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CENTRO DE TECNOLOGIA
DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA ELÉTRICA
CURSO DE ENGENHARIA ELÉTRICA
Fortaleza
Dezembro de 2010
ii
Área de concentração:
Sistema Elétrico de Potência.
Fortaleza
Dezembro de 2010
iv
AGRADECIMENTOS
Agradeço a meus pais pelo esforço e incentivo e suporte, e em especial a minha avó,
pelo amor incondicional.
Agradeço a meus amigos pelo apoio, dicas e brincadeiras e por todos os bons momentos
que vivermos na Universidade e fora dela.
The power quality demanded by customers is constantly growing, especially with regard to
continuity of supply. With this in view, the electric utility industries have invested in
technologies and processes to make the electric distribution system more reliable. Meanwhile
Automatic Restoration Systems play an important role regarding the improvement of power
quality at the time that provides alternatives to supply the electrical loads and in case of fault,
restrict the portions of the system turned off. This paper presents the concepts of power
quality, standardized values for various electric quantities and some configurations of
distribution networks, along with an explanation of protection and automation of distribution
systems. In order to improve continuity of supply distribution network of the Campus do Pici,
who belongs to the UFC, two proposals for the implementation of an Automatic System
Restoration in that facility are presented. The proposals were evaluated by studying the load
flows, short circuit currents, voltages and loads of lines under different conditions using the
simulation software Easy Power. Finally we presented the results of the two proposals.
SUMÁRIO
3.3.1 Seletividade 20
3.3.2 Rapidez ou Velocidade 22
3.3.3 Sensibilidade 23
3.3.4 Confiabilidade 23
3.3.5 Custo 24
3.4 Equipamentos de Proteção 24
3.4.1 Relés 24
3.4.2 Chaves-Fusíveis 25
3.4.3 Disjuntores 27
3.4.4 Religadores 28
3.4.5 Chaves Seccionalizadoras 29
3.5 Cálculo das Correntes de Falta 29
3.6 Automação da Proteção de Sistemas Aéreos de Distribuição 32
3.6.1 Motivação 32
3.6.2 Evolução 32
3.6.3 Arquitetura de um Sistema Digital de Automação (SDA) 33
3.7 Resumo do Capítulo 34
CAPÍTULO 4
RECOMPOSIÇÃO AUTOMÁTICA DO SISTEMA 34
4.1 Introdução 34
4.2 Self-Healing 35
4.2.1 Implementação 36
4.2.2 Comunicação 37
4.2.3 Operação 37
4.3 Requisitos para Implantação do Sistema de Recomposição Automática 40
4.3.1 Fluxo de Carga 40
4.3.4 Faseamento 44
4.4 Resumo do Capítulo 46
CAPÍTULO 5
ESTUDO DE CASO: RECOMPOSIÇÃO AUTOMÁTICA DA
REDE ELÉTRICA DO CAMPUS DO PICI 45
5.1 Introdução 45
xi
LISTA DE FIGURAS
Figura 5.1 – Gráfico com a demanda de potência ativa do Campus do Pici durante
o mês de setembro de 2010 retirado da ferramenta online disponíbilizada
pela COELCE aos clientes do grupo A. 45
Figura 5.2 – Demanda do dia 20 de outrubro de 2010 do Campus do Pici retirado
da ferramenta online disponíbilizada pela COELCE aos clientes do grupo A. 46
Figura 5.3 – Fator de potência registrado no mês de setembro de 2010 no Campus
do Pici obtido através da ferramenta online disponíbilizada pela COELCE
aos clientes do grupo A. 46
Figura 5.4 – Fator de potência do Campus do Pici no dia 20 de outrubro de 2010
obtido através da ferramenta online disponíbilizada pela COELCE aos
clientes do grupo A. 47
Figura 5.5 – Imagem de satélite do Campus do Pici. 48
Figura 5.6 – Diagrama unifilar simplificado do Campus do Pici com a posição do
disjutor da instalação e as chaves seccionadoras manuais. 49
Figura 5.7 – Diagrama da unifilar do Pici no Easy Power. 53
Figura 5.8 – Pontos estudados da rede para o caso base. 54
Figura 5.9 – Configuração da primeira proposta para um Sistema de
Recomposição Automática. 56
Figura 5.10 – Diagrama unifilar quando R1 alimenta a rede e C1 está fechada
interligando os dois lados do Campus. 57
Figura 5.11 - Diagrama unifilar para quando R2 alimenta a rede e C1está fechada
interligando os dois lados do Campus. 58
Figura 5.12 - Diagrama unifilar para quando R1 alimenta a rede e C2 está fechada
interligando os dois lados do Campus. 59
Figura 5.13 - Diagrama unifilar para quando R2 alimenta a rede e C2 está fechada
interligando os dois lados do Campus. 60
Figura 5.14 – Diagrama da rede do Campus do Pici para a segunda proposta de um
Sistema de Recomposição Automática. 62
Figura 5.15 – Diagrama do cenário onde o trecho 1 da rede do Campus do Pici está
sob falta. 64
Figura 5.16 - Diagrama do cenário onde o trecho 2 da rede do Campus do Pici está
sob falta. 65
Figura 5.17 - Diagrama do cenário onde o trecho 3 da rede do Campus do Pici está
sob falta. 66
xiv
Figura 5.18 - Diagrama do cenário onde o trecho 4 da rede do Campus do Pici está
sob falta. 67
Figura 5.19 - Diagrama do cenário onde o trecho 5 da rede do Campus do Pici está
sob falta. 68
Figura 5.20 - Diagrama do cenário onde o trecho 6 da rede do Campus do Pici está
sob falta. 69
xv
LISTA DE TABELAS
Tabela 22. Resultados do cenário onde o trecho 6 da rede do Campus do Pici está
sob falta 69
Tabela 23. Dados agrupados das simulações da segunda proposta 70
xvii
2F Bifásico
3F Trifásico
AT Alta Tensão
BT Baixa Tensão
FP Fator de Potência
FT Fase-Terra
MT Média Tensão
NA Normalmente Aberto
NF Normalmente Fechado
SE Subestação
TA Tensão de Atendimento
xviii
TC Transformador de Corrente
TL Tensão de Leitura
TP Transformador de Potencial
TR Tensão de Referência
CAPÍTULO 1
INTRODUÇÃO
O sistema elétrico assim como outros é passível de defeitos1, faltas2 e falhas3. Dada a
importância da eletricidade para a sociedade moderna, a tolerância por parte dos
consumidores para falhas tem diminuído drasticamente, obrigando os profissionais que lidam
com proteção a desenvolver soluções para contornar e se possível eliminar possíveis
problemas que possam afetar o fornecimento de energia. Sobretudo nos sistemas de
distribuição, o uso de tecnologias e desenvolvimento de sistemas de recomposição automática
têm sido propostas para melhorar a disponibilidade, confiabilidade, segurança e qualidade de
fornecimento [1], visando atingir elevados níveis em indicadores como a Duração Equivalente
de Interrupção por Unidade Consumidora (DEC) e Freqüência Equivalente de Interrupção por
Unidade Consumidora (FEC).
