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ATUAÇÃO DO ANALISTA EM DIREITO BANCÁRIO COM ÊNFASE NO

SEGMENTO DIGITAL: UM DIFERENCIAL PARA OS SETORES JURÍDICO-


ADMINISTRATIVOS DAS INSTITUIÇÕES FINANCEIRAS

Thiago Nery de Oliveira1

RESUMO
Este trabalho aborda como tema central a atuação do Analista em Direito Bancário com
ênfase no segmento Digital, suas caraterísticas, competências, como e onde pode atuar.
Evidencia que o operador do Direito, após sua formação acadêmica, está devidamente
qualificado para atuar na qualidade de Analista. Contudo, há um numeroso remanescente
de egressos que desconhece a possibilidade desse campo de atuação profissional, o que,
por outro lado, é fator também desconhecido das instituições financeiras brasileiras, dos
órgãos reguladores do Sistema Financeiro Nacional (SFN) e das Auditorias
Independentes. Tão relevante quanto este profissional, é a existência de um setor que
agregue as atividades desse Analista: o setor jurídico-administrativo, que tem por
objetivo, dentro de uma instituição, assegurar que todos os regramentos sejam cumpridos
para o pleno desenvolvimento institucional.
Palavras-chave: Analista em Direito Bancário. Instituição Financeira. Segmento Digital.
Departamento Jurídico-Administrativo. Correspondente Jurídico.

INTRODUÇÃO
O ordenamento jurídico é complexo e disciplinado por matérias diversificadas
para orientar o profissional do Direito sobre o que deva ser feito ou não. Cada pessoa,
seja pai ou mãe, filho, herdeiro, empresário, proprietário, consumidor, empregado,
contribuinte, cidadão, entre outros, tem seus direitos e deveres por meio de obrigação
legal.
O próprio Estado brasileiro, de acordo com a Constituição da República
Federativa do Brasil de 1988, deve obediência ao seu regramento. Ou seja, quando se
atribui o sentido amplo sobre o Direito, este o representará diante das leis e da justiça.
Logo, é de se observar que o operador do Direito deve ser qualificado não apenas para
orientar de acordo com a luz difusa do complexo de normas, mas também para resolver
conflitos.
É neste sentido que o papel do operador do Direito se mostra essencial para
interpretar situações possíveis e/ou previsíveis a fim de propor intervenções legislativas

