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Toxina

Botulínica
Prof. Esp. Vinicius Villasanti
Toxina Botulínica

A toxina botulínica é derivada de uma substância tóxica


produzida pela bactéria Clostridium botulinum, uma bactéria
anaeróbica, gram-positiva e em forma de bastonete.
Histórico
1817 - Botulismo por contaminação em salsichas.

1978 – Utilizou-se a toxina para o tratamento de estrabismo e foi observado uma


melhora de rugas perioculares. (Donos da Allergan)

1989 – FDA Food and Drug Administration (agência federal do Departamento de


Saúde e Serviços Humanos dos Estados Unidos) aprova para fins terapêuticos.

2000 – FDA aprova para fins cosméticos.

2000 – Aprovação no Brasil pela ANVISA.


Toxina Botulínica
Obtida através do Clostridium botulinum;

Produz sete sorotipos diferentes: A, B, C, D, E, F e G;

Somente os cinco primeiros funcionam em humanos;

Comercialmente existem o Tipo A e B.

O “A” é o mais potente;


Apresentações Comercial
Mecanismo de ação
Bloqueia a liberação de acetilcolina, neurotransmissor responsável
por levar as mensagens elétricas do cérebro aos músculos. Como
resultado o músculo não recebe a mensagem de que deve se
contrair, levando assim ao seu relaxamento e consequente melhora
das rugas dinâmicas.
Mecanismo de ação
Sem toxina...

Dentro das terminações nervosas temos vesículas sinápticas que


carregam neurotransmissores, como a acetilcolina.

Essa vesícula tem uma proteína ligada ela (sinaptobrevina), essa


proteína se liga a outra que está na membrana nervosa (SNAP
25), liberando assim a acetilcolina, que irá se ligar a seus
receptores no músculo, este será despolarizado e irá contrair.
Mecanismo de ação
Com toxina...

A toxina botulínica é envolvida por uma membrana protetora e


composta por duas cadeias: pesada faz a ancoragem e a leve é
tóxica.

Ao ser administrada a toxina entra na junção neuromuscular e na


célula muscular por endocitose. Então a cadeia leve é liberada e
vai clivar SNAP 25, com isso a vesícula sináptica não consegue
mais se aderir a membrana nervosa e não libera acetilcolina.
Locais de aplicação
Registro fotográfico
Tirar foto com o paciente fazendo expressões com os músculos que serão
trabalhados e em repouso, para registrar as rugas estáticas antes da
aplicação.

Exemplo de expressões:
Levantando as sobrancelhas;
Cara de bravo;
Sorrindo;
Nariz de “cheiro ruim”;
“Boca triste”.
Botox
Botox é a marca pioneira de toxina botulínica do mundo, e a marca
comercial virou metonímia. Comercializada pela Allergan EUA.

A representação dos frascos está disponibilizada em de 50U, 100U ou


200U.
Tem um peso molecular de 900KDa.

Sempre na forma congelada á vácuo. Após a diluição, sua conservação


é de até 03 dias, sob refrigeração de 2˚C a 8˚C.
Botox
É uma toxina botulínica A (ONA), uma proteína pertencente da
classe da toxina botulínica do tipo A.
Sua composição é de albumina humana e cloreto de sódio.
Xeomin
A única toxina que não precisa ser refrigerada antes do uso, o que
pode simplificar a distribuição e o uso pelo profissional, porém após
a constituição, o armazenamento é refrigerado de 2˚C a 8˚C por até
24 horas.

Sua composição é albumina humana e sacarose. É fabricado pela


Merz, Alemanha.

Disponibilizada em frascos de 100U.


Tem um peso molecular de 150KDa.
Prosigne
É fabricado pelo laboratório chinês Lanzhou. No Brasil, é
comercializada pela Cristália Produtos Químicos Farmacêuticos,
disponibilizado em frascos de 50U e 100U.
Tem um peso molecular de 500/900KDa.

Sua forma é liofilizada.

Composta por gelatina


bovina, dextran e sacarose.
Dysport
Tem em sua formulação, albumina humana e lactose. Suas
proteínas são as abo botulínica A (ABO). Embora são
pertencente a mesma classe das toxinas botulínicas do tipo A,
seu processo de fabricação e potência, produzem resultados
diferentes, em relação as outras marcas que são outra proteína.

Na marca Dysport, as unidades de medidas são diferentes das


demais toxinas e necessitam ser transformadas para a aplicação
usual para que a aplicação fique padronizada, equivalendo a
eficácia clínica.
Dysport
Este fabricante não recomenda congelar a toxina, mesmo após
a diluição; e sua validade após a diluição é de até 24 horas.

