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1.0) INTRODUÇÃO
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fundido, determinarão a morfologia final ou a estrutura interna das cadeias poliméricas
dentro do molde, tais como: orientação molecular, tamanho dos esferulitos e sua
distribuição (no caso de polímeros semicristalinos), defeitos superficiais do moldado,
etc. Esta estrutura irá, por sua vez, afetar todas as propriedades finais da peça
moldada, como por exemplo: propriedades mecânicas sob tração, flexão, impacto e
compressão; propriedades elétricas, térmicas, óticas, de permeação, entre outras. As
propriedades de uma peça moldada dependem de como a peça é moldada. Duas peças
tendo dimensões idênticas feitas a partir do mesmo material, mas moldadas sob
condições diferentes, terão diferentes níveis de tensões internas congeladas e
encolhimento (que poderão causar empenamento, dependendo de sua distribuição
dentro do molde), e, consequentemente, terão diferente desempenho em campo,
significando que na prática, são duas peças completamente diferentes.
Portanto, a correlação entre o processamento, a estrutura e as propriedades do
polímero sendo utilizado na fabricação do produto desejado é fundamental para
dominar a tecnologia de transformação de materiais poliméricos.
A maioria dos polímeros utilizados industrialmente é de origem sintética e suas
características moleculares são obtidas durante o seu processo de síntese. Desta forma
as propriedades intrínsecas do polímero a ser utilizado em um processo de
transformação para a fabricação de um produto são definidas no estágio de obtenção
deste polímero. As principais propriedades intrínsecas do polímero são sua massa
molar média, a distribuição da massa molar das moléculas poliméricas, sua
configuração e a temperatura de fusão ou de amolecimento. Estas características
afetam diretamente a energia térmica necessária para transformar o polímero do
estado sólido para o estado líquido ou fundido, a energia mecânica necessária para
fazer o líquido polimérico fluir no processo de fabricação, bem como a resposta deste
material fluido sob ação de cisalhamento, que gera aquecimento viscoso, significativo
no processo de moldagem por injeção, e elongação. A viscosidade do fluído polimérico
neste processo depende essencialmente da sua massa molar média e da sua
distribuição. A estruturação do produto durante sua moldagem ou conformação é um
resultado direto do fluxo desenvolvido pelo material dentro da cavidade em conjunto
com as distribuições de pressão e temperatura que atuarão sobre o polímero, e
portanto, depende da temperatura de solidificação e do modo como as moléculas
poliméricas se acomodam ou se empacotam durante a solidificação. Nesta etapa
determinadas características moleculares dos polímeros utilizados são fundamentais
para definir as condições de resfriamento do produto fabricado.
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Determinados polímeros sofrem um processo de cristalização durante sua
solidificação, enquanto outros são resfriados e solidificam sem sofrer qualquer
fenômeno de cristalização. O parâmetro que define a capacidade de cristalizar sob
resfriamento é a configuração molecular do polímero, que é obtida durante a etapa de
síntese. Desta forma alguns polímeros como Nylon(poliamidas), polipropileno(PP),
polietilenos(HDPE, LDPE, LLDPE) e PBT, PET, POM, cristalizam durante seu
resfriamento, enquanto outros polímeros como poliestireno cristal(PS), poliestireno de
alto impacto(HIPS), acrílicos(PMMA) e ABS não sofrem qualquer processo de
cristalização em seu resfriamento. Dentre os que cristalizam sob resfriamento a partir
do estado fundido, existem os de cristalização rápida e os de cristalização lenta, como
uma consequência de sua estrutura molecular, como será apresentado adiante, sendo
que a morfologia final dos polímeros de cristalização lenta é afetada de forma muito
mais significativa pelos parâmetros de processamento do que a morfologia dos
polímeros de cristalização rápida. Esta diferença de comportamento durante a
solidificação faz com que seja necessário resfriar alguns deles em moldes aquecidos e
outros em molde frios, ou seja, é preciso ajustar as condições de processamento para
a obtenção de uma morfologia que resulte nas propriedades finais desejadas. Ao
mesmo tempo as características dos polímeros que cristalizam faz com que suas
propriedades sejam bastante diferentes daqueles que não cristalizam. A capacidade do
material em orientar-se sob a ação do fluxo e reter ou não esta orientação será
também fator determinante nas suas propriedades finais.
As modificações moleculares realizadas durante a síntese de um polímero tal
como a copolimerização ou a adição de elastômeros(borracha) altera
significativamente as propriedades intrínsecas do polímero em relação ao
homopolímero original, tanto do ponto de vista reológico quanto do seu processo de
solidificação. Estas características por sua vez modificam as condições de
processamento assim como as propriedades e desempenho do produto final. Por
exemplo, o PP homopolímero apresenta características diferentes do PP copolímero. O
primeiro possui maior rigidez enquanto o segundo possui maior resistência ao impacto.
Da mesma forma o PS cristal apresenta maior rigidez e uma transparência
característica enquanto o poliestireno modificado com borracha, o HIPS, é
completamente opaco e possui excelente resistência ao impacto.
A estrutura macromolecular dos polímeros além de afetar significativamente
algumas propriedades químicas, físicas e mecânicas influenciam o desempenho destas
propriedades ao longo do tempo. Por exemplo, determinados polímeros têm suas
propriedades mecânicas alteradas ao longo do tempo quando submetidos ä
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determinadas solicitações mecânicas na temperatura ambiente. Alguns destes
fenômenos são conhecidos como comportamento sob longa duração. A fluência é um
destes fenômenos, onde o polímero é submetido a uma carga(peso) constante e é
deformado ao longo do tempo, em função desta carga. Neste processo o polímero
pode deformar além de seu limite de escoamento atingindo um estado de deformações
irrecuperáveis após a retirada da carga, ou até mesmo atingido a ruptura do polímero
sob a referida carga. Este fenômeno pode comprometer o comportamento mecânico do
polímero ao longo do tempo, também conhecido como fadiga estática. A massa molar,
sua distribuição, o estado cristalino da estrutura são parâmetros que afetam
diretamente o comportamento sob fluência dos polímeros. O projeto de peças
fabricadas com determinados polímeros deve considerar estes fenômenos de longa
duração. A estrutura molecular assim como as condições de processamento devem ser
adequadas para poder melhor controlar estes fenômenos.
Determinados polímeros apresentam maior ou menor capacidade de absorver
umidade do que outros em função de suas características moleculares. A sensibilidade
à absorção de umidade pode alterar o comportamento do polímero tanto em relação ao
processamento bem como em relação ao comportamento mecânico após a moldagem
ou conformação. As poliamidas são exemplos clássicos de polímeros que apresentam
suas propriedades essencialmente dependentes da umidade incorporada. A presença
de umidade durante o seu processamento sob fusão provoca uma degradação
hidrolítica significativa, reduzindo a sua massa molar. Esta modificação por sua vez
reduz a rigidez das poliamidas, a sua respectiva resistência mecânica. Mesmo quando
a umidade é controlada durante o processamento, evitando a degradação hidrolítica, a
absorção de água após a moldagem também modifica as propriedades mecânicas das
poliamidas. A presença de umidade na sua estrutura age como um plastificante
reduzindo a rigidez mecânica e aumentando a resistência ao impacto. As poliolefinas
tais como os polietilenos e o polipropileno não absorvem umidade e consequentemente
não tem suas propriedades afetadas pela presença de água em suas estruturas. As
estruturas moleculares destes polímeros são hidrofóbicas, ou seja, não apresentam
qualquer afinidade por água. No entanto, dependendo das condições de
armazenamento destes materias, a água condensada em sua superfície poderá causar
defeitos nas peças moldadas, essencialmente bolhas internas e estrias na superfície do
moldado.
Enfim, o domínio do conhecimento das correlações entre as condições de
processamento, a estrutura e as propriedades dos polímeros é fundamental para poder
projetar, fabricar e usar produtos obtidos a partir de materiais poliméricos.
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2. O Processo de Moldagem por Injeção
O processo de moldagem por injeção é um processo cíclico que tem por objetivo
moldar uma peça plástica em uma forma desejada forçando o material sob pressão para
dentro de uma cavidade. A forma é alcançada pelo resfriamento (termoplásticos) ou por
uma reação química (elastômeros e termofixos). É um dos processos mais comuns e
versáteis para a produção em massa de peças plásticas complexas com excelentes
tolerâncias dimensionais, a um baixo custo. Em adição a termoplásticos, elastômeros e
termofixos, materiais como fibras, cerâmicas e pós metálicos são injetados utilizando-se
polímeros como ligantes.
No processo de moldagem por injeção o objetivo é produzir um artigo livre de
vazios e chupagem, sem empenamento e com resistência e rigidez adequada para sua
aplicação. Isso requer que o fundido escoe livremente na cavidade do molde e que a peça
final seja livre de tensões residuais. Ao mesmo tempo o produto deve ser produzido a um
baixo custo e isso implica no mais curto ciclo de operação possível. O desafio então, é
produzir um artigo de boa qualidade a um custo mínimo.
Aproximadamente 32% em peso das peças de todos os termoplásticos processados
são obtidas através da moldagem por injeção. Desde sua introdução, no início de 1870, a
máquina injetora sofreu modificações e melhorias significativas. Em particular, a invenção
da máquina de rosca recíproca, em substituição às injetoras do tipo pistão, revolucionou a
versatilidade e produtividade do processo de moldagem por injeção. Mais recentemente, a
aplicação de simulação computacional ao projeto e manufatura de peças plásticas deu novo
impulso ao processo de moldagem por injeção.
Embora a máquina injetora do tipo pistão seja relativamente simples, sua
popularidade foi limitada devido à baixa taxa de aquecimento, que se dá apenas pelo
processo de condução do calor fornecidos pelas bandas de aquecimento ao polímero dentro
do barril. A rosca recíproca, atualmente utilizada, é capaz plastificar mais rapidamente e
uniformemente o polímero devido ao seu movimento de rotação, além de ser capaz de
injetar o material para dentro da cavidade do molde, atuando como um pistão.
Devido ao alto custo das máquinas, alta produtividade é o fator chave para tornar
esse processo viável. O tempo de ciclo é o gargalo do sistema e, geralmente, o
resfriamento da peça, para que atinja rigidez suficiente para ser ejetada, é a etapa mais
demorada do processo. Tempos típicos de ciclo variam entre décimos de segundo a muitos
segundos, dependendo do peso da peça, espessura, propriedades do material, e ajustes
específicos da máquina para um dado processo.
