Você está na página 1de 40

ESTRUTURA, MECANISMO DE AÇÃO E APRESENTAÇÕES

A
toxina botulínica tem sido usada desde de ligação (c-terminal) e uma cadeia leve (endo-
1970 na oftalmologia e nos últimos 20 peptidase) de aproximadamente 50kDa, ligadas
anos teve seu uso estendido para por uma ligação dissulfeto (Figura 1).
outras áreas, particularmente a dermatologia.
Axônio terminal

Neurotoxinas botulínicas são produzidas


2
pelas bactérias Clostridium botulinum, Clostri-
dium butyricum e Clostridium baratii como
BoNTA
complexo de proteína multimérico que consiste LC
3
na neurotoxina em associação a proteínas não HN HC
ACh B
tóxicas acessórias. Essas colaboram na estabili- 1
Membrana
Receptora 4 ACh Complexo
zação da neurotoxina e evitam a exposição a A SNARE

SNAP-25
mudanças de temperatura, baixo pH e degrada-
ção enzimática. As bactérias produzem sete Receptor
Nicotínico
tipos diferentes de neurotoxinas: A, B, C, D, E, F, G,
mas apenas os sorotipos A e B estão disponíveis
Músculo
comercialmente.

Figura 2

A cadeia pesada se une à membrana


externa do terminal nervoso na junção neuro-
muscular (1) e é internalizada por endocitose na
célula receptora (2). As cadeias leve e pesada se
separam (3). A cadeia leve é responsável por
Cadeia Leve
desativar o complexo de fusão sináptico (4). As
Domínio de
translocação vesículas pré-sinápticas não podem se alojar,
Domínios de ligação (cadeia pesada)
fundir e liberar a acetilcolina, o neurotransmissor.
N - Terminal
Assim, ocorre a inibição da liberação de acetilco-
C - Terminal Figura 1
lina na junção neuromuscular periférica, resultan-
O sorotipo A (BoNTA) parece ser a mais do em uma paralisia flácida (Figura 2).
potente. A neurotoxina botulínica ativa, em todos
os seus sorotipos, é sintetizada como uma única Embora as junções neuro-musculares
cadeia de aproximadamente 150 kDa que deve dos músculos estriados sejam mais sensíveis à
ser clivada por proteases para se tornar ativa. A toxina, os nervos colinérgicos autônomos
clivagem resulta em uma molécula de dupla também são afetados pela toxina. Quando injeta-
cadeia, que consiste em uma cadeia pesada de do por via intradérmica, a neurotoxina produz
aproximadamente 100 kDa, composta pelo denervação química temporária das glândulas
domínio de translocação (n-terminal) e domínio sudoríparas, resultando na redução da sudorese

Curso de Cosmiatria
1
Toxinas botulínicas do tipo A disponíveis no mercado

BOTOX® DYSPORT® XEOMIN® PROSIGNE® BOTULIFT®

Nomenclatura (EUA) onabotulinumtoxinA abobotulinumtoxinA incobotulinumtoxinA CBTX-A -

Primeira aprovação 1989 (US) 1991 (UK) 2005 (Germany) 1993 (China) Coréia do Sul

Serotipo A A A A A

Cepa Hall (Allergan) Hall Hall - Hall

Receptor/Target SV2/SNAP-25 SV2/SNAP-25 SV2/SNAP-25 SV2/SNAP-25 SV2/SNAP-25

Peso e Uniformidade ~900 kDa 400-900 kDa 150 kDa ~900 kDa ~900 kDa
molecular Homogêneo Heterogêneo Homogêneo Homogêneo Homogêneo

0.5 mg de gelatina bovina


HSA: 500 ug (100U) HSA: 125 ug (300, 500 U) HSA: 1 mg (50, 100 U) HSA: 500 µg (100 U)
Excipientes 25 mg de Dextrano
Cloreto de sódio Lactose Sacarose Cloreto de Sódio
25 mg Sacarose

Estabilização Secagem à vácuo Liofilização Liofilização Liofilização Liofilização


solúvel com Solução salina Solução salina Solução salina Solução salina Solução salina

Apresentação
(U/Frasco) 50, 100, 200 300, 500 50, 100 50, 100 50, 100, 200
Proteína
(ng/Frasco) 4.8 (100 U frasco) 4.35 (500 U frasco) 0.6 (100 U frasco) - -

Tabela 1: Toxinas botulínicas do tipo A disponíveis no mercado

local. Além disso, bloqueia a liberação de neuro- para cada 1 unidade de Botox®. Segundo
transmissores associados à origem da dor. O estudos, o início clínico pode ser mais rápido,
mecanismo presumido para profilaxia de migrâ- mas a duração da ação é semelhante ao Botox®.
nea é o bloqueio de sinais periféricos para o
sistema nervoso central, que inibe a sensibiliza- IncobotulinumtoxinA
ção central.
Xeomin® (Toxina Botulínica Inco) é uma
OnabotulinumtoxinA solução homogênea de 150 kDa BoNTA, purifica-
da por troca iônica e fração de H. Tem proporção
A primeira preparação de BoNTA dispo- de dose de 1:1 com o Botox® em alguns estudos
nível foi o Botox® (Toxina Botulínica Ona), apro- e 1:0,8 em outros.
vado em 1979 pelo FDA para tratamento de
estrabismo. Botox® é um complexo homogêneo Comparando as distintas marcas
de 900 kDa de BoNTA, 150 kDa de proteínas não comerciais, um estudo demonstrou que a
tóxicas, purificadas através da precipitação e Xeomin® tem uma área de difusão semelhante
cristalização do etanol. ao Botox® e portanto, menor que Dysport®.

AbobotulinumtoxinA Outro estudo demonstrou que a difusão


de Dysport®, na fronte, é maior quando compa-
Dysport® (Toxina Botulínica Abo) é um rada ao Botox®, mesmo com volumes idênticos
complexo heterogêneo de neurotoxina e proteí- de injeção. O tamanho do complexo ou da molé-
nas de 500 a 900 kDa que é purificado por meio cula de BoNTA parece não influenciar na difusão
de um processo de troca iônica. As diretrizes de da neurotoxina.
dosagem sugerem 2-4 unidades de Dysport®

Curso de Cosmiatria
2
Indicações na área da cicatriz, inibição da proliferação de
Indicações clínicas segundo a bula de BOTOX® fibroblastos e TGF-B1;
Rosácea e flushing facial: bloqueiam a
Tratamento de estrabismo e blefaros- liberação de acetilcolina dos nervos periféricos
pasmo associado com distonia, incluindo blefa- do sistema vasodilatador cutâneo, liberação de
rospasmo essencial benigno ou distúrbios do VII mediadores inflamatórios como substância P e
par craniano em pacientes com idade acima de peptídeo relacionado ao gene de calcitonina;
12 anos; Neuralgia pós-herpética: mecanismo
Tratamento de distonia cervical; ainda não elucidado, porém sugerem-se meca-
Tratamento de espasmo hemifacial; nismos centrais e periféricos. Os efeitos periféri-
Tratamento de espasticidade muscular; cos estão relacionado à inibição da liberação de
Tratamento de linhas faciais hipercinéti- neuropeptideo dos nervos periféricos nocicepti-
cas; vos. Além disso, se sugere ação no sistema
Tratamento de hiperidrose focal, plantar, nervoso central através do transporte axonal
palmar e axilar; para o SNC após aplicação periférica;
Tratamento de incontinência urinária Prurido pruriceptivo: age através da
causada por hiperatividade neurogênica do inibição da acetilcolina que participa do prurido
músculo detrusor da bexiga, não tratada adequa- na pele seca em algumas afecções como derma-
damente por anticolinérgicos; tite atópica. Também parece agir bloqueando a
Tratamento da bexiga hiperativa com liberação de moléculas associadas com o pruri-
sintomas de incontinência, urgência e aumento do, como a substância P e CGRP, além de estar
da frequência urinária em pacientes adultos que envolvido na estabilização dos mastócitosduran-
obtiveram resposta inadequada ou intolerantes à te a degranulação;
anticolinérgicos; Pele oleosa: agem através da diminuição
Profilaxia em adultos de migrânea crôni- na produção de sebo na aplicação intradérmica
ca - enxaquecas crônicas e refratárias com através da ação neuromoduladora nos recepto-
comprometimento importante da qualidade de res muscarínicos e no músculo eretor do pelo;
vida e das atividades diárias (laborativas e Hidradenite supurativa: o mecanismo
sociais). ainda não está completamente elucidado, mas
se sugere que sua ação nas glândulas sudorípa-
Outras Indicações ras poderia reduzir a população da flora da pele e
Indicações off label seu potencial inflamatório. Outro mecanismo
sugerido é a prevenção da ruptura e distribuição
Tratamento de cicatrizes hipertróficas: de material folicular para a derme, que poderia
mecanismo ainda não bem definido, parece inibir promover inflamação e a formação de sinus;
a proliferação de fibroblastos derivados dos
tecidos hipertróficos, supressão da expressão do Contra Indicações
TGF-B1, colágeno I e II, alfa actina do músculo
liso e miosina II; História de hipersensibilidade a qualquer
Prevenção de cicatrizes: age através do um dos ingredientes da formulação;
bloqueio da transmissão de acetilcolina dos Infecção no local da aplicação;
nervos periféricos, reduzindo a tensão muscular

Curso de Cosmiatria
3
Doença neuropática motora periférica há uma tendência de aumento de benefício alme-
Esclerose lateral amiotrófica; jado. A reavaliação deve ser realizada duas a três
Doenças da junção neuromuscular (ex. semanas após o tratamento.
miastenia gravis ou síndrome de Lambert-Eaton);
Uso de medicações que interferem com ▐ TOXINA BOTULÍNICA TÓPICA
a transmissão do impulso neuromuscular e que
podem potencializar o efeito da toxina (aminogli- O uso de formulações tópicas de toxina
cosídeos, penicilamina, quinina e bloqueadores botulínica tem sido estudado para tratamento de
do canal de cálcio); área anatômicas que são difíceis de tratar com
Gravidez ou lactação (Droga C). injetáveis ou para pacientes que preferem evitar
injetáveis. Também podem existir papéis da
Reconstituição e Aplicação toxina botulínica tópica como terapia adjunta às
técnicas de injeção hoje conhecidas.
Antes da injeção, deve-se reconstituir
cada frasco de BoNTA com solução de cloreto de Existem potenciais usos da toxina botulí-
sódio a 0,9% esterilizada e isenta de conservan- nica tópica que estão em estudo: tratamento de
tes. Escolher a quantidade adequada de acordo rítides cantais laterais no repouso, áreas que são
com o frasco de diluente na seringa de tamanho mais difíceis de abordar com injetáveis (rítides
apropriado e injetar lentamente o diluente no do lábio superior, linhas cantais laterais, linhas
frasco. Misturar suavemente o BoNTA com a frontais horizontais, rugas cervicais superficiais,
solução salina, rodando o frasco. Registrar a data hiperidrose de couro cabeludo, palmar e plantar).
e a hora da reconstituição no espaço do rótulo. O Além disso, pode ser útil no tratamento de enxa-
BoNTA reconstituído deve ser armazenado em queca. Formulações tópicas ainda não são apro-
uma temperatura entre 2° e 8° C, sendo que deve vadas para uso.
ser descartado caso não seja utilizado em 24h
(Botox®) ou 4h (Dysport®). Estudos mostram
eficácia clínica mesmo após 4 semanas da
reconstituição. Diluições com volumes menores
propiciam uma administração mais precisa.

