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Artigo resultante da monografia intitulada: Assistência de Enfermagem no tratamento do câncer de mama
apresentada na Universidade do estado de Mato Grosso no ano de 2012.
2
Bacharel em Enfermagem pela Universidade do Estado de Mato Grosso-UNEMAT campus de Cáceres. e-
mail:favamineo@hotmail.com;
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Enfermeira, Docente auxiliar da Faculdade de Quatro Marcos-FQM, especialista em Terapia Intensiva pela
Universidade São Camilo. e-mail: Luana_bmatos@hotmail.com;
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Enfermeira Especialista em Urgência e Emergência; Especializanda em Gestão e Saúde pela UAB/UNEMAT,
Docente auxiliar da Universidade do Estado de Mato Grosso-UNEMAT campus de Cáceres. E-mail:
solmellima@gmail.com;
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Acadêmica do curso de bacharelado em Enfermagem, pela Universidade do Estado de Mato Grosso-
UNEMAT, campus de Cáceres. E-mail: lelelima13@hotmail.com;
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Acadêmico do curso de bacharelado em Medicina, pela Universidade Estácio de Sá, campus Rio de Janeiro-RJ.
E-mail: rgrferrari@gmail.com;
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Mineo FLV,Mattos LFB,Lima SS Assistência de enfermagem no tratamento do câncer de mama
Resumen
Objective: To describe the nursing care in the treatment of breast cancer, aiming to basic
health care before, during and after cancer detection. Methodology: This is a descriptive
study with qualitative research, through a literature review, seeking knowledge and
information in textbooks, scientific articles, and analysis of data collected on the site of the
INCA (National Cancer Institute), Ministry of Health, COFEN, LILACS and SciELO the
period 2005-2012. We surveyed 85 articles, where only 34 were used for answering the exact
purpose of the research. Results: Nursing care, the authors used, aims to support greater
importance than the psychological nursing care itself. Even having health policies that guide
the actions of Oncology nursing notes in the study that there is a greater concern with the
emotional side of the patient's physiological. Conclusion: The use of SAE (Nursing Care
System) is used as a basic feature, but the nurse should go further, seeking assistance that is
appropriate and effective to minimize physical and emotional suffering of all involved in the
treatment of breast cancer.
Keywords: Breast neoplasms; Nursing Care; Oncology Service, Hospital.
Resumen
Objetivo: Describir los cuidados de enfermería en el tratamiento del cáncer de mama, con el
objetivo de la atención básica de la salud antes, durante y después de la detección del cáncer.
Metodología: Es un estudio descriptivo con la investigación cualitativa, a través de una
revisión de la literatura, la búsqueda del conocimiento y la información en los libros de texto,
artículos científicos, y el análisis de los datos recogidos en el sitio del (Instituto Nacional del
Cáncer) INCA, Ministerio de Salud, COFEN, LILACS y SciELO el período 2005-2012. Se
encuestó a 85 artículos, en los que sólo 34 fueron utilizados para responder a la finalidad
exacta de la investigación. Resultados: Atención de enfermería, los autores utilizaron, tiene
como objetivo apoyar una mayor importancia que la propia atención de enfermería
psicológico. Incluso con las políticas de salud que orientan las acciones de las notas de
enfermería de oncología en el estudio que hay una mayor preocupación por el aspecto
emocional de la fisiológica del paciente. Conclusión: El uso de SAE (Sistema de Atención de
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Enfermería) se utiliza como un elemento básico, pero la enfermera debe ir más allá, en busca
de la ayuda que sea apropiado y eficaz para minimizar el sufrimiento físico y emocional de
todos los involucrados en el tratamiento de cáncer de mama.
Palabras Clave: Cáncer de mama, Enfermería, Servicio de Oncología Hospital.
Introdução
Câncer ou neoplasia são palavras usadas para representar tumores malignos
localizados em diferentes tecidos e regiões do organismo. Representa uma importante causa
de doença e morte no Brasil tornando um problema de saúde pública, pois desde
2003,constituem-se na segunda causa de morte na população, representando quase 17% dos
(1)
óbitos de causa conhecida.