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Os itens fundamentais para uma moldagem precisa são: (1) máquina adequada
para fundir e injetar o polímero; (2) o polímero adequado para desempenho satisfatório
da peça moldada; (3) um bom molde para definição dos detalhes e remoção da peça e,
(4) condições de processo adequadas para gerar um ciclo de moldagem eficiente.
Sistema de controle
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2.1.1.1) O Funil de Alimentação
Placa
Placa móvel
estacionária
molde bico de
injeção funil
bandas de
aquecimento
barril
bucha rosca recíproca
câmara de
injeção
2.1.1. 2) O Barril
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2.1.1.3 – A rosca recíproca
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alimentação compressão dosagem
Figura 2.4 – (a) Bico de injeção com o barril em posição de injeção. (b) bico de injeção
com o barril em posição de purga e dosagem.
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2.1. 2 ) O sistema do molde
placas do
molde
Placa
móvel
Canais de alimentação
ou distribuição
barra de sustentação
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Figura 2.6 – (a) molde de duas placas e (b) molde de 3 placas.
bucha
peça
ponto de
injeção ,
ou “gate” canal
principal
poço
frio
canal secundário
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2.1.2.1) O sistema de alimentação
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fechamento), exercer pressão sobre a rosca recíproca, movimentá-la para frente e
para trás, deslocar os pinos ejetores e movimentar as placas centrais dos moldes. Um
grande número de componente hidráulicos são necessários para fornecer esta energia,
incluindo bombas, válvulas, motores, componentes e mangueiras hidráulicas.
F=PxA
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para termoplásticos, que comumente variam entre 20 e 10.000 toneladas. Outros
parâmetros incluem: velocidade de injeção, pressão de injeção, projeto da rosca,
espessura da cavidade do molde, e a distância entre as barras guia de sustentação do
molde.
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polímero durante o seu resfriamento, esta é a etapa de empacotamento, compensação
ou recalque, Figuras 2.8 (b) e (c). Após o resfriamento do bico (ponto) de injeção, a
rosca começa a girar e mover-se para trás, Figura 2.8 (d), plastificando o material
para ser utilizado no ciclo seguinte. Este é o estágio de plastificação, no qual o
polímero passa do estado sólido para o fundido, através dos processos de aquecimento
e cisalhamento entre a rosca rotativa e a parede do barril, simultaneamente. Na etapa
de resfriamento, o moldado é solidificado e verifica-se um decréscimo contínuo de
pressão na cavidade. Uma vez que o moldado já tem rigidez suficiente para manter
sua forma final, é ejetado e um novo ciclo se reinicia, Figura 2.8 (e).
- Fechamento do molde
- A rosca se move para a
frente para injetar o material
dentro do molde
(a)
- Fim do Preenchimento
- A rosca continua a se
mover para a frente para a
pressurização e o
empacotamento
(b)
- o resfraimento continua
- a rosca começa a girar e se
movimentar para trás para
fundir e dosar o material
para o próximo ciclo
(d)
- O resfriamneto se completa
quando a peça atinje rigidez
suficiente para ser ejetada
- O molde se abre para a
ejeção da peça moldada.
(e)
Figura 2.8 – O ciclo de moldagem por injeção.
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Uma válvula de retenção na ponta da rosca evita que o material retorne ao
barril, Figura 2.9, após o preenchimento e compactação do material dentro do molde.
Figura 2.9 – Válvula de retenção que evita o fluxo de polímero fundido quando a rosca
recíproca avança na etapa de injeção.
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preencher a cavidade do molde, empacotá-la para compensar o encolhimento volumétrico
e manter um colchão adequado.
Quando a máquina está pronta para injetar o próximo ciclo, a rosca parada se move
para frente como um pistão, injetando o material para dentro da cavidade e exercendo
pressão por um tempo adicional para compensar o encolhimento. Enquanto o material é
resfriado no molde após a injeção e empacotamento, o estágio de retorno da rosca para
trás, girando, se reinicia e o ciclo se repete.
A velocidade de injeção é a velocidade na qual a rosca se move para a frente
durante o estágio de injeção ou preenchimento da cavidade.
Para a maioria dos polímeros de engenharia, a velocidade de injeção pode ser
ajustada como a máxima permitida pelo projeto da peça e pelo processo como um todo,
por razões técnicas e econômicas. Entretanto, diminuir a velocidade de injeção no início
da injeção é necessário para evitar fluxo turbulento e jateamento (jetting), conforme o
material passa por áreas de restrição da seção transversal, como por exemplo, os pontos
de injeção. A velocidade de injeção deverá ser reduzida novamente no final do
prenchimento para evitar a formação de rebarbas (flashing), marcas de queimados (burn
marks) e melhorar a formação das linhas de solda, permitindo que estas se movam por
mais tempo após a sua formação, quando ocorre divisão da frente de fluxo no molde.
A velocidade de rotação da rosca (RPM) é a taxa na qual a rosca gira na etapa de
dosagem, onde ocorre a plastificação do material. Quanto mais rápido a rosca gira, mais
rápido o material é comprimido pelos filetes da zona de compressão, aumentando a
quantidade de aquecimento viscoso gerado por atrito.
O colchão é a distância entre a entrada do bico de injeção e a posição final da
frente da rosca após as etapas de injeção e empacotamento de material para dentro do
molde. Se é permitido que a rosca atinja sua posição máxima para a frente, parando
mecanicamente ao tocar o bico de injeção, o volume do colchão será igual a zero. Além
de danificar a máquina esta situação faz com que não haja material na frente da rosca
para garantir a transferência de pressão da ponta da rosca para o material que está
dentro do molde, resultando em um empacotamento inadequado. Tipicamente, colchões
de 3 a 10 mm são usados. Quantidades de material formando colchões de
tamanho/volume excessivo fazem com que uma grande quantidade de material a ser
utilizado no próximo ciclo tenha um tempo de residência muito longo.
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2.7) Etapas do processo de injeção
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tpreenchimento tcompressão tempacotamento tresfriamento adicional
preenchimento
pressurização
Compensação, recalque ou empacotamento
Figura 2.11 – Posição da rosca recíproca nas diferentes etapas da moldagem por injeção.
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Figura 2.12 - Fases da moldagem por injeção em detalhes, dentro da cavidade.
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controlado por forças viscosas que resistem ao fluxo. Nesta condição, há pouco tempo
para ocorrer transferência de calor, as taxas de cisalhamento são elevadas, assim como a
orientação molecular, e o aquecimento viscoso pode aumentar a temperatura do fundido.
Com a redução da velocidade de injeção, a resistência viscosa diminui, resultando em
menor pressão de preenchimento até que esta passa por um mínimo e volta a aumentar.
Nesta situação predomina a transferência de calor, pois o fundido preenche lentamente o
molde frio, favorecendo grande troca térmica. Isto provoca o resfriamento do polímero e,
conseqüentemente, o aumento de sua viscosidade e da pressão para preencher o molde.
Se a pressão de injeção requerida para preencher a cavidade é colocada em um gráfico
em função do tempo para preencher a cavidade, uma curva em forma de U é obtida, cujo
valor mínimo de pressão ocorre em tempos de preenchimento intermediários, conforme
ilustrado na figura 2.13. Em velocidades de injeção demasiado baixas, o polímero pode
realmente solidificar antes mesmo que o molde seja completamente preenchido,
resultando em um defeito conhecido como preenchimento incompleto ("short shot").
Pressão
de
Faixa ótima de
Injeção
moldagem
(MPa)
Figura 2.13 – Pressão de Injeção vs. tempo de preenchimento na moldagem por injeção,
para uma determinada cavidade do molde.
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2.7.2) Fase de Empacotamento
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relacionadas à qualidade do moldado, como peso específico, encolhimento, tensões
residuais são determinadas durante a fase de empacotamento.
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3. Processos Especiais de Moldagem por Injeção
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Figura 3.1 – Os 4 estágios da moldagem por co-injeção: (a) injeção de um moldado curto
do polímero 1, que formará a pele da peça. (b) Injeção do polímero 2, que formará o
núcleo da peça, até que a cavidade esteja quase que completamente preenhcida em (c)
e, (d) injeção do polímero 1 novamente, para expulsar o polímero 2 da bucha de injeção.
Injeção do plástico
Peça moldada
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3.3) Moldagem por Injeção assitida a Gás
Sistema hidráulico
Sistema elétrico
Cilindro de gás
Painel de controle
Como benefícios, temos que este processo é capaz de produzir peças ocas, de
baixo peso e rígidas, livres de rechupes e com menor tendência ao empenamento.
Outras vantagens incluem: tempo de ciclo reduzido, pressão de injeção e força de
fechamento reduzidas, consolidação da peça com regiões finais e espessas.
As aplicações típicas podem ser agrupadas em 3 categorias: 1) tubos e peças
cilíndricas, onde o processo é utilizado inicialmente para economizar material,
reduzindo o ciclo e incorporando o núcleo oco à função da peça final; 2) peças
grandes, tipo placas estruturais, com uma rede de canais interna, onde o processo é
usado com o objetivo principal de reduzir o empenamento da peça, bem como a força
de fechamento do molde e a pressão de injeção necessárias, sendo possível ainda
aumentar a rigidez e a qualidade superficial da peça. Exemplos: painéis automotivos,
carcaças de equipamentos, móveis para áreas externas, e pratos de satélites; 3) peças
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complexas consistindo de ambas seções finais e espessas, onde o processo é usado
com a função primária de diminuir os custos de fabricação pela consolidação do
diversos arranjos de função estrutural da peça em um projeto único. Exemplos são
gabinetes de televisão, carcaças de impressoras de computadores e peças
automotivas.
Bloco de
alimentação
de 3 camadas
Cilindro de injeção B
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Figura 3.5 – Moldagme por Injeção do tipo Live-feed
Baixa pressão
de injeção
Baixa força de
fechamento Deslocamento,
necessária velocidade e
contra-pressão da
rosca programados
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3.7) Moldagem por Injeção do tipo Push-Pull
molde
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grandes de altas resistência e baixo volume, RTM e SRIM podem ser usadas para
produzir uma pré-forma de fibras longas. O encapsulamento de chips microeletrônicos
é uma outra área que vem recebendo atenção especial nos últimos anos.