Comercializada pela IPSEN Biopharm (França),


disponibilizado em frascos de 300 U ou 500 U.

Peso molecular de 500KDa.


Botulift
Comercializada pelo Laboratório Bergamo (Carreia do Sul),
disponibilizado em frascos de 50U, 100U, 150U e 200U.
Tem um peso molecular de 900KDa.

Após a diluição, deve ser utilizada em até 07 dias e sua


conservação em temperatura de geladeira entre 2˚C a 8˚C.
Nabota
Produzida na Correia do Sul, recentemente, foi anunciada sua
venda no Brasil pela Rennova, seu registro na ANVISA
aconteceu em 2020.

Possui também aprovação pela FDA e em recente pesquisa


demonstrou potência acima da média, porém aqui no Brasil
ainda não existe experiência clínica de eficácia acima da média
das outras marcas.
Nabota
Deve-se usar em até 24 horas após a diluição e a
armazenagem, é refrigerada, entre 2˚C a 8˚C.

Contém albumina humana em sua composição.

Peso molecular de 900 KDa.


Fases da toxina
Fase de Ligação da Toxina Botulínica a nervos centrais e
periféricos: A metade do terminal C da cadeia pesada
determina a especificidade colinérgica e é responsável pela
ligação, ao passo que a cadeia leve, promove a toxicidade
intracelular. As cadeias são unidas por ligação de enxofre.
Fases da toxina
Fase de Internalização: A Toxina Botulínica internalizada por
endocitose mediana pelo receptor, um processo pelo qual a
membrana plasmática da célula nervosa invagina ao redor do
complexo toxina-receptor, formando uma vesícula que contém
a toxina dentro do terminal nervoso. Após ter sido internalizada
no endossomo, a cadeia leve da molécula de toxina é liberada
para o citoplasma de terminal nervoso.
Fases da toxina
Fase de Bloqueio: Uma vez dentro da célula nervosa, a Toxina
Botulínica A, bloqueia a liberação da acetilcolina pela
clivagem enzimática da proteína específica. O impulso nervoso
que leva a despolarização da membrana da célula responsável
pela ação também é bloqueado.
Fases da toxina
Fase de rebrotamento: Dois meses após a aplicação o
terminal nervoso inicia um brotamento através da superfície do
músculo, formando uma conexão sináptica física e
reestabelecendo a unidade nervosa.
Fases da toxina
Fase de Restabelecimento: Um desses brotamentos nervosos
estabelece uma nova junção neuro muscular. Após
aproximadamente 28 dias, o terminal principal começa
lentamente a recuperar sua função de liberação pela síntese de
novas SNAP-25 e os brotamentos vão desaparecendo
gradativamente. A recuperação estará completa em 90 dias,
tempo do efeito clínico relatado.
Reações adversas
Reação Muito comum (ocorre mais 10% dos pacientes): Ptose
palpebral (pálpebra caída) e outras áreas faciais como boca, dor
de cabeça, sentimento de peso na área frontal;
Reações adversas
Reações Comuns (ocorre entre 1% e 10% dos pacientes): ardor
na aplicação, lagoftalmia (paralisia da pálpebra que deixa o
olho parcialmente aberto), olho seco, irritação ocular, fotofobia
(intolerância à luz), equimoses (manchas arroxeadas na pele) e
aumento de lacrimejamento;

Reações Incomuns (ocorre entre 0,1% e 1% dos pacientes):


ectrópio (pálpebra revirada para fora), diplopia (visão dupla),
entrópio (pálpebra revirada para dentro), borramento de visão,
tontura, erupção cutânea, paralisia facial, cansaço;
Reações adversas
Reações Raras (ocorre entre 0,01% e 0,1% dos pacientes):
edema (inchaço) palpebral, hiposalivação;

Reações Muito Raras (ocorre entre menos de 0,01% dos


pacientes): Sistema Nervoso-atrofia muscular, paralisia facial,
músculos oculares paralisados, pele - erupções cutâneas e
imunológicas - anafilaxia (alergia intensa).
Contraindicações
Gravidez;
Lactação;
Hipersensibilidade à albumina;
Miastenia grave;
Distúrbios de coagulação sanguínea;
Doença autoimune;
Uso de alguns medicamentos;
Alergia a lactose.
Indicações terapêuticas
Bruxismo;

Cefaleia tipo tensional;

Transtorno temporomandibular;

Hiperidrose palmar, plantar e axilar.


Imunologia
A toxina botulínica é capaz de produzir anticorpos
neutralizantes, por ser uma substância estranha ao nosso
organismo, que diminuem os efeitos terapêuticos do
tratamento.