Pela capilaridade e presença em perímetro urbano, o seguimento de distribuição através
de rede aérea com cabos nus está sujeito a diversos tipos de faltas, já que suas linhas estão
constantemente expostas a acidentes automobilísticos, queda de árvores, vandalismo e
intempéries. Estas podem ser de natureza permanente ou transitória. As faltas de natureza
permanente muitas vezes exigem reparos no sistema elétrico para que o fornecimento seja
restaurado como, por exemplo, a queda de um poste ou rompimento de um cabo. No segundo
caso, ocorre desligamento temporário do sistema no momento do evento que causou a falta,
seguido da restauração do serviço. Historicamente as faltas temporárias representam entre
80% e 90% das faltas no sistema elétrico de distribuição [2].
Para diminuir o impacto de faltas transitórias, usualmente são utilizados religadores,
equipamentos que ao detectar uma corrente de curto interrompem o circuito
momentaneamente e religam-no novamente. Se a causa original da falta for extinta, o
fornecimento é restabelecido. Estes dispositivos são programados para um determinado
número de aberturas, após este ser atingido seus terminais permanecem abertos o que
caracteriza uma falta permanente. Ocorre ainda a associação destes com seccionalizadores,
1
Defeito – Qualquer anormalidade detectada em uma instalação/equipamento que não o impossibilite de
permanecer em funcionamento ou disponível para operação, mas que afete o grau de confiabilidade e ou
desempenho da instalação/equipamento.
2
Falta – É uma ocorrência acidental e subida ou defeito que pode resultar em falha do próprio equipamento ou
outros elementos associados.
3
Falha – Término da aptidão de um elemento do sistema elétrico de desempenhar sua função.
2
chaves que abrem de acordo com uma contagem do número de religamentos e com chaves
fusíveis ao longo dos alimentadores do sistema de distribuição primária em média tensão [3].
Como reforço à segurança do sistema e para uma melhoria do serviço a topologia radial
vem sendo substituída pela radial com recurso e as concessionárias têm utilizado o encontro
de alimentadores e linhas de transmissão em anel. Devido à popularização de tecnologias de
comunicação, automação e a evolução dos relés de proteção, a tendência é que sistemas antes
supridos apenas por um alimentador com proteção stand alone, sem sistemas de supervisão e
monitoramento em tempo real, passem a ser interligados por uma rede inteligente capaz de
alterar o caminho percorrido pelo fluxo de potência pelo comando de abertura e fechamento
de religadores e seccionalizadores de forma automática, seja pela utilização de um controlador
embarcado [1] ou por Sistema de Reposição Automático integrado ao Sistema Supervisory
Control and Data Aquisition (SCADA) no Centro de Controle do Sistema - CCS.
Para atuar corretamente é necessário que os dispositivos e equipamentos de proteção,
comando e controle utilizados disponibilizem as medições de grandezas e registro de eventos
que servirão de subsídio para a tomada de decisão, visando à recomposição do sistema
baseado na análise dos dados. Tais experimentos vêm sendo realizados em sistemas reais,
como citado em [1] e [4], proporcionando em casos de sobrecarga ou mesmo de faltas de
longa duração a reconfiguração do sistema, garantindo a continuidade de serviço.
1.1 Justificativa
impossibilidade dos professores de ministrar aulas. Dentro deste contexto, este trabalho
apresenta propostas para modernização do sistema elétrico da UFC, visando à melhoria da
confiabilidade, disponibilidade e continuidade de serviço das instalações elétricas do Campus
do Pici além de possibilitar a criação de um grande laboratório de automação e de sistemas de
proteção para ser utilizado pelos alunos do curso de Engenharia Elétrica.
1.2 Objetivos
equipamentos como disjuntores, relés e religadores são descritos e uma breve explicação
sobre cálculo de correntes de curto circuito em sistemas radiais é mostrada.
O capítulo 4 trata de Sistemas de Recomposição Automática. É mostrada a
recomposição manual de sistemas de distribuição através de exemplos e o conceito de Self-
Healing é apresentado juntamente com os estudos necessários para sua implementação.
O capítulo 5 detalha o estado da rede de distribuição do Campus do Pici e mostra suas
características de demanda e fator de potência. São feitas simulações para duas propostas de
sistemas de recomposição automática.
Por fim há a conclusão do trabalho com uma análise das propostas de melhoramento da
rede de distribuição do Campus do Pici e os benefícios trazidos caso uma das propostas seja
posta em prática. São ainda mostrados trabalhos futuros que podem contribuir para expandir e
melhorar o Sistema de Recomposição Automática proposto nesta monografia.
5
CAPÍTULO 2
4
MUSD - Montante de Uso do Sistema de Distribuição
7
Conforme ilustrado na Figura 2.1, este tipo de topologia não contempla encontro de
alimentadores, ou seja, não existe a possibilidade da carga de um alimentador ser fornecida
por outro alimentador em uma condição de emergência.
Atualmente esta é a configuração mais utilizada na rede de distribuição, tendo em vista
o menor custo de instalação (menor quantidade de condutores para atender a mesma
quantidade de clientes). A grande desvantagem desta topologia é sua menor confiabilidade,
pois se uma falta ocorrer no tronco do alimentador todos os clientes serão desligados.
Conforme ilustrado na Figura 2.2, a chave Normalmente Aberta (NA) representa uma
seccionadora manual ou automática ou uma Unidade Terminal Remota (URT) de encontro de
alimentador que pode ser operada, mudando seu estado para Normalmente Fechada (NF), via
comando local ou remoto. Isto significa que através deste recurso de chaveamento de
encontro de alimentadores, tanto a Subestação (SE) A quanto a SE B podem suprir a carga
uma da outra em caso de emergência. Este recurso operacional pode ser utilizado tanto no
momento de uma manutenção na rede elétrica, como na ocorrência de uma falta em uma das
SE’s ou nos alimentadores. Para evitar falta de energia aos consumidores por um longo
período, normalmente as empresas isolam a parte afetada pela falta, e fecham a chave de
encontro de alimentadores, garantindo assim a continuidade de serviço. Este procedimento
pode ser realizado de forma automática ou manual [9].
Esta topologia é muito utilizada com o objetivo de melhoria da continuidade de
fornecimento, aumento da confiabilidade e do número de possibilidades que podem ser
exploradas pela adição de subestações e alimentadores à configuração [9].
10
com as alterações que ocorrem no sistema elétrico e podem se manifestar na forma de desvio
de freqüência, problemas de tensão e anomalias nas formas de ondas das correntes, o que
pode levar a falhas ou à operação inadequada de equipamentos.