A adaptação para a moldagem por injeção destes materiais inclui apenas um
sistema de controle de temperatura do sistema de alimentação (barril) de forma a
evitar a pré-cura do material dentro do barril. A cavidade, entretanto, é quente o
suficiente para iniciar o processo de cura. Conforme o material é introduzido morno na
cavidade, além do calor oriundo das paredes do molde, mais calor é transferido ao
líquido na cavidade por ambos os mecanismos: aquecimento viscoso (friccional) a
partir do fluxo e calor oriundo das reações exotérmicas de cura. A temperatura da peça
frequentemente ultrapassa a temperatura do molde. Após uma certa extensão da
ocorrência da reação de cura, a peça estará rígida o suficiente, o ciclo se completa e a
peça é ejetada (mesmo à alta temperatura).
O projeto de molde e processamento para a moldagem por injeção de materiais
reativos é muito mais complexo devido á ocorrência de reações químicas que ocorrem
durante os estágios de preenchimento e empacotamento, compensação ou recalque.
Por exemplo, o preenchimento lento sempre causa gelificação prematura, o que resulta
em moldado curto, enquanto que o preenchimento rápido pode causar fluxo
turbulento, criando uma porosidade interna.
O controle inapropriado da temperatura do molde e/ou uma espessura da peça
inadequada causarão problemas de moldabilidade. A simulação computacional é
comumente reconhecida como uma ferrementa de baixo custo efetivo se comparada
ao método convencional e demorado de tentativa e erro para finalização do projeto do
molde e ajuste das condições ideais de moldagem.
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Durante a injeção: Após a injeção:
Alta pressão A pressão cai
Muito pouca espuma Formação de espuma
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Pontos de injeção largos, maiores do que a parede final são geralmente usados,
para garantir o fluxo suficiente de material durante o empacotamento.
Para a simulação de forma acurada da moldagem de peças de paredes finas sob
alta pressão, alta velocidade de injeção e rápido resfriamento, os usuários devem
despender especial atenção na especificação das seguintes características do
material:1) dependência da viscosidade com a pressão, para considerar o aumento da
viscosidade do fundido com o aumento da pressão; 2) diagrama da relação PVT
(pressão – volume específico – temperatura) ou PVT sob resfriamento rápido, para
considerar a dependência da densidade do material com a pressão e com a
temperatura ou o efeito do resfriamento rápido; 3) O trabalho de compressão do
material deve ser considerado, uma vez que gera aquecimento adicional devido ao
trabalho de compressão do material a alta pressão.
4 – Escoamento e Estruturação
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Figura 4.1 – Evolução da frente de fluxo dentro da cavidade do molde [DEALY, 1990]
zona o calor gerado por dissipação viscosa (proporcional a η.γ& 2 , onde η: viscosidade e
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essencialmente elongacional estacionário. Como o perfil de velocidades se torna
reverso, a orientação molecular ocorrerá principalmente na direção do fluxo sendo que
as partículas que tocam as paredes do molde (ou as camadas imediatamente
inferiores) irão solidificar-se instantaneamente, mantendo a orientação que
experimentaram sob fluxo elongacional.
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Figura 4.3 – Modelo proposto por Tadmor para o padrão de avanço da frente de fluxo
entre duas paredes frias paralelas [TADMOR,1974].
A Figura 4.6 mostra outros exemplos de caminhos de fluxo, para uma peça que
possui a mesma geometria, mas caminhos de fluxo e padrões de orientação diferentes.
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antes de atingir a superfície livre da frente de fluxo e posiciona-se logo abaixo da
superfície. Por estar sujeita a um fluxo elongacional mais fraco, suas partículas são
menos deformadas. A observação que o grau de deformação da fase dispersa na pele
diminui com a distância da superfície pode ser explicado por este mecanismo, que tem
sido verificado experimentalmente [SON,2000].
Figura 4.4 – Efeito fonte: (a) vetor-velocidade relativo à frente de fluxo (b) linhas de
fluxo durante o preenchimento isotérmico de uma cavidade com fluido Newtoniano (c)
deformação de um elemento de fluido devido ao efeito fonte [OSSWALD,1995].
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(a) (b)
Figura 4.5 – Formação de linha de solda em duas situações: (a) um ponto de injeção e
orifício na peça; (b) dois pontos de injeção [ROSATO,2000].
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Figura 4.7 -Desenho esquemático de uma típica morfologia desenvolvida no processo
de moldagem por injeção [SON,2000].
• Duas finas camadas externas com orientação biaxial aleatória no plano do disco;
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Figura 4.8 – Orientação de carga em sete camadas de um disco moldado por injeção a
partir do centro [OSSWALD,1995].
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A orientação gerada durante o preenchimento da cavidade se reflete na rigidez e
na resistência da peça, sendo responsável também pelo aparecimento de
birrefringência, no caso de polímeros amorfos. Os vários níveis de orientação molecular
em diferentes direções resultam em diferentes índices de refração ao longo da parte.
40
Figura 4.11 – Distribuição de encolhimento ao longo da espessura de placas de PS
injetadas [OSSWALD,1995].
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temperaturas e pelo crescimento a baixas temperaturas, conforme pode ser visto na
Figura 5.1.
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Figura 5.2 – (a) Representação esquemática da estrutura hierárquica de cristais
poliméricos na faixa de mm (esferulito) a Å (unidades repetitivas na cadeias
poliméricas estendidas) [Ryan, 1995].
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Tc = 175oC dT/dt = 30oC/min
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γ&
Orientação aplicação da formação do núcleo
aleatória deformação cristalino
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A combinação dos efeitos da pressão, campos de deformação e altas taxas de
resfriamento estabelece um complexo ambiente termomecânico durante a
solidificação. Como conseqüência, os termoplásticos semicristalinos apresentam um
gradiente de morfologias típicas e um padrão de orientação ao longo da espessura do
moldado. Assim como é observado um gradiente de temperaturas ao longo da
espessura do moldado, é de se esperar que haja também um perfil de morfologias com
diferentes graus de cristalinidade, de acordo com a distância da camada à superfície do
molde.
Conforme já mencionado anteriormente, a orientação induzida pelo fluxo está
diretamente relacionada com fatores que afetam os processos de cristalização e
relaxação [TADMOR,1974;DALY et all.,1998]. O desenvolvimento da orientação
molecular é um resultado de dois mecanismos consecutivos: da tensão no fundido
devido ao fluxo (relacionada à taxa de cisalhamento e viscosidade do fundido) e da
relaxação subseqüente desta orientação induzida pelo fluxo até que o material atinja
sua temperatura de solidificação. É sugerido que a orientação na superfície da peça se
origina pelo avanço da frente de fluxo durante o preenchimento, o que também pode
explicar a presença de orientação transversal ao fluxo. O restante da orientação é
devido ao fluxo cisalhante que se desenvolve atrás da frente de fluxo. O segundo
máximo de orientação apresentado pelas peças moldadas deve estar relacionado à
máxima taxa de cisalhamento que ocorre entre a camada congelada e o núcleo.
Portanto, as duas maiores fontes de orientação na moldagem por injeção seriam o
avanço da frente de fluxo e o fluxo cisalhante atrás da frente de fluxo [Tadmor,1974].
Ainda, a orientação molecular induzida por fluxo afeta o período de indução
para início da cristalização, havendo uma aceleração do processo pela redução do
tempo de indução, dependendo da temperatura e do fator de deformação molecular
[TADMOR,1974]. Além das tensões elongacionais e cisalhantes, fatores intrínsecos do
polímero, como: tempo de relaxação, rigidez da cadeia e taxa de cristalização
quiescente, têm grande efeito na orientação molecular [GUO et all.,1999].
De acordo com as suas características de cristalização, os termoplásticos podem
ser divididos em duas classes: polímeros que se cristalizam rapidamente e polímeros
que apresentam cinética de cristalização lenta. Quando moldados por injeção, estas
classes de polímeros semicristalinos produzem diferentes características morfológicas
ao longo da espessura. Em geral os polímeros que cristalizam mais lentamente sofrem
uma maior influência das condições de processamento na sua microestrutura final.
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5.2 - Polímeros de Cristalização Rápida
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Região de transição
Núcleo
Esferulítico
Pele
altamente
orientada
Figura 5.5 – Microestrutura típica de três camadas em hPP moldado por injeção
(Temperatura de injeção, Ti=250oC, Temperatura do Molde, Tw = 90oC, Vazão, Q =
5cm3/s, Pressão de empacotamento, Ph = 550 bar e tempo de empacotamento, th
= 5min.
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A espessura desta camada é controlada pelos efeitos combinados da taxa de
resfriamento e do campo de tensão imposto no fundido [Vianna, 1999]. Na realidade a
sua formação é termicamente controlada para altas temperaturas do fundido, e
governada pelo nível de tensão de cisalhamento para a menor temperatura do fundido.
Assim, a espessura da pele aumenta com a redução da velocidade de injeção, pois
quanto menor essa velocidade, mais tempo o fundido fica sujeito ao cisalhamento,
permitindo que o fundido seja resfriado sob fluxo durante a fase de preenchimento.
Isto resulta em uma maior tensão de cisalhamento em posições mais afastadas da
parede do molde, devido ao aumento da viscosidade, provocando uma maior
deformação molecular nesses locais com a redução da velocidade de injeção [Chan et
al, 1995; Guo et al, 1999].
49
Figura 5.6 – Morfologia de amostras de PBT moldadas por injeção em diferentes
condições (Tw_Ti_Q_Ph).
A região de transição
Como a evolução da pele para o núcleo é progressiva, pode-se definir uma zona
de transição, cuja morfologia e espessura são bastante dependentes das condições de
empacotamento durante o ciclo de moldagem por injeção. Nesta região, os esferulitos
50
podem estar alongados com seu maior eixo alinhado perpendicularmente à direção do
fluxo, devido ao gradiente térmico [Vianna, 1999].
O núcleo
51
A pequena dependência do tamanho dos esferulitos com a temperatura do
fundido indica que a história térmica por ele sofrida, em uma faixa de temperaturas
mais alta antes do estado de super-resfriamento ser atingido, não é muito importante
para a cristalização “quase-quiescente”. Observa-se uma ligeira tendência de aumento
do tamanho dos esferulitos com o aumento da temperatura do fundido, e esta
tendência se torna mais pronunciada com o aumento da massa molecular do polímero
[Guo et al, 1999].
52
• um moldado uniformemente amorfo (ou com cristalinidade muito baixa), obtido
quando a temperatura do molde (TM) está abaixo da temperatura de transição
vítrea do polímero, Tg, e a velocidade de injeção (Q) é alta;
• um gradiente de estruturas em três camadas: i) superfície amorfa ; ii) anel
cristalino (oriundo da cristalização induzida por fluxo) e iii) núcleo amorfo (ou
com cristalinidade muito baixa), obtido quando a temperatura do molde está
entre a Tg e a temperatura de cristalização a frio do material (Tcc), ou quando a
velocidade de injeção é baixa;
• um moldado uniformemente cristalino (cristalização quiescente), obtido quando
a temperatura do molde está bem acima da temperatura de cristalização a frio
do material.
