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O primeiro limite fundamental - Revisitado

O Comprimento da Circunferência
A área do cı́rculo
O princı́pio de Cavalieri
A integral de Riemann e a integral de Darboux

Alguns tópicos importantes revisitados


As integrais de Riemann e Darboux
Aula 37

Alexandre Nolasco de Carvalho


Universidade de São Paulo
São Carlos SP, Brazil

10 de Junho de 2014
Primeiro Semestre de 2014
Turma 2014106 - Engenharia Mecânica

Alexandre Nolasco de Carvalho ICMC - USP SMA 301 Cálculo I


O primeiro limite fundamental - Revisitado
O Comprimento da Circunferência
A área do cı́rculo
O princı́pio de Cavalieri
A integral de Riemann e a integral de Darboux

O primeiro limite fundamental - revisitado


Agora que temos as ferramentas adequadas, vamos demonstrar a
relação
π
sen θ ≤ θ ≤ tg θ, 0≤θ≤ .
2


✬✩
tgθ
senθ
θ ✲

✫✪
x 1

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Primeiramente note o arco θ coincide com √ o comprimento da curva


definida pelo gráfico da função f (t) = 1 − t 2 para t ∈ [x, 1],
onde x = arccosθ. Então,
Z 1q Z 1
′ 2
1 π
1 + f (t) dt = √ dt = arccosx = −arcsenx = θ.
x x 1−t 2 2

Note ainda que esta integral é imprópria.

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Em seguida note que


t 1 1
√ ≤√ ≤ √ , x ≤ t < 1,
1 − t2 1 − t2 t2 1 − t2
e que
Z 1
t p
√ dt = 1 − x 2 = senθ
x 1 − t2
Z 1
1
≤ √ dt = arccosx = θ
x 1 − t2
Z 1 √
1 1 − x2
≤ √ dt = = tgθ.
x t
2 1 − t2 x

Novamente, note que as integrais acima são impróprias.

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Exemplo (O comprimento da circunferência)


Se definirmos π como a razão entre o comprimento da
circunferência unitária e seu diâmetro, podemos calcular o
comprimento L da circunferência de raio R da seguinte forma

Z R
R
L=4 √ dx = 2πR.
0 R2 − x2

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Exemplo (A área do cı́rculo)


A área do cı́rculo é dada por
Z R p
A=4 R 2 − x 2 dx = πR 2 .
0

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Exemplo (O princı́pio de Cavalieri)


Recorde o processo de fatias para cálculo do volume de um sólido.
Z b
V = A(x)dx
a

onde A(x) é a área da seção do sólido determinada pelo plano


perpendicular ao eixo x por (x, 0, 0).

Em vista disto, qualquer sólido para o qual a seção determinada


pelo plano perpendicular ao eixo x por (x, 0, 0) tenha área A(x),
para cada x entre a e b, tem o mesmo volume.

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A integral de Riemann e a integral de Darboux

Vamos agora mostrar que uma função é Riemann integrável se, e


somente se, é Darboux integrável. Primeiramente recordemos
brevemente as duas noções.

Seja f : [a, b] → R uma função limitada, P : a = x0 < x1 < · · · < xnP = b


uma partição do intervalo [a, b] e ci ∈ [xi −1 , xi ]. Se
◮ P = {P : P é uma partição de [a, b]}
◮ Mi = sup{f (x) : x ∈ [xi −1 , xi ]} e mi = inf{f (x) : x ∈ [xi −1 , xi ]},
∆xi = xi − xi −1 , 1 ≤ i ≤ nP ,
◮ kPk = max{∆xi , 1 ≤ i ≤ nP } = malha da partição P
◮ M = sup{f (x) : x ∈ [a, b]} e m = inf{f (x) : x ∈ [a, b]}.

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Definimos
◮ A soma de Riemann
nP
X
RP = f (ci )∆xi ,
i =1
◮ a soma superior nP
X
SP = Mi ∆xi
i =1
◮ e a soma inferior XnP
sP = mi ∆xi
i =1

de f associadas a P. É claro que m(b−a) ≤ sP ≤ RP ≤ SP ≤ M(b−a).

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Vimos que, dadas duas partições P e Q de [a, b],


◮ P ⊂ Q implica que sP ≤ sQ ≤ SQ ≤ SP
◮ sP ≤ sP∪Q ≤ SP∪Q ≤ SQ
Definimos
◮ A integral superior de f em [a, b]
Z b
f (x)dx = inf SP
a P∈P

◮ A integral inferior de f em [a, b]


Z b
f (x)dx = sup sP
a P∈P

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Definição
Diremos que f é Darboux integrável se
Z b Z b Z b
f (x)dx = f (x)dx =: D f (x)dx = Integral de Darboux de f em [a, b]
a a a
e que f é Riemann integrável se, para algum I ∈ R, dado ǫ > 0
existe δ > 0 tal que
n
XP
f (ci )∆xi − I < ǫ



i =1
qualquer que seja P ∈ P e qualquer que seja a escolha de
ci ∈ [xi −1 , xi ], 1 ≤ i ≤ nP com kPk < δ. Neste caso
Z b
I =: R f (x)dx = Integral de Riemann de f em [a, b].
a

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Vimos que
Teorema (Critério de Integrabilidade - Darboux)
Uma função limitada f : [a, b] → R é Darboux integrável se, e
somente se, dado ǫ > 0 existe uma partição P ∈ P tal que
S P − sP < ǫ

Teorema (Continuidade implica Darboux integrabilidade)


Toda função contı́nua f : [a, b] → R é Darboux integrável.

