medida
foram os seguintes:14
RIAA, on behalf of its members, sued Napster because it launched a service that
enables and facilitates piracy of music on an unprecedented scale. (…) Napster has
built a system that allows users who log onto Napster’s servers to obtain infringing
MP3 music files that are stored on the computers of other users who are connected
to the Napster system at the same time. Napster provides advanced search capabili-
ties, as well as direct hyperlinks to the MP3 files housed on its users’ computers. (…)
At any single point in time, millions of users may be logged onto Napster trading
millions of pirated sound recordings.
The overwhelming majority of the MP3 files offered on Napster are infringing
– and the district court found that Napster knows this and even encourages it.
Napster is thus enabling and encouraging the illegal copying and distribution of co-
pyrighted music. Just because Napster itself may not house the infringing recordings
does not mean Napster is not guilty of copyright infringement. Copyright law has
long recognized that someone who materially contributes to infringing activity, with
knowledge of that activity, is liable for copyright infringement as if that person did
the copying him or herself.
Compare qual a atual redação do artigo 184 do Código Penal, dada pela Lei
10.695/2003.
com o Código Penal tinha uma redação diferente, que refletia um tempo em que
a pirataria não era um problema tão evidente para as empresas. Em 2003, diversos
artistas foram até o Palácio do Planalto pedir ao Presidente Luís Inácio Lula da
Silva que aprovasse medidas mais severas no combate à pirataria. O lobby resultou
na promulgação da Lei 10.695/03, que deu ao artigo 184 sua atual redação, no
lugar de:
Art. 184 – Violar direito autoral: (Redação dada pela Lei nº 6.895, de
17.12.1980)
Pena – detenção, de 3 (três) meses a 1 (um) ano, ou multa. (Redação dada pela
Lei nº 6.895, de 17.12.1980)
§ 1º – Se a violação consistir em reprodução, por qualquer meio, com intuito
de lucro, de obra intelectual, no todo ou em parte, sem a autorização expressa do
autor ou de quem o represente, ou consistir na reprodução de fonograma ou vide-
ofonograma, sem autorização do produtor ou de quem o represente: (Parágrafo
acrescentado pela Lei nº 6.895, de 17.12.1980 e alterado pela Lei nº 8.635, de
16.3.1993)
Pena – reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa, de Cr$ 10.000,00 (dez mil
cruzeiros) a Cr$ 50.000,00 (cinqüenta mil cruzeiros).
§ 2º – Na mesma pena do parágrafo anterior incorre quem vende, expõe à ven-
da, aluga, introduz no País, adquire, oculta, empresta, troca ou tem em depósito,
com intuito de lucro, original ou cópia de obra intelectual, fonograma ou videofo-
nograma, produzidos ou reproduzidos com violação de direito autoral. (Parágrafo
acrescentado pela Lei nº 6.895, de 17.12.1980 e alterado pela Lei nº 8.635, de
16.3.1993)
D) MATERIAL DE APOIO
d1) Jurisprudência
d2) Textos
I)
OBRIGATÓRIOS
Barroso, Luís Roberto. “O Conceito de Efetividade”, extraído de O Direito
Constitucional e a Efetividade de suas normas. Rio de Janeiro: Renovar, 2003.
(pgs.84-89)
Levi, Lucio. “Legitimidade”. In Dicionário de Política. Bobbio, Norberto et al
(org). Brasília: Editora da UNB, 2002. (ler apenas os tópicos I, III, IV e V)
Falcão, Joaquim. “O Brasil Ilegal”. Publicado na Folha de São Paulo em
12/02/04.
Maturana, Humberto. “Constituição Política e Convivência”, extraído de
Emoções e Linguagem na Educação e na Política. Belo Horizonte: Editora da
UFMG, 1999. Pgs. 74-79.
II)
ACESSÓRIOS
Santos, Boaventura de Souza. “Uma cartografia simbólica das representações
sociais: prolegômenos a uma concepção pós-moderna do Direito” (artigo
disponível no site www.dhnet.org.br)
_____________. “Notas sobre a história jurídico-social de Pasárgada”. (artigo
disponível no site www.dhnet.org.br)
AULA 10: BRASIL COLÔNIA E IRAQUE. DO PODER DIVINO DOS REIS AO ESTADO
DE DIREITO
NOTA AO ALUNO
A) INTRODUÇÃO
O direito cumpre, entre outras funções, a de organizar uma dada sociedade. Aliás,
você já parou para pensar no que significa “Constituição”? O documento que leva
esse nome é, por assim dizer, o que “constitui” e dá estrutura jurídica a determinada
comunidade.
Em linhas gerais, a história do “constitucionalismo” não tem sido outra senão a
limitação e organização do exercício do poder estatal a partir de uma técnica especí-
fica – a de consagração de direitos e regras de competência através de uma “Consti-
tuição” (aqui tomada em sentido amplo). Além de organizar o poder, ela também o
limita, através do estabelecimento de direitos dos cidadãos e de procedimentos que os
governantes devem seguir na gestão das coisas públicas. É claro que nem sempre essa
“Constituição” é fruto da organização popular, ou nem mesmo da maioria em uma
sociedade. O chamado “Estado de Direito” – governo de leis, e não de homens, vincu-
lando tanto os cidadãos quanto os agentes do Estado – pode se basear em normas com
fontes muito diferentes, às vezes mais democráticas, às vezes mais autoritárias; às vezes
escolhidas pelo povo ou parte do povo, às vezes simplesmente impostas.
B) O CASO
Para explorar melhor essas idéias, vamos pensar e comparar dois exemplos concre-
tos. O primeiro é o Regimento de Thomé de Souza (1542), entregue pelo rei D. João
III ao primeiro governador geral do Brasil para orientar sua gestão. Uma versão editada
do Regimento encontra-se no anexo ao material didático.
O segundo exemplo é a Lei para Administração do Estado do Iraque para o Pe-
ríodo de Transição (de 08 de março de 2004), em vigor desde junho de 2004. A Lei
foi promulgada para organizar a reconstrução do país após a intervenção estrangeira
(liderada pelos EUA, sob a alegação de o Iraque possuía e pretendia usar armas de
destruição em massa), que culminou na deposição de Saddam Hussein. Vencida a
guerra, o governo provisório, formado por Estados integrantes da Coalização que
apoiou a iniciativa dos EUA, transferiu oficialmente seu poder sobre a região ao Go-
verno Interino do Iraque. Começava assim o chamado “período de transição”, regido
pela Lei de Administração e programado para acabar em agosto de 2005, quando uma
Constituição Iraquiana será elaborada e apresentada ao povo para ser referendada até 1
O texto completo pode
outubro de 2005. ser encontrado no site
do Governo Provisório da
Agora, leia com atenção os artigos abaixo, extraídos da Lei para Administração do Coalização – http://www.
cpa-iraq.org/government/
Estado do Iraque:1 TAL.html.
deprived of his life or liberty, except in accordance with legal procedures. All are equal
before the courts.
Article 15.
(A) No civil law shall have retroactive effect unless the law so stipulates. There shall
be neither a crime, nor punishment, except by law in effect at the time the crime is
committed.
(B) Police, investigators, or other governmental authorities may not violate the sanc-
tity of private residences, whether these authorities belong to the federal or regional
governments, governorates, municipalities, or local administrations, unless a judge or
investigating magistrate has issued a search warrant in accordance with applicable law
on the basis of information provided by a sworn individual who knew that bearing
false witness would render him liable to punishment. Extreme exigent circumstances,
as determined by a court of competent jurisdiction, may justify a warrantless search,
but such exigencies shall be narrowly construed. In the event that a warrantless search
is carried out in the absence of an extreme exigent circumstance, the evidence so seized,
and any other evidence found derivatively from such search, shall be inadmissible in
connection with a criminal charge, unless the court determines that the person who
carried out the warrantless search believed reasonably and in good faith that the search
was in accordance with the law.
(G) Every person deprived of his liberty by arrest or detention shall have the right of
recourse to a court to determine the legality of his arrest or detention without delay and
to order his release if this occurred in an illegal manner.
(I) Civilians may not be tried before a military tribunal. Special or exceptional courts
may not be established.
Article 16.
(B) The right to private property shall be protected, and no one may be prevented
from disposing of his property except within the limits of law. No one shall be deprived
of his property except by eminent domain, in circumstances and in the manner set forth
in law, and on condition that he is paid just and timely compensation.
(C) Each Iraqi citizen shall have the full and unfettered right to own real property in
all parts of Iraq without restriction.
t 1PSRVFB-FJEF"ENJOJTUSBÎÍPGPJQSPNVMHBEB 1PSRVFFMBFSBOFDFTTÈSJB
t /PDBTPEP#SBTJM$PMPOJBM
PQPEFSFYFSDJEPQFMPTSFJTFSBVNQPEFSEFGBUP
Mas a distância da metrópole poderia gerar alguns problemas na manutenção e
no exercício desse poder, se não houvesse alguma maneira de torná-lo mais está-
vel, claro e passível de ser obedecido na ausência de fiscalização direta da coroa. 2
Acessado a partir do
Por que o poder precisa se organizar dessa forma? Como o Regimento de Thomé site http://usinfo.state.
gov/journals/itps/1202/
de Souza cumpre (ou não cumpre) essa função? Você diria o mesmo da Lei de ijpp/pj7-4rice.htm, em
Administração do Iraque? 20/04/04.
t &NBSUJHPJOUJUVMBEPi1PSVNFRVJMÓCSJPEFGPSÎBTRVFGBWPSFÎBBMJCFSEBEFw2, Con- 3
Assessora do Presidente
Bush para assuntos de Se-
doleeza Rice3 afirmou que a invasão do Iraque será feita também no interesse do gurança Nacional.
próprio povo iraquiano: “Não buscamos impor a democracia aos outros países,
buscamos apenas ajudar a criar condições para que as pessoas possam reivindicar
um futuro mais livre para si mesmas.” Dessa forma, procura-se justificar a inter-
venção e, conseqüentemente, a própria Lei de Administração do Iraque. Examine
o preâmbulo da Lei e compare-o com o Regimento de Thomé de Souza. Quais são
as semelhanças e diferenças entre os dois, no que se refere às justificativas apresen-
tadas? Na sua opinião, qual dos dois tem mais “cara” de Constituição?
t 7PDÐBDIBRVFPTQSJODÓQJPTDBSBDUFSÓTUJDPTEP&TUBEPEF%JSFJUP
QSFTFOUFTFN
toda Constituição moderna, segundo Carl Schmitt, podem ser encontrados no
Regimento? E na Lei para Administração do Iraque? E na Constituição de 1988?
Explicite-os, apontando eventuais problemas para a realização desses princípios
em cada um dos três contextos.
t 1PEFNPT GBMBS FN i*NQÏSJP EP %JSFJUPw OP 3FHJNFOUP EF ɨPNÏ EF 4PV[B
E na Lei de Administração do Iraque? E no Brasil de hoje – você acha que no
Brasil vivemos sob o império do direito? Explique.
t /FNPQPWPCSBTJMFJSP
OFNPJSBRVJBOPUJWFSBNBQBMBWSBmOBMOBFMBCPSBÎÍP
das respectivas normas. Pode se falar em Estado de Direito nesses casos? Reflita
novamente sobre a questão: você diria que estamos diante de Constituições? Por
quê? Por que não?
C) MATERIAL DE APOIO
c1) Textos
I OBRIGATÓRIOS
SCHMITT, Carl. “Os Princípios do Estado de Direito Liberal”, extraído de Teoria
de La Constitutión.