53
resultados são similares aos encontrados por DALY et al, 1998] em amostras de PET
moldadas por injeção à diferentes temperaturas do molde. Os autores concluíram que
a presença de cristalinidade durante o estágio de preenchimento do molde
(cristalização induzida por fluxo) aumenta o grau de orientação molecular na direção
do fluxo, uma vez que ajuda a preservar a orientação gerada neste estágio e reduz o
processo de relaxação das moléculas poliméricas.
20oC
70oC
115oC
150oC
200oC
54
figura 5.8 apresenta os resultados observados para diversas velocidades de injeção à
uma mesma temperatura do molde (Tw = 20oC).
O tempo de espera ou “holding time”, é definido como o período de tempo entre
o momento em que cessa o fluxo do polímero e o momento em que o produto moldado
é ejetado do molde. O seu efeito se torna apreciável apenas quando a temperatura do
molde é superior à Tg do polímero. Conforme pode ser visto na figura 5.9, onde a
temperatura do molde é igual a 150oC, a cristalização aumenta com o aumento do
tempo de espera, até que o material atinja o seu grau máximo de cristalinidade, o que
levou cerca de 4 min. Esta se desenvolve inicialmente próxima à parede e depois em
direção ao centro da amostra.
Tw = 150oC
Q = 23,2 cm3/s
Tempo
de espera 1 2 4 10 20
(min)
55
a origem desta morfologia. Nestes diagramas são mostradas curvas de resfriamento
(temperatura em função do tempo) e envelopes de tempo de indução (localização
onde a cristalização começa sob diferentes níveis de tensão)[ [Hsiung e Cakmak, 1991
como mostra a figura 5.10.
56
Na pele, o material está sujeito a alta taxa de resfriamento e altas tensões de
cisalhamento. Embora o tempo de indução seja muito curto, a curva de resfriamento
não intercepta o envelope de tempo de indução, e o polímero se mantém amorfo.
Pouco abaixo da superfície, a taxa de resfriamento é menor devido ao efeito do
isolamento térmico da pele, e o envelope se desloca para tempos mais longos, fazendo
com que as duas curvas se interceptem e a cristalização se inicie. No núcleo, o
polímero está sob baixas tensões e o resfriamento é muito mais lento. Novamente as
curvas não se interceptam e o polímero fica amorfo.
ηd
• razão de viscosidades entre a fase dispersa e a matriz : φ= ;
ηm
• o tipo de fluxo (cisalhante simples e/ou elongacional);
η mγ& R *
• número de capilaridade Ca = que é a razão entre a tensão
Γ
derfomante ηmγ& (viscosidade da matrix multiplicada pela taxa de cisalhamento)
57
se tornam instáveis e quebram em partículas menores. Esse valor crítico depende não
apenas da razão de viscosidades, mas também da natureza do fluxo. Entretanto, a
deformação e quebra das partículas são, de uma certa forma, um fenômeno transiente
que requer um tempo específico que deve ser determinado [DEYRAIL,2002]
O número adimensional Ε, definido por Taylor, descreve a desintegração de
partículas dispersas para sistemas Newtonianos sob fluxo cisalhante:
Figura 5.12 – Número capilar crítico para quebra das partículas em função da razão de
viscosidades em um fluxo cisalhante simples e elongacional-2D [OSSWALD,1995].
58
Como o tipo de fluxo produzido nos misturadores (tipo Bambury ou extrusoras)
para a fabricação das blendas poliméricas é uma mistura de fluxos cisalhante simples e
elongacional, o número de capilaridade crítico para cisalhamento simples poderia
prever o limite superior de tamanho da gota para ocorrer quebra em um sistema
Newtoniano [SUNDARARAJ,1995].
Estudos mostram que quando são analisados fluidos viscoelásticos, as forças
normais apresentadas pela fase dispersa tendem a estabilizá-la; a componente elástica
do polímero fundido permite que seu formato seja melhor mantido após a deformação.
Assim, a teoria de Taylor sobre-estima a tamanho de partícula por também sobre-
estimar a influência das tensões de cisalhamento.
O campo de fluxo dentro do misturador durante a preparação da blenda aplica
uma tensão na segunda fase, causando sua deformação. Se essa tensão for alta o
suficiente, poderá eventualmente dispersar as gotas da segunda fase. Estas se
dispersarão quando a tensão superficial não puder mais manter seu formato neste
campo de fluxo e os filamentos se quebrarão em gotas menores. Os fenômenos de
dispersão e distribuição continuam a se repetir até que as tensões do campo de fluxo
não possam mais superar as tensões superficiais das novas gotas formadas. A quebra
acontece quando o número de capilaridade crítico é atingido. Devido à competição
entre a tensão do campo de fluxo e as forças superficiais, o formato cilíndrico se torna
instável e pequenos distúrbios na superfície resultam no crescimento de ondas
capilares, chamadas de instabilidades de Rayleigh [OSSWALD,1995].
A coalescência das gotas durante a mistura da blenda ou durante sua fusão
para ser processada é governada pela mobilidade interfacial dos polímeros, ou seja, a
interface não é rígida como se esperaria para um fluido viscoso. Embora se reconheça
que esse fenômeno em polímeros é muito mais significativo do que esperado devido as
suas propriedades, a coalescência em sistemas poliméricos ainda é pouco entendido
[SUNDARARAJ,1995].
Os principais efeitos da modificação interfacial na morfologia de uma blenda
imiscível são a redução do tamanho de partícula e o estreitamento da distribuição do
tamanho de partículas. Esta diminuição no tamanho está relacionada com a redução
tanto da tensão interfacial quanto da ocorrência de coalescência. A modificação
interfacial aparenta ser o fator dominante no controle do tamanho da fase dispersa,
superando a dependência da razão de viscosidades. Isto pode ser explicado pela teoria
de Taylor, que afirma que é mais difícil deformar uma partícula pequena do que uma
grande [PAUL,2000].
59
Figura 5.12 - Desenvolvimento da morfologia da blenda [OSSWALD,1995].
60
O formato da razão de aspecto ao longo da espessura da peça se assemelha à
distribuição de orientação de um homopolímero moldado, observando-se um máximo
próximo à superfície da peça.
Para blendas com baixa razão de viscosidade, Son et al. [SON et al.,2000]
observaram uma camada perto da parede do molde, chamada “pele”, com partículas
bastante alongadas, provavelmente devido à deformação induzida por cisalhamento,
seguida de uma sub-pele, onde coexistiam partículas pequenas e grandes,
provavelmente devido ao efeito chafariz (“fountain flow”). Tanto a coalescência quanto
a quebra de gotículas parecem ser efetivas nessa sub-pele. Já no núcleo, as gotículas
dispersas apresentam uma pequena deformação e seu tamanho aumenta em direção
ao centro da peça.
61
6 - Modelagem Matemática e Simulação Computacional da Moldagem por
Injeção
62
Figura 6.1 – Esquema geral da modelagem matemática e simulação computacional de
processos.
∂ρ ∂ ∂ ∂ (6.1)
+ ( ρv x ) + ( ρv y ) + ( ρv z ) = 0
∂t ∂x ∂y ∂z
r
onde ρ é a densidade do material, vi é componente do vetor velocidade, v , na direção
i e t é o tempo.
A equação da conservação da quantidade de movimento estabelece que a
variação da quantidade de movimento total com o tempo de um fluido irá variar de
acordo com as forças externas atuando no fluido. Na direção x, toma a seguinte forma:
∂v x ∂v x ∂v ∂v ∂P ∂τ xx ∂τ yx ∂τ zx
ρ + vx + v y x + v z x = − + + + + ρg x (6.2)
∂t ∂x ∂y ∂z ∂x ∂x ∂y ∂z
63
r
onde P é a pressão, g g a gravidade e τij são componentes do tensor tensão na
direção x, sendo que τxx é a componente normal e τyx e τzx são as componentes
cisalhantes, conforme esquematizado na Figura 6.2.
∂T ∂T ∂T ∂T ∂q ∂q ∂q
ρC + vx + vy + vz = − x + y + z
∂t ∂x ∂y ∂z ∂x ∂y ∂z
∂P ∂vx ∂v y ∂vz ∂v ∂v y ∂v
− T + + + τxx x + τyy + τzz z (6.3)
∂T v ∂x ∂y ∂z ∂x ∂y ∂z
∂v ∂v y ∂v ∂v ∂v ∂v
+ τxy x + + τxz x + z + τyz y + z + H&
∂y ∂x ∂z ∂x ∂z
∂y
64
reações de cura que ocorrem na moldage, de materiais termofixos. Esta equação é
composta por termos que envolvem gradientes de temperatura, fluxo térmico, de
velocidade e termos que envolvem os produtos entre a tensão e os gradientes de
velocidade.
Para analisar quantitativamente o comportamento de um fluido enquanto
interage com o sistema de processamento, é necessário formular e resolver as
equações que descrevem o processo. Isto é chamado Modelamento Matemático. As
equações de transporte isoladamente não nos permitem resolver qualquer problema
de escoamento em um processo, é preciso conhecer as equações características do
comportamento do material. Assim, precisamos das equações gerais de conservação
de massa, quantidade de movimento e energia, que o sistema deve obedecer, junto
com as equações que descrevem as propriedades do material sendo processado
(equações de estado ou equações constitutivas). O sistema de equações resultantes
deve ser resolvido com algumas restrições, as condições iniciais e de contorno, e
forças ou deformações impostas nas regiões de contorno ou por elas.
Felizmente, diversas simplificações podem ser consideradas para facilitar
a solução do problema, como por exemplo, na etapa de preenchimento:
• o escoamento é laminar;
• as forças gravitacionais são desprezíveis;
• o fluido é incompressível, ie, a densidade não varia com a pressão (pelo
menos até a pressurização);
• o escoamento é quasi-estacionário, isto é, podemos desprezar os efeitos
convectivos, considerando somente os termos difusivos na equação da conservação da
quantidade de movimento.
