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ex-colaborador
um leitorado de também a literatura de (e por) um novo
leitor" é
literatura "contra o provocação de Lindon e de Bernhard.
da
essa a beleza radical (a ponto de se tornar inconcebível)
civilizatório se perde
Esse projeto pelo gosto. E aí não resta
espaço para alargar
literatura é sequestrada que já é a
para além daquilo
compreensão do mundo apreciadoe
cia e a
novidade passa a ser uma palavra vazia, no máximo um
cido. A escreve "contra o leitor" é imediatamente
hoje que se
pretensão. Dizer de quem diz. É uma heresia e
e à presunção um parad
à suposta arrogância de ser considerado uma
contfildiçâo em termos, além ofensa.por
uma mandam as regras do bom comércio, o cliente
um cliente e, como
leitor é do academicismo, da aplicação
É o tempo das normas
em primeiro lugar. ed
convenções,do pensamentopequeno e da visão curta. É o tempo desenten
chato ou bem construído, bem ou mal escrito
ciar que tal romance é
personagenssão psicologicamente críveis, de carne e osso ou não. que
"AquiloOs
falou sobre o editor francês era piada, não era?", o escritor colombiano
você
"Não",eu respondi.
perguntou quando saímos do debate.
ANGELO VENOSA: Sou paulista, nascido na capital em 1954,filho de
pós-guerra. O ofício do meu pai
italianos que vieram para o Brasil no era
a
marcenaria, minha mãe, por sua vez, costurava.
Esse era o ambiente em que nasci; fazer coisas, transformar a matéria
alguma coisa. Em São Paulo cursei o Ginásio Vocacional,6uma escolapública
experimental, onde tive como professores Evandro Carlos Jardim7e Maciej
110 HOJE
CULTURA BRASILEIRA
Babinski.sMinhas memórias do colégio me levam a crer que passei grande parte
do tempo enfurnado na sala de artes plásticas.
No final do segundo grau, frequentei por alguns meses a Escola BrasilRcriada
pelos artistas Baravelli, José Resende, Carlos Fajardo e Frederico Nasser; Isso foi
às vésperasda minha vinda para o Rio. Mas só me assumi como artista quando
me mudei para o Rio de Janeiro, em 1974.Aqui cursei a Esdi (Escola Superior de
Desenho Industrial), onde conheci minha mulher, tive filhos e me estabeleci.
N.áosei precisar exatamente quando tudo começou; porque parece que há um
momento em que as coisas engrenam, a inércia é rompida e se começa a trabalhar.
Em 1981,frequentei por alguns meses a Escola de Artes do Parque Lage. Embora
tenha sido uma passagem muito rápida, foi lá que conheci os artistas10com quem
tive meu primeiro ateliê, em 1983,numa vila na Rua São Clemente, em Botafogo.
8 Maciej Antoni Babinski (1931), gravador, ilustrador, pintor, desenhista, professor. Em 1940, migra com
a família da Polônia para a Inglaterra, por causa da Segunda GuerraMundial (1939—1945). Inicia sua
formação artística, tendo aulas de aquarela com o padre Raphael Williams, que o introduz na técnica da
pintura ao ar livre. Em 1949, fixa-se com a família em Montreal,Canadá, onde estuda pintura com John
GoodwinLyman, na McGill University.Além disso, tem aulas de gravura com Eldon Grier e faz cursos de
desenho e pintura com Goodridge Roberts, na Art Association {f Montreal.No ateliê de Roberts, pinta paisa-
gens, interiores e naturezas-mortas. Paralelamente, aproxima-se do grupo de vanguarda Les Automatistes,
reunido em torno de Paul-Émile Borduas, e expõecom eles, em 1952, no Musée des Beaux-Arts de Montréal.
