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Volume 18

Série de Publicações ILSI Brasil

Funções Plenamente
Reconhecidas de Nutrientes

Fibra Alimentar
Eliana Bistriche Giuntini
Laboratório de Química, Bioquímica e Biologia Molecular do Departamento de
Alimentos e Nutrição Experimental da Faculdade de Ciências Farmacêuticas da Universidade de São Paulo

Elizabete Wenzel de Menezes


Docente do Departamento de Alimentos e Nutrição Experimental da
Faculdade de Ciências Farmacêuticas da Universidade de São Paulo
Membro do Conselho Científico Consultor-ILSI Brasil
Coordenadora da TBCA-USP

Força-tarefa Alimentos Fortificados e Suplementos


Comitê de Nutrição
ILSI Brasil
Abril 2011

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© 2011 ILSI Brasil International Life Sciences Institute do Brasil

ILSI BRASIL
INTERNATIONAL LIFE SCIENCES INSTITUTE DO BRASIL
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Tel./Fax: 55 (11) 3035 5585 e-mail: ilsibr@ilsi.org.br
© 2011 ILSI Brasil International Life Sciences Institute do Brasil

ISBN: 978-85-86126-36-9

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1. INTRODUÇÃO
O componente fibra teve longa trajetória desde sua primeira definição, por volta de 1953, até a atual
definição sugerida pela Comissão do Codex Alimentarius (Codex Alimentarius, 2010). No início
da década de 1970, conhecia-se apenas a celulose, a hemicelulose e a lignina, fração denominada
de fibra bruta, importante para o funcionamento intestinal e de valor energético nulo. Em meados
dessa década, Trowell (1976) criou uma definição de natureza essencialmente nutricional, que foi
utilizada por um longo tempo: “A fibra alimentar (FA) é constituída principalmente de polissacarídeos
não amido das plantas e lignina, que são resistentes à hidrólise pelas enzimas digestivas humanas”.
Essa definição passou a incluir outros componentes, além dos que já compunham a fibra bruta.
Os primeiros processos químicos para quantificação de polissacarídeos não amido extraíam
diferentes frações de fibra a partir do controle do pH das soluções; nesse contexto, surgiram os
termos solúvel e insolúvel. Essas denominações proporcionavam uma classificação simples e útil
para a fibra alimentar, com diferentes propriedades fisiológicas, conforme entendimento na época.
Eram consideradas “fibras solúveis” aquelas que afetavam principalmente a absorção de glicose e
lipídios, por sua capacidade de formar soluções viscosas e géis (ex.: pectinas e β glicanos). Já as
fibras com maior influência sobre o funcionamento intestinal eram chamadas de “insolúveis” (ex.:
celulose e lignina). Atualmente, ficou evidente que essa distinção fisiológica de forma simplificada
é inadequada, porque determinados tipos de fibra insolúvel são rapidamente fermentados, e alguns
tipos de solúvel não afetam a absorção de glicose e lipídios (Gray, 2006). Dessa forma, a FAO/
WHO (1998) recomendaram que os termos “fibra solúvel e insolúvel” não deveriam mais ser
empregados por induzirem a erros de interpretação.
Nas últimas décadas, muita informação foi descoberta sobre as propriedades físico-químicas dos
diferentes compostos presentes na FA, culminando no surgimento dos prebióticos (devido ao
perfil de fermentabilidade de substâncias específicas e sua interação com a microbiota colônica),
bem como na informação sobre a eficácia da FA na redução do risco de doenças crônicas não
transmissíveis (DCNT). Esses achados desencadearam mudanças tanto conceituais quanto na
metodologia analítica. Atualmente, a FA (carboidrato não disponível) é o principal ingrediente
utilizado em alimentos funcionais, constituindo mais de 50% do total de ingredientes utilizados no
âmbito mundial (Saura-Calixto, 2006).

2. DEFINIÇÃO – CODEX ALIMENTARIUS COMMISSION


O Codex Committee on Nutrition and Foods for Special Dietary Uses (CCNFSDU) coordenou as
discussões para definição de FA. Na 30ª. reunião do CCNFSDU (Codex Alimentarius, 2008), foi
acordada a seguinte definição para FA: “Fibra alimentar é constituída de polímeros de carboidratos1
com dez ou mais unidades monoméricas2, que não são hidrolisados pelas enzimas endógenas no
intestino delgado e que podem pertencer a três categorias:

1
Quando derivada de plantas, a FA pode incluir frações de lignina e/ou outros compostos associados aos polissacarídeos na parede celular. Esses
compostos também podem ser quantificados por método(s) específico(s) para FA. Entretanto, tais compostos não estão incluídos na definição de FA
se forem extraídos e reintroduzidos nos alimentos. Nota concluída na 31ª. reunião do CCNFSDU (Codex Alimentarius, 2009).
2
A decisão sobre a inclusão de carboidratos com 3 a 9 unidades monoméricas na definição de FA deve ser tomada pelas autoridades nacionais
(Codex Alimentarius, 2008).

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- Polímeros de carboidratos comestíveis que ocorrem naturalmente nos alimentos na forma como
são consumidos;
- Polímeros de carboidratos obtidos de material cru por meio físico, químico ou enzimático e que
tenham comprovado efeito fisiológico benéfico sobre a saúde humana, de acordo com evidências
científicas propostas e aceitas por autoridades competentes;
- Polímeros de carboidratos sintéticos que tenham comprovado efeito fisiológico benéfico
sobre a saúde humana, de acordo com evidências científicas propostas e aceitas por autoridades
competentes”.
Na 31ª. reunião do CCNFSDU (Codex Alimentarius, 2009) foram definidos os métodos analíticos
para quantificação de FA e de componentes específicos, bem como foi finalizada a nota1 da
definição. A comissão do Codex Alimentarius acatou a recomendação do CCNFSDU e adotou
esta definição de FA para rotulagem nutricional (Codex Alimentarius, 2010).
A principal controvérsia sobre a definição de FA do Codex refere-se à inclusão de polímeros de
carboidratos com três a nove unidades monoméricas, decisão que deve ser tomada individualmente
pelas autoridades de cada país, uma vez que não se atingiu um consenso na 30ª. reunião. Neste
contexto, algumas reflexões podem ser mencionadas e devem ser consideradas, uma vez que a
principal meta da rotulagem nutricional é auxiliar o consumidor na seleção de alimentos saudáveis:
1. Não há justificativa científica ou fisiológica para assumir que os carboidratos não disponíveis
tenham comportamento diferenciado quando o número de unidades monoméricas é < 10 ou ≥ 10;
2. Os oligossacarídeos já fazem parte da definição de FA proposta e adotada por inúmeras
instituições de especialistas na área (ex.: AOAC, AACC, EC, ILSI), por se comportarem de
forma similar à FA no organismo humano e/ou por apresentarem inúmeros efeitos benéficos
para a saúde intestinal (prebióticos);
3. Pelos motivos mencionados e considerando que diversos países já vêm adotando a inclusão dos
oligossacarídeos na definição de FA, a continuidade desse critério pode facilitar a harmonização
da rotulagem nutricional e reduzir barreiras junto ao comércio internacional;
4. Como o consumidor entende que FA é um grupo de compostos que proporciona efeito
benéfico ao organismo, qualquer alteração conceitual pode proporcionar confusão e interferir
na adequada seleção dos alimentos, consequentemente afetando sua ingestão diária.
Os Comitês de Carboidratos Alimentares do ILSI Europa e ILSI América do Norte organizaram
um fórum em 2010, dentro do Ninth Vahouny Fiber Symposium, em Maryland, EUA, para discutir
aspectos críticos da definição de fibra alimentar do Codex que interferem em sua implementação
global, considerando um contexto de harmonização, e propiciar um fórum de especialistas na área
para debater tais impactos. Duas questões foram discutidas e, após a sessão, foi feita uma pesquisa
entre os participantes para avaliação do grau de consenso sobre os temas (Howlett et al., 2010).
A primeira questão referiu-se à exclusão/inclusão de polímeros de carboidratos com três a nove
unidades monoméricas. A discussão e o nível de apoio apresentado pela pesquisa indicam, juntos,
um convincente consenso entre os especialistas na área de que a ciência apoia a inclusão dos
polímeros de carboidratos com três a nove unidades monoméricas na definição de FA e fornece