1
Bacharel em Ciências Jurídicas e Sociais (Direito) | Especialista em Gestão e Docência do Ensino
Superior pela Faculdade Atual de Macapá.
no enfrentamento dos principais problemas que acometem as relações sociais entre
pessoas jurídicas e/ou físicas. Desta forma, a atuação conjunta com economistas,
cientistas políticos, sociólogos, etc., fazem deste profissional um elemento base deste
estudo.
O bacharel em Direito, título conferido por uma instituição de ensino superior
devidamente reconhecida pelo Ministério da Educação, é critério indispensável a se
observar na sua atuação profissional. Até porque, para sua formação enquanto acadêmico,
é necessário estar sob supervisão de um advogado em um núcleo de práticas jurídicas,
anexo à faculdade.
A prática jurídica é um estágio necessário que ocorre durante a formação do
bacharel em Direito, pois dá a este um dos mais amplos leques para atuação profissional
no setor público ou privado, já que há uma elevada quantidade de atividades jurídicas que
só podem ser exercidas por quem possui diploma de bacharel em ciências jurídicas e
sociais (Direito).
No setor público, destacam-se as atividades de juiz, promotor de justiça e defensor
público. No setor privado, a advocacia vem evoluindo e junto dela a correspondência
jurídica tem sido uma oportunidade certa aos operadores do Direito não inscritos na OAB.
Neste sentido, deve-se observar que as áreas de atuação dos operadores do Direito exigem
expertises conceituadas e não privativas da advocacia.
Cada vez mais especializados, os operadores do Direito poderão assumir certas
atribuições tanto no âmbito nacional quanto internacional. Além destas atividades, esse
profissional é cada vez mais solicitado para compor o quadro da administração pública
na atuação como diplomata, mediador ou árbitro, assessor parlamentar, controlador,
procurador jurídico, etc. Em 2020, um novo formato profissional surgiu para suprir mais
uma demanda de mercado: a das instituições financeiras autorizadas pelo Banco Central
a funcionar.
Trata-se do Analista em Direito Bancário com ênfase no segmento Digital,
profissional de formação jurídica que passou a ser necessário em razão das leis específicas
sobre internet, política de relacionamento, processo administrativo e proteção de dados.
Todos conexos com a nova realidade operacional em que o Banco Central do Brasil se
ampara, a fim de regular as atividades do sistema financeiro nacional.
Dessa forma, se há complexidade normativa e operacional em um setor
estratégico, logo cabe a seguinte indagação: qual a importância do departamento jurídico
para uma instituição financeira, seja ela Banco ou Cooperativa de Crédito? Para que esta
questão seja respondida, será estruturado mais adiante o desenvolvimento deste estudo,
até porque, para se evidenciar a competência do Analista desta área, é imprescindível
compreender a importância de um departamento jurídico-administrativo, onde seja capaz
de contextualizar sua relação com o Direito e com as ações intermediadas por tecnologias
da informação, o que considerar-se-á indispensável para a atuação desse Analista e a
percepção do saber notório sobre o Direito bancário brasileiro, com ênfase no segmento
Digital.
O Analista será destacado como principal objeto de estudo a preencher uma lacuna
antes não esclarecida para as organizações financeiras de modo geral. Por isso, o
desenvolvimento poderá ser analisado e compreendido, em especial, pelas Instituições
Financeiras, dada a importância do departamento jurídico-administrativo a ser observado
neste estudo, compondo-se como setor estratégico organizacional, e, junto a isso, abrindo-
se para expor da relevância técnica do Analista desta área, compreendendo suas
características afim de atender, por completo, a natureza jurídica dos Bancos, Fintechs2 e
Cooperativas de crédito.

DESENVOLVIMENTO
Em razão de não ser um setor reativo, ou seja, que reage somente quando é
acionado, a qualidade do setor jurídico-administrativo assenta-se no comportamento
proativo, que neste caso, responde a problemas por meio de detecção sistemática entre
agentes de um fato ou por questões de ordem operacional. Por ser um setor com mais
especificações técnicas, seu poder de competência abrange desde a orientação para o setor
de compras até o de marketing.
Diante da perspectiva em que as normas estão sendo postas para a regulação dos
Bancos, assim como das cooperativas de crédito, por outro lado, é de se observar que
essas diretrizes carecem de um intérprete a dar um propósito estratégico ao modus
operandi3 da instituição para com seus usuários. Até porque, já é real a importância do
departamento jurídico-administrativo na instituição financeira, o que também inclui as
cooperativas de crédito.
A capacidade para atuação do Analista em Direito Bancário com ênfase no
segmento Digital está firmada em consultoria, assessoria, instrutoria, mediação,