Dentre os cânceres mais temidos está o câncer de mama, uma doença heterogênea e
complexa, que se apresenta de múltiplas formas clínicas e morfológicas, com diferenças na
pré e pós-menopausa, diferentes graus de agressividade tumoral e potencial
metastático.Mulheres após os quarenta anos de idade são consideradas mais vulneráveis à
doença, mesmo que se tenha observado um aumento de sua incidência em faixas etárias mais
(2)
jovens.
Embora o Ministério da Saúde esteja se esforçando em campanhas educativas para
detecção precoce, através de campanhas preventivas, como o incentivo à realização do auto
exame das mamas pelas mulheres, mamografia anualmente, o uso de uma terapêutica
adequada e de um tratamento multidisciplinar, definindo assim estratégias a serem
priorizadas para a sua descoberta precoce e o seu controle, o câncer de mama ainda constitui-
(3)
se na primeira causa de morte por câncer, entre as mulheres.
Dados do INCA (2010) mostram que no ano de 2008 o número de mortes por essa
doença chegou a 11.860 óbitos, onde 11.735 eram mulheres e 125 eram homens. O INCA
traz que no ano de 2010 as estimativas de diagnósticos de câncer de mama chegariam a cerca
de 49.240 novos casos em todo o país.
O tratamento do câncer de mama deve ser planejado após um diagnóstico confirmado
e de acordo com fatores relacionados ao tumor e/ou ao hospedeiro. Em algumas situações
também é levado em consideração o perfil gênico. Quanto ao hospedeiro, a decisão
terapêutica é tomada após uma observação de seguintes fatores de extrema importância: o
estado menopausa, a idade, comorbidades e graus de compreensão e sociocultural na decisão
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terapêutica.
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Metodologia
Trata-se de um estudo descritivo de caráter qualitativo, através de revisão
bibliográfica, com o intuito de buscar conhecimento e informações sobre o tema de forma
secundária em livros-textos, artigos científicos, e análise de dados coletados no site do INCA
(Instituto Nacional do Câncer).
(6)
Estudos afirmam que o estudo de caso descritivo com uma pesquisa bibliográfica
visa observar, analisar e correlacionar fatos, sem que interfira no ambiente pesquisado.
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Para outros autores a revisão bibliográfica é um estudo que tem por objetivo
conhecer e analisar criticamente as principais contribuições teóricas produzidas sobre um
determinado assunto.
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são mínimas. Mas, depois que esse tumor torna-se palpável, a duplicação é perceptível e se
não houver diagnóstico precoce e tratamento adequado, há o desenvolvimento de metástases
(focos de tumor em outros órgãos), mais comuns em ossos, pulmões e fígado.
O câncer de mama por ser uma doença que apresenta diferentes situações de ameaça
aos seus portadores pode trazer desconforto psicológico, o que gera ansiedade e um estado
depressivo. Mudanças no seu estilo de vida causada por desconforto físico e pelo conceito de
sua autoimagem podem levar a uma baixa estima, libido sexual diminuído, medo quanto ao
sucesso do tratamento, assim como a possibilidade de sua recorrência e o temor da morte. A
neoplasia mamária é um grande problema de saúde pública, pois a taxa de óbitos é alta, o
gasto com o tratamento é grande, além de muitas vezes causar invalidez em pessoas
(2)
produtivas para o mercado de trabalho.
Até o momento não há terapêutica que possa evitar que o câncer de mama apareça,
mas alguns dos fatores desencadeantes são conhecidos, como: exposição à radiação ionizante,
grande ingestão de gorduras saturadas, menarca precoce, menopausa tardia, nuliparidade,
primeira gestação após os 30 anos de idade, uso indiscriminado de hormônios principalmente
o estrogênio, consumo de álcool em excesso e o mais preocupante, antecedentes familiares
(9)
positivos para o câncer.
A morbimortalidade do câncer mamário podem ser reduzidas significativamente pelo
diagnóstico precoce por meio do aconselhamento da paciente, instruções para o autoexame da
mama, palpação regular da mama por ocasião de consultas cirúrgicas ou clínicas e triagem de
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grupos de risco elevado pela mamografia e/ou técnicas de diagnóstico precoce.
