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UNIVERSIDADE ANHEMBI MORUMBI

CAMPUS DE PIRACICABA

Curso de Nutrição

INFLUÊNCIA DO CONSUMO DE ADOÇANTES POLIÓIS NA SAÚDE

INTESTINAL

Piracicaba

2023
FABIANE SILVA

KARINA PREZOTTO

LUCIANA APARECIDA PINTO ALBARRACIN

MAEVA FERNANDA DE PAULA

PATRÍCIA SILVA DE SOUZA

INFLUÊNCIA DO CONSUMO DE ADOÇANTES POLIÓIS NA SAÚDE

INTESTINAL

Monografia apresentada à Universidade


Anhembi Morumbi - UAM, como exigência para
obtenção do título bacharel em nutrição.

Orientadora: Profa. Dra. Kelly Cristina Pagotto


Fogaça.

Piracicaba

2023
AGRADECIMENTOS

A Deus, pelas nossas vidas, e por nos permitir ultrapassar todos os obstáculos
encontrados ao longo da realização deste trabalho. Aos nossos familiares e amigos,
agradecemos por todo o apoio e encorajamento. Agradecemos aos nossos colegas
de turma por todas as trocas de experiências e conhecimentos que tivemos ao longo
dos quatro anos em que convivemos. Agradecemos à nossa professora e orientadora
Kelly Fogaça por toda dedicação e sabedoria compartilhada conosco, e agradecemos
a todo o corpo docente que contribuiu para nossa formação acadêmica e profissional.
RESUMO

Introdução: O interesse crescente na saúde levou ao aumento do consumo de


edulcorantes, substâncias que conferem doçura aos alimentos com menor teor
calórico. No entanto, há preocupações sobre o impacto na saúde intestinal,
especialmente com o uso de álcoois de açúcar, conhecidos como polióis. O objetivo
foi investigar como esses polióis afetam a saúde do intestino. Metodologia: Este
projeto acadêmico realizou uma revisão sistemática da literatura centrada na
utilização de edulcorantes da classe dos álcoois de açúcar. Para alcançar esse
propósito, foram consultadas fontes científicas nas plataformas Google Scholar,
Scielo, PubMed e Ebsco, identificando trabalhos publicados no período de 2014 a
2023. Durante a pesquisa bibliográfica, foram empregados termos específicos, como
"álcoois de açúcar", "intestino" e "edulcorantes", isoladamente e em combinações
pertinentes. Os artigos selecionados envolveram experimentos com adultos de ambos
os sexos, com idade entre 20 e 60 anos, que analisaram o uso de polióis e sua
influência na saúde intestinal no consumo pontual e não na frequência. Resultados:
Após a análise dos dados, constatou-se que doses a partir de 7g de xilitol provocam
desconfortos, tais como eructação (arrotos) e ruídos hidroaéreos. Nas doses de 17g
e 35g, não houve eructação, entretanto, foram observados ruídos hidroaéreos e
sensação de inchaço. De maneira semelhante, com os polióis manitol e sorbitol, os
sintomas foram detectados a partir de 10g do poliol, mas, neste caso, houve distensão
abdominal, flatulência e dor abdominal. No que diz respeito ao eritritol, a análise foi
conduzida com diferentes posologias, revelando sintomas a partir da ingestão de 10g,
como eructação, ruídos hidroaéreos e diarreia. Com as doses de 25g e 50g, os
sintomas assemelham-se aos do xilitol, manifestando-se com inchaço abdominal e
ruídos hidroaéreos. O manitol avaliou-se a dose de 35g em diferentes tempos sendo
em tempo 1 de 24h e tempo 2 de 48h foram observados sintomas como flatulência,
borborigmo seguidos de desconforto abdominal e inchaço em ambos os tempos,
entretanto, no tempo 2 de 48h a intensidade dos sintomas foram menores.
Conclusão: Verificou-se que os polióis xilitol, maltitol, sorbitol, eritritol e manitol
podem desencadear sintomas gastrointestinais (SGI), tais como sensação de inchaço,
ruídos hidroaéreos, eructação (arrotos) e diarreia. No entanto, este estudo revelou que
houve variações nos sintomas, dependendo da dose administrada, e que houve
influência intestinal. Além disso, destaca-se a variabilidade nas respostas individuais,
conforme a quantidade do poliol administrado, indicando a necessidade de
orientações personalizadas.