Prováveis causas da formação de anticorpos:


Doses de 150 a 200U por sessão;
Intervalos menores que 6 meses;
Aplicações de retoque menor que 15 dias e maior que 30 dias.
Reconstituição da toxina
A técnica de reconstituição é extremamente importante para obtenção
do resultado e eficácia desejada. O diluente recomendado é solução
salina 0,9% estéril (cloreto de sódio), sem conservantes, para que o pH
do produto final não seja alterado.

Materiais para reconstituição:


Frasco de toxina botulínica;
Agulha 22G;
Seringa de 3 ou 1ml;
Cloreto de sódio 0,9%.
Reconstituição da toxina
Passo a passo

1- remover o lacre plástico da toxina.


Para produtos sem lacre, fazer a higienização da superfície com
gaze e álcool.
Reconstituição da toxina
2- Com a agulha 22G acoplada à seringa, aspirar a quantidade
necessária predeterminada do diluente cloreto de sódio 0,9%.

*O cloreto de sódio deve estar refrigerado na mesma


temperatura da toxina.
Reconstituição da toxina
3- Introduzir a agulha 22G no frasco de toxina formando um
ângulo de 45˚. Neste momento, para as toxinas a vácuo, segurar
o êmbolo da seringa com firmeza pois o vácuo existente no
interior do vidro pode puxar o diluente rapidamente e levar à
formação de bolhas.
Reconstituição da toxina
4- Com a agulha encostada na parede interna do vidro de toxina,
injetar LENTAMENTE
Reconstituição da toxina
5- Girar o frasco LENTAMENTE permitindo o umedecimento
interno de toda a superfície e, com isso, a homogeneização do
produto.

* O frasco não deve ser agitado vigorosamente, pois o


turbilhonamento da mistura comprometerá a eficácia da toxina
devido à sua degradação.

* Acrescentar mais 0,1 devido à perda de diluente no canhão da


agulha.
Reconstituição da toxina
Frasco de 100U Unidades por 0,1

1,1 ml de diluente 10U

2,1 de diluente 5U

4,1 de diluente 2,5U

8,1 de diluente 1,25

10,1 de diluente 1U
Reconstituição da toxina
Volume injetado Reconstituição em 1,1 Reconstituição em 2,1
ml ml
0,01 ml 1U 0,5U

0,05 ml 5U 2,5U

0,1 ml 10U 5U

0,2 ml 20U 10U

1 ml 100U 50U
Músculos da face
Músculo Dose Plano de aplicação
Frontal 2U 1/3 da agulha. 45 ou 90˚

Prócero 4U 1 ou 2 pontos, ½ agulha.


45˚

Corrugador 4a6U 1 ou 2 pontos, ½ agulha.


45˚

Orbicular dos olhos 1 a 3U +/- 3 pontos. 15˚


Nasal 1 a 2U 1 a 2 pontos. 45˚
Depressor do septo nasal 2 a 4U 1 ponto. 45˚

Elevador do lábio superior 2 a 4U 1 ponto. 90˚

Depressor do ângulo da 2 a 3U 1 ponto. 45˚


boca

Mentoniano 2U 2 a 4 pontos. 90˚


Platisma 2U 4 a 6 pontos por banda. 45˚

Masseter 10U 2 a 3 pontos. 90˚ agulha


inteira
Marcação das áreas musculares
As marcações devem ser feitas com o paciente sentado ou
ligeiramente inclinado (45 graus) para não mascarar as rugas
dinâmicas.

Deve-se levar em consideração perfis hipo e hipercinéticos,


pois nestes casos pode alterar a marcação e a dose.

Descrever hipo e hipercinético


Rugas na região da glabela
Marcamos as regiões do músculo prócero e corrugadores.