Para que a qualidade mínima da energia seja mensurada é necessário que requisitos
sejam atendidos, baseados em padrões pré-estabelecidos. Nos módulos 3 e 8 do PRODIST
são estabelecidos os requisitos mínimos e padrões de qualidade de energia para o sistema de
distribuição brasileiro. Para manter a rede elétrica dentro dos padrões de qualidade, as
empresas precisam investir em novas tecnologias como automação, mudança de estrutura de
rede, troca de equipamentos e realizar estudos para sua implantação. A seguir, as grandezas
utilizadas para mensurar a qualidade da energia e seus respectivos valores de referência e
limites tolerados [11].
Tabela 3. Variação da tensão de atendimento para tensão nominal superior a 1 kV e inferior a 69 kV.
De acordo com o PRODIST, para tensões inferiores a 230 kV o fator de potência deve
situar-se entre 0,92 e 1 indutivo ou 1 e 0,92 capacitivo. O FP é calculado através da equação
(1).
P
FP = (1)
P2 + Q2
Em que:
FP = Fator de potência;
P = Potência ativa;
Q = Potência reativa.
2.4.3 Harmônicas
Distorções harmônicas são deformações nas tensões e correntes causadas por ondas de
freqüências múltiplas inteiras da freqüência para qual o sistema foi projetado, também
conhecido como freqüência fundamental, que no caso do Brasil é 60 Hz.
Sua existência no sistema de distribuição está relacionada principalmente ao crescente
número de inversores, fontes chaveadas, variadores de velocidade e outros dispositivos que
poluem a rede devido o seu consumo de correntes não senoidais [12].
Para determinar a quantidade de harmônicos na rede é utilizada a equação (2):
hmáx
∑V
h= 2
h
2
(2)
DTT = ×100
V1
Em que:
DTT é a distorção harmônica total;
Vh é a tensão harmônica de ordem h;
V1 é a tensão fundamental medida.
Tabela 5. Valores de referência da distorção harmônica total (em porcentagem da tensão fundamental)
1 − 3 − 6β
FD % = 100 (3)
1 + 3 − 6β
Sendo:
Onde:
FD% = o fator de desequilíbrio percentual;
Vab, Vbc, Vca = tensões de linha.
As variações de tensão de curta duração são grandes desvios no valor eficaz da tensão
em um curto intervalo de tempo. As variações de tensão são classificadas na Tabela 6.
Amplitude da tensão
(valor eficaz) em
Classificação Denominação Duração da variação
relação à tensão de
referência
Superior ou igual a
Variação Afundamento Superior ou igual a
um ciclo e inferior ou
momentânea de momentâneo de tensão 0,1 e inferior a 0,9 pu
igual a três segundos
tensão
Superior ou igual a
Elevação momentânea de
um ciclo e inferior ou Superior a 1,1 pu
tensão
igual a três segundos
Superior a 3 segundos
Interrupção temporária de
e inferior ou igual a 3 Inferior a 0,1 pu
tensão
minutos
Variação Superior a 3 segundos
Afundamento temporário Superior ou igual a
temporária de e inferior ou igual a 3
de tensão 0,1 e inferior a 0,9 pu
tensão minutos
Superior a 3 segundos
Elevação temporária de
e inferior ou igual a 3 Superior a 1,1 pu
tensão
minutos
15
∑ Ca(i) × t (i)
i =1 (5)
DEC =
Cc
k
∑ Ca(i)
i =1
(6)
FEC =
Cc
16
Onde:
DEC = duração equivalente de interrupção por unidade consumidora, expressa em horas
e centésimos de hora;
FEC = freqüência equivalente de interrupção por unidade consumidora, expressa em
número de interrupções e centésimos do número de interrupções;
Ca(i) = número de unidades consumidoras, atendidas em BT ou MT, interrompidas em
um evento (i), no período de apuração;
t(i) = duração de cada evento (i), no período de apuração;
i = índice de eventos ocorridos no sistema que provocam interrupções em uma ou mais
unidades consumidoras;
k = número máximo de eventos no período considerado;
Cc = número total de unidades consumidoras faturadas, do conjunto considerado, no
período de apuração, atendidas em BT ou MT.
CAPÍTULO 3
Figura 3.1 – Foto ilustrando os equipamentos e a estrutura de uma subestação tipo distribuição.
Figura 3.2 – Arco elétrico durante um falta em uma linha de transmissão [2].
Assim é necessário proteger o sistema contra defeitos que possam por em risco o capital
investido em equipamentos, o fornecimento de eletricidade e a vida de pessoas. Abaixo estão
os objetivos de um sistema de proteção [2]:
• Manter a integridade dos equipamentos;
• Isolar a parte afetada do restante do sistema;
• Garantir a segurança de pessoal;
• Assegurar a continuidade de serviço.
Um sistema de proteção é aquele ao qual estão associados todos os equipamentos
necessários para detectar, localizar iniciar e completar a eliminação de uma falta ou de uma
condição anormal de operação de um sistema elétrico [13].
Quando se fala em zonas de proteção, outros conceitos são importantes como proteção
principal e de retaguarda:
• Proteção principal: é proteção da qual se espera a iniciativa de operar em resposta
a uma falta eliminando esta falta dentro de sua zona protegida [13].
• Proteção de retaguarda: sistema ou parte do sistema de proteção destinado a
operar como substituto da proteção principal, caso ocorra uma falha desta, ou de
sua incapacidade de operar [13].
Na Figura 3.4 consta um exemplo de proteção principal e de retaguarda.
problema de coordenação ele não atuou. Assim coube a D1, a proteção de retaguarda, abrir
seus contatos e eliminar a corrente de falta.
3.3.1 Seletividade
Conforme pode ser observado na Figura 3.5, um sistema de proteção seletivo garante a
eliminação da falta, retirando do sistema apenas a parte afetada e garantindo a continuidade de
serviço aos consumidores.
A seletividade pode ser obtida através dos seguintes métodos:
21
Como pode ser visto na Figura 3.6, quanto menor a distância do local de
instalação da proteção em relação à geração, maior o tempo para atuação das
proteções, assim caso uma falta ocorra em algum ponto do sistema, fica garantido
a seletividade pois apenas o local onde ocorreu a falta será desligado pois o seu
tempo é menor.
• Seletividade amperimétrica: As proteções nas sucessivas zonas são ajustadas para
correntes de acordo com a seqüência dos equipamentos de proteção.
Características: difícil coordenação e discriminação, curto tempo de atuação,
necessita de uma grande impedância entre os relés de proteção do sistema para
garantir coordenação, apresenta limitações em aplicação com correntes de curto
muito elevadas.