CANOTILHO, José Joaquim Gomes. Estado de Direito. Lisboa: Gradiva Publica-
ções, 1999 (capítulos 1, 2, 4, 6, 7).
REGIMENTO de Thomé de Souza (editado).
II ACESSÓRIOS
FULLER, Lon. The Morality of Law. New Haven: Yale Univ. Press, 1964. (trecho
sobre “As Reformas do Rei Rex”)
BOBBIO, Norberto. Estado, Governo e Sociedade. Rio de Janeiro: Editora Paz e
Terra, 1992, pp. 93-104.
NEUMANN, Franz. “A mudança da função do direito na sociedade moderna”. In
Estado Democrático e Estado Autoritário. Rio de Janeiro: Zahar, 1969.
UNGER, Roberto Mangabeira. Direito na sociedade moderna. Rio de Janeiro: Ci-
vilização Brasileira, 1979. pp. 187 a 191.
NOTA AO ALUNO
A) INTRODUÇÃO
t /PNFBSVNUFSÎPEPTTFOBEPSFT
t 4VTQFOEFSPTNBHJTUSBEPTiOBGPSNBEBMFJw
t 1FSEPBSFSFEV[JSBTQFOBTJNQPTUBTBPTSÏVTDPOEFOBEPTQPSTFOUFOÎBJSSFDPSSÓWFM
t "QSPWBSFTVTQFOEFSJOUFSJOBNFOUFBTSFTPMVÎÜFTEPT$POTFMIPT1SPWJODJBJT5
Toda sociedade na qual a garantia dos direitos não esteja assegurada nem a separação
dos poderes determinada, é uma sociedade sem constituição.
Todo o capítulo 1 do Título 5º da Constituição de 1824, compreendendo seus ar-
tigos 98 ao 101, é dedicado ao Poder Moderador. O Brasil foi de fato o único país no
mundo que aplicou esta idéia do pensador francês Benjamim Constant, qual seja, a de
criar um quarto poder, ao lado dos Poderes Executivo, Legislativo e Judiciário. Como se
lê no artigo 98 daquela Constituição:
Art. 98 – O Poder Moderador é a chave de toda a organização política, e é delegado
privativamente ao Imperador, como Chefe Supremo da Nação, e seu Primeiro Repre-
sentante, para que incessantemente vele sobre a manutenção da Independência, equilí-
brio, e harmonia dos mais Poderes Políticos.
Conforme a história brasileira nos conta, D. Pedro I era o próprio Poder Modera-
dor, isto é, este Poder era não apenas representado pela sua pessoa, mas era a sua pró- 4
FAORO, Raymundo, cita-
pria pessoa. E veja o que diz o dispositivo constitucional seguinte, o artigo 99: do em BONAVIDES, Paulo
e ANDRADE, Paes de.
História Constitucional do
Brasil. P. 90.
Art. 99 – A Pessoa do Imperador é inviolável, e Sagrada: Ele não está sujeito à res-
5
BONAVIDES, Paulo e AN-
ponsabilidade alguma. DRADE, Paes de, ob. cit.
“Ele não está sujeito a responsabilidade alguma”. Como podemos falar de limitação
dos poder e garantia de direitos nesse cenário?
B) O CASO
“Depois de ter arranjado esta província, e dado imensas providências para as ou-
tras, entendi que devia convocar, e convoquei, por Decreto de 16 de fevereiro do ano
próximo passado, um Conselho de Estado composto de Procuradores Gerais, eleitos
pelos povos, desejando que eles tivessem quem os representasse junto a mim, e ao mes-
mo tempo quem me aconselhasse e me requeresse o que fosse a bem de cada uma das
respectivas províncias. Não foi somente este o fim, e o motivo, por que fiz semelhante
convocação, o principal foi para que os brasileiros melhor conhecessem a minha cons-
titucionalidade, o quanto eu me lisonjearia governando a contento dos povos, e quanto
desejava em meu paternal coração (escondidamente, porque o tempo não permitia que
tais idéias se patenteassem de outro modo) que esta leal, grata, briosa e heróica Nação
fosse representada numa Assembléia Geral, Constituinte e Legislativa, o que, graças
a Deus, se efetuou em conseqüência do Decreto de 3 de junho do ano pretérito, a
requerimento dos povos, por meio de suas Câmaras, seus Procuradores Gerais e meus
Conselheiros de Estado. (...)
A todo o custo, até arriscando a vida, se preciso for, desempenharei o título com que
os povos deste vasto e rico continente; em 3 de maio do ano pretérito, me honraram de
Defensor Perpétuo do Brasil. Esse título penhorou muito mais meu coração do que quan-
ta glória alcancei com a espontânea e unânime Aclamação de Imperador deste invejado
Império. (...)
Como Imperador Constitucional, e mui especialmente como Defensor Perpétuo
deste Império, disse ao povo no dia 1º de dezembro do ano próximo passado, em que
fui coroado e sagrado, que com a minha espada defenderia a Pátria, a Nação e a Cons-
tituição, se fosse digna do Brasil e de mim. Ratifico hoje mui solenemente perante vós
esta promessa, e espero que me ajudeis a desempenhá-la, fazendo uma Constituição
sábia, justa, adequada e executável, ditada pela razão, e não pelo capricho, que tenha
em vista somente a felicidade geral, que nunca pode ser grande sem que esta Consti-
tuição tenha bases sólidas, bases que a sabedoria dos séculos tenha mostrado, que são
as verdadeiras para darem uma justa liberdade aos povos, e toda a força necessária ao
Poder Executivo. (...)
Uma Constituição, em que os três poderes sejam bem divididos de forma que não
possam arrogar direitos que lhe não compitam, mas que sejam de tal modo organizados e
harmonizados, que se lhes torne impossível, ainda pelo decurso do tempo, fazerem-se ini-
migos, e cada vez mais concorram de mãos dadas para a felicidade geral do Estado. (...)
Todas as Constituições que, à maneira das de 1791 e 92, têm estabelecido suas
bases, e se têm querido organizar, a experiência nos tem mostrado, que são totalmente
Após a leitura, e com a ajuda do material de leitura selecionado para esta aula,
reflita:
t *EFOUJmRVFPDPOUFYUPIJTUØSJDPEPEJTDVSTPEF%PN1FESP*FPSFMBDJPOFDPN
os eventos posteriores ocorridos ao longo do processo constituinte até a promul-
gação da Constituição em 1824;
t $PNP TF FTUBCFMFDF P QSJODÓQJP EB TFQBSBÎÍP EF QPEFSFT OB $POTUJUVJÎÍP EF
1824? Exemplifique com artigos da Constituição e com casos da prática política
e constitucional do Império.
t &NRVFNFEJEBPEJTDVSTPEF%PN1FESPÏDPNQBUÓWFMDPNPUFYUPDPOTUJUV-
cional de 1824? Exemplifique.
t 1PSRVF'SFJ$BOFDBTFSFDVTPVBKVSBSFBEPUBSB$POTUJUVJÎÍPEF
t 0RVFTJHOJmDBFOUFOEFSB$POTUJUVJÎÍPDPNPBBUBEPQBDUPTPDJBM 2VBJTFSBN
os interesses e agentes envolvidos nesta ata? (Recorde-se que a Constituição
como ata do pacto social foi tema da Aula 07 e que esse conceito foi elaborado
por Frei Caneca no texto Eis Porque – versão editada disponível no anexo ao
material didático)
t 7PDÐDPODPSEBDPN'SFJ$BOFDBRVBOEPFMFBmSNBRVFB$POTUJUVJÎÍPEF
não garante a independência do Brasil? Você acha que a história veio a compro-
var esta afirmação ou não?
C) MATERIAL DE APOIO
c1) Textos
I) OBRIGATÓRIOS
BONAVIDES, Paulo e ANDRADE, Paes. História constitucional do Brasil. Brasí-
lia: Senado Federal, 1990. Pp. 89-103.
NOGUEIRA, Octaciano. A Constituição de 1824. Pp. 1-4 (“A Eficácia Histórica
da Constituição de 24”), 12-14 (“O Estado Unitário na Carta de 24”) e 45
(“Idéias-Chave”).
II) ACESSÓRIOS
BONAVIDES, Paulo e AMARAL, Roberto, (orgs). Textos Políticos da História do
Brasil. 3a edição, Brasília: 2002, Volume II.
BUENO, José Antonio Pimenta. Direito Público Brasileiro e análise da Constituição
do Império. Brasília: Senado federal, 1978. (“Título V: Do Poder Moderador” – 6
Extraído de BONAVIDES,
pp. 203 a 224 -; e “Título VIII: Dos Direitos dos Brasileiros” – pp. 381 a 434). Paulo e ANDRADE, Paes de.
História Constitucional do
Brasil, pp. 35 e ss.
NOTA AO ALUNO
A) INTRODUÇÃO
Não apenas nosso processo constituinte pode nos fazer evocar memórias da França.
A herança que os revolucionários franceses legaram para o Brasil e o mundo no que
diz respeito à garantia dos direitos fundamentais do homem também marcou presença
forte em 1987-1988. A subcomissão constituinte responsável por elaborar a parte da
Constituição referente aos direitos e garantias individuais foi a segunda recordista em
números de propostas. Foram 832 contribuições recebidas, contando todas que tive-
ram origem popular. Se somarmos as propostas recebidas pela “comissão dos direitos
políticos, direitos coletivos e garantias”, são mais 419 as contribuições a serem conside-
radas. E aí está hoje o nosso artigo 5o, considerado internacionalmente uma das mais
completas e belas cartas de direito do mundo.
Será que aprendemos bem a lição que nos oferece o constitucionalismo francês?
Compare a Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão de 1789, abaixo trans-
crita na íntegra, com a Constituição brasileira de 1988.
Após a leitura da Declaração de 1789, reflita: em que medida o texto final da Cons-
tituição de 1988 reflete a herança do constitucionalismo francês?
B) O CASO
Agora, leia com atenção o texto obrigatório (ver abaixo c.2i). Trata-se de um dis-
curso de Maximilien de Robespierre, proferido na época da revolução francesa. Após a
leitura, procure responder às seguintes questões:
t 7PDÐBDIBRVFPEJSFJUPDPOTUJUVDJPOBMCSBTJMFJSPEFWFSJBJODPSQPSBSPJEFBMEF
fraternidade, como fizeram os franceses? Como isso parece possível? Imagine
um dispositivo constitucional que reflita o ideal de fraternidade. Procure na
Constituição de 1988 um dispositivo de conteúdo semelhante ao que você ima-
ginou. Se não encontrar, redija como deveria ser este artigo e onde deveria ser
encaixado na nossa atual Constituição.
t $PNCBTFOPTUSÐTQSJNFJSPTQBSÈHSBGPTEPDBQÓUVMPEPEJTDVSTPEF3PCFTQJFS-
re (p. 95), reflita sobre as seguintes questões: a) O que significaria, no Brasil de
hoje, “fazer precisamente o contrário do que existiu antes de vós”?; b) Como é
possível “tornar os homens felizes e livres através das leis”?
t 2VBMÏPEVQMPQSPCMFNBRVFPMFHJTMBEPSEFWFUFOUBSSFTPMWFS
TFHVOEP3PCFT-
pierre? Como você acha que este problema pode ser resolvido? Você acredita que
a Constituição de 1988 o resolve? Quais dispositivos parecem tangenciar esta
questão?
t 7PDÐFTUÈEFBDPSEPDPN3PCFTQJFSSFRVBOEPFMFBmSNBRVFiPQSJNFJSPPCKFUJ-
vo de toda Constituição deve ser o de defender a liberdade pública e individual
contra o próprio governo”? Caso não esteja de acordo, qual, na sua opinião, deve
ser o primeiro objetivo de toda constituição?
t 2VBJTTÍPBTMJÎÜFTEF3PCFTQJFSSFTPCSFPQSJODÓQJPEBTFQBSBÎÍPEFQPEFSFT
Como você acha que suas idéias sobre a responsabilidade dos governantes são
aproveitadas (ou podem vir a ser aproveitadas) pelo direito constitucional
brasileiro?
t 7PDÐDPODPSEBDPN3PCFTQJFSSFRVBOEPFMFBmSNBRVFiB%FDMBSBÎÍPEF%JSFJUPT
é a Constituição de todos os povos; as outras leis são mutáveis por sua natureza,
e são subordinadas a ela”? Como você acha que a Declaração dos Direitos do
Homem e do Cidadão de 1789 se reflete na Constituição brasileira de 1988?
t 2VBMÏPDPOnJUPFYJTUFOUFFOUSFBiWPOUBEFHFSBMwFBiGPSÎBQÞCMJDBw
EFRVFGBMB
Robespierre? Você acha que este conflito se apresenta na história constitucional
brasileira? Como?