Palavras-Chave: Álcoois de açúcar, Edulcorantes, Intestino.


SUMÁRIO

1.INTRODUÇÃO ......................................................................................................... 7

1.1 XILITOL .............................................................................................................. 8

1.2 MANITOL ........................................................................................................... 9

1.3 SORBITOL ....................................................................................................... 10

1.4 ERITRITOL ...................................................................................................... 10

1.5 MALTITOL ....................................................................................................... 11

2.JUSTIFICATIVA ..................................................................................................... 13

3.METODOLOGIA..................................................................................................... 14

4.RESULTADOS E DISCUSSÃO.............................................................................. 15

5.CONSIDERAÇÕES FINAIS ................................................................................... 19

6.REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ....................................................................... 20


7

1.INTRODUÇÃO
Nos últimos anos com o aumento da prevalência de doenças metabólicas,
obesidade, diabetes mellitus, doenças cardíacas e sua ligação com o consumo de
alimentos ricos em açúcar e gordura, a indústria alimentícia vem surgindo com
alternativas para se adequar a nova preocupação do público, sem perder sabor nos
produtos. Entre as alternativas a classe de edulcorantes vem crescendo, sendo
dividida entre os adoçantes sintéticos ou naturais, e os de baixa ou nenhuma caloria
(Plaza-Diaz et al., 2020).
Dentre os edulcorantes naturais de baixa caloria, o grupo de álcoois de açúcar,
também conhecidos como polióis tem se tornado uma opção bastante utilizada para
a produção de doces, refrigerantes e balas (Ruiz-Ojeda et al., 2019). Os polióis são
hidratos de carbono de baixa digestão, derivados da hidrogenação das suas fontes de
açúcar ou xarope e são cerca de 25% a 100% tão doces quanto o açúcar, incluem
eritritol, hidrolisados de amido hidrogenado (às vezes listados como xarope de maltitol,
xarope de glicose hidrogenado, poliglicitol, poliglucitol ou simplesmente HSH),
isomalte, lactitol, maltitol, manitol, sorbitol e xilitol (Plaza-Diaz et al., 2020).
Os polióis são encontrados naturalmente em certas frutas, vegetais e
cogumelos e seu uso é considerado seguro e permitido pelos órgãos internacionais e
nacionais (ANVISA, 2008) apesar disso por serem carboidratos de baixa digestão em
algumas pessoas, o consumo excessivo de polióis pode causar sintomas
gastrointestinais, como gases ou efeitos laxantes, semelhantes à reação
gastrointestinal ao feijão e a certos alimentos ricos em fibras. Tais sintomas dependem
da sensibilidade do indivíduo e dos demais alimentos ingeridos ao mesmo tempo
(Ruiz-Ojeda et al., 2019).
Cerca de um terço dos polióis ingeridos na alimentação humana são absorvidos
no intestino delgado, e a quantidade de absorção varia de acordo com o tipo específico
de poliol. Acredita-se que os polióis sejam absorvidos por meio do processo de difusão
passiva, caracterizado pela translocação espontânea através da membrana celular
sem a necessidade de aporte energético adicional (Lenhart; Chey, 2017).
Essa baixa digestão dos polióis pode ser a causa de sintomas gastrointestinais citados
anteriormente, no entanto, é importante ressaltar que existe uma considerável
variabilidade no limiar de ingestão de poliol necessário para desencadear esses
sintomas gastrointestinais. Muitos adultos saudáveis, mesmo ao ingerirem doses
8