A equação reológica de estado que relaciona o tensor tensão com o tensor taxa
de deformação é a Equação do Fluido Newtoniano Generalizado, dada pela seguinte
relação:
τ = −ηγ& (6.4)
onde:
η: viscosidade não Newtoniana;
65
ηo
η= (1 −n )
,
η γ
1 + o*
& (6.5)
τ
− A1 (T −T * ) (6.6)
ηo = D1 exp *
A2 + (T −T )
T * = D2 + D3P e D2 =T"noFlow " (6.7)
66
o o
VM6100K - 200 C VM6100K - 226,7 C
o o
VM6100K - 240 C VM6100K- 260 C
o o
PP+Talco - 200 C PP+Talco - 226, C
o o
1000 PP+Talco - 240 C PP+Talco - 260 C
o o
PP+FV - 200 C PP+FV -226,7 C
o o
PP+FV - 240 C PP+FV -260 C
Viscosidade (Pa.s)
100
10
1
1 10 100 1000 10000 100000
Taxa de Cisalhamento (1/s)
r r
q = −kth∇T (6.8)
onde:
kth: é a condutividade térmica do material.
Simplificações adicionais podem ser feitas quando consideramos a geometria da
cavidade que será simulada, como por exemplo uma cavidade em forma de disco, com
ponto de injeção central: simetria, escoamento unidimensional na direção r (2b<<R,
onde 2b é a espessura e R o raio do disco), o fluxo apresenta velocidade somente na
direção do comprimento e a troca de calor na direção r se dá apenas por condução.
Vale lembrar que, conforme mencionado no capítulo sobre escoamento e
estruturação, a cavidade tipo disco com injeção central produz um escoamento
bidimensional com simetria radial e gradientes de velocidade diferentes de zero nos
planos ortogonais zr e rθ, mostrados na figura 6.4. Como o fluxo desacelera
radialmente surge o componente de uma velocidade tangencial, perpendicular à
direção do escoamento radial que produz um gradiente de velocidade elongacional na
direção θ. No entanto, este fluxo elongacional ainda não é tratado no software
MOLDFLOW©.
67
(a)
z
2b
R
r
(b)
Figura 6.4 - Geometria simplificada da cavidade do molde tipo disco com ponto de
injeção central (a) e seção transversal no plano rz (b).
(6.9)
68
onde: V(T,P) é o volume específico à temperatura T e pressão P; Vo é o volume
específico à pressão zero; T é a temperatura em Kelvin, P é a pressão (Pa), C é uma
contstante (0,0894) e B considera a sensibilidade do material com a pressão. Segundo
este modelo, a região superior de temperatura (T > Ttrans) pode ser descrita pelas
equações:
A região de menor tempertura ( T < Ttrans) pode ser descrita pelas seguintes
equações:
69
Ti
Tg
Figura 6.5 – Diagramas PVT típicos para polímeros (a) amorfos e (b) semicristalinos.
∂θ
H& = ∆Hf X ∞ (6.16)
∂t
onde:
70
• Conservação da massa
b
Q = 2π ∫ v r rdr (6.17)
−b
onde:
Q: vazão;
b: meia espessura da cavidade;
vr: velocidade na direção r.
∂ ∂v r ∂p
η − =0 (6.18)
∂z ∂z ∂r
• Conservação da energia:
∂T ∂T ∂ 2T
ρC p + vr = k th 2 + ηγ& + H& (6.19)
∂t ∂r ∂t
71
reduzida, uma vez que as equações de momento e massa não são mais necessárias e
a equação da energia é simplificada pela ausência de fluxo viscoso:
∂T ∂ 2T &
ρC p = kth 2 + H (6.20)
∂t ∂t
72
que cubra a região onde ocorre o escoamento. Estas técnicas consistem basicamente
em:
• Dividir uma estrutura em um número de pequenos elementos, que estão
conectados por pontos denominados nós, formando uma malha;
• Resolver as equações que governam o sistema para cada um dos nós,
utilizando-se de condições iniciais e de contorno para cada situação ou propriedade;
• O resultado final é o conhecimento da vazão, da temperatura e da
pressão em cada nó da malha.
73
• Redução do tempo do projeto da peça
• Garantia de preenchimento total da peça
6.1.3) Processadores:
• Qualidade, custo e processabilidade;
• Definição de uma janela de processamento estável;
• Produção de peças com menores tensões residuais, reduzindo o
empenamento;
• Economia de material, através do dimensionamento correto dos canais;
• Reduçao/Otimização dos tempos de recalque e resfriamento (tempo de ciclo).
74
2) Posição dos pontos: a posição do ponto de injeção é determinado pelo
balanceamento do fluxo, estética e posição de linhas de solda.
3) Padrão de Preenchimento: o molde deve ser preenchido unidirecionalmente,
sem mudanças na direção durante o preenchimento.
4) Projeto dos canais: o sistema de alimentação deve ser projetado para atender
ao padrão de preenchimento da cavidade, especialmente em moldes multi-
cavidades.
5) Sequência de Análise: no projeto do molde deve-se sempre começar analisando
o preenchimento da cavidade, seguido pela análise do empacotamento e
resfriamento.
Este princípio diz que o polímero deve fluir em uma direção com uma frente de
fluxo praticamente reta ao longo do preenchimento. Isto leva a um padrão de
orientação unidirecional.
75
RUIM!! Orientação em diferentes MUITO MELHOR!!! Orientação
direções em diferentes regiões da peça, em uma direção, contração e
marcas de fluxo, altas tensões e tensões uniformes
empenamento.
76
6.2.1.3) Gradiente de Pressão Constante
Este princípio diz que o padrão de preenchimento mais eficiente é quando o gradiente
de pressão, i.e. a pressão por unidade de comprimento, é constante ao longo do
caminho do fluxo
Pico de pressão no
fim do preenchimento
77
6.2.1.4) Máxima Tensão de Cisalhamento
A tensão de cisalhamento deve ser menor que o valor crítico, para que não ocorra a
degradação termo-mecânica do polímero. Este valor depende do material e sua
aplicação.
Material: SAN
Limite : 0.3 MPa
Tensão acima do limite do
material
78
6.2.1.6) Resfriamento uniforme:
Lado Quente
Lado Quente
Solidificando e contraindo
Tensão
79
As posições das linhas de solda e linhas de emenda devem ficar nas regiões
menos solicitadas e quando possível devem ser evitadas.
Obs: mudanças na dimensão dos GATES são opções pobres para solucionar o
problema, pois podem ocasionar outros problemas.
80
Baixa queda de
HESITAÇÃO
pressão nos canais
O material congela no
gate mais próximo da
injeção
A cavidade do
meio hesita mais
que a última
Agora a primeira
ABORDAGEM
cavidade preenche muito
TRADICIONAL
antes da última.
Primeiro ponto aberto de
0.7mm para 1mm
Bom
Ruim
81
Linhas de
solda se
As setas
movem após a
mostram a
formação direção do
fluxo neste
momento
82
Uniform Unbalanced
Balanced Balanced
83
6.2.1.12) Solidificação dos canais/gate
Projeto de canais e gates para que sua solidificação ocorra quando a cavidade já
estiver preenchida e devidamente recalcada para evitar empacotamento execessivo
(overpacking) ou fluxo reverso da cavidade depois do molde preenchido.
84
6.3) Programa Moldflow MPI 4.0 - Sequência de ações para aplicação de
Create a
Import Cad
Process Settings/
View results
Midplane
Dual Domain™
3D Solid
85
6.3.1.2) Como funciona uma Análise 3D de Elementos Finitos
86
SOLIDO -> MALHA
Malha Dual
Domain
Midplane
Elementos sincronizados
87
Malha 3D Sólido
altura
maior lado
2) Razão de aspecto máxima menor que 6:1, média, 3:1. Se razões de aspecto muito
altas não puderem ser evitadas, o lado mais longo deve estar, se possível,
perpendicular à direção do fluxo.
3) Pelo menos 3 linhas de elementos na região de maior mudança de espessura.
4) Densidade suficiente para prever efeitos transientes e linha de solda.
88
6.3.1.5) Tempo de Cálculo, Densidade de Malha e
Acurácia
70 1200
C P U T IM E [S e c ]
P re s s u re [M P a ]
68 1000
800
66
600
64
400
62 200
60 0
292 440 744 1372 2148 3312 4420
Pressure
No. of Elements
Compute Time
Malha
Linhas de
89
3.0 mm
1.0 mm
2.0 mm
90
d) Dimensionamento dos canais de injeção para os pontos de injeção da peça
4) Nosso enfoque será no posicionamento dos pontos de injeção.
Ponto de injeção
Resultado Critério
1. Tempo de preenchimento Todas as extremidades devem ser preenchidas
ao mesmo tempo
2. Pressão de preenchimento Todas as extremidades devem ser preenchidas
com a mesma pressão
3. Níveis de tensão A tensão de cisalhamento não deve exceder o
máximo recomendado para cada tipo de material
4. Temperatura da frente de A temperatura da frente de fluxo não deve estar
fluxo (Temperature) mais do que 2°C abaixo da temperatura do
fundido
5. Aprisionamento de ar Deve ser evitado, ou deve estar em posições
onde possa ser facilmente ventilado
6. Linhas de Solda Devem ser evitadas ou localizadas em regiões
onde não representem um problema na
91
utilização da peça. O aspecto visual também é
uma questão relacionada às linhas de solda.
Linhas de Solda
Aprisionamento de ar
92
6.3.2.3) Mudança do ponto de injeção
93
6.3.3) Análise da Fase de Empacotamento/recalque
1) Empacotamento Convencional
c) Possui 1 ou 2 passos a pressão constante
d) O perfil de 2 passos é similar ao empacotamento com decaimento suave da
pressão
e) Usado quando a máquina não é capaz de fazer o profiled packing
f) Pode ser bom se a peça possui uma grande variação de espessura
a) Quando usar?
i) Quando a máquina permite
ii) Quando a variação na espessura da parede não é grande
iii) Quando o empenamento é crítico
94
ii) Otimiza
(1) Preenchimento da cavidade
(2) Balanceamento dos canais
(3) Resfriamento
95
96
Ajuste Fino do Perfil de Empacotamento
Para ajustar o encolhimneto na região final: ajuste a duração da fase de pressão
constante
• Encurtar, para aumentar o encolhimento Volumétrico
• Prolongar, para diminuir o encolhimento
Encurtar
Mais
Mais
Aumentar
Diminui
97
7- Influência das condições de processo no ciclo de moldagem por injeção, no
desenvolvimento da morfologia e nas propriedades mecânicas de peças
moldadas
98
empacotamento excessivo (“overpacking”), um moldado mais denso e até com
maiores tensões internas. Já a temperatura do molde tem pouca influência na
pressão durante a fase de preenchimento do molde, devido aos curtos tempos de
resfriamento nesta fase. O contrário é verificado na fase de empacotamento, pois a
temperatura do molde influencia o comportamento de resfriamento.