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uma lógica para a tomada de decisão pelas autoridades nacionais na implementação da definição
do Codex, baseada em fatos científicos. Dos 75 entrevistados na pesquisa, 86% foram a favor da
inclusão de carboidratos não disponíveis entre três e nove unidades monoméricas na definição e
3% foram contra. Por razões desconhecidas, 11% dos entrevistados não responderam à pergunta.
A segunda questão referiu-se à ausência de uma descrição do que constitui um efeito fisiológico
benéfico e critérios apropriados para sua comprovação em concordância com a definição de
FA (Howlett et al., 2010). Durante a discussão, houve claro apoio ao estabelecimento de uma
lista de efeitos fisiológicos benéficos associados à ingestão de fibra alimentar. Mais de 80% dos
entrevistados pela pesquisa indicaram apoio à inclusão de, no mínimo, os seguintes efeitos na lista:
1. Redução no nível sanguíneo de colesterol total e/ou LDL-colesterol;
2. Redução no nível sanguíneo pós-prandial de glicose e/ou insulina;
3. Elevado bulk fecal e/ou tempo de trânsito reduzido;
4. Fermentabilidade pela microbiota colônica.
No caso dos três primeiros efeitos, o apoio foi de mais de 95%.
Quase um terço dos entrevistados (30%) propôs a inclusão de efeitos adicionais aos quatro citados.
Essa resposta representa apoio à adoção de uma lista de efeitos benéficos aberta, compreendendo
primeiramente as quatro funções mencionadas anteriormente e deixando aberta a possibilidade de
serem adicionados outros efeitos conforme estes atinjam certo nível de aceitação como resultado
da ciência em desenvolvimento.
Dessa forma, as discussões e resultados da pesquisa realizada neste fórum indicaram que a
comunidade científica concorda em manter um consenso mundial em relação à inclusão dos
carboidratos não disponíveis maior ou igual a três unidades monoméricas como FA e uma lista
simplificada de efeitos fisiológicos benéficos que FAs apresentam (Howlett et al., 2010). Esse
artigo será disponibilizado em português pelo ILSI Brasil.

3. COMPONENTES DA FIBRA ALIMETAR


Os diversos componentes da FA são encontrados principalmente entre os vegetais, como cereais,
leguminosas, frutas, hortaliças e tubérculos. Os principais componentes da FA, como polissacarídeos
não amido, oligossacarídeos, carboidratos análogos (amido resistente e maltodextrinas resistentes,
obtidos por síntese química ou enzimática), lignina, compostos associados à FA e fibras de origem
animal estão apresentados na tabela 1, e alguns desses componentes são descritos a seguir.

3.1 Celulose
Esse polissacarídeo linear é composto de até 10 mil unidades de glicose/molécula e é o principal
componente da parede celular dos vegetais, por isso é considerada estrutural; várias moléculas
compactadas formam longas fibras resistentes à digestão pelas enzimas do sistema digestório.
Devido à sua estrutura cristalina, é insolúvel tanto em meio alcalino quanto em água. A celulose
apresenta capacidade de retenção de água; cada grama de celulose pode reter 0,4 g de água no

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intestino grosso. Embora essa quantidade seja considerada modesta em relação a outros componentes
mais viscosos, contribui para tornar o bolo fecal mais pastoso, facilitando a evacuação. A celulose
está presente principalmente nos cereais, hortaliças e frutas (Anderson e Chen, 1979; Gray, 2006).
A celulose modificada e derivados da celulose são utilizados como ingrediente alimentar; essas
modificações podem ser físicas (ex.: celulose em pó e celulose microcristalina) ou químicas (ex.:
hidroxipropilmetilcelulose, metil ou carboximetil celulose). Esses produtos têm alta solubilidade
e formam soluções viscosas decorrentes de alterações na estrutura cristalina. Forma, tamanho
de partícula e capacidade de retenção de água são fatores determinantes das propriedades e
funcionalidade dessas celuloses (Cho e Samuel, 2009).

Tabela 1. Componentes da fibra alimentar e suas principais fontes.

Componentes Principais grupos Principais fontes

Polissacarídeos Celulose Parede celular de plantas: vegetais, farelos e resíduos


não amido de beterraba obtido na produção de açúcar
Arabinogalactanos, β glicanos , arabinoxilanos,
Hemicelulose glicuronoxilanos, xiloglicanos, galactomananos: parede
celular de vegetais, aveia, cevada

Galactomananos, goma guar e goma locusta: extratos de


Gomas e mucilagens sementes. Goma acácia, goma karaya, goma tragacante:
exsudatos de plantas. Alginatos, agar, carragenanas,
goma psyllium: polissacarídeos de algas

Pectinas Frutas, vegetais, legumes, batata, resíduo de beterraba


obtido na produção de açúcar
Inulina, fruto-oligossacarídeo: chicória,
Oligossacarídeos Frutanos
yacón, alho, cebola

Amido resistente e Várias plantas: leguminosas, milho, batata crua, banana


Carboidratos análogos
maltodextrinas resistentes verde. Fontes de amido gelatinizado e resfriado/congelado

Polidextrose, lactulose, derivativos de celulose


Sínteses químicas
(metilcelulose, hidroxipropilmetilcelulose)

Fruto-oligossacarídeos, levano, goma xantana,


Sínteses enzimáticas transgalacto-oligossacarídeos, xilo-oligossacarídeos,
goma de guar hidrolisada

Lignina Lignina Plantas lenhosas

Substâncias associadas Compostos fenólicos, proteína


aos polissacarídeos de parede celular, oxalatos, Fibras de plantas
não amido fitatos ceras, cutina, suberina
Quitina, quitosana, colágeno e
Fibras de origem animal Fungos, leveduras, invertebrados
condroítina

Adaptado de Tungland e Mayer (2002).

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3.2 Hemicelulose
A hemicelulose contém outros açúcares além da glicose e está associada à celulose na parede
celular; são moléculas lineares ou ramificadas com 50-200 unidades de pentoses, além de unidades
de hexoses. Existem mais de 250 tipos desses polissacarídeos, que podem estar na forma solúvel
ou insolúvel. Assim como a celulose, é uma fibra de característica estrutural e tem a capacidade
de retenção de água e cátions; pode ser encontrada em frutas, hortaliças, leguminosas e castanhas
(Anderson e Chen, 1979; Gray, 2006).