A partir das suas reflexões sobre as perguntas acima, e com base no material da
aula anterior, você deverá preparar para a próxima aula um diálogo imaginário entre
Robespierre, Frei Caneca e D. Pedro I. Como ele seria? Tente redigir este (im)provável
diálogo, destacando na fala dos personagens as eventuais diferenças ou semelhanças de
posicionamento em relação às seguintes questões, entre outras:
C) MATERIAL DE APOIO
c2) Textos
I) OBRIGATÓRIOS
ROBESPIERRE, Maximilien de. Discursos e Relatórios na Convenção. Rio de Janei-
ro: EditoraUerj/Contraponto, 1999. Capítulos 5 e 6, pp. 87-112.
II) ACESSÓRIOS
BOBBIO, Norberto. A Era dos Direitos. Rio de Janeiro: Editora Campus, 1992.
Artigos: “A Revolução Francesa e os Direitos do Homem”, pp. 85-112, e “A
Herança da Grande Revolução”, pp. 113-130.
SIEYÈS, Emmanuel Joseph. O que é o Terceiro Estado? Rio de Janeiro: Editora Liber
Juris, 1988.
FURET, François. Ensaios sobre a Revolução Francesa. Lisboa: A Regra do Jogo
Edições, 1978.
______________. Penser la Révolution française. Paris : Gallimard, 1978.
GRANDMAISON, Olivier Le Cour (org.). Les Constitutions françaises. Paris : Édi-
tions La Découverte, 1996.
NOTA AO ALUNO
A) INTRODUÇÃO
t 4FQBSBÎÍPEF1PEFSFT1PEFP+VEJDJÈSJPUFSBQBMBWSBmOBMTPCSFBTMFJTFBUPTEPT
Poderes Legislativo e Executivo?
t 4VQSFNBDJBEB$POTUJUVJÎÍP$PNPFMBBQBSFDFOPKVMHBNFOUPFNRVFTUÍP
t $POTUJUVDJPOBMJEBEFY*ODPOTUJUVDJPOBMJEBEF1PEFVNBMFJTFSBOVMBEBBQFOBT
por contrariar a Constituição?
t 2VBM Ï B JNQPSUÉODJB EF VNB 4VQSFNB $PSUF JTUP Ï
VN ØSHÍP KVEJDJBM RVF
realize o controle de constitucionalidade) em uma federação?
Caso você queira se aprofundar no tema e se preparar ainda mais para esta aula,
assista à aula magna proferida pelo Ministro Joaquim Barbosa, do Supremo Tribunal
Federal, sobre o caso Marbury v. Madison. A referência completa encontra-se no seu
material de apoio.
Além de analisarmos o voto do juiz Marshall, procuraremos debater a experiência
constitucional americana a partir da leitura dos Artigos Federalistas, indicados como
leitura para esta aula, bem como dos trechos abaixo transcritos da Constituição dos
Estados Unidos da América.
I – (...)
Seção 1 – Todos os poderes legislativos conferidos por esta Constituição serão con-
fiados a um Congresso dos Estados Unidos, composto de um Senado e de uma Câmara
de Representantes.
Seção 3 – Só o Senado poderá julgar os crimes de responsabilidade (impeachment).
Reunidos para esse fim, os Senadores prestarão juramento ou compromisso. O julga-
mento do Presidente dos Estados Unidos será presidido pelo Presidente da Suprema
Corte. E nenhuma pessoa será condenada a não ser pelo voto de dois terços dos mem-
bros presentes.
Seção 8 – Será da competência do Congresso:
Lançar e arrecadar taxas, direitos, impostos e tributos, pagar dividas e prover a defesa
comum e o bem-estar geral dos Estados Unidos; mas todos os direitos, impostos e tri-
butos serão uniformes em todos os Estados Unidos; (...)
Seção 9 – Não poderá ser suspenso o remédio do habeas corpus, exceto quando, em
caso de rebelião ou de invasão, a segurança pública o exigir.
Não serão lançados impostos ou direitos sobre artigos importados por qualquer Es-
tado.
Não se concederá preferência através de regulamento comercial ou fiscal, aos portos
de um Estado sobre os de outro; nem poderá um navio, procedente ou destinado a um
Estado, ser obrigado a aportar ou pagar direitos de trânsito ou alfândega em outro.
II – (...)
Seção 1 – O Poder Executivo será investido em um Presidente dos Estados Unidos
da América. Seu mandato será de quatro anos, e, juntamente com o Vice- Presidente,
escolhido para igual período, será eleito pela forma seguinte:
Cada Estado nomeará, de acordo com as regras estabelecidas por sua Legislatura, um
número de eleitores igual ao número total de Senadores e Deputados a que tem direito
no Congresso; todavia, nenhum Senador, Deputado, ou pessoa que ocupe um cargo
federal remunerado ou honorifico poderá ser nomeado eleitor.
III – (...)
Seção 1. O Poder Judiciário dos Estados Unidos será investido em uma Suprema
Corte e nos tribunais inferiores que forem oportunamente estabelecidos por determi-
nações do Congresso. Os juízes, tanto da Suprema Corte como dos tribunais inferiores,
conservarão seus cargos enquanto bem servirem, e perceberão por seus serviços uma
remuneração que não poderá ser diminuída durante a permanência no cargo.
Seção 2. A competência do Poder Judiciário se estenderá a todos os casos de apli-
cação da Lei e da Eqüidade ocorridos sob a presente Constituição, as leis dos Estados
Unidos, e os tratados concluídos ou que se concluírem sob sua autoridade; a todos os
casos que afetem os embaixadores, outros ministros e cônsules; a todas as questões do
almirantado e de jurisdição marítima; às controvérsias em que os Estados Unidos sejam
parte; às controvérsias entre dois ou mais Estados, entre um Estado e cidadãos de outro
Estado, entre cidadãos de diferentes Estados, entre cidadãos do mesmo Estado reivin-
dicando terras em virtude de concessões feitas por outros Estados, enfim, entre um
Estado, ou os seus cidadãos, e potências, cidadãos, ou súditos estrangeiros.
IV – (...)
Seção 4 – Os Estados Unidos garantirão a cada Estado desta União a forma re-
publicana de governo e defende-lo-ão contra invasões; e, a pedido da Legislatura, ou
do Executivo, estando aquela impossibilitada de se reunir, o defenderão em casos de
comoção interna.
V – Sempre que dois terços dos membros de ambas as Câmaras julgarem necessário,
o Congresso proporá emendas a esta Constituição, ou, se as legislaturas de dois terços dos
Estados o pedirem, convocará uma convenção para propor emendas, que, em um e outro
caso, serão válidas para todos os efeitos como parte desta Constituição, se forem ratificadas
pelas legislaturas de três quartos dos Estados ou por convenções reunidas para este fim em
três quartos deles, propondo o Congresso uma ou outra dessas maneiras de ratificação.
VI – Esta Constituição e as leis complementares e todos os tratados já celebrados ou
por celebrar sob a autoridade dos Estados Unidos constituirão a lei suprema do país; os
juízes de todos os Estados serão sujeitos a ela, ficando sem efeito qualquer disposição em
contrário na Constituição ou nas leis de qualquer dos Estados.
VII – A ratificação, por parte das convenções de nove Estados será suficiente para a
adoção desta Constituição nos Estados que a tiverem ratificado.
Dado em Convenção, com a aprovação unânime dos Estados presentes, a 17 de
setembro do ano de Nosso Senhor de 1787, e décimo segundo da Independência dos
Estados Unidos. Em testemunho do que, assinamos abaixo os nossos nomes.
t 0RVFGPSBNPTBSUJHPTGFEFSBMJTUBT 2VBMFSBPPCKFUJWPEFTFVTBVUPSFT
t 2VBJTTÍPBTQSJODJQBJTDPOUSJCVJÎÜFTEF.BEJTPO
)BNJMUPOF+BZ
t "OBMJTBOEPB$POTUJUVJÎÍP/PSUF"NFSJDBOB
WPDÐEJSJBRVF.BEJTPO
)BNJM-
ton e Jay foram vitoriosos ou derrotados em sua campanha? Por quê?
t 7PDÐBDIBRVFVNQSPDFTTPEFMFHJUJNBÎÍPEB$POTUJUVJÎÍPDPNPPMFWBEPB
cabo pelos autores federalistas funcionaria no Brasil?
t /BTVBPQJOJÍP
EFUPEBTBTDPOUSJCVJÎÜFTEPTGFEFSBMJTUBTQBSBBPSHBOJ[BÎÍPEP
Estado e dos Poderes, qual parece a mais interessante?
Boa parte das idéias desenvolvidas por Alexander Hamilton, James Madison e dos
outros founding fathers do constitucionalismo norte americano – sobretudo no tocan-
te ao federalismo, à separação de poderes e o controle judicial de constitucionalidade
– vieram a ser incorporados, de forma mais ou menos explícita, no texto constitucional
de 1891, promulgado pouco após a proclamação da República. A Constituição de
1891 é considerada, portanto, um marco da recepção do pensamento constitucional
norte-americano no direito brasileiro.
Um dos principais expositores e defensores das idéias constitucionais norte-ameri-
canas foi o célebre jurista e advogado Rui Barbosa. Mas a recepção dos novos institutos
e teorias no direito brasileiro não foi imediata, nem simples – um típico cenário de
aplicação de novas idéias e conceitos por instituições antigas, desenhadas e consolida-
das em um contexto diferente, para agir e reagir de forma diferente. O pioneirismo de
Rui, então, está justamente no fato de levado às últimas conseqüências práticas os ele-
mentos “norte-americanos” da Constituição de 1891, no que se refere ao federalismo
e à separação de poderes, em uma comunidade jurídica habituada a pensar e agir nas
matrizes teóricas da Inglaterra e da França.
