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A VOZ DO SILÊNCIO

Nossos Elefantes Invisíveis (II)


Walter S.B., membro da Sociedade Teosófica.
Segundo o ensinamento teosófico, uma das leis básicas do Universo é a Lei da
Evolução. É básica, inclusive, por dar sentido à vida humana. Fora da idéia de evolução,
assim passando os homens pela Terra apenas uma vez, qual o significado de aqui viverem
escassos 60 ou 70 anos, uns na plenitude da abundância e outros na plenitude da miséria? Uns
belos e fortes, outros feios e doentes? Uns inteligentes, outros que nos parecem recém-
chegados de alguma caverna esquecida pela civilização? E aqueles que já nascem mortos ou
vivem pouquíssimos anos, sem chegar a viver de fato a experiência da vida física?
A realidade por trás desses contrastes é um elefante invisível para a grande maioria de
nós e o segundo que examinamos aqui, após termos analisado no artigo anterior alguma coisa
sobre o mundo de ilusão em que vivemos.
Como são vistas pelo “homem de fé” as desigualdades existentes no mundo? A partir
da dicotomia clássica entre ricos e pobres, pode-se supor que ao longo de suas curtas vidas
pessoas ricas sejam egoístas e insensíveis, aumentando sempre sua riqueza à custa dos pobres.
Enquanto isso, pessoas pobres, não entendendo a razão das diferenças, podem revoltar-se e
amargar frustrações ou, o que é pior, tentar o nivelamento das desigualdades com o recurso da
violência. Se ao fim de suas curtas vidas alguns daqueles pobres e ricos se “arrependerem”,
como reza o credo, todos irão para o céu, independentemente de suas obras.
É tudo tão simples assim? E se for, será que vale a pena ficar depois no céu “em gozo
eterno”, sabendo ademais que alguns de seus irmãos (os que “não se arrependeram”) podem
estar cozinhando em fogo lentíssimo, também pelo resto da eternidade? E quanto ao gozo
eterno, o que será ele, considerando o que cada um de nós mais aprecia aqui? É muito
provável que, neste exato momento, nem pelo mais formoso céu que nos pudessem prometer
largaríamos voluntariamente esses prazeres. Aliás, é significativo o fato de que, na
interminável guerra do Oriente Médio, os “homens-bomba” sacrificam suas vidas sob a
garantia, como se tem noticia, de que “setenta virgens” esperam cada um deles no paraíso.
As desigualdades que vemos no mundo só se explicam pela lei evolutiva, garantindo
que há vida em todos os reinos, desde a menor partícula atômica, e que essa vida se traduz em
consciência. Deus é essa vida e consciência existentes em tudo, aprimorando-se e
expandindo-se de reino para reino, não havendo limite para esse crescimento que vai para
além do reino humano, fundindo-se com a esfera insondável das Hierarquias Criadoras.
Gênios, santos, bandidos e selvagens convivem ao mesmo tempo no mundo, em função de
suas diferentes “idades”, desde o momento em que entraram no reino humano, como
consciências promovidas do reino animal. Estas, por sua vez, foram promovidas do reino
vegetal e sucessivamente do reino mineral, numa cadeia em que as consciências se tornam
cada vez mais aptas à percepção da vida no mundo que as rodeia.
É também pela lei evolutiva que as desigualdades se resolvem, caminhando para a
Unidade. Conta a Bíblia que Deus se agradou do presente de Abel, enquanto rejeitou o de
Caim. Com a rejeição, este passou a invejar e odiar o irmão, daí planejando eliminá-lo. Será
que não teria ocorrido o mesmo ódio a Abel, se a escolha de Deus fosse contra ele? Somos
nós a mesma pessoa quando estamos numa situação favorável ou numa desfavorável? Quem,
na realidade, somos nós em cada momento?
Talvez sejamos nós próprios Abel e Caim, o bem e o mal eternamente em luta dentro
de nós, uma luta que se deve resolver na Unidade de nosso “Cristo Interno” para que
alcancemos a paz. O que seria essa paz e como conseguir tal Unidade?
PALESTRAS NA SOCIEDADE TEOSÓFICA – Em 12/02/05: “Ocultismo, Semi-Ocultismo
e Pseudo-Ocultismo”, com Denise M.C.L., na Av.Afonso Pena, 2081, Galeria Dona Neta,
sala 30, 18:00 horas.

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