• Seletividade lógica: É obtida através do envio de sinais digitais entre relés para
bloquear a atuação de um deles. Proporciona coordenação entre unidades
22
Figura 3.7 – Curvas de carga verus tempo para as faltas fase-terra, fase-fase, fase-fase-terra e trifásica [2].
Como pode ser constatado na equação (7), devido à magnitude da corrente envolvida,
uma grande quantidade de energia é consumida durante uma ocorrência, assim eliminar a falta
rapidamente significa diminuir os danos causados a e pessoas e equipamentos.
E = R × I cc2 × t (7)
23
Onde:
R = impedância do ponto de ocorrência da falta até a fonte;
Icc = corrente de curto;
t = tempo de duração da falta.
Em sistemas de distribuição usualmente as faltas não são eliminadas rapidamente, pois
são usualmente protegidos através de equipamentos de proteção coordenados através do
método cronométrico. Nos sistemas elétricos de Extra Alta Tensão (EHV) e geração são
utilizados uma maior quantidade de funções de proteção, proteções especiais e unidades de
proteção com atuações mais rápidas para limitar o impacto das faltas no sistema elétrico como
um todo.
3.3.3 Sensibilidade
I cc ,min
Fs = (8)
I pick −up
Onde:
Icc,min = menor valor da corrente de curto no extremo mais afastado da falta;
Ipick-up = corrente mínima especificada para operação do relé.
3.3.4 Confiabilidade
24
3.3.5 Custo
É obter a máxima proteção com o menor custo. Projetar um sistema de proteção que
satisfaça todos os requisitos de proteção fica muito dispendioso, devendo a empresa analisar a
relação custo/benefício para cada projeto.
3.4.1 Relés
25
3.4.2 Chaves-Fusíveis
A curva característica inversa de tempo x corrente do elo fusível define o tempo para
operação em cada nível de corrente de falta. Um exemplo de curva pode ser visto na Figura
3.10, na qual ela é representada por uma faixa entre duas outras curvas [8].
27
3.4.3 Disjuntores
Durante a abertura dos contatos surge um arco elétrico que deve ser extinto para que a
manobra seja efetuada com sucesso. Normalmente os disjuntores são classificados de acordo
com a tecnologia utilizada para extinção do arco, são os tipos comuns:
• Disjuntores a sopro magnético: usados em MT, até 24 kV, principalmente em
cubículos;
• Disjuntores a óleo: disjuntos de grande volume de óleo (GVO) são usados MT e
AT até 230 kV. Os disjuntores de pequeno volume do óleo (PVO) são utilizados
em MT até 63 kV;
• Disjuntores a vácuo: apropriado para usar em cubículos devido à boa relação
capacidade de ruptura/volume;
• Disjuntores a ar-comprimido: boas propriedades de extinção de arco em altas
tensões, alto custo devido à geração de ar comprimido, muito ruído para operação.
• Disjuntores a SF6 (Hexafluoreto de Enxofre): SF6 é inerte até 5000 ºC, incolor,
inodoro, não inflamável.
3.4.4 Religador
Figura 3.12 – Exemplo de aplicação de um religador utilizado na saída de alimentador de uma subestação [15].
3.4.6 Seccionalizador
Vbase 2
Z base = = 1,9044Ω (11)
Sbase
Z + Condutor
Z + Linha ( p.u.) = ⋅d (12)
Zbase
Z 0Condutor
Z 0 Linha ( p.u.) = ⋅d (13)
Zbase
Com os valores de (14) e (15) disponíveis basta aplicá-los nas equações para cada tipo
de curto. Mas antes de determinar cada corrente de curto é necessário calcular a corrente de
base do sistema que é [3]:
Sbase 100000000
I base = = = 4183, 6976 A (16)
3 ⋅Vbase 3 ⋅13800
De acordo com [3], de posse das impedâncias em p.u. as seguintes expressões devem
ser utilizadas para calcular as correntes de curto circuito:
• Curto circuito trifásico:
I base
I cc 3φ = (17)
Z +Total ( p.u .)
3 ⋅ I base
I ccφφ = (18)
2Z +Total ( p.u.)
3I base
I ccφt = (19)
( 2Z +Total ( p.u.) + Z0Total ( p.u.) )
3I base
I ccφt = (20)
( 2Z+Total ( p.u.) + Z0Total ( p.u.) + 3Rt ( p.u.) )
3.6.1 Motivação
3.6.2 Evolução
Antes da existência dos modernos IEDs, a automação era utilizada de forma limitada,
ficando restrita a sistemas de geração, transmissão e subestações de distribuição devido às
dificuldades impostas pela tecnologia. Eram necessárias unidades terminais remotas (UTR)
para aquisição de dados, estas interligavam relés eletromecânicos ou eletrônicos ao sistema
SCADA e o CCS. Havia ainda uma grande quantidade de cabos para levar sinais dos relés e
painéis e inúmeros equipamentos auxiliares [8].
33
Num SDA, como o apresentado na Figura 3.16, existem 4 níveis, que podem ser
descritos como:
• Nível 0: Corresponde ao nível de equipamento, do processo em si como
religadores, disjuntores, transformadores, etc;
34
CAPÍTULO 4
4.1 Introdução
Observando a Figura 4.1 e considerando uma falta permanente entre as chaves CH1 e
CH2 no tronco do alimentador após a corrente de falta ser extinta pela ação do religador é
possível citar 3 cenários para a re-energização do trecho livre de defeitos de acordo com o
funcionamento das chaves CH1, CH2, e CH8.
a) Chaves CH1, CH2, e CH8 são manuais: Neste caso seria necessário o deslocamento
de uma ou mais equipes de campo até as chaves CH1 e CH2, abrir as mesmas
isolando o trecho com defeito, em seguida a chave CH8 será fechada para que o
restante da rede seja alimentado pela SE B.
b) Chaves CH1, CH2 e CH8 são telecomandadas: Um operador no CCS através de
comandos via SCADA ordena a abertura de CH1 e CH2 e o fechamento de CH8.
c) Chaves CH1, CH2 e CH8 são dotadas de inteligência com funcionalidades de Self-
Healig: As chaves CH1 e CH2 abrem-se e a chave CH8 fecha-se automaticamente.
É fácil perceber que nos três casos a série de ações necessárias para pôr o sistema em
funcionamento ao menos parcialmente demanda tempos diferentes de acordo com o tipo de
chave empregada. No primeiro caso há a necessidade de deslocamento de equipes. De acordo
com [19] o tempo para chaveamento manual de cargas entre alimentadores pode variar de 50
a 80 minutos, o que é muito superior ao tempo mínimo estipulado para que uma falta seja
contabilizada pelos índices DEC e FEC que é de 3 minutos.
37
4.2 Self-Healing
4.2.1 Implementação
Figura 4.2 – Módulo controlador UIM da S&C instalado em controlador CAPM5 da NULEC [1].
