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PERFIL DE AMINOÁCIDOS DE FARINHA DESENGORDURADA DE SEMENTES

DE GERGELIM (Sesamum indicum L.) E LINHAÇA MARROM (Linum


usitatissimum)

Rita de Cássia Avellaneda Guimarães1, Maria Lígia Rodrigues Macedo2, Cláudia


Leite Munhoz1, Paulo Aparecido Baldasso3, Sérgio Marangoni3, Priscila Aiko Hiane2.

1
Doutoranda em Saúde e Desenvolvimento na Região Centro-Oeste, Universidade
Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS), Av. Senador Filinto Müler sn, Cidade
Universitária, 79070-900, Campo Grande, MS, email: ritaguimaraes@yahoo.com.br
2
Universidade Federal de Mato Grosso do Sul(UFMS);
3
Departamento de Bioquímica, Universidade Estadual de Campinas, Unicamp.

Resumo: A linhaça (Linum usitatissimun) e o gergelim (Sesamum indicum L.) são


importantes oleaginosas encontradas facilmente pela população, e podem ser
consumidas como suplemento nutricional, representando ricas fontes de nutrientes,
destacando-se os aminoácidos. O objetivo foi estudar o perfil de aminoácidos de
farinha desengordurada das sementes de gergelim e linhaça marrom. As farinhas de
linhaça e gergelim foram desengorduras e secas em liofilizador. As proteínas das
sementes foram extraídas com cloreto de sódio, 4%, durante 1h e analisadas em
HPLC. Os resultados obtidos apresentaram superiores a recomendação, sendo
fontes alternativas de aminoácidos. O perfil de aminoácidos da farinha
desengordurada das sementes mostrou-se satisfatório, sendo uma opção de
alimento para a dieta humana.
Palavras-chave: Aminoácidos essenciais, proteínas, sementes.

Introdução: O linho (Linum usitatissimun) é uma planta pertencente à família das


Lináceas, sendo sua semente denominada, linhaça, uma monocotiledônea que se
caracteriza por ser chata e oval. Esta semente apresenta características bioquímicas
e nutricionais, como a composição de aminoácidos essenciais, comparável a soja e
a canola, sendo relatado elevados teores de arginina, ácido aspártico, ácido
glutâmico e leucina (CHUNG et al., 2008). No consumo de grãos está o gergelim
(Sesamum indicum L.), uma planta pertencente à família Pedaliaceae, cultivada
tanto em países tropicais quanto subtropicais. No Brasil, 13.000 toneladas são
produzidas em cerca de 20.000 hectares, e o rendimento gira em torno de 650 Kg/ha
(ARRIEL et al., 2005).
O cultivo do gergelim apresenta grande potencial econômico, devido às
possibilidades de exploração, tanto no mercado nacional como no internacional.
Estas sementes são importantes oleaginosas que podem ser consumidas como
suplemento nutricional e representam ricas fontes de nutrientes, destacando-se os
aminoácidos (AMBILLE et al., 2003). Desta forma justifica-se estudar o perfil de
aminoácidos da farinha desengordurada de sementes de gergelim e linhaça marrom.

Material e Métodos: O material utilizado foi sementes de linhaça marrom e de


gergelim, obtidos comercialmente na cidade de Campo Grande, MS. As sementes
foram trituradas em triturador Turratec e tamisadas a 60 mesh, constituindo a
farinha-base integral. As farinhas de linhaça e de gergelim foram desengorduras em
extrator Soxhlet com hexano, sendo submetidas ao processo de secagem em
liofilizador de bancada (Liobras/Modelo: L101). As proteínas da farinha de sementes
de gergelim e linhaça foram extraídas com 150 mL de cloreto de sódio a 4%, durante
1h, de acordo com Macedo e Damico (2000). Os valores da composição em
aminoácidos foram estimados e o escore de aminoácidos essenciais (EAE)
calculados, utilizando a expressão: EAE (%) = aminoácido mais limitante na proteína
teste/mesmo aminoácido no padrão de referência FAO/WHO (1991) X 100.