O consenso não encontrou evidências


para indicar recomendações pós tratamento que
antes eram orientadas, como evitar exercício
físico, evitar a compressão das áreas tratadas ou
viajar de avião.

Os efeitos clínicos da toxina aparecem


entre o primeiro e terceiro dias após a aplicação,
tendo seu pico de ação de uma a quatro sema-
nas. Há um declínio gradual de três a quatro
meses. Na musculatura tratada repetidas vezes

Curso de Cosmiatria
4
EXEMPLOS PRÁTICOS DE DILUIÇÃO

BOTOX® Frasco 100 UI

1ML de SF 0,9% estéril 2ML de SF 0,9% estéril 4 mL de SF 0,9% estéril


Cada marcação Cada marcação Cada marcação
Seringa de 100 UI
HEMATOMA
equivale a 2 UI Seringa de 100 UI
HEMATOMA
equivale a 1 UI Seringa de 100 UI
HEMATOMA
equivale a 0,5 UI

Cada marcação Cada marcação Cada marcação


Seringa de 50 UI e 30 UI
HEMATOMA equivale a 1 UI Seringa de 50 UI e 30 UI
HEMATOMA equivale a 0,5 UI Seringa de 50 UI e 30 UI
HEMATOMA
equivale a 0,25 UI

DYSPORT® Frasco 500 UI

Considerando a relação Botox/Dysport de 3:1

1,7ML de SF 0,9% estéril


Equivale à diluição de 1mL de SF 3,4ML de SF 0,9% estéril
Equivale à diluição e 2mL de SF
HEMATOMA HEMATOMA
para frasco de 100UI de Botox para frasco de 100UI de Botox

Guia de reconstituição: unidades para aplicação de BOTOX® 100 U


Concentração de Toxina Botulínica em Unidades

Seringa de 1ml
Graduação de 0,02 em 0,02ml

Seringa cheia = 1 ml
Parcial maior = 0,1 ml

Parcial menor = 0,02 ml

volume ml 0,1 0,2 0,3 0,4 0,5 0,6 0,7 0,8 0,9 1,0

Diluída em 1 ml 2 ml 2,5 ml 3 ml 4 ml

Seringa cheia
100 U 50 U 40 U 33,33 U 25 U
(1 ml)

Parcial maior
10 U 5U 4U 3,33 U 2,5 U
(0,1 ml)

Parcial menor
2U 1U 0,8 U 0,67 0,5 U
(0,02 ml)

Seringa de 0,5ml Seringa de 0,3ml


Graduação de 0,01 em 0,01ml Graduação de 0,01 em 0,01ml

Seringa cheia = 0,3 ml


Seringa cheia = 0,5 ml
Parcial maior = 0,05 ml
Parcial maior = 0,05 ml
Parcial menor = 0,01 ml
Parcial menor = 0,01 ml

volume ml 0,05 0,10 0,15 0,20 0,25 0,30 0,35 0,40 0,45 0,50 volume ml 0,05 0,10 0,15 0,20 0,25 0,30

Diluída em 1 ml 2 ml 2,5 ml 3 ml 4 ml Diluída em 1 ml 2 ml 2,5 ml 3 ml 4 ml


Seringa cheia Seringa cheia
50 U 25U 20U 16,67 U 12,5 U 30 U 15 U 12 U 10 U 7,5 U
(0,5 ml) (0,3 ml)

Parcial maior Parcial maior


5U 2,5 U 2U 1,67 U 1,25 U 5U 2,5 U 2U 1,67 U 1,25 U
(0,05 ml) (0,05 ml)

Parcial menor Parcial menor


1U 0,5 U 0,4 U 0,33 0,25 U 1U 0,5 U 0,4 U 0,33 0,25 U
(0,01 ml) (0,01 ml)

Curso de Cosmiatria
5
IMUNOGENICIDADE

C
omo a toxina botulínica disponível Botulínica Ona ou Toxina Botulínica Abo)
comercialmente contém proteínas não mostrou que menos da metade (44,5%) dos
humanas, essas podem funcionar pacientes eram positivos para anticorpos neutra-
como antígenos e estimular a formação de lizantes usando o ensaio de hemidiafragma do
anticorpos. Dois tipos de anticorpos podem se mouse (MDA) o que indica que, na prática clínica,
formar depois da exposição às neurotoxinas: outros fatores que não a imunogenicidade
neutralizantes e não-neutralizantes. Os neutrali- podem contribuir para a não resposta do trata-
zantes parecem se formar primariamente contra mento.
a cadeia pesada, entretanto anticorpos que se
ligam a epitopos de todas as regiões tem sido A falta de benefício clínico pode ser

observados. Se presentes em títulos suficientes, causada por problemas técnicos, como: dosa-

esses anticorpos podem inibir a atividade biológi- gem inadequada e incapacidade de identificar e

ca da toxina. Já os anticorpos não neutralizantes injetar com precisão os músculos alvos.

são aqueles produzidos contra as proteínas


Com relação à dose, de acordo com as
acessórias ou produzidos contra a própria neuro-
evidências atualmente disponíveis, se sugere
toxina, mas que não afetam sua atividade ou
que o desenvolvimento de anticorpos neutrali-
eficácia clínica.
zantes para toxina botulínica está positivamente
correlacionado com a dose cumulativa. Em um
É importante distinguir entre imunogeni- estudo retrospectivo inicial, pacientes com
cidade e classificação clínica de não-resposta anticorpos neutralizantes para a onabotulinum-
primária e secundária. A secundária é descrita toxina A pré-1997 receberam uma dose cumula-
quando o paciente responde inicialmente à tiva total maior do que os pacientes sem anticor-
terapia mas perde essa resposta após tratamen- pos neutralizantes. Uma dose cumulativa mais
tos repetidos. Já a primária ocorre quando um alta e/ou uma dose média maior por tratamento
paciente não responde nem ao primeiro trata- foram associadas com anticorpos neutralizantes
mento nem às aplicações seguintes. Vale contra produtos de toxina botulínica de tipo A e
lembrar que a presença de anticorpos nem não-resposta secundária em outros dois
sempre significa a não resposta ao tratamento, estudos.
já que alguns pacientes, mesmo possuindo
anticorpos, são respondedores. Um estudo relatou que os pacientes que
desenvolvem anticorpos neutralizantes reque-
Por outro lado, muitos pacientes consi- rem doses mais altas e freqüentes para manter
derados clinicamente não responsivos não níveis comparáveis de eficácia do tratamento
possuem anticorpos neutralizantes detectáveis. (taquifilaxia).
Em alguns casos, isso pode ser devido à sensibi-
A imunogenicidade pode estar relaciona-
lidade do teste usado para medir anticorpos. Um
da à frequência da injeção. No início do uso da
grande estudo de não-respondedores secundá-
neurotoxina botulínica para distonia cervical
rios aos produtos de toxina botulínica (Toxina

Curso de Cosmiatria
6
injeções de "reforço" foram freqüentemente glabelares mostraram que nenhuma das 159
administradas aos pacientes 2-3 semanas após amostras de pacientes avaliados (incluindo 3
a dose inicial, se a primeira dose não tivesse positivas na linha de base) foi MPA (ácido
produzido uma resposta adequada. Dois estudos mercaptopropiônico – método de medicação de
descobriram que os pacientes que desenvolve- anticorpos) positiva para os anticorpos neutrali-
ram não-resposta secundária à Toxina Botulínica zantes após 120 dias de aplicação. Quatro dos
Ona receberam injeções mais freqüentes e/ou 283 pacientes (1,4%) testaram positivo em um
tiveram mais injeções de reforço do que os ou mais pontos de tempo entre o pré-tratamento
pacientes que não desenvolveram resistência. e o pós-tratamento, mas todos foram considera-
dos respondedores. Do mesmo modo, um
Além disso, uma avaliação recente de ensaio aberto de 64 semanas, em que pacientes
amostras de soro de não respondedores secun- virgens de tratamento foram tratados para linhas
dários tanto para Toxina Botulínica Abo quanto glabelares com neurotoxina botulínica recebe-
para Toxina Botulínica Ona A pré-1997 revelou ram quatro ciclos de injeção de 10 ou 20UI de
que maiores proporções de pacientes com Toxina Botulínica Ona demonstrou que nenhum
intervalos de tratamento de 1-2 meses testaram dos 363 pacientes testou positivo para anticor-
positivo para anticorpos neutralizantes em pos neutralizantes em qualquer ponto durante a
comparação com aqueles com intervalos de estudo.
tratamento de 4-13 meses. Estes resultados
sugerem que os intervalos de injeção de neuroto- AbobotulinumtoxinA
xina botulínica mais curtos (ou seja, <2 meses de
intervalo) podem aumentar o risco da formação A informação de prescrição de Toxina
de anticorpos neutralizantes e não-resposta ao Botulínica Abo (Dysport®) relata uma análise dos
tratamento. Como resultado, os intervalos de ensaios de Fase III de 1.554 indivíduos que
injeção mais longos (com base na duração espe- tiveram até nove ciclos de tratamento de 250 U
rada do efeito clínico e para diminuir o risco de para linhas glabelares. Dois indivíduos (0,13%)
formação de anticorpos neutralizantes) foram testaram positivo para anticorpos de ligação na
adotados como prática clínica padrão. linha de base por triagem inicial via RIPA
(radioimunoprecipitação) e 3 mais testados
▐ IMUNOGENICIDADE X USO ESTÉTICO positivos após o tratamento; nenhum foi positivo
para anticorpos neutralizantes pela MPA (ácido
OnabotulinumtoxinA mercaptopropiônico – método de medicação de
anticorpos), nem nenhum desses pacientes
As doses de Toxina Botulínica Ona (Boto- mostrou eficácia reduzida. Dois dos cinco
x®) para tratamentos com fins estéticos é geral- estudos publicados nos Estados Unidos que
mente menor e realizada em aplicações menos apoiam o desenvolvimento clínico de Toxina
frequentes quando comparadas àquelas utiliza- Botulínica Abo para linhas glabelares relataram
das para aplicações clínicas. Uma análise dos sobre imunogenicidade. Nenhum dos pacientes
dados de dois estudos idênticos randomizados, (N = 1968) que recebeu ≤6 injeções de 50 U de
duplo-cegos, controlados por placebo de onabo- Toxina Botulínica Abo durante um período de 13
tulinumtoxina A (20 U) em pacientes com linhas a 17 meses desenvoveu anticorpos.

