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FUNDAMENTAÇÃO:

Ao denunciado é imputado o crime de roubo, art. 157 §2º inci, I do Código


Penal. Quanto à materialidade, restou comprovada pelo que se apreende do
auto de exibição, apreensão (fl __), auto de avaliação (fl __), e auto de
entrega (fl __). Quanto à autoria, sem dúvida, recai na pessoa do acusado,
já que na fase inquisitorial o mesmo confessa a prática do delito que lhe é
imputado. Também em juízo novamente confessou a autoria do crime (fl.
__). Segundo entendimento jurisprudencial: "A confissão prestada no
I.P.M.. Desta feita, concorrem também contra o réu os depoimentos das
vítimas, bem como prova testemunhal nos autos, conforme a denúncia.
Cabe asseverar que o uso de simulacro de arma de fogo, basta para tipificar
o delito pelo qual foi denunciado, sendo uníssono o entendimento
jurisprudencial.

16055631 JCP.157 JCP.157.2.I JCP.157.2 – PENAL – ROUBO – EMPREGO


DE ARMA DE BRINQUEDO OU INEFICAZ PARA EFETIVAR A AMEAÇA –
INCIDÊNCIA DA QUALIFICADORA DO CP, ART. 157, § 2º, I – 1. Ainda que a
arma empregada no crime de roubo para exercer a grave ameaça seja
ineficaz, deve incidir a qualificadora prevista no art. 157, § 2º, do Código
Penal, já que a vítima – que desconhecia essa circunstância – teve, de
qualquer forma, diminuída ou suprimida a sua capacidade de resistência. 2.
Recurso conhecido e provido. (STJ – REsp 205427 – SP – 5ª T. – Rel. Min.
Edson Vidigal – DJU 01.08.2000 – p. 00296)

SÚMULA 174 DO SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA - No crime de roubo, a


intimidação feita com arma de brinquedo autoriza o aumento de pena.

Deve ser sobrelevado, que o crime foi consumado, com o iter criminis em
todas as suas fases, pois, utilizando-se de grave ameaça, subtraiu o bem ,
retirando-o da esfera de vigilância da vítima, com posse mansa. Assim
sendo, não se pode acolher a tese de tentativa.

CONCLUSÃO - Pelo relatado, resta comprovada a culpabilidade do agente e


sua incursão nas sanções previstas no artigo 157 §2º, inciso I do Código
Penal.

DISPOSITIVO

Decido procedente a denúncia para condenar o réu


____________________ nas penas cominadas pelo artigo 157 § 2º,
inciso I do Código Penal.

DOSIMETRIA DA PENA 
Tomando o artigo 59 do Código Penal cominado com o artigo 68, fixo as
penas da seguinte maneira:

Pena Base

Culpabilidade: conduta do réu reprovável, com consciência e ânimo de


constranger com o fim de obter vantagem patrimonial indevida;

Comportamento da vítima: as vítimas em nada contribuíram para a


prática do delito; estavam em seu local de trabalho e em nada facilitaram a
conduta do agente;

Antecedentes : o mesmo não apresenta antecedentes conforme as


certidões apresentadas (fls __);

Personalidade: Prejudicado em virtude de ausência de exames por


profissional capacitado;

Motivos do Crime: Animus Furtandi, com inequívoco intento de locupletar-


se indevidamente;

Circunstâncias: não bastando invadir o local de trabalho das vítimas,


valeu-se do período noturno para a prática delituosa;

Conseqüências do Crime: danos materiais de pouco valor;

Conduta Social: prejudicada em virtude da ausência de elementos


aferíveis nos autos.

O crime praticado pelo denunciado não causou graves conseqüências


patrimoniais, mas não resta dúvida que o emprego de arma, ainda que de
brinquedo, foi substancial para consecução do delito. Se o denunciado
empregou a arma de brinquedo não foi por considerá-la de pouco ou
nenhum poder ofensivo, apenas por que não possuía arma de verdade.

Assim sendo, aplico ao réu, pena base de 6 anos de reclusão e 60 dias-


multa, sendo cada dia-multa equivalente a 1/30 do salário mínimo vigente
na data dos fatos, considerando a pena prevista no CP.

Circunstâncias Atenuantes. Ao tempo dos fatos o agente era maior de 18


anos e menor de 21 anos de idade e o confessou a prática do delito, por
isso atenuo a pena em 12 meses.

Circunstâncias Agravantes. Inexistem.

Causas Especiais de Diminuição de Pena . Não há.


Causas Especiais de Aumento de Pena: Emprego de arma de fogo, a
conforme o parágrafo 2º (segundo) inciso I do Código Penal, razão que
justifico o aumento a pena definitiva em 1/3. Fixo a pena definitiva em 6
anos, 4 meses e 18 dias.