A partir das reflexões feitas sobre o constitucionalismo americano e da análise do
texto de Rui Barbosa, também indicado como leitura para esta aula, procure responder
às seguintes questões:
t 3FMBDJPOFBTJEÏJBEF3VJ#BSCPTBFEPT'FEFSBMJTUBTTPCSFSeparação de Poderes e
Federalismo.
t 2VBJTBTTFNFMIBOÎBTFEJGFSFOÎBTFOUSFPNPEFMPEFTFQBSBÎÍPEFQPEFSFTFN
desenhado na Constituição de 1824 e aquele adotado em 1891?
t 2VBJTBTDPOUSJCVJÎÜFTEPTGFEFSBMJTUBTQBSBPEJSFJUPDPOTUJUVDJPOBMRVFWPDÐ
acha que foram mais aproveitadas no Brasil?
t 7PDÐDPOTFHVFJEFOUJmDBSBMHVNBIFSBOÎBEPTGFEFSBMJTUBTOB$POTUJUVJÎÍPEF
1988? Qual? Identifique os artigos em questão.
t 2VBMBDPOUSJCVJÎÍPEBFYQFSJÐODJBDPOTUJUVDJPOBMEB3FWPMVÎÍP'SBODFTBFEPT
Estados Unidos para essa discussão, sobretudo na aplicação de idéias abstratas
como “separação de poderes” e “direitos individuais”?
B) O CASO
A grande garantia contra uma concentração gradual dos vários poderes no mesmo
braço, porém, consiste em dar aos que administram cada poder os meios constitucionais
necessários e os motivos pessoais para resistir aos abusos dos outros. As medidas de defesa
devem, neste caso como em todos os outros, ser proporcionais ao perigo de ataque. A
ambição deve poder contra-atacar a ambição. O interesse do homem deve estar vinculado
aos direitos constitucionais do cargo. Talvez não seja lisonjeiro para a natureza humana
considerar que tais estratagemas poderiam ser necessários para o controle dos abusos do
governo. Mas o que é o próprio governo, senão a maior das críticas à natureza humana?
Se os homens fossem anjos, não seria necessário governo algum. Se os homens fossem
governados por anjos, o governo não precisaria de controles externos nem internos.
t $PNPTFSJBOPTTBBUVBM$POTUJUVJÎÍPEF
DBTPFTTFTNFDBOJTNPTEFcheck
and balances não fossem previstos?
t 7PDÐBDIBRVFUFSÓBNPTNBJPSFTPVNFOPSFTQSPCMFNBTOPDPUJEJBOPEPT1PEF-
res da República e dos agentes que os exercem?
t 7PDÐDPOTFHVFJEFOUJmDBSOB$POTUJUVJÎÍPEFBMHVOTBSUJHPTPOEFTFQSFWÐ
o sistema de freios e contrapesos?
t 2VBJTTÍPFMFTFRVFUJQPEFDPOUSPMFBNCJDJPOBN
t 7PDÐBDIBRVFBMHVNEFMFTOÍPEFWFSJBFTUBSQSFTFOUFOB$POTUJUVJÎÍP
C) MATERIAL DE APOIO
c2) Textos
I) OBRIGATÓRIOS
BARBOSA, Rui. O Liberalismo e a Constituição de 1988. Textos selecionados e or-
ganizados por Vicente Barretto. Rio de Janeiro: Editora Nova Fronteira e Fun-
dação Casa de Rui Barbosa, 1991, pp. 49-57 (formas de governo), pp. 187-189
(federação).
MADISON, James et alli. O Federalista. Artigo I, pp. 93-96 (introdução); Artigo IX,
pp. 128-132 (federação); Artigo XLVII, pp. 331-337 (separação de poderes).
MARSHAL, Justice John. Voto no caso Marbury X Madison (1803)
II) ACESSÓRIOS
Declaração de Independência dos Estados Unidos da América de 04 de julho de
1776.
Artigos Anti-Federalistas (1787-1789).
Aula Magna proferida pelo Ministro Joaquim Barbosa, do Supremo Tribunal Fede-
ral, sobre o caso Marbury v. Madison. In: DVD Aula Magna – TV Justiça – STF.
NOTA AO ALUNO
A) INTRODUÇÃO
t %JTQPTJUJWPTSFGFSFOUFTËPSEFNFDPOÙNJDBFTPDJBM FTQFDJBMNFOUFOPDBTPEB
Constituição de 37);
t %JSFJUPTTPDJBJT
JODMVTJWFDPNBDSJBÎÍPEB+VTUJÎBEP5SBCBMIP 10
A expressão é de Oliveira
Vianna, em seu O Idealismo
da Constituição.
A Era Vargas é marcada pela oscilação entre democracia e ditadura. As Constituições 11
Conforme observa Mi-
guel Seabra Fagundes na
do período refletem essa oscilação. No fundo, o próprio Getulio também as reflete. O série de palestras compi-
fundamental, então, é ter em mente que a Constituição de 1988 e o atual ordenamento ladas em Reforma Cons-
titucional (org. de Mario
jurídico, mesmo sendo democráticos, incorporam diversas instituições criadas pelas Brockmann Machado e
Ivan Vernon Gomes Torres
constituições ditatoriais de 1937, como por exemplo, o IPHAN, a Justiça do Trabalho, Jr., Rio de Janeiro, 1997).
a Carteira de Trabalho etc. O desafio que se coloca hoje é como dar um novo sentido,
um significado democrático a instituições que não o foram em sua origem.
B) O CASO
Desde 1937, essa lei tem sido aplicada regularmente para “tombar” bens móveis e
imóveis vinculados “a fatos memoráveis da história do Brasil” ou possuidores de “ex-
cepcional valor arqueológico ou etnográfico, bibliográfico ou artístico”.
Entre os processos de tombamento iniciados com base no Decreto-Lei 25/1937,
podemos citar o Corredor da Vitória (Salvador, Bahia).13 O Corredor é o trecho da
Av. Sete de Setembro localizado logo após o Campo Grande, onde aquela avenida se
estreita até atingir o Largo da igreja de N.S. da Vitória. Pediu-se o tombamento do
bem com base no argumento de que o Corredor fornece a quem o percorre “uma idéia
da espacialidade e ambiência primitivas ali reinantes” nas primeiras décadas do século
XX. Contudo, a deteriorização e a especulação imobiliária no local, uma das áreas
mais nobres de Salvador, estariam ameaçando a integridade deste conjunto arquitetô-
nico que, segundo a regional do Sindicato Nacional dos Arquitetos da Bahia, possui
um “incontestável interesse do ponto de vista histórico, cultural e social”.14 O motivo
da deterioração: diversas pessoas e entidades privadas e estatais estariam construindo
modernos nos fundos dos terrenos das antigas mansões do Corredor da Vitória, preju-
dicando assim a “ambiência” do local.
Um outro imóvel tombado foi o famoso hotel Copacabana Palace. Contudo, dada
a permanente utilização comercial do imóvel, é freqüente haver tensões entre a neces-
sidade de reformas e a proteção à integridade estética do prédio. Leia, por exemplo, o
problema descrito na notícia abaixo:
A direção do hotel alega que o projeto não significa desrespeito ao tombamento, que
data de 1983, e serviria para revitalizar a área. A Orient Express já obteve a aprovação
do Departamento Geral de Patrimônio Cultural do Município (DGPC) e do Instituto
Estadual de Patrimônio Artístico e Cultural (Inepac). A rede entrou com pedido de au-
torização da reforma no Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan)
há duas semanas.
“É um plano a longo prazo, pois depende da aprovação do órgão federal e de finan-
ciamentos”, avisa o diretor-superintendente do Copa, Phillip Carruters. “É evidente
que, num projeto desse tipo, não se consulta a população em volta.”
A Sociedade de Amigos de Copacabana (SAC), dissidência da Associação de Mora-
dores e Amigos do bairro (Amacopa), discorda. Esta semana, a entidade fez circular um
abaixo-assinado nos 150 prédios das redondezas do hotel denunciando a aprovação do
projeto, que, segundo o documento, “foi rejeitado por unanimidade duas vezes” pelo
Inepac. “Apesar disso, o secretário estadual de Cultura, Adriano de Aquino, mudou os
rumos do processo, aprovando a obra, alegando não ser interesse do Estado se opor”,
critica o texto.
A Amacopa, que já foi a favor, está revendo sua posição. “Queremos revitalizar
a área, mas vamos discutir o projeto em assembléia”, diz a presidente da associação,
Myrian Barbosa. “Estamos preocupados com o desrespeito a uma lei anterior à compra
do hotel e com a questão ambiental”, diz a subsíndica de um dos prédios situados atrás
do estabelecimento, Taís de Mello. Ela pretende pedir ao superintendente do Iphan no
Rio, José Pessoa, parecer sobre a obra. “Essa rede de hotéis usa imóveis históricos em
todo o mundo, mas é a primeira vez que eles tentam mudar as características de um
deles.”
Além dos níveis Federal e Estadual, o tombamento também pode ocorrer no âmbito
do Município. Foi o caso do Quiosque Oxumaré, situado na orla do bairro da Barra
da Tijua, no Rio de Janeiro, nos termos da Lei 3263, de 23 de agosto de 2001:
t 2VBJTQSJODÓQJPTDPOTUJUVDJPOBJTFTUÍPFNUFOTÍPOPTDBTPTBDJNB
t 2VBMWPDÐBDSFEJUBRVFEFWFSJBQSFWBMFDFSFNDBEBVNEPTDBTPT
t &TTF DPOnJUP FTUBWB QSFTFOUF OPT EJTQPTJUJWPT EBT DPOTUJUVJÎÜFT EF F EF
1891? O texto dessas Cartas Constitucionais nos dá alguma pista de como solu-
cioná-lo? Dê exemplos.
t "SFHVMBNFOUBÎÍPEPJOTUJUVUPEPUPNCBNFOUPEP%JSFJUPCSBTJMFJSPÏDPOTUJUV-
cional?
C) MATERIAL DE APOIO
c1) Textos
I) OBRIGATÓRIOS
CHACON, Vamireh. “Constituição de 1937”. Verbete do Dicionário Histórico-
Biográfico Brasileiro: Pós 1930.
FILHO, Alberto Venâncio. “Constituição de 1934”. Verbete do Dicionário Histó-
rico-Biográfico Brasileiro: Pós 1930. (editado)
BONAVIDES, Paulo; ANDRADE, Paes de. “A Constituição de 1946”, in Histó-
ria Constitucional do Brasil. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1991. Apenas páginas
409-417!
II) ACESSÓRIOS
BONAVIDES, Paulo e ANDRADE, Paes. História Constitucional do Brasil.
MORAIS, Fernando. Olga.
BARROSO, Luís Roberto. O Direito Constitucional e a Efetividade de suas nor-
mas.
MACHADO, Mario Brockmann (org.). Reforma Constitucional.
COHEN, Adam. What’s New in the Legal World? A Growing Campaign to Undo the
New deal. Publicado no The New York Times em 14/12/04.
Verbete do Dicionário Histórico-Biográfico Brasileiro: Pós 1930 sobre “Constituição
de 1934”.
NOTA AO ALUNO
A) INTRODUÇÃO
Em 1968, o ex-Presidente João Goulart foi denunciado pelo Ministério Público por
supostos crimes comuns praticados durante o exercício de seu mandado presidencial.
Art. 16. A suspensão de direitos políticos com base neste Ato e no art. 10 e seu pa-
rágrafo único do Ato Institucional de 9.4.64, além do disposto no art. 337 do Código
Eleitoral e no art. 6º da Lei Orgânica dos Partidos Políticos, acarreta simultaneamente:
I – a cessação de privilégio de foro por prerrogativa de função.
Ora, tendo em vista terem sido os direitos políticos do presidente João Goulart
suspensos, o que faria cessar a competência por prerrogativa de função (de Presidente
da República), a questão era saber de quem seria a competência para o julgamento: da
Justiça Comum ou do Supremo Tribunal Federal? Se obedecêssemos o AI-2, a com-
petência seria da Justiça Comum; por outro lado, se entendêssemos pela prevalência
do disposto na Constituição de 1967, posterior ao AI-2, então a competência seria do
Supremo.