Curso de Cosmiatria
7
IncobotulinumtoxinA show (enfraquecimento do músculo orbicular
dos olhos);
Um ensaio aberto de Fase III de Toxina Ptose labial (enfraquecimento dos eleva-
Botulínica Inco (Xeomin®) para o tratamento de dores do lábio ao tratar "bunny lines”).
linhas glabelares mostrou que nenhum paciente
(0/105) desenvolveu anticorpos neutralizantes Efeitos adversos relacionados à técnica:
Terço inferior da face
durante o período de estudo de 84 dias testado
Assimetria;
por um imunoensaio de fluorescência seguido
Insuficiência motora oral (diminuição da
pelo MDA (Dialdeído malônico).
capacidade de elevar ou baixar o lábio);
Mal funcionamento do suporte muscular
▐ EFEITOS COLATERAIS
da face inferior;
Disfagia (ao tratar o platisma);
De acordo com a experiência clínica,
Fraqueza cervical (ao tratar o platisma);
revisões retrospectivas e meta análises, a toxina
Boca seca (ao tratar o platisma).
botulínica tipo A é segura e tem excelente perfil
de tolerabilidade em aplicações estéticas e
Efeitos adversos graves (raros):
terapêuticas.
Reação de hipersensibilidade imediata
(urticária, prurido, rash);
Efeitos adversos de duração limitada:
Dispnéia;
Queimação ou dor durante a injeção;
Exacerbação da asma;
Edema e eritema no local da aplicação;
Edema de partes moles;
Cefaléia leve, localizada e transitória;
Equimoses;
Tratamento de ptose palpebral:
Edema palpebral.

Alguns tratamentos são indicados em


Efeitos colaterais raros e idiossincrásicos:
caso de ptose palpebral: agonistas alfa-adrenér-
Parestesias;
gicos, anticolinesterásicos e tratamento físico
Movimentos tônicos faciais;
incluindo massagem, eletroestimulação.
Náusea e vômito;
Tontura ou síncope;
A apraclonidina é o alfa-adrenérgico
Mialgia e boca seca.
mais utilizado, na posologia de 2x ao dia. Nafazo-
lina é um simpaticomiméticos com fortes efeitos
Efeitos adversos relacionados à técnica:
Terços superior e médio da face alfa-adrenérgicos que é encontrado em vários
Assimetria e atrofia; produtos oftalmológicos descongestionantes.
Ptose de supercílio ou pálpebra; Com exceção dos agonistas alfa-adrenérgicos,
Piora de ptose preexistente compensada que estimulam o músculo de Mueller para ajudar
devido ao enfraquecimento do frontal; na abertura na pálpebra superior, não há evidên-
Deficiência na função das pálpebras ou cia de que nenhum dos outros métodos funcio-
na fisiologia ocular (enfraquecimento do orbicu- ne.
lar dos olhos);
Retração de pálpebra inferior, esclera

Curso de Cosmiatria
8
ANATOMIA PARA TOXINA BOTULÍNICA E TÉCNICAS DE APLICAÇÃO

frontal, ou elevando este ponto de injeção 1 cm


As doses de tratamento sugeridas nesse
material terão como base o Botox® acima com relação àqueles aplicados na área
média e central. Muitas vezes adequada nas
mulheres, essa conformação deve ser evitada
▐ TERÇO SUPERIOR DA FACE em homens. A face feminina ideal exibe uma
fronte suave com sobrancelhas arqueadas,
Diferentemente dos músculos esqueléti- enquanto a face masculina ideal exibe uma
cos, os músculos faciais não possuem uma sobrancelha horizontalizada. Sobrancelhas
fáscia, e suas fibras estão diretamente ancora- masculinas são geralmente mais planas em
das na derme. Cada fibra é interligada com contorno e normalmente não se elevam tanto a
complexidade e se continua com o SMAS (siste- longo da borda orbital em comparação com a
ma musculoaponeurótico superficial). sobrancelha feminina. Em homens, a aplicação
de neurotoxinas nas linhas da fronte deve preser-
Os músculos faciais mantém um balan- var uma posição mais baixa das sobrancelhas e
ço de ação bilateralmente. Quando existe parali- um arco mais plano e retificado.
sia em uma hemiface (por exemplo, pós acidente
vascular cerebral), os músculos do lado oposto
Rítides Cantais Laterais (“pés-de-gali-
tendem a se movimentar mais ativamente, resul-
nha”) e Infraorbitais
tando em assimetrias. Assim, mudanças delica-
das na expressão facial causadas pelo desequilí-
O músculo orbicular dos olhos
brio entre os músculos podem acontecer após a
localiza-se imediatamente abaixo da epiderme,
injeção de toxina botulínica. Os músculos do lado
em uma área com tecido subcutâneo escasso e
oposto, que não estão bloqueados, tendem a se
se caracteriza por ser uma lâmina muscular
movimentar mais ativamente.
elíptica. É responsável pelo fechamento da
pápebra e proteção do globo ocular. É dividido na
Os músculos da face são categorizados
porção palpebral (dividida em pré-septal e
em dois grupos: elevadores e depressores. O
pré-tarsal) e porção orbital. A porção orbital
músculo frontal é o único elevador da sobrance-
origina-se no processo frontal da maxila e no
lha. Já os músculos orbicular dos olhos, corruga-
processo nasal do osso frontal, circundando a
dor de supercílio, depressor de supercílio e próce-
abertura da órbita e inserindo-se próximo à
ros são depressores da sobrancelha.
origem. É responsável pelo fechamento das
pálpebras. A porção palpebral começa no
Um arco lateral na sobrancelha é carac-
ligamento medial palpebral, passa através de
terístico do padrão da fronte feminina (formato
cada pálpebra, se insere na rafe lateral palpebral
em "asa de gaivota"). Este arco pode ser acentua-
e age involuntariamente, fechando as pálpebras
do em pacientes do sexo feminino, colocando
ao piscar e produzindo rítides verticais no canto
menor quantidade de toxina lateral à linha médio-
medial.
-pupilar ao realizar o tratamento do músculo

Curso de Cosmiatria
9
Figura 3

Imagem retirada do artigo Trindade de Almeida AR,, Martins da Costa Marques ER, Kadunc BV. Rugas glabelares: estudo piloto
dos padrões de contração. Surg Cosmet Dermatol. 2010;2(1):23-8.

Estes 3 tipos de rugas podem apresentar-se com:


As rítides infraorbitais são divididas em
dobra epicantal medial e lateral. Elas são produzi-
A – ausência de rugas na pálpebra inferior.
das pelo músculo zigomático maior, que abaixa o
B – existência de rugas na pálpebra inferior,
tecido frouxo zigomático quando o paciente
obedecendo à seguinte sub-classificação:
sorri. Já as mediais são formadas pela porção
medial do músculo orbicular (Figura 5).
B1 – rugas laterais

Os músculos zigomático maior e menor B2 – rugas mediais

também têm importância dentro do complexo B3 – rugas no canto medial

muscular da região periocular. Originam-se no


osso zigomático (o maior lateralmente e o menor Os pacientes incluídos no estudo foram

medialmente), inserindo-se no músculo orbicular observados e classificados de acordo com este

da boca. Se indevidamente relaxados pela toxina sistema, apresentando rugas do TIPO I, II ou III -

botulínica na região palpebral, podem causar A ou B1, B2 e/ou B3, de acordo com as possíveis

assimetrias indesejáveis na região perioral. A combinações. A aplicação inicial foi feita em três

partir das observações dos detalhes anatômicos pontos no caso dos pacientes tipo I, em 2 pontos

e da dinâmica da musculatura da região periorbi- no caso do tipo II e em apenas 1 ponto quando se

tal, Bhertha M. Tamura e Marina Yodo desenvol- tratavam de pacientes do tipo III, utilizando-se

veram a seguinte classificação das rugas da 2-3 unidades da substância em cada ponto. Caso

região periorbitária (Figura 3): houvesse necessidade de um quarto ponto


abaixo dos três clássicos, detectou-se o exato

TIPO I – rugas laterais ao canto externo do olho, local de inserção dos músculos zigomáticos,

estendendo-se da sobrancelha até arco zigomá- tendo sido a substância aplicada superficialmen-

tico. te.

TIPO II – rugas laterais ao canto externo do olho,


estendendo-se da linha do canto externo do olho Sempre deve ser respeitado o limite da

até o arco zigomático (ausência de rugas na aplicação de 1 cm lateral à porção supero-lateral

região lateral superior). da órbita quando a aplicação na porção superior

TIPO III – presença de rugas exclusivamente na do músculo orbicular orbital for realizada. Isso

linha do canto externo. evita a difusão da toxina para músculos que

Curso de Cosmiatria
10
TÉCNICAS DE APLICAÇÃO - PERIORBICULAR

1/3 1/3 1/3

3-5U

3-5U
3mm 3mm
0,5-1U 0,5-1U 0,5-1U 0,5-1U

0,5-2U 0,5-2U

Figura 5

Curso de Cosmiatria
11
participam da elevação da pápebra superior. O Padrão total: Tipo mais frequente. As
bloqueio desses músculos pode ocasionar ptose rítides horizontais presentes no centro da fronte
palpebral (Figura 4 e Figura 5). avançam lateralmente além da linha mediopupi-
lar, até o final da cauda das sobrancelhas. Para
esses pacientes são sugeridos pontos de aplica-
ção ao longo de toda a musculatura, com doses
maiores na região central e menores nas laterais.