2
Financial technology
3
Modus operandi, é uma expressão do latim que ao ser traduzida para o Português significa “modo de
operação” ou maneira de agir, operar ou executar um conjunto de atos.
arbitragem e negociação profissional, pronto a identificar, em cada setor, oportunidades
de melhoria para processos afim de evitar prejuízos possíveis e/ou previsíveis em
quaisquer modalidades de instituição financeira. Além disso, atua na redução de conflitos,
orienta procedimentos internos, quando estabelecidos por lei, ou estrutura e desenvolve
manuais para o ambiente de trabalho.
Mas afinal, o que faz o Analista, compondo o departamento jurídico-
administrativo? Se o setor jurídico-administrativo compõe a organização de um Banco,
Fintech ou uma Cooperativa de Crédito, é certo que sua função será descrita por meio de
atribuições, e conexo a isso, elencar-se-ão abaixo algumas competências e habilidades
necessárias ao que deva estar amplamente consolidado para garantir qualidade ao setor.
1. Negociar:
A negociação é parte do processo administrativo que visa evitar a judicialização
de causas que demandam despesas no judiciário. Sua atuação estratégica estende-se,
também, à prevenção e resoluções de conflitos em menor potencial. A forma amigável
atuante do Analista é parte integrante que conduzirá a recuperação de crédito na forma
em que a legislação vigente permita, e com isso podendo, em casos específicos, observar
o descumprimento de leis, identificando internamente erros operacionais.
2. Analisar, reestruturar e validar contratos:
Uma das atribuições mais clássicas do departamento jurídico é a validação de
contratos entre usuário e a instituição financeira autorizada pelo Bacen a
funcionar. Quando elaborado, esse instrumento pode reduzir riscos processuais, tanto no
judiciário quanto na esfera administra, frente ao Banco Central do Brasil, servindo como
ferramenta útil para projeções e ajustes futuros no relacionamento com os usuários de
produtos e serviços financeiros.
A análise criteriosa de contratos com fornecedores de produtos componentes do
portfólio da instituição financeira, requer do Analista uma compreensão sistemática sobre
o ordenamento jurídico para prestar consultoria à instituição. Para tanto, a intenção deve
justificar a aquisição de todos os insumos necessários, a fim de que as decisões tomadas
sejam capazes de evitar prejuízos institucionais. Poderá, ainda, reestruturar ou modificar
cláusulas contratuais e estabelecer acordos com parceiros.

3. Orientar sobre a proteção, tratamento e disseminação de dados/informações:


Por ser uma tarefa conjunta que compromete o estado da responsabilidade dos
setores jurídico, de recursos humanos, da tecnologia da informação, de cobrança e de
comunicação, aqui, o objetivo é elaborar e prezar por políticas sistêmicas e internas,
garantindo o cumprimento das diretrizes de segurança da informação, conforme a lei.
O papel do Analista, neste caso, é auxiliar os demais setores na elaboração,
gerenciamento e validação das condutas sistêmicas e internas, indicando permissões de
acesso aos dados da instituição, de forma coerente e segura em conformidade com as
normas e regimentos sistêmicos internos.