O Supremo Tribunal Federal proferiu decisão, no sentido de que a competência
seria da Justiça Federal Comum do antigo Estado da Guanabara. Em recente seminário
promovido pela Ordem dos Advogados do Brasil, onde se discutia o papel do Supremo
Tribunal Federal durante o regime militar, um professor de direito sugeriu a realização
de um julgamento simulado da causa. Segundo o professor, o STF somente teria deci-
dido daquela forma por conta do momento histórico pelo qual o país passava. Achava
que um novo julgamento poderia confirmar se a decisão do STF no Caso João Goulart
era “acertada”.
E você? Concorda com a decisão do Supremo?
C) MATERIAL DE APOIO
c1) Jurisprudência 15
Vale lembrar que, se-
gundo a jurisprudência do
Supremo então vigente, o
foro especial por prerroga-
Revista Trimestral de Jurisprudência — RTJ v. 46, pp. 490-515. tiva de função (nesse caso,
a prerrogativa dos Presi-
dentes da República de
c2) Textos serem julgados pelo STF)
continuaria sendo aplicá-
vel a Jango mesmo após
I) OBRIGATÓRIOS o término de seu mandato,
desde que o suposto crime
BONAVIDES, Paulo. História Constitucional do Brasil. 3ª ed. Rio de Janeiro: Paz tivesse sido cometido no
período que ocupou a Pre-
e Terra, 1991, pp. 427 e seguintes. sidência.
II) ACESSÓRIOS
SILVA, José Afonso. Direito Constitucional Positivo. São Paulo: Malheiros, 2005.
Pp. 86 a 87.
GASPARI, Elio. A Ditadura Escancarada. São Paulo: Companhia das Letras,
2002.
LINS E SILVA, Evandro. O Salão dos Passos Perdidos. Rio de Janeiro: Ed. FGV,
1997, pp. 377 e seguintes.
DA COSTA, Emília Viotti. O Supremo Tribunal Federal e a Construção da Cidada-
nia. São Paulo: UNESP, 2006. Pp. 160 a 178.
c3) Legislação
A) INTRODUÇÃO
A eleição para os membros do Legislativo era direta, mas o povo não podia escolher
o ocupante do cargo individualmente mais importante do país – o de Presidente da Re-
pública. Nos anos dez anos anteriores à promulgação da Constituição de 1988, cresceu
e se intensificou a oposição ao regime autoritário. Começou a ficar claro para todos –
inclusive para o próprio governo – que a sociedade reconhecia a importância de eleger
diretamente seu Presidente.
No dia 27 de novembro de 1983, na praça do Pacaembu (São Paulo), a campanha
“Diretas Já” teve início, através de manifestação pública convocada pelo Partido dos Tra-
balhadores (PT). Durante todo ano de 1984, explodiram em vários pontos do país ma-
nifestações de apoio à campanha, exigindo eleições diretas para o cargo de Presidente da
República. Apesar de a Emenda Constitucional que estabeleceria a eleição direta – pro-
posta pelo Senador Dante de Oliveira em 1983 – ter sido rejeitada em 1984, dali em
diante o país seguiu caminho em direção à redemocratização, passando inclusive pelas
eleições diretas. Um percurso nítido, ainda que por vezes incerto.
A Assembléia Constituinte foi o coroamento desse processo, ainda que seja apenas o
passo inicial no caminho muito mais árduo da construção e consolidação de nossas insti-
tuições democráticas. A Constituição de 1988 já abriga uma outra concepção de demo-
cracia, reflexo da insatisfação e mobilização da sociedade brasileira na década anterior.
Tal concepção identifica-se no conceito de democracia como combinação de previ-
sibilidade das regras da decisão e incerteza quanto aos resultados. Ela exige que o pro-
cesso eleitoral constitua-se em um processo cujos resultados, para serem democráticos,
precisam ser incertos – não se pode saber de antemão que um determinado candidato vai
ganhar ou que um determinado grupo vai conseguir fazer seu candidato.
A democracia representativa necessita de mais do que de eleições. Necessita de alter-
nância do poder e, mais, que o resultado desta alternância seja sempre incerto. Inexiste
democracia quando já se tem certeza de quem vai ganhar sempre é o candidato A ou B,
mesmo com eleições periódicas.
Esta incerteza estaria refletida na situação através de um complexo sistema de parti-
cipação do povo nos vários e múltiplos processos decisórios do poder estatal, ou melhor,
nas decisões por meio das quais o estado distribui recursos que são escassos: o dinheiro,
as oportunidades, a coerção e a proteção das leis. As decisões estatais são de diversas natu-
rezas e, por isso, necessitam de processos diversos de tomada de decisão. A Constituição
de 1988 reflete esta complexidade, na medida em que adota o conceito de democracia
concomitante que a interação entre democracia representativa, direta e participativa, tor-
nando certas áreas mais ou menos sensíveis à participação imediata ou mediata do povo.
Depois da leitura dos textos de Joaquim Falcão, procure preencher o quadro abaixo:
Democracia Direta
Democracia Representativa
Democracia Participativa
B) O CASO – I
Na tipologia aqui proposta, o critério básico que distingue os três tipos de demo-
cracia é a representação. Na democracia direta, ela inexiste; na representativa, ela é mo-
nopólio dos partidos políticos. Na participativa ela é ampla, com ascensão das ONG’s,
entidades de classes, sindicatos, do Terceiro Setor em geral.
Por essa razão existe uma concorrência entre partidos políticos e Terceiro Setor. Essa
concorrência está latente no Projeto de Lei nº 07/2003, proposto ao final da Comissão
Parlamentar de Inquérito criada para investigar denúncias de corrupção e desvio de
dinheiro público envolvendo ONG’s. O Projeto “dispõe sobre o registro, a fiscalização
e o controle das organizações não-governamentais”, nos seguintes termos:
rias visem a fins de interesse público, sendo vedado ao poder público negar-lhes reconhe-
cimento ou registro dos atos constitutivos e necessários ao seu funcionamento. (...)
Artigo 2º – As Organizações não governamentais (ONG’s) prestarão contas anual-
mente dos recursos recebidos por intermédio de convênios ou subvenções de origem
pública ou privada, inclusive doações, ao Ministério Público, independentemente da
prestação de contas aos respectivos doadores.
Artigo 3º – Fica criado o Cadastro Nacional de Organizações Não-Governamentais
(CNO), administrado pelo Ministério da Justiça, no qual serão inscritas todas as Orga-
nizações Não-Governamentais (ONG’s) atuantes, a qualquer título, no País.
§ 1º Por ocasião da inscrição de que trata o caput deste artigo, a Organização Não-
Governamental (ONG) prestará esclarecimentos sobre suas fontes de recursos, linhas de
ação, tipos de atividades, de qualquer natureza, que pretenda realizar no Brasil, o modo
de utilização de seus recursos, a política de contratação de pessoal, os nomes e quali-
ficação de seus dirigentes e representantes e quaisquer outras informações que sejam
consideradas relevantes para a avaliação de seus objetivos.
§ 2º Todos os órgãos governamentais que detenham informações não confidenciais
sobre Organizações Não-Governamentais (ONG’s), inclusive de natureza fiscal, regis-
traria e financeira, deverão torná-las disponíveis para o Cadastro Nacional de Organiza-
ções Não-Governamentais, conforme dispuser o regulamento. (...)
Artigo 5º – Fica condicionada a prévia autorização do Ministério da Justiça, confor-
me dispuser regulamento, o desenvolvimento de atividades no País por parte de Orga-
nizações Não-Governamentais (ONG’s) estrangeiras.
Parágrafo único. As ONG’s constituídas antes da vigência desta Lei terão prazo a ser
definido em regulamento, para atender ao disposto neste artigo. (...)
Artigo 7º – Esta Lei entra ‘em vigor na data da sua publicação.
17
Publicado no Diário
Oficial de 30 de junho de
2004, pg. 1993.
C) MATERIAL DE APOIO
c1) Textos
I) OBRIGATÓRIOS
FALCÃO, Joaquim Falcão: “Transformações dos Partidos e da Lei” e “A Demo-
cracia Concomitante”. In Democracia, Direito e Terceiro Setor. Rio de Janeiro:
FGV, 2004.
Parecer nº. 633/04, do Senador César Borges.
COMPARATO, Fábio Konder. Organizar o contra-poder popular. Publicado na Fo-
lha de São Paulo em 22/02/2004.
II) ACESSÓRIOS
BOBBIO, Norberto. O Futuro da Democracia. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1986
(capítulo “Democracia Direta e Democracia Representativa”)
BENEVIDES, Maria Victoria et al. (orgs.). Reforma Política e Cidadania. São Pau-
lo: Editora Fundação Perseu Abramo, 2003 (artigos diversos, especialmente os
de Maria Victoria Benevides, Wanderley Guilherme dos Santos, Francisco Whi-
taker e Gustavo Venturini)
FALCÃO, Joaquim “A Estatização da Sociedade Civil”. In Folha de São Paulo em
30/07/2004.
COMPARATO, Fábio Konder. Ainda sobre o contrapoder popular. Publicado na
Revista Ponto de Vista em 15/10/2004.
_________________________. Viva o povo brasileiro! Publicado na Folha de São
Paulo em 15/11/2004.
PREZWORSKI, Adam. “Amas a Incerteza e Serás Democrático” in Novos estudos
CEBRAP, n. 09, jul/1984 (artigo)
Constituição de 1988
Constituição de 1967
Constituição de 1946
Constituição de 1937
Resolve assegurar à Nação a sua unidade, o respeito à sua honra e à sua independên-
cia, e ao povo brasileiro, sob um regime de paz política e social, as condições necessárias
à sua segurança, ao seu bem-estar e à sua prosperidade, decretando a seguinte Consti-
tuição, que se cumprirá desde hoje em todo o Pais:
Constituição de 1934
Constituição de 1891
Constituição de 1824
NOTA AO ALUNO
A) INTRODUÇÃO
Mudança de Constituição
Mudar a Constituição
t Mudança de texto
t Emenda constitucional – art. 60 da Constituição Federal de 1988.
t Mudança de interpretação
t Através de novas normas:
t Pelo Congresso Nacional – art. 84 da Constituição Federal de 1988.
t Pelo Poder Executivo – art. 48 da Constituição Federal de 1988.
t Por decisão judicial
t Pelo Supremo Tribunal Federal – art. 102 da Constituição Federal de 1988.
t Por senso comum/costume
t Pela sociedade – senso comum.
B.1) O CASO I
B.2) O CASO II
Diz a Constituição dos Estados Unidos da América (1787) em sua Emenda VII:
“Excessive bail shall not be required, nor excessive fines imposed, nor cruel and unusual pu-
nishments inflicted.” [Não poderão ser exigidas fianças exageradas, nem impostas multas
excessivas ou penas cruéis ou incomuns].
Diante desse dispositivo, você consideraria inconstitucional a aplicação da pena
capital a menores de idade nos Estados Unidos?
Ao preparar sua argumentação, procure pesquisar sobre como a justiça norte-ame-
ricana vem aplicando esse dispositivo.
C) MATERIAL DE APOIO
c1) Jurisprudência
Recurso Extraordinário nº 197807-4 Rio Grande do Sul. Rel. Min. Octavio Gallot-
ti, publicado em 18/08/2000.
Ementa: Não se estende à mãe adotiva o direito à licença instituído em favor da em-
pregada gestante pelo inciso XVIII do art. 7º, da Constituição Federal, ficando sujeito
ao legislador ordinário o tratamento da matéria.
c2) Textos
I) OBRIGATÓRIOS
FERRAZ, Anna Cândida da Cunha. Processos informais de mudança da Constitui-
ção, pp. 125–134.