Músculo
Elevador da Padrão medial: Segundo tipo mais
Pálpebra
Superior frequente. As rítides horizontais se concentram
na região central da fronte, geralmente contidas
entre as linhas mediopupilares. Quando se
Figura 4 utilizam três pontos, a marcação configura um
triângulo invertido. Sugere-se evitar aplicação
Linhas horizontais da fronte fora da área citada, devido ao risco de causar ou
acentuar a ptose das sobrancelhas.
O músculo frontal se origina da gálea
aponeurótica próximo à sutura coronal e se Padrão lateral: As rítides horizontais
direciona ínfero-medialmente. As fibras desse predominam nas laterais da fronte, a maioria
músculo se entrelaçam com as fibras do arco após a linha mediopupilar. Ocorrem em menor
supraciliar, com o próceros, corrugador e orbicu- quantidade e intensidade, estando até mesmo
lar dos olhos. Repetidas contrações se associam ausentes em alguns casos, na região frontal
à formação de rugas horizontais na pele sobreja- medial. Para esses pacientes sugere-se pontos
cente. Conforme a disposição predominante das de aplicação nas regiões laterais, com doses
linhas hipercinéticas, três padrões distintos de baixas, para não comprometer o movimento da
contração frontal foram identificados e classifi- cauda da sobrancelha. Geralmente não é neces-
cados: total, medial e lateral (Figura 7). sário aplicação de pontos na região central.

1,3 1,3 1,3

Figura 6

Curso de Cosmiatria
12
DIFERENTES PADRÕES DE CONTRAÇÃO DA FRONTE

Padrão de contração total

Padrão de contração medial

Padrão de contração lateral

Figura 7

Curso de Cosmiatria
13
Sabendo se que o músculo frontal é o único criadas por três músculos: frontal (fibras inferio-
elevador do terço superior da face, sendo funda- res), próceros e corrugadores (Figura 8). As
mental no posicionamento das sobrancelhas, fibras súpero-mediais do orbicular (também
recomenda-se que a aplicação respeite o espaço conhecido como depressor do supercílio) estão
de 1,5cm acima da sobrancelha, na linha medio- entremeadas com as fibras do frontal e do próce-
pupilar, para evitar ptose da pálpebra superior ros. Esse músculo traciona o supercílio medial e
caso atinja o músculo elevador da pálpebra inferiormente, produzindo rítides verticais na
(Figura 4 e 5). fronte. O músculo próceros se origina no osso
nasal e na porção superior da cartilagem nasal
Ao realizar o tratamento do terço supe- lateral. Suas fibras se direcionam verticalmente
rior da face, é sempre importante atentar ao margeando as fibras do frontal, com algumas
posicionamentos dos supercílios. Um arco delas ancorando na pele na área do radix e da
lateral na sobrancelha é característico do padrão glabela.
da fronte feminina (formato em "asa de gaivota").
Este arco pode ser acentuado em pacientes do A atividade muscular provoca linhas
sexo feminino, aplicando uma pequena quantida- hipercinéticas perpendiculares à direção de
de de toxina lateral à linha médio-pupilar ou contração dos músculos, formando rugas inesté-
elevando este ponto de injeção 1 cm acima com ticas horizontais, verticais e oblíquas. De acordo
relação àqueles aplicados na área média e com o movimento predominante, cinco padrões
central. Muitas vezes desejável nas mulheres, distintos de contração glabelar foram identifica-
essa conformação deve ser evitada em homens. dos e classificados (Figura 9).
A face feminina ideal exibe uma fronte suave
com sobrancelhas arqueadas, enquanto a face Padrão “V” – Tipo mais frequente.
masculina ideal exibe uma sobrancelha horizon- Observam-se aproximação e depressão da parte
talizada (Figura 6). medial dos supercílios, em intensidade muito
superior à do padrão em “U". Além de maior força
Sobrancelhas masculinas são geralmen- muscular dos corrugadores e do próceros, existe
te mais planas em contorno e normalmente não também a participação importante da parte
se elevam tanto ao longo da borda orbital em medial do orbicular. Esses pacientes necessitam
comparação com a sobrancelha feminina. Em de doses maiores de toxina e de mais pontos de
homens, a aplicação de neurotoxinas nas linhas aplicação, sendo mais bem abordados em
da fronte deve preservar uma posição mais baixa modelo de sete pontos. As doses maiores são
das sobrancelhas e um arco mais plano. O levan- concentradas no próceros e nos corrugadores.
tamento excessivo das sobrancelhas e a corre-
ção total da fronte e das linhas periorbitárias não Padrão “U” – Segundo tipo mais
são desejáveis. comum. Durante a contração, os pacientes
exibem predominância de aproximação e
Linhas Glabelares depressão discretas da glabela, com movimento
resultante formando a letra “U”. Ocorre simulta-
A glabela constitui o espaço localizado neamente elevação da cauda dos supercílios. Os
entre as duas sobrancelhas. Essas linhas são músculos mais envolvidos são os corrugadores

Curso de Cosmiatria
14
e o próceros. O tratamento seria feito usando o Padrão “Ômega” – Os movimentos
clássico modelo de cinco pontos, com as doses- predominantes são de aproximação e elevação
-padrão. medial da glabela, formando a letra grega
ômega. Ocorre simultaneamente depressão
Padrão “Setas convergentes” – Ocorre lateral dos supercílios. Os músculos dominantes
principalmente aproximação das sobrancelhas, são os corrugadores, a parte medial dos orbicu-
com pouca ou nenhuma depressão ou elevação lares e o frontal, com pouca ou nenhuma contra-
medial ou lateral. O movimento final resultante é ção do próceros.
de aproximação horizontal. Os músculos envolvi-
dos são os corrugadores e a parte medial dos A melhor abordagem para esses casos
orbiculares, e o esquema de aplicação deve ser consiste em injetar toxina nos corrugadores e
mais horizontal, focando nos músculos envolvi- orbiculares das pálpebras e na parte medial do
dos. Não existe necessidade de pontos de aplica- músculo frontal, com doses maiores nos corru-
ção no próceros ou no frontal. gadores e menores nos pontos do frontal e dos

Figura 8

Curso de Cosmiatria
15
DIFERENTES PADRÕES DE CONTRAÇÃO DA GLABELA
Almeida e cols. (2012)

Padrão “V” (37%) - aproximação e depressão


da parte medial dos supercílios.

Padrão “U” (27%) – aproximação e depressão


discretas da glabela, com a elevação simultâ-
nea da cauda dos supercílios.

Padrão “Setas Convergentes” (20%) – apro-


ximação das sobrancelhas, com pouca ou
nenhuma depressão ou elevação medial ou
lateral. O movimento resultante é a aproxima-
ção horizontal.

Padrão “Ômega” (10%) - aproximação e


elevação medial da glabela, formando a letra
grega ômega. Ocorre simultaneamente
depressão lateral dos supercílios.

Padrão “Ômega Invertido” (6%) - o movimen-


to predominante é o de depressão, mais do
que o de aproximação, lembrando uma letra
ômega invertida.

Figura 9

Curso de Cosmiatria
16
Doses recomendadas para o tratamento do Terço Superior da face
Consensus Recommendations and Expert Panel Opinions Regarding OnabutulinumtoxinA Treatment of the Upper Face
Typical Typical
Preferred OnabotulinumtoxinA Total Dose of
Indication Target Muscle Injection Level Injection Points (n) Dose per Injection Point Onabotulinumtoxina

Glabellar lines Procerus, corrugator Intramuscular 3 to 7 2 to 4 U 12 to 40; doses as


supercilii, low as 8 U may be
orbicularis oculi, appropriate for
depressor some patients
supercilii

Horizontal forehead lines Frontalis; consider Intramuscular or 4 to 8 2 to 4 U 8 to 25 U


interactions with intracutaneous (nonmicrodroplet) (nonmicrodroplet)
procerus, corrugators, 8 to 20 0.5 to 1.5 U
and orbicularis oculi in (microdroplet) (microdoplet)
dosing, an effect on
shape of the brows

Lateral canthal lines Orbicularis oculi; uppermost Intracutaneous 1 to 5 per side 1 to 4 U 6 to 15 U per side;
injection point can also doses as low as 4 U

Curso de Cosmiatria
provide brow elevation may be appropriate
for some patients

Brow elevation Lateral: orbicularis oculi; Intramuscular Lateral, 1 to 2 Lateral: 0.5 to 1 U 1 to 6 U


injection point is superior per side Medial: 0.5 to 4 U
to the uppermost injection medial, 1 to 2
point for lateral canthal
lines, and typically at the
hairline of the eyebrow

Medial: procerus, corrugator


supercilii, depressor supercilii,
orbicularis oculi

Tabela 2: Plastic and Reconstructive Surgery • March 2016 • Volume 137, Number 3 • Global Consensus: Botulinum Toxin Type A

17
orbiculares. O próceros dispensa tratamento ou músculo elevador do lábio superior e asa nasal
recebe apenas dose mínima. não podem ser completamente paralisadas.

Padrão “Ômega invertido” – O movi- Músculo abaixador do septo nasal


mento predominante é o de depressão, mais do
que de aproximação, lembrando uma letra O músculo abaixador do septo nasal

ômega invertida. Os músculos envolvidos são encurta o lábio superior e abaixa a ponta do nariz

principalmente o próceros, o depressor do super- durante o sorriso. Pode-se tratar esse músculo

cílio, a parte interna dos orbiculares das pálpe- naqueles casos em que os pacientes se queixam

bras e talvez o nasal, apesar de não se configurar de queda da ponta nasal ao movimento (quando

músculo glabelar. Nesse grupo existe menor sorriem). O tratamento tem o objetivo de enfra-

participação dos corrugadores. quecer esse músculo e elevar a ponta nasal. Para
tal, esse tratamento é realizado através da aplica-

O tratamento mais adequado é feito com ção de, normalmente, 2UI de BoNTA, aplicadas

doses maiores no próceros e nos depressores do na base da columela (Figura 11).