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A retirada do tumor mamário permite uma sobrevida maior, pois orienta a terapia
sistêmica, defini o estadiamento cirúrgico da doença e identifica os riscos de ocorrer
metástases. Muitas vezes após a mastectomia, o médico decidiu optar pela quimioprevenção,
que é um tratamento quimioterápico para prevenir reincidiva tumoral no local. Quando há
essa escolha de tratamento complementar, a mulher mastectomizada vivencia situações
emocionais preocupantes, pois além de estar fragilizada pela perda da mama, tem que se
submeter a longos períodos de sessões quimioterápicas e enfrentar os efeitos colaterais
(18)
decorrentes desses medicamentos agressivos.
A quimioprevenção da neoplasia mamária já é considerada indispensável na
terapêutica contra o câncer, mas deve ser realizada com critério e dentro de alguns preceitos
rígidos de eleição para que se escolha a medicação correta e eficaz. Esse tratamento pós-
operatório é feito com uso sistêmico de agentes químicos naturais ou sintéticos que tem a
função de reverter ou suprimir a passagem de lesões pré-malignas para carcinomas
invasores,ou seja, evitar a metástase de células que ainda restaram após a retirada do tumor
primário.Entre as medicações utilizadas durante a quimioterapia, destacam-se os
moduladores seletivos de receptores de estrogênios (SERM) que diminuem a absorção do
(19)
estrogênio e a multiplicação celular.
Cerca de metade dos pacientes submetidos a qualquer tratamento oncológico,inclusive
o de câncer de mama, acabam fazendo uso da radioterapia em algum momento evolutivo da
doença. O Ministério da Saúde define radioterapia como método capaz de destruir células
tumorais através de feixes de radiações ionizantes, na qual uma dose pré-calculada de
radiação é aplicada, em um determinado tempo, e em um volume específico de tecido que
engloba o tumor. Por ser uma terapêutica local, leva a menores danos às células normais
(20)
circunvizinhas.
Outro tipo de tratamento utilizado para o controle e a melhora na qualidade de
vidados pacientes com câncer de mama, é a hormonioterapia paliativa, que é um recurso
altamente eficaz na terapêutica complementar, pois tem bom perfil de toxicidade para as
células malignas e elevada eficácia. Esse tratamento visa diminuir as taxas de estradiol, um
tipo de estrogênio, maléfico as células e responsável pela formação do tumor maligno. Com
os estudos e aperfeiçoamento da medicina oncológica, hoje há uma nova classe de
fármacos,fulvestranto, com o mesmo mecanismo de ação que os outros fármacos mais com
melhor eficácia, que seria ligar-se e bloquear os receptores de estrógeno, causando
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Resultados e Discussões
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A enfermagem oncológica está presente em todas as fases pelas quais a paciente com
câncer de mama passa ao longo de todo o processo terapêutico, desde o diagnóstico positivo
até a reabilitação dos possíveis casos ou até mesmo após o óbito. O cuidado oncológico não
se difere da assistência prestada em outras áreas, sendo aplicado desde a atenção primária,
secundária, terciária até o pós-morte. O enfermeiro da atenção primária e secundária tem a
responsabilidade de aplicar em sua área assistencial seus conhecimentos sobre fatores de
risco para o câncer de mama, medidas de prevenção da doença, através de mamografia e
autoexame das mamas. Orientar sobre os sinais e sintomas de alerta para o câncer, que
percebidos com rapidez levam a um diagnóstico precoce e um prognóstico favorável a cura.
Além disso, atua no pré-operatório de pacientes que passam pela mastectomia, seja ela
conservadora ou não. Já o enfermeiro da atenção terciária busca atenderas necessidades dos
pacientes que passam por tratamento complementar como a quimio prevenção, radioterapia e
(24)
hormonioterapia.
(22)
Alguns autores trazem que o principal na assistência de enfermagem em oncologia
é a preocupação com o aspecto psicológico do paciente e sua família, um ponto que não era
valorizado antigamente na assistência oncológica e que hoje é o foco do cuidado prestado
(25)
pelo enfermeiro nessa área. Mas o conselho diz que essa assistência deve seguir as
atribuições dadas ao enfermeiro, que estão presentes no decreto nº 94.406/87, onde
discrimina as ações de enfermagem em todos os campos que necessitam da sua assistência.