38
Figura 4.3 – Religador da S&C com tecnologia Intelliteam de recomposição automática [1].
4.2.2 Comunicação
A comunicação é essencial para que o Self-Healing seja realizado, uma vez que a troca
de informações entre os equipamentos ditará as operações necessárias para o re-
estabelecimento do fornecimento. Com o intuito de obter a robustez necessária a esse tipo de
sistema uma rede peer-to-peer5 dever ser utilizada onde cada chave e religador inteligente é
um nó da rede. Assim, caso um dos equipamentos falhe e suas informações (estado dos
contatos, valores de corrente, tensão) não possam ser acessadas diretamente os equipamentos
restantes devem disponibilizá-las [1].
Quanto ao meio físico por onde a comunicação acontece, existem equipamentos que
utilizam rádio e outros usam fibra ótica, sendo o PLC (Power Line Communication) uma
alternativa que está em estudo para utilização em automação e supervisão de sistemas de
distribuição como pode ser visto em [20].
Outra possibilidade é a interligação do sistema de recomposição automática com o
sistema SCADA e o CCS. Um exemplo de topologia de comunicação pode ser visto na Figura
4.4.
5
Peer-to-peer ou rede ponto a ponto é uma arquitetura de sistemas distribuídos caracterizada pela
descentralização das funções na rede, onde cada nodo realiza tanto funções de servidor quanto de cliente [21].
39
4.2.3 Operação
Com o trecho em falta isolado, todos os controladores das chaves sob carga e
religadores devem trocar informações entre si sob estado dos contatos, se há tensão, níveis de
corrente, se foi detectada sobrecorrente, etc.
40
Figura 4.5 – Rede exemplo com sistema de recomposição automática e conceito Self-Healing.
A rede apresentada na Figura 4.5 é alimentada por duas subestações (A e B), possui 7
chaves sob carga (C1, C2, C3, C4, C5, C6, C7) e 2 religadores (R1 e R2), um para cada
barramento de subestação. T1, T2, T3, T4, T5 e T6 representam os trechos da rede
delimitados pelas chaves. T1, T2, T5 e T6 são alimentados pela SE A e T3, T4 pela SE B. As
Figuras 4.6 mostra a seqüência de eventos após a ocorrência de uma falta no trecho 1.
41
A solução do fluxo de potência passa pela solução de um sistema com 2(N-1) – (R-1)
equações e variáveis, onde N representa o número de barras e R o número de geradores, as
equações para potência ativa e reativa são respectivamente [23]:
N
0 = − Pi + ∑ Vi Vk ( Gik cos θik + Bik sin θik ) (21)
k =1
N
0 = −Qi + ∑ Vi Vk ( Gik sin θik − Bik cos θik ) (22)
k =1
Onde:
Pi é a potência ativa injetada na barra i;
Qi é a potência reativa injetada na barra i;
Gik é a parte real do elemento da matriz de admitância Y na i-ésima linha da k-ésima
coluna;
Bik é a parte imaginária do elemento da matriz de admitância Y na i-ésima linha da k-
ésima coluna;
|Vi| é o módulo da tensão na i-ésima barra.
|Vk| é o módulo da tensão na k-ésima barra.
θik é a diferença dos ângulos das tensões das i-ésima e k-ésima barras.
Para solução das equações não lineares do fluxo de potência a técnica mais utilizada é
um método numérico chamado de Método de Newton-Raphson que leva ao seguinte sistema
de equações [23]:
∆θ −1 ∆P
∆ V = − J (23)
∆Q
N
∆Pi = − Pi + ∑ Vi Vk ( Gik cos θik + Bik sin θik ) (24)
k =1
44
N
∆Qi = −Qi + ∑ Vi Vk ( Gik sin θik − Bik cos θik ) (25)
k =1
∂∆P ∂∆P
∂θ ∂V
J = (26)
∂∆Q ∂∆Q
∂θ ∂V
Onde:
Pi é a potência ativa injetada na barra i;
Qi é a potência reativa injetada na barra i;
Gik é a parte real do elemento da matriz de admitância Y na i-ésima linha da k-ésima
coluna;
Bik é a parte imaginária do elemento da matriz de admitância Y na i-ésima linha da k-
ésima coluna;
|Vi| é o módulo da tensão na i-ésima barra.
|Vk| é o módulo da tensão na k-ésima barra.
θik é a diferença dos ângulos das tensões das i-ésima e k-ésima barras.
∂∆P
é a derivada parcial de ∆P em relação a ao ângulo θ.
∂θ
∂∆Q
é a derivada parcial de ∆Q em relação a ao ângulo θ.
∂θ
∂∆P
é a derivada parcial de ∆P em relação a ao módulo da tensão V.
∂V
∂∆Q
é a derivada parcial de ∆Q em relação a ao módulo da tensão V.
∂V
Assim é possível determinar para a iteração m+1 a tensão e a magnitude dos ângulos
[23]:
θ m +1 = θ m + ∆θ (27)
m +1 m
V = V +∆V (28)
Onde:
45
N
Pi (V , θ ) = Vi ∑ ( Gik cos θik + Bik sin θik )Vk (29)
k =1
N
Qi (V ,θ ) = Vi ∑ ( Gik sin θik − Bik cos θik )Vk (30)
k =1
Onde:
Pi(V,θ) é a potência ativa injetada na barra i;
Qi é a potência reativa injetada na barra i;
Gik é a parte real do elemento da matriz de admitância Y na i-ésima linha da k-ésima
coluna;
Bik é a parte imaginária do elemento da matriz de admitância Y na i-ésima linha da k-
ésima coluna;
|Vi| é o módulo da tensão na i-ésima barra.
|Vk| é o módulo da tensão na k-ésima barra.
θik é a diferença dos ângulos das tensões das i-ésima e k-ésima barras.
4.3.2 Faseamento
Faseamento é um procedimento que tem por finalidade adequar os ângulos entre fases
do sistema, visando facilitar manobras entre alimentadores de uma mesma subestação, entre
alimentadores de subestações diferentes ou linhas de transmissão [9].
No sistema elétrico é necessário fechar encontros entre alimentadores para suprir cargas
por outros caminhos durante manutenções ou defeitos. Em sistemas de recomposição
automática também existe essa necessidade, e para que estes encontros sejam fechados
algumas condições devem ser observadas como freqüência, nível de tensão, e ângulo de
defasagem no ponto de encontro [9].
Caso o faseamento não seja feito, o encontro de alimentadores pode possuir as fases
invertidas. Existem diversas combinações:
• Um com seqüência direta (ABC) e outro com a seqüência inversa (ACB);
• Ambos podem estar na seqüência direta, mas com fases trocadas (ABC com BCA
ou com CAB);
• Ambos podem estar com a seqüência trocada (ACB com CBA ou com BAC).