4. Promover defesa técnica frente aos órgãos de regulação e fiscalização do sistema


financeiro:
O Analista auxilia a instituição financeira na defesa dos interesses cabíveis quando
há questões essencialmente burocráticas, na intenção de obter a normalidade operacional.
Dedica-se a identificar e investigar os elementos que geram apontamentos em
desconformidades, passíveis ou não de sanções contra o Banco, Fintechs e até mesmo
Cooperativa de Crédito, prestando-se a orientar sobre causas complexas que exijam
expertise por competência do profissional.
Cabe, ainda, a esse profissional, a prerrogativa de lançar proposições para a
regularização de apontamentos gerados por desconformidades, devendo acompanhar a
plena execução dos planos de regularização para garantir o índice de regularidade
satisfatório, em especial nas Cooperativas de Crédito.
5. Prestar consultoria:
Ter um Analista em Direito bancário compondo a equipe do setor jurídico-
administrativo é garantir que haja manutenção de boas práticas estabelecidas por regras
dos órgãos reguladores do sistema financeiro nacional, assim como do mercado de
capitais. É neste firmamento que o conhecimento aprofundado sobre a legislação vigente
abarca decretos, portarias e resoluções, enfatizando a sua importância no referido setor,
seja do Banco, Fintech ou Cooperativa de Crédito.
A base teórica, tanto quanto prática do Analista, aliada à sua capacidade de
organização e consolidação de informações, prova sua importância para:
• Elaborar contratos;
• Orientar quanto ao cumprimento das diretrizes dos órgãos reguladores do SFN;
• Garantir a proteção contra o desvio de conduta em processos operacionais;
• Elaborar defesa frente às sanções administrativas dos órgãos reguladores do SFN;
• Responder tecnicamente às notificações dos órgãos reguladores do SFN, dos
Bancos e das Cooperativas de Crédito, quando se tratar de apontamentos
cumulados com penalidades e/ou multas;
• Orientar para que todas as operações na recuperação de crédito sejam
devidamente legítimas;
• Analisar juridicamente, orientar e acompanhar a implementação e o cumprimento
da política de relacionamento com o cliente/usuário;
• Compor equipe multidisciplinar nos processos de Assessment4 e
condução/recondução na ocupação de cargos dos órgãos de governança.
6. Instrutoria:
Produzir conteúdos de relevância jurídica para servir de instrução, treinamento,
palestra, fórum, e afins, cuja finalidade deverá ser a orientação, ensinamento e
esclarecimento a públicos-alvo determinados de acordo com o que deverá ser abordado
como temática, podendo, inclusive, contribuir com os programas de extensão em caso de
instituições do ensino superior. Nesse sentido, poderá disponibilizar conteúdos para
aprendizagem tanto para o público interno (corpo diretivo, setores, departamentos,
funcionários), quanto para o externo (clientes, fornecedores, usuários, parceiros de
trabalho).
7. Correspondente Jurídico:
Atuar como correspondente jurídico quando em defesa do Banco, Fintech ou
Cooperativa de Crédito no judiciário, sabendo se posicionar tecnicamente a evitar a
aventura jurídica ou problemas ético-morais dentro da mediação de conflito, quando
necessário.
O que a instituição financeira pode esperar do Analista em Direito bancário no
departamento jurídico-administrativo?
Ao longo deste estudo, o departamento jurídico-administrativo representa uma
medida estratégica para consolidar-se enquanto setor, não somente no sentido de prestar
serviços exclusivamente quando a organização se encontrar em problemas, mas também
no propósito de prevenção aos casos possíveis, tanto quanto previsíveis. Nesse trajeto de
rotina jurídica o setor manterá o Banco, a Fintech ou a Cooperativa de Crédito em

4
Metodologia aplicada por grandes empresas, que, através da formação de uma equipe multidisciplinar de
profissionais avaliadores, facilita o processo de seleção e recrutamento com a finalidade de evitar
contratações equivocadas, que possam incorrer em prejuízos diretos e indiretos, afetando no crescimento
do negócio.
conformidade com os aspectos legais, além de orientar os demais setores a adotarem
práticas operacionais e estratégicas que fortaleçam o posicionamento sólido da instituição
diante do mercado financeiro, inclusive, e principalmente, com o advento da modalidade
Digital.
O moderno papel do Analista em Direito Bancário com ênfase no segmento
Digital propõe a inserção de conhecimento acerca da evolução do Direito para contribuir
no padrão de qualidade operacional exigido pela legislação vigente, fazendo-se capaz de
ser compreendido e bem colocado ao setor.
Para se tornar um Analista desta modalidade, o operador do Direito deve ser
inteligente no sentido de abarcar o que está disponível sobre esta área, pesquisar
continuamente e dominar o eixo do Direito bancário com ênfase no segmento Digital.
Incluso a isso, saber produzir conteúdo sobre a natureza jurídica do cooperativismo de
crédito, área específica ainda pouco explorada pelos operadores do Direito, a fim de
publicar e mostrar-se como expert nesse campo.
Ressalta-se que ainda não existe formação específica que abranja a complexa
estrutura normativa e processual condizente com a realidade integrada à área da
tecnologia da informação sobre o sistema financeiro nacional, o que tornaria esse
profissional bastante arrojado e à frente de sua própria formação basilar, dentro do
mercado atual.
É essencial que o operador do Direito tenha uma mentalidade aberta para novos
aprendizados. Isso inclui dizer que deve debruçar-se à pesquisa, leitura e compreensão
sobre as áreas de Compliance, LGPD5, Empreendedorismo, Marketing, Comunicação,
Cooperativismo e Gestão.
Até porque, para perceber a importância da atuação desse Analista dentro de um
contexto organizacional, o corpo estratégico e diretivo da instituição financeira terá que
expandir suas garantias sobre aquilo que esteja em carência de conduções operacionais e
táticas, cuja capacidade esteja ao alcance do departamento jurídico-administrativo, sem
deixar de promover para suas bases de atuação interna o diferencial que se adequa às
exigências do ordenamento jurídico.