Portanto a assistência oncológica deve ser voltada para o cuidado do paciente em sua forma
integral,tendo a valorização da prestação do cuidado em seu aspecto físico, social e
emocional, nãoutilizando apenas uma assistência focada no apoio psicológico.
Atenção Primária
O INCA (2010) diz que prevenção deve ser entendida como toda medida tomada para
evitar o surgimento de uma condição mórbida ou de um conjunto seu, para que tal situação
não ocorra na população, e se caso venha a ocorrer que se dê de forma mais leve.
A prevenção do câncer de mama pode ser primária ou secundária, sendo a primária
responsável por modificar ou eliminar fatores de risco para essa neoplasia; ao passo que na
prevenção secundária enquadram-se o diagnóstico e o tratamento dos cânceres precoces.
Destaca-se, porém, que a detecção precoce ainda é a melhor maneira de combater este tipo de
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câncer, pois só assim a doença adquire melhores chances de cura.
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Atenção Secundária
A atenção secundária de responsabilidade do enfermeiro tem por objetivo a detecção
precoce através da mamografia diagnóstica, realizada naquelas com sinais e sintomas de
câncer, além do tratamento primário do câncer de mama. A incorporação crescente de novas
tecnologias de diagnóstico trouxe um aumento na perspectiva de utilização de procedimentos
e de programas de prevenção secundária do câncer. Portanto quanto mais cedo o câncer é
diagnosticado, maior é a chance de cura, de sobrevida e de qualidade de vida,além da relação
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entre a efetividade e custo ser melhor.
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Atenção Terciária
O paciente portador do câncer mamário vivencia conflitos psicológicos e distúrbios
emocionais ao saber da necessidade de um tratamento complementar, pois já está enfrentando
o tabu da autoimagem alterada ou destruída em decorrência da mastectomia. Fragilizado, ele
vive momento de luto devido à necessidade de uma quimioprevenção, radioterapia ou
hormonioterapia, portanto a atuação da equipe de enfermagem na atenção terciária torna-se
essencial, é um ponto de apoio indispensável já que a paciente está totalmente desacreditada
(12)
que possa haver cura ou mesmo chance de sobrevida.
O câncer mamário envolve basicamente a passagem do cliente por três etapas que se
sobrepõem: o recebimento do diagnóstico, a realização de um tratamento longo e agressivo e
a aceitação de alterações em seu corpo que influenciam na autoimagem e na convivência com
a mesma. Vale ressaltar que, frente ao diagnóstico de câncer, a mulher desenvolve
sentimentos de medo, tristeza e negação, associados à importância da mama como símbolo de
feminilidade, mas principalmente pelo medo quanto aos tratamentos, em especial a
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quimioterapia. Nesse sentido, a mulher que já foi mastectomizada, tende a ficar mais sensível
e vulnerável aos efeitos colaterais do tratamento quimioterápico, muitas vezes interferindo na
promoção de uma resposta eficaz, contribuindo de forma negativa para a sua adaptação a
situação vivenciada. Cabe então à enfermagem atuar nessa área de maneira efetiva,
orientando quanto aos objetivos e efeitos colaterais do tratamento quimioterápico, além de
(30)
oferecer o suporte emocional para esta paciente e sua família.
A mastectomia costuma causar impacto à mulher, pois abala a sua autoestima.Quando
associada à quimioterapia, esse impacto aumenta ainda mais em função dos efeitos colaterais
decorrentes, especialmente a queda de cabelo. Silva et al evidenciaram em um estudo que a
mulher, frente ao tratamento quimioterápico, apresenta respostas ineficazes que se refletem
(31)
em medo, depressão, angústia e tristeza.