99
uma melhor transferência da pressão de empacotamento para o fundido no molde,
desde que haja colchão suficiente para isto.
superfície
Baixa temperatura
do fundido
orientação
núcleo
Alta temperatura
do fundido
Velocidade de injeção
100
promovem uma redução na orientação, devido à menor taxa de cisalhamento imposta
ao fundido.
superfície
orientação
núcleo
Pressão de empacotamento
Figura 7.2 – Desenho esquemático do efeito da pressão de empacotamento na
orientação de peças moldadas por injeção [ROSATO e ROSATO,2000].
101
pele aumenta devido à pequena quebra de partículas próximo à interface entre a sub-
pele e o núcleo. O tamanho médio das partículas é similar ao encontrado nos pellets,
sendo praticamente constante, independentemente da velocidade de injeção utilizada e
da posição ao longo da espessura [SON et al.,2000].
102
iv) Fatores relacionados aos métodos de teste
• Grau de cristalinidade;
• Padrão de orientação
103
MOLDE
MÁQUINA DE MOLDAGEM POR INJEÇÃO
No pontos Posição bicos
Material injeção de injeção
colchão Tipo da máquina do molde
Tipo do bico
Tempo de ciclo de injeção
Tempo de resfriamento Sistema de Comprimento
Pressão de controle pressão/ Resfriamento de fluxo geometria
empacotamento controle posição vazão
PROPRIEDADES MECÂNICAS
Velocidade da rosca Espessura da
cavidade
Tempo de empacotamento Pressão de contrapressão Canais quentes
injeção Temperatura
Temperatura do barril do molde
cristalinidade
Espessura da pele reforços Tipo de teste
temperatura
tipo entalhe
Tamanho da lamela
Geometria
orientação aditivos peça
Tamanho do cristal Peso molecular
Tempo
Moléculas ligadas Propriedades envelhecimento local
térmicas
emaranhamentos perfeição umidade velocidade
Reologia
% umidade Modo de
esferulito temperatura
solicitação
tipo ACONDICIONAMENTO
tamanho
MORFOLOGIA MATERIAL AMOSTRA TESTE
Figura 7.3 – Fatores que influenciam as propriedades mecânicas de polímeros moldados por injeção(VIANA,1999).
104
7.3.1 – Resistência ao Impacto Izod [ROSATO e ROSATO, 2000]
As variáveis de processo têm grande influência na morfologia das peças moldadas por
injeção e seu efeito pode ser refletido nas propriedades mecânicas finais da peça.
Direção transversal
Direção paralela
Temperatura do fundido
105
Direção transversal
Resistência ao impacto
Temperatura do fundido:
Baixa à média
Direção paralela
Velocidade de injeção
Direção transversal
Resistência ao impacto
Direção paralela
Temperatura do molde
106
A pressão de empacotamento não apresenta um efeito significativo e
consistente com a resistência ao impacto.
ROSATO e ROSATO,2000]
107
A resistência à tração aumenta significativamente com o aumento da
cristalinidade, pois a força necessária para quebrar a forte ligação em uma estrutura
cristalina compacta é maior que a de um material amorfo. Como o fluxo ocorre
primeiramente na fase amorfa, pode-se esperar que a deformação final seja maior
quanto mais fase amorfa estiver presente [RUDIN,1972].
108
maior densidade de microfibrilas antes da trinca inicial. Por outro lado, em uma
estrutura com esferulitos maiores, a formação das microfibrilas é localizada na fraca
região interesferulítica, resultando em uma fratura frágil [VIANA, 1999]. Esferulitos
maiores são obtidos com alta temperatura do fundido e do molde e alta velocidade de
injeção.
109
empenamento, encolhimento e fratura prematura sob solicitação de impacto ou de
flexão [KANTZ et al.,1972]. Esta anisotropia morfológica resulta em uma inevitável
anisotropia de propriedades mecânicas na direção do fluxo [PHILLIPS et al.,1994].
110
congelada, e também aumento da tensão de escoamento e redução do alongamento
na ruptura.
111
7.4.4 – Blendas Poliméricas
112
interfacial entre os componentes da blenda promove uma dispersão homogênea e
estabilizada, diminuindo o processo de coalescência durante processamentos
posteriores e melhorando as propriedades de impacto[PAUL,2000].
113
PARÂMETROS MORFOLÓGICOS PROPRIEDADES MECÂNICAS
orientação Espessura %cristalinidade Tamanho PM e Impacto Módulo Tensão Resistência
pele núcleo da pele pele núcleo esferulito DPM MD TD Elástico escoamento à tração
Velocidade Baixa
de injeção alta
Temperatura do Baixa
fundido alta
Temperatura Baixa
do molde alta
Pressão de Baixa
empacotamento alta
orientação Baixa
alta
Espessura da pele pequena
grande
% cristalinidade Baixa
alta
Tamanho pequeno
esferulito grande
Massa molecular Baixa
(PM) alta
Distribuição massa Estreita
molecular (DPM) larga
114
8 - Solução dos defeitos mais comuns encontrados em artigos em moldagem
por injeção [Arburg, 1992].
(a)
(b)
Figura 8.1 – (a) Exemplos de marcas chupagem ou rechupes em peças plásticas
moldadas por injeção. (b) Esquema mostrando a origem da contração nas regiões mais
espessas da peça.
Possíveis causas:
- Dosagem insuficiente;
- Problema na válvula de vedação no bico
da injetora;
- Posição de entrada em região de menor espessura;
- Parâmetros de injeção e recalque
inadequados.
Possíveis soluções:
- Verificar dosagem e válvula do bico;
115
- Reposicionar entradas para região de maior espessura;
- Otimizar tempo de compensação;
- Aumentar pressão de recalque;
- Mudar a temperatura do molde (diminuir para chupagem próxima à entrada,
aumentar para rechupes longe da entrada);
- Mudar a temperatura do fundido (idem anterior);
- Diminuir velocidade de injeção para rechupe próximo à entrada, aumentar para
rechupe longe da entrada
Causas:
- Degradação térmica do material causadas por tempos de residência muito longos ou
altas temperaturas.
- Cisalhamento muito intenso (na unidade de plastificação da injetora ou no
escoamento dentro da cavidade do molde), causando degradação do material.
Figura 8.2 – Exemplos de peças moldadas por injeção que apresentam sinais de
queima/degradação.
116
Possíveis soluções:
- reduzir Ti (reduzir temp. no cilindro, rotação da rosca ou a contrapressão);
- reduzir o tempo de residência (tempo de ciclo);
- reduzir a vazão;
- diminuir tempo ou temperatura de secagem do material
- verificar projeto do molde (evitar taxas de cisalhamento elevadas)
(a) (b)
Figura 8.3 – (a) peça injetada com manchas de umidade. (b) mecanismo de
formação/aparceimento destas manchas/bolhas de umidade.
Soluções possíveis:
- reduzir a umidade do material (secagem apropriada, diminuição do tempo
de residência do material no funil de alimentação, sistema de ventilação adequado na
unidade de plastificação.
- aumentar a temperatura do molde e verificar o sistema de resfriamento com
relação a vazamentos.
117
Figura 8.4 – Exemplos de peças injetadas que apresentam manchas de umidade.
8.4 - ESTRIAS DE AR
(a)
(b)
Figura 8.5 – (a) Peças com defeito superficial de estrias de ar. (b) mecanismo de
formação das estrias.
Mecanismo:
O ar da cavidade não consegue sair a tempo, durante a fase de enchimento do
molde e é empurrado para a superfície, envolvido e aprisionado pelo fundido, e é
estirado na direção do escoamento.
118
Soluções:
- diminuir a velocidade de injeção;
- modificar, quando possível, o projeto do molde, evitando transições bruscas e
quinas e diminuindo a profundidade de depressões;
- se o ar estiver sendo sugado próximo ao bico de injeção, durante a fase de
descompressão, tem-se como solução:
(i) reduzir a rotação da rosca durante a descompressão;
(ii) utilização de um bico valvulado e
(iii) mudança da posição de entrada na cavidade do molde
119
Soluções:
- Verificar canais de ventilação com relação à obstruções,
- Reduzir a força de fechamento,
- Reduzir a velocidade de injeção
- Mudar o programa de injeção (injeção mais lenta no final do enchimento).
Soluções:
- Usar fibras mais curtas ou esferas de vidro;
120
- aumentar a velocidade de injeção;
- aumentar a(s) temperatura(s) do molde e/ou de injeção;
- otimizar tempo de recalque e/ou pressão de recalque.
Marcas de fluxo em artigos moldados por injeção podem ser agrupadas em 3 grupos:
1) micro-ranhuras, que dão à superfície a aparência de um disco LP (vinil);
2) Superfícies com faixas lisas mais brilhantes, intercaladas por faixas embaçadas,
dispostas de forma sincronizada e simétrica nas duas faces da peça moldada;
3) Superfícies com faixas brilhantes, intercaladas por opacas, mas dispostas
alternadamente nas duas faces da peça.
1) 2) 3)
Causas:
- velocidade de resfriamento muito alta;
- temperatura do fundido muito baixa;
- Velocidade de injeção muito baixa;
121
- Temperatura do molde muito baixa.
Causas:
- distribuição ruim ou orientação diferenciada dos pigmentos;
- efeitos térmicos e fortes deformações também podem causar mudanças de cor.
- imiscibilidade do masterbatch com a matriz
122
8.9 – JETTING
Uma linha tipo serpentina ou mais reta é vista na superfície da peça moldada.
Sempre causa diferenças de cor e brilho. Pode ser similar às marcas de fluxo. Acontece
sempre nas descontinuidades de espessuras, em conjunto com altas velocidades de
injeção.
123
8.11 – MOLDADO CURTO ou Short Shot
São defeitos que ocorrem longe do bico de injeção, devido às longas distâncias
de fluxo que o material deve percorrer para preencher a cavidade, causando uma
diminuição da temperatura da frente de fluxo conforme a mesma avança, até que a
mesma atinja a temperatura de no flow e pare. Podem ocorrer também em ouras
áreas de ventilação insufuciente, devido ao aprisionamento de ar.
Causas:
- largura excessiva dos canais de ventilação;
- força de fechamento do molde insuficiente;
- pressão interna do molde muito alta durante o preenchimento e/ou recalque;
- viscosidade do fundido muito baixa.
8.13 – DELAMINAÇÃO
124
Ocorre quando as camadas do material com diferentes características
morfológicas não estão coesas e começam a descascar.