BARROSO, Luís Roberto. Interpretação e Aplicação da Constituição (trecho sobre
“Mutação Constitucional”, pp. 145-149)
II) ACESSÓRIOS
BULOS, Uadi Lammego. Mutação Constitucional.
SILVA, Virgílio Afonso da. “Ulisses, as Sereias e o Poder Constituinte Derivado:
sobre a inconstitucionalidade da dupla revisão e da alteração no quorum de 3/5
para aprovação de emendas constitucionais”, in Revista de Direito Administrati-
vo, n.226, 2001, p.11-32.
Provão/ 2000
“Em Portugal e no Brasil, o papel da jurisprudência é significativo. Muitas soluções
tidas por assentes, nos últimos tempos de vigência do Código Civil português de 1867,
eram de facto muito mais de filiar na jurisprudência que no Código, a que formal-
mente se referiam. E o mesmo diremos de muitas das soluções hoje obtidas no Brasil.
Em todo o caso, devemos dizer que a relevância prática da jurisprudência nunca terá
sido tão grande como noutros países. Para isso terá contribuído em Portugal um certo
alheamento da doutrina em relação à vida judiciária, bem como um excessivo indivi-
dualismo dos nossos julgadores, que têm dificultado a criação de correntes jurispru-
denciais estáveis. A publicação do novo Código Civil diminuiu logicamente o relevo
da jurisprudência civil. Quanto ao Brasil, há uma excessiva desenvoltura da jurispru-
dência perante a lei, que por vezes leva a soluções claramente contra legem. Mas essa
tendência não tem levado à proclamação teórica da independência do juiz perante a
lei. E até podemos dizer que essa mesma liberdade jurisprudencial se torna um óbice à
formação de correntes jurisprudenciais estáveis, pois cada juiz facilmente põe de novo
tudo em questão, impressionado sobretudo pelas particularidades do caso concreto.”
(ASCENSÃO, José de Oliveira. O Direito: introdução e teoria geral; uma perspectiva
luso-brasileira. 10.ed. revista. Coimbra: Almedina, 1999. p. 314) A partir do texto,
analise a lei e a jurisprudência como fontes do Direito; a independência e a criatividade
do juiz; a admissão, no direito brasileiro, de soluções jurisprudenciais contra legem; o
significado de eventual súmula vinculante no que se refere às mencionadas liberdade
jurisprudencial e formação de correntes jurisprudenciais estáveis.
NOTA AO ALUNO
A) INTRODUÇÃO
O ato de interpretar é ato que cria direitos. Tanto faz se o que se interpreta é a Constituição
(para fazer uma lei nova), uma lei (para produzir uma sentença) ou um contrato (para definir
o alcance de uma obrigação). Deste processo, participam pelo menos três elementos: o sujeito
que interpreta, o objeto que é interpretado e o método com que o sujeito apreende o objeto.
Dessa constatação, dois problemas surgem. Um de ordem prática: como interpretar a Cons-
tituição para podermos obedecer-lhe? Como interpretar um contrato para poder cumprir com
as obrigações? O outro é especificamente prático-profissional: como interpretar dentro de re-
gras e métodos aceitos pela comunidade profissional? Afinal, pressupõe-se que o advogado deva
interpretar se não melhor, ao menos diferentemente do que o seu cliente. Esta habilidade de
interpretar, de argumentar e de defender seu cliente é o que legitima a existência e o exercício
de sua profissão.
Este é o pano de fundo a partir do qual estabelecemos três objetivos principais para esta
aula. O texto básico de onde se extraem estes três objetivos e que os sintetiza é “A Interpreta-
ção”, de Kelsen. Os objetivos são:
judicial. Se a resposta para caso fosse necessariamente unívoca, estes recursos não
teriam razão de ser.
3) A partir daí, e aqui reside o terceiro objetivo, dada a ênfase no sujeito enquanto
criador de direitos, a pergunta que se coloca é: qual o fator decisivo e determinante
para que o sujeito escolha esta e não aquela interpretação diante de um caso concre-
to? Para explorar melhor esta questão, você leu os textos “A consciência do Ministro
do Supremo”, que enfatiza os fatores internos ao sujeito, e “Quem Controla o Su-
premo”, que investiga alguns possíveis limites à arbitrariedade, ambos de Joaquim
Falcão.
B) O CASO
O ministro relator, Marco Aurélio, iniciou seu voto observando que “a premissa ina-
fastável é de que este inquérito só apenas surgiu diante de investigação promovida pelo
Ministério Público”. Firmou que o respaldo da denúncia sobre os indícios de autoria
seria o que realmente foi apurado na investigação criminal realizada pelo Ministério
Público, e não se teria nos autos outros elementos que pudessem embasar a denúncia.
Marco Aurélio manteve seu convencimento segundo o qual o inquérito criminal não
deveria ser realizado pelo Ministério Público, mas sim pela Polícia Federal, instituição
competente – segundo o artigo 144, parágrafo 1º, inciso I, da CF – para apurar infrações
penais contra a ordem política e social ou em detrimento de bens, serviços e interesses da
União ou de suas entidades autárquicas e empresas públicas.
O ministro ressaltou o comando constitucional que distingue a titularidade da Ação
Penal e a feitura de investigações para fundamentá-la. “Descabe concluir de forma di-
versa, sob pena de inversão da disciplina constitucional, potencializando-se o objetivo a
ser alcançado em detrimento do meio. O inciso I do artigo 129 da Constituição Federal
versa sobre a ação penal pública e com esta não se confunde, fase que poderá ou não
antecedê-la, ou seja, a do inquérito”, manifestou Marco Aurélio. Por fim, considerou in-
subsistente a denúncia apresentada, pois se basearia, exclusivamente, nos dados colhidos
pelo inquérito implementado pelo Ministério Público, e a rejeitou.
O ministro Nelson Jobim adiantou seu voto, e considerou que o local para a mani-
festação do PGR seria no Congresso Nacional, onde, no momento da Constituinte, o
Ministério Público intentou a possibilidade de produzir a investigação concorrentemen-
te à autoridade policial, por ser titular da Ação Penal Pública. Porém, tal tentativa foi
vedada pela Constituição Federal.
Ainda, Jobim observou que a denúncia pode ser ofertada pelo MP independente da
instauração de inquérito criminal, desde que existam elementos suficientes a fundamen-
tá-la. Ao contrário, poderá solicitar à Polícia a instauração de inquérito para apuração
dos fatos. Ao final de seu voto, rejeitou a denúncia. Após os votos dos ministros Marco
Aurélio e Nelson Jobim rejeitando a denúncia, pediu vista dos autos o ministro Joaquim
Barbosa.
Através das notícias acima, você deve ter percebido quantos interesses distintos e exclu-
dentes podem ser afetados pela decisão do Supremo. No mínimo, tantos interesses quantos
são as interpretações possíveis da Constituição Federal e dos acontecimentos da Constituinte
relacionados a esta discussão. Imagine a responsabilidade dos juízes do Supremo Tribunal Fe-
deral ao decidirem uma questão como essa. Não está em jogo apenas a possibilidade ou não
de o deputado Remi Trinta poder ou não ser formalmente denunciado neste caso. Entender
que a Constituição autoriza o Ministério Público a conduzir investigações por conta própria
significa tomar partido entre diversos grupos que podem ser nitidamente diferenciados a partir
de sua posição neste caso – os parlamentares, os policiais, o cidadão comum, os magistrados, os
membros do Ministério Público, entre outros.
Será que, neste caso, os Ministros do Supremo estão apenas aplicando mecanicamente a
Constituição? É o que cabe a você analisar. Sua tarefa, agora, será analisar os trechos dos votos
dos Ministros do Supremo, distribuídos pelo professor, e procurar identificar quais os interesses
que podem ser relacionados a cada decisão e, mais do que isso, quais os fatores pessoais (pro-
fissionais, ideológicos, corporativos etc) que podem ter influenciado a decisão de cada um dos
Ministros. O importante não é analisar o mérito da proposta vencedora, mas determinar qual
teria sido o fator decisivo de cada voto, vinculando-o ao indivíduo concreto que pronuncia a
decisão.
Na petição inicial da ADI 3510 (30/05/2005), referente ao caso acima narrado, o Procura-
dor-Geral da República Cláudio Fonteles apresenta os seguintes argumentos:
19
“Fica, pois, assente (...) que a vida humana acontece na, e a partir da, fecundação: o Lei 11.105 de 24 de
março de 2005, art. 5º
zigoto, gerado pelo encontro dos 23 cromossomos masculinos com os 23 cromossomos; É permitida, para fins de
pesquisa e terapia, a uti-
(...) porque a vida humana é contínuo desenvolver-se (...) porque o zigoto, constitu- lização de células-tronco
ído por uma única célula, imediatamente produz proteínas e enzimas humanas, (...) embrionárias obtidas de
embriões humanos pro-
capacita-se ele próprio, ser humano embrionário, a formar todos os tecidos, que se duzidos por fertilização in
vitro e não utilizados no
diferenciam e se auto-renovam, constituindo-se em ser humano único e irrepetível; respectivo procedimento,
A partir da fecundação, a mãe acolhe o zigoto, desde então propiciando o ambien- atendidas as seguintes
condições:
te a seu desenvolvimento, ambientação que tem sua etapa final na chegada ao útero.
I – sejam embriões
Todavia, não é o útero que engravida, mas a mulher, por inteiro, no momento da fe- inviáveis; ou
II – sejam embriões
cundação; congelados há 3 (três)
Estabelecidas tais premissas, o artigo 5º e parágrafos, da Lei 11.105/05, por certo anos ou mais, na data da
publicação desta Lei, ou
inobserva a inviolabilidade do direito à vida, porque o embrião humano é vida humana, que, já congelados na data
da publicação desta Lei,
e faz ruir fundamento maior do Estado democrático de direito, que radica na preserva- depois de completarem
ção da dignidade da pessoa humana”. 3 (três) anos, contados a
partir da data de conge-
lamento.
§ 1o Em qualquer caso,
A partir do texto de Kelsen, você percebeu que podemos caracterizar todo ato de interpreta- é necessário o consenti-
ção como envolvendo um componente volitivo (querer, preferir) e um cognitivo (conhecer). Ou mento dos genitores.
§ 2o Instituições
seja, além do ato racional de identificação de possíveis significados de uma norma ou conjunto de pesquisa e serviços
de saúde que realizem
de normas do ordenamento jurídico, valores morais e políticos, convicções e experiências pes- pesquisa ou terapia com
soais estão presentes no pensamento de magistrados, procuradores e ministros na hora de uma células-tronco embrio-
nárias humanas deverão
decisão, inclinando-os a escolher esta ou aquela interpretação. submeter seus projetos
à apreciação e aprovação
No caso em tela, será que o Procurador Geral da República, Cláudio Fonteles, levou em conta dos respectivos comitês de
apenas dados jurídicos e científicos para formar sua posição sobre a Lei de Biossegurança? Que ética em pesquisa. (...)
outros fatores podem ter influenciado sua decisão? Procure pesquisar a formação, as convicções
pessoais e as opções políticas de Cláudio Fonteles, a fim de tentar descobrir que fatores podem ter
sido decisivos para que ele propusesse a ADIN questionando a lei em questão. Será que a influên-
cia desses fatores extrajurídicos na decisão judicial pode ser compatibilizada com as exigências do
Estado Democrático de Direito? Como?