moderadas, não manifestam quaisquer sintomas. Esta resposta é semelhante à


relação observada entre a dose e a resposta, a qual tende a aumentar quando os
polióis são consumidos em conjunto com outros carboidratos. Por exemplo, a maioria
dos indivíduos saudáveis é capaz de tolerar pequenas doses de sorbitol por dia,
manifestando apenas um leve desconforto gastrointestinal, como flatulência ou
distensão abdominal. No entanto, doses maiores de sorbitol por dia podem ocasionar
sintomas mais acentuados, como dor abdominal e diarreia (Lenhart; Chey, 2017).
Por exemplo, os polióis dissacarídeos (lactitol) são geralmente mais tolerados
do que os polióis monossacarídeos (sorbitol), devido ao fato de estes últimos
exercerem uma maior carga osmótica no trato gastrointestinal, levando a um aumento
da concentração de água no cólon e a um consequente maior efeito laxante. O tempo
acelerado de trânsito intestinal observado com a ingestão de poliol também resulta
em aumento da osmose e retenção de água no lúmen do intestino delgado e se
correlaciona com aumento do desconforto abdominal em indivíduos saudáveis. Já o
eritritol é absorvido mais completamente do que os outros polióis, produzindo menos
sintomas intestinais. Isto pode ocorrer porque apenas uma pequena porção de eritritol
entra no cólon, exercendo, portanto, pouco efeito osmótico e produção limitada de gás
(Lenhart; Chey, 2017).
Embora a dificuldade de absorver os polióis provavelmente cause parte dos
sintomas, também há outros fatores que podem estar envolvidos, como o tipo de poliol
que é consumido, a forma como é consumido e a habilidade do intestino grosso de
reter água (Lenhart; Chey, 2017).
Entretanto, é importante que se avalie os benefícios e riscos relacionados aos
edulcorantes apresentados a fim de determinar se a substituição total do consumo de
açúcar é viável do ponto de vista nutricional, em especial na saúde intestinal que tem
impacto quase imediato à saúde do indivíduo.

1.1 XILITOL
O xilitol é um poliol ou álcool de açúcar branco ou transparente. Ele é obtido
através da hidrogenação da d-xilose e está presente em pequenas concentrações em
frutas vermelhas, vegetais e cogumelos, além de ser produzido em pequenas
quantidades pelo nosso organismo. O xilitol é utilizado em produtos como balas e
9

gomas de mascar sem açúcar, e é amplamente empregado pela indústria


farmacêutica em diversos produtos (Ruiz-Ojeda et al., 2019).
Estudos indicam que o xilitol apresenta características semelhantes às dos
prebióticos, pois uma pequena parte dele é digerida no intestino delgado e é
fermentada por microrganismos no cólon, o que estimula o crescimento e a atividade
metabólica de bactérias benéficas e a produção de ácidos graxos de cadeia curta,
como o butirato, propionato e acetato (Bordier et al., 2022).
Conforme a sociedade brasileira de diabetes (SBD), não existem
recomendações para uma ingestão diária aceitável (ida). No entanto, é aconselhável
ter cautela ao ingerir quantidades superiores a 30/40g por dia, uma vez que isso pode
causar desconfortos gastrointestinais, como inchaço, dores abdominais e diarreia
(Amodio, 2020).
Quando ingerido em grandes quantidades, o xilitol pode causar diarreia
osmótica, o que leva a crer de que ele é capaz de alterar a microbiota intestinal (Plaza-
Dias et al., 2020).

1.2 MANITOL
O manitol é extraído de fontes naturais e é encontrado abundantemente na
natureza, pois é produzido por bactérias, fungos, algas, leveduras e várias espécies
de plantas. Trata-se de um poliol com capacidade de adoçar, que varia de 50% a 70%
em relação à sacarose. Além disso, ele mantém sua estabilidade em altas
temperaturas. É amplamente empregado na indústria em produtos com sabor de
chocolate, como sorvetes e sobremesas instantâneas, bem como em alimentos
considerados "sem açúcar" (Duarte, 2021).
A dose diária recomendada para ingestão varia entre adultos e idosos,
dependendo do peso corporal e do estado de saúde de cada indivíduo. No entanto, é
geralmente aconselhado não ultrapassar 20g por dia (Antonik et al., 2020).
Na literatura, há sugestões de que o manitol pode ter um efeito laxativo se
consumido em quantidades acima das doses recomendadas. Isso ocorre devido ao
estímulo na produção de colônias de butirato e propionato. Embora não existam
estudos conclusivos sobre os efeitos do manitol na microbiota intestinal até o
momento, acredita-se que seu potencial como substrato pode estar relacionado a
10

esse sinergismo com a microbiota intestinal. No entanto, são necessárias mais


pesquisas para comprovar essa relação (Plaza-Dias et al., 2020).