Em sistemas faseados, a transferência de carga ocorre sem interrupção de energia. Se o
sistema está apenas seqüenciado então a transferência pode acontecer apenas com interrupção
do fornecimento. Não pode haver transferência de carga entre sistemas não seqüenciados [9].
CAPÍTULO 5
5.1 Introdução
Figura 5.1 – Gráfico com a demanda de potência ativa do Campus do Pici durante o mês de setembro de 2010
retirado da ferramenta online disponíbilizada pela COELCE aos clientes do grupo A.
Como pode ser visto na Figura 5.1 a instalação chegou a picos de demanda de 3,59MW
no dia 22 de setembro. Na Figura 5.2 consta a demanda para o dia 20 de outubro de 2010.
48
Figura 5.2 – Demanda do dia 20 de outrubro de 2010 do Campus do Pici retirado da ferramenta online
disponíbilizada pela COELCE aos clientes do grupo A.
Na Figura 5.2 é possível ver que enquanto a demanda durante o dia atinge seu valor
máximo de 3.3 MW por volta das 14 horas, durante a madrugada esta demanda gira em torno
de 1 MW.
Outro grave problema para a qualidade de energia da instalação é o baixo fator de
potência, que como pôde ser visto no capítulo 2, seção 4.2, deve situar-se entre 0,92 e 1
indutivo ou 1 e 0,92 capacitivo. Na Figura 5.3 consta o fator de potência da instalação durante
o mês de setembro de 2010.
Figura 5.3 – Fator de potência registrado no mês de setembro de 2010 no Campus do Pici obtido através da
ferramenta online disponíbilizada pela COELCE aos clientes do grupo A.
49
Na Figura 5.3 é possível notar os baixos valores do FP chegando inclusive a valores tão
baixos quanto 0,7 indutivo. Na Figura 5.4 há o gráfico do FP do dia 20 de outubro de 2010.
Figura 5.4 – Fator de potência do Campus do Pici no dia 20 de outrubro de 2010 obtido através da ferramenta
online disponíbilizada pela COELCE aos clientes do grupo A.
Na Figura 5.4 é possível notar a disparidade entre o FP durante o dia e durante a noite.
Entre 8 e 18 horas o FP fica acima do valor 0,92 indutivo normatizado no PRODIST. Durante
a madrugada o FP atinge seus valores mais baixos, em torno de 0,80 indutivo.
Outro grave problema da instalação é obsolescência dos equipamentos de proteção que
a muito deixaram de possuir os requisitos básicos de funcionamento deste tipo de sistema (ver
capítulo 3, seção 3).
A única proteção do alimentador é um relé eletromecânico, tecnologia ultrapassada, que
comanda um disjuntor principal. Ainda existem chaves fusíveis distribuídas na rede em
ramais e chaves seccionadoras manuais. Com esta configuração o Pici sofre constantes faltas
de energia, muitas vezes de longa duração, visto que seu sistema de distribuição é vulnerável
a faltas transitórias e permanentes que desligam o campus por completo. A grande quantidade
de árvores existentes no local contribui para que faltas à terra momentâneas se desdobrem em
desligamento da instalação por completo, pois não existem religadores e seccionalizadores
comandados por relés inteligentes e sob supervisão de um sistema SCADA.
Todos os problemas ocasionados pela vulnerabilidade da rede se desdobram em
prejuízos financeiros como queima de equipamentos, perda de experimentos em laboratórios,
impossibilidade dos professores de ministrar aula e o descontentamento geral da comunidade
50
Na Figura 5.6 consta o diagrama unifilar simplificado da rede do Campus do Pici após o
levantamento.
Figura 5.6 – Diagrama unifilar simplificado do Campus do Pici com a posição do disjutor da instalação e as
chaves seccionadoras manuais.
Os dados colhidos de cada simulação serão carregamento das linhas, tensões nas barras
e correntes de curto circuito.
Para simular utilizando o Easy Power foi necessário fornecer os dados do equivalente
do Sistema Elétrico onde a rede em estudo está ligada.
No Anexo 2 consta a Ordem de Ajuste de Proteção (OAP) do alimentador da subestação
da Coelce que alimenta o Campus do Pici. Lá está disponível a impedância reduzida na barra
da subestação e dos cabos que ligam o Campus. As impedâncias dos cabos estão listadas na
Tabela 8.
Tabela 8. Impedâncias dos cabos que interligam o Campus do Pici a subestação Pici da Coelce [Anexo 2].
a) Trecho 1:
b) Trecho 2:
c) Trecho 3:
Z +Total = Z + eq + Z + Linha = (0, 0032 + j 0, 7131) + (0,1272 + j 0,1759) = 0,1304 + j 0,889 pu (39)
55
Z0Total = Z0 eq + Z 0 Linha = (0, 0000 + j 0,5931) + (0, 2345 + j1, 4134) = 0, 2345 + j 2, 0065 pu (40)
Os valores encontrados através das equações (39) e (40) foram utilizados nas
simulações. A partir deles o Easy Power pode calcular as correntes de curto circuito em
qualquer parte do Campus do Pici.
5.5 Simulação
O caso base é a situação atual da rede do Pici. Na Figura 5.7 consta o digrama unifilar
desenhado no Easy Power para o caso base.
Para o caso base a simulação ocorreu com a configuração 1 da Tabela 7 (demanda 3,7
MW, FP 0,92 indutivo), representando o horário de pico em um dia típico do Campus do Pici.
Na Figura 5.8 constam os pontos da rede estudados.
6
A capacidade das linhas foi obtida pelo software Easy Power.
7
3F – Trifásico
8
2F - Bifásico
9
FT – Fase-Terra
57
Com os dados da Tabela 9 é possível ver que os pontos críticos, por onde passa todo o
fluxo de potência da rede, não estão sobrecarregados na configuração atual. Outra observação
é que o ramo onde o ponto 3 está situado é responsável pela maior parcela do fornecimento do
Campus do Pici. A tensão em toda a extensão da rede ficou acima de 13,68 kV (0,99 pu), o
que está dentro dos limites normatizados para sistemas de distribuição (ver Capítulo 2, seção
2.4).
Fazendo a simulação do mesmo caso, porém para a configuração de demanda 2
(demanda 5 MW, FP 0,92 indutivo), foi obtida a Tabela 10.
Tabela 10. Dados obitidos da simulação do caso base com a configuração 2 da Tabela 7.
Capacidade
Fluxo Corrente Carregamento
Ponto da linha
(kVA) (A) (%)
(A)
1 5.439,51 227,57 239 95,2%
2 1.595,87 66,93 165 40,6%
3 3.736,76 156,73 200 78,4%
Como foi dito anteriormente a configuração atual da rede apresenta diversos problemas
quanto à proteção, pois uma falha em qualquer ponto da instalação desliga por completo o
Campus. A primeira configuração estudada é apresentada na Figura 5.9, para a simulação foi
utilizada a configuração 1 da Tabela 7 (demanda 3,7 MW, FP 0,92 indutivo).