Do Regime:

Conforme artigo 33 do Código Penal, o juiz deve ao fixar o regime inicial de


cumprimento da pena, considerar: i) a quantidade da pena (art. 33, §2º,
alíneas “a”, “b” e “c”, ii) as condições pessoais do condenado, de acordo
com o art. 33, §3º, que remete às circunstâncias elencadas no artigo 59 do
mesmo diploma legal. Art. 33 - A pena de reclusão deve ser cumprida em
regime fechado, semi-aberto ou aberto. A de detenção, em regime semi-
aberto, ou aberto, salvo necessidade de transferência a regime fechado. §
2º. As penas privativas de liberdade deverão ser executadas em forma
progressiva, segundo o mérito do condenado, observados os seguintes
critérios e ressalvadas as hipóteses de transferência a regime mais
rigoroso: a) o condenado a pena superior a 8 (oito) anos deverá começar a
cumpri-la em regime fechado; b) o condenado não reincidente, cuja pena
seja superior a 4 (quatro) anos e não exceda a oito (oito), poderá, desde o
princípio, cumpri-la em regime semi-aberto; c) o condenado não
reincidente, cuja pena seja igual ou inferior a 4 (quatro) anos, poderá,
desde o início, cumpri-la em regime aberto. § 3º. A determinação do regime
inicial de cumprimento da pena far-se-á com observância dos critérios
previstos no artigo 59 deste Código.

A jurisprudência também ensina desta maneira, senão vejamos:

32030498 – DIREITO PENAL – PENAL – ROUBO CIRCUNSTANCIADO


(ARTIGO 157, § 2º, INCISOS I E II, DO CP). MENORIDADE – ATENUANTE
OBRIGATÓRIA – REGIME PRISIONAL – FIXAÇÃO. CRITÉRIOS OBJETIVOS E
SUBJETIVOS – A idade inferior a 21 anos é circunstância atenuante
obrigatória e, uma vez não considerada na decisão monocrática, a falha há
de ser corrigida. O juiz, ao fixar o regime inicial de cumprimento da pena
privativa de liberdade, terá necessariamente que atender à quantidade de
pena imposta e à qualificação subjetiva do condenado, como reza o artigo
33, § 3º, do Código Penal. Assim, o regime prisional fechado é o único
compatível com o início do cumprimento de pena imposta a condenado por
roubo, evidenciado dolo intenso e acentuado grau de culpabilidade, além de
denotar personalidade perigosa. Negado provimento à apelação do primeiro
e provida parcialmente a do segundo para reduzir-lhe a pena. Unânime.
(TJDF – ACr 1851098 – (Reg. 50) – 2ª T.Crim. – Rel. Des. Vaz de Mello –
DJU 03.06.1998)

Antes de tudo, a pena tem caráter protetivo, punitivo e preventivo para a


sociedade, além do de socialização do condenado. Tais premissas autorizam
e balizam as decisões judiciais, conforme o entendimento do magistrado
julgador. O condenado deve ser julgado, sempre a oferta de todos os
princípios e garantias legais, como ampla defesa, isonomia processual, etc.
O juiz deve refletir sobre os fatos, o momento histórico e a realidade social
vigente, amparado na lei, nos princípios gerais de direito, nos costumes,
mirando sempre a mais equilibrada justiça. Contudo, não pode o magistrado
deixar-se influenciar pela precariedade do sistema penal, especialmente o
prisional, utilizando destes argumentos para atenuar o rigor da lei. Pelo
contrário, deve o magistrado lutar pela melhoria do sistema penal de outras
maneiras, pleiteando sempre pela justiça, segurança e dignidade da
sociedade. Com equilíbrio e sensatez ao magistrado cumpre zelar pela paz
social, não devendo, quem quer que seja, duvidar do caráter essencial da
pena àqueles que transgridem a lei. Desta forma, aplicando o disposto no
artigo 59 de Código Penal e a individualização da pena constitucionalmente
prevista, assim como as circunstâncias do delito, o uso de simulacro de
arma de fogo para constranger as vítimas, e considerando ser
extremamente subjetivo o potencial delitivo da personalidade do réu, e
ainda levando em conta que o réu não possui sentença condenatória com
trânsito em julgado por outro crime até a presente data, e também a sua
confissão, e que o objeto do delito foi recuperado, embora extraviado,
determino a aplicação do regime semi-aberto ao réu, ora condenado,
devendo a pena ser cumprida em Colônia Penal, nos termos do art. 33,
parágrafo 1o, alínea B, do CPB e artigos 91 e 92 da Lei de Execução Penal.

Em relação à substituição das penas é incabível; aplicação do art. 44 e art.


77 do CP.

Substituição das penas: impossível, conforme art. 44, I e art. 77 do


Código Penal.

Penas acessórias: Condeno o réu ao pagamento das custas processuais.


Caso sejam precárias suas condições financeiras, isento o condenado das
mesmas. Encerrando-se desta feita, que seja lançado o nome do condenado
no Rol dos Culpados, conforme preceitua o art. 393, II, do CP.

Publique-se, Registre-se e Intimem-se.

Cidade, dia, mês e ano.

Juiz de Direito

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