Uma das modalidades de tratamento do câncer de mama é a quimioterapia que tem
seu papel estabelecido, seja em caráter neo-adjuvante (para a redução do tumor antes da
cirurgia), adjuvante (complementa a cirurgia, ou seja, feita após a cirurgia) ou paliativo (não
tem finalidade curativa, apenas para melhorar a qualidade de vida do paciente). Enquanto não
se consegue reverter o processo biológico que altera o comportamento da célula maligna, a
quimioterapia continuará sendo usada como método auxiliar na tentativa de cura ou aumento
de sobrevida em pacientes portadoras de carcinoma mamário. A quimioprevenção vem
ganhando destaque, pois representa um avanço na cura e controle do câncer, aumentando a
(31)
expectativa de vida do paciente.
Segundo a Resolução do COFEN 210/1998, que dispõe sobre a atuação dos
profissionais de enfermagem que trabalham com quimioterápicos antineoplásicos, é de
competência do enfermeiro: planejar, organizar, supervisionar, executar e avaliar todas as
atividades de enfermagem, elaborar protocolos terapêuticos de prevenção, tratamento e
minimização dos efeitos colaterais, realizar a consulta de enfermagem, ministrar o
quimioterápico prescrito conforme a farmacocinética da droga e protocolo terapêutico e
(32)
manter a biossegurança individual, coletiva e ambiental.
Diante da importância do tratamento quimioterápico, há necessidade da equipe de
enfermagem ter conhecimento sobre os medicamentos administrados, os efeitos colaterais,
conduta frente ao extravasamento e tempo de infusão das medicações utilizadas. Enfermeiros
que prestam assistência à pacientes oncológicos, trabalham num ambiente de grande
exigência, seja ela pela alta complexidade da doença ou pelas manifestações de cada
(12)
individuo, requerendo do profissional constante atualização.
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Pós-morte
A morte é conhecida por todos os seres humanos como um fenômeno da vida, mesmo
que desperte medo em sua maioria. Esse sentimento, muitas vezes, é expresso na dificuldade
de lidar com o fato de que nada é eterno. É considerado um acontecimento medonho,
(36)
espantoso, mesmo para aqueles que estão acostumados a vivenciar isso.
A diferença básica entre as pessoas em geral e os profissionais da área de saúde é que
na vida destes a morte já faz parte do dia-dia, principalmente para os enfermeiros, pois são
(37)
aqueles que lidam diretamente e diariamente com o paciente.
O papel do enfermeiro no cuidado pós-morte, está presente na citação do Código de
Deontologia dos Profissionais de Enfermagem em seu art.3º, no item que trata dos Princípios
Fundamentais, quando cita que: “o profissional de enfermagem respeita a vida, a dignidade e
os direitos da pessoa humana em todo o seu ciclo vital, sem discriminação de qualquer
(38)
natureza”.
Após a constatação da morte de um paciente, a enfermagem deve realizar vários
procedimentos de cuidados com o corpo, como não deixá-lo exposto, fazer tamponamento
dos orifícios, retirar todos os materiais e instrumentos que estavam no paciente, como
cateteres, sondas e tubos respiratórios, e encaminhá-lo para funerária. A necessidade dos
(37)
procedimentos realizados no pós-morte, vai estar relacionada ao que ocorreu.
O cuidado com o corpo após a morte deve consistir essencialmente em preservar o
aspecto natural e confortável do ser humano, mas o principal é o suporte emocional dado aos
familiares, que após uma sequência de sofrimento em decorrência do tratamento extenso
(37)
contra o câncer, vê a batalha perdida ao ter que lidar com a perda do ente querido.
Conclusão
O câncer de mama é curável numa parcela significativa dos pacientes, apesar de
apresentar altas taxas de incidência. Essa curabilidade é atribuída ao diagnóstico precoce pela
mamografia e a eficácia do tratamento complementar com quimioterapia, radioterapia e/ou
hormonioterapia. A terapêutica do câncer mamário leva o paciente a enfrentar uma série de
consequências físicas e emocionais, pois o viver com uma doença traumatizante e
estigmatizante, como o câncer, é conviver com sentimentos negativos, enfrentar preconceitos
e se deparar com a morte durante todo o tratamento. Diante disso, diariamente a ciência tende
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Conflict of interest: No
Date of first submission: 2012-08-30
Last received: 2013-05-06
Accepted: 2013-05-27
Publishing: 2013-05-29
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Revista Eletrônica Gestão & Saúde Vol.04, Nº. 02, Ano 2013 p. 2238-2260
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