3.3 β glicanos
Os β glicanos são polímeros de glicose com variáveis ligações entre as unidades, que possuem
estrutura linear e são menores que a celulose; são solúveis em água e bases diluídas e formam
soluções viscosas e géis. O aquecimento diminui a viscosidade, que se reverte com o resfriamento;
essas propriedades dos β glicanos permitem que sejam utilizados na elaboração de produtos
industrializados, como espessantes em bebidas lácteas, sopas, molhos, sorvetes, e também como
substituto de gorduras; dessa forma, têm grande aplicação do ponto de vista industrial (Cho e
Samuel, 2009). Os β glicanos são componentes estruturais da parede celular de fungos, leveduras,
de alguns cereais e gramíneas, sendo encontrados principalmente em aveia e cevada e seus derivados.
Esses compostos têm despertado interesse por sua capacidade de retardar ou reduzir a absorção
de nutrientes. Dos produtos elaborados com aveia no Brasil, o farelo de aveia apresenta maior
concentração de β glicanos (de Francisco et al., 2006).

3.4 Pectinas
Pectinas são polissacarídeos estruturais de cadeias de ácido galacturônico e unidades de ramnose,
pentose e hexose; são solúveis em água quente e formam géis depois do resfriamento, por isso são
usadas como espessantes em alimentos. São quase completamente fermentadas no cólon, restando
menos de 5% nas fezes; têm capacidade de retenção de água, cátions e material orgânico como
a bile. Estão presentes principalmente nas paredes celulares de frutas e hortaliças, mas também
podem ser encontradas em leguminosas e castanhas (Anderson e Chen, 1979; Gray, 2006).
Diferentes tipos de pectinas são obtidos de frutas (ex.: maçã, casca de cítricos) (Cho e Samuel,
2009).

3.5 Gomas e mucilagens


Esse grupo compreende polissacarídeos hidrocoloides viscosos, provenientes de exsudatos de
vegetais, sementes e extratos de algas, mas não fazem parte da parede celular. As mucilagens estão
presentes nas células externas de alguns tipos de sementes. Ambas são utilizadas como espessantes,
geleificantes, estabilizantes e emulsificantes; no intestino, podem reter ácidos biliares e outros
materiais orgânicos (Anderson e Chen, 1979; Gray, 2006; Cho e Samuel, 2009).

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3.6 Frutanos
Os frutanos são carboidratos de reserva, naturalmente presentes em inúmeras espécies vegetais,
como cereais (trigo, centeio, cevada e aveia), raízes tuberosas (yacón e chicória), bulbos (alho,
alho-poró e cebola), frutas (banana, maçã, pera e ameixa) e hortaliças (tomate, almeirão, aspargos,
alcachofra e cebolinha). São polímeros formados por 2 a 70 unidades monoméricas de frutose,
sendo que os fruto-oligossacarídeos (FOS) ou oligofrutose têm grau de polimerização (GP) menor
que dez, enquanto a inulina, mistura de oligômeros e polímeros, tem GP maior que dez (mas
variando de 2 a 70). A inulina tem moderada solubilidade em água e baixa viscosidade, e é extraída
industrialmente da raiz da chicória (Cichorium untybus). Os FOS são produzidos por hidrólise
enzimática parcial da inulina (Franck e Bosscher, 2009). Os frutanos são altamente fermentáveis
e possuem propriedades prebióticas, além das tradicionais de FA (Gibson et al., 2004; Franck e
Bosscher, 2009; Roberfroid et al., 2010).

3.7 Polidextrose
Polidextrose é um polímero de carboidratos não disponíveis, com grau médio de polimerização (12),
sintetizado a partir da glicose e sorbitol. A polidextrose é parcialmente fermentada pela microbiota
colônica (50%), apresenta propriedades prebióticas, de FA e reduz o impacto glicêmico (Stowell,
2009). Em função de seus efeitos fisiológicos e atributos tecnológicos, vem sendo aplicada em
alimentos (Gray, 2006; Stowell, 2009).

3.8 Amido resistente


Segundo Asp (1994), “amido resistente (AR) é a soma de amido e produtos da degradação de
amido que não são absorvidos no intestino delgado de indivíduos saudáveis”. O termo amido
resistente considera basicamente quatros tipos de amido (Champ et al., 2003):
- AR tipo 1: amido fisicamente inacessível, presente em grãos e sementes (leguminosas) parcialmente
triturados devido à presença de parede celular rígida e intacta;
- AR tipo 2: grânulos de amido resistente nativo presentes na batata crua, banana verde e amido de
milho rico em amilose;
- AR tipo 3: amilose e amilopectina retrogradadas formadas nos alimentos processados (pão e
corn flakes) e alimentos cozidos e resfriados (batata cozida). O amido é insolúvel em água fria,
porém se gelatiniza em presença de água e calor; durante o resfriamento, ocorre a retrogradação
do amido, tornando-o resistente à ação da alfa-amilase;
- AR tipo 4: amido quimicamente modificado, incluindo éteres e ésteres de amido, amidos com
ligação cruzada e amidos pirodextrinizados.
O conteúdo de AR presente nos alimentos ou refeições é bastante variável, e é afetado pelos
diferentes tipos de processamento, variadas condições de armazenamento e pelas diferenças
genéticas das fontes de amido (Tribess et al., 2009; Perera et al., 2010). Alimentos com grãos
integrais e leguminosas apresentam naturalmente alto conteúdo de AR, entretanto, esse conteúdo

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pode ser afetado de forma significativa após o processamento do alimento.


Como menos de 10% do amido da alimentação é resistentes à digestão, diferentes ingredientes
naturais (tradicionais – AR1, AR2, AR3) e não tradicionais (AR4) foram disponibilizados no
mercado, visando a ampliar o conteúdo de AR nas refeições e alimentos (Cho e Samuel, 2009). O
AR apresenta alta fermentabilidade e efeitos positivos sobre a saciedade, funcionamento intestinal
e resposta glicêmica (Fuentes-Zaragoza et al., 2010; Menezes et al., 2010).

3.9 Lignina e compostos associados


A lignina é a única fibra estrutural que não é um polissacarídeo, mas está ligada à hemicelulose
na parede celular; é um polímero de fenilpropano, sintetizado a partir de alguns alcoóis, insolúvel
em meio ácido e alcalino, não sendo digerido ou absorvido no intestino. Pode reter sais biliares e
outros materiais orgânicos, bem como retardar ou reduzir a absorção de nutrientes; é encontrada na
camada externa de grãos de cereais e no aipo (Anderson e Chen, 1979; Gray, 2006).

3.10 Compostos associados


Em alguns vegetais, constituintes como polifenóis (taninos), carotenoides, fitosteróis estão
associados à FA, conferindo capacidade antioxidante a essa fração. No entanto, nos cereais, o
ácido fítico, que também está associado à FA, pode interferir na absorção de minerais (Saura-
Calixto, 2006).

