Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
TOMÁS DE AQUINHO
Questão XIII
10.º - se deve ser tomado unívoca ou equivocamente, segundo designa Deus pela
sua natureza, pela participação e pela opinião;
1. – Pois diz Dionísio: 2 Que não se lhe pode dar nenhum nome, nem
formar qualquer opinião a respeito dele. E a Escritura: 3 Qual é o seu nome,
e qual é o nome de seu filho, se é que o sabes?
1
Sentenças I, d. 1, expos. Text., q.6; d.22,ª1; Dos Nomes Divinos, c. 1, leit. I,3
2
Dos Nomes Div., cap. 1
3
Prov 30,4
4
Ex 15,3
SOLUÇÃO
Dizemos que Deus não tem nome ou está acima de qualquer denominação.
porque a sua essência sobrepuja o que dele inteligimos e exprimimos pela palavra.
RESPOSTA A SEGUNDA.
RESPOSTA A TERCEIRA.
1. – Pois diz Damasceno: 8 Tudo o que dizemos de Deus nào exprime o que ele é
substancialmente, mas significa o que não é, ou alguma relação, ou alguma
particularidade consecutiva à sua natureza ou ação.
SOLUÇÃO.
7
Sent. I, d.2, a.2; Súmula Contra os Gentios I, c.31; Do Poder (Divino), q.7, a.5
8
Da Fé Ortodoxa, lic. 1, c. 9
9
Dos Nomes Div., c. 1, leit. 2
10
Da Trindade VI, c. 4
Os nomes atribuídos a Deus negativamente ou os que exprimem alguma
relação dele com a criatura i claro que de nenhum modo lhe significam a
substância, mas dele removem alguma coisa ou exprimem algumas relação que
têm com algum ser ou, antes, que algum ser tem com ele.
Mas, estas duas opiniões são inconvenientes, por três razões. – Primeiro,
porque nenhuma dessas duas opiniões pode explicar a razão por que certos nomes
se predicariam de Deus, de preferência a outros. Pois ele é causa, tanto dos
corpos como dos bens; portanto, se quando dizemos que Deus é bom queremos
dizer que Deus é a causa dos bens, semelhantemente, quando dizemos que Deus
é corpo, também significa isso que é a causa dos corpos. E, do mesmo modo,
dizendo que é corpo, dele removemos que seja um ente puramente potencial,
como a matéria-prima. Segundo, porque resultaria de tais opiniões que todos os
nomes aplicados a Deus não lhe convêm senão em sentido secundário, como
quando dizemos que um remédio é são para em sentido secundário significar
somente que é causa da saúde no animal que, primariamente, se chama são. –
Terceiro, porque tais opiniões vão contra a intenção dos que falamos de Deus,
que, quando dizemos que Deus é vivo, queremos dizer coisa diferente, que
quando dizemos gue é a causa da nossa vida, ou que difere dos corpos
inanimados E, portanto, devemos pensar, de outro modo, que tais nomes
significam certamente a substância divina e de Deus se predicam
substancialmente, mas o representam de modo deficiente, o que assim se
demonstra. Os nomes exprimem a Deus do modo pelo qual o nosso intelecto o
conhece. Ora, como o nosso intelecto o conhece por meio das criaturas, há de
conhecê-lo do modo pelo qual estas o representam. Já demonstramos (q. 4, a. 2),
porém, que Deus encerra em si, primariamente, quase absoluta e universalmente
simples, todas as perfeições das criaturas. Por onde uma criatura qualquer o
representa e tem com ele semelhança, na medida em que tem alguma perfeição;
não, porém, que o represente como sendo da mesma espécie ou do mesmo
gênero, mas como um princípio excelente em relação a cuja forma os efeitos são
deficientes, sem deixarem, contudo, de exprimir alguma semelhança dele; assim a
forma dos corpos inferiores representa a virtude solar. E isso já o expusemos (q. 4,
a. 3) quando tratamos da perfeição divina. Por onde os nomes em questão
exprimem a divina substância, embora imperfeitamente, assim como
imperfeitamente as criaturas o representam. Assim, pois, quando dizemos que
Deus é bom, o sentido não é que Deus é a causa da bondade, ou que Deus não é
mau, mas que a bondade que atribuímos às criaturas preexiste em Deus de modo
eminente. Donde, pois, não se segue que a Deus convém o ser bom, porque causa
a bondade, mas, antes, pelo contrário. porque é bom difunde nas coisas a
bondade, conforme aquilo de Agostinho: 11 Porque ele é bom é que nós somos.
Damasceno diz que tais nomes não significam o que é Deus, porque
nenhum deles exprime o que Deus perfeitamente é, mas cada um o
significa imperfeitamente, assim como imperfeitamente o representam as
criaturas.
RESPOSTA A SEGUNDA.
RESPOSTA A TERCEIRA.
Não podemos, nesta vida, conhecer a essência de Deus, tal como ela é em si
mesma; mas a conhecemos enquanto representada nas perfeições das criaturas, e
assim é que os nomes que impomos a significam.
11
Da Doutrina Cristã, liv. 1, c. 32