1.3 SORBITOL
Sorbitol, também conhecido como D-glucitol, é um alditol de seis carbonos. O
sorbitol (INS:420) é o poliol mais amplamente encontrado na natureza, ocorrendo em
concentração relativamente elevada em frutas como pêssegos, maçãs, cerejas,
damascos, nectarinas e peras, além de estar presente em alguns vegetais. A
produção ocorre por meio da hidrogenação catalítica da glicose, utilizando gás
hidrogênio e oferta de níquel em altas temperaturas. Em condições alcalinas, o sorbitol
é obtido por redução eletroquímica da dextrose. O sorbitol possui poder adoçante
cerca de 60% em relação à sacarose, mas com menos calorias. Possui elevada
solubilidade em água, sendo até 20 vezes maior que a do manitol. Devido às suas
propriedades não cariogênicas, o sorbitol é amplamente utilizado em produtos
nutricionais destinados a pessoas com diabetes. (MSOMI, N. Z et al., 2021).
O Sorbitol ou D-glucitol é parcialmente absorvido na parte superior do sistema
digestivo, onde passa por processos de digestão, enquanto a porção não absorvida
sofre uma extensa fermentação em ácidos graxos de cadeia curta (AGCC) e gases
pela comunidade microbiana do cólon (Plaza-Dias et al., 2020).
Os indivíduos que o consomem podem experimentar sintomas gastrointestinais
leves, como produção de gases ou inchaço abdominal, ou sintomas mais graves
quando ingerem quantidades elevadas, como 20g por dia (Plaza-Dias et al., 2020).

1.4 ERITRITOL
Naturalmente abundante e amplamente encontrado na natureza, o eritritol
ganha cada vez mais importância na indústria alimentícia. Exemplo de sua presença
são algumas frutas e vegetais, como uvas e cogumelos, bem como em alimentos
fermentados como molho de soja (Regnat et al.,2018).
O eritritol (2R,3S-Butan-1,2,3,4-tetrol) pertence à família dos alcóois de açúcar,
também conhecidos como polióis, que são formados devido a processos de
hidrolisação do grupo aldeído ou cetona em vários carboidratos. (Regnat et al., 2018).
Esse poliol é muito utilizado com a função de adoçar alimentos com redução
11

de calorias, doces ou produtos de panificação. Por ser nutritivo e praticamente não


possuir calorias, lhe confere a vantagem de substituir bem o açúcar comum, o que
torna a sua produção desafiadora em comparação com outros polióis (Regnat et al.,
2018).
Considerado praticamente não calórico, o eritritol é próximo a zero caloria por
grama. Isso ocorre porque a maior parte do eritritol ingerido não é absorvida pelo
corpo, mas sim rapidamente excretada (24 horas) na urina, sem ser metabolizado
para fornecer energia. Por ter essa alta tolerância digestiva, o distingue de outros
polióis, pois é provável não haver efeitos colaterais laxativos, sintoma que é associado
após o consumo excessivo de polióis. (Calorie Control Council, 2021).

1.5 MALTITOL
O maltitol é um dissacarídeo e um poliol obtido da maltose por hidrogenação.
Ele é amplamente utilizado na indústria alimentícia para controlar a viscosidade e
textura dos produtos, regular o processo de cristalização, agir como agente corporal,
reter umidade, reduzir a atividade de água e melhorar a maciez. Sua doçura é de
aproximadamente 90% equivalente à sacarose, o que o torna semelhante à sacarose
em termos de propriedades. (Silva, A.; 2016).
Com relação ao sabor, o maltitol proporciona uma doçura agradável para quem o
consome, quase idêntica à da sacarose. No entanto, possui a vantagem de não causar
picos de insulina devido à sua baixa absorção no organismo. Em um estudo, foi
observado que o maltitol, quando combinado com frutooligossacarídeos (prebióticos
que auxiliam na regulação da flora intestinal) em produtos sem açúcar, reduziu
significativamente os níveis de resposta à insulina após as refeições (Respondek et
al., 2014).
Nos processos de caramelização e escurecimento, o maltitol não está
envolvido. Em comparação com outros polióis, tem menos efeito refrescante na boca
quando ingerido. É interessante notar que o maltitol pode ser usado não apenas como
substituto da sacarose, mas também como substituto de certos tipos de gordura, pois
confere ao alimento uma textura bastante cremosa (FAO/WHO, 2014).
Devido à sua baixa capacidade de absorver umidade do ar, conhecida como
higrospocidade, o maltitol é amplamente utilizado na fabricação de produtos de
panificação e em diversos itens da indústria alimentícia, incluindo aqueles isentos de
açúcar. Além disso, como outros polióis, o maltitol possui propriedades
12