Resultados e Discussão:

Tabela 1. Perfil de aminoácidos do gergelim e linhaça, em mg.g-1 de proteína.


Aminoácidos Gergelim Linhaça FAO(1991)
Ácido aspártico 94,5 76,2
Ácido glutâmico 155,5 161,5
Serina 68 38,2
Glicina 108,3 144,9
Histidina 16,6 13,3 19
Arginina 83,2 71,2
Treonina 27,2 28,2 34
Alanina 56,2 49
Prolina 39,3 33,2
Fenilalanina + tirosina 74,6 83,9 63
Valina 76,1 67,8 35
Metionina + cisteína 28,1 38,5 25
Isoleucina 59,7 43,8 28
Leucina 67 84,5 66
Lisina 45,6 66 58
No perfil de aminoácidos de sementes de gergelim, Tokusoglu, Ünal e Yýldýrým
(2007) relataram valores de 23,6 mg para histidina; 59,3 mg para isoleucina; 67,7 mg
para leucina; 28,7 mg para lisina; 53 mg para fenilalanina e tirosina e 38 mg, os
quais são considerados aminoácidos essenciais. Valores reportados para o perfil de
aminoácidos de sementes de linhaça foram semelhantes aos encontrados por
Oomah e Mazza (2006) com 13,6 mg para histidina; 40 mg para isoleucina; 59 mg
para leucina; 39 mg para lisina; 40 mg para fenilalanina e tirosina e 30 mg para
treonina. O teor de aminoácidos de uma determinada amostra indica a qualidade da
proteína (SGARBIERI, 1997). Considerando o padrão estabelecido pela FAO (1991),
evidencia-se que a linhaça e o gergelim são fontes alternativas de aminoácidos, com
quantidades satisfatórias de aminoácidos essenciais.

Conclusão: O perfil de aminoácidos da farinha desengordurada de sementes de


linhaça e do gergelim mostrou-se satisfatório, permitido aponta-la como uma opção
de alimento proteico para a dieta humana.

Referências

AMBILLE, F.R.; COSTA, F.C.F.; FERNANDES, F.D.; ARRIEL, N.H.C. Avaliação de cultivares de
gergelim (Sesamum indicum L.) no cerrado do Distrito Federal. Revista Ceres, p.601-608, 2003;

ARRIEL, N. H. C.; VIEIRA, D. J.; FIRMINO, P. T. Situação atual e perspectivas da cultura do gergelim
no Brasil. EMBRAPA, Recursos Genéticos e Melhoramento de Plantas para o Nordeste
Brasileiro, p.10-17, 2005;

CHUNG, M.W.Y.; LEI, B.; LI-CHAN, E.I.Y. Isolation and tructural characterization of the major protein
fraction from NorMan flaxseed (Linum usitatissimun), Food Chemistry, v.90, n.12, p. 271-279, 2008;

FAO/WHO. Protein quality evaluation. Rome, Italy: Food and Agricultural Organization of the
United Nations, 1991;

MACEDO, M.L.R.; DAMICO, D.C.S. Effects of protein fractions from Zea mays L. on development and
survival of mexican bean weevil Zabrotes subfasciatus (Boh.). Insect Science and Its Application,
v.20, p. 135-139, 2000;

OOMAH, B.D.; MAZZA, G. Flaxseed products for disease prevention. In: Functional Foods:
Biochemical & Processing Aspects, ed Mazza G, Technomic Publishing, Lancaster, PA, pp. 91-
138, 2006;

SGARBIERI, V.C. Proteínas em alimentos protéicos: Propriedades, degradações e


modificações. São Paulo: Varela, p.259-334, 1997;

TOKUSOGLU, Ö.; ÜNAL M.K.; YÝLDÝRÝM, Z. Proximate chemical composition, amino acid and fatty
acid profiles of sesame seed (Sesamum indicum L.) flours. Évfolyam, p. 175-179, 2006.

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