Dependendo do padrão de ruga do paciente podemos marcar 1


ou 2 pontos no prócero e o mesmo se aplica a cada corrugador.
CLASSIFICAÇÃO DOS PADRÕES
DE CONTRAÇÃO GLABELAR
Padrão “U”- Os indivíduos nele incluídos, durante a contração
estimulada, exibem predominância de aproximação e depressão
discretas da glabela, com o movimento resultante formando a letra “U”.
Ocorre simultaneamente elevação da cauda dos supercílios. No
repouso, as sobrancelhas apresentam-se arqueadas. Os músculos mais
envolvidos são os corrugadores e o procerus, que não são muito fortes.
Padrão “V” – É o tipo mais frequente, visto em 37% dos casos.
Observam-se aproximação e depressão, que variam de moderadas a
severas, da parte medial dos supercílios, em intensidade muito superior
à do grupo anterior. Em alguns casos a projeção inferior dos supercílios
é tão forte, que pode estender-se até sua parte lateral. Em repouso, as
sobrancelhas dos pacientes são mais horizontais ou retificadas e de
localização mais baixa. Além de maior força muscular dos corrugadores
e do procerus, existe também a participação importante da parte medial
do orbicular.
Padrão “Omega” – Neste estudo correspondeu a 10% dos pacientes.
Nesse grupo os movimentos predominantes são de aproximação e
elevação medial da glabela, formando a letra grega ômega. Ocorre
simultaneamente depressão lateral dos supercílios. Os músculos
dominantes são os corrugadores, a parte medial dos orbiculares e o
frontal, com pouca ou nenhuma contração do procerus.
Padrão “Setas convergentes” – Ocorre principalmente aproximação
das sobrancelhas, com pouca ou nenhuma depressão ou elevação
medial ou lateral. O movimento final resultante é de aproximação
horizontal. Parece existir nesse grupo equilíbrio de forças entre
procerus e frontal. Os músculos envolvidos são os corrugadores e a
parte medial dos orbiculares, e o esquema de aplicação deve ser mais
horizontal, focando os músculos envolvidos. Não existe necessidade de
pontos de aplicação no procerus ou no frontal
Padrão “Ômega invertido” – É o menos frequente, o movimento
predominante é o de depressão, mais do que de aproximação, lembrando
uma letra ômega invertida.
Os músculos envolvidos são principalmente o procerus, o depressor do
supercílio, a parte interna dos orbiculares das pálpebras e talvez também
o nasal, apesar de não se configurar músculo glabelar. Nesse grupo existe
menor participação dos corrugadores
Marcação da zona de risco
Previamente à marcação do músculo frontal, traçamos uma
linha vertical bilateralmente passando no centro da pupila do
paciente e delimitando a zona de risco 1,5 cm acima da
sobrancelha, para não aplicarmos toxina nesta região. Desta
forma evitamos a ptose palpebral.
Marcação do músculo frontal
O músculo frontal e delgado e pode apresentar vários
padrões de contração; podendo apresentar linhas de
expressões em toda a testa ou apenas nas regiões acima
das sobrancelhas.

Quando vamos tratar paciente do sexo feminino, a


marcação deste músculo também se distingue, pois
algumas mulheres desejam alterar o arqueamento das
sobrancelhas.

Neste sentido, um tratamento individualizado traz sempre


os melhores resultados.
Músculo frontal em mulheres
Se a mulher desejar arquear as sobrancelhas devemos
inicialmente delimitar as linhas bi pupilares, essa marcação é feita
com a paciente olhando para um ponto fixo.

Depois marcamos dois pontos simétricos na linha pupilar, 1,5 cm


da sobrancelha. E então distribuímos os pontos dentro da região
delimitada, respeitando o alo de ação da toxina botulínica.
Músculo frontal masculino
Para a marcação no músculo frontal de homens ou pacientes
que não querem o arqueamento da sobrancelha, segue-se o
mesmo padrão de marcação anterior, acrescido de pontos na
região externa à linha pupilar, respeitando sempre a margem de
segurança de 1,5 cm da sobrancelha.
Orbicular dos olhos
Iniciamos a marcação pedindo para o paciente sorrir forte.
Deixamos 1 cm de distância do olho e marcamos +/- 3 pontos
de cada lado, partindo do final da sobrancelha para baixa, com
1 cm de distância entre eles, formando um “C”, de modo que o
último ponto seja ligeiramente acima da região do zigomático.
Hiperidrose ( teste de minor)
Microtox
Referências bibliográficas
ANTUNES JUNIOR, Daniel; SOUZA, Valéria Maria de. Ativos Dermatológicos. São Paulo:
Pharmaboks, 2016. v. 9.

BATISTUZZO, J. A O; ITAYA, M.; ETO, Y. Formulário Médico-Farmacêutico. 5 ed. São Paulo:


Editora Atheneu, Pharmabooks, 2015.

CAVALCANTI, L.C. Incompatibilidades Farmacotécnicas. 2ª Edição. São Paulo: Pharmabooks


Editora, 2008.

DAMAZIO, Marlene Gabriel; GOMES, Rosaline Kelli. Cosmetologia: descomplicando os


princípios ativos. 5. ed. São Paulo: LMP, 2017.

SABARÁ, L. (coord) Guia Prático & profissional: Beleza & Estética: Pele: cuidados e
tratamentos. São Paulo: DCL, 2008.

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