Você está na página 1de 5

FLS 6073 - Estado e Políticas Públicas - 2020

Prof. Eduardo Marques

I. Ementa
Caracterização geral das principais perspectivas analíticas para a explicação das
políticas estatais. Questões metodológicas da análise do Estado e das políticas
públicas.

II. Objetivo
A disciplina tem por objetivo oferecer aos alunos um panorama sobre as mais
importantes perspectivas analíticas que enfocam o Estado e suas políticas,
familiarizando-os com os principais conceitos, autores e correntes da literatura.

III. Dinâmica
O curso será desenvolvido em 12 aulas, além da apresentação do curso, organizadas
em duas unidades. Na primeira unidade apresentaremos e discutiremos a trajetória
da formação do campo de análise sobre o Estado e suas políticas. Na segunda seção
discutiremos a produção de políticas de forma mais detalhada, incluindo os modelos
para a sua explicação e os processos e atores mobilizados recentemente pela
literatura para a sua análise.

IV. Metodologia e dinâmica


O curso será desenvolvido em ambiente virtual em encontros síncronos em plataforma
digital enquanto estiver em vigor a suspensão de encontros presenciais. O professor
enviará aos alunos o link para um vídeo de introdução a cada aula até a noite de
domingo precedente, que deve ser assistido antes do encontro da terça-feira seguinte.
Esses vídeos (e respectivos áudios) ficarão disponíveis para os alunos ao longo do
curso.
Os alunos devem ler a bibliografia indicada para a aula e postar no sistema do e-
disciplinas até as 23:59 horas de domingo ao menos duas perguntas, dúvidas ou
comentários relativos ao material de referência da aula da terça-feira seguinte. Essas
questões serão usadas pelo professor para fomentar a discussão da aula, mas
também contribuirão para a avaliação (próximo item). Esses procedimentos serão
executados em todas as aulas exceto a primeira, de apresentação do curso (da aula
2 à aula 13). A aula inicial de apresentação do curso será realizada de forma síncrona,
em ambiente digital, mas sem vídeo ou perguntas prévias.

V. Avaliação
A avaliação será composta por notas atribuídas às questões (50%) e por um trabalho
final (50%) versando sobre o tema de uma das aulas ou um conjunto de aulas.
O trabalho final deve ser postado pelos alunos no sistema e-disciplinas uma semana
após a última aula do curso.

VI. Programa
Introdução – 18/08
Aula 1: Introdução – Apresentação do curso, ementa e bibliografia.
Minogue, M. 1983. Theory and practice in public policy and administration. Policy and
politics, 11 (1): p. 63-85.
Marques, E. (1997). Notas críticas a literatura sobre Estado, políticas estatais e atores
políticos. In: BIB: Boletim Bibliografico de Ciências Sociais, No 43: 67 a 102.

Parte I: A trajetória da análise de políticas


Aula 2: Pluralismo e escolha pública na Policy Science - 25/08
Lasswell, H. (1951). In: Lerner, D. e Lasswell, H. The policy sciences: recent
developments in scope and method. Stanford: Stanford University Press: 13-28.
Disponível em
https://books.google.com.br/books?id=orPJ5g0ihWAC&lpg=PA13&dq=lasswell%20p
olicy%20orientation&lr&hl=pt-
BR&pg=PA28#v=twopage&q=lasswell%20policy%20orientation&f=true
Easton, D. (1957) An approach to the analysis of Political Systems. World Politics,
Vol. 9 (3): p. 383-400
Almond, G. e Powell Jr. (1980[1966]) Articulação de interesses. In: Uma teoria de
política comparada. Rio de Janeiro: Zahar Ed, p. 52-68.
Complementar:
Easton, D. (1950). Harold Lasswell; Policy Scientist for a Democratic Society. The
Journal of Politics, Vol. 12 (3): 450-477.

Aula 3: Deslocamentos na decisão e racionalidades - 01/09


Lindblom, C. (1979) Still muddling, but not yet through. Public Administration, 19.
Barach, P. e Baratz, M. (1963). Decisions and non-decisions: an analytical framework.
American Political Science Review, 57.
Cohen, M.; March, J. e Olsen, J. (1972) A Garbage Can Model of Organization Choice.
Administrative Science Quarterly 17: 1-25.
Complementar:
Marques, E. (2013). As políticas públicas na ciência política. Marques, E. e Faria, C.
(org.) A Política Pública como campo multidisciplinar. São Paulo: Ed. Unesp/CEM.