4. PROPRIEDADES DAS FIBRAS E RESPOSTAS NO ORGANISMO


As propriedades físico-químicas da fibra permitem a ocorrência de respostas locais, como os
efeitos no trato gastrintestinal, e respostas sistêmicas, por meio de efeitos metabólicos que poderão
estar associadas ao tipo de FA ingerida, pois há diferenças quanto à capacidade de retenção de
água, viscosidade, fermentação, adsorção e ligação, volume, entre outras (Tabela 2) (Gray, 2006;
Buttriss e Stokes, 2008).
A viscosidade das fibras pode retardar o esvaziamento gástrico, promovendo melhor digestão e
aumentando a saciedade (Slavin e Green, 2007); no intestino delgado, pode dificultar a ação das
enzimas hidrolíticas – retardando a digestão – e espessar a barreira da camada estacionária de
água, o que permitiria uma absorção mais lenta de nutrientes. Isso afeta a resposta pós-prandial,
principalmente de glicose e ácidos graxos (FAO/WHO, 1998; Buttriss e Stokes, 2008). A FA pode
interferir na motilidade do intestino delgado e, assim, afetar o acesso dos carboidratos disponíveis
à superfície da mucosa e reduzir sua absorção (Slavin e Green, 2007). Como as contrações
movimentam os fluídos circulantes e misturam o conteúdo, acabam por afetar também a espessura
da camada estacionária de água. A absorção de nutrientes é afetada pelo tempo e área de contato
entre eles e o epitélio, que, por sua vez, são influenciados pelo tempo de trânsito intestinal; a
diminuição desse tempo e o aumento do volume fecal permitem também menor contacto de
substâncias tóxicas com a mucosa, em função da velocidade e da diluição (Davidson e McDonald,
1998; Dikeman e Fahey, 2006).

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A retenção de minerais pela fibra tem sido discutida em decorrência da biodisponibilidade de


alguns elementos ser aparentemente afetada pela ingestão de FA; porém, estudos, principalmente
com cereais, têm apontado a presença de fitatos como o responsável por essa retenção de minerais
(Torre et al., 1991). A fonte da fibra pode ser um fator importante no balanço de minerais (Nair
et al., 2010); componentes presentes na beterraba parecem aumentar a absorção de ferro e zinco
(Fairweather-Tait e Wright, 1990), enquanto outros alimentos ricos em fibra e minerais não
comprometem o balanço mineral. A produção de ácidos graxos de cadeia curta pela fermentação
dos frutanos facilita a absorção do cálcio e interfere no metabolismo ósseo (Roberfroid, 2007;
Souza et al., 2010).
A menor velocidade de esvaziamento gástrico pode ser decorrência direta do alimento no estômago,
ou um efeito indireto de hormônios liberados em várias regiões do trato intestinal, após a passagem
do alimento pelo esfíncter pilórico. O efeito de saciedade produzido pela FA de uma refeição pode
proporcionar menor ingestão de alimentos na refeição subsequente, resultando em menor ingestão
energética. Vários mecanismos têm sido propostos para explicar essa resposta: o esvaziamento
gástrico retardado; os efeitos de hormônios gastrintestinais reguladores de apetite; a moderação
dos níveis de glicose plasmática através da redução da resposta insulínica pós-prandial (Mattes et
al., 2005; Buttriss e Stokes, 2008; Karhunen et al., 2010). A FA pode, ainda, afetar a fase cefálica
e a gástrica pela propriedade de formação de volume, enquanto a viscosidade pode afetar tanto a
fase gástrica quanto a intestinal; dessa forma, modifica processos de ingestão, digestão e absorção,
influenciando a saciação (satisfação que se desenvolve durante a refeição, levando à interrupção
desta) e a saciedade (estado que inibe o consumo de nova refeição, consequência da alimentação
anterior) (Slavin e Green, 2007; Benelam, 2009).

Tabela 2. Fibra alimentar: propriedades, local de ação, implicações.

Propriedades Atuação no intestino delgado Implicações


Retarda a digestão e absorção de
Retenção de água Aumenta o volume na fase aquosa do conteúdo intestinal carboidratos e lipídios
Aumenta o volume Promove a absorção de nutrientes no
Volume Altera a mistura do conteúdo intestino mais distal
Retarda a entrada do conteúdo gástrico Associação com redução do colesterol
Viscosidade Altera a mistura e difusão plasmático e alteração da resposta glicêmica
Adsorção e ligação de Aumenta excreção de ácidos biliares ou outros compostos ligados Reduz o colesterol plasmático
compostos

Propriedades Atuação no intestino grosso Implicações


Aumenta a decomposição bacteriana de
Dispersão em água Permite penetração de micro-organismos na fase aquosa polissacarídeos
Aumenta a entrada de material fecal no intestino grosso Fornece substrato para microbiota, favorece efeito
Volume Afeta a mistura do conteúdo laxante e diminui a exposição a produtos tóxicos
Aumenta excreção desses compostos
Aumenta a quantidade de compostos, como ácidos biliares,
Adsorção e ligação Oportunidade de modificação da
presentes no intestino grosso microbiota de componentes
Aumento da microbiota Aumenta a massa bacteriana e os produtos de
Fermentação Adaptação da microbiota aos substratos polissacarídeos metabolismo (CO2, H2, CH4, AGCC*)

*Ácidos graxos de cadeia curta.

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Quanto maior a capacidade de retenção de água de uma fibra, maior será o peso das fezes e
menor o tempo de trânsito intestinal, o que pode provocar menor absorção de nutrientes e menor
aproveitamento energético. A motilidade do cólon e a aceleração do trânsito intestinal podem ser
explicadas de algumas formas. Com a fermentação, há produção de gases e aumento de volume
fecal, que distendem a parede da região e estimulam a propulsão (Cummings e MacFarlane, 2002);
a produção de ácidos graxos de cadeia curta (AGCC) também estimula a contração do cólon.
Outros fatores estariam relacionados à superfície de partículas sólidas, que estimulariam receptores
da submucosa, levando a maior propulsão (FAO/WHO, 1998). O aumento do volume fecal é uma
consequência da retenção de água e da proliferação da microbiota decorrentes da fermentação da
FA; a capacidade de retenção de água modifica a consistência das fezes e aumenta a frequência das
evacuações. Já a FA pouco fermentável e com menor capacidade de retenção de água participa da
manutenção da estrutura do bolo fecal no cólon (FAO/WHO, 1998).
A capacidade de associação da fibra aos ácidos biliares é uma ação local, mas que pode promover
efeitos na absorção de lipídios e no metabolismo do colesterol. Um dos mecanismos propostos para
a hipocolesterolemia é que, com a excreção de moléculas de colesterol através dos ácidos biliares
nas fezes, há necessidade de aumento de síntese desses ácidos a partir do colesterol presente na
circulação; outro é pela redução de síntese de colesterol, a partir da elevação do propionato, um dos
AGCC produzidos pela fermentação da FA no intestino grosso (Anderson e Chen, 1979; Anderson
et al., 2009).
Tanto a FA fermentável como a não fermentável têm efeito sobre a permeabilidade paracelular,
impedindo que macromoléculas pró-inflamatórias atinjam o meio interno. Diferentes mecanismos
podem estar envolvidos, um dos quais não depende da produção dos AGCC (Gray, 2006).
A fermentação colônica corresponde à degradação anaeróbia provocada pela microbiota intestinal
de alguns componentes da dieta que não são digeridos por enzimas intestinais, nem absorvidos no
trato gastrintestinal superior. Esse processo é modulado pela quantidade e estrutura do substrato
disponível, quantidade e espécies de bactérias do cólon e tempo de contato entre as bactérias e
o substrato (Goñi e Martín-Carrón, 2001, MacFarlane e MacFarlane, 2003). O substrato para a
fermentação, chamada fração não disponível dos alimentos, é constituído por FA, AR, proteína
resistente, oligossacarídeos, lipídios, polifenóis, outros componentes associados e também por uma
porção considerável de mucina, células epiteliais, enzimas e outros produtos de origem endógena
(Cummings e MacFarlane, 1991).
A microbiota intestinal é composta de micro-organismos benéficos, patogênicos e neutros, dos
quais 90% são micro-organismos anaeróbicos, bacteroides e bifidobactérias. As bifidobactérias
produzem vitaminas B1, B2, B6, B12, ácido nicotínico, ácido fólico e biotina, e têm também
efeito protetor sobre o fígado, ao evitar o predomínio de organismos patogênicos, produtores de
substâncias tóxicas. No intestino grosso, as bifidobactérias fermentam os carboidratos que não
foram digeridos no intestino delgado, formando gases (hidrogênio, dióxido de carbono, oxigênio,
amônia, metano) e produzindo ácido lático e AGCC, principalmente acetato, propionato e butirato
(Goñi e Martin-Carrón, 2001; Topping e Clifton, 2001; Menezes et al., 2010).
Os produtos da fermentação estimulam de forma seletiva a atividade e o crescimento de bactérias
benéficas (bifidobactérias e lactobacilos) e inibem, paralelamente, o desenvolvimento das