supercílio, e doses menores na parte interna do
orbicular das pálpebras e no músculo nasal. Sorriso Gengival
Dose mínima pode ou não ser acrescentada aos
Sorriso gengival é definido pela exposi-
corrugadores.
ção da gengiva maior de 3 mm ao sorrir. Determi-
nam a elevação do lábio que ocorre ao sorrir: o
▐ TERÇO MÉDIO DA FACE
músculo elevador do lábio superior e asa nasal, o
m. elevador do lábio superior e o m. zigomático
“Bunny Lines”
menor. As gengivas ficam aparentes quando
existe a hiperatividade desses músculos. O
É uma ruga horizontal que aparece na
elevador do lábio superior e da asa nasal se
região lateral e dorsal nasal ao sorrir ou franzir a
origina do processo frontal da maxila e do
área. O músculo nasal produz linhas horizontais
processo maxilar do osso frontal. Dirige-se para
no meio do dorso nasal, entretanto, o músculo
baixo verticalmente e se insere na parte médio-
elevador do lábio superior e da asa nasal e a
-central do orbicular da boca, na asa nasal e na
banda medial muscular adicional do músculo
pele da asa nasal. Assim, participa da formação
orbicular dos olhos porduzem as “bunny lines”,
da porção superior e medial do sulco nasolabial.
que são formadas nos dois lados do nariz.
Também traciona para baixo a ponta nasal. O
elevador do lábio superior se origina da rima
Muitas vezes, uma única linha mediana
orbital da maxila e se insere no lábio superior. A
injetada no dorsal nasal ou em pares de injeções
maior parte das fibras da porção medial está
na parede lateral nasal superior pode suavizar
inserida na asa nasal. Por isso, esses dois
sua aparência. As doses totais variam entre 3 e 5
músculos não apenas tracionam a porção
UI de Botox® (Figura 10). Os locais de injeção
medial do sorriso, mas também tracionam a asa
devem ser superficiais e superiores no dorso
nasal lateralmente e para cima. O elevador do
nasal. Essas rítides normalmente não podem ser
lábio superior se localiza mais profundamente,
completamente removidas já que as fibras do
enquanto o elevador do lábio superior e asa nasal

Curso de Cosmiatria
18
TÉCNICA DE APLICAÇÃO - “BUNNY LINES”

1.5 ~ 2.5 U 1.5 ~ 2.5 U

Figura 10

Curso de Cosmiatria
19
TÉCNICA DE APLICAÇÃO - ABAIXADOR DO SEPTO NASAL

2U

Figura 11

Curso de Cosmiatria
20
TÉCNICA DE APLICAÇÃO - SORRISO GENGIVAL

2~5U 2~5U

Figura 12

Curso de Cosmiatria
21
TÉCNICA DE APLICAÇÃO - AMPLITUDE DE SORRISO

2 cm da
asa nasal

2U 2U

Figura 13

Curso de Cosmiatria
22
Doses recomendadas para tratamento do Terço Médio da face
Consensus Recommendations and Expert Panel Opinions Regarding OnabutulinumtoxinA Treatment of the Midface
Typical Typical
Preferred OnabotulinumtoxinA Total Dose of
Indication Target Muscle Injection Level Injection Points (n) Dose per Injection Point Onabotulinumtoxina

Infraorbital rhytides Orbicularis oculi Intracutaneous 1 to 3 per side; 0.5 to 2 U 0.5 to 2 U per side
microdroplet technique
may be beneficial
Eye opening Orbicularis oculi Intracutaneous 1 per side; midpupillary 0.5 to 1 U 0.5 to 1 U per side
(lowering of line
inferior ciliary margin)

Nasal Flare Dilator nasalis (alar portion Intramuscular 1 to 2 U 1 to 4 U


of nasalis)
Medial portion of levator
labii superioris alaeque
nasi may also be
considered

Curso de Cosmiatria
Nasal tip elevation Depressor septi nasi Intramuscular; 2 to 6 U 2 to 6 U
often ancilary to fillers

Nasal oblique lines Nasalis; levator labii Intramuscular 2 to 4 U 4-8 U; doses as high
(bunny lines) superiors alaeque nasi as 10 U may be
and depressor nasi appropriate for some
septi should also be patients
considered

Excessive gingival show Convergence of levator labii Intramuscular 0.5 to 2 U 1 to 4 U; doses as high
(gummy smile) superioris alaeque nasi as 8 U may be
and zygomaticus minor appropriate for some
with insertion of levator patients
labii superioris

Tabela 3: Plastic and Reconstructive Surgery • March 2016 • Volume 137, Number 3 • Global Consensus: Botulinum Toxin Type A

23
está posicionado médio-superiormente e o asa nasal), terceira camada (elevador do lábio
zigomático menor lateralmente. superior, depressor do lábio inferior e porção
profunda do orbicular da boca). A camada
Pode ser classificado em anterior, profunda corresponde à quarta camada e é
quando causado pela hiperatividade do músculo composta pelo elevador do ângulo oral, mento-
elevador da asa nasal e do lábio superior, poste- niano, porção profunda do zigomático maior e
rior, quando causado pela hiperatividade dos bucinador.
músculos zigomáticos, misto, quando anterior e
posterior ou assimétrico (Figura 13). Os músculos faciais na região perioral
mais comumente abordados com toxina botulíni-
A injeção de BoNTA pode diminuir a sua ca são o orbicular da boca e o depressor do
elevação, corrigindo o sorriso gengival. O ponto ângulo oral.
de aplicação para correção do sorriso gengival
anterior é realizado 1cm de distância lateral e O músculo orbicular da boca tem forma-
abaixo da porção lateral de ambas as asas to circular, forma um esfíncter em torno da boca
nasais e a dose utilizada varia de 3-5UI (Figura e funciona franzindo os lábios, além de participar
12). Para tratamento do sorriso gengival poste- da competência oral. Sua contração excessiva
rior marca-se um ponto 2 cm lateralmente à asa pode contribuir para a formação de linhas
nasal, utilizando-se 2 a 5UI por ponto. verticais no lábio superior, conhecidas como
“código de barras”. Quando essa região é tratada
▐ TERÇO INFERIOR DA FACE com toxina botulínica, um apagamento dessas
rítides pode ser alcançado, além de uma eversão
Região Perioral dos lábios. Para o tratamento dessa região, 4-6
pontos são recomendados, com 3 pontos sime-
Os músculos que controlam essa região
tricamente distribuídos no lábio superior e, se
estão localizados ao redor do músculo orbicular
necessário, 2 pontos no lábio inferior (Figura 14).
da boca e formam um total de 24 músculos.
A aplicação deve ser realizada na borda do
Consistem de cinco elevadores (elevador do
vermelhão e paralelas aos lábios. Os pontos
lábio superior e da asa nasal, elevador do lábio
laterais devem ter distância mínima de 1,5cm do
superior, zigomático menor, zigomático maior e
ângulo da boca, na linha que cruza o vermelhão
elevador do ângulo oral), três depressores
do lábio e a linha vertical externa da asa nasal. Os
(depressor do ângulo oral, depressor do lábio
pontos mediais devem ser aplicados a uma
inferior e platisma), dois músculos laterais que
distância de 1mm do filtro. A dose total utilizada
retraem o ângulo da boca (risório e bucinador) e
varia muito na literatura, mas costuma-se utilizar
o músculo mentoniano. O entrelaçamento dos
entre 4-12 UI, com 1-2 UI por ponto. Essa dose
músculos no modíolo é dividido em 4 camadas,
depende da força muscular, da quantidade das
compostas por três camadas superficiais e uma
linhas hipercinéticas e do grau de elastose. A
profunda. A camada superficial é dividida em
aplicação deve ser perpendicular à pele e
primeira camada (depressor do ângulo oral,
intramuscular. Sugerimos para essa região a
risório, porção superficial do orbicular da boca e
aplicação de Microbotox, com doses baixas para
zigomático maior), segunda camada (platisma,
evitar complicações e assimetrias.
zigomático menor e elevador do lábio superior e

Curso de Cosmiatria
24
TÉCNICA DE APLICAÇÃO - MÚSCULO ORBICULAR DA BOCA

1~2U 1~2U 1~2U

1~2U 1~2U

Figura 14

Curso de Cosmiatria
25
Antes do tratamento, os pacientes boca, orbicular da boca, depressor do ângulo da
devem ser informados que podem evoluir com boca e depressor do lábio inferior. Por isso, a
dificuldade na pronúncia da letra P, beber com aplicação em local inadequado nessa área pode
canudo e tocar instrumentos de sopro. Normal- levar à alteração da expressão facial, fonação e
mente se inicia com a menor dose possível e é assimetria facial.
preferível complementar o tratamento na revisão
ao invés de aplicar uma dose muito alta na
primeira sessão resultando em uma paralisia Para realizar a aplicação no local correto,
excessiva do músculo. solicita-se ao paciente que realize o abaixamento
do ângulo da boca para a exata localização do
O depressor do ângulo oral tem forma músculo depressor do ângulo oral e para evitar a
triangular, se origina na linha oblíqua da mandí- aplicação no músculo depressor do lábio inferior.
bula onde suas fibras convergem com as fibras A injeção deve ser realizada em dois pontos, um
do depressor do lábio inferior. Sua inserção é no em cada lado. Esses pontos devem ser discreta-
modíolo, onde se entrelaça com os músculos mente mais mediais à linha da junção entre o
orbicular oral e risório. sulco nasolabial e o ângulo da mandíbula. Uma
dose total de 2-4UI é recomendada, com 1-2UI
A denervação deste músculo pode por ponto (Figura 15).
diminuir a tração descendente dos cantos da
boca, aliviando esses sulcos. O elevador do ângulo oral pode ser afeta-
do quando a dose injetada é muito grande ou
Bravo et al descreveram um padrão de
quando os pontos de injeção ficam muito próxi-
contração desse músculo, baseado em fotos de
mos ao ângulo da boca, resultando em efeitos
uma população. Para objetivas a classificação,
adversos como assimetria da boca ou dificulda-
foi traçada uma linha horizontal ao longo das
de na fala.
comissuras:

Assim, é importante iniciar o tratamento


Score 0: se a linha passa acima do lábio com uma dose mais baixa e respeitar a distância
inferior com relação ao ângulo da boca.
Score 1: se a linha passa ao longo da
arcada dental inferior Mento
Score 2: se a linha passa abaixo dos
dentes tocando a gengiva O músculo mentoniano origina-se do
Score 3: se a linha passa na inserção osso alveolar, que está localizado inferiormente
alvéolo dental ou abaixo desse ponto ao incisivo lateral. As fibras mediais dos dois
músculos mentonianos se direcionam para baixo
Recomenda-se dose total de 2-5 UI de e anteromedialmente e se cruzam, formando um
BoNTA. Entretanto, o local da aplicação e a dosa- mento em formato de domo. As fibras laterais se
gem devem ser analisados com cuidado. O direcionam para baixo obliquamente e cruzam a
ângulo da boca é um local de inserção de vários linha média para se inserirem do mesmo lado. As
músculos chaves na expressão facial, incluindo o fibras superiores se direcionam horizontalmente
zigomático maior, risório, elevador do ângulo da e se entremeiam com a margem inferior do

Curso de Cosmiatria
26
TÉCNICA DE APLICAÇÃO - DEPRESSOR DO ÂNGULO ORAL

2~4U 2~4U

Figura 15

Curso de Cosmiatria
27
TÉCNICA DE APLICAÇÃO - MENTO

2~4U 2~4U

Figura 16

músculo orbicular da boca. Esse músculo eleva o podem ser observadas como linhas verticais
mento, evertendo o lábio inferior. Com o envelheci- desde a mandíbula até a região cervical ao falar
mento facial e perda de gordura subcutânea, sua ou mesmo ao repouso. Normalmente o platisma
ação pode produzir um ondulamento na pele do traciona para baixo o modíolo, os cantos da boca
queixo. Este músculo pode ser tratado com e do mento inferior, tracionando para baixo o
toxina botulínica para suavizar a aparência de terço inferior da face. O platisma se origina da
ondulações, geralmente com 2 pontos de injeção fáscia dos músculos deltoide e peitoral maior, se
mais centrais e no plano intramuscular. As doses estende acima da clavícula e cobre toda a região
iniciais típicas são entre 5-10 UI. Deve-se realizar cervical e o terço inferior da face.
a injeção próxima à linha média e mais profunda-
mente para evitar a difusão para o músculo Este tratamento deve ser recomendado
depressor do lábio inferior, localizado mais super- para pacientes que têm indicação de melhora no
ficialmente (Figura 16). contorno mandibular.