anticariogênicas, pois não é metabolizado pelas bactérias presentes na boca e é


pouco absorvido no trato digestivo humano em comparação com a sacarose (Ibrahim,
2016).
Segundo Makinen (2016), a ingestão diária de 35 g de maltitol pode influenciar
a composição bacteriana promovendo o crescimento de bactérias benéficas, mas de
acordo com Grembecka (2015), o efeito negativo na microbiota intestinal pode ocorrer
com ingestões superiores a 25-30g como inchaço, flatulência e desconforto e em
relação ao valor aceitável para ingestão diária, a legislação brasileira não estabelece
um limite específico, considerando-o seguro pois pode variar de individuo para
individuo necessitando sempre o acompanhamento de um profissional.
13

2.JUSTIFICATIVA
Considerando o alto consumo de açúcar e o aumento do consumo dos
edulcorantes naturais de baixa caloria, o grupo de álcoois de açúcar também
conhecidos como polióis, esta revisão se torna justificada diante da prevalência do
uso desses edulcorantes pela população. Nosso estudo pretendeu analisar as
possíveis influências na saúde intestinal, buscando fornecer informações atuais sobre
o tema à população.
14

3.METODOLOGIA
Este projeto acadêmico foi conduzido a partir de uma revisão sistemática da
literatura, centrada na utilização de edulcorantes pertencentes à classe dos álcoois de
açúcar, também conhecidos como polióis, e seu potencial em influenciar a saúde
intestinal no consumo pontual, porém não foi considerada a frequência de uso. Para
alcançar esse objetivo, foram utilizadas fontes científicas, a partir das plataformas
Google Scholar, Scielo, PubMed, Ebsco, elencando trabalhos publicados no intervalo
temporal de 2014 a 2023.
No decorrer da pesquisa bibliográfica, foram empregados termos específicos,
tais como "álcoois de açúcar", "intestino" e "edulcorantes", tanto de forma isolada
quanto em suas combinações pertinentes.
Os artigos escolhidos foram com experimentos em adultos, de ambos os sexos
e idade entre 20 e 60 anos, que tenham analisado o uso dessa categoria de
edulcorantes (polióis) junto à influência sobre a saúde intestinal, tanto em benefícios,
por serem considerados prebióticos naturais, quanto sintomas adversos, como
flatulência, dores abdominais, abdômen distendido e diarreias, sendo avaliado ainda
a dose dependente.
Os trabalhos desta revisão foram compilados em uma tabela descritiva, com
agrupamento de dados de acordo com eventuais benefícios ou efeitos adversos
associados ao consumo de álcoois de açúcar e a homeostase intestinal.
15

4.RESULTADOS E DISCUSSÃO
A seguir são descritos os achados da literatura pertinente à análise do consumo dos
polióis e seus efeitos na saúde intestinal (Tabela 1).

Tabela 1: Ensaios que abordam os protocolos com uso dos polióis.

Autores/ ano N Metodologia Resultados Conclusão


Doses (n = 12) Dose Conclui-se que a
presença de SGI,
Bordier et al. 12 Xilitol 7g
como eructação,
(2022) 7g Eructação (arrotos), n=2 ruídos hidroaéreos e
sensação de
17g Ruídos Hidroaéreos, n=9 inchaço, esteve
35g presente em
diferentes números
17g de participantes,
Avaliado: Sensação de inchaço, dependendo da
n=4 posologia.
SGI
Ruídos Hidroaéreos, n=8

35g

Sensação de inchaço,
n=4

Ruídos Hidroaéreos, n= 9

Doses (n=12) Dose 7g Houve a presença


Meyer- 12 de SGI, como
Gerspach et al. Xilitol Eructação (arrotos), n=1
eructação, sons
(2021) 7g Sons intestinais, n=9 intestinais e inchaço
em diferentes doses
17g administradas.
35g. Dose 17g

Inchaço, n=8

Avaliado: Sons intestinais, n=8

SGI

Dose 35g

Inchaço, n=1

Sons intestinais, n= 9
16

Autores/ ano N Metodologia Resultados Conclusão


Yao, et al. 21 Dose (n=21) Dose 10g Ocorreu a
(2014) Distensão abdominal, presença de SGI,
Manitol
como distensão
10g flatulência e dor
abdominal,
abdominal, n=5 flatulência e dor
Avaliado:
abdominal com a
SGI dose administrada.