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12 Funções Plenamente Reconhecidas de Nutrientes - Fibra Alimentar / ILSI Brasil (2011)

patogênicas. Todos esses fatores levam à diminuição da síntese de carcinógenos, do risco de


câncer de cólon e de infecções bacterianas, além de evitar e tratar diarreias (Reyed, 2007). Alguns
efeitos dos AGCC são decorrentes da diminuição do pH do cólon; em pH ainda menor, acontece
a inibição da conversão de ácidos biliares primários a secundários por bactérias, diminuindo assim
seu potencial carcinogênico. A redução do pH local favorece também a absorção de minerais
(Salminen et al., 1998, Roberfroid, 2007) e pode interferir no metabolismo ósseo (Souza et al.,
2010). Outros efeitos são decorrentes dos AGCC, como o butirato, que é utilizado preferencialmente
como fonte de energia pelos colonócitos. Esse ácido graxo determina a atividade metabólica e o
crescimento das células, representando o fator primário protetor para os distúrbios do cólon (Gray,
2006; Roberfroid et al., 2010).
Os grãos integrais de trigo, aveia, cevada e centeio aumentam o peso das fezes e a velocidade do
trânsito intestinal, são fermentados a AGCC e modificam a microbiota intestinal. Em função dos
diferentes tipos de carboidratos presentes nos grãos integrais, o processo de fermentação é variado,
tanto na velocidade como nos efeitos produzidos. Os carboidratos do farelo de aveia (rico em β
glicanos) são fermentados mais rapidamente que os do farelo de centeio e trigo. As fibras dos grãos
integrais são fermentadas de forma mais lenta que a inulina, resultando em menor produção de
gases. Em humanos, os cereais matinais com grãos integrais (ricos em fruto-oligossacarídeos) têm
sido mais efetivos em elevar a concentração de lactobacilos e bifidobactérias que cereais matinais
à base de farelo de trigo (Slavin, 2010).
Quando determinados componentes da FA estimulam o crescimento de bactérias benéficas,
especialmente as bifidobactérias e lactobacilos, eles são denominados de prebióticos. A primeira
definição proposta por Gibson e Roberfroid (1995) foi: “Prebióticos são ingredientes alimentares
que não são digeridos e que afetam de maneira benéfica o hospedeiro por estimularem seletivamente
o crescimento e/ou a atividade de uma ou de um número limitado de bactérias do colón”. Com
o surgimento dos prebióticos, os frutanos e todo tipo de FA passaram a ser considerados como
componentes que apresentavam efeito prebiótico, mas na verdade nem todos os carboidratos que
fermentam podem ser classificados como tal. Assim, em 2004, foram estabelecidos critérios para a
classificação dos ingredientes como prebióticos: 1) ser resistente à acidez gástrica, à hidrólise por
enzimas de mamíferos e à absorção gastrintestinal; 2) ser fermentado pela microbiota colônica; 3)
estimular seletivamente o crescimento e/ou atividade de bactérias benéficas. Segundo Gibson et al.
(2004), são considerados prebióticos: inulina, fruto-oligossacarídeo, transgalacto-oligossacarídeo
e lactulose. Recente revisão sobre prebióticos, com mais de 450 referências, descreve a evolução
do conceito, bem como mostra que os produtos que causam modificação seletiva na composição e/
ou atividade da microbiota do trato gastrintestinal podem proporcionar efeitos benéficos no cólon
e também no compartimento extraintestinal ou contribuir para a redução do risco de doenças do
intestino ou sistêmicas (Roberfroid et al., 2010).

5. FIBRA ALIMENTAR E DOENÇAS CRÔNICAS NÃO TRANSMISSÍVEIS (DCNT)


A ingestão de FA está relacionada à redução de risco de desenvolvimento de diabetes, doenças
cardiovasculares, obesidade, câncer de cólon retal, síndrome do cólon irritável, constipação
e diverticulose, devido às suas propriedades físico-químicas (Tabela 2); além disso, a FA pode

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Funções Plenamente Reconhecidas de Nutrientes - Fibra Alimentar / ILSI Brasil (2011) 13