Teorema (Teorema fundamental do Cálculo)


Se f : [a, b] → R for integrável e F for uma primitiva de f em
[a, b], então Z b
F (b) − F (a) = f (x)dx.
a

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Mostremos que
Teorema
Uma função limitada f : [a, b] → R é Darboux integrável se, e
somente se, é Riemann integrável e
Z b Z b Z b
R f (x)dx = D f (x)dx =: f (x)dx.
a a a

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Prova: Primeiramente suponha que f seja Riemann integrável


Z b
com I = R f (x)dx . Então, dado ǫ > 0 existe δ > 0 tal que,
a
para toda partição P : a = x0 < x1 < · · · < xnP = b de [a, b] com
kPk < δ e para qualquer escolha de ci ∈ [xi −1 , xi ], 1 ≤ i ≤ nP ,
n
X P ǫ
f (ci )∆xi − I <

4


i =1

Para cada i = 1, · · · , nP escolha xi′ , xi′′ ∈ [xi −1 , xi ] tais que


ǫ ǫ
f (xi′ ) > Mi − e f (xi′′ ) < mi +
4(b − a) 4(b − a)

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Logo
nP nP   nP
X X ǫ X ǫ
SP = Mi ∆xi < f (xi′ ) + ∆xi = f (xi′ )∆xi +
4(b − a) 4
i =1 i =1 i =1
ǫ
<I+
2
e
nP nP   nP
X X ǫ X ǫ
sP = mi ∆xi > f (xi′′ ) − ∆xi = f (xi′′ )∆xi −
4(b − a) 4
i =1 i =1 i =1
ǫ
>I−
2
Assim, SP − sP < ǫ e, do critério de integrabilidade - Darboux,
Z b
segue que f é Darboux integrável com D f (x)dx = I .
a

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Suponha agora que f é Darboux integrável e mostremos que f é


Riemann integrável.

Primeiramente mostremos que, dado ǫ > 0 existe δ > 0 tal que


Z b Z b
ǫ ǫ
D f (x)dx − < sP ≤ S P < D f (x)dx + ,
a 2 a 2

para toda P ∈ P tal que kPk < δ.

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Dado ǫ > 0 seja P0 : a = x0 < · · · < xnP0 = b uma partição de


[a, b] tal que
Z b
ǫ
SP0 < D f (x)dx +
a 4
n o
ǫ
Agora escolha δ < min 4(nP −1)(M−m) , ∆x1 , . . . , ∆xnP0 . Se P é
0
uma partição de [a, b] com kPk < δ, ela determina no máximo
k ≤ nP0 − 1 intervalos que contém algum xi no seu interior.

Denote estes intervalos por Jj , 1 ≤ j ≤ k estes intervalos e os


restantes denote por Lℓ , 1 ≤ ℓ ≤ r (r + k = nP ).

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Seja R = P0 ∪ P. Então R determina os intervalos Lℓ , 1 ≤ ℓ ≤ r , e


2k intervalos Jj′ e Jj′′ , 1 ≤ j ≤ k (Jj dividido em dois pelo xij no
seu interior). Segue que
k
X r
X
SP = Mj ∆xij + Mℓ∗ ∆xiℓ
j=1 ℓ=1

Mj = sup{f (x) : x ∈ Jj }, ∆xij = |Jj |, Mℓ∗ = sup{f (x) : x ∈ Lℓ }, ∆xiℓ = |Lℓ |,

k
X r
X
SR = [Mj′ ∆xi′j + Mj′′ ∆xi′′j ] + Mℓ∗ ∆xiℓ ≤ SP0
j=1 ℓ=1

Mj′ = sup{f (x) : x ∈ Jj′ }, ∆xi′j = |Jj′ |, Mj′′ = sup{f (x) : x ∈ Jj′′ }, ∆xi′′j = |Jj′′ |

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E como m ≤ Mj , Mj′ , Mj′′ ≤ M temos que

k
X ǫ
0 ≤ SP − SR ≤ (M − m) ∆xij ≤ (M − m)kδ <
4
j=1

Assim, Z b
ǫ ǫ
SP ≤ SP0 + <D f (x)dx + .
4 a 2
A outra igualdade é obtida de maneira semelhante.

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Como sP ≤ RP ≤ SP para toda soma de Riemann associada à


partição P temos que toda soma de RiemanZassociada a uma
b
partição com malha menor que δ dista de D f (x)dx menos que
a
ǫ. Isto prova que f é Riemann integrável e que sua integral de
Riemann e de Darboux coincidem.

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