Yao, et al. 21 Dose (n=21) Dose 10g Manifestou-se a


(2014) Distensão abdominal, presença de SGI,
Sorbitol
como distensão
10g flatulência e dor abdominal,
abdominal, n=4 flatulência e dor
Avaliado: abdominal com
SGI dose administrada.

Doses (n=12) Dose 10g Averiguou-se a


12 presença de SGI,
Bordier et al. Diarréia, n=1
como diarreia,
(2022) Eritritol Eructação(arroto), n=2 eructação, ruídos
hidroaéreos e
Ruídos hidroaéreos, n=9 sensação de
10g inchaço em
diferentes doses
25g Dose 25g administradas.
50g Sensação de inchaço,
n=4
Ruídos hidroaéreos, n=7
Avaliado:
SGI
Dose 50g
Sensação de inchaço,
n=4
Ruídos hidroaéreos, n=8
17

Autores/ ano N Metodologia Resultados Conclusão


36 Dose (n=36) Dose 35g em diferentes Se deu a presença
tempos de SGI, como
Maltitol
flatulência,
Respondek, et 35g. borborigmo,
Tempo 1 - 24hs
al. (2014) desconforto
Avaliado: abdominal e
> flatulência, borborigmo
SGI inchaço, com a
seguidos de desconforto mesma dose,
abdominal e inchaço. porém em tempos
diferentes.
Tempo 2 - 48hs

< flatulência, borborigmo


seguidos de desconforto
abdominal e inchaço.

SGI: Sintomas Gastrointestinais

Fonte: as autoras

Foram listados na tabela estudo clínicos realizados com os açúcares de poliol,


no estudo de Bordier, et al (2022) participaram do estudo 12 indivíduos com doses de
7, 17 e 35g de xilitol em três dias de estudo, neste ensaio foi observado que a dose
de 7g causou eructação (arrotos) em 2 participantes e ruídos hidroaéreos em 9
participantes, a dose de 17g causou sensação de inchaço em 4 participantes e ruídos
hidroaéreos em 8 participantes a dose de 35g causou em 4 participantes sensação de
inchaço e em 9 participantes ruídos hidroaéreos, em estudo semelhante, com 12
voluntários de Meyer-Gerspach et al (2021) utilizou as doses de 7, 17 ou 35 g de xilitol
em dias separados e pode observar que a administração de 7g de xilitol houve
eructação em 1 indivíduo e 9 indivíduos houve sons intestinais, em 17g observou-se
inchaço e sons intestinais em 8 indivíduos, em 35g apenas 1 indivíduo teve inchaço
e 9 sons intestinais. Desta forma podemos verificar que os autores corroboram da
mesma conclusão onde foi relatado, que há influência nos sintomas intestinais com
as doses de 7, 17 e 35g dependendo da dose utilizada e das individualidades dos
participantes.
Em outro estudo dos autores Yao, et al (2014) avaliou a influência em pessoas
saudáveis em um ensaio randomizado, duplo-cego, com 21 pessoas participando
18