Ainda na fase canadense, realiza sua primeira individual, em 1953. Nesse mesmo ano, muda-se para o
Brasil, e permanece no Rio de Janeiro até 1965. No períodocarioca entra em contato com Oswaldo Goeldi,
Augusto Rodrigues e Darel e participa de diversos salões e mostras coletivas. Realiza, em 1961, 24 águas-
-fortes para o livro Cadernos de João, de Aníbal Machado,editado pela Sociedade dos Cem Bibliófilos do
Brasil. A galeria Selearte, em São Paulo, e a Petite Galerie, no Rio de Janeiro, abrigam suas primeiras indi-
viduais no Brasil, em 1962 e 1964, respectivamente. Em 1965 é convidado a lecionar no Instituto Central de
Artes da Universidade de Brasília —ICA/UnB, do qual se afasta um ano depois em virtude de perseguições
políticas. Após viver oito anos em São Paulo, de 1966 a 1974, muda-se para Minas Gerais, primeiro para
Araguari e depois para Uberlândia, e vai lecionar na Universidade Federal de Uberlândia — UFO, onde fica
de 1979 até 1987. Com a anistia política, é reintegradoà UnB em 1988, e lá permaneceaté se aposentar,
em 1991, quando passa a residir em Várzea Alegre, interiordo Ceará. Em 2004, é realizada a retrospectiva
"Babinski: 50 anos de Brasil", no ConjuntoCultural da Caixa, em Brasília.
9 A Escola Brasil, fundada por quatro artistas paulistas, Luiz Paulo Baravelli, Frederico Nasser, Carlos
Fajardo e José Resende, antes alunos de Wesley Duke Lee, existiu em São Paulo entre 1970 e 1974.
CULTURA
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Escultura em execução no ateliê do artista na Lapa, Rio de Janeiro, 1987. Foto: Angelo Venosa
II 45a Bienal de Veneza, 1993. Essa edição da Bienal com curadoria de Achille BonitoOliva,incluiuapar•
ticipação de 45 países. 0 prêmio de melhor participação nacional coube à Alemanha:o pisodopavilhão
HOJE
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Angelo Venosa. Sem título, 1994. Osso de boi e bronze fundido, 47 x 42 x 20 cm. Coleção Mara Fainziliber. Foto: Sergio Araujo
AngeloVenosa. Sem título, 1992. Chumbo e cera, 21 x 24 x 3 cm. Coleção particular.Foto: Sergio Zalis
foi quebradopelo artista Hans Haacke, forçando o visitante a caminhar sobre os "restos de uma nação".
0 pavilhão brasileiro levou os artistas Angelo Venosa, Carlos Fajardo e Emmanuel Nassar.
HOJE
BRASILEIRA
CULTURA
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AngeloVenosa. Sem título, 1994. Dentes de boi e parafina,65 x 40 x 40 cm. Coleção particular.Foto: Sergio Zalis
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CULTURA BRASILEIRA
HOJE
partir de um crânio e um fêmur humanos, iniciei um processo de desmon-
tar e remontar esses corpos por meio de camadas. Inicialmente por meio de
tomografiaS e transformação das imagens tomográficas em desenhos lineares.
O desenho, nesse período, pode ser interpretado como um elo crucial, presente
as fases de produção dos 'trabalhos€
em todas
Idealmente, era como se eu quisesse quc esses vários desenhos, ordenados em
camadas,flutuassem no ar, criassem a perccpçâo de um corpo a um só tempo
concreto e ilusório, Mas como isso não seria possível, comecei a usar placas de
vidro como suporte para essas camadas.No trabalho feito a partir do crânio
pode ser vista a sua reconstrução com fios de arame colados nas placas de vidro
breu.
com gotas de
Em meados de 1990,um CD do The VisibleHuman Project12chegou às minhas
mãos. Fiquei fascinado por essas imagens e, tal qual um anatomista maluco, me
debruceisobre elas, gerando novos contornos, deformações e superposições que
resultaram em formas totalmente diversas do corpo de onde se originavam.
AngeloVenosa. Sem título, 1998. Aço Corten, 130 x 100 x 0,2 cm. Coleção particular. Foto: Angelo Venosa
12 The Visible Human Project tem por finalidade criar um conjunto detalhado de dados de fotografias de
cortes transversais do corpo humano, a fim de facilitar aplicações de visualização de anatomia. 0
projetofoi realizado pela Biblioteca Nacional de Medicina dos EUA (NLM).
Angelo Venosa.Sem título,1994. Aço Corten,45 x 150 x 60 cm. Coleção Banco Itaú. Foto: Sergio Guerini
AngeloVenosa. Sem título,2002. Vidro, 59 x 57 x 9 cm (cada). Coleção do artista. Foto: Angelo Venosa