auxiliar na perda de peso, aumentar a saciedade, evitar a constipação intestinal, diminuir a glicemia
pós-prandial, entre outras (Buttriss e Stokes, 2008; Anderson et al., 2009; Quiang et al., 2009; Nair
et al., 2010).
De acordo com a WHO/FAO (2003), há evidências convincentes de que a ingestão de FA, bem
como de frutas e vegetais (por serem fontes de FA), reduz o risco de desenvolvimento de obesidade
e provavelmente de diabetes, doenças cardiovasculares (DCV) e alguns tipos de câncer (cavidade
oral, esofágico, gástrico e coloretal). Os grãos integrais estão relacionados à provável redução de
risco de DCV.
Com relação às DCV, provavelmente a FA diminui seu risco quando aliada a outros fatores,
como atividade física, consumo de frutas e hortaliças e controle de ingestão lipídica (Liu et al.,
2002; Pereira et al., 2004; Oh et al., 2005). Liu et al. (2002), em estudo prospectivo por seis anos
com cerca de 40 mil mulheres, utilizando questionário semiquantitativo de frequência alimentar,
concluíram que a alta ingestão de FA está relacionada à redução de DCV e infarto do miocárdio.
Os autores recomendam que o aumento de consumo de cereais integrais, frutas e vegetais em
geral é uma medida primária para a redução de risco. Na análise de dez estudos tipo coorte
realizados nos Estados Unidos e Europa (5.249 casos de doença coronariana e 2.011 mortes por
essa doença entre mais de 95 mil homens e 245 mil mulheres), concluiu-se que, para cada 10 g/
dia de ingestão de fibra de cereais integrais e frutas, houve uma redução de 14% de DCV e de
27% na mortalidade (Pereira et al., 2004). O mecanismo mais aceito para essa função protetora
da FA seria a hipocolesterolemia e hipoinsulinemia. A hipocolesterolemia pode ser decorrente da
adsorção dos ácidos biliares pela fibra ou inibição da biossíntese de colesterol no fígado devido aos
AGCC, principalmente propionato, produtos da fermentação (Pins e Kaur, 2006; Anderson et al.,
2009). Deve-se lembrar também que uma dieta com maior quantidade de FA tem menor densidade
energética, predispondo menos à obesidade, que também é fator de risco coronariano. A FA ainda
favorece fatores antitrombolíticos e status antioxidante.
Anderson et al. (2009) avaliaram dados de inúmeros estudos relacionando o risco relativo de
desenvolvimento de algumas DCNT e a ingestão de FA. Em sete estudos do tipo coorte, totalizando
158 mil indivíduos, constatou-se que houve prevalência 29% menor de desenvolvimento de DCV
entre os que tinham alta ingestão de FA, em comparação com indivíduos com menor ingestão; no
caso de acidente vascular cerebral, a prevalência foi 26% menor em quatro estudos com 134 mil
indivíduos que apresentaram alta ingestão de grãos integrais ou de FA.
A ingestão de quantidades adequadas de FA contribui para a redução do desenvolvimento de
diabetes tipo 2, principalmente pelo melhor controle na liberação de insulina. Alimentos com
elevado teor de FA têm absorção mais lenta, em função do retardo no esvaziamento gástrico e da
diminuição do tempo de trânsito intestinal, dessa maneira podem evitar picos glicêmicos (Salmeron
et al., 1997; Schulze et al., 2004). Em estudo prospectivo que durou mais de seis anos e com 65
mil enfermeiras saudáveis americanas, concluiu-se que dietas com alta carga glicêmica e pobre em
FA aumentam em 2,5 vezes o risco de desenvolver diabetes tipo 2 (Willett et al., 2002). A hipótese
de que a hiperglicemia pós-prandial, em pessoas não diabéticas, é um mecanismo universal para
a progressão de DCNT foi confirmada por meta-análise avaliando 37 estudos observacionais
(Barclay et al., 2008). Os autores concluíram também que dietas com baixo índice glicêmico e/ou

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14 Funções Plenamente Reconhecidas de Nutrientes - Fibra Alimentar / ILSI Brasil (2011)

carga glicêmica estão associadas independentemente com a redução de risco de certas DCNT. No
diabetes tipo 2 e na doença coronariana, a proteção é comparável com a observada no consumo de
cereais integrais e de alta ingestão de FA.
Em estudo de revisão sobre a prevalência da diabetes entre os americanos, constatou-se que a
alta ingestão de FA é importante na redução do desenvolvimento da doença, independentemente
de fatores como etnia e sexo. Analisando cinco estudos epidemiológicos, verificou-se que houve
redução de risco de desenvolvimento de diabetes na ordem de 19% quando havia alta ingestão de
FA; em outros onze estudos, totalizando 427 mil pessoas, essa redução foi de 29% para aquelas
com consumo elevado de cereais integrais e fibra de cereais. Esses dados indicam que pode haver
risco 62% menor de progressão da pré-diabetes para diabetes num período de quatro anos somente
com a elevação da ingestão de FA (Anderson et al., 2009).
Estudos comprovam que a elevada ingestão de FA pode diminuir o risco de obesidade quando
aliada à atividade física. Várias publicações relataram que a ingestão de quantidades adequadas
desse componente, participando de uma dieta equilibrada, estimula a perda de peso (Liu et al.,
2003; WHO/FAO, 2003; Pereira e Ludwig, 2001; Slavin, 2005).
O consumo de alimentos com elevado conteúdo de FA e reduzido aumento da resposta glicêmica
(ou baixo índice glicêmico) beneficia a perda de peso de duas formas: através da liberação de
peptídeos gastrintestinais que atuam sobre a saciedade (Mattes et al., 2005); regulando a ingestão
energética da refeição seguinte (Cani et al., 2006, Archer et al., 2004) e/ou promovendo a oxidação
lipídica. Além disso, a FA tem sido apontada como fator de saciação e saciedade, pois pode
promover distensão gástrica, redução do tempo de trânsito gastrintestinal e modulação de absorção
de nutrientes (Mattes et al., 2005). Esses fatores alteram os níveis de grelina, hormônio orexígeno
produzido pelo estômago, que responde a estímulos pré e pós-absortivos (Williams et al., 2003);
a grelina é alta antes do consumo, cai imediatamente após e começa a se elevar novamente aos 60
minutos.
Anderson et al. (2009) ponderam que há evidentes dados de ensaios biológicos com animais e
voluntários, além de dados epidemiológicos, indicando clara associação entre perda de peso e
elevada ingestão de FA, em função do retardo do esvaziamento gástrico, aumento da saciedade e
dos hormônios relacionados a ela; em quatro estudos coorte com 116 mil indivíduos, a ingestão
de FA reduziu em cerca de 30% o risco de ganho de peso. Estudos observacionais mostram que
os cereais integrais apresentam reduzida resposta glicêmica e esvaziamento gástrico prolongado,
o que eleva a saciação e saciedade, alterando a resposta hormonal pós-prandial (Seal e Brownlee,
2010).
A diminuição de risco do câncer provavelmente está envolvida com o consumo de frutas e hortaliças
(ricos em FA) (WHO/FAO, 2003; Nishida et al., 2004). A produção de AGCC e a acidificação do
ceco, decorrentes da fermentação, podem diminuir o risco de câncer cólon-retal. Outros estudos
têm associado a fermentação da FA à diminuição de produção de amônio (possível agente de
crescimento de células neoplásicas), em função da menor disponibilidade de nitrogênio que está
sendo utilizado pela microbiota intestinal e da menor produção de agentes pró-carcinogênicos,
como os ácidos biliares secundários. O aumento de volume fecal e a redução do tempo de trânsito
intestinal também podem reduzir o tempo de exposição a fatores carcinogênicos, assim como a

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Funções Plenamente Reconhecidas de Nutrientes - Fibra Alimentar / ILSI Brasil (2011) 15

ligação a hormônios esteroides que podem estar reduzidos na circulação.

