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■ Como conclusão, percebemos que essa confusão (entre salário, IDEB e qualidade
da educação) leva o governo a considerar que o salário já está ótimo, mas que falta
avançar no IDEB. A preocupação com esse índice gera uma perseguição
autorreferente que prejudica avaliarmos a educação do ponto de vista da
qualidade; observando como ela é estruturada para ser ofertada e não como mero
reflexo de um índice de resultados gerais do aluno.
Na aula de hoje:
■ Essa pergunta pode ser o mote para levantar um problema a se discutir na fala da presidente
executiva do “Todos pela educação”: Com “Qual o papel da educação numa sociedade?”, quero
rebater e ampliar a colocação de Priscila Cruz sobre a educação como “pilar central do
desenvolvimento social e econômico do estado de Mato Grosso”.
■ Será que a educação tem de fato um lugar no atual projeto de desenvolvimento social e econômico
do estado de Mato Grosso?
■ Mais ainda: será que o atual projeto de desenvolvimento social e econômico de Mato Grosso
admite um lugar para a educação? Se admitir, qual é a educação que teria lugar nesse tal projeto?
Uma educação de qualidade ou uma que persegue os índices do IDEB?
■ O que eu desejo, na verdade, é ir pela lógica inversa de Priscila Cruz – que tenta reconhecer um
lugar para a educação no projeto de desenvolvimento econômico e social de Mato Grosso – para
afirmar que é justamente esse projeto (em curso pelo menos desde a ditadura civil-militar) que não
admite que a educação possa ser uma prioridade social. Por isso, a nossa aula irá fazer uma
análise deste projeto para, a partir dela, afirmar: não há lugar para a educação de qualidade no
horizonte político-partidário de Mato Grosso.
Dessa forma...
■ Essas escolhas e projetos econômicos nacionais definiram, por sua vez, um lugar para
o estado de Mato Grosso. Vamos, então, compreender essa tensão entre um programa
nacional de desenvolvimento, as articulações políticas estaduais e a lógica global do
capital financeiro. Sem o entendimento dialético dessas instâncias, a defesa da
educação no Brasil é capitaneada pelos agente que, justamente, nunca fizeram muito
caso dela.
SILVA, Rosinaldo Barbosa da. Produção de centros e centralidades urbanas na
conurbação Cuiabá-Várzea Grande-MT. Tese (Doutorado em Geografia) –
Universidade de Brasília, 2019.
■ A tese de Rosinaldo nos prova que é a demanda produtiva do agronegócio que organiza a
conurbação Cuiabá-Várzea Grande.
■ Nada se faz por essas bandas que não seja para atender à demanda do agro negócio; seja
do ponto de vista fiscal (pensemos a perda da 510), seja do ponto de vista propriamente
educacional. Pois, como nos diz o texto de Samira Peduti Kahil, a hegemonia da técnica nas
comunicações e na educação é a hegemonia do pensamento único à serviço da lógica do
mercado.
RIBEIRO, Darcy. Sobre o Óbvio. In: Ensaios Insólitos. 2. ed. Rio de Janeiro: Editora
Guanabara,1986.
■ Ler o texto do ponto de vista das “façanhas da classe dominante desse país”: Uma
análise da história nacional atenta às saídas encontradas pela classe dominante
para manter seu projeto econômico mesmo diante das vicissitudes políticas e
sociais (“Modernização Conservadora”?)
■ “Ah, mas essa realidade mudou! Hoje, a alfabetização e a educação são perseguidas e não
evitadas pelos governos”
■ Desconfio que não. Prefiro pensar com Darcy Ribeiro: A estratégia variou para não ter que
mudar. Ex. Todos os investimentos na área de educação anunciados pelo governo tocam
nos verdadeiros problemas da nossa educação? As salas de aula continuam lotadas. Nós
nunca trabalhamos tanto e de modo tão desorganizado. As demandas burocráticas nos
esgotam física e psicologicamente. Os alunos continuam sem acesso a equipamentos e
internet. Está sendo difícil garantir até o kit alimentação por aluno matriculado.
Ademais...
■ A discussão da técnica na educação não é nova. Ela só está sendo potencializada pelo salto que
representa a internet.
■ A técnica como “manifestação geral do pensamento único” nos remete ao processo de apropriação
dos ideais iluministas pela lógica do capital.
■ Com os saltos técnicos que temos ao longo da história, o capital financeiro se estabelece como
ordem única do mundo: (texto, páginas 31 e 32)
■ De tudo o que já falamos até então, fica difícil não notar que o MT dos PND’s e atual “capital do
agro negócio” está dentro dessa lógica. Ele opera nos termos geopolíticos organizados pelos
agentes hegemônicos do capital financeiro já nos finais do século XX. Assistam atentamente à
apresentação do projeto “Educação Já” que foi mencionado no início dessa aula: Priscila Cruz diz,
explicitamente, que os projetos e leituras do “Todos pela educação” tomam como referência as
discussões sobre educação do final do século XX. É o mesmo contexto de hegemonização do
capital financeiro nas comunicações de que trata o texto que lemos.
Educação 4.0?
■ O que significa, então, pensar num lugar para a educação no “projeto de desenvolvimento
social e econômico do estado”?
■ Ao que tudo indica, significa cerrar os olhos para uma educação humanista e integradora e
fixar os rumos na alta de índices do IDEB. A tal “meta” para a educação de MT.
■ Essa preocupação é, na verdade, uma forma de “variar pra não mudar”. É a modernização
conservadora que se apropria da educação para empreender uma formação limitada aos
parâmetros da técnica e do capital financeiro global. Nesse sentido, é possível pensarmos
que a ordem mundial ainda segue parâmetros colonizadores.
■ A educação 4.0 é, na verdade, uma educação que restringe o pensar porque não está a
serviço de um projeto de sociedade eticamente comprometido (texto, páginas 34-5)