Causas:
- altas tensões/taxas de cisalhamento;
- materiais estranhos ao polímero (cargas lamelares orientáveis na direção do
fluxo – argila, talco, etc).
Possíveis soluções:
- aumentar a temperatura do molde;
- evitar velocidades de injeção muito altas ou muito baixas.
8.14 - APRISIONAMENTO DE AR
125
8.15 – CONTRAÇÃO E EMPENAMENTO NA MOLDAGEM POR INJEÇÃO
Contração/Encolhimento:
A norma ASTM D955 estabelece que a contração, C, na direção do escoamento,
seja medida em barras injetadas de 127 x 12,7 x 3,2 mm, com uma entrada capilar de
6,4 x 3,2 mm.
L0 − L1
Cm = x 100%
L0
onde:
L0 = dimensão da cavidade e L1 = dimensão da peça injetada (24 hs após a inejção, T
= 23 ± 2 oC).
Tempo de empacotamento:
- um amento do tempo de empacotamento resulta no aumento do tempo
necessário para que a pressão dentro da cavidade decaia para zero, o que acarreta um
aumento da etapa de resfriamento.
- para tempos de compactação maiores o material resfria mais dentro da
cavidade e, consequentemente, após a retirada do pistão, o congelamento da entrada
se dará mais rapidamente. Com isso, a pressão dentro da cavidade, na hora do
congelamento da entrada, será tanto maior quanto maior for o tempo de compactação.
126
Sendo mais alta esta pressão, demorará mais para cair, durante a fase de
resfriamento. Como consequência poderá não ser possível uma descompressão total
dentro da cavidade do molde e a pressão residual resultante poderá causar
empenamento na peça. De qualquer modo, quanto maior o tempo de compactação,
menor é a perda de material por vazamento antes do congelamento da entrada e, por
consequência, menor vai ser a contração da peça moldada.
Pressão de Injeção
Pode se obter também uma maior pressão residual na cavidade, utilizando uma
relação maior entre pressão de injeção e pressão de compactação.
Temperatura do molde:
Aumentando-se a temperatura do molde, aumenta-se o retorno do material
antes do congelamento da entrada, o que provoca uma queda mais rápida na pressão
dentro da cavidade. Com maior perda de material, a contração final da peça moldada
será maior. Quanto mais lento o resfriamento, mais tempo o material terá para
cristalizar-se e portanto, maior o encolhimento volumétrico.
Pressão de recalque
Um aumento da pressão de recalque pode contribuir para uma diminuição do
encolhimento na peça moldada. Este efeito é mais pronunciado para materiais não
carregados.
127
A
Material:
Em matereiais carregados com fibras, embora as contrações sejam menores em
relação às da resina pura, o empenamento das peças moldadas podeerá aumentar,
uma vez que a orientação das fibras durante o preenchimento da cavidade vai
aumentar a anisotropia da contração. Fibras alinhadas na direção do fluxo reduzem a
contração nessa direção, mas na direção transversal a magnitude do efeito das fibras é
muito menor.
Geometria da peça
Variações de espessura na peça podem causar empenamento. As seções mais
finas tendem a resfriar-se mais rapidamente dos que as mais grossas, causando
diferentes graus de contração. Para materiais cristalizáveis este efeito é ainda mais
sognificativo, pois as regiões mais grossas da peça vão apresentar um grau de
cristalinidade mais elevado, como conseqüência do resfriamento mais lento, contraindo
mais.
128
Projeto molde:
O posicionamento da entradas deve ser tal que proporcione o preenchimento da
cavidade de forma mais uniforme possível, evitando overpacking, resfriamemto
diferencial. O sistema de resfriamento do molde também deverá proporcionar um
resfriamento uniforme durante o ciclo de injeção, principalmente em regiões de
mudança de direção do fluxo (cantos, aletas de reforço). A figura a seguir apresenta
uma comparação da uniformidade do campo de temperaturas proporcionadas por
sistemas de refrigeração diferentes. No caso (a) foi realizado um afatsamento dos
canais de refrigeração. No caso (b), os canais de refrigeração foram substituídos por
um maior número de menor diâmetro. Em (c) foram adicionados mais canais de menor
diâmetro, além da mudança da posição dos canais.
(a) (b)
(c)
Figura 8.18 – Modificações em sistemas de resfriamento de moldes de injeção, para
uniformização da temperatura durante o resfriamento.
Condições de processo
129
provocar um nível de tensões congeladas na peça muito alto. Por outro lado, um
preenchimento muito lento pode causar o resfriamento do polímero na frente de fluxo,
o que também causará orientação diferencial ao longo do produto moldado.
O empacotamento também deve ser adequado para se evitar empenamento. As
regiões próximas da entrada estão sujeitas a um nível de pressão mais elevado. Este
efeito será tanto maior quanto maior o comprimento do fluxo dentro da cavidade,
sendo que nas regiões mais afastadas as pressões de empacotamento atuando sobre o
polímero serão menores. Uma solução para este problema é a utilização de perfis de
decaimento suave da pressão de empacotamento com o tempo, apresentadas na
apresentação do software de simulação Moldflow©, lembrando que a intenção não é
diminuir o valor absoluto do encolhimento, mas uniformizá-lo ao longo da peça
moldada.
9. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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Mechanics of Materials, vol.35, p.845-863, 2003.
135
Anexo A
136
A avaliação da influência de cada fator estrutural deve ser feita caso a
caso, verificando se o fator analisado é significativo para um sistema particular.
As condições de preparação e fabricação das amostras poliméricas,
englobando o processamento, eventuais tratamentos térmicos e o formato da amostra,
embora sejam consideradas variáveis externas, poderão provocar alterações
estruturais significativas e conseqüentemente influenciar o comportamento mecânico
dos polímeros.
As principais variáveis externas que afetam o comportamento mecânico
dos polímeros são: temperatura; tempo ou velocidade de deformação (ou velocidade
de aplicação da tensão); nível da solicitação mecânica; tipo de solicitação; natureza da
atmosfera vizinha, abrangendo umidade e outros agentes quimicamente agressivos ao
polímero avaliado.
137
Dois níveis de solicitações mecânicas devem ser destacados:
• Solicitações brandas produzindo o comportamento deformacional dos polímeros,
isto é, sem atingir a integridade da estrutura ou a ruptura do sistema polimérico.
Os módulos de elasticidade em tração e em flexão (rigidez) são determinados neste
nível.
• Carregamentos visando a determinação de propriedades limites, ou seja,
analisando a resposta até a destruição mecânica do sistema polimérico. As tensões
e deformações de ruptura, a resistência ao impacto e a durabilidade sob fadiga são
propriedades mecânicas determinadas no limite da resistência destrutiva dos
polímeros.
O nível da solicitação mecânica está vinculado ao seu tipo e à sua natureza.
O tipo e a natureza das solicitações mecânicas normalmente provocam respostas
diferentes para um mesmo sistema polimérico. A resistência à tração de um sistema
polimérico pode ser determinada a partir de um carregamento estático com velocidade
constante num ensaio convencional de tração, ou, calculada sob carregamento cíclico
na forma de fadiga. Certamente, as respostas correspondentes à resistência do
material serão diferentes, sendo geralmente inferiores nos ensaios cíclicos em
comparação com os ensaios estáticos.
138
solicitação constante. Este fenômeno pode ser observado num ensaio de fluência, sob
longa duração, onde a deformação do polímero varia continuamente com o tempo
quando submetido a uma tensão constante neste período de tempo. O mesmo ocorre
num ensaio de relaxação de tensão, onde o polímero quando submetido a uma
deformação constante, tem a tensão correspondente relaxada com o decorrer do
tempo.
Nos estudos de viscoelasticidade em polímeros, idealmente, podem ser
combinadas duas possibilidades:
• o comportamento real dos polímeros em ensaios mecânicos, o que pode
139
A .4) Ensaios sob Tração
A Figura A.1 mostra três curvas s - e típicas que podem ser obtidas em
ensaios de tração. Estas curvas genéricas foram extraídas da ASTM D 638, que é
norma geral mais utilizada para a realização de ensaios de tração em plásticos. Para os
ensaios de tração de borrachas segue-se usualmente a ASTM D 412. Tanto para os
ensaios de tração, como para outros tipos de ensaios de polímeros, tem sido
observado um crescente emprego das normas ISO.
A norma ASTM D 638 apresenta todas as definições dos termos e símbolos
relativos aos ensaios de tração de plásticos. Os principais termos definidos são os
seguintes:
• Tensão de tração (nominal) s: é a razão entre a carga ou força de tração (F
ou W) e a área inicial mínima da seção transversal do corpo de prova (Ao), s =
F/Ao, devendo ser expressa em MPa (megapascals).
Esta tensão de tração é denominada nominal porque o seu cálculo é sempre
baseado na área inicial Ao. Para materiais que exibem alta extensibilidade, ou
empescoçamento, ou ambos, a tensão nominal pode não ter grande significado
além do ponto de escoamento, devido à grande redução na área inicial Ao. Em
alguns casos, pode ser desejável calcular a tensão de tração verdadeira,
substituindo a área inicial Ao pela área da secção remanescente em uma dada
deformação (área instantânea).
• Resistência à tração (nominal): é a máxima tensão de tração (nominal)
suportada pela amostra durante o ensaio de tração, devendo ser expressa em MPa.
Quando a tensão máxima ocorrer no ponto de escoamento, a resistência à tração
deverá ser designada "resistência à tração no escoamento".
140
Quando a tensão máxima ocorrer na ruptura (ou quebra). a resistência à tração
deverá ser designada "resistência à tração na ruptura".
• Comprimento entre marcas (Lo): é o comprimento original de uma região do
corpo de prova; o incremento da distância entre marcas (∆
∆L) é a diferença da
distância entre marcas a qualquer tempo (L) e o comprimento original (Lo), isto é,
∆L=L−
−Lo.
As medidas precisas de ∆L são efetuadas pelo emprego de extensômetros.
• Deformação (e) é a razão entre a variação do incremento da distância entre
marcas (DL) e o comprimento original entre marcas (Lo), ou seja, ε = ∆L/Lo,
sendo adimensional.
A deformação percentual (ou alongamento percentual) e% é dada por e.100%, e
pode ser calculada em qualquer ponto da curva tensão-deformação.
141
• Módulo de elasticidade em tração ou módulo de Young (E): é a razão entre a
tensão de tração (nominal) e a deformação correspondente , E=s/e, abaixo do
limite de proporcionalidade do material; limite de proporcionalidade é a maior
tensão que o material é capaz de suportar sem qualquer desvio da
proporcionalidade entre a tensão e a deformação (lei de Hooke).
