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As poderosas bactérias da obesidade

Quase todas as semanas temos novas


informações e teorias sobre porque as
populações de países industrializados estão
cada vez mais obesas. A última novidade
aponta para as bactérias que habitam nosso
intestino. Elas seriam as culpadas pelo
excesso de peso em grande parte das
pessoas que sofrem desse mal.

Nosso tubo digestivo possui ampla diversidade


de bactérias que ajudam na digestão de
alimentos, combatem bactérias agressivas que
nos invadem provocando a clássica e conhecida "gastroenterocolite" - dor de barriga e diarréia.
Os seres humanos, no entanto, propiciam ambientes ricos em nutrição e calor para que as
bactérias benignas sobrevivam, estabelecendo uma simbiose útil para ambos.

As pesquisas dos americanos

Pesquisadores verificaram, recentemente, que certos tipos de


bactérias são mais eficientes para induzir melhor a digestão e
absorção de alimentos ingeridos do que outros "micróbios". Desta
forma os alimentos supercalóricos que comemos seriam digeridos
e absorvidos com eficiência, transformando-se em gordura e
favorecendo a obesidade.

Esta é a parte mais importante do trabalho da equipe Jeffrey Gordon, professor de biologia
molecular e farmacologia da Universidade Washington em Saint Louis, nos Estado Unidos. O
pesquisador notou que muitas pessoas com excesso de peso apresentam um conjunto de
bactérias intestinais que são muito, mas muito mais eficientes em introduzir energia calórica
derivada do alimento em digestão, levando estas calorias para dentro do corpo humano.

Firmicutes, as "responsáveis"

Gordon e sua equipe dividiram as bactérias intestinais em dois


grupos: firmicutes e bacteroidetes. Mostraram que os obesos
possuem proporção muito mais elevada de firmicutes em
comparação aos indivíduos de peso normal. As firmicutes são
capazes de converter carboidratos complexos, os chamados de
polissacarídeos (que usualmente não digerimos), em açúcares
simples como a glicose. Em resumo aquele alimento que seria
mandado embora sem ser digerido passa, graças às firmicutes, a
ser absorvido e utilizado para gerar mais gordura.

Os pesquisadores também fizeram experiências em ratos. Dividiram as cobaias em dois


grupos: os ratos com bactérias intestinais normais e os ratos nos quais eliminaram as
firmicutes. Em seguida forneceram aos animais dieta rica em gordura e açúcares. Bingo! Os
ratinhos sem bactérias firmicutes permaneceram esbeltos enquanto os outros ganharam peso.
A conclusão é óbvia: desde que haja mais comida e mais carboidrato as bactérias firmicutes
mandam para dentro do corpo um excesso de calorias destinadas a formar mais gordura.

O que podemos fazer então?

Primeiro temos que aceitar que as bactérias intestinais são


parceiras importantes no processo digestivo do ser humano e de
um número enorme de animais. A supressão de bactérias
intestinais "engordativas" poderia ajudar na crescente onda de
obesidade, mas ainda não sabemos se outros problemas irão
surgir. Portanto, por enquanto, vamos tratar de comer menos
carboidrato, limitar gordura e fazer muito exercício. E calma,
porque logo, logo, alguém vai inventar um "remédio" para acabar
com as firmicutes.

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