CARACTERÍSTICAS DO ANALISTA EM DIREITO BANCÁRIO COM ÊNFASE


NO SEGMENTO DIGITAL

5
Lei Geral de Proteção de dados
As instituições financeiras, principalmente aquelas autorizadas pelo Bacen a
funcionar no Brasil, estão readequando sua maneira de se relacionar com seus usuários
por força de exigência normativa regulada pelo SFN. Isto implica dizer que, por outro
lado, tal mudança afeta diretamente o modo da atuação profissional do Analista em
Direito Bancário com ênfase no segmento digital, com vistas a ser incorporado ao quadro
funcional de uma instituição financeira.
Ao compor o cenário interno de uma instituição financeira, o Analista deverá
reunir características capazes de satisfazer uma dinâmica institucional, cujo perfil,
essencialmente empreendedor, atenda o plano de visão, missão, propósito e valores da
instituição, pois suas competências e habilidades o qualificam dentre um conjunto de
atributos condizentes às demandas institucionais. Além disso, é preciso ter personalidade
e comportamento ético-profissional.
Uma vez sujeita aos regulamentos do Bacen e contributos do ordenamento
jurídico, a instituição e seu departamento jurídico-administrativo projetarão no
profissional requisitos para sua contratação e permanência, tais quais: responsabilidade,
assertividade, discrição, equilíbrio emocional e fortes princípios éticos. Deve também
reunir, sistematicamente, habilidades para trabalhar em equipe, ter conhecimento
estruturado sobre o ordenamento jurídico bancário, e, além disso, ter ideias criativas e
inovadoras que contribuam para o desempenho das atividades na instituição, estar apto
para conduzir fluxos e processos administrativos equivalentes à gestão jurídica e
organização bancária.
Cabe observar que o conjunto de aspectos objetivos que diferencia o Analista, o
colocará como agente imprescindível no cenário interno, ainda escasso, em que as
instituições financeiras se encontram, uma vez que é notória a ausência desse profissional
no panorama em questão. Por isso, é na vontade de aprender que, precipuamente, deve
abrir-se às mudanças, onde o saber notório seja práxis para aplicar soluções aos problemas
emergentes, mediar e evitar conflitos no ambiente de trabalho. Enfim, deve ser um jurista
dedicado na busca pelo desenvolvimento humano e profissional, pois seu crescimento e
sua atualização alcançarão os objetivos junto à instituição financeira em que estiver
vinculado.
Abaixo serão elencadas características essenciais para a inserção desse
profissional em um departamento jurídico-administrativo de uma instituição financeira:
Independência:
Ser proativo, dependendo do grau ou complexidade da situação, salvo em
situações em que for acionado para solucionar ou gerir resoluções de problemas que
correspondam aos interesses da organização sob aspectos ético-legais.
Racionalidade:
Ter conhecimento amplo e profundo sobre como proceder para evitar prejuízos
em que o Banco ou Cooperativa de Crédito esteja como parte em lides judiciais ou
conflitos internos, bem como afastar-se de valores opinativos que prejudiquem a razão
profissional.
Independência frente a algumas tomadas de decisões:
Não permanecer passivo a espera de ordens quando perceber um conflito interno
ou lide entre o usuário de produtos/serviços e a instituição financeira. Nesse sentido que
se mostrará proativo a fim de esclarecer o que seja ético e/ou moral para fortalecer o corpo
diretivo a tomada de decisões cabíveis, instruindo atos do cotidiano administrativo e/ou
notificações/comunicados institucionais.
Moderação humanizada:
O Analista deve manter o estado lógico e racional de modo a humanizar seu
atendimento no setor jurídico-administrativo, a fim de compreender o que seja
apresentado como fato, verdade ou realidade. A partir disso permite-se à escuta analítica,
uma vez que saber filtrar o que se mostre como verossímel é usar a prudência para não
incorrer em aventura jurídica ou em problemas ético-morais dentro da instituição.
Sigilo:
Manter o sigilo sobre aspectos do que seja lícito, assim como ético e/ou moral,