Aula 4: Implementação (I), formatos e arenas – 08/09


Lowi, T. (1972). Four systems of policy, politics, and choice. Public Administration
Review Vol 32 (4): 298-310.
Hill, M. e Hupe, P. (2009) Implementing public policy. London: Sage Pub., Cap. 6. Tem
que ser a edição de 2009.
Arretche, M. (2002). Federalismo e Relações Intergovernamentais no Brasil: A
Reforma de Programas Sociais. Dados – Revista de Ciências Sociais, Vol. 45 (2),
p. 431 a 458.
Complementar:
Peters, G. Introduction. In: Wildavsky, A. The Art and Craft of Policy Analysis Los
Angeles: University of California Press.

Aula 5: Burocracias, implementação (II) e capacidades - 15/09


Peters, G. (2001). The politics of bureaucracy. Nova Iorque: Routledge, Cap. 3 e 5.
Lipsky, M. (2019[1980]). Burocracia de nível da Rua. Brasília: ENAP, Cap. 1.
Dubois, V. 2019. Políticas no guichê, políticas do guichê. Pires, R. (org.).
Implementando desigualdades: reprodução de desigualdades na implementação
de políticas públicas. Brasília: IPEA.
Complementar:
Lotta, G. (2018) Burocracia, redes sociais e interação: uma análise da implementação
de políticas públicas. Rev. Sociol. Polit. Vol 26 (66): 145-173.

Aula 6: Trazendo as instituições para o centro das políticas – 22/09


Skocpol, T. (1985). “Bringing the state back in: strategies of analysis in current
research”. In: Evans, P.; Ruesschmeyer, D. e Skocpol, T. (org.). Bringing the state
back in. Cambridge: Cambridge University Press, pg. 3 a 37.
Hall, P. e Taylor, R. (2003) As três versões do neo-institucionalismo. In: Lua Nova,
No.58.
Manhoney, J. e Thelen, K. (2010) A theory of gradual institutional change. In:
Explaining change: ambiguity, agency and power. Cambridge, Cambridge
University Press.
Complementar:
Limongi, F. (1994). “O novo institucionalismo e os estudos legislativos: a literatura
norte-americana recente”. In: BIB: Boletim Bibliográfico de Ciências Sociais, No
37.
Não haverá aula em 29/09

Parte II: Olhando as políticas mais de perto


Aula 7: Agenda, entre atores, idéias e soluções - 06/10
Kingdom, J. (1984). Agendas, alternatives and public policies. Cap. 1 e 10.
Sabatier, P. and Weible, C. (2007) The advocacy coalition framework: innovations and
clarifications. In: Theories of the policy process. Cambridge: Westview.
True, J.; Jones, B. e Baumgartner, F. (2007) “Ponctuated-equilibrium theory:
explaining stability and change in public policymaking”. In: Sabatier, P. (org.).
Theories of the policy process. Cambridge: Westview.
Complementar:
Capella, A. (2006). Formação da Agenda Governamental: Perspectivas Teóricas. In:
Revista BIB, No 61.

Aula 8: Idéias e mobilidade de políticas – 13/10


Campbell, J. (2002) Ideas, Politics, and Public Policy. Annual Review of Sociology
Vol 28: 21–38.
Haas, P. (1992). Introduction: epistemic communities and international policy
coordination. In: International organization, Vol. 46 (1).
Shipan, C. e Volden, C. (2008). The Mechanisms of Policy Diffusion. American Journal
of Political Science, Vol. 52: 840-857.
Complementar:
Ward, K. (2006) ‘Policies in motion’, urban management and state restructuring: the
trans-local expansion of business improvement districts. International Journal of
Urban and Regional Research 30.1, 54–75.

Aula 9: Capacidades estatais e encaixes Estado/sociedade – 20/10


Sikkink, K. (1993) Las capacidades y la autonomía del Estado em Brasil e Argentina.
Un enfoque neoinstitucionalista. Desarrollo Economico, Vol 32, No 128.
Evans, P. (1993). O Estado como problema e solução. Lua Nova, No 28-29: 107-
157.
Abers, R. 2019. Bureaucratic Activism: Pursuing Environmentalism Inside the Brazilian
State. Latin American Politics and Society. Vol. 61 (2), p. 21-44.
Szwako, J. e Gurza Lavalle, A. 2019. Seeing like a Social movement. Novos estudos
Cebrap, Vol 38 (2): 411‑434.
Complementar:
Pires, R. e Gomide, (2014). A. Burocracia, democracia e políticas públicas: Arranjos
institucionais de políticas de Desenvolvimento. Brasília: Ipea, Textos para
discussão 1940.