utilizando 10g de manitol onde 5 participantes relataram ter tido distensão abdominal,
flatulência e dor abdominal, e com 10g de sorbitol 4 apresentaram os mesmos
sintomas, neste estudo não foi relatado eructação pelos participantes, entretanto,
neste estudo os polióis tiveram influência nos sintomas gastrointestinais, apesar do
número de participantes ser pequeno, houve relato de desconfortos.
No estudo de Bordier, et al (2022) foi realizado com eritritol com n de 12
participantes com doses de 10, 25 e 50g em três dias de estudo, foi observado que 1
participante teve diarreia com dose de 10g e 2 participantes tiveram eructação
(arrotos) e 9 participantes ruídos hidroaéreos com a mesma dose, com a ingestão de
25g houve sensação de inchaço em 4 participantes e ruídos hidroaéreos em 7
participantes, as doses de 50g causaram em 4 participantes sensação de inchaço e
em 8 participantes ruídos hidroaéreos, podemos observar que em relação aos outros
polióis apenas o eritritol causou diarreia em 1 participante.
Já no estudo de Respondek et al (2014), eles avaliaram a intensidade dos
desconfortos gastrointestinais do maltitol, 36 participantes utilizaram doses de 35g,
entretanto neste estudo foi avaliado o efeito em diferentes tempos no tempo 1 é
considerado o tempo de 24h onde foi observado maiores sintomas de flatulência,
borborigmo seguidos de desconforto abdominal e inchaço, no tempo 2 de 48h com a
mesma dose foram observados os mesmo efeitos gastrointestinais porém com
menores intensidade, desta forma podemos observar que os sintomas existem porém
diminuem conforme o tempo analisado.
Segundo Lenhart; Chey, (2017), há uma considerável variação entre os
indivíduos no limite de ingestão de polióis necessário para desencadear sintomas
gastrointestinais. Muitos adultos saudáveis, mesmo ao ingerirem doses pequenas,
podem não manifestar qualquer sintoma, a causa dos sintomas com polióis parece
depender da dose e do indivíduo.
Entretanto observamos que entre os polióis apresentados houve influência na
saúde intestinal causando desconforto gastrointestinais nos participantes. Bordier et
al (2022) relata que os polióis por serem digeridos em uma pequena parte no intestino
delgado e ser fermentado por microrganismo no colón, estimula a produção de
bactérias benéficas e a produção de ácidos graxos de cadeia curta produzindo
butirato, tendo características parecidas com os probióticos, contudo, o que
observamos com os ensaios clínicos disponíveis na literatura foram que eles podem
trazer desconfortos intestinais, a depender da posologia.
19

5.CONSIDERAÇÕES FINAIS
Em conclusão aos estudos analisados pudemos observar uma variedade de
sintomas em resposta ao consumo de polióis. A sensação de inchaço, ruídos
hidroaéreos, eructação, dor abdominal, distensão e diarreia foram alguns dos
sintomas encontrados nas pesquisas analisadas, variando conforme o tipo de poliól
consumido, como xilitol, eritritol, sorbitol, manitol e maltitol e suas quantidades.
Esses resultados destacam a importância de uma avaliação cautelosa ao
incorporar polióis na dieta, considerando a presença de efeitos gastrointestinais como
encontrados nos estudos analisados. A diversidade de sintomas observados ressalta
a necessidade de adequação particularmente para aqueles que podem ser mais
propensos a desconfortos gastrointestinais.
Essa variedade de resposta também ressalta a necessidade de maiores
pesquisas acerca dos efeitos do consumo de polióis, a fim de considerar se os
benefícios relacionados ao menor valor calórico se sobrepõem ao risco dos sintomas
gastrointestinais.
20

6.REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

AMODIO, M. Adoçantes. Qual a melhor escolha? Sociedade Brasileira de Diabetes.


Disponível em: https://diabetes.org.br/adocantes-qual-a-melhor-escolha/. Acesso em:
24 de setembro de 2023.

ANTONIK, N. et al. Characteristics of sweeteners used in foods and their effects


on human health.Pomeranian Journal of Life Sciences, vol.66, no.3, 2020, pp.57-65.
2020. Disponível em: https://doi.org/10.21164/pomjlifesci.723. Acesso em: 10 de
setembro de 2023.

Brasil, Ministério da Saúde – Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA), RDC


no 18, de 24 de mar. de 2008, Brasília, 25 de mar. 2008. Disponível em:
https://bvsms.saude.gov.br/bvs/saudelegis/anvisa/2008/rdc0018_24_03_2008.html
Acesso em 28 de setembro de 2023.

BORDIER, V.; et al. Absorption and Metabolism of the Natural Sweeteners


Erythritol and Xylitol in Humans: A Dose-Ranging Study. Molecular Science. Int.
J. Mol. Sci. 2022, 23, 9867. Disponível em:
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setembro de 2023.

CALORIE CONTROL COUNCIL. “Eritritol”, Polióis. Disponível em:


https://www.poliois.br.com/erythritol/ . Acesso em: 15 set. 2023.

DUARTE, A.; R.; C. Validação de um método analítico para a


determinação de polióis por cromatografia líquida de alta eficiência. Faculdade
de Ciências da Universidade do Porto, 2021. Disponível em:
https://repositorio-aberto.up.pt/bitstream/10216/138817/2/522433.pdf. Acesso em 08
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