condizente com a base administrativa da instituição, sendo isso uma das caraterísticas
obrigatórias para todos os Analistas do Direito bancário.
É bem verdade que, em se tratando de sigilo, neste caso, a competência é inerente
ao cargo, a ser agregada à discrição, ambas essenciais, inclusive, para nortear aspectos
estratégicos de cunho decisório em que o Analista poderá atuar e contribuir.
Perfil pesquisador-investigador no processo de aprendizagem:
Deve ater-se à pesquisa contínua em seu processo de aprendizagem para estruturar
o conhecimento acerca de novas teses argumentativas a fim de atingir qualidade em
aspectos do seu trabalho. Os detalhes do saber notório são diferenciais do Analista em
Direito bancário.
Comunicação:
É fundamental para um bom relacionamento no ambiente interno de trabalho saber
se comunicar, escrita e oralmente, de forma clara e precisa. A comunicação externa
igualmente merece a excelência para se repercutir positivamente frente aos órgãos de
regulação do sistema financeiro, seja ele bancário ou cooperativista de crédito.
Trabalhar em equipe:
Ser capaz de se relacionar de forma harmoniosa com colegas de trabalho no
sentido de cooperar, somando esforços com o mesmo propósito. Inclusive, tratar aos
outros como pretende ser tratado.
Resiliência:
Diante das perspectivas da modernidade social e do mercado, o Analista precisará
e deverá ser resiliente diante das adversidades profissionais e dos desafios institucionais,
mantendo sempre a postura otimista para acreditar na capacidade do seu gerente ou de
seus superiores, no intuito de desenvolver-se profissional e coletivamente.
Urbanidade:
Dirigir-se às pessoas com atenção e presteza, pois tais atitudes influenciarão
diretamente na imagem da instituição bancária e/ou cooperativista financeira.
Responsabilidade:
Cumprir seus compromissos profissionais (prazos, obediência a regramentos e
atos mandatórios, metas, devolutiva de demandas), frente aos objetivos de sempre realizar
um bom trabalho dentro dos parâmetros do que lhe for estabelecido.
Inovação:
Apresentar novas ideias através da consultoria estratégica para os departamentos
com enfoque no desenvolvimento tecnológico e interativo entre a instituição e seus
usuários, a fim de evitar judicialização ou minimizar impactos acerca de ações judiciais
e/ou regularizar processos internos administrativos de controles internos e auditorias, com
repercussão direta nos órgãos de regulação financeira.
Inteligência emocional:
Enfrentar e superar adequadamente as adversidades que surjam dentro da
Instituição Financeira ou fora dela. Ser formado em Direito não garante firmeza sobre sua
postura emocional, para isso, é sensato que se ocupe em uma rotina de leitura e
observações para compreender a natureza comportamental em sua área de atuação.
Acompanhar as novidades sobre sua profissão através da livre pesquisa, o
destacará na instituição financeira em que atua como um exemplar empreendedor
profissional. Demonstrar boas atitudes no cotidiano, envolvendo-se proativamente na
dinâmica colaborativa o afasta do pensamento reativo negativo.
Ser um profissional cortês, estabelecendo diálogo com seus colegas no ambiente
laboral, contribuindo ativamente para o “clima organizacional” harmônico da equipe,
devendo evitar ser confundido com os chamados “meros visitantes” da instituição, os
descompromissados propriamente ditos.
Enfim, um bom Analista em Direito bancário é aquele que está sempre bem
informado em sua área de atuação, pois, para alcançar seus objetivos profissionais, o
esforço intelectivo e dedicação garantirão a qualidade do resultado de seu trabalho, até
porque, quem escolhe uma profissão entre as áreas que o Direito abarca, deve ser por
alguma satisfação a ser alcançada, independente do retorno financeiro. Diante da vasta
apresentação sobre esse Analista, não cabe dúvidas de que é um profissional dotado de
uma postura que complementará, decisivamente, no desenvolvimento da instituição
financeira.