O módulo de elasticidade E, embora não deva ser utilizado como sinônimo de
rigidez, está diretamente relacionado com este comportamento mecânico. Isto é,
quanto maior for o valor de E, maior será a rigidez do polímero.
As relações tensão−deformação de muitos plásticos não seguem exatamente a lei
de Hooke, mesmo estando dentro das suas regiões de comportamento elástico.
Isto é, apresentam desvios desta lei para tensões com valores bem abaixo do limite
elástico, definido como a maior tensão que o material é capaz de suportar sem que
haja deformação permanente, após a remoção total da tensão. Para tais materiais,
a inclinação da tangente à curva tensão deformação, traçada para tensões e
deformações baixas, é usualmente tomada como módulo de elasticidade ("módulo
de elasticidade tangente").
• Módulo secante: é a razão entre a tensão de tração (nominal) e a deformação
correspondente, para qualquer ponto especificado da curva tensão−deformação; o
valor do módulo secante deve ser fornecido em função da tensão de tração ou da
deformação adotadas para permitir o seu cálculo.
O módulo secante é usualmente empregado no lugar do módulo de elasticidade E
para a análise de materiais cujo diagrama tensão−deformação não demonstre
proporcionalidade entre a tensão e a deformação.
• Ponto de escoamento: é o primeiro ponto na curva tensão−deformação no qual
um aumento na deformação ocorre sem um aumento na tensão; somente os
materiais para os quais as curvas tensão−deformação exibem um ponto de
inclinação igual a zero podem ser considerados como tendo um ponto de
escoamento.
• Tensão de tração no escoamento: é a tensão de tração no ponto de
escoamento, para materiais cujos diagramas tensão−deformação exibem um ponto
de escoamento nítido; se no ponto de escoamento a tensão for máxima, este termo
passará a denominar-se resistência à tração no escoamento.
• Tensão de tração no ponto de escoamento deslocado: é a tensão de tração
para a qual a deformação excede por uma quantidade especificada (isto é, o
deslocamento) uma extensão da porção inicial proporcional da curva tensão−
142
deformação; a deformação percentual que caracteriza este deslocamento deve ser
fornecida juntamente com o valor da tensão de tração no ponto de escoamento
deslocado.
• Empescoçamento: é a redução localizada na seção transversal do corpo de prova,
que pode ocorrer em um material submetido à tensão de tração.
Com referência à realização dos ensaios de tração, a norma ASTM D-638
fornece informações detalhadas sobre: tipos e dimensões dos corpos de prova;
condicionamento dos corpos de prova (tempo, temperatura e umidade); aspectos
relativos aos equipamentos que podem ser empregados, incluindo as garras para a
fixação da amostra a ser ensaiada; as velocidades dos ensaios; o número de corpos de
prova que deve ser avaliado; os parâmetros que devem ser calculados.
A Figura A.2 ilustra o posicionamento de um corpo de prova nas garras
de fixação utilizadas para a execução de um ensaio de tração.
A Figura A.3 apresenta de forma genérica, as influências da velocidade
do ensaio e da temperatura nos diagramas tensão−deformação, obtidos em tração.
Estas variáveis devem ser conhecidas pois afetam profundamente os principais
parâmetros calculados nos ensaios de tração de polímeros.
143
Figura A.2 Ilustração do posicionamento e da fixação de um corpo para a
execução de um ensaio de tração[4].
144
Figura A.3 Ilustração sobre os efeitos da velocidade do ensaio e da
temperatura nas curvas tensão−deformação, obtidas em tração;
valores típicos de s e e% para o acetato de celulose[4].
145
Figura A.4 Ilustrações dos comportamentos frágil e dúctil através de curvas de
tensão- deformação (σ
σ × ε) sob tração; são mostradas as deformações dos
corpos de prova para vários pontos das curvas σ × ε; dados para dois
termoplásticos amorfos: polímero 1 - poliestireno (PS), frágil e polímero 2 -
poli(cloreto de vinila)-PVC, dúctil (tipos não especificados)[4].
146
A ASTM D 695 é o principal método para a padronização da execução dos
ensaios de compressão de plásticos rígidos e posterior interpretação dos resultados,
que são obtidos através das curvas tensão de compressão-deformação.
A Figura A.6 apresenta um esquema para a fixação e realização de um ensaio
de compressão em plásticos rígidos. Os principais corpos de prova utilizados são
prismas ou cilindros, cujo comprimento é o dobro da principal largura ou do diâmetro.
As amostras preferidas são prismas de 12,5 mm ´ 12,5 mm ´ 25 mm ou cilindros de
12,5 mm de diâmetro por 25 mm de altura.
147
Tabela A.1 Características das Curvas Tensão × Deformação (s ´ e), obtidas em
ensaios de tração de polímeros[4].
148
Figura A.5 Curvas típicas tensão × deformação (diagramas s ´ e), obtidas
em ensaios de tração de polímeros[4].
149
Figura A.7 Comparação entre as curvas tensão (s) - deformação percentual (e %)
para o poliestireno, sob tração (comportamento frágil) e sob compressão
(comportamento dúctil)[4].
150
Nos ensaios de flexão, aplicados para polímeros rígidos e semi-rígidos, são
freqüentemente determinados:
• o módulo de elasticidade em flexão, cujo valor é empregado como critério mais
importante para a avaliação da rigidez dos materiais poliméricos.
• a resistência à flexão, que é igual à tensão máxima nas fibras externas de um
corpo de prova de um polímero, no momento da quebra.
A Figura A.9 mostra como estes dois valores podem ser calculados para o
ensaio de flexão em três pontos.
A resistência à flexão não pode ser determinada para os polímeros que
não quebram ou que não falham nas fibras externas durante o ensaio de flexão.
Nestes casos pode ser calculada uma tensão de flexão para uma dada deformação (r).
A deformação (r) igual a 5% (ou 0,05 mm/mm) é um dos valores mais recomendados
para especificar este tipo de resultado, sendo que 5% é também a deformação mais
elevada que deve ser atingida nos ensaios de flexão de polímeros.
151
Figura A.8 Ilustração dos ensaios de flexão em três pontos[4]: a. esquema com o
corpo de prova apoiado, mostrando a direção de aplicação da carga. b. esquema com
a indicação das tensões de tração e de compressão às quais o corpo de prova está
submetido durante o ensaio de flexão.
152
Figura 4.9 Ensaios de flexão em três pontos[4] − cálculo do módulo
de elasticidade em flexão (Ef) e da tensão máxima nas fibras externas, que ocorre no
ponto médio entre os apoios (s máx), onde:P = carga em um dado ponto da curva
carga-deflexão (ou flecha); quando P for a carga que provoque a quebra do corpo de
prova, s máx passa a ser a resistência à flexão. L = distância entre apoios ou
suportes. b = largura do corpo de prova. d = profundidade ou espessura do corpo de
prova. D ou D = deflexão ou flecha, no ponto médio entre os apoios. P/D = m =
inclinação da tangente na porção inicial linear da curva carga-deflexão. r = deformação
máxima nas fibras externas, que ocorre no ponto médio entre os apoios = 6Dd/L² ou
6Dd/L².
153
resistência ao impacto tomando como referência a unidade libras.pé/polegada de
entalhe.
Nos resultados dos ensaios de impacto tipo Izod, a resistência ao impacto
é quantificada em termos da energia de impacto absorvida por unidade de espessura
ou de espessura ao longo do entalhe para os corpos de prova entalhados, mostrados
na Figura A.11. Também a resistência ao impacto Izod pode ser expressa pela energia
de impacto absorvida dividida pela área da seção resistente do corpo de prova. Por
exemplo, no primeiro caso a resistência ao impacto Izod com entalhe seria dada em
J/m, Kgf.cm/cm ou libras.pé/polegada de entalhe, e no segundo caso os valores
seriam fornecidos em J/m², Kgf.cm/cm² ou libras.pé/polegada ao quadrado.
Embora a realização dos ensaios de impacto, como o ensaio tipo Izod,
seja relativamente simples, a obtenção de resultados precisos pode ser extremamente
difícil, pois muitos fatores influenciam marcantemente tais resultados.
Entre os principais fatores que de um modo geral afetam a resistência ao
impacto Izod dos polímeros, podem ser citados:
• entalhe, isto é, principalmente o raio e a profundidade do entalhe; o entalhe no
corpo de prova atua concentrando tensões, minimizando a deformação plástica e
não direcionando a fratura para a região atrás do entalhe.
• temperatura.
• fatores estruturais.
• cargas, reforços, plastificantes e outros aditivos.
• condições de moldagem e história térmica.
• tempo de estocagem.
• velocidade do ensaio de impacto.
• outras variáveis particulares, tais como umidade e espessura do corpo de prova.
A Figura A.12 apresenta os resultados dos ensaios de impacto Izod com
entalhe, para dois polímeros (poliestireno-PS e poliestireno de alto impacto-HIPS), em
função da temperatura. Nestes ensaios foram utilizados corpos de prova entalhados,
como já apresentado na Figura A.11.
O policarbonato (PC) é um termoplástico de engenharia, amorfo, com
resistência ao impacto extremamente elevada mesmo em temperaturas abaixo de sua
temperatura de transição vítrea (Tg), sendo tal comportamento considerado uma
exceção. Entretanto, a sua resistência ao impacto diminui com o aumento na
espessura das seções moldadas, e também é bastante sensível aos entalhes.
154
Figura A.10 Ilustrações referentes à execução de ensaios visando determinação da
155
Figura A.11 Detalhes da execução de ensaios de impacto[4]:a. variação da energia do
pêndulo após o impacto sobre o corpo de prova entalhado. b.corpo de prova com
entalhe − indicação da espessura ao longo do entalhe, usada como base para o cálculo
da resistência ao impacto em libras.pé/polegada de entalhe.
156
Figura A.12 Resistência ao impacto Izod com entalhe, para o poliestireno (PS) e para o
poliestireno de alto impacto (HIPS), em função da temperatura[4].
BIBLIOGRAFIA CONSULTADA
157
[3] DEALY, J. M.; WISSBRUN, K. F. “Melt Rheology and its role in Plastics Processing:
Theory and Applications” van Nostrand Reinhold, New York, 1990.
[4] AGNELLI, J. A. M. “Apostila do Módulo 1, Introdução a Materiais Políméricos”,
capítulos 5 e 6, do curso Aperfeiçoamento em Tecnologia de Polímeros, 2000.
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