Feixes Platismais Bravo et al (2017) criaram uma classifi-


cação para as bandas platismais, de acordo com
Essas bandas podem ser causadas a presença dos padrões predominantes em uma
pelas mudanças no comprimento do músculo população:
platisma com o envelhecimento. Essas rítides

Curso de Cosmiatria
28
Ausência de força: paciente não possui toxina botulínica para os músculos mais profun-
feixes platismais ao contrair o músculo dos do pescoço podem causar disfagia, disfonia,
Força lateral: paciente contrai apenas os disartria ou dificuldades respiratórias.
feixes platismais laterais
Força central: paciente contrai os feixes Colo
platismais centrais
Força total: paciente contrai todos os A maior parte dos músculos da região
feixes plastimais. do colo são a parte caudal do platisma e as fibras
mediais do peitoral maior. Para identificá-los
Essa técnica de tratamento do plastisma pode-se solicitar ao paciente que cruze os
permite a redefinição da mandíbula e o levanta- braços. Uma dose total de 25-40 UI é recomenda-
mento dos ângulos da boca. Sugerem-se da é aproximadamente 2-3 UI por ponto. Os
injeções diretas e mais superficiais nas bandas pontos devem ser posicionados na forma em “V"
em 3-5 locais a intervalos de 1 cm ao longo do e o número de pontos de injeção depende da
músculo (Figura 17). Uma variabilidade significa- quantidade e da distribuição das rítides (Figura
tiva na dose foi relatada na literatura, com 18). As injeções devem ter uma profundidade
recomendações de consenso com média de aproximada de 4mm e devem ser administradas
30-40 unidades e variando com base no número com a agulha em uma orientação perpendicular.
de bandas e massa muscular. A difusão da O tratamento deve ser evitado em pacientes

2~3U

2U

1U

Figura 17

2~4U 2~4U

Curso de Cosmiatria
29
cujas rítides são causadas pela gravidade ou são tuberosidade massetérica na superfície externa
consideradas “rugas do sono”, pois essas do ramo mandibular. A porção média se origina
normalmente não apresentam uma melhora da superfície profunda dos 2/3 anteriores do
significativa com esse tipo de tratamento. Essa arco zigomático e da borda inferior. Essa técnica
área normalmente é bastante segura para a é utilizada para tratamento de bruxismo em
aplicação e efeitos adversos incluem hematoma, doses maiores e afinamento do terço inferior em
eritema e dor na aplicação. doses menores.

Hipertrofia de Masseter Hipertrofia Temporal

A hipertrofia do músculo masseter pode A toxina botulínica pode ser utilizada em


criar uma aparência “quadrada” no terço inferior casos onde o terço superior da face aparenta
do rosto, uma conformação considerada pouco estar alargado e há uma proeminência muscular.
atraente para mulheres, quando comparada ao Isso se deve ao desenvolvimento do músculo
ideal “triângulo da beleza”. Predisposição genéti- temporal. Esse músculo é plano e é dividido em
ca e hábitos de mastigação contribuem para o duas camadas. A camada superficial se origina
desenvolvimento dessa característica. O trata- da fáscia temporal e a maior parte da camada
mento do masseter com BoNTA tem como profunda se origina do osso localizado ao redor
objetivo induzir à atrofia muscular. da fossa temporal. A maior parte da origem é
formada pela parte muscular e a porção média é
O masseter se origina do arco zigomáti- formada pelo tendão, que se insere no processo
co, corre ao longo do ângulo mandibular de coronóide. A porção anterior se direciona pratica-
maneira oblíqua e na direção ínfero-posterior e se mente verticalmente, enquanto a posterior
insere no ângulo mandibular e no ramo da man- horizontalmente. A fáscia temporal que cobre a
díbula. É formado por três camadas de acordo superfície do músculo é espessa. A porção supe-
com a profundidade. A porção superficial se rior do músculo está inserida na linha temporal
origina do processo zigomático da maxila e dos superior e a parte inferior está inserida na
2/3 anteriores da borda inferior do arco zigomáti- margem superior do arco zigomático. A porção
co e se direciona posteriormente, se inserindo na anterior, média e posterior do nervo temporal

TÉCNICA DE APLICAÇÃO - COLO


Figura 18

2~3U 2~3U

Curso de Cosmiatria
30
profundo e as artérias temporais profundas mais protusa. A aplicação de quantidade excessi-
anterior e posterior estão distribuídas nessa va pode levar a uma face esqueletizada.
área. Esse músculo age elevando a mandíbula e
fechando a boca, também mantém a tensão
contra a gravidade e a boca na posição fechada.
São injetadas de 20-40 UI no músculo e divididas
em 4 a 6 partes (Figura 20). O local de injeção é a
porção superior do temporal, pois essa área é a

TÉCNICA DE APLICAÇÃO - HIPERTROFIA DE MASSETER

4~5U

4~5U
4~5U

Figura 19

Doses recomendadas para tratamento do Terço Inferior da Face


Consensus Recommendations and Expert Panel Opinions Regarding OnabutulinumtoxinA Treatment of the Lower Face
Typical Typical
Preferred OnabotulinumtoxinA Total Dose of
Indication Target Muscle Injection Level Injection Points (n) Dose per Injection Point Onabotulinumtoxina

Depressor anguli oris Depressor anguli oris Intramuscular 1 to 2 per side 2U 2 to 4 U per side; som
overactivity panelists limit dose
to 2 U pe side
Mentalis overactivity Mentalis Intramuscular 1 to 4 per side 2 to 3 U 4 to 10 U

Masseter overactivity Masseter Intramuscular 1 to 5 per side 5 to 15 U 15 to 40 U

Perioral rhytides Orbicularis oris Intracutaneous; ideally, 2 to 5 0.5 to 1 U 1 to 5 U


intradermal
Platysmal bands Platysma Intramuscular or 3 to 6 per band 1 to 3 U 6 to 12 U per band;
intracutaneous maximum dose 60 U

Tabela 4: Plastic and Reconstructive Surgery • March 2016 • Volume 137, Number 3 • Global Consensus: Botulinum Toxin Type A

Curso de Cosmiatria
31
TÉCNICA DE APLICAÇÃO - HIPERTROFIA TEMPORAL

3~5U
3~5U

3~5U

3~5U 3~5U

Figura 20

Microbotox injeção evitam a difusão indesejada da solução


em músculos mais profundos, mantendo assim
A técnica de Microbotox consiste em a função muscular. Isto é especialmente útil na
uma injeção de microgotículas múltiplas de região da fronte e pálpebras inferiores, onde a
Toxina Botulínica diluída na derme ou na interfa- dosagem tradicional de Toxina Botulínica e o
ce entre a derme e a camada superficial dos tamanho da gota levam frequentemente a uma
músculos faciais (Figura 21). A intenção não é fronte rígida imóvel ou a pálpebras inferiores
paralisar completamente os músculos faciais flácidas. Na prática da autora, dilui-se 0,01 ml (1
subjacentes, mas diminuir o suor e a atividade UI) de Toxina Botulínica para 0,04 ml de solução
das glândulas sebáceas ou alcançar a camada NaCl à 0,9% (Figura 23). Como no exemplo da
superficial de músculos que se localizam logo figura 22, deve-se aspirar uma unidade do frasco
abaixo da derme, que causam linhas finas de Toxina Botulínica já diluído previamente e
visíveis e rugas. Esta técnica refere-se à injeção adicionar mais 6 marcações da seringa BD
sistemática destas múltiplas gotículas de Toxina ultrafine de solução de NaCl a 0,9% estéril (Figura
Botulínica em intervalos de distância de 0,5 a 1,0 24). Assim, se alcança uma diluição para 4, na
cm na pele ou logo abaixo das fibras superficiais qual cada marcação da seringa irá equivaler a
dos músculos faciais. Pequenos volumes de 0,25 unidades de toxina (Figura 23). Pequenos

Curso de Cosmiatria
32
EXEMPLOS PRÁTICOS DE DILUIÇÃO: MICROBOTOX

Enfraquecimento Paralisação
Difusão
muscular do músculo
BOTOX Clássico
Epiderme
Pele
Derme
Camada
superficial
Músculo PARALISADO
Camada
profunda

Enfraquecimento das Glândulas Desativadas


Difusão
Fibras Musculares e Contração da Pele
Superficiais
MICROBOTOX
Epiderme
Pele
Derme
Camada
superficial
Músculo
Camada
profunda

Figura 21

1 ml = 100 UI 0,1 ml = 10 UI 0,01 ml = 1 UI

Figura 22

1 UI 2 U de Botox* 6 U de solução*
0,01 ml

1/4 UI 1/4 UI
0,0025 ml
0,0025 ml

Total de solução: 0,08mL


1/4 UI 1/4 UI Unidades de Botox por Figura 24
0,0025 ml 0,0025 ml
marcação de 0,01ML: 0.25 UI
*
Marcação de seringa
Figura 23