CONCLUSÃO
O profissional aqui abordado como temática central dispõe-se a organizar o
cenário interno jurídico-administrativo dos Bancos e Cooperativas de Crédito, de tal
modo a dar suporte nos processos de melhoria contínua na qualidade de serviços prestados
por essas instituições. Dar um novo sentido à área jurídica nesses ambientes significa
dizer, por outro lado, que seus fluxos e processos internos estarão sujeitos a uma nova
forma, um tanto quanto particular e específica, de acompanhamento dos atos de Auditoria
Independente e Controles Internos, credenciados pelo Banco Central do Brasil, o que
justifica a solidez da formação do bacharel em Direito quando bem colocada por seu
titular.
Em se tratando das Fintechs, esse profissional abre a possibilidade de uma
implementação fundamental sobre a conceituação e a prática no que concerne à política
de relacionamento do cliente, alinhada à LGPD, aspectos estes essenciais, dada a
particularidade das Fintechs em um cenário mundial de inovação tecnológica.
Um outro fator de reflexão estratégica para subsidiar a gestão na tomada de
decisões, é a diretriz a ser obedecida na maneira prática de atuação quanto à recuperação
de crédito, nos setores de cobrança. Ou seja, a cobrança é um aspecto intrínseco ao
negócio financeiro, e que, por isso mesmo, requer orientação e condução na forma de
negociação condizente ao direito dos usuários que, neste caso, configuram como
devedores. É neste sentido que o Analista, munido de seu saber notório, contribuirá na
orientação jurídica junto aos setores de cobrança da instituição, possibilitando evitar
práticas internas de conduta abusiva em sede de cobrança, e, consequentemente,
preservando os direitos da instituição.
Por ser de sua competência técnica a defesa administrativa frente aos processos
sancionadores do Bacen ou notificações/apontamentos com penalidades em que são
aplicadas as multas, o Analista em Direito bancário é indispensável para a composição
do quadro funcional dentro de um departamento jurídico-administrativo, o que a partir
deste esclarecimento fundado em pesquisa empírica – como objeto de estudo – poderá ser
considerado e revisto por recrutadores, diretores e gerentes de instituições financeiras.
O Analista, é propriamente singular no seu campo de atuação, o que diferencia da
advocacia, que está amparada em lei, o que não afasta a alternativa de ser correspondente
jurídico de quaisquer escritório ou advogado para tais diligências no judiciário. Além
disso, o corpo diretivo da instituição financeira dependerá da orientação técnica em que
o Analista se mostre apto para atuar.
Ser visionário na área jurídica é perceber a oportunidade por meio de pesquisa,
leitura e compreensão daquilo que merece sistemática interpretação, até porque, a
profissão decorre da formação, sua conceituação decorre do seu perfil oriundo de
competências e habilidades sobre a natureza do curso, sendo que a grade curricular
somente reforça a base do que o mercado propõe, deixando a desejar o que se precisa,
particularmente em específico, para os bastidores de cada instituição financeira.
Em linhas gerais, o fator socioeconômico está largamente associado a este
trabalho, tendo em vista que expõe uma realidade em que um grande remanescente de
operadores do Direito se encontra no mercado, sem direcionamento ou mesmo sem
conhecimento de competências específicas que garantem a empregabilidade no cenário
financeiro brasileiro. Trata-se de um alerta esclarecedor com base em pesquisa-
observação capaz de contribuir intervindo na realidade do mercado de trabalho, das
empresas financeiras, dos operadores do Direito, assim como dos pesquisadores e
profissionais correlatos.

Publicado em Março de 2021 no site: https://tnery.jusbrasil.com.br/

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