58
Tabela 11. Resultados para o caso onde ambos os religadores estão fechados.
Capacidade
Corrente Carregamento Corrente de Corrente de Corrente de
Ponto da linha
(A) (%) Curto 3F (A) Curto 2F (A) Curto FT (A)
(A)
R1 73,79 200 36,9% 4.516 3.911 3.198
R2 93,94 165 56,9% 4.553 3.943 3.222
S1 12,19 165 7,4% 3.190 2.762 2.318
S2 1,16 165 0,7% 3.752 3.249 2.698
Figura 5.10 – Diagrama unifilar quando R1 alimenta a rede e C1 está fechada interligando os dois lados do
Campus.
60
Tabela 12. Resultados para o caso onde R1 protege a rede e C1 está fechada.
Capacidade
Corrente Carregamento Corrente de Corrente de Corrente de
Ponto da linha
(A) (%) Curto 3F (A) Curto 2F (A) Curto FT (A)
(A)
R1 168,5 200 84,3% 4.516 3.911 3.198
S1 12,22 165 7,4% 3.465 2.999 2.504
S2 1,16 165 0,7% 3.752 3.249 2.698
C1 94,51 165 57,3% 3.964 3.433 2.839
Nesta situação R1 está aberto, assim para manter o fornecimento em toda a rede C1
interliga os dois alimentadores.
A menor tensão observada foi 13,62 kV (0,987 pu), o que também está dentro dos
valores permitidos. O carregamento aumenta em R1, pois agora toda a rede é suprida por este
alimentador, porém permanece em nível seguro.
Figura 5.11 - Diagrama unifilar para quando R2 alimenta a rede e C1 está fechada interligando os dois lados do
Campus.
61
Tabela 13. Resultados para o caso onde R2 protege a rede e C1 está fechada.
Capacidade
Corrente Carregamento Corrente de Corrente de Corrente de
Ponto da linha
(A) (%) Curto 3F (A) Curto 2F (A) Curto FT (A)
(A)
R2 169,22 165 102,6% 4.553 3.943 3.222
S1 12,28 165 7,4% 3.190 2.762 2.118
S2 1,18 165 0,7% 2.817 2.439 2.060
C1 74,86 165 45,4% 3.580 3.101 2.584
Nesta situação R2 está aberto, assim para manter o fornecimento em toda a rede C1
interliga os dois alimentadores, esta é a situação oposta à anterior. Como pode ser visto na
Tabela 13, há um trecho em sobrecarga, ele é representado na Figura 5.11 por um traço mais
forte logo após o religador R2. Isso ocorre, pois a bitola do cabo da rede deste trecho é menor
que aquela do outro alimentador (25mm² e 35mm² respectivamente). Fica evidente que esta
configuração para a atual demanda do Campus (3,7 MW) já está no seu limite.
A menor tensão observada foi 13,54 kV (0,98 pu), o que está dentro dos limites
permissíveis para sistemas de distribuição (Capítulo 2, seção 2.4).
Figura 5.12 - Diagrama unifilar para quando R1 alimenta a rede e C2 está fechada interligando os dois lados do
Campus.
62
Tabela 14. Resultados para o caso onde R1 protege a rede e C2 está fechada.
Capacidade
Corrente Carregamento Corrente de Corrente de Corrente de
Ponto da linha
(A) (%) Curto 3F (A) Curto 2F (A) Curto FT (A)
(A)
R1 169,46 200 84,7% 4.516 3.911 3.198
S1 12,29 165 7,4% 3.406 2.950 2.465
S2 1,17 165 0,7% 3.752 3.249 2.698
C2 95,39 165 57,8% 3.476 3.010 2.513
Nesta situação R1 está aberto e C1 também está aberta, assim para manter o
fornecimento em toda a rede C2 interliga os dois alimentadores.
A menor tensão observada foi 13,48 kV (0,977 pu), dentro dos limites estabelecidos
pela norma (Capítulo 2, seção 2.4).
Figura 5.13 - Diagrama unifilar para quando R2 alimenta a rede e C2 está fechada interligando os dois lados do
Campus.
63
Tabela 15. Resultados para o caso onde R2 protege a rede e C2 está fechada.
Capacidade
Corrente Carregamento Corrente de Corrente de Corrente de
Ponto da linha
(A) (%) Curto 3F (A) Curto 2F (A) Curto FT (A)
(A)
R2 169,8 165 102,9% 4.553 3.943 3.222
S1 12,33 165 7,5% 3.190 2.762 2.318
S2 1,19 165 0,7% 2.525 2.187 1.855
C2 75,34 165 45,7% 3.153 2.731 2.293
Também durante a simulação ficou evidente que caso esta proposta seja implantada será
necessário a troca dos condutores em partes da rede que ficaram sobrecarregados em alguns
cenários.
Figura 5.14 – Diagrama da rede do Campus do Pici para a segunda proposta de um Sistema de Recomposição
Automática.
Tabela 16. Resultado da simulação da segunda proposta para o Sistema de Recomposição Automática.
Com esta configuração os dois alimentadores estão com seus carregamentos próximos
como pode ser visto na Tabela 16, onde os condutores que passam por R1 e R2 estão
conduzindo respectivamente 86 A e 78,9 A. A potência aparente demandada foi de 4.007
kVA e o FP da instalação foi de 0,928. A menor tensão observada foi de 13,71 kV (0,993 pu)
o que está entre os limites normatizados (ver Capítulo 2, seção 2.4).
A seguir serão mostrados os resultados das simulações para a ocorrência de faltas
permanentes em cada um dos 6 trechos da rede.
Figura 5.15 – Diagrama do cenário onde o trecho 1 da rede do Campus do Pici está sob falta.
Tabela 17. Resultados do cenário onde o trecho 1 da rede do Campus do Pici está sob falta.
Neste cenário o religador R2 e a chave C3 abrem seus contatos para isolar o trecho 1.
C1 fecha seus contatos assim o trecho 2 tem seu fornecimento re-estabelecido. A potência
aparente demandada foi 3.449 kVA e o FP foi 0,927. A menor tensão observada foi de 13,679
kV (0,991 pu), o que obedece os valores normatizados (ver Capítulo 2, seção 2.4).
A potência aparente é menor porque uma área do Campus foi desligada.
Figura 5.16 - Diagrama do cenário onde o trecho 2 da rede do Campus do Pici está sob falta.
Tabela 18. Resultados do cenário onde o trecho 2 da rede do Campus do Pici está sob falta.
Neste cenário a chave C1 abre seus contatos para isolar o trecho 2. C1 e C2 já estavam
abertas já que este é o seu estado na situação sem falta. A potência aparente demandada foi
2.617 kVA e o FP foi 0,929. A menor tensão observada foi de 13,717 kV (0,994 pu), o que
obedece os valores normatizados (ver Capítulo 2, seção 2.4).