Curso de Cosmiatria
33
volumes de injeção evitam a difusão indesejada dária. A hiperhidrose secundária pode ter como
da solução em músculos mais profundos, man- causa medicações ou problemas de saúde sistê-
tendo assim mais função muscular para dar uma micos e normalmente é generalizada. Se houver
aparência natural. Isto é especialmente útil na a suspeita de secundária, hemograma, glicemia
região da fronte e pálpebras inferiores, onde a de jejum e função de tireóide devem ser solicita-
dosagem tradicional de Toxina Botulínica e o dos. Possíveis causas de hiperhidrose secundá-
tamanho da gota levam frequentemente a uma ria: doenças febris, alterações endocrinológicas
testa rígida imóvel ou a pálpebras inferiores ou metabólicas, alterações neurológicas, doen-
inanimadas. ças respiratórias, uso de medicações (antide-
pressivos, antieméticos) abuso de substâncias
Hiperidrose (abstinência, consumo de álcool), doenças
neoclássicas, ansiedade stress. Os critérios
A sudorese é uma resposta fisiológica diagnósticos são os mesmos já citados anterior-
ao aumento da temperatura corporal e é contro- mente.
lada pelo sistema nervoso simpático. Normal-
mente esse sistema utiliza a norepinefrina para Na hiperhidrose primária, nem o número,
ativar receptores adrenérgicos nos tecidos nem a densidade nem o tamanho das glândulas
periféricos. A sudorese é uma exceção. Os recep- écrinas é anormal, existindo hiperatividade das
tores muscarínicos das células claras das fibras cólinérgícas simpáticas pós-ganglionares
glândulas écrinas são ativados pela acetilcolina que inervam as glândulas. Por isso, a toxina botu-
dos neurônios pós ganglionares, estimulando a línica é uma opção terapêutica. Ela inibe a libera-
liberação de suor. A distribuição das glândulas ção pré-sináptica e se liga aos receptores na
écrinas difere na pele. As maiores concentrações membrana pós-sináptica, impedindo a transmis-
estão localizadas nas palmas, solas e fronte. são. O tratamento é considerado off label e
Elas tem como função secretar uma solução possui duração de até 6 meses.
hipotônica para termorregulação e evaporação e
estão localizadas na derme/tecido subcutâneo. Critérios diagnósticos para hiperhidrose primá-
A hiperhidrose é definida pelo excesso de suor, ria focal:
além do necessário para a termorregulação
Sudorese excessiva visível e focal com
fisiológica e homeostase. A quantia considerada
no mínimo 6 meses de duração e sem causa
“excessiva" não está bem definida e varia entre
aparente.
os indivíduos. A hiperhidrose pode ser classifica-
da como focal ou generalizada. A generalizada No mínimo duas das seguintes características:
normalmente tem uma causa (origem secundá-
ria). A focal pode ter uma causa secundária, bilateral e relativamente simétrica;

como lesões ou tumores do sistema nervoso idade de surgimento menos de 25 anos;

central e periférico. Mas, normalmente é conside- história familiar positiva;

rada primária ou idiopática. cessação da sudorese durante o sono;


episódios frequentes de no mínimo 1x
Antes do tratamento, é importante por semana;
realizar anamnese detalhada para verificar que o causa prejuízo nas atividades diárias;
paciente tem hiperhidrose primária e não secun-

Curso de Cosmiatria
34
Para identificar a área a ser tratada,
pode-se realizar o teste do iodo-amido. Aplica-se
uma solução de iodo líquido na área e logo após
breve secagem, cobre-se peneirando pó de
amido (maizena) na região (Figura 25). A área
que permanece com coloração marrom-arroxea-
da é a área a ser tratada.

Hiperidrose Axilar

O tratamento de hiperhidrose axilar com


Toxina Botulínica é liberado pelo FDA e bem
tolerado, normalmente utiliza-se apenas aneste-
Figura 26
sia tópica.Quando injetada na derme profunda/-
subcutâneo promove uma quimiodenervação
localizada, reversível e com boa duração. Atual-
Hiperidrose Palmo-Plantar
mente, a dose recomendada é de 50 UI para cada
A hiperhidrose palmo-pantar causa um
axila. Uma média de 20-25 pontos são marcados
impacto importante na qualidade de vida dos
em cada axila com aplicação de 2-2,5 UI por
pacientes. A dor é uma queixa comum no trata-
ponto (Figura 26). Se os sinais permanecerem
mento dessas áreas. Normalmente, dispositivos
que provocam resfriamento são bons métodos
de analgesia. Porém, bloqueios nervosos regio-
nais podem ser necessários. O plano de injeção é
o limite entra e a derme e o tecido subcutâneo.
As injeções devem distar cerca de 1-1,5cm e
devem ser injetadas de 2-3 UI em média por
ponto (Figura 27). Após o tratamento os pacien-
tes podem apresentar fraqueza no movimento
de pinçamento que retorna depois de 2-3 sema-
nas.
Teste iodo positivo Figura 25

após o tratamento, a repetição do teste do


iodo-amido ajuda a detectar áreas que ainda tem
indicação de tratamento. Caso a duração do
tratamento seja muito curta (1-2 meses), se
sugere o aumento da dose para 100UI em cada
axila. O tratamento dura em média 6-7 meses.
Normalmente um frasco de 100UI é reconstituí-
doo com 4mL de solução de NaCl à 0,9% estéril.
Aplica-se anestésico local 30 minutos antes do
Figura 27
procedimento.

Curso de Cosmiatria
35
MÚSCULOS FACIAIS

m. próceros

m. frontal

m. corrugador

m. orbicular
m. temporal
(palpebral)

m. orbicular
(orbitário)
m. abaixador
do supercílio

m. elevador
do lábio
superior

m. elevador do m. zigomático
cantor da boca menor

m. orbicular
da boca

m. risório m. elevador do lábio


superior e asa nasal

m. depressor do
ângulo da boca m. zigomático
maior

m. mentoniano
m. depressor do
lábio inferior
Figura 28

Curso de Cosmiatria
36
BIBLIOGRAFIA

1. Alam M, Bolotin D, Carruthers J, et al. Consensus statement regarding 25. Markus Naumann, Lee Ming Boo, Alan H. Ackerman, and Conor J.
storage and reuse of previously reconstituted neuromodulators. Gallagher. Immunogenicity of botulinum toxins. J Neural Transm. 2013
Dermatol Surg. 2015;41:321–326. Feb; 120(2): 275–290.
2. Antonucci F., Rossi C., Gianfranceschi L., Rossetto O., Caleo M. 26. McMahon H.T., Foran P., Dolly J.O., Verhage M., Wiegant V.M., Nicholls
Long-distance retrograde effects of botulinum neurotoxin A. J. Neurosci. D.G. Tetanus toxin and botulinum toxins type A and B inhibit glutamate,
2008;28:3689–3696 gamma-aminobutyric acid, aspartate, and met-enkephalin release from
3. Aoki K.R. Review of a proposed mechanism for the antinociceptive synaptosomes. Clues to the locus of action. J. Biol. Chem.
action of botulinum toxin type A. Neurotoxicology. 2005;26:785–793. 1992;267:21338–21343.
4. Arezzo J.C. Possible mechanisms of the effects of botulinum toxin on 27. Merz Pharmaceuticals Data. Frankfurt, Germany: Merz Pharmaceuti-
pain. Clin. J. Pain. 2002;18(Suppl. 6):S125–S132. cals
5. Botox Cosmetic Package Insert. Irvine, Calif.: Allergan, Inc.; 2005. 28. Naumann M, Jankovic J. Safety of botulinum toxin type A: A systema-
6. Brin MF, Boodhoo TI, Pogoda JM, et al. Safety and tolerability of tic review and meta-analysis. Curr Med Res Opin. 2004;20:981–990.
onabotulinumtoxinA in the treatment of facial lines: A meta-analysis of 29. O'Reilly DJ, Pleat JM, Richards AM. Treatment of hidradenitis
individual patient data from global clinical registration studies in 1678 suppurativa with botulinum toxin A. Plast Reconstr Surg. 2005;116:1575-
participants. J Am Acad Dermatol. 2009;61:961.e1–970.e1. –1576.
7. Campanati A, Martina E, Giuliodori K, Consales V, Bobyr I, Offidani A. 30. Park T.H. The effects of botulinum toxin A on mast cell activity:
Botulinum Toxin Off-Label Use in Dermatology: A Review. Skin Appenda- Preliminary results. Burns. 2013;39:816–817.
ge Disord. 2017 Mar;3(1):39-56. doi: 10.1159/000452341. 31. Purkiss J., Welch M., Doward S., Foster K. Capsaicin-stimulated
8. Carruthers et al. 2004; Brin et al. 2008; Muller et al. 2009 release of substance P from cultured dorsal root ganglion neurons:
9. Cavallini M, Cirillo P, Fundarò SP, et al. Safety of botulinum toxin A in Involvement of two distinct mechanisms. Biochem. Pharmacol.
aesthetic treatments: A systematic review of clinical studies. Dermatol 2000;59:1403–1406.
Surg. 2014;40:525–536. 32. Rose A.E., Goldberg D.J. Safety and efficacy of intradermal injection
10. Chalk CH, Benstead TJ, Keezer M. Medical treatment for botulism.Co- of botulinum toxin for the treatment of oily skin. Dermatol. Surg.
chrane Database Syst Rev 2014;2:CD008123. 2013;39:443–448.
11. Chen M., Yan T., Ma K., Lai L., Liu C., Liang L., Fu X. Botulinum toxin 33. Scheinfeld N. The use of apraclonidine eyedrops to treat ptosis after
type a inhibits alpha-smooth muscle actin and myosin ii expression in the administration of botulinum toxin to the upper face. Dermatol Online
fibroblasts derived from scar contracture. Ann. Plast. Surg. 2016;77:e46- J 2005;11:9–14.
–e49. 34. Sundaram H1, Signorini M, Liew S, Trindade de Almeida AR, Wu Y,
12. Dysport Package Insert. Berkshire, UK: Ipsen, Ltd.; 2001. Vieira Braz A, Fagien S, Goodman GJ, Monheit G, Raspaldo H; Global
13. Ferreira MC, Salles AG, Gimenez R, Soares MFD. Complications with AestheticsConsensus Group. Global Aesthetics Consensus: Botulinum
the use of botulinum toxin type A in facial rejuvenation: report of 8 cases. Toxin Type A--Evidence-Based Review, EmergingConcepts, and Consen-
Aesth Plast Surg 2004;28:441–4. sus Recommendations for Aesthetic Use, Including Updates on
14. Gazerani P., Pedersen N.S., Staahi C., Drewes A.M., Arendt-Nielsen L. Complications. Plast Reconstr Surg. 2016 Mar;137(3):518e-529e.
Subcutaneous botulinum toxin type A reduces capsaicin-induced 35. Trindade de Almeida AR, Martins da Costa Marques ER, Kadunc BV.
trigeminal pain and vasomotor reactions in human skin. Pain. Rugas glabelares: estudo piloto dos padrões de contração. Surg Cosmet
2009;141:60–69. Dermatol. 2010;2(1):23-8.
15. Gazerani P., Staahi C., Drewes A.M., Arendt-Nielsen L. The effects of 36. Trindade de Almeida AR1, Marques E, de Almeida J, Cunha T, Boraso
botulinum toxin type A on capsaicin-evoked pain, flare, and secondary R.Pilot study comparing the diffusion of two for-mulations of botulinum
hyperalgesia in an experimental human model of trigeminal sensitization. toxin type A in patients with forehead hyperhidrosis. Dermatol Surg. 2007
Pain. 2006;122:315–325. Jan;33(1 Spec No.):S37-43.
16. Hallett M. How does botulinum toxin work? Ann. Neurol. 2000;48:7–8. 37. Ward NL, Kavlick KD, Diaconu D, Dawes SM, Michaels KA, Gilbert E.
17. Huang W., Foster J.A., Rogachefsky A.S. Pharmacology of botulinum Botulinum neurotoxin A decreases infiltrating cutaneous lymphocytes
toxin. J. Am. Acad. Dermatol. 2000;43:249–259. and improves acanthosis in the KC-Tie2 mouse model. J Invest
18. Jeong H.S., Lee B.H., Sung H.M., Park S.Y., Ahn D.K., Jung M.S., Suh Dermatol. 2012;132:1927–1930.
I.S. Effect of botulinum toxin type a on differentiation of fibroblasts 38. Xiao Z., Zhang F., Lin W., Zhang M., Liu Y. Effect of botulinum toxin type
derived from scar tissue. Plast. Reconstr. Surg. 2015;136:171e–178e A on transforming growth factor beta 1 in fibroblasts derived from
19. Karami M, Taheri A, Mansoori P. Treatment of botulinum toxininduced hypertrophic scar: A preliminary report. Aesthet. Plast. Surg.
eyelid ptosis with anticholinesterases. Dermatol Surg 2007;33: 1392–4. 2010;34:424–427.
20. Kellogg D.L., Jr. In vivo mechanisms of cutaneous vasodilation and 39. Xiao Z., Zhang M., Liu Y., Ren L. Botulinum toxin type A inhibits
vasoconstriction in humans during thermoregulatory challenges. J. Appl. connective tissue growth factor expression in fibroblasts derived from
Phys. 2006;100:1709–1718. hypertrophic scar. Aesthet. Plast. Surg. 2011;35:802–807.
21. Kellogg D.L., Jr., Pergola P.E., Piest K.L., Kosiba W.A., Crandall M., 40. Zhibo X., Miaobo Z. Botulinum toxin type A affects cell cycle distribu-
Johnson J.M. Cutaneous active vasodilation in humans is mediated by tion of fibroblasts derived from hypertrophic scar. J. Plast. Reconstr.
cholinergic nerve cotransmission. Circ. Res. 1995;77:1222–1228. Aesthet. Surg. 2008;61:1128–1129
22. Kerscher M, Roll S, Becker A, Wigger-Alberti W. Comparison of the 41. Zhibo X., Miaobo Z. Potential therapeutical effects of botulinum toxin
spread of three botulinum toxin type A preparations. Arch Dermatol Res. type A in keloid management. Med. Hypotheses. 2008;71:623
2012 Mar;304(2):155-61. 42. Bruna Souza Felix Bravo; Laila Klotz de Almeida Balassiano; Camila
23. Kim YS, Hong ES, Kim HS. Botulinum Toxin in the Field of Dermatolo- Roos Mariano da Rocha; Julien Totti de Bastos; Priscila Mara Chaves e
gy: Novel Indications. Toxins (Basel). 2017 Dec 16;9(12). pii: E403. Silva; Bruno Messias Pires de Freitas. Afinamento do terço inferior da
24. Majlesi G. GaAs laser treatment of bilateral eyelid ptosis due to face com uso de toxina botulínica no músculo masseter. Surgical &
complication of botulinum toxin type A injection. Photomed Laser Surg Cosmetic Dermatology, vol 8 n1
2008;26:507–9.