C) MATERIAL DE APOIO
c1) Textos
i) Obrigatórios
KELSEN, Hans. “A Interpretação”. Capítulo VIII de Teoria Pura do Direito.
FALCÃO, Joaquim. “A Consciência do Ministro do Supremo” (artigo)
________. “Quem julga o Supremo?” (artigo)
ii) Acessórios
FERRAZ Jr., Tércio Sampaio Ferraz. Introdução ao Estudo do Direito. Técnica, Decisão e Domi-
nação. (“A Ciência do Direito como Teoria da Interpretação”).
HART, H. L. A. O Conceito de Direito. Lisboa: Calouste Gulbenkian, 1996.
CAMARGO, Margarida Maria Lacombe. Hermenêutica e Argumentação. Rio de Janeiro: Re-
novar, 2003.
LARENZ, Karl. Metodologia da Ciência do Direito. Lisboa: Calouste Gulbenkian, 1997.
ATIENZA, Manuel. As razões do direito. Teorias da argumentação jurídica. São Paulo: Landy,
2000.
NOTA AO ALUNO
A INTRODUÇÃO
De um modo geral, quando lemos a ementa de um acórdão pela primeira vez, não
temos o hábito de imaginar que haja votos em sentido contrário àquele exposto no
texto – os chamados “votos vencidos”, ou “dissidentes” na tradição norte-americana.
Mas há. Sempre que, ao final do acórdão, não encontramos referência a “unanimidade
de votos”, estamos diante da vitória de uma interpretação específica da norma sobre
outra(s) interpretação(ões) concorrente(s). Na ementa acima, sob a veemente e indig-
nada redação do Ministro Marco Aurélio, há uma série de interpretações diferentes e
igualmente possíveis dos mesmos dispositivos constitucionais.
Do processo de interpretação participam pelo menos três elementos: o sujeito
que interpreta, o objeto que é interpretado e o método com que o sujeito apreende
o objeto. Nesta aula, enfocaremos e exploraremos o que seria o “objeto” da inter-
pretação jurídica, que, na verdade, tem pelo menos duas dimensões – a norma e o
fato.
Extrair o significado das normas jurídicas em um caso concreto (determinar não
apenas se são aplicáveis, como também as conseqüências de sua aplicação) não é um
processo exato, preciso ou “científico”. Além de partir de uma série de fatores apenas
implícitos na decisão – preferências políticas ou culturais do juiz, necessidade de se
atingir ou evitar determinadas conseqüências sociais ou econômicas etc. –, a inter-
pretação das normas jurídicas lida com elementos muito fluidos. Sendo construído
com palavras, o objeto da interpretação – a Constituição ou outras normas jurídicas
– apresenta todo tipo de ambigüidades e vaguidades quando tentamos fixar de uma
vez por todas o seu significado. “Separação de Poderes”, “Igualdade”, “Dignidade da
Pessoa Humana” e “Democracia” são expressões polissêmicas. Dentro delas, podemos
“encaixar” diversos significados. Mais: mesmo que concordemos com um determinado 20
Acórdão no HC 71373-4,
Rel. p/ Acórdão Min. Marco
significado, com um determinado “conceito” de Democracia ou de Igualdade, por Aurélio.
exemplo, isso não implica que concordaremos sempre acerca das conseqüências da
aplicação de um desses princípios em um caso concreto. O meu conceito de igualdade
pode ser “tratar desigualmente os desiguais”, e você pode estar de acordo com isso. Mas
será que, diante de um caso concreto – o das cotas para estudantes negros, por exemplo
– estaremos de acordo acerca do que deve ser levado em conta para determinar quais
tratamentos desiguais são permitidos ou proibidos em cada caso? O mérito? A cor da
pele? A beleza? O dinheiro? A virtude? A posição política? A necessidade?
É difícil determinar de antemão este tipo de coisa. Só podemos realmente ter idéia
de qual interpretação consideramos a mais correta diante de cada caso concreto, e, vale
dizer, uma mesma interpretação de um mesmo dispositivo pode ser válida em um caso,
mas não em outro. É nesse sentido que dizemos que a interpretação jurídica precisa
estabelecer em algum momento um “ponto fixo” para se fundar – um ponto a partir do
qual a argumentação pode se abrir em diversas direções distintas.
Um ponto-chave na exploração deste caso é mostrar como, apesar de o raciocínio
judicial ser dogmático, e não zetético ou especulativo, a argumentação que surge a
partir dos “pontos fixos” é livre para se desenvolver em muitas outras direções. Como
observa Tércio Sampaio Ferraz Jr.:
Como deve haver um princípio básico dogmático que impeça o recuo ao infinito
(pois uma interpretação cujos princípios fossem sempre em aberto impediria a obtenção
de uma decisão), ao mesmo tempo em que a sua identificação é materialmente aberta
(...), notamos, então, que o ato interpretativo tem um sentido problemático localizado
nas múltiplas vias que podem ser escolhidas, o que manifesta a liberdade do intérprete
como outro pressuposto básico da hermenêutica jurídica. A correlação entre esses dois
pressupostos, um atendendo a aspectos objetivos e o outro a aspectos subjetivos da in-
terpretação, portanto, a correlação entre dogma e liberdade é, na verdade, uma tensão
entre a instauração de um critério objetivo e o arbítrio do intérprete.21
21
FERRAZ JR., Tércio Sam-
B O CASO22 paio. “Reforma do Ensino
Jurídico: Reformar o Ensino
ou Reformar o Modelo?”.
Tatiana Medeiros Rosa e Laura Medeiros Rosa, filhas de Helena Medeiros Rosa, 22
Os fatos narrados a se-
irmãs gêmeas nascidas em 19 de novembro de 1999, não conhecem seu pai verdadeiro. guir são adaptações livres
daqueles que deram ori-
No início de 1990, quando as gêmeas foram concebidas, Helena estava se separando gem ao HC 71.373-4 RS.
de João Alberto Pereira Machado, com quem não chegou a ser casada oficialmente. Ela
tem certeza de que ele é o pai das crianças, mas por muitos anos preferiu não procurá-
lo. Embora as gêmeas tenham sido criadas junto ao atual marido da mãe, como se
fossem filhas do casal, a situação da família não é inteiramente confortável para a He-
lena. Ela não se sente bem com o fato de sua péssima relação com João – os dois só se
falaram uma vez desde a separação, justamente para discutir a paternidade das gêmeas,
que João recusara a reconhecer – ser um empecilho para que Tatiana e Laura conheçam
ser verdadeiro pai.
A versão de João, contudo, é bastante diferente. Helena mantinha relações com
outros homens além dele e, além disso, na data da provável concepção, os contatos
íntimos entre o casal já tinham diminuído muito, tendo em vista o desentendimento
que levou à separação algumas semanas depois. Embora não tenha nada contra as me-
ninas, considera um oportunismo da parte de Helena exigir o exame de DNA, pois é
uma pessoa pública que terá a imagem prejudicada pelo escândalo da imputação de
paternidade, ainda que falsa.
Nesse contexto, fracassaram todas as tentativas de resolução amigável da questão.
Em 2003, representando Tatiana e Laura, Helena ajuizou ação de Investigação de
Paternidade contra João Alberto Pereira Machado, na 2ª Vara de Família e Sucessões
do Foro Central da Comarca de Porto Alegre.
Ao final da audiência de conciliação e julgamento, diante da recusa de João em
se submeter à coleta do material para realização do teste de DNA, a Juíza de Direito
decidiu forçá-lo a colaborar com a produção da prova da paternidade, nos seguintes
termos:
No presente caso, estão em jogo interesses de duas menores. Outrossim, pelo que
está nos autos, uma das partes está faltando com a verdade e o exame dirime dúvida
estabelecendo, praticamente em definitivo, com quem está a verdade, desmascarando-se
ou a oportunista ou o que tenta eximir-se da responsabilidade da paternidade.
Não há motivo para que o réu se negue ao exame, a menos que esteja com receio do
resultado. Hoje, com o avanço das pesquisas genéticas, é inconcebível que não seja feito
tal exame neste tipo de ação.
Assim, determino a realização do exame, a ser realizado pelo perito já designado e
compromissado. Oficie-se para a marcação de data. Deverá o réu comparecer, assim
que intimado, sob pena de condução sob vara, eis que, no caso, seu corpo é “objeto
de direitos”, não sendo cabível invocar “direito personalíssimo de disponibilidade do
próprio corpo”.
Para se defender da possível violência estatal (a “condução sob vara”), João impetra
habeas corpus preventivo, a fim de preservar sua liberdade de locomoção. Recurso após
recurso, instância após instância, a questão chega ao Supremo Tribunal Federal.
Confira os principais trechos do Relatório e dos votos dos Ministros:
petrante, cuja recusa foi manifestamente expressa nos autos. (...) Importa alertar para o
inusitado da indeterminação, porque no ordenamento processual brasileiro a condução
da parte só se concebe com o sentido de prisão.23
O que temos agora em mesa é a questão de saber qual o direito que deve preponderar
nas demandas de verificação de paternidade: o da criança à sua real (e não apenas presu-
mida) identidade, ou do indigitado pai à sua intangibilidade física.25
(...) Vale destacar que o direito ao próprio corpo não é absoluto ou ilimitado. Por ve-
zes, a incolumidade corporal deve ceder espaço a um interesse preponderante, como no
caso da vacinação, em nome da saúde pública. (...) Estou em que o princípio da intangi-
bilidade do corpo humano, que protege um interesse privado, deve dar lugar ao direito
à identidade, que salvaguarda, em última análise, um interesse também público.26
É certo que compete aos cidadãos em geral colaborar com o Judiciário (...) e que o
sacrifício – na espécie, uma simples espetadela – não é tão grande assim. Todavia, prin-
cípios constitucionais obstaculizam a solução dada à recusa. Refiro-me, em primeiro
lugar, ao da legalidade, no que ninguém é obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma
coisa senão em virtude de lei. (...) A Carta Política da República (...) consigna que são
invioláveis a intimidade, a honra e a imagem das pessoas – inciso X do rol das garantias
constitucionais (artigo 5º). Onde ficam a intangibilidade do corpo humano, a dignida-
de da pessoa, uma vez agasalhada a esdrúxula forma de proporcionar a uma das partes,
em demanda civil a feitura de uma certa prova? (...) É irrecusável o direito do paciente
de não permitir que se lhe retire, das próprias veias, porção de sangue, por menor que
seja, para a realização do exame.27 23
HC 71.373-4 RS, Rela-
tório do Min. Francisco
27
HC 71.373-4 RS, Voto
Convenceu-me o Sr. Ministro Relator, Francisco Rezek, e os que o acompanharam de do Min. Marco A
que não se pode opor o mínimo (...) sacrifício imposto à inviolabilidade corporal à eminên- 419/420.
28
HC 71.373-4 RS, Voto
cia dos interesses constitucionalmente tutelados à investigação da própria paternidade.29 do Min. C
422.