6. INGESTÃO DE FA PELA POPULAÇÃO BRASILEIRA


Segundo a WHO/FAO (2003), as metas de ingestão alimentar propostas para a redução de risco
de DCNT enfatizam a ingestão adequada de FA. Com relação a carboidratos e FA, os carboidratos
totais devem corresponder de 55% a 75% da energia total, e a ingestão de FA total deve ser maior
que 25 g/dia ou que 20 g, no caso de polissacarídeos não amido. O consumo de frutas e hortaliças
deve ser maior que 400 g/dia.
Uma análise de doze estudos tipo coorte avaliou a ingestão de FA, entre 1993 e 2000, pela
população americana adulta, sendo 424.410 homens e 544.984 mulheres. Foi possível observar
que a ingestão média era de 16,7 g/dia para homens e de 15,6 g/dia para mulheres. Considerando
que a recomendação de ingestão adequada (IA) é de 14 g/1.000 kcal, ou uma média de 36 g/dia
para homens e 28 g/dia para mulheres, a ingestão de FA representava 50% da recomendação nos
Estados Unidos (Anderson et al., 2009).
O Brasil, pela sua extensão territorial, é um país com características peculiares, apresentando
hábitos alimentares regionais. Poucas são as informações sobre consumo alimentar nacional, e os
dados existentes geralmente referem-se a pequenos grupos ou regiões específicas, o que pode não
refletir o real perfil de consumo alimentar da população brasileira. Avaliações sobre ingestão de
FA em três estudos nos anos 2000 observaram uma ingestão média de 8,9 g/dia em 38 mulheres
adultas (Mello et al., 2010), 12,5 g/dia em 48 idosos de 65 a 89 anos (Salcedo e Kitahara, 2004) e
de 15,5 g/dia (mediana – segundo tercil) de 787 descendentes de japoneses residentes em Bauru/
SP (Sartorelli et al., 2005). Já em um inquérito realizado em 1990, com 559 adultos de 20 a 88
anos, moradores da cidade de Cotia/SP, foi observada uma ingestão média de 24 g/dia (Mattos e
Martins, 2000).
Menezes et al. (2001) fizeram uma estimativa de ingestão de FA calculada com base nos dados
de aquisição de alimentos de pesquisas da Fundação Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
(IBGE) nas décadas de 1970, 80 e 90, utilizando dados de FA em alimentos brasileiros disponíveis
na Tabela Brasileira de Composição de Alimentos – USP (www.fcf.usp.br/tabela) (USP, 1998). Foi
possível observar que a estimativa de ingestão de FA pela população brasileira caiu sensivelmente
nas refeições feitas em domicílio: de 19,3 g/dia (1970) e 16,0 g/dia (1980) para 12,4 g/dia (1990)
(Tabela 3).
Para a década de 2000, foram feitas duas estimativas, calculadas sobre os dados de aquisição de
alimentos das Pesquisas de Orçamento Familiar (POF) 2002/2003 (Brasil, 2004) e POF 2008/2009
(Brasil, 2010). Observa-se que a ingestão média de FA pela população brasileira foi da ordem de
15,4 g/dia e 12,5 g/dia, respectivamente. Dessa forma, a modesta elevação encontrada no início
dos anos 2000 não se manteve ao longo da década.

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16 Funções Plenamente Reconhecidas de Nutrientes - Fibra Alimentar / ILSI Brasil (2011)

Tabela 3. Ingestão estimada de carboidratos e fibra alimentar em seis Estados brasileiros, em


diferentes décadas (g/dia).

Carboidratos Fibra alimentar

  1970 1980 1990 2000 1970 1980 1990 2000


2002/3 2008/9 2002/3 2008/9
PA 273 234 225 259 219 18,7 16,9 15,7 18,0 16,1
RS 301 228 183 194 166 17,9 13,4 8,5 14,4 11,6
PE 286 228 250 218 189 21,7 17,7 15,3 18,7 13,7
MG 284 277 210 251 197 17,8 15,9 10,3 18,3 12,4
SP 276 235 158 170 141 18,8 15,3 9,3 11,2 9,5
RJ 285 234 238 154 155 20,8 16,7 15,0 12,1 11,7
Média 284 239 211 207 178 19,3 16,0 12,4 15,4 12,5
Dados de Menezes et al. (2001); Menezes e Giuntini (2008); Brasil (2004, 2010).

É interessante frisar que três alimentos – feijão, pão francês e arroz – respondem por mais de 60%
do total da FA ingerida pela população brasileira em todo o período, sendo que nas três primeiras
décadas esse percentual era de 65% e em 2008/2009 correspondeu a 61%. Desses alimentos,
somente o feijão poderia ser considerado fonte expressiva de FA, mas o pão e o arroz, em função
da regularidade e quantidade consumida, fornecem significativas quantidades de FA. Entre 1975 e
2009, o arroz polido teve redução de 54% na quantidade anual per capita disponível para consumo
no domicílio, passando de 31,6 kg/ano em 1975 para 14,6 kg/ano em 2009; o feijão teve sua
aquisição anual reduzida em 49% e o pão francês em 29%. Como esses alimentos tiveram seu
consumo reduzido ao longo das décadas, isso acarreta menor ingestão de carboidratos totais e,
consequentemente, de FA (Tabela 3).
Fontes tradicionais de FA, como hortaliças e frutas, tinham e ainda têm consumo reduzido no
Brasil, e são representados basicamente por tomate, cebola, alface, repolho, banana e laranja.
Resultados similares foram observados por Mattos e Martins (2000) em inquérito alimentar junto
à população adulta de uma região metropolitana de São Paulo.
A figura 1 mostra a contribuição de cinco grupos de alimentos fonte de FA, para o período de
2008/2009. As leguminosas, representadas pelo feijão, continuam fornecendo o maior aporte de
FA da dieta em todos os Estados brasileiros; no Pará, também é muito consumida a farinha de
mandioca, uma expressiva fonte de FA, já no Rio Grande do Sul, a farinha de trigo tem consumo
significativo.

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Funções Plenamente Reconhecidas de Nutrientes - Fibra Alimentar / ILSI Brasil (2011) 17

Figura 1. Contribuição estimada de fibra alimentar por diferentes grupos de alimentos em seis
Estados brasileiros de acordo com a POF 2008-2009 (Brasil, 2010).

Os dados da tabela 3 refletem a queda global da ingestão de FA entre o período de 1974/1975 e


2008/2009, resultante da mudança de hábitos alimentares da população, aliada a alterações no
estilo de vida, e característica de grandes centros populacionais, tanto que São Paulo é o Estado
com menor ingestão de FA e o que teve mais severa redução em 35 anos, de 18,8 g/dia na década
de 1970 para 9,5 g/dia em 2008/2009.
Na POF 2008/2009 (Brasil, 2010), observa-se que houve grande aumento de consumo de ovos,
alimentos preparados (principalmente massas) e alimentos industrializados, como molho de tomate;
e uma elevação também do consumo de bebidas não alcoólicas, biscoitos, alguns tipos de produtos
cárneos, óleos e gorduras. Entre os alimentos que contêm FA, verifica-se um discreto aumento no
consumo de aveia, frutas de clima temperado (principalmente uva) e pães industrializados, mas
não tão significativo para interferir no perfil de ingestão desse componente.
Cabe ressaltar que esses dados refletem a disponibilidade de FA de alimentos apenas no domicílio.
De acordo com as POFs 2002/2003 e 2008/2009, o percentual de gastos com alimentação fora do
domicílio, na região Sudeste, subiu de 27% para 37%, sendo 25% nas refeições principais. Sabe-se
que as refeições realizadas fora de casa não necessariamente fornecem quantidades significativas
desse componente, pois muitas vezes são compostas de sanduíches, frituras, massas e carnes,
alimentos que pouco podem contribuir com a ingestão diária de FA.
A estimativa de consumo domiciliar apresentada permite concluir que houve drástica redução
da ingestão de FA no Brasil entre 1974/1975 e 2008/2009, em especial nos Estados da região
Sudeste. Mesmo considerando que parte da população possa fazer algumas refeições fora de casa,
a recomendação de ingestão de FA não pode ser alcançada, pois a quantidade média ingerida
pela população brasileira – de 12,5 g/dia dentro do domicílio – representa apenas 50% das metas
preconizadas pela WHO/FAO (2003).