Figura 5.17 - Diagrama do cenário onde o trecho 3 da rede do Campus do Pici está sob falta.
Tabela 19. Resultados do cenário onde o trecho 3 da rede do Campus do Pici está sob falta.
Neste cenário a chave C6 abre seus contatos para isolar o trecho 3. C1 e C2 já estavam
abertas já que este é o seu estado na situação sem falta. A potência aparente demandada foi
3.526 kVA e o FP foi 0,927. A menor tensão observada foi de 13,715 kV (0,994 pu), o que
obedece os valores normatizados (ver Capítulo 2, seção 2.4).
Figura 5.18 - Diagrama do cenário onde o trecho 4 da rede do Campus do Pici está sob falta.
Tabela 20. Resultados do cenário onde o trecho 4 da rede do Campus do Pici está sob falta.
Neste cenário as chaves C5 e C6 abrem seus contatos para isolar o trecho 4. C1 já estava
aberta já que este é o seu estado na situação sem falta. A chave C2 fecha seus contatos para
manter o fornecimento no trecho 3. A potência aparente demandada foi 3.647 kVA e o FP foi
0,927. A menor tensão observada foi de 13,666 kV (0,99 pu), o que obedece os valores
normatizados (ver Capítulo 2, seção 2.4).
Figura 5.19 - Diagrama do cenário onde o trecho 5 da rede do Campus do Pici está sob falta.
Tabela 21. Resultados do cenário onde o trecho 5 da rede do Campus do Pici está sob falta.
Neste cenário as chaves C4 e C5 abrem seus contatos para isolar o trecho 5. C1 já estava
aberta já que este é o seu estado na situação sem falta. A chave C2 fecha seus contatos para
manter o fornecimento no trecho 3. A potência aparente demandada foi 3.138 kVA e o FP foi
0,929. A menor tensão observada foi de 13,634 kV (0,988 pu), o que obedece os valores
normatizados (ver Capítulo 2, seção 2.4).
Figura 5.20 - Diagrama do cenário onde o trecho 6 da rede do Campus do Pici está sob falta.
Tabela 22. Resultados do cenário onde o trecho 6 da rede do Campus do Pici está sob falta.
Neste cenário o religador R1 e a chave C4 abrem seus contatos para isolar o trecho 6.
C2 já estava aberta já que este é o seu estado na situação sem falta. A chave C1 fecha seus
contatos para manter o fornecimento nos trechos 3, 4 e 5. A potência aparente demandada foi
3.700 kVA e o FP foi 0,928. A menor tensão observada foi de 13,54 kV (0,981 pu), o que
obedece os valores normatizados (ver Capítulo 2, seção 2.4).
Para uma análise detalhada desta proposta os dados de demanda de potência aparente,
FP, tensão, perda entre outros referentes a toda a instalação foram agrupados na Tabela 23.
72
Demanda
Carga Carga Menor Menor
Trecho de Potência
desligada Desligada FP Tensão Tensão
Desligado Aparente
(kVA) (%) (kV) (pu)
(kVA)
Nenhum 4007 0 0,0% 0,928 13,71 0,993
1 3.449 558 13,9% 0,927 13,679 0,991
2 2.617 1.390 34,7% 0,929 13,717 0,994
3 3.526 481 12,0% 0,927 13,715 0,994
4 3.647 360 9,0% 0,927 13,666 0,990
5 3.138 869 21,7% 0,929 13,634 0,988
6 3.700 307 7,7% 0,928 13,54 0,981
CAPÍTULO 6
CONCLUSÃO
REFERÊNCIAS
[3] GOMES, D. S. F., MACEDO, F. F., GUILLIOD, S. M., Proteção de Sistemas Aéreos
de Distribuição. Comitê de Distribuição, Editora Campus / Eletrobrás, Volume 2, 1982,
Rio de Janeiro.
[4] ROCHA, M. F., MARQUES, R., GEREVINI, J., MAURI, J., BRANCO, N. O., NETO,
P., MANUEL, F., Desenvolvimento da Automação Local e Remota Atendendo a
Transferência de Cargas na Rede de MT Como Ferramenta de Apoio a Redes
Inteligentes. Seminário Internacional sobre Smart-Grid em Sistemas de Distribuição e
Transmissão de Energia Elétrica, 2009. Belo Horizonte, Brasil.
[9] MORO, N. F., Faseamento de uma Subestação de Distribuição 69/13,8 kV, Fortaleza,
2009.
[10] PONCE, A. T., BRITO, B., E. SANTOS, KUADA, J. H., DOMINGUES, A.,
ZAMBENEDETTI, V. C., KLIMKOWSKI, M., BASSLER, M. FRANÇA, J. A.,
Operação em tempo integral de alimentadores de distribuição em anel fechado.
Congresso Latino-americano de Distribuidores de Energia Elétrica (CLADE), 2008.
76
[16] CHECHIN, A. L., SANTOS, J. V. D., MENDEL, C. A., GÓMEZ, A. T., Genetic
algorithms to solve the power system restoration planning problem. Engineering with
Computers, Volume 25 , Issue 3, August 2009.
[17] HOU, Y., LIU, C., ZHANG, P., SUN, K., Constructing Power System Restoration
Strategies. IEEE.
[18] NAGATA, T., TAHARA, Y., KUNISA, D., FUJITA, H., A Distributed Autonomous
Approach for Bulk Power System Restoration by Means of Multi-agent System,
Electrical Engineering in Japan, Vol. 164, No. 1, 2008.
[19] STASZESKY, D. M., CRAIG, D., BEFUS, C., Advanced Feeder Automation is Here,
IEEE Power & Energy Magazine, 2005.
Identificação Potência
Barra
da Carga Nominal (kVA)
L-1 187,5 3
L-2 75 4
L-3 600 6
L-4 112,5 7
L-5 75 8
L-6.1 75 10
L-6.2 225 10
L-7 150 11
L-8 600 13
L-9 150 14
L-10 75 15
L-11.1 675 16
L-11.2 300 16
L-12 150 17
L-13 75 19
L-14 75 20
L-15 487,5 22
L-16 225 24
L-17 225 25
L-18 225 26
L-19 225 28
L-20 225 29
L-21 150 30
L-22 75 33
L-23 112,5 34
L-24 225 35
L-25 75 37
L-26 525 38
L-27 75 39
L-28 225 40
L-29 225 41
L-30 75 42
L-31 112,5 46
L-32 225 47
L-33 225 48
L-34 150 49
L-35.1 225 51
L-35.2 150 51
L-36 112,5 53
L-37 337,5 55
L-38 750 57
L-39 300 58
L-40 450 62
L-41 300 63
Total (kVA) 10312,5