Curso de Cosmiatria
37
EXERCÍCIOS COMPLEMENTARES

▐ QUESTÃO 1 (TED 2017) ▐ QUESTÃ0 3 (TED 2015)

Em relação ao uso da toxina botulínica tipo A na Sobre uso de toxina botulínica e ptose palpe-
face, assinale a alternativa CORRETA. bral:

Uma das complicações da aplicação Fraqueza da musculatura frontal por 4


nos músculos próceros e corrugadores da glabe- semanas
la é a ptose de sobrancelha. Indicado o uso de colírio apraclonidina,
A aplicação na região lateral do músculo que estimulando a contração do músculo de
orbicular dos olhos pode elevar o supercílio. Muller melhoraria a ptose palpebral
A aplicação no músculo depressor do Diplopia indica uso de tampão rotativo
lábio inferior é indicada para elevação da comis-
sura labial. ▐ QUESTÃO 4
A aplicação no músculo zigomático
maior está indicada para a correção do sorriso A utilização da toxina botulínica se tornou
gengival. conhecida com sua indicação para a correção
de rugas dinâmicas faciais. Em relação ao
▐ QUESTÃO 2 (TED 2016) mecanismo de ação dessa substância, assinale
a alternativa CORRETA.
Em relação às possíveis complicações relaciona-
das ao uso da Toxina Botulínica tipo A, é correto A toxina botulínica bloqueia a produção
afirmar: de acetilcolina na junção neuromuscular, provo-
cando fraqueza ou paralisia da musculatura
Têm menos chance de ocorrer com a correspondente.
utilização da droga mais concentrada. É um peptídeo de 150 kDa, composto de
É frequente a ocorrência de reações cadeias ligadas por pontes dissulfídicas: uma
alérgicas, e o procedimento de ser contra-indica- pesada (100 kDa) e outra leve (50 kDa).
do em pacientes com história previa de atopia. A toxina botulínica é produzida por deze-
A formação de anticorpos neutralizado- nas de cepas de Clostridium botulinum, porém,
res da toxina ocorre invariavelmente após duas os sorotipos resultantes não diferem entre si em
aplicações para fins cosmiátricos relação à potência de ação.
Para minimizar a difusão da toxina para A resposta terapêutica do sorotipo C
músculos indesejados, após o procedimento, o pode ser observada em 2 a 5 dias e a duração do
paciente deve ser orientado a permanecer deita- efeito se prolonga em torno de 8 meses.
do durante um período de duas horas.

Curso de Cosmiatria
38
▐ QUESTÃO 5 (TED 2013) da acetilcolina.
Sua ligação e ação na placa motora
O uso da toxina bolulínica na hiperidrose axilar pré-sináptica dura em média 48 horas.
está fundamentado na ação:
direta no bloqueio de terminações nervo-
sas colinérgicas das glândulas apócrinas ▐ QUESTÃO 8
indireta nas terminações nervosas
adrenérgicas que regulam a secreção écrina O que é o microbotox e como se faz sua diluição?
indireta nas terminações nervosas das
glândulas sudoríparas écrinas e apócrinas Microbotox é a aplicação da toxina botu-
direta nas glândulas sudoríparas écrinas línica na sua diluição habitual mas aplicado mais
que respondem a estímulos colinérgicos e superficialmente, intradérmico.
adrenérgicos Microbotox é a aplicação da toxina botu-
línica mais diluída, normalmente com diluição de
▐ QUESTÃO 6 (TED 2012) 1:4, nas camadas mais superficiais da pele, com
o objetivo de alcançar a camada superficial de
A formação de anticorpos neutralizantes indu- músculos que se localizam logo abaixo da
zidos pela toxina botulínica, que pode levar a derme.
falha terapêutica, estaria associada: Microbotox é a aplicação da toxina botu-
línica mais concentrada nas camadas mais
à quantidade de proteína contida na sua superficiais da pele, com o objetivo de alcançar a
formulação camada superficial de músculos que se locali-
à quantidade de toxina e doses baixas zam logo abaixo da derme.
aplicadas com curto intervalo de tempo Microbotox refere-se à aplicação da
ao uso intradérmico em doses baixas e toxina botulínica mais diluída profundamente,
com curto intervalo de tempo intramuscular.
a indivíduo com predisposição genética
e doses acumulada ▐ QUESTÃO 9

▐ QUESTÃO 7 Em relação a anatomia da face aplicada a toxina


botulínica, qual dos músculos quando bloquea-
Em relação à toxina botulínica, pode se afirmar do causa o efeito platô durante o sorriso:
que:
músculo orbicular
A quantidade de cálcio na placa neuro- músculo risório
muscular interfere no processo de endocitose e músculo zigomático
na eficácia da ação. músculo levantador do lábio superior
A condução do impulso elétrico pela
fibra nervosa está na dependêcia do peso mole- ▐ QUESTÃO 10
cular da toxina.
não afeta a síntese e o armazenamento O que deve ser avaliado quando se planeja

Curso de Cosmiatria
39
aplicação de toxina botulínica na porção pré tes de meia idade diferem nas quantidades e
tarsal do músculo orbicular dos olhos: profundidade de aplicação de toxina botulinica:
Jovens usam mais quantidades e aplica-
amplitude do sorriso ções profundas
flacidez palpebral e edema matinal Jovens usam pouca quantidade e aplica-
palpebral ções profundas
posicionamento do supercílio Pacientes de meia idade usam mais
participação do músculo abaixador do quantidade e aplicações mais superficiais
supercílio na contração glabelar
▐ QUESTÃO 13
▐ QUESTÃO 11
Durante o bloqueio das indesejadas bunny lines, Paciente queixa que não respondeu ao trata-
qual o efeito indesejado ocorrido quando ocorre mento com botox. Qual a principal causa?
lateralização da injeção:
Produção de anticorpos neutralizantes.
Ptose palpebral - bloqueio do músculo Uso da mesma marca de toxina botulíni-
elevador da pálpebra superior ca muitas vezes.
Diminuição da amplitude do sorriso - Uso de baixas doses e/ou mau armaze-
bloqueio do músculo risório namento.
Efeito da "prateleira" - bloqueio dos Lote ruim do produto.
músculos zigomáticos
Queda do lábio superior - bloqueio do
músculo elevador do lábio superior e asa nasal

▐ QUESTÃO 12

Paciente feminina, 40 anos, apresentando


ptose da pálpebra superior esquerda após
aplicação de toxina botulínica no terço superior
da face. Qual área muscular, que ao ser tratada
pela toxina, apresenta maior risco de difusão
para o músculo elevador da pálpebra superior,
ocasionando essa complicação?
músculo frontal
músculo corrugador
músculo próceros
músculo orbicular do olho

▐ QUESTÃO 13

De uma forma geral, pacientes jovens e pacien-

Curso de Cosmiatria
40

Você também pode gostar