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18 Funções Plenamente Reconhecidas de Nutrientes - Fibra Alimentar / ILSI Brasil (2011)

7. ALEGAÇÕES DE PROPRIEDADES FUNCIONAIS


Segundo a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) (Brasil, 2008), a FA e algumas
frações específicas desta, como β glicanos (aveia), goma guar parcialmente hidrolisada (só para
espécie vegetal), dextrina resistente, FOS, inulina, polidextrose, lactulose, psillium (para Plantago
ovata) e quitosana, podem utilizar a alegação de propriedade funcional desde que a porção do
produto pronto para consumo forneça no mínimo 3 g de fibras (ou de fração específica) se o
alimento for sólido, ou 1,5 g de fibras (ou de fração específica) se líquido. Outras observações
devem ser adicionadas no rótulo do alimento, dependendo do tipo de FA, por exemplo: quantidade
de FA; quantidade da fração específica de FA (colocar logo abaixo da declaração nutricional de
FA); quantidade diária máxima para consumo, entre outros. Todas essas alegações sempre devem
ser complementadas com a frase relativa ao consumo associado a uma alimentação equilibrada e
hábitos de vida saudáveis.
A alegação permitida para FA é: “As fibras alimentares auxiliam o funcionamento do intestino.
Seu consumo deve estar associado a uma alimentação equilibrada e hábitos de vida saudáveis”.
Outros exemplos de alegações permitidas relativas a algumas frações de FA:
- “Os fruto-oligossacarídeos – FOS (ou a inulina) contribuem para o equilíbrio da flora intestinal”;
- “A β glicana (fibra alimentar) auxilia na redução da absorção de colesterol” (somente para aveia);
- “O psillium (fibra alimentar) auxilia na redução da absorção de gordura”;
- “A quitosana auxilia na redução da absorção de gordura e colesterol”.
No caso desses produtos na forma de cápsulas, tabletes, comprimidos e similares, os requisitos
acima devem ser atendidos na recomendação diária do produto pronto para o consumo, conforme
indicação do fabricante. Deve constar nos rótulos dos produtos a seguinte informação, em destaque:
“O consumo deste produto deve ser acompanhado da ingestão de líquidos”.
A Anvisa permite que “novos ingredientes”, como amido resistente com alto teor de amilose, FOS,
goma acácia (goma arábica), goma guar parcialmente hidrolisada, inulina, entre outros, quando
usados em produtos dispensados da obrigatoriedade de registro, esses produtos continuarão
dispensados da obrigatoriedade. Entretanto, esses ingredientes devem ser declarados na tabela de
informação nutricional como FA, não sendo permitido especificá-los abaixo da quantidade de FA.

8. MÉTODOS ANALÍTICOS - CODEX ALIMENTARIUS COMMISSION


Na 31ª. reunião do CCNFSDU (Codex Alimentarius, 2009), os métodos recomendados para análise
de FA foram distribuídos em quatro grupos:
1. Métodos gerais que quantificam a FA sem incluir a fração de baixo peso molecular (unidades
monoméricas ≤ 9)
- Quantificação de polissacarídeos resistentes solúveis e insolúveis, lignina e parede celular de
plantas3 – AOAC 985.29, AOAC 991.43, AOAC 992.16

3
Quantificação com perda de inulina, AR, polidextrose e maltodextrinas resistentes.

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Funções Plenamente Reconhecidas de Nutrientes - Fibra Alimentar / ILSI Brasil (2011) 19

- Quantificação de polissacarídeos resistentes, lignina e parede celular para alimentos com menos
de 2% de amido3 - AOAC 993.21
- Quantificação de FA como açúcares neutros, ácido urônico e lignina de Klason3 - AOAC 994.13
2. Métodos gerais que quantificam tanto a fração de alto (unidades monoméricas > 9) e de baixo
peso molecular (unidades monoméricas ≤ 9)
- Quantificação de polissacarídeos resistentes solúveis e insolúveis, maltodextrina resistente,
lignina e parede celular de plantas - AOAC 2001.034
- Quantificação de polissacarídeos resistentes solúveis e insolúveis, lignina, AR e oligossacarídeos
- AOAC 2009.01
3. Métodos que quantificam individualmente as diferentes frações ou componentes da FA
- Quantificação de fibras insolúveis em alimentos e produtos - AOAC 991.42
- Quantificação de (1→3) (1→4) β-D-glicanos - AOAC 992.28, AOAC 995.16
- Quantificação de fibras solúveis em alimentos e produtos - AOAC 993.19
- Quantificação de frutanos - AOAC 997.08; AOAC 999.03
- Quantificação de polidextrose - AOAC 2000.11
- Quantificação de transgalacto-oligossacarídeos - AOAC 2001.02
- Quantificação de AR - AOAC 2002.02
4. Outros métodos
- Quantificação de glicanas e mananas insolúveis de parede celular de levedura - Eurasyp
- Quantificação de fruto-oligossacarídeos - Ouarné et al., 1999
- Quantificação de polissacarídeos não amido - Englyst et al., 19944

9. CONCLUSÕES E DIREÇÕES FUTURAS


- A FA é um componente diferente dos demais nutrientes, pois não é digerida e absorvida no
intestino delgado e serve de substrato para a microbiota intestinal, exercendo inúmeros efeitos
positivos para o organismo humano.
- A FA tem importante participação na diminuição do risco de DCNT, em função das propriedades
físico-químicas dos diferentes componentes dessa fração.
- A FA não está presente só na parede celular, como se pensava no passado, mas no alimento como
um todo, podendo pertencer a três categorias de polímeros de carboidratos: 1. comestíveis, que
ocorrem naturalmente nos alimentos na forma como são consumidos; 2. obtidos de material cru
por meio físico, químico ou enzimático; 3. sintéticos; sendo que as duas últimas devem apresentar
comprovado efeito fisiológico benéfico sobre a saúde humana (Codex Alimentarius, 2010).

4
Quantificação com perda de AR.

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20 Funções Plenamente Reconhecidas de Nutrientes - Fibra Alimentar / ILSI Brasil (2011)

- A comunidade científica, formada por especialistas na área, concorda em manter um consenso


mundial em relação à inclusão dos carboidratos não disponíveis com 3 ou mais unidades
monoméricas e uma lista simplificada de, pelo menos, quatro efeitos benéficos da FA, na atual
definição de FA do Codex Alimentarius (Howlett et al., 2010).
- A decisão de inclusão de carboidratos não disponíveis com 3 ou mais unidades monoméricas
na definição de FA pode propiciar efetiva harmonização global da rotulagem nutricional, reduzir
barreiras junto ao comércio internacional e não interferir no entendimento do consumidor do que
é FA.
- Apesar da evolução das pesquisas sobre efeitos fisiológicos da FA, mais estudos são necessários
para ampliar o entendimento efeitos em ensaios de longa duração, bem como sobre a saúde do
trato gastrintestinal humano.
- A ingestão atual média nacional de FA não atinge 50% das recomendações preconizadas (WHO/
FAO, 2003); assim, esforços devem estar voltados para aumentar a ingestão desse componente
pela população.

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