Após a leitura dos votos selecionados (que se encontram no anexo ao material di-
dático), reflita:
t Quais os “pontos fixos” da argumentação de cada uma das partes envolvidas – auto-
ras, réu, juíza e Ministros do Supremo? Quais os artigos ou expressões da Constitui-
ção que, em conjunto ou separadamente, explicitam esses mesmos “pontos fixos”?
t Quais os “pontos fixos” comuns à argumentação de todos os Ministros? Existe
acordo sobre algum “topos”?
t À primeira leitura desses artigos, parece ser compatível com a ordem jurídica
nacional alguém ser conduzido à força para um exame de DNA? Parece ser
compatível com a ordem jurídica nacional uma pessoa não poder saber qual a
sua verdadeira origem biológica?
t Quais as diferentes concepções que cada Ministro extrai dos “topoi” que você
identificou em cada voto?
t O texto dos “pontos fixos” comporta todas as interpretações possíveis para
estas palavras e expressões? Todos os significados atribuídos aos “topoi” são
igualmente plausíveis, se levarmos em conta o texto constitucional? Você
consegue pensar em alguma interpretação que estes dispositivos não compor-
tariam?
t Como Tribunal realizou a “escolha” dentre essas interpretações de um mesmo
“topos”? Você concorda com a escolha realizada pelo STF? Tente pensar em um
critério estritamente jurídico que permita dizer quem está com razão.
t Qual você consideraria a solução mais “justa” para o caso? Você consegue funda-
mentá-la a partir da Constituição?
C MATERIAL DE APOIO
c1) Textos
I) OBRIGATÓRIOS
HC 71.373-4/RS (exame forçado de DNA para investigação de paternidade), in-
teiro teor, constante no anexo do curso.
II) ACESSÓRIOS
FERRAZ JR., Tércio Sampaio. Introdução ao Estudo do Direito. Técnica, Decisão,
Dominação. São Paulo: Atlas, 2001. (Trechos selecionados pelo Professor).
VIEHWEG Tópica e Jurisprudência. Brasília: Departamento de Impren-
sa Nacional, 1979. Tradução de Tércio Sampaio Ferraz Jr.
MENDONÇA, Paulo Roberto Soares. A Tópica e o Supremo Tribunal Federal. Rio 30
HC 71.373-4 RS, Voto
do Min. Néri da Silveira,
de Janeiro: Renovar, 2002.
NOTA AO ALUNO
A INTRODUÇÃO
B O CASO
embalagens dos maços de cigarro com a utilização de figuras que ilustrem o sentido da
mensagem, que devem variar a cada cinco meses.
O artigo 3º da Lei 9.294/96 foi alterado em 2000 pela Lei 10.167, e, em 2001, pela
Medida Provisória 12.190-34. Segundo a CNI, a nova redação do dispositivo é “de clara
inconstitucionalidade”, porque veda a propaganda de tabaco, ferindo o parágrafo 4º do
artigo 220 da Constituição que determina a restrição desse tipo de comercial. Para a
Confederação, o dispositivo fere a liberdade de expressão, de informação, de iniciativa
econômica e de concorrência.
“Não há legitimidade para se impedir a venda de produto lícito ou a sua publicidade,
sem limitar direitos fundamentais dos eventuais clientes, nomeadamente, a liberdade
de conhecer e adquirir os produtos comercializados, além de direitos das próprias em-
presas, que devem ter a liberdade de vender e tornar públicos, com limitações, os seus
produtos”, observa a CNI na ação.
Ainda segundo a Confederação, a nova redação do artigo 3º dá à administração pú-
blica enorme liberdade para determinar o conteúdo das obrigações e restrições a serem
observadas pelas indústrias de fumo, obrigando, inclusive, as empresas a fazerem con-
trapropaganda de seus próprios produtos.
“As restrições legais não podem impedir ou proibir a divulgação dos produtos e ser-
viços, como o faz o caput do artigo 3º da lei impugnada, sob pena de abolir o próprio
direito à propaganda constitucionalmente assegurado”, alega a CNI.34
A lei impugnada pela Confederação Nacional da Indústria – Lei 9294/96 dispõe, em
seus próprios termos, “sobre as restrições ao uso e à propaganda de produtos fumígeros,
bebidas alcoólicas, medicamentos, terapias e defensivos agrícolas, nos termos do § 4° do
art. 220 da Constituição Federal”.
Após e leitura de trechos selecionados da ADIn proposta pela CNI (ADIn 3311),
distribuídos pelo professor, imagine que você é o Ministro do Supremo Tribunal Fe-
deral designado para ser o Relator do caso. Prepare: 1) breve relatório sobre o caso; 2)
seu voto sobre a questão, tentando abranger e enfrentar o maior número possível de
argumentos constitucionais favoráveis e contrários ao acolhimento da ADI.
C MATERIAL DE APOIO
c1) Textos
I) OBRIGATÓRIOS
BARROSO, Luís Roberto. “Princípios de Interpretação Especificamente Consti-
tucional.”, trecho de Interpretação e Aplicação da Constituição. Rio de Janeiro:
Renovar, 2003. (pgs. 103-112; 196-218)
II ) ACESSÓRIOS
BARROSO, Luís Roberto (org.). A Nova Interpretação Constitucional. Ponderação, 34
Fonte: www.stf.gov.br.
Acessado em 06 de outu-
Direitos Fundamentais e Relações Privadas. Rio de Janeiro: Renovar, 2003. bro de 2004.
NOTA AO ALUNO
A INTRODUÇÃO
por exemplo; contudo, a única dimensão de sua decisão que pode ser controlada é
a argumentação jurídica que a fundamenta.37 “Razoabilidade” e “proporcionalidade”
são critérios para aferir a pertinência e correção da fundamentação das decisões, e não
para explicá-las. O aspecto subjetivo das decisões judiciais não é passível de eliminação,
apenas de atenuação.
Repare como é significativo o uso dos termos “razoabilidade” e “proporcionalidade”
no lugar de “racionalidade”. “Racional” e “razoável” são a mesma coisa? O “razoável”
apela ao senso comum, aos critérios aceitos como plausíveis pela comunidade de juristas
e até mesmo de todos os cidadãos. O que torna um argumento “racional” é sobretudo a
sua estrutura, independente de quem o analisa; a “razoabilidade” de um argumento, por
outro lado, depende em muito do olhar que a comunidade tem sobre aquela questão.
Assim, você não deve se assustar com as discussões doutrinárias sobre as “sub-regras”
da proporcionalidade, ou das dimensões da análise da razoabilidade de que trataremos
nesta aula. São, na verdade, construções jurisprudenciais por meio das quais se tenta
estabelecer, entre a subjetividade do juiz (insatisfatória) e a demonstração matemática
ou científica (inaplicável), a racionalidade possível na argumentação jurídica.
B O CASO
neste caso. Acreditavam que seus direitos estavam sendo prejudicados mais do que o
necessário para proteger o consumidor, e isso é “pouco razoável”. Os nocivos efeitos
econômicos sobre as empresas seriam desproporcionais em relação ao benefício que os
consumidores teriam.
Conversando com seus advogados da CNC, descobriram que, sem querer, esbo-
çaram um importante argumento jurídico. “Razoabilidade” e “proporcionalidade” –
disseram os advogados – vinham há algum tempo aparecendo como fundamento de
decisões judiciais, inclusive do Supremo Tribunal Federal.
Os advogados da CNC fizeram uma extensa pesquisa jurisprudencial e doutrinária
sobre o tema e concluíram: a pesagem obrigatória dos botijões de gás na presença do
consumidor violava os princípios da razoabilidade e da proporcionalidade. Assim, em
nome da Confederação Nacional do Comércio, contestaram a medida no Supremo
através da Ação Direta de Inconstitucionalidade 855-2.
Após a leitura dos trechos selecionados da petição inicial e da decisão do Supremo
Tribunal Federal, reflita:
C) MATERIAL DE APOIO
c1) Textos
I) OBRIGATÓRIOS
SILVA, Virgílio Afonso. “O Proporcional e o Razoável”. In TORRENS, Haradja
e ALCOFORADO, Mario. A Expansão do Direito: Estudos de Direito Constitu-
cional e Filosofia do Direito em homenagem a Willis Santiago Guerra Filho. Rio de
Janeiro: Lúmen Juris, 2004.
II) ACESSÓRIOS
ÁVILA, Humberto. Teoria dos Princípios. São Paulo: Malheiros, 2003.
BARROS, Suzana de Toledo. A Proporcionalidade e o Controle das Leis Restritivas de
Direitos no Brasil. Brasília: Brasília Jurídica, 1996 (págs. 157-184)
BARROSO, Luís Roberto. Interpretação e Aplicação da Constituição. (trecho sobre
Razoabilidade e Proporcionalidade)
SARMENTO, Daniel. “O Princípio da Proporcionalidade”, in A Ponderação de
Interesses na Constituição de 1988 (págs. 77-96)
BARROS, Suzana de Toledo. A Proporcionalidade e o Controle das Leis Restritivas de
Direitos no Brasil. Brasília: Brasília Jurídica, 1996 (págs. 157-184)
ALEXY, Robert. Derecho y Razón Prática. México: Fontamara, 1993
STEINMETZ, Wilson Antônio. Colisão de Direitos Fundamentais e Princípio da
Proporcionalidade. Porto Alegre: Livraria do Advogado, 2001.
SILVA, Virgílio Afonso. “O Proporcional e o Razoável”. In TORRENS, Haradja
e ALCOFORADO, Mario. A Expansão do Direito: Estudos de Direito Constitu-
cional e Filosofia do Direito em homenagem a Willis Santiago Guerra Filho. Rio de
Janeiro: Lúmen Juris, 2004.
NOTA AO ALUNO
A INTRODUÇÃO
Esta aula tem dois objetivos básicos. Por um lado, trata-se de conhecer dois tipos
de estratégia interpretativa – interpretação de bloqueio e interpretação legitimado-
ra, que, a partir da constituição de 1988, têm sido muito utilizados na profissão
jurídica. Na verdade, estes tipos de interpretação correspondem a mecanismos con-
ceituais capazes de solucionar um grave problema do direito: a existência de uma
constituição meramente formal, enunciadora de direitos que nunca se concretizam.
Na medida em que se entende a constituição como sendo também uma constitui-
ção “dirigente”, prospectiva, que aponta para o futuro, estas duas estratégias de
interpretação servem para torná-la mais eficaz e, assim, aliar legalidade, eficácia e
legitimidade.
Por outro, trata-se de analisar, identificar, debater e criticar o raciocínio que o pare-
cer “Direito da Mulher: Igualdade Formal e Igualdade Material” adota e a argumenta-
ção com que se reveste. Argumentação, no caso, entendida como a forma pela qual o
raciocínio se expressa.
Essa análise pode assumir diversas maneiras, não excludentes entre si, como por
exemplo:
B) MATERIAL DE APOIO
b1) Textos
I) OBRIGATÓRIOS
FALCÃO, Joaquim. “Direito da mulher: igualdade formal e igualdade material”.
In AMARAL JÚNIOR, Alberto do, e PERRONEMOISÉS, Cláudia (orgs.).
O Cinqüentenário da Declaração Universal dos Direitos do Homem. São Paulo:
Edusp, 1998.
FERRAZ JR., Tércio Sampaio. “Interpretação e Aplicabilidade das Normas Cons-
titucionais”, extraído de Interpretação e Estudos da Constituição de 1988. São
Paulo: Atlas, 1990.
II) ACESSÓRIOS
CAPPELLETI, Mauro. Juízes Legisladores?. Porto Alegre: Sérgio Antonio Fabris
Editor, 1993.
PIOVESAN, Flávia. “Constituição e Modelo de Estado”, extraído de Proteção Ju-
dicial contra Omissões Legislativas. São Paulo: Revista dos Tribunais, 1995.
JOAQUIM FALCÃO
Doutor em Educação pela Université de Génève. Master of Laws (LL.M) pela Har-
vard University. Bacharel em Direito pela PUC-Rio. Foi conselheiro do Conselho
Nacional de Justiça de junho de 2005 a junho de 2009. Diretor da FGV DIREITO RIO.
FICHA TÉCNICA