Aula 10: Intersetorialidade e complexidade – 27/10


Candel, J. and Biesbroek, R. (2016) Toward a processual understanding of policy
integration. Policy Science 49, p. 211–231.
Bichir, R. e Canato, P. Solucionando problemas complexos? Desafios da
implementação de políticas intersetoriais. Pires, R. (org.) Implementando
desigualdades: reprodução de desigualdades na implementação de políticas
públicas. Brasília: IPEA.
Dery, D. (1998) When Policy Is Incidental to Making Other Policies. Journal of Public
Policy, Vol. 18 (2): p. 163-176.

Aula 11: Redes de políticas – 03/11


Heclo, H. (1978). Issue networks and the executive establishmen", In: King, A. The
new American political system. Washington, American Institute for Public Policy
Research.
Knoke, D. (1993) Networks of elite structure and decision making. In: Wassermanm,
S. e Galaskiewicz (org.) Advances in social network analysis. New York: Cambridge
University Press.
Marques, E. (2012). Public policies, power and social networks in Brazilian urban
policies. Latin American Research Review, Vol. 47 (2).
Complementar:
Schneider, M. et alii. (2003). Building consensual institutions: networks and the
National Estuary Program. In: American Journal of Political Science, Vol. 47, No.
1.

Aula 12. Instrumentos e a materialidade do Estado – 10/11


Scott, J. (1999). Seeing like a State: How Certain Schemes to Improve the Human
Condition Have Failed. Yale University Press, Introdução, cap. 1 e 2.
Lascoumes, P. e Le Galés, P. (2007) Introduction: Understanding Public Policy
through Its Instruments. Governance: An International Journal of Policy,
Administration, and Institutions, Vol. 20, No. 1: p. 1–21.
Hull, M. (2008). Ruled by records: The expropriation of land and the misappropriation
of lists in Islamabad. American Ethnologist, Vol. 35 (4): p. 501–518.
Complementar:
Slater, D. e Kim, D. (2015) Standoffish States: Nonliterate Leviathans in Southeast
Asia. TRaNS: Trans –Regional and –National Studies of Southeast Asia Vol. 3
(1): 25–44

Aula 13: Governança e política das políticas do urbano – 17/11


Stone, C. (1993) Urban regimes and the capacity to govern: a political economy
approach. Journal of Urban Affairs, Vol. 15 (1), p. 1-28.
Stoker, G. (1998) Governance as theory: five propositions. International Social Science
Journal, 50, (155), p. 17-28.
Marques, E. (2018). Como estudar as políticas do urbano? In: As políticas do urbano
em São Paulo. São Paulo: ed. Unesp/CEM.
Complementar:
Hoyler, T. e Requena, C. (2015) Quem Governa Quando O Estado Não Governa?
Uma Abordagem Sobre Governo e Governança nas Cidades. Novos Estudos.
Cebrap, n.102: p.23-36.

VII. Questões para pensar e repensar ao longo do curso (que não devem
ser respondidas, mas servem para orientar o olhar ao longo da
bibliografia e das discussões):
Para a primeira parte:
Qual a natureza do Estado em cada teoria? Ou o que é o Estado?
Qual o papel dos atores? Por que processos e mecanismos?
Onde se localizam esses processos e mecanismos?
Qual é o grau de contingência nos resultados das ações do Estado para cada teoria?
Qual o lugar da política?

Para a segunda parte:


Qual é o papel da decisão na produção de PP? E da racionalidade na decisão?
E da implementação das políticas?
Políticas públicas são produtos “industrializáveis”? Porque?
Seus processos de produção são técnicos ou políticos? Porque?
Como e o quanto os desenhos influenciam as PP? E os atores? E os processos?
Como legados de políticas influenciam as posteriores? E como essas mudam?
Qual é o papel das relações na produção de PP (dentro do Estado e no seu entorno)?
Como a materialidade do Estado influencia os processos?
Qual é a relação entre política (processo, conflito e negociação políticos - politics) e
políticas públicas (policies)?
E como cada um desses elementos anteriores é compatível (ou não) com as teorias
vistas na primeira parte do curso?

Você também pode gostar